Você está na página 1de 45

ATIVE A SUA ESCOLA:

AMOR, SEXUALIDADE E IDENTIDADE DE GÉNERO

MARTA REIS | LÚCIA RAMIRO | VÂNIA LOUREIRO | NUNO LOUREIRO| MARGARIDA GASPAR DE
MATOS
ATIVE A SUA ESCOLA:
AMOR, SEXUALIDADE E IDENTIDADE DE GÉNERO

TÍTULO: ATIVE A SUA ESCOLA: AMOR, SEXUALIDADE E IDENTIDADE DE GÉNERO

AUTORES: Marta Reis


Lúcia Ramiro,
Vânia Loureiro
Nuno Loureiro
Margarida Gaspar de Matos

EDIÇÃO: Laboratório de Atividade Física e Saúde – Instituto Politécnico de Beja

ISBN: 978-989-8008-57-2 (versão digital)

DATA: junho 2021


Marta Reis é Psicóloga Clínica e da Saúde, Psicóloga da Educação com Especialidade avançada

de Psicoterapias, Sexologia e Psicologia Comunitária e Doutorada em Ciências da Educação

especialidade em Educação para a Saúde. Investigadora Pos Doc pela Faculdade de Motricidade

Humana/Universidade de Lisboa, Investigadora da equipa do Projeto Aventura Social e do

Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

(FMUL), nas áreas da saúde sexual, promoção das competências pessoais e socioemocionais,

promoção e prevenção de comportamentos de risco na adolescência e jovens. Coordenadora do

Projeto HBSC/JunP – Comportamentos de Saúde dos Jovens Universitários Portugueses/Equipa

Aventura Social, Faculdade de Motricidade Humana/Universidade de Lisboa.

Lúcia Ramiro é Professora do Ensino Básico e Secundário, Mestre em Sexologia e Doutorada em

Ciências da Educação, especialidade em Educação para a Saúde. Investigadora Pós Doc na

Faculdade de Motricidade Humana/Universidade de Lisboa (FMH/UL); investigadora da equipa

do projeto Aventura Social e do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de

Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), no âmbito da Promoção das Competências Pessoais

e Sociais, Promoção de Comportamentos de Saúde, e Prevenção de Comportamentos de Risco

nos jovens, nomeadamente nas áreas da Sexualidade e Educação Sexual. Coordenadora

executiva do estudo EsABE (Ecossistemas de Aprendizagem e Bem-Estar) na FMH. Professora de

Português e Inglês do Ensino Básico e Secundário na Escola Secundária Poeta Al Berto, Sines.

Vânia Loureiro é professora de Educação Física e é Doutora pela Universidade de Huelva

(UHE/Espanha). Investigadora no ISAMB (Instituto de Saúde Ambiental/Faculdade de Medicina

de Lisboa/Universidade de Lisboa) e membro da rede Internacional Health Behaviour in School-

aged Children / Organização Mundial de Saúde (HBSC/OMS) tem interesse particular nos temas

relacionados com a prática de atividade física, literacia física, condição física e qualidade de

vida. É docente no Instituto Politécnico de Beja, onde coordena o Projeto Up Again Senior e o

Mestrado em Atividade Física e Saúde (MAFS/IPBeja).

Nuno E. Loureiro é professor de Educação Física, Doutor e Pós-Doc pela Faculdade de

Motricidade Humana, Universidade de Lisboa (FMH/UL) e investigador no ISAMB (Instituto de

Saúde Ambiental/Faculdade de Medicina de Lisboa/Universidade de Lisboa). Membro da rede

Internacional Health Behaviour in School-aged Children / Organização Mundial de Saúde

(HBSC/OMS) com interesse particular nos temas relacionados com a prática de atividade física,

sedentarismo, ambiente construído, obesidade, imagem corporal, sintomas e sono. É docente

no Instituto Politécnico de Beja, onde coordena o Laboratório de Atividade Física e Saúde

(LAFS/IPBeja).

Margarida Gaspar de Matos é Psicóloga Clínica e da Saúde. Psicoterapeuta. Professora

Catedrática da Universidade de Lisboa na Faculdade de Motricidade Humana. Coordenadora do

"G2 — Supportive Environments" do ISAMB (Instituto de Saúde Ambiental/Faculdade de Medicina

de Lisboa/Universidade de Lisboa. Membro da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e

Coordenadora do Board Promotion & Prevention da EFPA pela OPP. Coordenadora Nacional do

Estudo da OMS, HBSC (Health Behaviour in School Aged Children).


ÍNDICE

INTRODUÇÃO 1

TERMINOLOGIA 4

O QUE É A EDUCAÇÃO EM SEXUALIDADE E PORQUE É IMPORTANTE? 8

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS MUNDIAIS E PORTUGUESES 14

VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA / SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA

ADQUIRIDA (VIH/SIDA) NA ADOLESCÊNCIA 14

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 15

INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DE GRAVIDEZ (IVG) NA ADOLESCÊNCIA 15

VIOLÊNCIA DE GÉNERO 16

QUE SABEMOS SOBRE OS ALUNOS PORTUGUESES 17

MEDIDAS E VARIÁVEIS 19

COMPORTAMENTOS SEXUAIS E SEXUALIDADE 20

COMPARAÇÃO DA EVOLUÇÃO DE PORTUGAL COM OS RESTANTES PAÍSES DO ESTUDO

HBSC (SÓ ADOLESCENTES DE 15 ANOS) 22

UMA ESCOLA QUE PROMOVE BEM-ESTAR 23

FATORES DE RISCO E FATORES DE PROTEÇÃO RELATIVAMENTE AOS COMPORTAMENTOS

SEXUAIS SEGUROS 24

FERRAMENTAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE UMA ESCOLA ATIVA 27

RECOMENDAÇÕES PARA PROFISSIONAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS 33

CONCLUSÕES 37

LINKS ÚTEIS SOBRE A TEMÁTICA 38


INTRODUÇÃO
A educação em sexualidade pode ser entendida como toda e

qualquer experiência de socialização vivida pelo indivíduo ao longo

do seu ciclo vital, que lhe permita posicionar-se na esfera social

da sexualidade. A educação em sexualidade está presente em

todos os espaços de socialização – família, escola, amigos,

trabalho, comunidade, media – mas, ainda, ocorre maioritariamente

num ambiente polarizado, fragmentado e desassociado de um plano

de sociedade inclusiva e baseada nos direitos humanos (1,2).

Há mais de 10 anos que a Educação Sexual é obrigatória nas

escolas portuguesas (3). Pode-se considerar a educação sexual

como um processo através do qual se adquirem informações e se

formam atitudes, crenças e valores. Integra dimensões como o

desenvolvimento bio-psico-sexual, a saúde sexual e reprodutiva, as

relações interpessoais, os afetos, a intimidade, a imagem do corpo

ou os papéis de género (4).

Mais de uma década depois, o que falta não é informação, mas

novas formas de comunicar, de cativar, e de ensinar. É um tema

controverso e que move paixões, portanto torna-se relevante a

atuação do sistema educacional na tarefa de reunir, organizar,

sistematizar e promover o desenvolvimento desta dimensão da

formação humana.

(1) Reis, M., Ramiro, L., & Matos, M.G.(2021).Sexualidade. In Leal, I. & Pais Ribeiro, J.L. (Coord.). Manual de Psicologia da
Saúde. Lisboa: Pactor Editora, cap 17, pp.125-128.

