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ATIVE A SUA ESCOLA:

ATIVIDADE FÍSICA
NUNO LOUREIRO | VÂNIA LOUREIRO | ADILSON MARQUES | MARGARIDA GASPAR DE MATOS
ATIVE A SUA ESCOLA:
ATIVIDADE FÍSICA

TÍTULO: ATIVE A SUA ESCOLA: ATIVIDADE FÍSICA

AUTORES: Nuno Loureiro


Vânia Loureiro
Adilson Marques
Margarida Gaspar de Matos

EDIÇÃO: Laboratório de Atividade Física e Saúde – Instituto Politécnico de Beja

ISBN: 978-989-8008-55-8 (versão digital)

DATA: junho 2021


Nuno E. Loureiro é professor de Educação Física, Doutor e Pós-Doc pela Faculdade de

Motricidade Humana, Universidade de Lisboa (FMH/UL) e investigador no ISAMB (Instituto de

Saúde Ambiental/Faculdade de Medicina de Lisboa/Universidade de Lisboa). Membro da rede

Internacional Health Behaviour in School-aged Children / Organização Mundial de Saúde

(HBSC/OMS) com interesse particular nos temas relacionados com a prática de atividade física,

sedentarismo, ambiente construído, obesidade, imagem corporal, sintomas e sono. É docente

no Instituto Politécnico de Beja, onde coordena o Laboratório de Atividade Física e Saúde

(LAFS/IPBeja).

Vânia Loureiro é professora de Educação Física e é Doutora pela Universidade de Huelva

(UHE/Espanha). Investigadora no ISAMB (Instituto de Saúde Ambiental/Faculdade de Medicina

de Lisboa/Universidade de Lisboa) e membro da rede Internacional Health Behaviour in School-

aged Children / Organização Mundial de Saúde (HBSC/OMS) tem interesse particular nos temas

relacionados com a prática de atividade física, literacia física, condição física e qualidade de

vida. É docente no Instituto Politécnico de Beja, onde coordena o Projeto Up Again Senior e o

Mestrado em Atividade Física e Saúde (MAFS/IPBeja).

Adilson Marques é professor de Educação Física e é Doutor pela Faculdade de Motricidade

Humana. Investigador no ISAMB (Instituto de Saúde Ambiental/Faculdade de Medicina de

Lisboa/Universidade de Lisboa) tem interesse particular nos temas relacionados com a prática

de atividade física, obesidade e aptidão física. É docente na Faculdade de Motricidade

Humana, onde coordena o Projeto European Fitness Monitoring System (EUFITMOS).

Margarida Gaspar de Matos é Psicóloga Clínica e da Saúde. Psicoterapeuta. Professora

Catedrática da Universidade de Lisboa na Faculdade de Motricidade Humana. Coordenadora do

"G2 — Supportive Environments" do ISAMB (Instituto de Saúde Ambiental/Faculdade de Medicina

de Lisboa/Universidade de Lisboa. Membro da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e

Coordenadora do Board Promotion & Prevention da EFPA pela OPP. Coordenadora Nacional do

Estudo da OMS, HBSC (Health Behaviour in School Aged Children).


ÍNDICE

INTRODUÇÃO 1

TERMINOLOGIA UTILIZADA 2

O QUE SABEMOS SOBRE OS ALUNOS PORTUGUESES: 3

ATIVIDADE FÍSICA 3

AF VIGOROSA DUAS OU MAIS HORAS POR SEMANA 3

AF MODERADA A VIGOROSA DIARIAMENTE DURANTE PELO MENOS 60 MIN. 4

EXCESSO DE PESO E IMAGEM CORPORAL: 5

EXCESSO DE PESO OU OBESIDADE 5

ABAIXO DO PESO RECOMENDADO 6

IMAGEM CORPORAL 6

COMPORTAMENTO ALIMENTAR: 7

TOMAR O PEQUENO-ALMOÇO 7

COMER EM FAMÍLIA TODOS OS DIAS 8

CONSUMO DIÁRIO DE FRUTA 9

CONSUMO DIÁRIO DE VEGETAIS 10

CONSUMO DIÁRIO DE DOCES 11

CONSUMO DIÁRIO DE REFRIGERANTES 12

LAVAR OS DENTES (MAIS DE 1 VEZ AO DIA) 13

AS MAIS VALIAS DE UMA ESCOLA ATIVA: 14

PARA O ALUNO 14

PARA O AMBIENTE ESCOLAR 18

O QUE É UMA ESCOLA ATIVA? 21

AÇÕES ESTRATÉGICAS A ADOTAR PARA UMA ESCOLA ATIVA: 29

ETAPA 1 - APRESENTE O CASO E PROCURE PARCEIROS 31

ETAPA 2 - INSPIRE E LIDERE UMA NOVA VISÃO PARA A SUA ESCOLA 33

ETAPA 3 - FAÇA ALGO SOBRE ISSO 34

FERRAMENTAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA ESCOLA ATIVA 35

RECOMENDAÇÕES 37

CONCLUSÕES 39

BIBLIOGRAFIA 40

ANEXOS 41
INTRODUÇÃO

A saúde dos adolescentes é um fator importante para o

desenvolvimento estruturado das sociedades.

A cada 4 anos é realizado o estudo Health Behaviour in

School-aged Children (HBSC), que em 2018 integrou 45

países com o objetivo de estudar os comportamentos e

a saúde dos adolescentes nos seus contextos de vida.

