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Equilíbrio de Mercado

Bibliografia base:
ƒ Frank, R. (2006), Microeconomia e Comportamento, 6.ª
Edição, McGraw-Hill, pág. 32-34,160, 379-383.

Paula Simões 1
Equilíbrio de Mercado
No preço de equilíbrio a quantidade que os
consumidores desejam comprar é igual à quantidade
que os produtores desejam vender. Se tudo o resto
constante não há razão para aumentar ou diminuir o
preço.

Paula Simões 2
Equilíbrio de Mercado
Graficamente o equilíbrio corresponde ao ponto de
intersecção entre as duas curvas.
P

Pe

Qe Q

Paula Simões 3
Excedente do Consumidor
O excedente do consumidor traduz a diferença entre o
montante máximo que o consumidor estaria disposto a
pagar por cada unidade consumida e o preço que
efectivamente paga.
Porque as primeiras unidades dão maior satisfação, o preço que
o consumidor está disposto a pagar é superior. À medida que a
quantidade aumenta, o preço que o consumidor se dispõe a
pagar é menor, porque é menor o acréscimo na satisfação.

Paula Simões 4
Excedente do Consumidor
No exemplo (Pe=5):
Q=1: P=13,8 Excedente: 13,8 – 5 = 8,8
Q=2: P=13,6 Excedente: 13,6 – 5 = 8,6
Q=6: P=13,4 Excedente: 13,4 – 5 = 8,4 (...)
Q=10: P=12 Excedente: 12 – 5 = 7,0
Q=20: P=10 Excedente: 10 – 5 = 5,0
(...)
Q=45: P=5 Excedente: 5 – 5 = 0,0
Paula Simões 5
Excedente do Consumidor
P

14
S

D
0,5

45 70 Q

Área do triângulo: (45*9)/2=202,5


Paula Simões 6
Excedente do produtor

O excedente do produtor traduz


t a diferença entre o
montante que o produtor recebe por cada unidade vendida
e o preço mínimo a que estaria disposto a vendê-la.

Porque as primeiras unidades têm um custo de produção mais


baixo, o produtor está disposto a vender a mais baixo preço. À
medida que a produção aumenta, o custo de produção aumenta
tendo o produtor que reflectir esses aumentos de custos nos
preços de venda.

Paula Simões 7
Excedente do produtor
No exemplo (Pe=5):
Q=1: P= 0,6 Excedente: 5 – 0,6 = 4,4
Q=2: P= 0,7 Excedente: 5 – 0,7 = 4,3
Q=6: P=1,1 Excedente: 5 – 1,1 = 3,9
Q=10: P= 1,5 Excedente: 5 – 1,5 = 3,5
Q=20: P= 2,5 Excedente: 5 – 2,5 = 2,5
(...)
Q=45: P=5 Excedente: 5 – 5 = 0,0

Paula Simões 8
Excedente do produtor
P

14
S

0,5
45 70 Q

Área do triângulo: (45*4,5)/2=101,25

Paula Simões 9
Elasticidades

Bibliografia base:
ƒ Samuelson e Nordhaus (1999), Economia, 16.ª Edição,
McGraw-Hill, pág. 63-71.
ƒ Frank, R. (2006), Microeconomia e Comportamento, 6.ª
Edição, McGraw-Hill, pág. 124-144 e pág. 393-395.

Paula Simões 10
Elasticidades
A elasticidade mede a sensibilidade de uma variável
relativamente a outra.
Quando se estuda a procura e a oferta é necessário conhecer
como respondem as quantidades, p. e., a variações do preço.
A elasticidade da procura/oferta quantifica a reacção das
quantidades procuradas/oferecidas às variações no valor de
outra variável.
Podem ser calculadas várias categorias de elasticidades.

Paula Simões 11
Elasticidades
Elasticidade Preço da Procura (também designada elasticidade
preço) – mede a variação percentual na quantidade
procurada de um bem que resulta da variação de 1 por
cento no respectivo preço.
∆QD Q2 − Q1
∆% quantidade procurada Q (Q + Q2 ) / 2
ED = = D = 1
∆% preço ∆P P2 − P1
P (P1 + P2 ) / 2
∆QD P dQD P
ED = ≅
∆P QD dP QD

Paula Simões 12
Elasticidades
O valor absoluto encontrado para a elasticidade pode
corresponder a uma das seguintes situações:
ƒ Se |ED|>1 a procura é elástica - a uma variação de 1% no
preço corresponde uma variação superior a 1% na
quantidade procurada.
ƒ Se |ED|<1 a procura é rígida/inelástica - a uma variação de
1% no preço corresponde uma variação inferior a 1% na
quantidade procurada.
ƒ Se |ED|=1 a procura tem elasticidade unitária - a uma
variação de 1% no preço corresponde uma variação de 1%
na quantidade procurada.