(2) Matos, M.G., Reis, M., Ramiro, L., Ribeiro, J.P. & Leal, I. (2014). Sexual Education in Schools in Portugal: Evaluation of a
Years Period. Creative Education, 5 (15), 1353-1362. http://dx.doi.org/10.4236/ce.2014.515154
(3) Matos, M.G., Reis, M., Ramiro, L., & Ribeiro, J.P., & Leal, I. (2014). Educação sexual em Portugal: legislação e avaliação da

implementação em Portugal. Psicologia, Saúde e Doenças, 15(2), 335-355


(4) Ramiro, L., Reis, M. & Matos, M.G. (2015). Health and Sexuality Education in Portugal: Principals’, Teachers’, Parents’ and
Students’ perceptions. Journal of Healthcare Communications, 1(1), 1-4.

1
Apesar das grandes transformações sociais e comportamentais no

campo da sexualidade e das relações de género observadas nas

últimas décadas, muitas das iniciativas escolares de educação em

sexualidade, ainda hoje, se centram no discurso biologicista e

científico do corpo, silenciando questões importantes como o

prazer, o desejo e a diversidade sexual. Muitas vezes, essas

iniciativas acontecem dentro de um programa ou projeto estruturado

em consonância com o plano pedagógico da escola. Outras vezes,

ocorrem de forma aleatória, assistemática e pontual, dentro de um

calendário de datas comemorativas, em eventos ou campanhas sobre

saúde, ou como resposta a alguma situação na escola (por exemplo:

violência no namoro, gravidez na adolescência, violência de género,

etc.) (3,4).

A função da educação sexual nas escolas consiste em ajudar os

mais novos a construir as bases de uma sexualidade saudável. As

estratégias devem complementar a educação recebida pelas

crianças, em casa junto das famílias ou nas comunidades em que se

encontram integradas, devendo respeitar a diversidade de valores e

crenças (2,3).

(2) Matos, M.G., Reis, M., Ramiro, L., Ribeiro, J.P. & Leal, I. (2014). Sexual

Education in Schools in Portugal: Evaluation of a Years Period. Creative

Education, 5 (15), 1353-1362. http://dx.doi.org/10.4236/ce.2014.515154

(3) Matos, M.G., Reis, M., Ramiro, L., & Ribeiro, J.P., & Leal, I. (2014).

Educação sexual em Portugal: legislação e avaliação da implementação

em Portugal. Psicologia, Saúde e Doenças, 15(2), 335-355

(4) Ramiro, L., Reis, M. & Matos, M.G. (2015). Health and Sexuality

Education in Portugal: Principals’, Teachers’, Parents’ and Students’

perceptions. Journal of Healthcare Communications, 1(1), 1-4.

1
Tendo em consideração as questões éticas, morais, culturais ou sociais

que implica, a aprendizagem relativa à sexualidade tem sido objeto de

grande reflexão e discussão. Conhecendo as recomendações técnicas,

esta área, integrada na promoção para a saúde, pode, e deve, começar

nos níveis mais básicos de ensino. Neste contexto, a preocupação dos

professores e educadores é cada vez mais ter à sua disposição as

ferramentas adequadas e tecnicamente validadas para desenvolver

atividades pedagógicas com os seus alunos (5).

O presente documento foca-se em conhecimentos científicos e técnicos

e em linhas orientadoras da prática profissional, considerados

essenciais para uma intervenção adequada junto desta geração.

(5) Matos, M.G., Reis, M., Ramiro, L., Ribeiro, J.P., Leal,

I., & Equipa Aventura Social (2013). Avaliação do


Impacto da Lei n.º60/2009, de 6 de agosto,

regulamentada pela Portaria n.º 196-A/2010, de 9 de

Abril – Relatório Final. Lisboa: SPPS; FMH/ULisboa.

3
TERMINOLOGIA
UTILIZADA

Para melhor compreensão do documento, indicamos algumas

definições de conceitos que consideramos relevantes para a

compreensão deste documento (6).

Sexualidade: é uma parte integrante da vida de cada

indivíduo que contribui para a sua identidade ao longo de

toda a vida e para o seu equilíbrio físico e psicológico. A

sexualidade é "uma energia que nos motiva a procurar amor,

contato, ternura e intimidade, que se integra no modo como

nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, é ser-se

sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos,

sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também

a nossa saúde física e mental".

Género: habitualmente conhecido por sexo cultural ou social,

uma vez que é uma construção social decorrente das

expectativas criadas em torno da pertença sexual. Assim, ser

do sexo feminino ou ser do sexo masculino parece pressupor,

do ponto de vista social, uma associação a um determinado

conjunto de características, papéis e normas pré-

determinadas. Por ser uma construção social, o género varia

de cultura para cultura, ainda que preservando na sua base

um regime restritivo e prescritivo de possibilidades de se ser

mulher ou homem. Quando os indivíduos ou grupos não se

comportam em conformidade com as normas de género

culturalmente estabelecidas podem enfrentar estigma,

discriminação e até exclusão social.

(6) Nodin, N. (2002). Sexualidade de A a Z. Bertrand Editora.

4
Papéis de Género: constituem os papéis, comportamentos, atividades e

outros atributos que são socialmente construídos numa determinada

sociedade e que são entendidos como femininos, masculinos ou andróginos.

Expressão de Género: é qualquer forma de expressão através da qual

cada um manifesta a sua pertença de género, por exemplo, através da sua

estética (e.g., vestuário, penteado, barba) ou da linguagem que usa para

se referir a si próprio (e.g., pronomes e nomes).

Identidade de género: refere-se ao autorreconhecimento pessoal e

profundo enquanto homem ou mulher, enquanto ambos, ou enquanto trans.

É ainda possível que não exista identificação com nenhum género.

Orientação sexual: é uma componente da identidade que inclui a atração

sexual e emocional de uma pessoa em relação a outra e os comportamentos

ou a afiliação social que podem resultar dessa atração. Corresponde a um

envolvimento no plano emocional, amoroso e/ou da atração sexual por

homens, mulheres ou por ambos os sexos. Pode, por isso, ser classificada

em quatro dimensões: heterossexualidade, homossexualidade/lesbianismo,

bissexualidade e assexualidade.

Transsexualidade: corresponde à experiência de não congruência

socialmente reconhecida entre a identidade de género e o sexo atribuído

no nascimento (e.g., um homem trans tem uma identidade de género

masculina e o sexo atribuído à nascença foi o feminino; e uma mulher trans

tem uma identidade de género feminina e o sexo atribuído à nascença foi o

masculino). As pessoas transexuais podem ser muito diversas entre si,

podendo identificar-se de diferentes modos (transexual, trans,

transgénero...), e recorrer – ou não – a tratamentos médicos com vista a

tornar o corpo e as expressões de género mais congruentes com a sua

identidade de género.

5
Cissexualidade: consiste na experiência de congruência

socialmente reconhecida entre o sexo atribuído à nascença

e a identidade de género.