Esta importante investigação é realizada desde 1983 e

em Portugal desde 1998 através do Projeto Aventura. No

estudo português foram incluídos os alunos do 6 º, 8 º


10 º e 12 º anos e os resultados detalhados podem ser

consultados no relatório produzido para o efeito.

Tendo como referência os trabalhos desenvolvidos por

Gaspar de Matos e Equipa Aventura Social (2018) e

Inchley et al. (2020) apresentamos o estado da saúde

dos adolescentes portugueses face à média dos outros

países participantes do estudo HBSC, por género, por

faixa etária (11, 13 e 15 anos) por nível socioeconómico

da família e expor algumas estratégias que contribuam

para que as direções das escolas possam refletir e

elaborar abordagens para que as suas instituições

sejam locais onde se promovam estilos de vida

saudáveis.

(1) Pode conhecer melhor este projeto em www.hbsc.org. Margarida Gaspar de Matos foi

coordenadora nacional do estudo de junho de 1996 a junho de 2020, o próximo estudo será

coordenado pela nova PI, Tania Gaspar, também da equipa Aventura Social.

(2) O Projeto Aventura Social tem vindo a desenvolver diversas investigações sobre a

orientação da Doutora Margarida Gaspar de Matos no domínio da promoção da saúde e

comportamento social. Na página do projeto (http://aventurasocial.com) encontra diversos

documentos que podem ser considerados documentos estruturantes sobre estas temáticas.

(3) Pode conhecer as diversas dimensões da saúde dos adolescentes portugueses analisadas

no relatório em http://aventurasocial.com/publicacoes/publicacao_1545534554.pdf

1
TERMINOLOGIA
UTILIZADA
Para melhor compreensão do documento apresentamos algumas das

definições sugeridas WHO (2018) e que consideramos relevantes

para a compreensão deste documento (4).

Tabela 1.
Conceitos e terminologia utilizada

(4) Pode consultar o documento em https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/272722/9789241514187-eng.pdf

(5) Bartholomew JB, Jowers EM. Physically active academic lessons in elementary children. Prev Med2011;52(Suppl 1):S51–

4.doi:10.1016/j.ypmed.2011.01.017

(6) Watson A, Timperio A, Brown H, et al. Effect of classroom-based physical activity interventions on academic and physical

activity outcomes: a systematic review and meta-analysis. Int J Behav Nutr Phys Act 2017;14:114.doi:10.1186/s12966-017-0569-9

2
QUE SABEMOS SOBRE
OS ALUNOS
PORTUGUESES

São várias as dimensões analisadas no estudo HBSC mas as

que constam neste atividade


documento são relativas à

física, excesso de peso, imagem corporal e alimentação.

ATIVIDADE FÍSICA
ATIVIDADE FÍSICA VIGOROSA DUAS OU MAIS HORAS POR SEMANA

Os jovens portugueses apresentam os menores índices de prática

atividade física vigorosa (AFV) dos países que participam no estudo

HBSC (11 anos – 44 º; 13 anos - 44 º; 15 anos – 42 º). Os rapazes

apresentam maiores níveis de prática de AFV que as raparigas (11

anos: M - 48% | F- 33%; 13 anos: M- 38% | F- 20%; 15 anos: M- 37% |

F- 16%). Comparando com o estudo anterior (realizado 2014)

verificamos que existe uma diminuição da prática em todas as idades

com destaque para os rapazes de 13 anos que diminuíram a prática

em 14%.

Quando analisamos a AFV (duas ou mais horas por semana) tendo em

conta o nível socioeconómico das famílias verificamos que ocupamos

o 24 º lugar entre os países participantes no estudo HBSC e que as

finanças familiares assumem um papel relevante na prática AFV em

ambos os géneros. Os jovens de nível socioeconómicos mais elevados

apresentam valores mais elevados. Os rapazes de nível

socioeconómico mais elevado apresentam 14% de mais prática do que

os de nível socioeconómico baixo, nas raparigas esta diferença é de

11%.
3
ATIVIDADE FÍSICA MODERADA A VIGOROSA DIARIAMENTE
DURANTE PELO MENOS 60 MIN.

Os valores de atividade física moderada a vigorosa (AFMV) dos

alunos portugueses são dos mais baixos entre os países do estudo

HBSC em todas as faixas etárias (11 anos – 44 º, 13 e 15 anos –

43 º). Os jovens de 11 anos ocupam o penúltimo lugar da lista, bem

distantes da média europeia do estudo HBSC (M – 27% | F- 21%).

De forma semelhante em todos os grupos são os rapazes que mais

praticam (11 anos: M- 16% | F- 9%; 13 anos: M- 14% | F- 7%; 15

anos: M- 12% | F- 5%). Em relação ao estudo HBSC de 2014,

verificamos uma descida dos valores de prática (com exceção

das raparigas de 15 anos, cujo resultado foi igual) com realce

para a diminuição de 11% nos rapazes de 13 anos.

Portugal ocupa a 36 º posição nos valores da prática de AFMV. Os

rapazes são mais ativos do que as raparigas, independentemente

do estatuto socioeconómico. Independentemente do género, os

adolescentes que pertencem ao estatuto socioeconómico mais

elevado são os fisicamente mais ativos.

