Você está na página 1de 397

PRÓLOGO

Acordando

Eu nunca planejei fazer nada disso.


O trabalho no qual atualmente estou envolvido, como orador,
autor e pesquisador meio que me encontrou.

De modo a alguns de nós acordarmos, às vezes precisamos de


um chamado para despertar. Em 1986, eu recebi o chamado.
Num lindo dia de Abril no Sul da Califórnia, tive o privilégio de ser
atropelado por um SUV (veículo utilitário esportivo, nt) num
triathlon em Palm Springs. Aquele momento mudou minha vida e
me colocou em toda essa jornada. Eu estava com 23 anos na
época, com uma prática relativamente nova em quiropraxia em
La Jolla, Califórnia, e eu havia treinado duro para esse triathlon
durante meses.

Eu havia terminado o segmento da natação e estava na parte


da corrida de ciclismo da competição quando aquilo
aconteceu. Eu estava vindo de uma volta complicada onde eu
sabia que me misturaria ao tráfego. Um agente policial, de
costas para os carros que se aproximavam, me acenou para
virar à direita e seguir o curso. Como eu estava esforçando-me
totalmente focado na corrida, eu nunca tirava os olhos dele.
Quando eu passei por dois ciclistas naquela esquina específica,
um Ford Bronco vermelho, indo a cerca de 80 km/h colidiu com
a traseira de minha bicicleta.
A última coisa que eu soube é que eu fui catapultado no ar; daí
eu fui pousar diretamente sobre meu traseiro. Por causa da
velocidade do veículo e dos reflexos lentos da senhora dirigindo
o Bronco, o SUV continuou vindo em minha direção e logo eu
estava junto do para-choque dele.

Rapidamente eu me agarrei ao para-choque para evitar ser


jogado para cima e para interromper a passagem de meu corpo
entre o metal e o asfalto. Daí, eu fui arrastado para baixo da
estrada um pouco antes de a motorista perceber o que estava
acontecendo. Quando, finalmente, ela parou abruptamente, eu
caí descontroladamente por cerca de 20 metros.

Eu ainda consigo me lembrar do som das bicicletas circulando


por ali, dos gritos horrorizados e dos palavrões dos pilotos
passando por mim – sem saber se eles deveriam parar, ajudar, ou
continuar a corrida. Enquanto eu estava ali, tudo o que eu podia
fazer era me entregar.

Eu logo descobri que eu tinha quebrado seis vértebras: eu tive


fraturas por compressão nas vértebras torácicas 8, 9, 10, 11 e 12,
além de uma na primeira lombar (entre os ombros e os rins). As
vértebras ficaram empilhadas como blocos individuais na
espinha e, quando eu bati no chão com aquela força, elas se
colapsaram e se comprimiram com o impacto. A oitava vértebra
torácica, o segmento do topo que eu havia quebrado, tinha se
colapsado em mais de 60% e o arco circular que contem e
protege a medula espinhal foi quebrado e unido em forma de
pretzel (pão tradicional alemão em forma de nó, nt).
Quando uma vértebra se comprime e se fratura, os ossos têm
que ir para algum lugar. No meu caso, um grande volume de
fragmentos quebrados voltou para minha medula espinha.
Definitivamente aquela não era uma boa imagem.

Como de um sonho ruim, eu acordei na manhã seguinte com


uma série de sintomas neurológicos, incluindo vários tipos
diferentes de dores, vários níveis de dormência e formigamentos,
e com a perda da sensação de minhas pernas; e algumas
dificuldades sérias em controlar meus movimentos.

Após ter feito todos os exames de sangue, radiografias,


tomografia computadorizada e ressonância magnética no
hospital, o cirurgião ortopédico me mostrou os resultados e,
sombriamente, me atualizou das notícias: de modo a conter os
fragmentos ósseos que agora estavam em minha medula
espinhal, eu precisava de uma cirurgia para implante de uma
haste de Harrington.

Isso significaria cortar a parte de trás das vértebras de dois a três


segmentos acima e abaixo das fraturas e, daí, enroscar as duas
hastes de fixação de aço inoxidável de 12 polegadas ao longo
de ambos os lados de minha coluna vertebral. Daí, eles
raspariam alguns fragmentos do osso de meu quadril e os
colariam sobre as hastes. Seria uma grande cirurgia, mas isso
significaria que ao menos eu teria uma chance de andar
novamente.
Mesmo assim, eu sabia que provavelmente ainda seria um
pouco deficiente e teria que viver com dores crônicas para o
resto da vida. Inútil dizer que eu não gostei daquela opção.

Mas, se eu escolhesse não fazer a cirurgia, a paralisia parecia


certa. O melhor neurologista de Palm Springs, que concordava
com a opinião do primeiro cirurgião, me disse que ele não
conhecia nenhum paciente nos Estados Unidos em minha
condição que houvesse recusado isso.

O impacto do acidente havia comprimido minha vértebra T-8


em forma de cunha, o que impedia minha espinha de ser capaz
de suportar o peso de meu corpo se eu fosse me levantar; minha
coluna vertebral cedia empurrando aqueles pedaços
quebrados de vértebra para dentro de minha medula espinhal
causando paralisia instantânea do meu peito para baixo. Essa
também não era uma opção atrativa também.

Eu fui transferido para um hospital em La Jolla, bem mais próximo


à minha casa, onde recebi duas opiniões adicionais, incluindo
uma do cirurgião ortopédico líder no Sul da Califórnia. Não
surpreendentemente, os dois médicos concordaram que eu
devia fazer a cirurgia da haste de Harrington. Era um prognostico
bem consistente: faça a cirurgia ou fique paralítico e não ande
nunca mais. Se eu tivesse sido o médico profissional fazendo a
recomendação, eu teria dito a mesma coisa: era a opção mais
segura. Mas, não era a opção que eu escolhi para mim mesmo.

Talvez eu fosse apenas jovem e corajoso naquela época de


minha vida, mas eu decidi contra o modelo médico e contra as
recomendações dos especialistas. Eu acredito que há uma
inteligência, uma consciência invisível dentro de cada um de
nós, que nos dá a vida. Ela suporta, mantém, protege e nos cura
a todo o momento. Ela cria quase 100 trilhões de células
especializadas (a partir de apenas 2), ela mantém nossos
corações batendo centenas de milhares de vezes por dia e ela
pode organizar centenas de milhares de reações químicas numa
única célula a cada segundo – entre tantas outras funções
surpreendentes. Eu raciocinei na época que, se essa inteligência
era real e que se ela fosse deliberada, consciente, e amorosa
demonstrando tantas capacidades incríveis, talvez eu pudesse
tirar minha atenção do meu mundo externo e começar a ir para
dentro e me conectar com ela – desenvolvendo um
relacionamento com ela.

Mas, embora eu entendesse intelectualmente que o corpo


muitas vezes tem a capacidade de se curar, agora eu tinha que
aplicar o que eu sabia, de modo a levar aquele conhecimento
para o próximo nível e além, para criar uma verdadeira
experiência de cura.
E já que eu não iria a nenhum lugar e não faria nada, além de
ficar deitado de barriga para baixo, eu decidi por duas coisas.
Primeiro, todo dia eu colocaria toda minha atenção consciente
nessa inteligência interior e daria a ela um plano, um modelo,
uma visão, com ordens bem específicas, e então eu entregaria
minha cura a essa mente maior que tem um poder ilimitado,
permitindo que ela realizasse a cura para mim. E, segundo, eu
não deixaria escapar por minha consciência nenhum
pensamento que eu não queria vivenciar.
Parecia fácil, certo?

Uma Decisão Radical

Contra o conselho de minha equipe médica, eu deixei o hospital


numa ambulância que me levou para a casa de dois amigos
próximos, onde eu ficaria pelos próximos três meses para me
focar em minha cura.
Eu estava numa missão. Eu decidi que eu começaria a reconstruir
minha espinha, vértebra a vértebra, todos os dias, e eu mostraria
a essa consciência, se ela estivesse prestando atenção a meus
esforços, o que eu queria.
Eu sabia que isso exigiria minha presença absoluta...ou seja, que
eu estivesse presente no momento – sem pensar sobre, ou sem
me arrepender de, meu passado, sem me preocupar com o
futuro, sem ficar obcecado com as condições de minha vida
externa, ou me focando na dor ou nos sintomas. Assim como em
qualquer relacionamento que temos com alguém, todos nós
sabemos quando alguém está presente conosco, ou não, certo?
Pois a consciência é ciente, ser ciente é prestar atenção, e
prestar atenção é estar presente e percebendo; essa
consciência estaria ciente de quando eu estivesse presente e de
quando eu não estivesse. Eu teria que estar totalmente presente
quando interagisse com essa mente; minha presença teria que
se compatibilizar com sua presença; minha vontade teria que se
compatibilizar com sua vontade; e minha mente teria que se
compatibilizar com sua mente.

Assim, por duas horas, duas vezes por dia, eu ia para o meu
interior e começava a criar uma imagem de meu resultado
pretendido: uma cura total de minha coluna.
É claro, eu me tornei ciente de quão inconsciente e sem foco eu
era.
É irônico. Eu percebi naquela época que, quando a crise ou um
trauma ocorre, nós gastamos muito de nossa atenção e energia
pensando sobre o que não queremos, ao invés de o que
queremos. Durante essas duas primeiras semanas, eu me sentia
culpado dessa tendência que parecia uma base momento-a-
momento.