Relações sexuais: Interação íntima entre duas ou mais

pessoas, do mesmo sexo ou sexo diferente, que

habitualmente envolve o contacto físico e a experiência de

reações e sensações que ocorrem ao longo do ciclo da

resposta sexual. Nos seres humanos, uma relação sexual

envolve um largo espetro de comportamentos, posturas,

atitudes e vivências que vão bem além do mero contato

entre o pénis e a vagina, ainda que esta seja, por muitos,

considerada a forma privilegiada ou mesmo a única possível

de envolvimento sexual entre duas pessoas. As relações

sexuais, regra geral, visam a obtenção de prazer, ainda que

não tenham, necessariamente como desfecho o orgasmo.

Contraceção: Prevenção intencional da gravidez através da

utilização de métodos contracetivos. O planeamento familiar

é um dos recursos habitualmente utilizados por quem queira

fazer alguma forma de contraceção.

Preservativo: É um método contracetivo de barreira, utiliza-

se durante as relações sexuais como forma a evitar a

gravidez e um método profilático pois evita a transmissão de

infeções. Existem preservativos externos (ou masculinos) e

internos (ou femininos). A colocação do preservativo implica

alguns procedimentos simples, mas que são muito

importantes para que este método possa funcionar

eficazmente. O preservativo é considerado como um dos

métodos contracetivos mais seguros, com uma eficácia de

97%.

Infeções sexualmente transmissíveis: Infeções que, tal

como o nome indica, podem ser transmitidas entre parceiros

numa relação sexual. O período de tempo necessário para

que existam manifestações de infeção varia muito de

infeção para infeção, mas o mais vulgar é que seja de

alguns dias ou de uma semana. Em alguns casos, no entanto,

podem decorrer vários anos até que surja algum sintoma. Tal

é o caso do VIH/SIDA.

6
Abuso Sexual: Qualquer comportamento que implique

exploração sexual de alguém. O abuso sexual não se limita à

imposição de uma relação sexual, como acontece no caso da

violação. Está também presente em situações nas quais

ocorram toques, beijos ou a observação de alguém contra a sua

vontade (voyeurismo). Pode incluir-se também nesta categoria

o exibicionismo, pelo qual se obriga alguém a olhar para o

corpo e para atividades sexuais de terceiros. O mesmo pode

acontecer se se expuser a pessoa a material pornográfico

contra a sua vontade. Incluem-se, também, na categoria de

abuso sexual os casos específicos de incesto e da pedofilia,

situações nas quais existe uma ocorrência de abuso de um

adulto sobre uma criança ou adolescente que, por sua vez, não

se encontra em posição de contestar ou recusar os avanços

sexuais que lhe são impostos ou sugeridos. O abuso sexual é

uma forma de obter gratificação sexual através de outra

pessoa e de exercer poder sobre ela. É punido por lei, pelo que

a vítima deste tipo de situações pode sempre fazer queixa à

polícia, de forma que o perpetuador do abuso possa ser

julgado e condenado em termos legais.

Aliciamento online (Grooming online): Conquista da

confiança de uma criança/jovem online de forma a iniciar uma

relação de exploração emocional e sexual, com recurso à

manipulação e chantagem.

Sexting: É um fenómeno no qual os adolescentes e jovens usam

redes sociais, aplicativos e dispositivos móveis para produzir e

compartilhar imagens de nudez e/ou sexo. Envolve também

mensagens de texto eróticas com convites e insinuações

sexuais para namorado(a)s, pretendentes e/ou amigos(as). A

palavra sexting já indica um gap entre o discurso adulto e a

experiência dos jovens. Quando se pergunta aos adolescentes

sobre sexting, nem sempre eles conhecem ou usam essa

palavra.

7
O QUE É A EDUCAÇÃO EM
SEXUALIDADE E PORQUE É
IMPORTANTE?
Este documento baseia-se nas premissas que serão apresentadas de

seguida, nomeadamente:

A sexualidade é um aspeto fundamental da vida humana: possui

dimensões físicas, psicológicas, afetivas, sociais, culturais,

éticas/valores, espirituais e de saúde.

A sexualidade não pode ser compreendida sem referência ao

género.

A diversidade é uma característica fundamental da sexualidade.

As regras que governam o comportamento sexual diferem

amplamente entre culturas e dentro de uma mesma cultura.

Certos comportamentos são vistos como aceitáveis e desejáveis,

enquanto outros são considerados inaceitáveis, Isso não significa

que esses comportamentos não ocorram, ou que devam ser

excluídos da discussão no contexto da educação em sexualidade.

8
A sexualidade é inerente à vida, mas as conversas sobre sexualidade

são, frequentemente, difíceis entre pais e filhos, segundo ambos os

grupos, e é em geral difícil para alguns professores, sobretudo

quando o assunto transborda a procriação e passa a incluir o

erotismo, a sedução e o prazer (7).

Para além de ser mediatizada por fatores sociais (além de

biológicos e psicológicos), a sexualidade é uma experiência

individual, que cada um vive de maneira única (8). O trabalho sobre

os afetos, a orientação dos jovens sobre os primeiros

relacionamentos amorosos e o enamoramento é fundamental, porque

essa descoberta será o início de uma sexualidade verdadeiramente

humana. E, na fase da adolescência, é fundamental ajudar na

compreensão do que se passa na sua vida interior e de relação e ao

amadurecimento progressivo da consciência de si. Os adolescentes,

“sobressaltados” pela descoberta do enamoramento, vão viver

tempos de dúvida e de angústia, mas também de encantamento (9).

(7) Ramiro, L., Reis, M., & Matos, M.G. (2010). Educação Sexual: Propostas para Escolas. In Matos, M.G.

(Coord.), Sexualidade: afectos, cultura e saúde. Gestão de problemas de saúde em meio escolar, (pp. 203-

244). Lisboa: Coisas de Ler.

(8) Reis, M. (2015). Os adolescentes e as sexualidades. In Matos, M.G. (eds). Adolescentes – navegação segura

por águas desconhecidas (145-150). Lisboa: Coisas de Ler. ISBN – 978-989-8659-54-5.

(9) Reis, M.; Ramiro, L.; Carvalho; M. & Pereira, S. (2009). A sexualidade, o corpo e os amores em M. Matos & D.

Sampaio (Coord.), Jovens com Saúde – Diálogo com uma Geração, Lisboa. Texto Editora, pp. 165-282.

9
Na sexualidade humana, o corpo ganha um

significado privilegiado e revela-se um

importante instrumento de sedução. Assim,

os modelos de beleza, definidos por cada

sociedade e difundidos pelos media vão

influenciar o modelo ideal que construímos

do outro. Ainda que a atração sexual seja

física, ao selecionar o “objeto” de desejo

sexual a pessoa não se limita à questão

física, é também influenciada pela

questão social: observa-se como o outro

se veste, como fala, como se relaciona, se

parece alegre ou introvertido, se parece

inteligente, etc. Assim, basicamente,

escolhe-se alguém que agrade

fisicamente, mas que também tenha

alguma identificação social (que não deve

ser entendido como "alguém igual"). A

própria atração física é socialmente

condicionada, porque o seu alvo é

culturalmente filtrado: em diferentes

culturas o ideal de beleza e sexualidade

pode divergir muito. A forma como homens

e mulheres se unem varia com os traços

culturais de cada sociedade, portanto é

uma união socialmente determinada

(10,11,12).

(10) Reis, M., Ramiro, L. & Matos, M.G. (2014). How do we Love? Do Gender, Age,

"Passion Status" and "Control" Really Matter? Highlights from the Questionnaire

"Being in Love", Asian Journal of Humanities and Social Studies, Vol2 (4), 513-521

(11) Alberoni, F. (2004). Enamoramento e Amor. Lisboa (18 ed.). Bertrand Editora.