4
EXCESSO DE PESO E
IMAGEM CORPORAL
EXCESSO DE PESO OU OBESIDADE

Os jovens portugueses apresentam valores mais elevados no que se

refere ao excesso de peso e obesidade comparativamente à média

dos restantes países do estudo HBSC (11 e 15 anos – 8 º; 13 anos –

12 º). No grupo de 11 e 13 anos são os rapazes que apresentam

maiores valores (11 anos: M- 33% | F- 22%; 13 anos: M- 26% | F- 23%)

enquanto no grupo de 15 anos os resultados são iguais entre os

géneros (15 anos: M- 22% | F- 22%). Quando comparamos com o

estudo de 2014 verificamos que os dados atuais expõem um aumento

dos valores no grupo de 11 e de 15 anos, com destaque para o

aumento de 6% nas raparigas de 15 anos. No grupo de 13 anos

regista-se uma ligeira diminuição em ambos os géneros (-1%).

No que se refere ao excesso de peso ou obesidade e o nível

socioeconómico das famílias ocupamos o 30 º lugar entre os 45

países incluídos e verificamos que em ambos os géneros são os

jovens de nível socioeconómico baixo que apresentam os maiores

valores de excesso de peso (baixo: M - 29%| F28%; elevado: M -

20%| F - 18%).

5
ABAIXO DO PESO RECOMENDADO

Em todos os grupos etários existem valores baixos, dos mais baixos

entre os restantes países do estudo (11 anos - 37 º; 13 anos – 31 º; 15

anos – 28 º). Os géneros apresentam ligeiras diferenças sendo que

no grupo de 13 e 15 anos são os rapazes que apresentam maior

frequência (13 anos : M - 4%| F – 3%; 15 anos: M – 5%| F- 2%) e no

grupo de 11 anos são as das raparigas (11 anos: M – 4%|F –

5%). Comparando com o estudo de 2014 verifica-se uma ligeira

diminuição nos grupos de 11 e 13 anos. Nos adolescentes de 15 anos

registou-se um aumento de 1% em ambos os géneros.

No que se refere à variável abaixo do peso recomendado e o nível

socioeconómico das famílias, Portugal ocupa o 39 º lugar entre os 45

países que participaram no estudo HBSC e os valores são

semelhantes entre os diferentes níveis socioeconómicos.

IMAGEM CORPORAL

A imagem corporal dos adolescentes, comparativamente aos restantes

países do estudo HBSC, varia com a idade (11anos – 14 º; 13 anos – 27 º;


15 anos – 19 º). São as raparigas das faixas etárias de 13 e 15 anos que

se percecionam como mais gordas (13 anos: M - 24%| F – 32%; 15 anos:

M – 24%| F- 38%) e não se verificam diferenças entre os mais novos.

Verifica-se uma diminuição dos valores em ambos os géneros e em

todas as faixas etárias (com exceção nas raparigas de 11 anos) quando

comparados com os resultados do estudo de 2014.

No que se refere à imagem corporal e o nível socioeconómico das

famílias ocupamos o 19 º entre os países do estudo HBSC. São os jovens

de estrato social mais baixo que apresentam os valores mais elevados

de insatisfação corporal, sendo particularmente relevante no caso dos

rapazes onde se regista uma diferença de 7% quando comparado com

os de nível económico mais elevado.

6
COMPORTAMENTO
ALIMENTAR

TOMAR O PEQUENO-ALMOÇO

Os jovens portugueses são dos que mais tomam pequeno-almoço

(PA) todos os dias quando comparados com os outros países do

estudo HBSC (11 anos – 3 º; 13 e 15 anos – 2 º). São os rapazes em

todas as faixas etárias que mais referem tomar o PA todos os dias,

diminuindo, em ambos os géneros, à medida que crescem (13 anos: M

- 81%| F – 77%; 15 anos: M – 79%| F- 67%; 15 anos: M -75% | F – 63%).

Há uma redução em ambos os géneros e grupos etários quando

comparados com os valores do estudo de 2014. De realçar a redução

de 17% entre estudos que se verifica nas raparigas de 13 anos.

Nos valores do comportamento de tomar o pequeno-almoço e o nível

socioeconómico das famílias verificamos que ocupamos o 22 º lugar

entre os países do estudo HBSC. Em ambos os estratos

socioeconómicos são os rapazes que apresentam os valores mais

elevados e em ambos os géneros são os jovens de nível mais elevado

que reportam os indicadores mais altos.

7
COMER EM FAMÍLIA TODOS OS DIAS

Relativamente a comer em família todos os dias, os jovens

portugueses apresentam valores elevados em comparação com a

média europeia HBSC (11 e 13 anos – 5 º; 15 anos – 6 º). São as

raparigas que apresentam os valores ligeiramente mais elevados em

todas as faixas etárias, (mas as diferenças não são significativas),

com particular destaque no grupo de 15 anos onde existe uma

diferença de 9% comparativamente aos rapazes (11 anos: M - 71%| F

– 73%; 15 anos: M – 69%| F- 71%; 15 anos: M -66% | F – 71%).

Os valores registados no comportamento comer em família e o nível

socioeconómico das famílias coloca-nos em 7 º lugar, sendo que são

as raparigas e os jovens com nível socioeconómico mais elevado que

mais referem realizar o referido comportamento.