No meio de minhas meditações na criação da vida que eu


queria, com uma coluna vertebral totalmente curada, de
repente eu em tornava ciente de que havia estado
inconscientemente pensando sobre o que os cirurgiões tinham
me dito algumas semanas antes: que eu provavelmente nunca
mais andaria.
Eu estava no meio da reconstrução interior de minha coluna e a
próxima coisa que eu sabia era que ficava estressado pensando
se eu deveria vender minha clínica de quiropraxia.
Embora eu estivesse mentalmente ensaiando andar novamente,
eu me pegava imaginando como seria viver o resto de minha
vida sentado numa cadeira-de-rodas – você entendeu a ideia.
Bom, todas as vezes em que eu perdia minha atenção e minha
mente vagava para quaisquer pensamentos estranhos, eu
começava desde o início e fazia todo o esquema das imagens
novamente. Era tedioso, frustrante, e, bem francamente, foi uma
das coisas mais difíceis que eu já fiz.
Mas eu raciocinei que a imagem final que eu queria, que o
observador em mim percebesse, tinha que ser clara, não poluída
e ininterrupta. De modo a essa inteligência alcançar o que eu
esperava – o que eu sabia – que ela era capaz de fazer, do
começo ao final, eu tinha que permanecer consciente e não
entrar na inconsciência.

Finalmente, após seis semanas de luta comigo mesmo e de fazer


o esforço para estar presente com essa consciência, eu fui capaz
de fazer o caminho do processo da reconstrução interior sem ter
que parar e começar tudo de novo desde o começo.
Eu me lembro do dia em que fiz isso pela primeira vez: foi como
bater uma bola de tênis para o local mais fantástico. Havia algo
certo em relação àquilo. Fez um clique. E eu me senti completo,
satisfeito, pleno.
Pela primeira vez, eu estava verdadeiramente relaxado e
presente – em mente e corpo. Não havia nenhuma falação
mental, nenhuma análise, nenhum pensamento, nenhuma
obsessão, nenhuma tentativa; algo se alavancou, e um tipo de
paz e silêncio prevaleceu. Era como se eu não mais me
preocupasse com todas as coisas com as quais eu havia me
preocupado a respeito de meu passado e meu futuro.

E aquela percepção solidificou a jornada para mim, pois


exatamente naquela época, já que eu estava criando essa visão
do que eu queria, que era reconstruir minhas vértebras, aquilo
começou a ficar mais fácil a cada dia. Mais importante, eu
comecei a perceber algumas mudanças fisiológicas bem
significativas. Foi naquele momento que eu comecei a
correlacionar o que eu estava fazendo dentro de mim para criar
essa mudança com o que estava acontecendo fora de mim –
em meu corpo.

No instante em que eu fiz essa correlação, eu prestei mais


atenção ao que eu estava fazendo e fiz isso ainda com mais
convicção; e eu fiz de novo e de novo.
Como resultado, eu continuei fazendo aquilo com um nível de
contentamento e inspiração, ao invés de com um esforço
comprometido, terrível. E de repente, o que inicialmente me
levava duas horas para realizar numa sessão, eu era capaz de
fazer num período mais curto de tempo.

Agora, eu tinha um pouco de tempo nas mãos. Então, eu


comecei a pensar sobre como seria ver um pôr-do-sol
novamente a partir da borda da água, ou almoçar com meus
amigos numa mesa de restaurante, e eu pensava em como eu
nunca mais poderia ter aquilo por garantido mais. Em detalhes,
eu imaginava tomar um banho de chuveiro e sentir a água em
meu rosto e corpo, ou simplesmente me sentar usando o
banheiro ou fazendo um passeio pela praia em San Diego, com
o vento batendo em meu rosto. Essas eram algumas das coisas
que eu nunca apreciei plenamente antes do acidente, mas
agora elas tinham significado – e eu tirei meu tempo para
emocionalmente abraça-as até que eu me sentisse como se já
estivessem ali.

Eu não sabia o que eu estava fazendo na época, mas agora eu


sei: na verdade, eu estava começando a pensar sobre todos
esses potenciais futuros que existiam no campo quântico e, daí,
emocionalmente eu estava abraçando cada um deles. E como
eu selecionava aquele futuro intencional e o casava com a
emoção elevada de como seria estar ali naquele futuro, no
momento presente meu corpo começava a acreditar que
estava realmente naquela experiência futura.
Como minha habilidade de observar meu destino desejado ficou
mais e mais afiada, minhas células começaram a se reorganizar.
Eu comecei a assinar novos genes de novos modos e, daí, meu
corpo realmente começou a ficar melhor mais rapidamente.

O que eu estava aprendendo é um dos principais princípios da


física quântica: mente e matéria não são elementos separados,
que nossos pensamentos e sentimentos conscientes e
inconscientes são os próprios modelos que controlam nosso
destino. A persistência, a convicção e o foco para manifestar
qualquer potencial futuro residem dentro da mente humana e
dentro da mente dos potenciais infinitos no campo quântico.
Essas duas mentes precisam trabalhar juntas para trazer à tona
qualquer realidade futura que potencialmente já existe.
Eu percebi que nessa ótica, todos nós somos criadores divinos,
independente de raça, gênero, cultura, status social, educação,
crenças religiosas ou até de erros passados. Eu me senti
realmente abençoado pela primeira vez em minha vida.

Eu tomei outras decisões-chave em relação à minha cura


também. Eu estabeleci todo um regime (descrito em detalhes
em ‘Evolve Your Brain) que inclui dieta, visitas de amigos que
praticavam a cura energética, e um programa elaborado de
reabilitação. Mas, nada foi mais importante para mim durante
aquela época do que entrar em contato com essa inteligência
dentro de mim e, através dela, usar minha mente para curar meu
corpo.

Nove semanas e meia após o acidente, eu me levantei e andei


de volta para a minha vida – sem ter nenhum aparelho em meu
corpo, ou qualquer cirurgia. Eu comecei a atender os pacientes
novamente em 10 semanas e estava de volta ao treinamento e
ao levantamento de peso novamente, embora continuasse
minha reabilitação em 12 semanas.

E agora, quase 30 anos após o acidente, posso dizer


honestamente que eu quase nunca tenho dor nas costas desde
então.

Pesquisas Começam Seriamente

Mas, esse não foi o fim dessa aventura. Não


surpreendentemente, eu não voltei à minha vida com o mesmo
eu. Eu estava mudado de muitos modos.
Eu havia sido iniciado numa realidade que ninguém que eu
conhecesse poderia realmente compreender. Eu não conseguia
me relacionar com vários de meus amigos e certamente não
conseguia retornar à mesma vida.

As coisas que uma vez foram tão importantes para mim,


realmente não mais importavam. E eu comecei a fazer grandes
perguntas como “quem eu sou?”; “qual é o significado dessa
vida?”; “o que estou fazendo aqui?”; “qual é o meu propósito?”;
e “o que é, ou quem é, Deus?”.

Eu saí de San Diego num curto espaço de tempo e me mudei


para o Noroeste Pacífico, finalmente abrindo uma clínica
quiroprática perto de Olympia, Washington.
Mas, primeiro, eu praticamente recuei do mundo e estudei
espiritualidade.

Com o tempo, eu também me tornei bastante interessado em


remissões espontâneas – quando as pessoas se curam de
doenças sérias ou de condições consideradas permanentes ou
terminais – sem as intervenções médicas tradicionais, como
cirurgias ou drogas.
Naquelas longas e solitárias noites durante minha recuperação,
quando eu não conseguia dormir, eu fiz um pacto com aquela
consciência, de que se eu fosse ao menos capaz de andar
novamente, eu passaria o resto de minha vida investigando e
pesquisando a conexão mente-corpo e o conceito de mente
sobre matéria.
E é isso é muito do que eu tenho feito nas quase três décadas
desde então.

Eu viajei a vários países diferentes em busca de muitas pessoas


que foram diagnosticadas com doenças e tratadas
convencionalmente, ou não convencionalmente,
permanecendo nas mesmas condições ou ficando piores até
que, de repente, elas ficam melhores.
Eu comecei a entrevistar essas pessoas para descobrir o que suas
experiências tinham em comum, de modo a eu poder entender
e documentar o que as fez melhorar, pois eu tinha uma paixão
para casar ciência e espiritualidade. O que eu descobri foi que
cada um desses casos miraculosos contavam com um forte
elemento mental.

O cientista em mim começou a ficar muito instigado, ficando


ainda mais curioso. Eu me tornei novamente envolvido em
frequentar aulas na universidade e estudar os as pesquisas mais
recentes na neurociência e avancei minha formação de pós-
graduação em imagem cerebral, neuroplasticidade,
epigenética e psiconeuroimunologia.
E eu pensei, agora que eu sabia o que essas pessoas tinham feito
para ficarem melhores e agora que eu sabia tudo sobre a
ciência de mudar sua mente (ou ao menos eu pensava que
sabia), eu deveria ser capaz de reproduzir isso – tanto em pessoas
doentes quanto em pessoas que estão bem e querem fazer
mudanças para melhorar não apenas a saúde, mas também
seus relacionamentos, carreiras, famílias e suas vidas em geral.