(12) Ortega Y Gasset, J. (1996). Estudios sobre El Amor. Editora: Alianza.

10
Os adolescentes vivem uma fase complexa da

vida, nomeadamente no que diz respeito à

vivência da sua sexualidade. Além do turbilhão de

sentimentos, emoções e dúvidas característico da

adolescência, coexistem estereótipos,

expectativas, dificuldades, limitações sociais com

as quais têm que lidar. Sem um acompanhamento

adequado, a adolescência pode tornar-se num

processo muito doloroso (6,7).

É útil formar aqueles que estão próximos dos

adolescentes para que os possam acompanhar nos

aspetos mais relevantes da relação, como são o

enamoramento, as etapas do casal, o

desenvolvimento sexual, as carícias e as

condicionantes sociais de papéis de género. É útil

que os educadores e os técnicos tenham formação

nestas áreas e que trabalhem com os

adolescentes, prioritariamente, o treino de

inteligência emocional (racionalidade afetiva),

para que sejam capazes de identificar relações

não saudáveis, e de decidir e agir em

conformidade, aumentando a possibilidade de

felicidade (7).

(6) Nodin, N. (2002). Sexualidade de A a Z. Bertrand Editora.

(7) Ramiro, L., Reis, M., & Matos, M.G. (2010). Educação Sexual: Propostas para Escolas. In Matos,

M.G. (Coord.), Sexualidade: afectos, cultura e saúde. Gestão de problemas de saúde em meio escolar,

(pp. 203-244). Lisboa: Coisas de Ler.

(10) Reis, M., Ramiro, L. & Matos, M.G. (2014). How do we Love? Do Gender, Age, "Passion Status" and

"Control" Really Matter? Highlights from the Questionnaire "Being in Love", Asian Journal of Humanities

and Social Studies, Vol2 (4), 513-521

(11) Alberoni, F. (2004). Enamoramento e Amor. Lisboa (18 ed.). Bertrand Editora.

(12) Ortega Y Gasset, J. (1996). Estudios sobre El Amor. Editora: Alianza.

11
É útil que os educadores identifiquem as suas opiniões,

valores e receios e que não os confundam com factos, ou

seja, não se pretende anular os valores, opiniões e

receios dos educadores e técnicos numa área tão

sensível quanto a da sexualidade, mas promover a sua

consciência, não confundindo factos com opiniões,

valores ou receios (6).

A educação em sexualidade permite aos jovens aprender

a gerir emoções, dá-lhes capacidades de priorização no

dia-a-dia e de construção de um projeto de vida. Ajuda

os jovens a libertar-se de relações violentas ou

negativas, fomentando a preservação da saúde, não só

em termos físicos, mas também mentais e relacionais.

Como já se referiu tantas vezes, o acesso a uma

informação correta na área da sexualidade e o

desenvolvimento de competências pessoais e

socioemocionais permitem a diferença entre a tomada de

decisões responsáveis e de decisões que comprometam o

futuro (6-8).

Uma educação em sexualidade eficaz é importante

devido ao impacto de valores culturais e crenças sobre

todos os indivíduos, e especialmente nos jovens, tanto

para a compreensão do assunto, quanto para promover

relações positivas e saudáveis com pais, professores e

outros adultos e os seus pares.

(6) Nodin, N. (2002). Sexualidade de A a Z. Bertrand Editora.

(7) Ramiro, L., Reis, M., & Matos, M.G. (2010). Educação Sexual: Propostas para Escolas. In Matos, M.G.

(Coord.), Sexualidade: afectos, cultura e saúde. Gestão de problemas de saúde em meio escolar, (pp. 203-

244). Lisboa: Coisas de Ler.

(8) Reis, M. (2015). Os adolescentes e as sexualidades. In Matos, M.G. (eds). Adolescentes – navegação

segura por águas desconhecidas (145-150). Lisboa: Coisas de Ler. ISBN – 978-989-8659-54-5.

(9) Reis, M.; Ramiro, L.; Carvalho; M. & Pereira, S. (2009). A sexualidade, o corpo e os amores em M. Matos &

D. Sampaio (Coord.), Jovens com Saúde – Diálogo com uma Geração, Lisboa. Texto Editora, pp. 165-282.

12
Estudos demonstram que programas eficazes podem ter os seguintes

efeitos (13,14):

Reduzir crenças erradas;

Aumentar conhecimentos corretos;

Esclarecer e fortalecer valores e atitudes positivas;

Aumentar competências de tomar decisões informadas e de agir

segundo as mesmas;

Melhorar perceções sobre grupos de pares e normas sociais; e

Aumentar a comunicação com pais ou outros adultos de

confiança

Os estudos demonstram também que os programas de Educação

Sexual (12,13) podem colaborar nos seguintes efeitos:

Adiar o início de relações sexuais;

Reduzir a frequência de atividade sexual sem proteção;

Reduzir o número de parceiros sexuais;

Aumentar o uso de proteção contra gravidezes indesejadas e ISTs

durante as relações sexuais.

(12) Ortega Y Gasset, J. (1996). Estudios sobre El Amor. Editora: Alianza.

(13) Ramiro, L., Reis, M., Matos, M.G., & Diniz, J.A. (2011). Sex education among Portuguese adolescent

students. Procedia – Social and Behavioral Sciences, 29, 493-502

(14) Reis, M., Ramiro, L., Matos, M.G., & Diniz, J.A. (2011). The effects of sex education in promoting

sexual and reproductive health in Portuguese university students. Procedia – Social and Behavioral

13
Sciences, 29, 477-485.
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
MUNDIAIS E PORTUGUESES

VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA


Síndrome da imunodeficiência adquirida
(VIH/SIDA) na adolescência

Em termos mundiais, 38 milhões de pessoas vivem com VIH/SIDA

(15). Em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Saúde Dr.

Ricardo Jorge, Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças

Transmissíveis (16), têm existido progressos na evolução da

epidemia do vírus da imunodeficiência humana (VIH) e da síndrome

da imunodeficiência adquirida (SIDA) mas continuam a constituir

uma das principais preocupações de saúde dos jovens.

Em Portugal, 42,3% dos infetados situam-se na faixa etária dos 15

aos 29 anos e 18,5% têm idades entre os 15 e os 24 anos (15)

Portugal continua a ter uma das mais elevadas taxas da União

Europeia, onde ocupa o 5. º lugar de maior incidência de VIH na

União Europeia (UE) (World Health Organization, European Centre

for Diseases Prevention and Control, 2019). A literatura sugere que

os adolescentes e os jovens adultos (13 a 24 anos de idade) são os

mais propensos a correr riscos em comparação com as pessoas mais

velhas, e são menos propensos a reconhecerem-se como vulneráveis

na sequência dos riscos que correm (17,18,19).

(15) UNAIDS (2020). Joint United Nations Programme on HIV/AIDS. Global AIDS Update 2020. Recuperado de

https://www.unaids.org/sites/default/files/media_asset/2020_global-aids-report_en.pdf

(16) CVEDT – Centro de Vigilância das Doenças Sexualmente Transmissíveis. Infeção VIH/SIDA (2020). Infeção VIH e SIDA em Portugal – 2020-.

