Você está na página 1de 34

Assim Falou

Zaratustra
livro de Friedrich Nietzsche

Esta página cita fontes, mas que não cobrem todo o conteúdo.
Saiba mais

Assim falou Zaratustra: um livro para


todos e para ninguém (em alemão: Also
sprach Zarathustra: Ein Buch für Alle und
Keinen) é um livro escrito entre 1883 e
1885 pelo filósofo alemão Friedrich
Nietzsche, que influenciou
significativamente o mundo moderno. O
livro foi escrito originalmente como três
volumes separados em um período de
vários anos. Depois, Nietzsche decidiu
escrever outros três volumes, mas
apenas conseguiu terminar um, elevando
o número total de volumes para quatro.
Após a morte de Nietzsche, ele foi
impresso em um único volume.
Also sprach Zarathustra: Ein Buch für Alle
und Keinen

Assim falou Zaratustra: um livro para todos


e para ninguém

Capa da edição original de Also sprach


Zarathustra.
Autor(es) Friedrich Nietzsche
Idioma Alemão
País Alemanha
Assunto Filosofia, Super-
Homem, Deus Está
Morto
Linha temporal Entre 1883 e 1885
Lançamento 1883 (Mundo)
Páginas 532
Edição portuguesa

Páginas 532
Edição brasileira

Tradução José Mendes de


Sousa
Páginas 532
Cronologia

A Gaia Ciência Para Além do Bem e


do Mal

O livro narra as andanças e


ensinamentos de um filósofo, que se
autonomeou Zaratustra após a fundação
do Zoroastrismo na antiga Pérsia. Para
explorar muitas das ideias de Nietzsche,
o livro usa uma forma poética e fictícia,
frequentemente satirizando o Velho e o
Novo Testamento

O centro de Zaratustra é a noção de que


os seres humanos são uma forma
transicional entre macacos e o que
Nietzsche chamou de Übermensch,
literalmente "além-do-homem",
normalmente traduzido como "super-
homem".[1]

Amplamente baseado em episódios, as


histórias em Zaratustra podem ser lidas
em qualquer ordem. Zaratustra contém a
famosa frase "Deus está morto" (em
alemão: Gott ist tot), embora essa
também tenha aparecido anteriormente
no livro A Gaia Ciência, de Nietszche, e,
antes ainda, em diversas obras de Georg
Hegel.

Os dois volumes finais não terminados


do livro foram planejados para retratar o
trabalho missionário de Zaratustra e sua
morte.

Origem do livro
O livro começa com Zarathustra, um
profeta Persa, descendo de sua caverna
após dez anos de solidão. Cheio de
sabedoria e amor, o homem chega na
cidade de Motley Cow com o propósito
de ensinar à humanidade sobre o super-
homem. Ele anuncia que o super-homem
há de ser a razão da terra, alguém que é
livre de todos os preconceitos e morais
humanas, tendo então seus próprios
valores e propósito. As pessoas, em
geral, têm dificuldade de entender
Zarathustra, e se mostram
desinteressadas no super-homem. No
final de seu primeiro dia junto às
pessoas, Zarathustra está decepcionado
com sua incapacidade de mover esta
multidão de pessoas. Ele resolve, então,
não tentar converter as multidões, mas
sim falar com os indivíduos que estão
interessados em se separar dos outros.
As primeiras três partes — de totais
quatro partes do volume — reúnem lições
e sermões individuais fornecidos por
Zarathustra. Majoritariamente, estas
partes abrangem os temas mais
genéricos da filosofia madura de
Nietzsche, todavia de maneira simbólica
e obscura. Ele valoriza empenho e
sofrimento, pois o caminho para se
tornar um super-homem é difícil e exige
grandes sacrifícios. A dificuldade com
respeito a se tornar o super-homem é
muitas vezes simbolicamente
representado como subir uma montanha,
e o espírito livre e alegre do super-
homem é representado por danças e
risadas.
Na quarta parte, Zarathustra reúne em
sua caverna homens que se aproximam,
mas não precisamente alcançaram a
posição do super-homem. Ali, eles
aproveitam um banquete e músicas
múltiplas. O livro termina com
Zarathustra alegremente abraçando a
recorrência eterna, junto ao pensamento
de que “toda alegria quer profunda,
profunda eternidade”. No livro "Assim
falou Zarathustra”, os três maiores
ensinamentos e conceitos da filosofia de
Nietzsche são: 1) Vontade de Potência 2)
Recorrência Eterna e 3) o Übermensch.
Tópicos centrais
Do ponto de vista de Zoroastro, todas as
pessoas eram iguais perante Deus. Com
a morte de Deus, no entanto, todas as
pessoas são apenas iguais na frente da
“turba”. É por isso que a morte de Deus é
uma chance para o super-homem.