Foi quando eu fui convidado para ser um dos 14 cientistas e


pesquisadores em destaque no filme-documentário de 2004,
‘Quem Somos Nós?’, e esse filme se tornou uma sensação da
noite para o dia.
‘Quem Somos Nós?’ convidou as pessoas a questionarem a
natureza da realidade e, então, tentar ver em suas vidas se suas
observações importavam ou se, colocado mais acuradamente,
se suas observações se tornavam matéria.
As pessoas ao redor do mundo falavam sobre o filme e sobre os
conceitos que ele expunha. Na esteira disso, meu primeiro livro,
‘Evolve Your Brain’, foi publicado em 2007. Depois da publicação
de ‘Evolve Your Brain’, as pessoas começaram a me perguntar
“como você faz?”, “como você muda, e como você cria a vida
que você quer?”. Logo, aquelas se tornaram as perguntas mais
comuns que as pessoas me faziam.

Então, eu montei uma equipe e comecei seminários de ensino


nos Estados Unidos e internacionalmente sobre como o cérebro
é e como você pode reprogramar seu pensamento usando os
princípios neurofisiológicos. Inicialmente, esses seminários eram
basicamente uma partilha de informação. Mas, as pessoas
queriam mais, então eu acrescentei meditações para criar
sinergia e para complementar a informação, dando aos
participantes passos práticos para fazerem as mudanças em
suas mentes e corpos, e, como resultado, também mudanças
em suas vidas.

Depois de ensinar em meus seminários introdutórios em diferentes


partes do mundo, as pessoas me perguntavam “e agora?”,
então eu comecei a ensinar outros níveis nos seminários
introdutórios. Depois que isso ficou completo, mais pessoas
perguntavam se eu podia ensinar outro nível, em seminários mais
avançados. Isso continuou na maioria dos lugares onde eu me
apresentava.

Eu continuava pensando que eu tinha terminado, que eu tinha


ensinado tudo o que eu podia ensinar, mas as pessoas
continuavam pedindo por mais, então eu mesmo aprendi mais
e daí refinei as apresentações e as meditações.
Um momentum foi desenvolvido e eu estava recebendo um bom
retorno; as pessoas eram capazes de eliminar alguns de seus
hábitos destrutivos e viver vidas mais felizes. Muito embora até
esse ponto, eu e meus associados víssemos apenas pequenas
mudanças – nada realmente significativo –, as pessoas amavam
a informação e queriam continuar a praticar.
Então eu continuei indo aonde me convidavam. Eu pensava que
quando chegasse o momento em que eles parassem de me
convidar, eu saberia que teria terminado esse trabalho.

Depois de cerca de um ano e meio após nosso primeiro


seminário, minha equipe e eu começamos a receber vários e-
mails de nossos participantes dos seminários comentando sobre
mudanças positivas que eles estavam experienciando por terem
feito as meditações numa base consistente.
Um fluxo de mudanças começou a se manifestar nas vidas das
pessoas e elas estavam muito felizes.
O retorno que recebemos durante o próximo ano chamou minha
atenção e também a de minha equipe. Nossos participantes
começaram a relatar não apenas mudanças subjetivas em sua
saúde física, mas também melhorias de medições objetivas
vindas de seus exames médicos. Às vezes os exames chegavam
a mostrar quadros totalmente normais!
Essas pessoas eram capazes de reproduzir exatamente as
alterações físicas, mentais e emocionais que eu havia estudado,
observado e, finalmente, escrito em ‘Evolve Your Brain’.

Para mim, foi incrivelmente entusiasmador testemunhar isso, pois


eu sabia que qualquer coisa é passível de ser repetida se torna
uma lei científica. Parecia que muitas pessoas estavam nos
enviando e-mails começando com o mesmo palavreado: “Você
não vai acreditar nisso...”.
E aquelas mudanças eram agora mais do que coincidências.

Daí, um pouco depois naquele ano, durante cada um dos dois


eventos em Seattle, algumas coisas incríveis começaram a
acontecer. No primeiro evento, uma mulher com esclerose
múltipla (EM), que estava usando um andador quando chegou,
estava andando sem ajuda no momento em que o seminário
havia terminado.
No segundo evento em Seattle, naquele ano, outra mulher, que
havia sofrido com EM durante dez anos, começou a dançar,
declarando que a paralisia e a dormência que ela havia sentido
em seu pé esquerdo tinham desaparecido completamente
(você lerá mais sobre essas mulheres, e outras como elas, nos
capítulos seguintes).

Atendendo à demanda, em 2010, eu dei mais um seminário


progressivo no Colorado, onde as pessoas começaram a
perceber que estavam mudando seu bem-estar exatamente ali,
durante o evento. As pessoas se levantavam, pegavam o
microfone e relatavam algumas histórias inspiradoras.

Por essa época, eu também fui convidado para falar para vários
líderes de negócios a respeito da biologia da mudança, da
neurologia da liderança, e do conceito de como transformar
indivíduos para transformar uma cultura. Depois de um discurso
para um grupo, vários executivos me abordaram a respeito da
adaptação das ideias para um modelo corporativo de
transformação. Então, eu criei um curso de oito horas que
poderia ser adaptado para empresas e organizações, e o curso
foi tão bem sucedido que gerou o nosso programa corporativo
“30 Days to Genius”.

Eu me vi trabalhando com clientes de negócios como a Sony


Entertainment Network, a Gallo Family Vineyards, as empresas de
telecomunicações WOW! (originalmente chamadas de Wide
Open West), e muitas outras.
Isso me levou a oferecer sessões privadas de coaching para a
alta gerência.

A demanda para nossos programas corporativos se tornou tão


grande que eu comecei a treinar uma equipe de coaching; eu
agora tenho mais de 30 treinadores ativos, incluindo ex-CEOS,
consultores corporativos, psicoterapeutas, advogados, médicos,
engenheiros e profissionais Ph.D. que viajam por todo o mundo,
ensinando esse modelo de transformação para diferentes
empresas (agora temos planos para começar certificações para
coaches independentes usando o modelo de mudança com
seus próprios clientes).
Nunca, em meus sonhos mais selvagens, eu imaginei esse tipo de
futuro para mim.

Eu escrevi meu segundo livro ‘Breaking the Habito f Being


Yourself’, publicado em 2012, para servir como uma companhia
prática de ‘como-fazer’ para o ‘Evolve Your Brain’. Eu não
apenas expliquei mais sobre a neurociência da mudança e da
epigenética como também incluir um programa de quatro
semanas com direções passo-a-passo para aperfeiçoar essas
mudanças, baseado nos seminários que eu estava dando na
época.

Daí, eu fiz outro seminário, mais avançado, no Colorado, onde


tivemos sete remissões espontâneas de várias condições.
Uma mulher que estava vivendo de alface por causa de uma
alergia alimentar grave foi curada naquele final de semana.
Outras pessoas foram curadas de intolerância a glúten, doença
celíaca, uma condição da tiroide, dores crônicas severas e
outras condições. De repente, eu comecei ver algumas
mudanças realmente significativas na saúde das pessoas e em
suas vidas enquanto elas se retiravam de suas realidades atuais,
de modo a criar novas. Aquilo estava acontecendo diante de
meus olhos.

Informação para Transformação

Aquele seminário no Colorado, em 2012, foi o ponto da virada


em minha carreira, pois eu podia finalmente ver que aquelas
pessoas não apenas estavam ajudadas a mudar o próprio senso
de bem-estar, mas agora também estavam assinando novos
genes de novos modos exatamente ali, durante as meditações,
em tempo real, de modo grandioso.
Para que alguém que esteve doente durante anos, com uma
condição de saúde como lúpus, tornar-se saudável durante uma
meditação de uma hora, algo significativo deve ter ocorrido na
mente da pessoa, bem como em seu corpo.
Eu queria descobrir como medir essas mudanças enquanto elas
estavam ocorrendo nos seminários, assim nos poderíamos ver
exatamente o que estava acontecendo.

Então, no início de 2013, eu ofereci um tipo de evento


completamente novo, que fez com que nossos seminários
disparassem a um nível totalmente novo. Para esse evento, que
ocorreu no Arizona, eu convidei uma equipe de pesquisadores,
incluindo neurocientistas, técnicos e físicos quânticos, com
instrumentos especializados para juntarem-se a mim para um
seminário de quatro dias, com mais de 200 participantes.
Os especialistas usaram seus equipamentos para medir o campo
eletromagnético do ambiente na sala do seminário para ver se
a energia estava mudando conforme o seminário progredia.
Eles também mediram o campo de energia ao redor dos corpos
dos participantes e os centros de energia de seus corpos
(também chamados de chacras) para ver se eles eram capazes
de influenciar esses centros.

Para realizar essas medições, eles usaram instrumentação


bastante sofisticada, incluindo a eletroencefalografia (EEG) para
medir a atividade elétrica do cérebro, a eletroencefalografia
quantitativa (EEGq) para fazer análise computadorizada dos
dados EEG, da variabilidade da frequência cardíaca (FCV) para
documentar a variação de intervalo de tempo entre os
batimentos cardíacos e a coerência cardíaca (uma medição do
ritmo cardíaco que reflete a comunicação entre o coração e o
cérebro), e a visualização da descarga de gás (GDV) para medir
as mudanças nos campos bioenergéticos.
Fizemos exames cerebrais em muitos dos participantes, antes e
depois do evento, de modo a podermos ver o que estava
acontecendo no mundo interior dos cérebros das pessoas, e
também selecionamos aleatoriamente pessoas para examinar
durante o evento, para ver se podíamos medir quaisquer
mudanças nos padrões cerebrais em tempo real durante as três
meditações que conduzi em cada dia. Foi um grande evento.