CVEDT. Lisboa, Portugal: INSA. Recuperado de https://www.dgs.pt/portal-da-estatistica-da-saude/diretorio-de-informacao/diretorio-de-

informacao/por-serie-1199251-pdf.aspx?v=%3d%3dDwAAAB%2bLCAAAAAAABAArySzItzVUy81MsTU1MDAFAHzFEfkPAAAA

(17) Reis, M., Ramiro, L., Matos, M.G., & Diniz, J.A. (2013). Nationwide Survey on HIV/AIDS Knowledge, Attitudes and Risk Behaviour in university

students of Portugal. The Spanish Journal of Psychology, 16, e99, 1-10. (IF= 0.704) http://dx.doi.org/10.1017/sjp.2013.100

(18) Reis, M., Ramiro, L., Matos, M.G., & Diniz, J.A. (2013). Nationwide survey of contraceptive and sexually transmitted infection knowledge, attitudes

and skills of university students in Portugal. International Journal of Clinical and Health Psychology, 13, 127−137. (IF=2.787)

http://dx.doi.org/10.1016/S1697-2600(13)70016-4

(19) Reis, M., Ramiro, L., Matos, M.G., & Diniz, J.A. (2013). Determinants influencing male condom use among university students in Portugal.

International Journal of Sexual Health, 25(2), 115-127. DOI:10.1080/19317611.2012.728554 (IF= 0.610)

14
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Segundo a ONU, a gravidez na adolescência tem vindo a diminuir.

No entanto, em média, 20 mil adolescentes são mães diariamente

(20). Em Portugal, os dados do INE/ Pordata (21) também referem

um decréscimo de mães adolescentes entre os 15 e os 19 anos

desde 2010. No entanto, em 2019 nasceram 2077 bebés de mães

entre os 13 e os 19 anos, continuando a ser considerada uma

problemática urgente em termos de saúde pública.

Os principais problemas associados, segundo o referido relatório,

são a pobreza, os obstáculos aos direitos humanos, a violência

sexual, as restrições a políticas de métodos anticoncecionais, e a

falta de acesso a educação e serviços de saúde ligados ao tema,

entre outros (20).

INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DE GRAVIDEZ NA


ADOLESCÊNCIA

Segundo a ONU, a gravidez na adolescência tem vindo a diminuir.

No enRelativamente à interrupção voluntária de gravidez IVG,

apesar de os números apontarem para um decréscimo, efetuaram-

se 5,6 milhões de IVG em raparigas entre os 15-19 anos, em que

70% são realizados em situações de insegurança19. Em Portugal,

no ano de 2017 realizaram-se 1689 IVG em adolescentes com

idade entre os 15 e os 19 anos (21).

(20) https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-pregnancy

(21) https://www.pordata.pt/Portugal/Nados+vivos+de+m%C3%A3es+residentes+em+Portugal+total+e+fora+do+casamento-14

15
VIOLÊNCIA DE GÉNERO

Um tema que é incontornável é o da violência, discriminação e violência

de género.

Segundo o relatório de discriminação de 2019 da ILGA Portugal (22),

16,87% das vítimas da discriminação tinham menos de 18 anos. Dentro das

várias discriminações que identificam, 9,93% eram colegas de escola e

3.70% eram professores, sendo o grupo etário entre os 15 e os 24 anos

aquele que é mais vezes referido como o dos autores dos crimes de

discriminação e violência. Um dos lugares de maior incidência de

discriminação, com uma percentagem de 13,04%, foi a escola.

Ao longo do relatório podemos ainda encontrar vários relatos de jovens

que ilustram o tipo de comentários e situações de discriminação. Por

exemplo: "Pontapés nas costas, na cabeça, cuspiram-me na cara,

tentaram-me violar" (relato de um jovem trans referindo-se a uma situação

ocorrida na escola); "Então você é um homem com tomates ou sem

tomates?" (jovem trans referindo-se a comentários de um professor da

escola); "Falei com o diretor da minha escola sobre a lei de

autodeterminação de género, pedi para usar a casa de banho masculina e

negaram-me" (relato de um jovem trans sobre a sua escola).

(22) https://www.dgs.pt/portal-da-estatistica-da-saude/diretorio-de-informacao/diretorio-de-informacao/por-

serie-1144918-pdf.aspx?v=%3D%3DDwAAAB%2BLCAAAAAAABAArySzItzVUy81MsTU1MDAFAHzFEfkPAAAA

16 (23) https://dezanove.pt/48-crimes-e-41-incidentes-1332196
QUE SABEMOS SOBRE
OS ALUNOS
PORTUGUESES
Health Behaviour in School aged Children/HBSC (Inchley et al.,

2016; Matos et al., 2018), é um inquérito que é realizado de 4 em

4 anos em cerca de 50 países, em colaboração com a

Organização Mundial de Saúde, seguindo um protocolo

internacional (Roberts et al., 2009).

Identificadas as principais premissas relativas à sexualidade,

destacam-se de seguida os resultados relativos aos comportamentos

de saúde dos jovens que têm vindo a ser alvo de análise e estudos

diversos, principalmente na Europa, nomeadamente os resultados

relativos a relacionamento amorosos, relações sexuais, idade da

primeira relação sexual, uso do preservativo, relações sexuais

associadas ao álcool ou drogas e teste do VIH e do HPV.

O estudo Health Behaviour in School-aged Children (HBSC/OMS)

(24) é realizado desde 1983, de quatro em quatro anos, e integra 45

países desde 2018. Tem o grande objetivo de estudar os

comportamentos e a saúde dos adolescentes nos vários contextos de

vida. Esta importante investigação é desenvolvida em Portugal

desde 1996 através do Projeto Aventura Social (24), coordenado

pela Professora Doutora Margarida Gaspar de Matos.

(24) Pode conhecer melhor este projeto em www.hbsc.org

(25) O Projeto Aventura Social tem vindo a desenvolver diversas investigações sobre a orientação da Professora Doutora Margarida Gaspar de Matos no

domínio da promoção da saúde e comportamento social. Na página do projeto (http://aventurasocial.com) pode encontrar diversos documentos que podem

ser considerados como documentos estruturantes sobre estas temáticas.

17
O próximo estudo HBSC será realizado em 2022 e terá a

coordenação da Professora Doutora Tânia Gaspar. No estudo

português têm sido incluídos os alunos do 6 º, 8 º, 10 º e 12 º anos e os

resultados detalhados podem ser consultados nos diversos relatórios

produzidos para o efeito, o último dos quais relativo a 2018 (26).

Tendo como referência os trabalhos desenvolvidos por Margarida

Gaspar de Matos e Equipa Aventura Social (2018), e Inchley e

colegas (2020), apresenta-se em seguida o estado da saúde dos

adolescentes portugueses no âmbito dos comportamentos sexuais e

da saúde sexual, por comparação com a média dos outros países

participantes no estudo HBSC/OMS Portugal, e tendo em

consideração fatores como o género, a faixa etária (13 e 15 anos) e

o nível socioeconómico da família.

Posteriormente, serão apresentadas algumas estratégias que podem

contribuir para uma reflexão por parte das direções das escolas

com vista à definição e implementação de abordagens para que as

suas instituições sejam, cada vez mais, locais onde se promovam

relacionamentos saudáveis e promotores de bem-estar.