8
CONSUMO DIÁRIO DE FRUTA

Os jovens portugueses apresentam valores elevados de consumo de

fruta, quando comparados com os outros países do estudo HBSC (11

e 15 anos – 7 º; 13 anos–6 º). São as raparigas que apresentam os

valores mais elevados em todas as faixas etárias (sendo

significativas no grupo de 11 anos), contudo essas diferenças vão-se

esbatendo à medida que analisamos as faixas etárias mais velhas (11

anos: M-50%| F–57%; 15 anos: M–42%| F- 47%; 15 anos: M-40% | F–

41%). Quando comparamos com os dados de 2014 verificamos um

aumento de consumo de fruta em ambos os géneros e por faixa

etária sendo que o consumo mais elevado se registou no grupo de

jovens de 11 anos (+7%).

Quanto ao consumo diário de fruta e o nível socioeconómico das

famílias registamos o 27 º lugar entre os restantes países do estudo.

São os adolescentes de nível socioeconómico que apresentam o

maior consumo de fruta sendo que no caso dos rapazes a diferença

é de 17% quando comparamos com os de nível baixo.

9
CONSUMO DIÁRIO DE VEGETAIS

No que se refere ao consumo de vegetais, os jovens portugueses

posicionam-se abaixo da média de valores dos países do estudo

HBSC em todas as faixas etárias e género (com exceção dos rapazes

de 11 anos) e que nos leva a ocupar o lugar 25 º no grupo de 11 anos

e lugar 35 º no grupo de 13 e 15 anos. São as raparigas que em todas

as faixas apresentam os valores mais elevados de consumo de

vegetais e que se vai acentuando a diferença ao longo do

crescimento de adolescentes (11 anos: M - 38%| F – 40%; 15 anos: M

– 31%| F- 33%; 15 anos: M -26% | F – 32%). Quando comparamos com

o estudo de 2014 verifica-se que o consumo de vegetais aumentou

em todas as faixas etárias e género, sendo que a maior subida se

verificou nas raparigas de 15 anos (+7%).

O consumo diário de vegetais e o nível socioeconómico das famílias

posiciona-nos em 27 º lugar e são os jovens de escalão

socioeconómico mais elevado e as raparigas que apresentam os

valores mais elevados. No caso das raparigas a diferença entre os

escalões é de 14% e no caso dos rapazes é de 10%.

10
CONSUMO DIÁRIO DE DOCES

No caso do consumo diário de doces, os jovens portugueses

apresentam valores baixos quando comparados com os outros países

participantes (11 anos- 39 º; 13 e 15 anos- 38 º). Com exceção dos

grupos mais novos, são as raparigas que apresentam valores

ligeiramente mais elevados quando comparados com os rapazes (11

anos: M - 13%| F – 11%; 15 anos: M – 16%| F- 17%; 15 anos: M -15% | F –

17%). Tendo como comparação os dados do estudo anterior (2014),

verificamos que as raparigas de 11 anos aumentaram 1% o consumo

de doces, enquanto nas outras faixas etárias e géneros verificou-se

uma diminuição do consumo (com exceção no caso dos rapazes de

13 anos que se manteve igual).

Quanto ao consumo de doces e o nível socioeconómico das famílias

ocupamos o lugar 32 º entre os participantes do estudo HBSC. Não

existem diferenças no caso dos rapazes dos diferentes níveis

socioeconómicos enquanto que no caso das raparigas são as de

nível mais baixo que apresentam os níveis mais elevados de consumo

de doces.

11
CONSUMO DIÁRIO DE REFRIGERANTES

Quanto aos valores de consumo diário de

refrigerantes verificamos que em ambos os

géneros e em todas as faixas etárias estão na

média dos valores apresentados pelos países

do estudo HBSC e que nos faz posicionar a

meio da tabela (11 anos- 26 º; 13 e 15 anos -

24 º). São os rapazes que apresentam os

valores ligeiramente mais elevados e que se

mantêm estáveis ao longo do crescimento dos

jovens (11 anos: M - 13%| F – 11%; 13 anos: M –

16%| F- 17%; 15 anos: M -15% | F – 17%).

Quando analisamos os dados do estudo de

2014 verificamos uma diminuição de consumo

tanto no que se refere ao género como às

diversas faixas etárias (com exceção nas

raparigas de 11 anos cujo os valores são

iguais) e que se acentua na faixa etária dos

15 anos (com uma redução de 4%).

Os valores de consumo diário de refrigerantes

e o nível socioeconómico das famílias dos

jovens portugueses ocupam o 21 º lugar e

verificamos que quase não existem diferenças

no género masculino. São as raparigas de

nível socioeconómico mais baixo que mais

consomem refrigerantes.
12
LAVAR OS DENTES (MAIS DE 1 VEZ AO DIA)

Os valores referidos pelos adolescentes portugueses posicionam-nos na

parte superior da tabela dos participantes do estudo HBSC (11 anos- 19 º; 13

anos – 20 º; 15 anos - 16 º). São as raparigas que mais referem lavar os

dentes, sendo que esta diferença se acentua quando analisamos a faixa

etária dos 15 anos (11 anos: M - 60%| F – 77%; 13 anos: M – 60%| F- 76%; 15

anos: M -61% | F – 82%). No caso dos rapazes o valor permanece quase

constante (variação de 1%).

Quando comparamos com o estudo de 2014 verifica-se um aumento em

todas as faixas etárias no género feminino (exceto no grupo de 15 anos) e

no caso dos rapazes verifica-se uma diminuição em todas as faixas etárias

(com particular relevância para uma diminuição de 6% no grupo dos

rapazes de 15 anos).No que se refere ao lavar os dentes e o nível

socioeconómico das famílias ocupamos o 34 º lugar. São os jovens de nível

mais elevado que mais referem lavar os dentes com realce para diferença

de 15% no género masculino.