Uma pessoa com Mal de Parkinson não mais teve tremores.


Outra pessoa com uma lesão cerebral traumática foi curada.
Pessoas com tumores em seus cérebros e corpos descobriram
que o desenvolvimento desses tumores foi interrompido.
Muitas pessoas com dores artríticas experienciaram alívio pela
primeira vez em anos. Todas essas ocorrências estiveram entre
muitas outras mudanças profundas.

Durante esse evento incrível, finalmente fomos capazes de


capturas mudanças objetivas num reino de medidas cientificas
e documentar mudanças subjetivas que os participantes
relataram em sua saúde. Eu não acho que é um exagero dizer
que o que observamos e registramos fez história.

Mais à frente, nesse livro, eu vou partilhar algumas dessas histórias


– histórias sobre pessoas comuns fazendo coisas incomuns –,
mostrando a você o que você é capaz de fazer.

Eis minha ideia ao desenvolver aquele seminário: eu queria dar


às pessoas informação científica e daí prover a elas a instrução
necessária sobre como aplicar essa informação de modo que
elas pudessem atingir níveis elevados de transformação pessoal.
A ciência é, afinal de contas, a linguagem contemporânea do
misticismo. Eu aprendi que no momento em que você começa
a falar na linguagem da religião ou na cultura, no momento em
que você começa a citar a tradição, você divide seus membros
numa audiência. Mas, a ciência os unifica e desmistifica o
místico.

E eu descobri que, se eu pudesse ensinar o modelo científico da


transformação (trazendo um pouco de física quântica para
ajudar as pessoas a compreender a ciência da possibilidade),
combiná-lo com a última informação na neurociência, na
neuroendocrinologia, na epigenética, e na
psiconeuroimunologia, dar a elas o tipo exato de instrução e
prover a elas a oportunidade de aplicar essa informação, então
elas experienciariam a transformação.
E se eu pudesse fazer isso num ambiente onde pudesse medir a
transformação quando ela estivesse ocorrendo, então essa
medição da transformação se tornaria mais informação, que eu
poderia usar para ensinar os participantes a respeito da
transformação que eles tinham acabado de experienciar.

E com essa informação, eles poderiam ter outra transformação,


e por aí vai, enquanto as pessoas começam a fechar a brecha
entre quem elas pensam que são e quem elas realmente são –
criadores divinos – tornando mais fácil para que elas
continuassem fazendo isso.

Eu chamei esse conceito de “informação para a transformação”


e essa se tornou minha nova paixão.

Agora, eu ofereço um seminário introdutório intensivo de sete


horas online e também ensino pessoalmente através de cerca
de nove ou dez seminários progressivos de três dias por ano por
todo o mundo, mais um ou dois seminários avançados de dois a
cinco dias, onde temos os cientistas acima mencionados, com
seus equipamentos para medir as mudanças cerebrais, as
alterações na função cardíaca, as mudanças na expressão
genética, e as mudanças energéticas em tempo real. Os
resultados não são nada menos do que surpreendentes, e eles
formam a base desse livro.

INTRODUÇÃO

Fazendo da Mente, Matéria

Os resultados incríveis que eu vi nos seminários avançados que


ofereço e todos os dados científicos que chegam, me levaram à
ideia do placebo: como as pessoas conseguem tomar uma
pílula de açúcar, ou uma injeção de solução salínica e, daí, a
crença delas em algo fora delas faz com que elas fiquem
melhores?

Eu comecei a me perguntar “e se as pessoas começassem a


acreditar em si mesmas ao invés de em algo fora delas mesmas?
E se elas acreditassem que podem mudar algo dentro delas e
seguir adiante com o mesmo estado de ser, como alguém que
está tomando um placebo? Não é isso o que nossos
participantes dos seminários estão fazendo para ficar melhor? As
pessoas realmente precisam de um comprimido, ou de uma
injeção, para mudar o próprio estado de ser? Nós podemos
ensinar às pessoas a alcançar a mesma coisa ensinando a elas
como o placebo realmente funciona?”

Afinal de contas, o sacerdote do Snake-Handling (ritual religioso


em algumas igrejas pentecostais norte-americanas onde os fiéis
são levados a testar sua fé bebendo veneno e manuseando
cobras peçonhentas, nt) que bebe estricnina e não tem efeitos
biológicos certamente mudou seu estado de ser, certo? (Você
vai ler mais a respeito disso no primeiro capítulo). Assim, se nós
podemos começar a medir o que está acontecendo no cérebro
e olhar toda essa informação, nós podemos ensinar às pessoas
como elas mesmas podem fazer isso sem que elas dependam de
algo fora delas – sem um placebo? Nós podemos ensiná-las que
elas são o placebo? Em outras palavras, nós podemos
convencê-las de que, ao invés de investir sua crença no
conhecido, como uma pílula de açúcar, ou uma injeção
salínica, elas podem colocar a própria crença no desconhecido
e tornar conhecido o desconhecido?

E na verdade é sobre isso que ele livro tem a ver: empoderar


você para que você perceba que tem toda a maquinaria
biológica para fazer exatamente isso. Meu objetivo é
desmistificar esses conceitos com a nova ciência do modo como
as coisas realmente são, de forma que esteja ao alcance de
mais pessoas mudar seus estados internos a fim de criar
mudanças positivas na própria saúde e no próprio mundo
externo. Se isso soa muito surpreendente para ser verdade,
então, como eu disse, ao final do livro você verá algumas das
pesquisas compiladas de nossos seminários para lhe mostrar
exatamente como é possível.

Sobre o que esse livro não é

Eu quero tirar apenas um momento para falar sobre algumas


coisas a respeito das quais esse livro não é; para deixar claros
quaisquer equívocos potenciais desde o início. Por um lado, você
não vai ler aqui sobre a ética do uso de placebos no tratamento
médico. Há muito debate sobre a correção moral de tratar um
paciente que não é parte de uma pesquisa clínica com uma
substância inerte. Embora uma discussão sobre se os fins
justificam os meios possa bem valer a pena numa conversa mais
ampla a respeito de placebos, essa questão está
completamente separada da mensagem que esse livro
pretende abordar.
“Você é o Placebo” tem a ver com colocar você no assento do
motorista na criação de sua própria mudança, e não sobre se é
bom ou não que outras pessoas lhe induzam a fazer isso.
Esse livro também não é sobre negação. Nenhum dos métodos
que você lerá aqui envolve a negação de qualquer condição
de saúde que você possa ter atualmente. Muito ao contrário,
esse livro tem a ver com toda a transformação da doença e dos
males. Meu interesse é medir as mudanças que as pessoas
fazem quando se movem da doença para a saúde. Ao invés de
ser sobre rejeitar a realidade, “Você é o Placebo” tem a ver com
projetar o que é possível quando você dá um passo para uma
nova realidade.

Você descobrirá que um retorno honesto, na forma de exames


médicos, lhe informará se o que você está fazendo está
funcionando. Uma vez que você veja os efeitos que você criou,
você pode prestar atenção ao que você fez e chegar àquele
fim e para fazer novamente. E se o que você está fazendo não
estiver funcionando, então é o momento de mudar até que
esteja. Isso é combinar ciência com espiritualidade. A negação,
por outro lado, ocorre quando você não está olhando para a
realidade do que está acontecendo dentro de você e ao seu
redor.

Esse livro também não questionará a eficácia de várias


modalidades de cura. Muitas modalidades diferentes existem e
muitas delas funcionam bastante bem. Todas elas têm algum
tipo de efeito benéfico mensurável ao menos para algumas
pessoas, mas uma catalogação desses métodos não é no que
eu quero me focar nesse livro. Meu propósito aqui é introduzir
você a uma modalidade particular que mais tem capturado
minha atenção: curar você apenas através do pensamento. Eu
lhe encorajo a usar qualquer e todas as modalidades que
funcionem para você, sejam elas a prescrição de drogas,
cirurgias, acupuntura, quiropraxia, biofeedback, massagem
terapêutica, suplementos nutricionais, yoga, reflexologia,
medicina energética, terapia do som e assim por diante. “Você
é o Placebo” não tem a ver com rejeitar nada, exceto suas
limitações autoimpostas.

O que há dentro desse livro?

“Você é o Placebo” é dividido em duas partes:

- Parte I – Dá a você todo o conhecimento e informação de


modo detalhado que você precisa para entender o que é o
efeito placebo e como ele funciona em seu cérebro e corpo,
assim como criar o mesmo tipo de mudanças miraculosas em seu
próprio cérebro e corpo por si mesmo, apenas pelo pensamento.