(26) Pode conhecer as diversas dimensões da saúde dos adolescentes portugueses analisadas
18 no relatório em http://aventurasocial.com/publicacoes/publicacao_1545534554.pdf
MEDIDAS E VARIÁVEIS

Com reconhecidos impactos na saúde física e psicossocial dos

adolescentes, os comportamentos sexuais nos adolescentes têm sido

alvo de inúmeros estudos.

Apresentam-se em seguida os resultados principais do Estudo

Nacional do HBSC/OMS realizado em 2018 (informação mais

abrangente pode ser consultada no Relatório atrás mencionado (14),

por referência aos resultados internacionais sobre os

comportamentos sexuais.

19
Comportamentos sexuais e
sexualidade

Consideraram-se apenas os adolescentes de 8. º, 10. º e 12. º anos

(N=5695). Em 2018 (27), a maioria dos adolescentes mencionou já

ter tido um relacionamento amoroso, apesar de sobretudo os

rapazes (n= 1077; 51,8%) e os adolescentes do 8 º ano (n= 1059;

50,9%) referiram não terem um relacionamento amoroso no

momento em que o questionário foi aplicado (n= 2236; 48,4%).

Relativamente à prevalência das relações sexuais, observou-se

que a maioria referiu não ter tido relações sexuais até ao

momento (n=4175; 77%), nomeadamente as raparigas (n=2343;

80%) e os adolescentes do 8 º ano (n=2294; 88,7%).

De entre os adolescentes que referiram já ter tido relações

sexuais, mencionaram ter tido a primeira relação sexual aos 14,58

anos (DP=1,49), a maioria referiu ter usado preservativo na última

relação sexual (n=822; 65,9%), não ter tido relações sexuais

associadas ao consumo de álcool ou drogas (n=812; 85,5%), não

ter realizado teste de VIH (n=893; 85,6%), e não ter a vacina do

HPV (n=872; 84,7%).

(27) Ramiro, L, Reis, M., & Matos, M. G. (2019). Comportamentos Sexuais de Risco nos Adolescentes: Resultados do Estudo HBSC 2018. Revista da Psicologia

da Criança e do Adolescente, 10 (1): 149-158.

20
Se consideramos os resultados obtidos em função do género,

podemos observar um padrão diferenciado (27),nomeadamente:

- No caso dos rapazes, são eles que mais frequentemente referem

ter relações sexuais, iniciam as relações sexuais mais novos (do que

as raparigas), usam com mais frequência o preservativo e têm mais

frequentemente relações sexuais associadas ao consumo de

substâncias. E também são os rapazes que menos frequentemente

têm a vacina do HPV.

- No caso das raparigas, observou-se que mais frequentemente não

tiveram relações sexuais e têm a vacina do HPV.

A análise da evolução dos comportamentos sexuais nos jovens

portugueses estudados (alunos do 8 º e 10 º ano), entre 2010 e 2018,

demonstra (28,29) os seguintes resultados:

- O uso do preservativo na última relação sexual tem vindo a

diminuir (2010 – 95,2%; 2014 – 70,4%; 2018 - 66,7%) e o ter tido

relações sexuais associadas ao consumo de substâncias, tem vindo a

aumentar (2010 – 12,7%; 2014-15,9%; 2018 – 15,7%).

(28) Reis, M., Ramiro, L., Camacho, I., Tomé, G., & Matos, M.G. (2018). Trends in Portuguese Adolescents’ Sexual Behavior from 2002 to 2014: HBSC Portuguese Study.
Portuguese Journal of Public Health, 1-9. DOI: 10.1159/000486014.
(29) Ramiro, L., Windlin, B., Reis, M., Godeau, E., Nic gabhain, S., Jovic, S., Matos, M.G. & Sexual Health Group (2015). Trends in very early sex and condom use in 20
European countries 2002 – 2010. The European Journal of Public Health, 25(2), 65-68.

21
7
COMPARAÇÃO DA EVOLUÇÃO DE
PORTUGAL COM OS RESTANTES PAÍSES
DO ESTUDO HBSC (SÓ ADOLESCENTES DE
15 ANOS)

De acordo com os dados analisados podemos comparar a evolução

dos adolescentes portugueses de 15 anos com os restantes países do

estudo HBSC, onde se destacam os seguintes aspetos:

- Em 2018, no que diz respeito à percentagem de adolescentes que

refere ter tido relações sexuais até aos 15 anos, Portugal (18,5%)

está na média europeia (19%).

- Relativamente à percentagem do uso do preservativo (68%) e da

pílula (34%) na última relação sexual, Portugal está acima da média

europeia (preservativo 61%; pílula 26%).

- Em 2014 no que diz respeito a ter tido relações sexuais até aos 15

anos, Portugal (19,5%) estava abaixo da média europeia (21%), tendo

ambos descido, embora a descida tenha sido mais acentuada nos

restantes países.

- Quanto ao uso do preservativo (74%) e da pílula (35%) na última

relação sexual, em Portugal o uso estava acima da média europeia

(preservativo 62%; pílula 29%).

- Apesar de não haver diferenças estatisticamente significativas

entre os estudos de 2014 e 2018, observa-se um ligeiro decréscimo

de rapazes e um ligeiro aumento de raparigas a mencionar ter tido

relações sexuais.

- Relativamente ao uso do preservativo na última relação sexual em

2018, a média europeia foi de 63,7% nos rapazes e 58,3% nas

raparigas. Em Portugal a média foi de 68% para rapazes e

raparigas.

22
10
UMA ESCOLA QUE
PROMOVE BEM-ESTAR

Consideramos que as direções de escola e seus profissionais que

promovem o bem-estar devem ter em conta os seguintes

pressupostos:

Sexualidade não é apenas genitalidade;

A Educação Sexual deve ser contínua;

A família tem um papel determinante na educação;

A escola complementa a educação da família;

O aspeto científico e rigoroso da informação sobre sexualidade

tem que ser acompanhado de sensibilização e valores

profundamente humanos;

O educador tem que estar preparado cientificamente para a ES,

desenvolvendo em si próprio: tolerância, respeito pelos outros,

congruência e empatia.

23
FATORES DE RISCO E
FATORES DE PROTEÇÃO
RELATIVAMENTE AOS
COMPORTAMENTOS SEXUAIS
SEGUROS

É fundamental conhecer os fatores que têm sido identificados na

literatura como estando associados ao aumento dos riscos sexuais

e ao envolvimento de relacionamentos menos saudáveis.

As Figuras 1, 2 e 3 procuram identificar os principais fatores a

nível individual, familiar e contextual (social e escolar) que

podem, por um lado aumentar a probabilidade de exposição ao

risco e, por outro lado, ter um papel protetor, permitindo aos

jovens não se envolverem em comportamentos sexuais de risco.

Figura 1: Fatores individuais de proteção e de risco

24
Na Figura 2 podemos observar os fatores de proteção e de risco ao

nível familiar.

Figura 2: Fatores familiares de proteção e de risco

Na Figura 3 podemos observar os fatores de proteção e de risco ao

nível escolar.

Figura 3: Fatores escolares de risco e proteção

25
Existem cada vez mais evidências de que as intervenções bem desenhadas,

dirigidas para a modificação comportamental e teoricamente fundamentadas,

podem ser eficazes na redução da expansão dos comportamentos sexuais não

saudáveis; contudo cada comportamento é único em si mesmo e apenas existe

um número limitado de variáveis teóricas que servem como determinantes de um

dado comportamento (30).