Paula Simões 13
Elasticidades
Os factores económicos determinam a elasticidade preço
dos vários bens:
ƒ Disponibilidade de bens substitutos;
ƒ Categoria do bem, a procura por bens de primeira
necessidade e a procura por bens de luxo respondem de
forma diferente a variações de preço;
ƒ O peso do bem no orçamento;
ƒ O horizonte temporal, no longo prazo a procura tende a ser
mais elástica do que no curto prazo.
Paula Simões 14
Elasticidades
Quando a curva da procura é linear, várias propriedades
da elasticidade preço podem ser identificadas,
designadamente:
1. A elasticidade preço é diferente em qualquer ponto da curva;
2. No ponto médio da curva, a elasticidade preço é igual a 1, em
valor absoluto;
3. Para pontos à direita do ponto médio (aos quais correspondem
preços mais baixos e quantidades superiores) lEDl<1, ou seja, a
procura é rígida;
4. Para pontos à esquerda do ponto médio (aos quais correspondem
preços mais elevados e quantidades inferiores) lEDl>1, ou seja, a
procura é elástica.
Paula Simões 15
Elasticidades
Elasticidade ao longo de uma curva da procura linear
P

lEDl>1
lEDl=1 ƒ Quando lEDl>1, uma redução de 1% no
M
preço provoca um aumento na quantidade
lEDl<1 procurada superior a 1%, pelo que a
receita dos produtores/despesa dos
Q
consumidores aumenta.
DT
ƒ Quando lEDl<1, uma redução de 1% no
preço provoca um aumento na quantidade
procurada inferior a 1%, pelo que a receita
dos produtores/despesa dos
consumidores diminui.
Q

Paula Simões 16
Elasticidades
Casos extremos para a função procura

P P
D

Q Q
Procura perfeitamente elástica: lEDl=+∞ Procura perfeitamente inelástica/rígida: lEDl=0

Paula Simões 17
Elasticidades
Elasticidade Rendimento da Procura – mede a variação
percentual na quantidade procurada de um bem que resulta da
variação de 1 por cento no rendimento.
∆QD Q2 − Q1
∆% quantidade procurada Q (Q + Q2 ) / 2
E D,Y = = D = 1
∆% ren dim ento ∆Y Y2 − Y1
Y (Y1 + Y2 ) / 2
∆QD Y dQD Y
E D,Y = ≅
∆Y QD dY QD

ƒ Se ED,Y<0 – bem inferior.


ƒ Se ED,Y>0 – bem normal
9 ED,Y>1 – bem de luxo
9 1>ED,Y>0 – bem de primeira necessidade/essencial
Paula Simões 18
Elasticidades
Elasticidade Preço Cruzada da Procura – mede a variação
percentual na quantidade procurada de um bem que resulta da
variação de 1 por cento no preço de outro bem. Para dois
bens, x e z, vem:
∆Qx Qx 2 − Qx 1

EQx ,Pz =
∆% quantidade procurada de x
=
Qx (Q + Qx 2 ) / 2
= x1
∆% preço de z ∆Pz Pz 2 − Pz1
Pz (Pz1 + Pz 2 ) / 2
∆Qx Pz d Qx Pz
EQx ,Pz = ≅
∆Pz Qx dPz Qx

ƒ Se EQx,Pz>0 – x e z são bens substitutos;


ƒ Se EQx,Pz<0 – x e z são bens complementares.
Paula Simões 19
Elasticidades
Elasticidade Preço da Oferta – mede a variação percentual na
quantidade oferecida de um bem face a uma variação
percentual no respectivo preço.
∆QS Qs 2 − Qs 1

ES =
∆% quantidade oferecida Q (Q + Qs 2 ) / 2
= S = s1
∆% preço ∆P P2 − P1
P (P1 + P2 ) / 2
∆Qs P dQs P
ES = ≅
∆P Qs dP Qs

ƒ Se ES>1 a oferta é elástica;


ƒ Se ES<1 a oferta é rígida;
ƒ Se ES=1 a oferta tem elasticidade unitária.
Paula Simões 20
Elasticidades
A elasticidade da oferta depende:
9 Da facilidade com que a produção pode ser expandida
9 flexibilidade dos factores de produção
9 mobilidade dos factores de produção;
9 Da facilidade para produzir factores de produção substitutos;
9 Do período de tempo considerado.

