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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
RELATÓRIO

Nome completo dos alunos: Alexandra Nicole Sanchez Hidalgo, Daniel


Dias Teixeira de Oliveira, Jady Alves
Relatório referente a Aula Assíncrona: Monografia - Trabalho final

Geração de mapa de susceptibilidade à erosão na região do vale do Itajaí

1. Introdução

O território do Estado de Santa Catarina tem enfrentado diversos desastres naturais ao


longo das últimas décadas, alguns deles de proporções catastróficas. Esses eventos estão
intimamente ligados ao clima subtropical úmido e à localização da região, onde convergem
diferentes massas atmosféricas, a Polar Atlântica e a Subtropical Atlântica, respectivamente.
As características geomorfológicas, geológicas, pedológicas e a ocupação humana nessa área
geográfica desempenham papéis fundamentais na ocorrência desses eventos significativos
(FLORES et al., 2009).
A bacia hidrográfica do Rio Benedito é uma sub-bacia da bacia hidrográfica do Rio Itajaí
que faz parte do Médio Vale do Itajaí. O Rio Benedito tem sua nascente no município de
Doutor Pedrinho, passa pelos municípios de Benedito Novo e Timbó, e desemboca no Rio
Itajaí-Açu em Indaial (BENEDITO NOVO, 2019).
Dessa forma, essa monografia se direciona ao mapeamento de áreas suscetíveis a
erodibilidade, na sub-bacia do Rio Benedito e uma comparação do modelo gerado com o
modelo de susceptibilidade a movimento gravitacional de massa, disponibilizado pela
CPRM.
A área de estudo deste trabalho pode ser observada abaixo, na figura 1, em que
constam também as estações pluviométricas usadas para a modelagem, os limites municipais
e as principais vias de acesso.

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CAMPUS UNIVERSITÁRIO REITOR JOÃO DAVID FERREIRA LIMA - TRINDADE
CEP: 88.040-900 - FLORIANÓPOLIS - SC
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Figura 1: Mapa de localização da área de estudo.

2. Materiais e Métodos

Para a realização do trabalho, foram utilizados os seguintes materiais: imagem SRTM da


área de estudo (folha 26-495) com resolução espacial de 30m, disponível em:
https://www.webmapit.com.br/inpe/topodata/; dados de precipitação de estações
pluviométricas na área de estudo, obtidos de:
https://www.snirh.gov.br/hidroweb-mobile/mapa; dados pedológicos em formato shapefile,
disponíveis em: https://www.dpi.inpe.br/Ambdata/mapa_solos.php. Para o processamento
dos dados e geração de produtos, utilizou-se o software livre QGIS.
Um fluxograma com as etapas de desenvolvimento do trabalho pode ser vista abaixo, na
figura 2.

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Figura 2: Fluxograma de etapas de desenvolvimento do mapa de susceptibilidade à erosão.

Os fatores R, LS e K que constam na figura 2 se referem à Equação Universal de Perda


do Solo: A = R x K x LS, sendo que R corresponde ao fator de erosividade anual da chuva, K
ao fator de erodibilidade do solo, e LS ao fator topográfico que leva em consideração tanto o
comprimento como a declividade da rampa.
O fator R foi obtido a partir da interpolação de dados pluviométricos pelo inverso da
distância (IDW), e o resultado deste processamento pode ser observado na figura 3.

Figura 3: Resultado da interpolação (IDW) dos dados pluviométricos (resolução de 5m).

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Os valores adotados para o fator de erodibilidade K são referentes aos valores calculados
por Mannigel et al. (2002) para os solos que ocorrem na área de estudo, que por sua vez
foram determinados a partir dos dados pedológicos em formato shapefile. Os solos que
ocorrem na área de estudo podem ser observados na figura 4.

Figura 4: Solos na área de estudo (à esquerda, Cambissolo Háplico Tb distrófico típico, e à


direita Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico).

Os dados pedológicos em formato shapefile foram primeiramente recortados para a área


de estudo. Em seguida, fez-se a rasterização da camada para que ela pudesse ser
reclassificada segundo os valores de erodibilidade K calculados por Mannigel et al. (2002):
0,0186 para o Cambissolo Háplico Tb distrófico típico, e 0,0345 para o Cambissolo Háplico
Tb distrófico latossólico.
O último fator, LS, foi feito no complemento “ls-factor, field based” da extensão SAGA
(figura 5), a partir da imagem MDT hidrograficamente condicionada.