13
AS MAIS
VALIAS DE
UMA ESCOLA
ATIVA

14
AS MAIS VALIAS DE UMA ESCOLA ATIVA

PARA O ALUNO

A atividade física cria um ciclo de autorreforço de benefícios. O

cérebro das crianças ativas funciona melhor, dando-lhes maior

capacidade de aprender. Ao mesmo tempo verifica-se que melhores

atitudes em relação à escola e melhorias na sua saúde psicossocial

criam uma mentalidade mais propícia à aprendizagem e

consequentes melhorias no desempenho académico (Nike, 2015),

nomeadamente:

- Os cérebros das crianças ativas funcionam melhor;


- Crianças ativas são melhores academicamente;
- Crianças ativas são mais felizes;
- Crianças ativas têm relações escolares mais fortes.

15
AS MAIS VALIAS DE UMA ESCOLA ATIVA

PARA O ALUNO
OS CÉREBROS DOS ALUNOS ATIVOS FUNCIONAM MELHOR
Os recentes avanços na neurociência parece ser claro que a AF ajuda

os cérebros a trabalhar com mais eficácia (Van Praagh, 2009). As

crianças ativas estão melhores preparadas para aprender pois a AF

melhora a cognição (Sibley & Etnier, 2003), a concentração (Caterino

& Polak, 1999), a atenção (Chaddock, Hillman, Buck, & Cohen, 2011), a

memória (Sibley & Etnier, 2003), a organização e uma série de

habilidades fundamentais para o sucesso educacional (Davis et al.,

2011), assim como na aprendizagem dos conteúdos da matemática e da

alfabetização (Fedewa & Ahn, 2011).

ALUNOS ATIVOS SÃO MELHORES ACADEMICAMENTE


A AF está associada positivamente a melhores resultados educacionais

e a melhores desempenhos académicos. Existe cada vez mais

evidências de que crianças fisicamente ativas e em boa forma física

podem obter melhores resultados educacionais do que seus pares que

são sedentários (Åberg et al., 2009).

ALUNOS ATIVOS SÃO MAIS FELIZES


Crianças felizes têm melhor desempenho na escola e na vida. Estudos

mostram que experiências positivas de AF podem aumentar a

autoestima de crianças e jovens (Pedersen & Seidman, 2004), melhorar

seu humor (Mason & Holt, 2012) e ajuda-os a desenvolver amizades

mais fortes e diversificas (Schaefer et al 2011).

ALUNOS ATIVOS TÊM RELAÇÕES ESCOLARES MAIS FORTES


A AF e o desporto ajudam a tornar as escolas um lugar mais feliz para

os alunos. As crianças que participam de clubes desportivos têm maior

noção de pertença à escola (Rosewater, 2009), ficam mais felizes

quando os frequentam e valorizam mais as aprendizagens que

experienciam (Eccles et al, 2003).

16
É no período entre os 6 e 12 anos, que as crianças

formam hábitos, gostos e preferências, e que

permanecem durante toda a sua vida (PNUD, 2016). Criar

experiências positivas com a AF nessa faixa etária é

fundamental, pois, à medida que as crianças se

desenvolvem, e aprendem não s ó́ a se movimentar, mas

também a gostar de se movimentar. Torna-se

fundamental consolidar comportamentos que garantam

que as crianças e jovens cumpram as recomendações de

60 min. diários de AFMV (Bull et al, 2020).

17
AS MAIS VALIAS DE UMA ESCOLA ATIVA

PARA O AMBIENTE

ESCOLAR

Quando os alunos têm a oportunidade de serem


fisicamente ativos, a escola no seu conjunto fica
melhor. Os ganhos obtidos pelos alunos ativos beneficiam

de forma global o ambiente escolar, nomeadamente (Nike,

2015):

As salas de aula que incluam atividades fisicamente

ativas são mais fáceis de gerir;

As escolas ativas podem ter mais altas taxas de

assiduidade e de conclusão escolar;

A atividade física melhora o desempenho geral da

escola;

Salas de aula ativas podem ter efeitos quase

imediatos;

Salas de aula ativas aumentam a capacidade de

aprendizagem dos alunos;

18
AS SALAS DE AULA QUE INCLUAM ATIVIDADES FISICAMENTE
ATIVAS SÃO MAIS FÁCEIS DE GERIR

Diversas investigações (Carlson et al., 2015) descobriram que os

programas de AF estão associados à melhoria da disciplina geral nas

escolas. Quando a AF é usada como uma pausa ativa na aprendizagem

em sala de aula, as crianças demonstram uma melhoria da atenção no

trabalho em sala de aula imediatamente após a interrupção da

atividade (Kibbe et al., 2011) e uma redução dos comportamentos fora

da tarefa (Watson, Timperio, Brown, Best, & Hesketh, 2017). O

comportamento em sala de aula apresenta melhorias após períodos

superiores a 10 min. de AFMV ou em períodos de tempo mais curtos (5

min) e mais intensos (Daly-Smith et al., 2018).

AS ESCOLAS ATIVAS PODEM TER MAIS ALTAS TAXAS DE


ASSIDUIDADE E DE CONCLUSÃO ESCOLAR

Um estudo mostrou que crianças que participam de atividades

desportivas tinham duas vezes mais probabilidades de frequentar a

escola do que crianças que não frequentavam a escola (Marvul, 2012).