Paula Simões 21
Elasticidades
Casos extremos para a função oferta

P P
S

Q Q
Oferta perfeitamente elástica: ES=+∞ Oferta perfeitamente inelástica/rígida: ES=0

Paula Simões 22
Intervenção Estatal

Bibliografia base:
ƒ Frank, R. (2006), Microeconomia e Comportamento,
McGraw-Hill 6.ª Edição, pág. 35-41 e pág. 51-57.
ƒ Samuelson e Nordhaus (1999), Economia, 16.ª Edição,
McGraw-Hill pág. 71-77.
ƒ Mateus, A. e Mateus, M. (2002), Microeconomia, Teoria e
Aplicações II, Editorial Verbo, pág.50-75.

Paula Simões 23
Impostos
Os impostos constituem uma forma de intervenção do estado
na economia e têm como principal objectivo angariar receita
para fins públicos.
Quando se analisam os impostos, do ponto de vista
microeconómico, é necessário definir:
- a incidência legal, é a determinação, por lei tributária, de
quem entrega a colecta de imposto ao Estado; e
- a incidência económica, que se refere a quem efectivamente
suporta o imposto e difere, geralmente, da incidência legal.

Paula Simões 24
Impostos
Consideremos uma função procura Qd=A-bP. Admita-se que é
lançado um imposto unitário (T) sobre os compradores.
A nova função procura será: Q = A − b(P + T ) ⇔ Q = ( A − bT ) − bP .
d2 d2

P2
Antes do lançamento do imposto, para
adquirir a quantidade Q* os consumidores
P1 estavam dispostos a pagar P2 por unidade.
T D1 Após o lançamento imposto só estão
D2 dispostos a pagar P1, que acrescido do
Q* A-bT A Q
imposto corresponde a P2.
Paula Simões 25
Impostos
Consideremos uma função procura Qd=A-bP. Admita-se que é
lançado um imposto proporcional sobre os compradores.
A nova função procura será: Qd 2 = A − b (P + tP ) ⇔ Qd 2 = A − b (1 + t )P.
P

D1
Antes do lançamento do imposto, para
D2 adquirir a quantidade Q* os
P2 consumidores estavam dispostos a
P1 pagar P2 por unidade. Após o
lançamento imposto só estão dispostos
a pagar P1, que acrescido do imposto
Q* Q
corresponde a P2.
A

Paula Simões 26
Impostos
Consideremos uma função oferta Qs=-C+dP. Admita-se que é
lançado, sobre os produtores, um imposto unitário (T).
A nova função oferta será: Q = −C + d (P − T ) ⇔ Q = (− C − dT ) + dP .
s2 s2

S2

S1
Antes do lançamento do imposto, a
T
P2 quantidade Q* é vendida ao preço unitário
P1 P1. Após o lançamento imposto a
quantidade Q* é vendida ao preço P2. A
diferença entre P2 e P1 corresponde ao
valor do imposto.
-C-dT -C Q* Q

Paula Simões 27
Impostos
Consideremos uma função oferta Qs=-C+dP. Admita-se que é
lançado, sobre os produtores, um imposto proporcional.
A nova função oferta será: Q = −C + d (P − tP ) ⇔ Q = −C + d (1 − t )P.
s2 s2

P
S2

S1
P2
Antes do lançamento do imposto, a quantidade
Q* é vendida ao preço unitário P1. Após o
P1
lançamento imposto a quantidade Q* é
vendida ao preço P2, o que subtraído do
imposto corresponde a P1.
-C Q* Q

Paula Simões 28
Impostos
Alteração do equilíbrio após o lançamento do imposto
sobre o consumidor.
P ƒ Inicialmente o preço de equilíbrio é Pe e a
quantidade é Qe.
ƒ Após o lançamento do imposto os
S produtores recebem P2 e os consumidores
P*2 pagam P*2 por cada unidade.
Pe
ƒ A diferença corresponde ao valor do
P2
imposto (P*2–P2=T).
ƒ Ambos os lados do mercado suportam o
D1
D2
imposto.
ƒ A receita do Estado é dada por Qe2*T.
Qe2 Qe A-bT A Q

Paula Simões 29
Impostos
Análise da alteração no bem-estar.

Gráfico:
Perda de excedente do consumidor
P

Perda de excedente do produtor


S
P*2
Receita do Estado
Pe

P2
T
Qe2
D1
D2
Perda líquida de bem-estar
Qe2 Qe
Q

Paula Simões 30
Impostos
Alteração do equilíbrio após o lançamento do imposto
sobre o produtor.
ƒ Inicialmente o preço de equilíbrio é Pe e a
P quantidade é Qe.
S2 ƒ Após o lançamento do imposto os
consumidores pagam P*2 e os produtores
S1 recebem P2 por cada unidade.
P*2
ƒ A diferença corresponde ao valor do
Pe
imposto (P*2–P2=T).
P2
ƒ Ambos os lados do mercado suportam o
D imposto.
ƒA receita do Estado é dada por Qe2*T.
Qe2 Qe Q

Paula Simões 31
Impostos
Incidência económica do imposto considerando diferentes
elasticidades relativas para a procura.