Zaratustra ama sua função de ligação


com o super-homem nos humanos, ele
ama sua “queda” neles: “O homem é algo
que deseja ser superado”.[2] A marca do
“homem superior” é sua autoconquista.
Este esforço, que é cultivo e educação
ao mesmo tempo, é um esforço criativo
que não ocorre no mercado, onde a
multidão só faz o que é para ganho
pessoal em troca de bens. Em vez disso,
o homem superior é ativo criativamente e
com o objetivo de completar as coisas.
Ele reavalia o que as pessoas no
mercado são indiferentes e o que parece
inútil, é por isso que ele fica sozinho
contra a multidão. Ele é um inovador e,
portanto, um aniquilador.

Como defensor da vida, suas formas de


expressão preferidas são a leveza da
dança e o riso. "… Toda luxúria quer a
eternidade".[3] A forma mais elevada de
afirmação da vida é simbolizada no "Anel
da Segunda Vinda". Mesmo que o mundo
não busque um fim divino, o super-
homem encontra sua autoconfirmação
em seu ato criativo de autoperfeição, que
lhe permite afirmar o " eterno retorno do
mesmo", de que sua vida é como é,
mesmo que fosse para sempre, iria se
repetir.

Seu impulso original na “reavaliação de


todos os valores”, para se empenhar por
coisas superiores e ser um criador, é sua
“vontade de poder”. Por causa deste
princípio da criação, o mundo escapa de
sua futilidade mesmo sem Deus e
encontra um novo significado.

Nietzsche formula — ao se distanciar da


obra de Schopenhauer "O mundo como
vontade e ideia", com sua interpretação
pessimista da vontade como uma força
universalmente irracional — a ideia da
"vontade de poder"[4] como um
"dionisíaco" afirmador da vida energia
criativa que controla o mundo emocional.
Segundo Nietzsche, o “devir” criativo, ao
contrário da “concepção cristã do
mundo”, não leva a uma redenção
escatológica do mundo, mas, ao
contrário, realiza um “eterno retorno do
mesmo” como um jogo de si sempre
repetido-renovação.

As novas virtudes do "super-homem" são


acima de tudo:[5]

a criação, a ação. O super-homem é


uma pessoa criativa. No entanto, a
aniquilação sempre faz parte da
criação;
Amor-próprio que evita servidão e
melancolia;
Amor pela vida e confiança em suas
próprias habilidades;
a vontade (masculina) do super-
homem, que é sua única medida de
ação;
Coragem, tenacidade e atitude
intransigente para alcançar os
objetivos de cada um.
Origem do existencialismo presente
no livro

O termo existencialismo foi cunhado pelo


filósofo católico francês Gabriel Marcel
em meados da década de 1940, e foi
definido como uma forma de
investigação filosófica que explora o
problema da existência humana
utilizando de questões relacionadas ao
significado, propósito, e valor da
existência humana. O existencialismo
relata que a vida real dos indivíduos é o
que constitui o que poderia ser chamado
de sua "essência verdadeira", ao
contrário de uma essência atribuída
pelos outros. O ser humano, por meio de
sua própria consciência, cria seus
próprios valores e determina um sentido
para sua vida com autenticidade, uma
das maiores virtudes do existencialismo,
esse mesmo influenciou muitas
disciplinas fora da filosofia, incluindo
teologia, drama, arte, literatura e
psicologia.

O existencialismo de Nietzsche se
concentrou na experiência humana
subjetiva ao invés das verdades
objetivas, ele acreditava que as verdades
objetivas da Matemática ou Ciência eram
muito distantes ou observacionais para
realmente chegar à experiência humana.
O indivíduo idealizado de Nietzsche
inventa seus próprios valores e cria os
próprios termos sob os quais eles se
destacam.

Crítica à Religião

Nietzsche considerava religiões como o


Cristianismo e o Budismo como inimigas
para uma cultura saudável, e pelo fato de
que “Assim Falou Zaratustra” se baseia
em um ceticismo, o livro pode ser
considerado como uma polêmica contra
a influência destas religiões. Um exemplo
é quando Zaratustra diz que "a alma é
apenas uma palavra para algo sobre o
corpo". Em contradição, Nietzsche
descartou o Cristianismo e o Budismo
como pessimistas e niilistas. Além disso,
as respostas que Nietzsche reuniu às
perguntas que fazia, não apenas de
modo geral, mas também em Zaratustra,
colocavam-no "muito próximo de
algumas doutrinas básicas encontradas
no budismo".