Crianças e jovens fisicamente ativos também são menos propensos a

optar pela não escolaridade, e o envolvimento extracurricular numa

variedade de atividades tem sido associado a menores taxas de

abandono escolar (Mahoney & Cairns, 1997).

ATIVIDADE FÍSICA MELHORA O DESEMPENHO GERAL DA ESCOLA

Aumentar a quantidade de AF na escola (mesmo com reduções do tempo

gasto nas matérias principais) não prejudica o desempenho académico

geral. A maioria dos estudos mostra que na verdade aumenta o

desempenho acadêmico e melhora resultados de testes

padronizados (Ruiz-Ariza. A., Grao-Cruces, Loureiro, & Martinez-Lopez,

2017). De fato, um estudo constatou que uma melhor condição física

estava associado a pontuações 40% mais altas nos testes (Grissom,

2005).

19
SALAS DE AULA ATIVAS PODEM TER EFEITOS
QUASE IMEDIATOS

Há uma enorme oportunidade de melhorar o

desempenho geral da sala de aula através da AF em

sala de aula. As salas de aula ativas incorporam

intervalos de AF, aprendizado ativo e atividades de

movimento ao longo do dia. Por que as salas de

aula ativas são importantes?

SALAS DE AULA ATIVAS AUMENTA A CAPACIDADE DE


APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

Os alunos que fazem breves exercícios (alguns minutos)

divertidos são muito mais capazes de se concentrar nos

trabalhos escolares (Ellemberg & St-Louis-Deschênes, 2010).

A AF pode melhorar significativamente a fluência em

matemática e a concentração na sala de aula (Maeda &

Randall, 2003). Pesquisas mostram que as salas de aula

fisicamente ativas levam a melhorias no desempenho dos

testes de matemática e alfabetização (especialmente na

leitura e ortografia) (Donnelly & Lambourne, 2011).

20
O QUE É UMA
ESCOLA ATIVA?
21
A WHO (2010) identificou

especificamente as escolas
como um meio privilegiado
para a promoção da atividade
física entre crianças e jovens

de modo a cumprirem as

recomendações de prática

diária. Para esse fim, as

atividades a ser desenvolvidas

na escola podem ser de

colaboração no desenvolvimento

de currículos relacionados com

a saúde; política educacional e

desenvolvimento de diretrizes;

oportunidades de

desenvolvimento profissional

para educadores e outros

parceiros; e pesquisa, avaliação

e troca de conhecimentos para

facilitar o desenvolvimento de

políticas, programas e práticas

suportadas em evidências (WHO,

2007).

22
Tradicionalmente, as escolas têm

sido centrais no apoio à saúde dos

alunos, pois implementam

programas de saúde em diversos

domínios e atuam como

equalizadores socioeconómicos,

disponibilizando a todos os alunos

as mesmas oportunidades para

melhorar a saúde por meio dos seus

serviços e atividades. A

oportunidade de influenciar tantas

crianças ao mesmo tempo faz das

escolas uma opção extremamente

atraente para aumentar a AF na

juventude (Institute of Medicine,

2013).

Portugal também contempla a

escola como um local importante

para a promoção da AF e sugerem

o reforço dos mecanismos de

comunicação entre os diferentes

atores e instituições dos sistemas

de saúde e escolar,

designadamente os profissionais de

saúde, docentes, alunos e famílias

(DGS, 2016).
23
Uma escola ativa pode ser definida como um local que

fornece a todas as crianças grandes experiências em

atividade física e desporto antes, durante e depois da

escola. O Brasil consegui implementar um projeto piloto de

escolas ativas entre 2014 e 2016 , e conseguiram verificar

melhorias no comportamento das crianças e no

desempenho escolar, maior motivação entre professores e

educadores para realizarem as suas aulas, diminuição do

tempo dedicado ao lazer inativo e maior participação das

raparigas nas atividades desportivas (PNUD, 2016). A

metodologia aplicada neste projeto caracteriza-se

essencialmente pela utilização de movimento inserido nas

práticas educativas, vinculadas aos conteúdos e

desenvolvidas no horário de aula, de forma a tornar as

crianças mais ativas fisicamente e mais implicadas no

processo de aprendizagem desenvolvido na escola.

24
A Nike (2015), identifica que existe um

consenso de que uma escola ativa apresenta

as seguintes características:

Motivam para 60 minutos ou mais de AF


diária:
Crianças movimenta-se antes, durante e

depois da escola, de casa para a escola (e

vice-versa), nas salas de aula e corredores,

no ginásio e nos recreios.

Oferta de educação física de alta


qualidade:
Os alunos têm aulas de educação física de

qualidade, inclusiva, focada na

alfabetização física e com probabilidade de

lhes proporcionar uma experiência positiva.

A WHO (2018a) recomenda que seja

garantida uma oferta de educação física de

boa qualidade e oportunidades positivas de

AF nos ambientes de educação desde o nível

pré-primário ao secundário.

Criação uma cultura de AF para todos:


As crianças são rodeadas por líderes, pais,

funcionários e uma comunidade que apoiam

e investem em AF e desporto como uma

forma das crianças obterem sucesso.