Capítulo 1 – o livro começa com a partilha de algumas histórias


incríveis demonstrando o poder surpreendente da mente
humana. Algumas dessas histórias relatam como o pensamento
das pessoas as curou e, outras, como o pensamento das pessoas
na verdade as tornou doentes (e às vezes, até apressou sua
morte).
Você lerá sobre um homem que morreu após escutar que tinha
câncer, apesar de sua autópsia ter revelado que ele havia sido
diagnosticado erradamente; uma mulher atormentada pela
depressão durante décadas, que melhorou dramaticamente
durante um ensaio farmacêutico antidepressivo, a despeito do
fato de ela estar no grupo que recebeu um placebo; e um
punhado de veteranos prejudicados pela osteoartrite que foi
miraculosamente curado por uma falsa cirurgia no joelho. Você
vai ler até mesmo algumas histórias surpreendentes a respeito de
maldiçoes vodu e manipulação de cobras. Meu propósito, ao
partilhar essas histórias dramáticas é mostrar a ampla gama do
que a mente humana é capaz de fazer por conta própria, sem
nenhuma ajuda da medicina moderna. E, esperançosamente,
que isso lhe conduza a questionar “como isso é possível?”.
Capítulo 2 – esse capítulo apresenta uma breve história do
placebo, seguindo relatos das descobertas científicas da
década de 1770 (quando um médico vienense usou ímãs para
induzir o que ele pensava ser convulsões terapêuticas) até os dias
modernos, quando os neurocientistas resolvem mistérios
interessantes sobre os meandros de como a mente funciona.
Você encontrará um médico que desenvolveu técnicas de
hipnotismo após ter chegado atrasado para um compromisso
apenas para encontrar seu paciente esperando mesmerizado
pela chama de uma lâmpada, um cirurgião da Segunda Guerra
Mundial que usou de modo bem sucedido injeções salínicas
como analgésico em soldados feridos quando ele estava sem
morfina, e pesquisadores psiconeuroimunológicos recentes no
Japão que trocaram folhas de veneno de hera com folhas
inofensivas e descobriram que seus grupos de teste reagiram
mais o que lhes foram dito que estavam experienciando do que
ao que eles realmente experienciaram.

Você também lerá sobre como Norman Cousins riu de si mesmo


até ter saúde; como o pesquisador de Harvard, Herbert Benson,
M.D., foi capaz de reduzir os fatores de risco de pacientes
cardíacos descobrindo como a Meditação Transcendental
funcionava; e como o neurocientista italiano Fabrizio Benedetti,
M.D., Ph.D., influenciou indivíduos que tinham recebido uma
droga e trocou a droga por um placebo – e observou o cérebro
continuar a sinalizar a produção das mesmas neuroquímicas que
a droga produziu sem interrupção.
E você também lerá sobre um novo estudo marcante que é uma
verdadeiramente uma virada de jogo: ele mostra que pacientes
com síndrome do intestino irritável (SII) foram capazes de
melhorar dramaticamente seus sintomas tomando placebos –
apesar de eles saberem muito bem que a medicação que
estava sendo dada era um placebo, não uma droga ativa.

Capítulo 3 – esse capítulo lhe levará pela fisiologia do que


acontece em seu cérebro quando o efeito placebo está
operando. Você lerá que, em certo sentido, o placebo funciona
porque você abraça, ou entretém, um novo pensamento de
que você pode ficar bem e, daí, usa isso para substituir o
pensamento de que você está sempre doente. Isso significa que
você pode mudar seu pensamento da previsão inconsciente de
que seu futuro é o seu mesmo passado familiar para começar a
antecipar e a esperar um novo resultado potencial. Se você
concordar com essa ideia, então isso significa que você terá que
examinar como você pensa, o que a mente é e como essas
coisas afetam o corpo.

Eu lhe explicarei como o tempo que você está pensando os


mesmos pensamento conduzirá às mesmas escolhas, que
provocam os mesmos comportamentos, que criam as mesmas
experiências, que produzem as mesmas emoções, que
direcionam, por sua vez, aos mesmos pensamentos – de modo
que neuroquimicamente você permanece o mesmo. Na
verdade, você está se lembrando de quem você pensa que é.
Mas, espere – você não está limitado a ser do mesmo jeito para
o resto de sua vida. Eu vou explicar o conceito da
neuroplasticidade e como agora sabemos que o cérebro é
capaz de mudar durante nossas vidas, criando novas vias neurais
e novas conexões.

Capítulo 4 – esse capítulo entra numa discussão sobre o efeito


placebo no corpo, explicando o próximo passo da fisiologia da
resposta do placebo. Ele começa contando a história de um
grupo de homens idosos que participam de um retiro de final de
semana criado pelos pesquisadores de Harvard, que pediram
aos homens para fingir que eles eram 20 anos mais jovens. Pelo
final da semana, os homens realizaram várias mudanças
fisiológicas mensuráveis, com todos voltando o tempo em seus
corpos, e você aprenderá o segredo por trás do que eles fizeram.
Para explicar isso, o capítulo também discute o que são os genes
e como eles são assinados no corpo. Você aprenderá como a
relativamente nova e excitante ciência da epigenética tem
basicamente incendiado o conceito escolar antigo de que seus
genes são seu destino, ensinando-nos que a mente realmente
pode instruir novos genes a se comportar de novos modos.
Você descobrirá como o corpo elabora mecanismos para ativar
alguns genes e desativar outros, o que significa que você não
está condenado a expressar sejam lá quais forem os genes que
você herdou.
Isso significa que você pode aprender como mudar sua rede
neural para selecionar novos genes e criar mudanças físicas
reais.
Você também lerá sobre como nossos corpos acessam células-
tronco – a matéria física que está por trás de muitos efeitos
miraculosos do placebo – para formar novas células saudáveis
em áreas que foram danificadas.

Capítulo 5 – esse capítulo junta os dois capítulos anteriores


explicando como os pensamentos mudam nossos cérebro e
corpo. Ele começa fazendo a pergunta “se seu ambiente muda
e daí você assina novos genes de novos modos, é possível assinar
o novo gene antecipadamente à mudança do ambiente
atual?”. Aí explicarei como você pode usar a técnica chamada
ensaio mental para combinar uma clara intenção com uma
emoção elevada (para dar ao corpo uma amostra da
experiência futura) de modo a experienciar o novo
acontecimento futuro no momento presente.
A chave é fazer seus pensamentos internos mais reais do que o
ambiente externo, pois daí o cérebro não saberá a diferença
entre os dois e mudará para se parecer como se o evento tivesse
ocorrido. Se você for capaz de fazer isso de modo bem sucedido
várias vezes, você transformará seu corpo e começará a ativar
novos genes de novos modos, produzindo mudanças
epigenéticas – exatamente como se o acontecimento futuro
imaginado fosse real. E, daí, você poderá andar diretamente
para essa nova realidade e tornar-se o placebo.
Esse capítulo não apenas descreve a ciência por trás de como
isso acontece, mas também inclui histórias de muitas figuras
públicas de diferentes esferas da vida que usaram essa técnica
(estando ou não plenamente cientes do que estavam fazendo
na época) para tornar seus mais caros sonhos realidade.

Capítulo 6 – esse capítulo concentra-se no conceito da


sugestionabilidade, começando com uma história fascinante,
mas arrepiante, sobre como uma equipe de pesquisadores foi
estabelecida para testar uma pessoa comum, cumpridora da lei,
mentalmente sadia, altamente sugestionável pela hipnose
poderia ser programada a fazer algo que ela normalmente
consideraria impensável: atirar num estranho com a intenção de
matar.
Você verá que as pessoas têm diferentes graus de
sugestionabilidade e que quanto mais sugestionável você for,
melhor você é capaz de obter acesso à sua mente
subconsciente. Essa é a chave para entender o efeito placebo,
pois a mente consciente é apenas 5% de quem somos. Os 95%
restantes é um conjunto de estados subconscientes programas
nos quais o corpo se torna a mente.
Você aprenderá que você precisa ir além da mente analítica e
entrar no sistema operacional de seus programas subconscientes
se você quiser que novos pensamentos promovam novos
resultados e mude seu destino genético, bem como aprender
como a meditação é uma ferramenta poderosa para fazer
exatamente isso.
O capítulo termina com uma breve reflexão sobre os estados de
ondas cerebrais e quais são os mais propícios para você se tornar
mais sugestionável.

Capítulo 7 – esse capítulo é todo a respeito de como atitudes,


crenças e percepções mudam seu estado de ser e criam sua
personalidade – sua realidade pessoal – e como você pode
muda-los para criar uma nova realidade.
Você lerá sobre o poder que as crenças inconscientes exercem
e ter a chance de identificar algumas dessas crenças que você
tem abrigado sem perceber.
Você também lerá sobre como o ambiente e suas memórias
associativas podem sabotar sua habilidade de mudar suas
crenças.
Eu explicarei mais plenamente que, de modo a você mudar suas
crenças e percepções, você deve combinar uma clara intenção
com uma emoção elevada que condicione seu corpo a
acreditar que o futuro potencial que você selecionou do campo
quântico já aconteceu. A emoção elevada é vital, pois apenas
quando sua escolha carrega uma amplitude de energia que
seja maior do que os programas entrelaçados em seu cérebro e
do que seus vícios emocionais em seu corpo é que você será
capaz de mudar seus circuitos neurais e a expressão genética de
seu corpo, bem como de recondicionar seu corpo para uma
nova mente (apagando qualquer tração do circuito neural
antigo e do condicionamento).

Capítulo 8 – nesse capítulo, eu vou lhe apresentar o universo


quântico, o mundo imprevisível da matéria e da energia que
compõe os átomos e as moléculas de tudo no universo, que
acaba sendo mais energia (que parece ser espaço vazio) do
que matéria sólida. O modelo quântico, que estabelece que
todas as possibilidades existem nesse momento presente, é sua
chave para usar o efeito placebo para a cura, pois ele lhe dá
permissão de escolher um novo futuro para si mesmo e observar
realmente trazendo para a realidade. Daí, você entenderá
exatamente como é possível realmente cruzar o rio da mudança
e tornar conhecido o desconhecido.