Zoroastrismo e Zaratustra
Zaratustra é duramente crítico de todos
os tipos de movimentos de massa e da
"ralé" em geral. O Cristianismo é baseado
no ódio pelo corpo e pela terra, e é uma
tentativa de negá-los tanto pela crença
no espírito, quanto na vida após a morte.
O nacionalismo e a política de massa
também são meios pelos quais corpos
cansados, fracos ou doentes tentam
escapar de si mesmos. Aqueles que são
fortes o suficiente, sugere Zaratustra,
lutam. Aqueles que não são fortes,
desistem e se voltam para a religião, o
nacionalismo, a democracia ou algum
outro meio de fuga.

O ponto culminante da pregação de


Zaratustra é a doutrina da recorrência
eterna, que afirma que todos os eventos
se repetirão continuamente para sempre.
Só o super-homem pode abraçar essa
doutrina, pois só o super-homem tem a
força de vontade para assumir a
responsabilidade por cada momento de
sua vida e não desejar mais do que cada
momento se repita. Zaratustra tem
dificuldade em enfrentar a recorrência
eterna, pois não pode suportar a ideia de
que a mediocridade da ralé se repetirá
por toda a eternidade sem melhora.

Niilismo
O Niilismo é uma concepção filosófica
apoiada pelo ceticismo com uma
extensão para o existencialismo. Do
latim, o termo “nihil” significa “nada”.
Baseada na ideia de não haver nada ou
nenhuma certeza que possa servir como
base do conhecimento. Ou seja, nada
existe de fato com a compreensão de
que a vida não possui nenhum sentido ou
finalidade, sem “verdades absolutas” que
alicercem a moral, os hábitos ou as
tradições

O Niilismo de Nietzsche

Nietzsche, propõe a ausência de sentido


atrelado ao conceito de “Super-Homem”.
Eles surgem a partir da “Morte de Deus”
e da libertação do sujeito à moral de
rebanho e rompe com a tradição e com a
moral cristã.

Segundo o filósofo, há dois tipos de


Niilismo: Niilismo passivo e Niilismo
ativo.

O niilismo passivo já representa uma


evolução humana, pois o niilismo ativo,
ao qual o próprio Nietzsche se identifica,
além da destruição da moral de rebanho,
há a transvaloração dos valores, surge o
super-homem (além-do-homem), que
tem sua vida dedicada ao eterno retorno.

Muitos relacionam fortemente Nietzsche


ao niilismo, porém ele mesmo já
questionou a contradição em tal
filosofia: enquanto um niilista se põe na
posição de viver com o fato de que nada
importa, ele ainda segue se importando
com o valor de se contentar com tal
ideologia. Consequentemente, o niilista
não consegue se importar com
absolutamente nada, pois necessita dar
importância a alguma coisa sequer.
Nietzsche nunca comunicou que achava
que valesse a pena a “ausência de
significado” na vida. Para o filósofo, o
que torna a humanidade especial não é o
que acreditamos e valorizamos, mas a
nossa habilidade de poder dar valor às
coisas em primeiro lugar.

“O Niilismo não é somente um


conjunto de considerações
sobre o tema 'Tudo é vão', não
é somente a crença de que tudo
merece morrer, mas consiste
em colocar a mão na massa,
em destruir. (…) É o estado dos
espíritos fortes e das vontades
fortes do qual não é possível
atribuir um juízo negativo: a
negação ativa corresponde
mais à sua natureza profunda”
(Nietzsche, Vontade de
Potência).

Vontade de potência

Nietzsche defina que a vontade


constituinte é uma tensão invisível, cega,
consistente e irracional, qual se
manifesta nos desejos e vontade de vida
de todos os homens. De acordo com o
filósofo, essa vontade é a fonte de muita
miséria, de vez que é completamente
insaciável. Para reduzir o próprio
sofrimento, é necessário encontrar
maneiras de acalmar tal vontade — uma
das funções da arte.

O que Nietzsche denomina a “vontade de


Potência" seria o resultado da criação de
homens novos que se desconectam de
normas, crenças, dogmas, tradições, e
regerão suas vidas. De tal modo, o poder
e os valores, fruto das instituições
(religiosas, sociais e políticas) tornam-se
inexistentes. Surge assim, um homem
livre e não corrompido por qualquer tipo
de crença, o qual realiza suas próprias
escolhas.