25
O Projeto Escolas Ativas (PNUD, 2016) apresenta sete interessante

princípios a ter em conta para uma aprendizagem ativa, de forma a

orientar a realização de atividades que incluam práticas físicas

como instrumento de solidificação das competências e

aprendizagens, nomeadamente:

1. Todos se movimentam:
A ideia é que todos os alunos devem participar nas atividades e que

é importante identificar e apoiar os alunos que estão menos à

vontade no desempenho no movimento, os mais tímidos ou com uma

menor perceção de competência motora e incluir alunos com

qualquer tipo de deficiência (com a realização das adaptações

necessárias).

2. Todos se divertem:
Uma sala ativa poderá proporcionar atividades mais divertidas e que

estimulem as crianças para aprender e estarem mais envolvidas

nesse processo. É ainda importante elaborar estratégias que

oferecem oportunidades para as crianças fazerem escolhas.

3. Reconhecimento e incentivo:
Proporcionar um contexto que as crianças sintam que o professor

está atento aos seus progressos e que reconhece o seu esforço

através de elogios e incentivos para continuar a progredir.

4. Do movimento ao conteúdo:
Articular conteúdos interdisciplinares pode ser um poderoso meio

para facilitar aprendizagens e consolidar conceitos. Encontrar

conceitos que podem ser desenvolvidos através de exercícios físicos

implica uma articulação entre docentes que podem contribuir para

uma melhoria da relação entre pares.

26
5. Tempo para brincar:
Brincar melhora o comportamento

da criança, desenvolve habilidades

de trabalho em equipa e contribui

para a criatividade e para a

socialização. Assim, os professores

podem incentivar o aspeto lúdico,

ampliando as brincadeiras de

acordo com os conteúdos que

estão a ser abordados.

6. A Eduçação Física:
Planear aulas que começam na sala

de aula e terminam no pavilhão e

vice-versa, possibilitam aproveitar

melhor o tempo dos alunos em

ambos os espaços, e auxiliam o

trabalho dos professores e na

criação e partilha de experiências

positivas.

7. Parcerias de valor (escola,


famílias e comunidade em geral):
Quando as crianças são incentivadas

por outras pessoas que promovem a

AF (funcionários da escola, diretores,

outros professores, pais, etc.) é mais

fácil de integrarem a prática de AF

nas suas rotinas diárias.

27
No Estados Unidos foi definido um programa escolar

abrangente para aumentar a prática de AF (CDC, 2019)

suportada em 5 dimensões, a saber:

1. A qualidade das aulas de Educação Física,

2. Atividade Física durante a escola,

3. O envolvimento da família e da comunidade,

4. Envolvimento dos colaboradores da escola,

5. Atividade Física antes e depois da escola.

28
AÇÕES
ESTRATÉGICAS A
ADOTAR PARA UMA
ESCOLA ATIVA

29
Iniciar o processo para alterar conceitos e adotar metas

transversais a todas as dimensões escolares é muita das vezes

o mais complicado e o mais desafiante. Para auxiliar esse

processo sugerimos que as direções das escolas possam a

adotar um processo composto por três etapas (Nike, 2015), a

saber:

1) apresente o caso e procure parceiros;

2) inspire e lidere uma nova visão para a sua escola;

3) faça algo sobre isso.

De seguida iremos desenvolver estes conceitos.

30
ETAPA 1
APRESENTE O CASO E PROCURE PARCEIROS

Envolver o maior número de pessoas no projeto é fundamental para

conseguir que possa ser desenvolvido e almejar a ser bem-sucedido.

Explicar o projeto com clareza e devidamente suportado na

problemática que tem em conta as características da escola é um

procedimento importante para angariar apoios internos. No contexto

escolar, mudanças transformadoras ocorrerão quando:

Os líderes permitem mudança real:


Só pode acontecer uma mudança na escola se o líder atuar como um

modelo: O líder da escola é aquele que pode inspirar os professores

a ficarem entusiasmados com uma maneira de ensinar que leva a

que as as crianças se mexam. Os líderes dão aos professores as

ferramentas e a autonomia para integrar a AF no dia-a-dia escolar.

Os melhores líderes dão o exemplo, o que significa que é uma boa

ideia participar em algumas das atividades físicas realizadas na

escola. Isso envia a mensagem de que a AF é importante.

31
Os professores transmitem:
É essencial que os professores compreendem como promover a

prática de AF com qualidade e através de diferentes meios. Seja

por meio da Educação Física, supervisão do recreio, interrupções

da atividade na sala de aula ou integração da AF nas aulas

académicas. A AF nunca deve ser utilizada como meio punição e/

ou gestão de comportamentos (i.e fazer flexões, corridas devido a

infrações; impedir de ir ao recreio porque não realizou a tempo as

atividades escolares; fazer exercício extra porque perdeu o jogo,

etc) (SHAPE, 2009). E, deve ser divertido. Sempre.

Os alunos querem:
Não é suficiente exigir que os alunos se movam. Eles têm que se

divertir a praticar. Quando os alunos se divertem a serem ativos,

aprendem que a AF em todas as suas formas é algo muito

importante. É assim que eles aprendem a gostar de a praticar para

o resto das suas vidas. No quadro geral, isso começa a desbloquear

uma série de recompensas positivas que podem durar a vida toda.

No curto prazo, é o que pode tornar uma escola com elevado

desempenho.

32
ETAPA 2
INSPIRE E LIDERE UMA NOVA VISÃO PARA A
SUA ESCOLA

A liderança é fundamental para ter uma gestão focada na

construção de um clima de escola adequado à obtenção de

aprendizagens e à implementação de estratégias que potenciem o

potencial de todos os intervenientes. Compreender, de forma

criteriosa, qual o seu ponto partida é fundamental para adotar as

estratégias que se ajustam ao seu contexto.