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Figura 5: Fator LS na área de estudo.

3. Análise dos Resultados e Conclusões

A figura 6 mostra o mapa de declividade, segundo a classificação da EMBRAPA (1979).


Pode-se perceber pela figura que a área de estudo não possui nenhum relevo escarpado.
Ocorre pontualmente declividade caracterizada como montanhosa. No geral, a área de estudo
possui relevos que se encontram nas classes “plano”, “suave ondulado” e “forte ondulado”.

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Figura 6: Mapa de declividade da área de estudo.

A seguir, a figura 7 traz o principal resultado do trabalho, o mapa de susceptibilidade à


erosão da área de estudo, que será discutido em comparação com a figura 8, o mapa de
susceptibilidade a movimento gravitacional de massa gerado pela CPRM em 2017.

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Figura 7: Mapa de susceptibilidade à erosão da área de estudo.

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Figura 8: Mapa de susceptibilidade a movimento gravitacional de massa (CPRM, 2017).

Os mapas de erosão (elaborado pelos autores) e suscetibilidade a movimento


gravitacional de massa (elaborado pela CPRM) mostram áreas com diferentes níveis de risco
ambiental. No mapa de erosão, onde existem seis classes (fraca, moderada, alta, muito alta,
severa e muito severa), há uma relação com as três classes do mapa de suscetibilidade (baixa,
média e alta).
As áreas identificadas como de baixa suscetibilidade a movimento gravitacional de
massa no segundo mapa se correlacionam com as classes de erosão fraca e moderada do
primeiro mapa. Essas regiões provavelmente têm menor probabilidade de sofrer movimentos
significativos de solo devido à declividade mais baixa.
As áreas identificadas com média suscetibilidade a movimento gravitacional de massa
no segundo mapa correspondem às regiões de alta e muito alta erosão no primeiro mapa. Isso
sugere um aumento moderado no risco de movimentos de massa nessas áreas, indicando uma
associação entre a intensidade da erosão e a possibilidade de eventos relacionados à
instabilidade do terreno.
Por fim, as áreas classificadas como alta suscetibilidade a movimento gravitacional de
massa no segundo mapa estão correlacionadas com as áreas de severa e muito severa erosão
no primeiro mapa. Essas regiões apresentam um risco considerável de movimentos de massa,
indicando uma probabilidade mais elevada de eventos de grande impacto ambiental, com
erosão severa e risco iminente de instabilidades do terreno.
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Embora haja uma correspondência entre as classes dos dois mapas, é crucial ressaltar
que tanto a erosão quanto a suscetibilidade a movimento gravitacional de massa são
fenômenos influenciados por diversos fatores geológicos, topográficos, climáticos e
atividades humanas. É necessário analisar cada localidade com mais detalhes e fontes de
dados adicionais para uma avaliação precisa e abrangente dos riscos ambientais.

4. Bibliografia

Atlas Pluviométrico do Brasil; Equações Intensidade-Duração-Frequência (Desagregação de


Precipitações Diárias). Município: Benedito Novo/SC. Estação Pluviométrica: Benedito
Novo Código 02649003 (ANA) Adriana Burin Weschenfelder, Karine Pickbrenner e Eber
José de Andrade Pinto – Porto Alegre: CPRM, 2017.

BENEDITO NOVO - Prefeitura Municipal de Benedito Novo. Hidrografia. Acesso em: 19


nov 2023: https://www.beneditonovo.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/49942.

FLORES, J.A.A. ; PELLERIN, J. R. G. M. ; ÉGAS, H. M. . Movimentos Gravitacionais de


Massa no Município de Gaspar, Vale do Itajaí, SC, na catástrofe de novembro de 2008.
Caracterização dos processos por critérios geomorfológicos, geológicos e pedológicos. In:
XIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 2009, Visoça. XIII Simpósio
Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 2009.

MANNIGEL, A.R.; CARVALHO, M.P.; MORETI, D.; MEDEIROS, L.R. Fator


erodibilidade e tolerância de perda dos solos do Estado de São Paulo. Acta Scientiarum,
Maringá, v. 24, n. 5., 2002.

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