Capítulo 9 – esse capítulo lhe apresenta três pessoas de meus


seminários que relataram resultados notáveis usando essas
mesmas técnicas para mudar sua saúde para melhor. Primeiro,
você conhecerá Laurie, que com 19 anos de idade foi
diagnosticada com uma doença óssea que seus médicos
disseram ser incurável. Embora os ossos na perna e quadril
esquerdos de Laurie tivessem sofrido 12 grandes fraturas durante
várias décadas, deixando-a dependente de muletas para se
locomover, hoje ela anda perfeitamente sem nem precisar de
uma bengala. Suas radiografias não mostram evidência de
nenhuma fratura em seus ossos.
Daí, eu lhe apresentarei a Candace, que foi diagnosticada com
a doença de Hashimoto – uma condição da tireoide com uma
série de complicações – durante uma época em sua vida
quando ela estava ressentida e cheia de raiva.
O médico de Candace lhe disse que ela teria que tomar
medicação pelo resto da vida, mas ela provou que ele estava
errado após finalmente ser capaz de transformar sua condição.
Atualmente, Candace está totalmente apaixonada com uma
vida totalmente nova e não usa medicação para a tireoide, em
relação à qual os exames de sangue mostram completamente
normal.
Finalmente, você conhecerá Joann (a mulher mencionada no
Prólogo), uma mãe de cinco filhos que era uma empresária bem
sucedida a quem muitos consideravam como uma super mulher
– antes de ela cair repentinamente e ser diagnosticada com
uma forma avançada de esclerose múltipla. A condição de
Joann decaiu rapidamente e ela finalmente se viu incapaz de
mexer suas pernas. Inicialmente, quando ela veio para meus
seminários, ela fazia apenas pequenas mudanças – até que um
dia, a mulher que não mexias suas pernas durante anos andou
pelo salão, totalmente sem assistência depois de apenas uma
hora de meditação!

Capítulo 10 – esse capítulo traz mais histórias notáveis de


participantes dos seminários, junto com os exames cerebrais que
foram feitos com eles. Você conhecerá Michelle que se curou
completamente do mal de Parkinson, e John, um paraplégico
que se levantou de sua cadeira-de-rodas após uma meditação.
Você lerá sobre como Kathy (uma CEO com uma vida bastante
corrida) aprendeu a encontrar o momento presente e como
Bonnie se curou de miomas e de um sangramento menstrual
pesado.
Finalmente, você conhecerá Genevieve, que entrou em tal
estado de bem-aventurança na meditação que lágrimas de
contentamento caiam de seu rosto, e Maria, cuja experiência
pode ser descrita apenas como tendo tido um orgasmo em seu
cérebro.

Eu vou lhe mostrar as informações que minha equipe de


cientistas coletou dos exames dos cérebros dessas pessoas, de
modo que você possa ver as mudanças testemunhadas em
tempo real durante os seminários. A melhor parte dessa
informação é que ela lhe prova que você não tem que ser um
monge, um estudioso, um cientista, ou um líder espiritual para
realizar proezas similares. Você não precisa de um diploma
médico ou ser um Ph.D. O pessoal nesse livro são pessoas comuns
como você. Depois de ler esse capítulo, você entenderá o que
essas pessoas fez não é mágica, tampouco nada assim tão
miraculoso; elas simplesmente aprenderam e aplicaram
habilidades aprendidas. E se você praticar as mesmas
habilidades, você será capaz de mudanças similares.
- Parte II – Essa parte do livro é toda sobre meditação. Ela inclui
oCapítulo 11, que descreve algumas etapas simples de
preparação para a meditação e passa sobre técnicas
específicas que você perceberá serem úteis, e o Capítulo 12,
que lhe dá instruções passo a passo para usar as técnicas de
meditação que ensino em meus seminários – as mesmas técnicas
que os participantes usaram para produzir os resultados notáveis
que você terá lido nas páginas anteriores do livro.

Estou feliz em dizer que, embora ainda não tenhamos todas as


respostas sobre o aproveitamento do poder do placebo, todos
os tipos de pessoas estão realmente usando essas ideias
exatamente agora para fazer mudanças extraordinárias em suas
vidas, o tipo de mudança que muitas outras consideram
praticamente impossível.
As técnicas que partilho nesse livro não precisam ser limitadas a
condições de curas físicas; elas também podem ser aplicadas
para melhorar qualquer aspecto de sua vida. Minha esperança
é que esse livro lhe inspire a tentar essas técnicas também e que
faça possível o mesmo tipo de mudanças aparentemente
impossíveis em sua vida.

Nota do autor: Embora as histórias dos indivíduos que


experienciaram as curas em meus seminários sejam verdadeiras,
seus nomes e certos detalhes de identificação foram mudados
nesse livro para proteger a privacidade deles.

Parte I

INFORMAÇÃO

Capítulo Um – É possível?

Sam Londe, um vendedor de sapatos aposentado vivendo fora


de St. Louis, no início dos anos de 1970 começou a ter dificuldade
de engolir1. Ele acabou indo ver um médico, que descobriu que
Londe tinha câncer metastático no esôfago. Naquela época, o
câncer metastático de esôfago foi considerado incurável;
nunca ninguém havia sobrevivido. Era uma sentença de morte,
e o médico do Londe entregou a notícia em um tom
apropriadamente sombrio.

Para dar a Londe tanto tempo quanto possível, o médico


recomendou uma cirurgia para remover o tecido canceroso no
esôfago e no estômago, onde o câncer havia se espalhado.

Confiando no médico, Londe concordou e fez a cirurgia. Ele teve


um resultado tão bom quanto o esperado, mas em breve as
coisas ficaram de mal a pior. Um exame no fígado de Londe
revelou noticias ainda piores: o câncer havia se disseminado por
todo o lóbulo esquerdo do fígado.
O médico disse a Londe que, infelizmente, na melhor das
hipóteses, ele tinha apenas alguns meses de vida.

Então Londe e sua nova esposa, ambos em seus 70 anos,


prepararam-se para mudar para cerca de 500 km para Nashville,
onde a esposa de Londe tinha família. Logo após a mudança
para o Tennesse, Londe foi admitido no hospital e entregue ao
especialista Clifton Meador.
Na primeira vez em que o Dr. Meador entrou no quarto de Londe,
ele encontrou um homem pequeno, curvado, com barba por
fazer, enrolado debaixo de um monte de cobertores, parecendo
quase morto. Londe foi brusco e pouco comunicativo, e as
enfermeiras explicaram que ele estava assim desde sua entrada
alguns dias antes.

Embora Londe tivesse altos níveis de glicose no sangue devido


ao diabetes, o restante de sua substância química sanguínea
estava bastante normal – exceto pelos níveis ligeiramente mais
elevados de enzimas hepáticas, o que era de se esperar de
alguém com câncer no fígado.
Os novos exames médicos não mostravam nada mais de errado,
uma benção considerando a condição desesperada do
paciente. Sob as ordens do novo médico, a contragosto Londe
recebeu fisioterapia, uma dieta líquida fortificada e um monte
de cuidados e atenção da equipe de enfermeiros.
Após alguns dias, ele ficou um pouco mais forte e seu mau humor
começou a diminuir. Ele começou a falar com o Dr. Meador
sobre sua própria vida.

Londe havia sido casado antes e ele e sua primeira esposa


tinham sido verdadeiras almas gêmeas. Eles não tiveram filhos,
mas tinham tido uma boa vida. Como eles amavam passeios de
barcos, quando se aposentaram compraram uma casa próxima
a um grande lago artificial. Então, numa noite a barragem de
terra nas proximidades estourou e uma parede de água varreu
a casa deles para longe.
Milagrosamente Londe sobreviveu conseguindo se pendurar em
alguns destroços, mas o corpo de sua esposa nunca foi
encontrado.

“Eu perdi tudo com o qual sempre me importei”, ele disse ao Dr.
Meador. “Meu coração e minha alma foram perdidos na
enchente daquela noite.”.

Dentro de seis meses do falecimento de sua primeira esposa,


enquanto ainda em luto e nas profundezas da depressão, Londe
foi diagnosticado com câncer de esôfago e fez a cirurgia. Foi
quando ele conheceu e se casou com sua segunda esposa,
uma mulher amável que sabia de sua doença terminal e
concordou em cuidar dele no tempo que lhe restava. Alguns
meses após terem se casado, eles se mudaram para Nashville e
o Dr. Meador já sabia do resto da história.

Assim que Londe terminou a história, o médico, surpreso com o


que acabara de escutar, perguntou com compaixão, “O que
você quer que eu faça por você?”. O moribundo pensou por um
pouco de tempo.

“Eu gostaria de viver até o natal, assim eu posso estar com minha
esposa e sua família. Eles têm sido bons para mim”, ele
finalmente respondeu. “Apenas me ajude a sobreviver até o
natal. É tudo o que eu quero.”.

O Dr. Meador disse a Londe que ele faria o seu melhor.