Na psicologia, a vontade de poder


representa a necessidade de se ter poder
sob os outros, desejo de dominação,
aspecto natural do comportamento
humano. As pessoas não familiarizadas
com o seu trabalho podem ser inclinadas
a interpretar a ideia da vontade de poder
grosseiramente mas não está se
referindo apenas ou mesmo
principalmente nas motivações por trás
de pessoas como Hitler (que admirava o
trabalho do filósofo). Tal figura procura
poder militar e político, além de usar seu
poder para o mal. Nietzsche sempre
aplicou sua teoria muito sutilmente, e
categorizou as maneiras de expressar o
poder. Ele acredita que a vontade de
poder não é nem boa nem má, é uma
unidade básica encontrada em todos,
expressa em muitas formas diferentes. O
filósofo e o cientista dirigem sua vontade
de poder em sua vontade de saber a
verdade, os artistas canalizam a vontade
de poder em vontade de criar e os
empresários se satisfazem tornando-se
ricos.

Quando o “Super-Homem” determinado


por Nietzsche adquire esse poder,
ocorrerá a transvaloração de todos os
valores e poderá "viver a vida como obra
de arte". A vontade de poder descrita por
Nietzsche é a principal força nos seres
humanos — realização, ambição e
esforço para alcançar a posição mais
alta possível na vida. Tal conceito de
Nietzsche apareceu primeiramente no
seu texto “Recorrência Eterna” ou “Eterno
Retorno” (1881).

Übermensch

As traduções de Ubermensch mais vistas


sempre foram “Beyond-Man”, “Super-
human”, “Over-man”, “Uber-man”,
“Superman”, e consequentemente
tornando-se “Super-Homem” na língua
portuguesa. O Super-homem é a versão
máxima do homem.

Ele consegue superar o niilismo, criando


seus próprios valores e focando na vida,
não o que pode acontecer após. Ele
acredita em si mesmo como um criador
autônomo e depende de ninguém. Supera
quaisquer miséria e dificuldade, não
teme viver perigosamente, consegue
governar a si mesmo- que de acordo
com Nietzsche, é um dos maiores
desafios da humanidade. Conseguir ter
poder sob si mesmo, ao invés de buscar
sob os outros. Felicidade é sentir o
crescimento de tal poder, que uma
oposição fora superada.
Consequentemente, o Übermensch será
o homem mais feliz do mundo.

No século XX, os nazistas se


apropriaram do termo, buscando como
justificativa as opressões feitas pelo
movimento. Nietzsche sempre
desaprova do antissemitismo, então fora
um grande mal-entendido.

Recorrência eterna

Basicamente, é o conceito de que toda


existência e vida é um ciclo infinito que
será repetido e já fora repetido inúmeras
vezes. Por mais chato e desconfortável
que esta experiência pareça, reviver tudo
de bom e ruim na sua vida infinitamente,
é uma chance de vivê-la da melhor
maneira possível. É uma possibilidade de
reconhecer que o presente já ocorreu no
passado, portanto seu instinto natural de
como agir no momento já fora uma
atitude passada, que há de ser
melhorada, consequentemente o ser
pode agir de maneira diferente em suas
inúmeras existências repetidas. Cada
ação na vida tem um significado
profundo e é necessário tomar decisões
com profundidade, de maneira que você
irá viver as mesmas coisas pela
eternidade. Para viver desta maneira,
cada pessoa deve desenvolver o “Amor
Fati”, posição na qual o ser ama tudo, até
as condições mais desagradáveis e
indesejáveis da vida.

Na música
Na música Aniversário de sobriedade
de Black Alien se faz uma referência à
obra.

Ver também
Übermensch

Referências
1. C. Guignon, D. Pereboom.
Existentialism: Basic Writings, 2nd
ed., Hackett, 2001. pp. 101-113

2. Assim falou Zaratustra, Parte 1,


prefácio de Zaratustra, No. 3,
Stuttgart 64, página 6

3. Assim falou Zaratustra, Parte 3, A


Outra Canção de Dança, Nº 3, p. 218

4. Assim falou Zaratustra, parte 2,


Sobre a Superação de Si Mesmo,
página 105

5. Vgl. Triebgeschehen und Wille zur


Macht, Königshausen & Neumann
(2000), by Günter Haberkamp, Seite
12f

Ligações externas
Projeto Gutenberg: Thus Spake
Zarathustra (http://www.gutenberg.or
g/etext/1998) (livro completo, em
inglês)
«eBook» (http://www.elivrosgratis.co
m/download/1953/assim-falou-zaratu
stra-friedrich-nietzsche.html) . em
Livros Grátis (http://www.elivrosgratis.
com/)
Outros projetos Wikimedia também contêm
material sobre este tema:

Citações no

Wikiquote

Textos originais no

Wikisource

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Assim_Falou_Zaratustra&oldid=67041953"

Esta página foi editada pela última vez às


21h57min de 29 de novembro de 2023. •
Conteúdo disponibilizado nos termos da CC BY-
SA 4.0 , salvo indicação em contrário.

Você também pode gostar