Apesar de não existir um modelo explicativo do risco e da proteção, ou dos

comportamentos sexuais, ou sequer um modelo que tenha sido usado de uma

forma consistente, são várias as investigações que referem que os

conhecimentos, apesar de necessários, não são suficientes para as pessoas

modificarem o seu comportamento, uma vez que existem outros fatores, tais

como as atitudes, as normas sociais, as crenças, as competências

comportamentais, a motivação, a relação pais-jovens e a ligação à escola p.e.,

que podem interferir nos diferentes tipos de comportamento, considerando-se

consequentemente a mudança de comportamentos como um processo

extremamente complexo, que se desenvolve em várias etapas e difere de

indivíduo para indivíduo, de acordo com as suas características psicológicas,

sociais e culturais (32). Os resultados têm sido inconsistentes no que respeita a

saber-se que conjunto de preditores é mais influente para cada indicador ou

resultado de comportamento sexual de risco. Assim, na medida em que os

diferentes indicadores são importantes para os diferentes comportamentos, há

que centrar as intervenções em múltiplos processos, de forma a conseguir-se o

máximo de impacto (31).

Os pais devem ser ouvidos e convidados a participar em todas as fases da

educação para a sexualidade. Por todos estes motivos, a sexualidade e a

promoção da aceitação da diversidade sexual é uma questão de saúde pública

associada à população jovem, carecendo de investimento na prevenção e

intervenção, em particular em Portugal (7).

(30) Ramiro, L., Reis, M. & Matos, M.G. (2015). Health and Sexuality Education in Portugal: Principals’, Teachers’, Parents’ and

Students’ perceptions. Journal of Healthcare Communications.

(31) Ramiro, L., Reis, M., de Matos, M. G., Diniz, J. A., Ehlinger, V., & Godeau, E. (2014). Sexually Transmitted Infections Prevention

across Educational Stages: Comparing Middle, High School and University Students in Portugal. Creative Education, 5, 1405-1417.

http://dx.doi.org/10.4236/ce.2014.515159

26
FERRAMENTAS PARA
A IMPLEMENTAÇÃO
DE UMA ESCOLA
ATIVA

27
Apresentamos de seguida um conjunto

de recomendações e recursos que,

não pretendendo constituir

informação exaustiva, podem ser úteis

para os diferentes agentes educativos

em contexto escolar e que devem ser

tidas em consideração no âmbito do

desenvolvimento de políticas

públicas.

Tabela 1.
Recursos Online sobre educação sexual, saúde sexual e reprodutiva, prevenção violência e identidade

de género

ENDEREÇO NA INTERNET DESCRIÇÃO

http://www.apf.pt/ A Associação para o Planeamento da Família (APF)

tem como missão ajudar as pessoas a fazerem

escolhas livres e conscientes na sua vida sexual e

reprodutiva e promover a parentalidade positiva.

https://www.saudereprodutiva.dgs.pt/ Programa nacional sobre saúde sexual e reprodutiva.

http://dge.mec.pt/afetos-e-educacao- Informação sobre Educação Sexual.

para-sexualidade

http://www.presse.com.pt/ O PRESSE é o Programa Regional de Educação

Sexual em Saúde Escolar, promovido pela

Administração Regional de Saúde do Norte, I.P.

(ARSN) através do seu Departamento de Saúde

Pública em parceria com a Direção Geral dos

Estabelecimentos de Ensino - Delegação do Norte

(DGEstE), que apoia a implementação da educação

sexual nas escolas, de uma forma estruturada e

sustentada, envolvendo o trabalho conjunto entre os

profissionais de educação e de saúde escolar.

https://cidadania.dge.mec.pt/recursos Recursos sobre sexualidade

/sexualidade

28
Tabela 1.
Recursos Online sobre educação sexual, saúde sexual e reprodutiva, prevenção violência e

identidade de género (cont.)

ENDEREÇO NA INTERNET DESCRIÇÃO

https://escolasaudavelmente.pt/alunos Recursos sobre sexualidade OPP

/adolescentes/amor/atracao-e-
orientacao-sexual

https://www.ordemdospsicologos.pt/fi Recomendações OPP violência emocional

cheiros/documentos/violencia_emocion
al_psicologica_doc_para_psis_e_outro
s_profissionais_de_saude.pdf

https://www.pnvihsida.dgs.pt/ Programa nacional para a infeção VIH/SIDA

http://ligacontrasida.org/ Liga Portuguesa Contra a SIDA

https://www.miudossegurosna.net/ Informação sobre segurança de crianças e

adolescentes na Internet

https://www.apavparajovens.pt/pt/go/
Informação sobre violência namoro
o-que-e1

https://www.cig.gov.pt/ Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género

http://www.amplos.pt Associação Amplos - Associação de mães e pais pela

liberdade de orientação sexual e identidade de

género

http://ilga-portugal.pt Associação Ilga Portugal- Intervenção Lésbica, Gay,

Bissexual e Transgénero.

29
22
Tabela 1.
Recursos Online sobre educação sexual, saúde sexual e reprodutiva, prevenção violência e

identidade de género (cont.)

ENDEREÇO NA INTERNET DESCRIÇÃO

http://www.associacaoplanoi.org/ Associação Plano I

http://naoteprives.pt/ Associação Não Te Prives - Grupo de Defesa dos

Direitos Sexuais

https://www.casa-qui.pt/ Casa Qui - Apoio à Vítima Juventude LGBTI

https://www.facebook.com/jano.portug JANO - Associação de Apoio a Pessoas com Disforia

al de Género

http://www.opusgay.org/ OPUS GAY

https://www.rea.pt/ REDE EX AEQUO - Associação de jovens lésbicas,

gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes em

Portugal

http://www.abraco.pt/ ABRAÇO

http://www.gatportugal.org GAT- Grupo de Ativistas em Tratamentos

http://www.umarfeminismos.org/ UMAR- União de Mulheres Alternativa e Resposta

Caso precise de encontrar ajuda, pode recorrer às entidades que apresentamos na

tabela 2.

30
22
Tabela 2.
Onde encontrar ajuda? Serviços telefónicos de ajuda e apoio em Portugal

ENTIDADE NÚMERO DE TELEFONE

Sexualidade em Linha 800 222 003

Control Talk 934 059 910

Linha SNS24 (Saúde 24) 808 24 24 24

Linha SOS Grávida 808 201 139

Linha SOS SIDA


800 201 040
Todos os dias das 17:30 às 21:30

Linha de Apoio LGBTI 218 873 922

SOS Voz Amiga 800 209 899

Atendimento das 16:00 às 00:00

Telefone da Amizade 22 832 35 35

Todos os dias das 16:00 às 23:00

Linha SOS Estudante 808 200 204

Linha de Apoio à vítima (APAV) 707 200 077

Linha de Apoio à Vítima LGBT 961 704 353

Na tabela 3 são apresentados livros que consideramos adequados para que possa

compreender ainda melhor esta temática.

Tabela 3.
Outros Recursos Úteis

LIVRO RECOMENDADO IMAGEM

Matos, M. G. (2020). Adolescentes:

Adolescentes: as suas vidas, o seu futuro.

Fundação Francisco Manuel dos Santos.

31
Tabela 3.
Outros Recursos Úteis (continuação).

LIVRO RECOMENDADO IMAGEM

Matos, M. G. (2010), Sexualidade: afectos,

cultura e saúde. Gestão de problemas de

saúde em meio escolar. Lisboa: Coisas de Ler.