Até o momento em que Londe recebeu alta no final de Outubro,
ele realmente permaneceu em muito melhor forma do que
quando chegou. O Dr. Meador ficou surpreso, mas contente,
com como Londe estava reagindo. O médico viu seu paciente
uma vez por mês depois daquela vez e a cada momento Londe
parecia bem. Mas, exatamente uma semana após o natal (no
dia do Ano Novo), a esposa de Londe o trouxe de volta ao
hospital.
O Dr. Meador ficou surpreso ao descobrir que Londe,
novamente, parecia perto da morte. Tudo o que ele conseguiu
descobrir foi uma ligeira febre e um pequeno pedaço de
pneumonia na radiografia pulmonar de Londe, embora o
homem não parecesse estar com nenhum desconforto
respiratório.
Todos os exames de sangue de Londe pareciam bons e as
culturas que o médico receitou serem examinadas resultaram
negativas para qualquer outra doença. O Dr. Meador
prescreveu antibióticos e colocou seu paciente no oxigênio
esperando o melhor, mas em 24 horas Sam Londe estava morto.

Como você pode supor, essa história é sobre um típico


diagnóstico de câncer seguido de uma morte infeliz por uma
doença fatal, certo?

Não tão rápido.

Uma coisa engraçada aconteceu quando o hospital realizou a


autópsia de Londe. O fígado do homem, na verdade, não
estava preenchido com câncer; ele tinha apenas um pequenino
nódulo de câncer em seu lobo esquerdo e outra manchinha
bem pequena em seu pulmão.
A verdade é que nem o câncer era grande o bastante para tê-
lo matado.
E, na verdade, a área ao redor de seu esôfago estava
totalmente livre da doença também. O exame do fígado
anormal foi ao hospital St. Louis aparentemente havia rendido
um resultado falso positivo.

Sam Londe não morreu de câncer no esôfago, nem de câncer


no fígado. Ele também não morreu do leve caso de pneumonia
que tinha quando foi readmitido no hospital. Ele morreu,
bastante simplesmente, porque todo mundo em ambiente
imediato, pensava que ele estava morrendo.

Seu médico em St. Louis pensava que Londe estava morrendo e


o Dr. Meador, em Nashville, pensou que Londe estava morrendo.
A esposa de Londe e sua família pensava também que Londe
estava morrendo. E, mais importante, o próprio Londe pensava
que estava morrendo.
É possível que Sam Londe morresse apenas por causa do
pensamento? É possível que o pensamento seja assim tão
poderoso? E, se sim, esse caso é único?

Você pode exagerar na dose de um placebo?

O estudante de graduação de 26 anos de idade, Fred Mason


(não é seu nome real) se tornou deprimido quando sua
namorada terminou o relacionamento com ele2.
Ele viu um anúncio para uma pesquisa clínica sobre um novo
medicamento antidepressivo e decidiu se inscrever. Ele havia
tido um ataque depressivo quatro anos antes e nessa época seu
médico havia prescrito o antidepressivo amitriptilina (Elavil), mas
Mason foi forçado a parar a medicação quando se tornou
excessivamente sonolento e desenvolveu dormência. Ele havia
sentido que a droga era muito forte para ele e agora esperava
que a nova droga tivesse efeitos colaterais menores.

Após ter participado do estudo clínico por algo em torno de um


mês, ele decidiu telefonar para sua ex-namorada. Os dois
brigaram por telefone e, depois de terminar a conversa, Mason
desligou o telefone e, impulsivamente, agarrou o frasco de
comprimidos da pesquisa da qual participara e engoliu todos os
29 que ainda restaram no frasco, tentando o suicídio.

Imediatamente, ele se arrependeu. Correndo para o corredor do


prédio de apartamentos em que morava, desesperadamente
Mason pediu ajuda e caiu no chão. Uma vizinha ouviu seus gritos
e o encontrou caído.
Contorcendo-se, ele contou à vizinha que havia cometido um
erro terrível, que tomara todos os seus comprimidos, mas que
realmente não queria morrer. Quando ele pediu para a vizinha
leva-lo ao hospital, ela concordou.

Quando Mason chegou à sala de emergência do hospital,


estava pálido e suando, e sua pressão sanguínea estava a 8/4
com uma taxa de pulso de 14. Respirando rapidamente, ele
continuava repetindo, “eu não quero morrer.”.

Quando os médicos o examinaram, não descobriram nada de


errado, exceto que sua pressão sanguínea estava baixa, que o
pulso estava rápido, assim como a respiração que estava rápida.
No entanto, ele parecia letárgico e sua fala era arrastada. A
equipe médica inseriu uma solução salina intravenosa, tiraram
amostras de sangue e de urina e lhe perguntaram que droga ele
havia tomado. Mason não conseguiu se lembrar do nome.

Ele disse aos médicos que era uma droga antidepressão


experimental que era parte de uma pesquisa. Daí, ele deu a eles
o frasco vazio que, na realmente tinha informação sobre a
clínica de pesquisa impressa no rótulo, embora não o nome da
droga. Não havia nada a fazer senão esperar pelos resultados
do laboratório, monitorar seus sinais vitais para certificar-se de
que ele não piorasse e esperar que a equipe
hospitalar conseguisse contatar os pesquisadores que estavam
conduzindo a pesquisa.

Quatro horas mais tarde, quando os resultados do laboratório


voltaram totalmente normais, um médico que havia feito parte
da pesquisa clínica com a droga chegou. Verificando o código
no rótulo do frasco vazio de pílulas de Mason, o pesquisador
olhou para os registros para a pesquisa. E anunciou que Mason
realmente havia tomado um placebo e que as pílulas que ele
havia ingerido não continha nenhuma droga.

Milagrosamente, a pressão sanguínea e a pulsação de Mason


voltaram ao normal em poucos minutos. E, como por mágica,
ele não mais estava sequer sonolento.
Mason havia sido vítima do Nocebo: uma substância inofensiva
que, graças às fortes expectativas, provoca efeitos nocivos.

É realmente possível que os sintomas de Mason foram


provocados apenas por causa do que ele esperava que
acontecesse da ingestão de um punhado de antidepressantes?
A mente de Mason, como no caso de Sam Londe, havia
assumido o controle de seu corpo, dirigido pelas expectativas do
que parecia ser o mais provável cenário futuro, ao ponto de
Mason ter tornado real aquele cenário?
Isso teria acontecido mesmo que significasse que a mente de
Mason tivesse controle sobre as funções não normais sob o
controle consciente? E se isso fosse possível, também seria
verdadeiro que se nossos pensamentos podem nos deixar
doentes, nós também temos a habilidade de usar nossos
pensamentos para nos fazer ficar bem?

Depressão crônica é suspensa magicamente

Janis Schonfeld, uma designer de interiores de 46 anos de idade,


vivendo na Califórnia, sofria de depressão desde adolescente.
Ela nunca procurou ajuda para essa condição até que viu um
anúncio de jornal em 1997.

O Instituto UCLA de Neuropsiquiatria estava procurando por


voluntários para uma pesquisa de um novo antidepressivo
chamado de venlafaxina (Effexor).

Schonfeld, cuja depressão havia chegado ao pronto onde a


esposa e a mãe que ela era realmente estava sustentando
pensamentos de suicídio, agarrou a chance de ser parte da
pesquisa.

Quando Schonfeld chegou ao instituto pela primeira vez, um


técnico ligou a ela um aparelho de eletroencefalograma (EEG)
para monitorar e registrar a atividade das ondas de seu cérebro
por cerca de 45 minutos e, não muito depois disso, Schonfeld saiu
com um frasco de pílulas da farmácia do hospital.
Ela sabia que cerca da metade do grupo de 51 pessoas estava
recebendo os comprimidos e que metade receberia um
placebo, embora nem ela e nem os médicos que estavam
conduzindo o estudo tivessem ideia de que grupo era aquele ao
qual ela pertencia.
Na verdade, ninguém saberia até que o estudo terminasse.
Mas, na época, isso pouco importava para Schonfeld. Ela estava
entusiasmada e esperançosa com o fato de que – após
décadas lutando contra a depressão clínica, uma condição que
às vezes fazia com que ela caísse em lágrimas sem nenhuma
razão aparente – finalmente ela poderia receber ajuda.

Schonfeld concordou em voltar a cada semana durante as oito


semanas de estudo. Em cada ocasião, ela responderia
perguntas sobre como estava se sentindo, e várias vezes ela se
submetia a outro EEG.

Não muito depois de ela ter começado a tomar suas pílulas,


Schonfeld começou a se sentir dramaticamente melhor pela
primeira vez em sua vida.
Ironicamente, ela também se sentia enjoada, mas isso era uma
boa notícia, pois ela sabia que o enjoo era um dos efeitos
colaterais mais comuns da droga que estava sendo testada.
Ela pensou que certamente devia ter recebido a droga ativa, já
que sua depressão estava mudando e ela também estava
experimentando os efeitos colaterais.
Até a enfermeira com quem ela falou, quando voltava a cada
semana, estava convicta de que Schonfeld devia ter recebido a
droga de verdade por causa das mudanças que ela estava
vivenciando.

Finalmente, no fim do estudo de oito semanas, um dos


pesquisadores revelou a verdade chocante: Schonfeld, que não
mais tinha pensamentos suicidas e se sentia como uma nova
pessoa depois de ter tomado os comprimidos, na verdade
estava no grupo do placebo.