Existem diversas ferramentas disponíveis para analisar as atividades

da escola, mas propomos um questionário (7), que se pretende que

seja simples e que aborde os temas mais prevalentes e globalmente

relevantes (ver anexo 1). É um indicador rápido para determinar a

oportunidade que os seus alunos têm em ser ativos antes, durante e

depois da escola. Esta ferramenta pode ser uma forma simples e

prática de identificar algumas áreas que podem serem

intervencionadas.

(7) Adaptado de Nike (2015) 33


ETAPA 3
FAÇA ALGO SOBRE ISSO

Os anos de escola são fundamentais para que os indivíduos possam

desenvolver bases sólidas em serem ativos durante todas as fases de

suas vidas (FITescola, 2017). Para líderes e professores de escolas, é

importante compreender os tipos de habilidades motoras

fundamentais que as crianças devem dominar durante o período de

escolaridade. Deve ser criado um contexto facilitador da prática de

AF de modo a promover junto dos alunos o sentimento de

competência e confiança nas suas capacidades e gosto pela

prática. Como qualquer mudança, pode-se iniciar o processo por

implementar pequenas alterações como as expostas na tabela

abaixo.

Tabela 2.
Alterações a implementar para iniciar o processo para ter uma escola ativa

34
FERRAMENTAS PARA
IMPLEMENTAÇÃO DE
UMA ESCOLA ATIVA

35
Para facilitar a implementação de estratégias que possam contribuir

para a criação de uma escola ativa, expomos algumas ferramentas

inspiradoras e promotoras da prática de AF (ver tabela abaixo). As

ideias e os métodos das mesmas estão bem identificados nos seus

respetivos sítios da Internet, mas implicarão uma adaptação ao

contexto de cada escola. Contudo, são exemplos de boas práticas

que poderão revelar-se medidas inovadoras e agregadoras de toda a

comunidade escolar.

Todas essas medidas terão os seus pontos positivos e menos

positivos e a sua implementação trará desafios à sua concretização

e que vai exigir uma direção realmente comprometida com a missão.

Todos os novos caminhos também são difíceis e não deixam de ser

trilhados por isso. Começamos o caminho?

(8) Pode conhecer melhor as características deste projeto em https://www.livingstreets.org.uk/products-and-services/projects/wow

(9) Pode conhecer melhor as características deste projeto em https://www.activefife.co.uk/school-to-club-links/

(10) Pode conhecer melhor as características deste projeto em https://fitescola.dge.mec.pt/pagina.aspx?id=6

(11) Pode conhecer melhor as características deste projeto em https://www.actionforhealthykids.org/parents-for-healthy-kids/

(12) Pode conhecer melhor as características deste projeto em https://www.saferoutespartnership.org/sites/default/files/resource_files/step-by-step-walking-

school-bus.pdf

36
RECOMENDAÇÕES
Um programa dinamizado na escola para que possa ser eficaz

deve incorporar as caraterísticas da própria escola. Para que

possa começar a estruturar o seu programa sugerimos que tenha

em conta as seguintes recomendações:

- Considere que os métodos ativos possam ser um meio para

proporcionar boas aprendizagens aos alunos.

- Realize o questionário que está em anexo e reflita, com a sua

equipa, os resultados obtidos.

- Constitua uma equipa de docentes interessados na temática e de

várias áreas de modo a analisar as várias ferramentas propostas.

- Procurem definir uma proposta de trabalho que seja viável à vossa

realidade.

- A proposta deve poder ser discutida e agregar novas ideias e

novos intervenientes, sejam internos ou externos.

- Identifique turmas onde pode vir a aplicar o programa para poder

ter dados para analisar a proposta de “todos os ângulos”.

- Faça a diferença e apresente projetos que possam ser

considerados de boas práticas e inovadores

37
38
CONCLUSÕES

Acreditamos que a escola é um local ideal para que crianças e

jovens possam realizar aprendizagens estruturantes e se possam

converter em adultos que contribuam positivamente para uma futura

sociedade.

Também é evidente que a gestão de uma instituição escolar é

repleta de inúmeros desafios que em muito ultrapassam a dimensão

pedagógica. É nesse sentido que foi elaborado este documento,

procurando contribuir para a sua reflexão e, caso considere

pertinente, implementar algumas mudanças na dinâmica escolar.

Como melhor saberá, qualquer caminho terá as suas dificuldades e

obstáculos, mas uma escola será sempre o reflexo da visão dos seus

líderes.

39
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40
ANEXO

41
QUESTIONÁRIO DE 60 MINUTOS POR DIA

1) COMO ESTÁ A TRABALHAR BEM OS ASPETOS ESSENCIAIS?


2) A INSTITUIÇÃO ESTÁ A MELHORAR COMO ESCOLA ATIVA?
3) A INSTITUIÇÃO É O EXEMPLO DE UMA BOA PRÁTICA DE
ESCOLA ATIVA?
Coleção
Ative a sua Escola

Na coleção "Ativa a Sua Escola" pode encontrar as seguintes obras: Atividade

Física; Ecossistemas de Saúde, Consumo de Substâncias e Comunicação Online;

Saúde Mental e Bem Estar Físico e Psicológico; Violência e Lesões; Famílias e

Amigos e Amor, Sexualidade e Identidade de Género.

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