Frade, A., Marques, A.M., Alverca, C. & Vilar,

D. (2009), Educação Sexual na Escola: guia

para professores, formadores e educadores.

Lisboa: Texto Editores.

32
RECOMENDAÇÕES
PARA PROFISSIONAIS
E POLÍTICAS PÚBLICAS

33
Na tabela 4 gostaríamos de apresentar algumas recomendações

para as direções das escolas de modo a conseguirem implementar

medidas relacionadas com a temática.

Tabela 4.
Recomendações para diretores de escola (32)

Em Portugal, e em outros países europeus, a educação sexual é crucial para reduzir (ou pelo menos

não aumentar) os comportamentos sexuais de risco. Assim, recomenda-se que a educação sexual

mantenha o seu caráter prioritário em meio escolar, garantindo-se as condições necessárias, tais

como integração no Projeto Educativo, constituição de equipa, nomeação de professor

coordenador da área, e manutenção de Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno.

Recomenda-se a rentabilização dos recursos humanos associados à escola, incluindo

sistematicamente como parceiros ativos da direção e dos professores os próprios alunos, pais, os

assistentes operacionais, outros técnicos de saúde e educação, o centro de saúde, o centro da

juventude, as comissões de proteção das crianças e jovens em risco, e as juntas de freguesia.

Recomenda-se a consolidação da existência de um Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno,

reconsiderando a sua função em termos da gestão de materiais, da participação ativa dos alunos e

da colaboração com as famílias e com outros agentes na comunidade (centro de saúde, centro da

juventude, comissões de proteção de crianças e jovens em risco, juntas de freguesia).

Recomenda-se um forte investimento na formação de técnicos na área da educação sexual através

da formação contínua.

A formação de técnicos, embora com principal foco nos professores, deve incluir todos os que

intervêm nas escolas (psicólogos, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, assistentes operacionais,

etc.). Recomenda-se que esta formação seja valorizada pelas direções das escolas, numa

convergência de esforços em que o diretor pode assumir uma liderança, na gestão e rentabilização

de sinergias (por exemplo através do estabelecimento de protocolos com as Instituições de Ensino

Superior e Centros de Formação Profissional da área educativa).

(32) Matos, M.G., Reis, M., Ramiro, L., Ribeiro, J.P., Leal, I., & Equipa Aventura Social (2013). Avaliação do Impacto da Lei n. º

60/2009, de 6 de agosto, regulamentada pela Portaria n. º 196-A/2010, de 9 de Abril – Relatório Final. Lisboa: SPPS;
34
FMH/ULisboa
Na tabela 5 dirigimos as nossas recomendações para o professor

coordenador e equipa de Educação para a Saúde/Educação

Sexual da escola (33).

Tabela 5.
Recomendações para professor coordenador e equipa de Educação para a

Saúde/Educação Sexual da escola.

Recomenda-se a leitura e análise dos documentos legais relativos à educação sexual

(34, 35), análise dos principais recursos e disponibilização dos mesmos aos restantes

professores da escola.

Recomenda-se a integração de alunos e pais na planificação das atividades da equipa

de Educação para a Saúde/Educação Sexual da escola.

Recomenda-se a organização de uma ação de formação de curta duração com DTs

para sensibilização dos mesmos em relação a obrigatoriedade e importância de ES e do

Projeto de ES a nível de turma, e apresentação dos recursos disponíveis (ex. na

classroom do gmail ou na sala de aula virtual do Teams), que podem ser adaptados de

acordo com as necessidades e interesses de cada turma. É conveniente ir construindo

um dossiê digital com a lista de conteúdos/competências programáticos ligados à

sexualidade nas várias disciplinas, por ano.

Recomenda-se um trabalho em equipa, em colaboração com os restantes professores

da escola, criando recursos (sempre que estes não estejam disponíveis), adaptando

sempre que necessário e avaliando as práticas implementadas, procurando identificar e

compreender os sucessos e os insucessos. Esse banco de recursos poderá ir crescendo

com o contributo de todos.

(33) Matos, M.G., Reis, M., Ramiro, L., Ribeiro, J.P., Leal, I., & Equipa Aventura Social (2013). Avaliação do Impacto da Lei

n. º60/2009, de 6 de agosto, regulamentada pela Portaria n. º 196-A/2010, de 9 de Abril – Relatório Final. Lisboa: SPPS; FMH/ULisboa

(34) Lei n. º 60/2009, de 6 de agosto

(35) Portaria n. º 196-A/2010, de 9 de Abril

35
Dicas para a família:
Manter um diálogo aberto com crianças e adolescentes para

conhecer o que fazem, especialmente online, e poder orientá-los.

A sexualidade faz parte da educação e crianças e adolescentes

precisam de orientações.

Falar sobre direitos sexuais, dúvidas e curiosidades para que

saibam que podem contar com os pais quando precisarem;

Não confundir a capacidade técnica das crianças e adolescente

de usarem a Internet com a maturidade e capacidade crítica de

interpretar e resolver situações;

Proibir não educa nem previne, uma relação de confiança e muito

diálogo ainda são as melhores estratégias;

Provocar conversas sobre a noção que adolescentes têm de

privacidade e se entendem a dimensão pública dos ambientes

digitais, reforçando que as leis valem na rede como valem em

qualquer espaço público.

36
CONCLUSÕES

A implementação da educação sexual ou educação para a

sexualidade, apesar de obrigatória há mais de uma década,

continua a ser crucial para o desenvolvimento equilibrado e

saudável das crianças e jovens, ainda mais durante e pós-período

pandémico, em que as medidas de segurança se centram em

distanciamento físico e uso de máscara facial, entre outros.

Precisamos de dar voz às crianças e jovens para expressarem os

seus sentimentos, receios, expectativas, etc., compreendendo as

possíveis repercussões também em termos relacionais e afetivos,

durante uma fase da vida em que estes experimentam novas formas

de sentir e de se relacionarem. Não sabemos, ainda, até quando

vamos viver este período (pós) pandémico, nem se alguma vez

voltaremos a nos relacionar sem máscaras e sem necessidade de

distanciamento social. Consequentemente, não sabemos até que

ponto este período prejudicará o desenvolvimento emocional e

afetivo das crianças e jovens. No entanto, uma vez que o

desenvolvimento das competências socioemocionais é central à

educação em sexualidade, urge revitalizar a implementação

estruturada, sistemática e holística da mesma.


37
LINKS ÚTEIS SOBRE
A TEMÁTICA
www.aventurasocial.com (Aventura Social)
www.hbsc.org (Health Behaviour School-Aged Children)
www.who.int (World Health Organization)
http://revistas.lis.ulusiada.pt/index.php/rpca/index (Revista Psicologia da Criança
e do Adolescente)
https://unric.org/pt/criancas/ (Nações Unidades – Direitos das Crianças)

38
Coleção
ATIVE A SUA ESCOLA
Na coleção "Ativa a Sua Escola" pode encontrar as seguintes obras: Atividade

Física; Ecossistemas de Saúde, Consumo de Substâncias e Comunicação Online;

Saúde Mental e Bem Estar Físico e Psicológico; Violência e Lesões; Famílias e

Amigos e Amor, Sexualidade e Identidade de Género.

Você também pode gostar