P P

S2 S2

S1 S1

P*2
Pe P*2

P2 Pe
P2

D D

Q Qe2 Qe Q
Qe2 Qe

Paula Simões 32
Impostos
Incidência económica do imposto considerando diferentes
elasticidades relativas para a oferta.

P P

P*2
P*2 Pe
Pe P2
P2

D1 D1
D2 D2

Qe2 Qe Q Qe2 Qe Q

Paula Simões 33
Impostos
Conclusões:
ƒ Ambos os lados do mercado suportam o imposto,
independentemente da incidência legal;
ƒ O imposto impõe à sociedade uma perda líquida de
bem-estar (independentemente da incidência legal);
ƒ A repartição da carga fiscal depende da elasticidade
relativa da procura e da oferta;
ƒ O lado relativamente menos elástico do mercado
suporta uma parte mais significativa do imposto.

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Subsídios
Os subsídios servem para incentivar a produção e/ou o
consumo e representam uma despesa para o Estado.

Paula Simões 35
Subsídios
Consideremos uma função procura Qd=A-bP. Admita-se que é
atribuído um subsídio unitário (S) aos consumidores.
A nova função procura é: Qd 2 = A − b(P − S ) ⇔ Qd 2 = (A + bS ) − bP .
P

P2

P1

S D2

D1

Q* A A+bS Q

Paula Simões 36
Subsídios
Consideremos uma função procura Qd=A-bP. Admita-se que é
atribuído um subsídio proporcional (s) aos consumidores.
A nova função procura é: Qd 2 = A − b(P − sP ) ⇔ Qd 2 = A − b(1 − s )P.
P

P2 D1
D2

P1

Q* A Q

Paula Simões 37
Subsídios
Consideremos uma função oferta Qs=-C+dP. Admita-se que é
atribuído, aos produtores, um subsídio unitário.
A nova função oferta será: Q = −C + d (P + S ) ⇔ Q = (− C + dS ) + dP .
s2 s2

S1

S2
S
P1

P2

-C -C+dS Q* Q

Paula Simões 38
Subsídios
Consideremos uma função oferta Qs=-C+dP. Admita-se que é
atribuído, aos produtores, um subsídio proporcional.
A nova função oferta será: Q = −C + d (P + sP ) ⇔ Q = −C + d (1 + s )P.
s2 s2

S1

S2

P1

P2

-C Q* Q

Paula Simões 39
Subsídios
Alteração do equilíbrio após a atribuição do subsídio ao
consumidor.

P
ƒ Inicialmente o preço de equilíbrio é Pe e a
quantidade é Qe.
S
ƒ Após a atribuição do subsídio, os
produtores recebem P*2 e os consumidores
pagam P2 por cada unidade.
P*2
ƒ A diferença corresponde ao valor do
Pe
subsídio (P*2–P2=S).
P2

D1
D2
ƒ Ambos os lados do mercado beneficiam.
ƒ A despesa do Estado é dada por Qe2*S.
Qe Qe2 A A+bS Q

Paula Simões 40
Subsídios
Análise da alteração no bem-estar.
P Gráfico:
Acréscimo do excedente do consumidor

S Acréscimo do excedente do produtor

P*2
Despesa do Estado
Pe
S
P2
Qe2
D2
D1 Perda líquida de bem-estar
Qe Qe2 A A+bS Q

Paula Simões 41
Subsídios
Alteração do equilíbrio após a atribuição do subsídio ao
produtor.
ƒ Inicialmente o preço de equilíbrio é Pe e a
P quantidade é Qe.
S1 ƒ Após a atribuição do subsídio os
consumidores pagam P2 e produtores
P*2
S2 recebem P*2 por cada unidade.
Pe ƒ A diferença corresponde ao valor do
P2
subsídio (P*2–P2=S).
ƒ Ambos os lados do mercado beneficiam
D do subsídio.
ƒ A despesa do Estado é dada por Qe2*S.
Qe Qe2 Q

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Subsídios
Algumas conclusões:
ƒ Ambos os lados do mercado beneficiam com a
atribuição do subsídio;
ƒ O subsídio impõe à sociedade uma perda líquida de
bem-estar, uma vez que a despesa do Estado é
superior ao acréscimo nos excedentes.

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