Schonfeld ficou atônita. Ela estava certa de que o médico havia


cometido um engano. Ela simplesmente não acreditava que
havia se sentido tão melhor após tantos anos de depressão
sufocadora simplesmente por ter consumido um frasco de pílulas
de açúcar. E ainda por cima, ela tinha sentido os efeitos
colaterais!
Devia haver uma confusão.

Ela pediu ao médico para verificar os registros novamente. Ele riu


de modo bem-humorado quando a assegurou de que o frasco
que ela havia levado para casa consigo, o frasco que havia
dado a Schonfeld sua vida de volta, realmente continha nada
mais do que pílulas de placebo.

Enquanto ela ficava ali sentada, em choque, o médico insistia


que não era porque ela não havia recebido nenhuma
medicação real que ela estaria imaginando sua depressão, ou
a melhora; isso apenas significava que seja lá o que ela estivesse
fazendo, aquilo não era resultado do Effexor.

E ela não foi a única: os resultados do estudo em breve


mostraram que 38% do grupo do placebo se sentiam melhores
comparados aos 52% do grupo que recebeu o Effexor.

Mas, quando o restante da informação foi finalizado, foi a vez


dos pesquisadores ficarem surpresos: os pacientes, como
Schonfeld, que tinham melhorado com o placebo não apenas
imaginaram que se sentiam melhores, eles realmente tinham
mudado seus padrões de ondas cerebrais. Os registros do EEG
feitos tão fielmente durante o curso do estudo mostrou um
aumento significativo na atividade do córtex pré-frontal, que em
pacientes deprimidos tipicamente tem uma atividade bastante
baixa3.

Assim, o efeito do placebo não apenas alterou a mente de


Schonfeld, mas também trouxe mudanças físicas reais em sua
biologia. Em outras palavras, aquilo não estava apenas em sua
mente; aquilo estava em seu cérebro. Ela não apenas se sentia
bem – ela estava bem.

Schonfeld literalmente ficou com um cérebro diferente no final


do estudo, sem tomar nenhuma droga ou fazer qualquer coisa
diferente. Foi sua mente que mudou seu corpo. Mais de uma
dúzia de anos depois e Schonfeld ainda se sentia muito melhor.

Como é possível que uma pílula de açúcar pudesse não apenas


suspender os sintomas de uma depressão profunda, mas
também causa efeitos colaterais genuínos como o enjoo?
E o que significa a mesma substância inerte realmente ter o
poder de mudar o modo como as ondas cerebrais disparam
aumentando a atividade exatamente na mesma parte do
cérebro mais afetada pela depressão?
Pode a mente do sujeito realmente criar esses tipos de mudanças
objetivas mensuráveis fisiologicamente?
O que está acontecendo na mente e no corpo que permitiriam
que um placebo imitasse tão perfeitamente uma droga real
desse jeito?
O mesmo efeito do fenômeno de cura poderia ocorrer não
apenas com doenças crônicas mentais, mas também com
condições ameaçadoras à condição de vida como o câncer?

Uma Cura “Milagrosa”: Agora você vê, agora você não vê

Em 1957, um psicólogo da UCLA, Bruno Klopfer, publicou um


artigo num diário de revisão por pares contando a história de um
homem sobre quem ele se refere como “Sr. Wright”, que tinha
linfoma avançado, um câncer dos gânglios linfáticos4.
O homem tinha tumores enormes, alguns tão grandes quanto
uma laranja, em seu pescoço, virilhas e axilas, e seu câncer não
estava respondendo a nenhum dos tratamentos convencionais.

Ele ficava deitado na cama por semanas, “febril, com falta de


ar, completamente prostrado”. Seu médico, Philip West tinha
perdido a esperança – embora Wright mesmo, não.

Quando Wright descobriu que o hospital onde ele estava sendo


tratado (em Long Beach, Califórnia) passou a ser um dos dez
hospitais e centro de pesquisa no país onde estavam avaliando
uma droga experimental extraída do sangue de cavalo,
chamada Krebiozen, ele ficou muito animado.
Incessantemente, durante dias Wright atormentou o Dr. West
para lhe dar um pouco do novo remédio (apesar de Wright não
poder ser oficialmente parte da pesquisa que pedia que os
pacientes tivessem ao menos três meses de expectativa de
vida).

Wright recebeu sua injeção de Krebiozen numa sexta-feira e na


segunda-feira ele estava andando, rindo, fazendo piada com as
enfermeiras, agindo praticamente como um novo homem. O Dr.
West relatou que os tumores “tinham derretido como bolas de
neve num fogão quente”. Dentro de três dias, os tumores
estavam na metade do tamanho inicial. Em mais dez dias, Wright
foi enviado para casa – ele havia sido curado. Parecia um
milagre.

Mas, dois meses depois, a mídia informou que dez sujeitos


mostraram que o Krebiozen acabou por ser um fracasso. Assim
que Wright leu as notícias, ele se tornou plenamente consciente
dos resultados e abraçou o pensamento de que a droga era
inútil, ele recaiu imediatamente e seus tumores retornaram em
pouco tempo.
O Dr. West suspeitava que a resposta inicial positiva de Wright foi
devido ao efeito do placebo e, sabendo que seu paciente era
terminal, ele achava que Wright não tinha muito a perder – e ele
teria tudo a ganhar – ao testar sua teoria.
Então, o médico disse a Wright para não acreditar nas notícias
dos jornais e que ele havia sofrido uma recaída porque o
Krebiozen que eles tinham dado a Wright fazia parte de um lote
ruim, conforme eles tinham descoberto.
O que o Dr. West chamou de uma versão “nova, super refinada,
de força dobrada” da droga estava a caminho para o hospital
e Wright poderia tê-la assim que ela chegasse.

Na expectativa de ser curado, Wright ficou exultante e, alguns


dias mais tarde, ele recebeu a injeção.
Mas, dessa vez, a seringa que o Dr. West usou não continha
nenhuma droga, experimental ou não. A seringa foi preenchida
apenas com água destilada.
Novamente, os tumores de Wright desapareceram
magicamente. Ele voltou para casa feliz da vida e ficou bem por
outros dois meses, livre de tumores em seu corpo. Mas, daí, a
Associação Americana Médica anunciou que o Kreebiozen
realmente era inútil. O estabelecimento médico tinha sido
enganado. A “droga milagrosa” acabou por ser uma
brincadeira: nada mais do que óleo mineral contendo um
simples amino ácido. Os fabricantes foram finalmente indiciados.
Ao ouvir as notícias, Wright teve uma recaída pela última vez –
não acreditando mais na possibilidade da saúde. Ele voltou ao
hospital desesperançado e, dois dias depois, estava morto.

É possível que Wright, de algum modo, tenha mudado


seu estado de ser, não apenas uma vez, mas duas, para a de um
homem que simplesmente não tivesse tido câncer – numa
questão de dias? E daí seu corpo, automaticamente, tenha
respondido a uma nova mente? E poderia ele ter mudado seu
estado de volta à de um homem com câncer assim que ouviu
que a droga foi mostrada como inútil, com seu corpo criando
exatamente a mesma substância química e tenha retornado à
condição familiar da doença?
É possível alcançar um novo estado bioquímico tal quando se
toma uma pílula ou se recebe uma injeção, mas também
quando se submete a algo tão invasivo quanto uma cirurgia?

A cirurgia de joelho que nunca aconteceu

Em 1996, o ortopedista Bruce Moseley, na época do Colegio


Baylor de Medicina e um dos principais especialistas em
medicina ortopédica esportiva de Houston, publicou um estudo
de pesquisa baseado em suas experiências com dez voluntários
– todos homens que tinham servido no exército e que sofriam de
osteoartrite do joelho5.
Devido à severidade de suas condições, muitos desses homens
tinham uma coxeadura perceptível, andavam com bengala, ou
precisavam de algum tipo de assistência para se locomover.

O estudo foi destinado a olhar para a cirurgia artroscópica, uma


cirurgia que envolvia anestesia o paciente antes de fazer uma
pequena incisão para inserir um instrumento de fibra ótica
chamado de artroscópio, que o cirurgião usaria para dar uma
boa olhada nas articulações do paciente. Daí, na cirurgia o
médico rasparia e lavaria a articulação para remover qualquer
fragmento de cartilagem degenerada considerada como a
causa da inflamação e da dor. Naquela época, cerca de três
quartos de um milhão de pacientes passavam por essa cirurgia
anualmente.

No estudo do Dr. Moseley, dois de cada dez homens recebia o


padrão cirúrgico, chamado de desbridamento (onde o cirurgião
raspa fios de cartilagem da articulação do joelho); três deles
recebiam um procedimento chamado de lavagem (onde a
agua em alta pressão é injetada através da articulação do
joelho, limpando e expulsando o material artrítico deteriorado);
e cinco deles recebiam a cirurgia simulada, na qual o Dr.
Moseley habilmente cortava a pele com um bisturi e
simplesmente costurava de volta sem realizar nenhum
procedimento médico. Para esses cinco homens não havia
artroscópio, nem raspagem de articulação, nem remoção de
fragmentos ósseos, tampouco lavagem – apenas uma incisão e
a costura.

O início de cada um dos dez procedimentos era exatamente o


mesmo: o paciente era levado para a sala de cirurgia e recebia
anestesia geral enquanto o Dr. Moseley esfregava. Assim que o
cirurgião entrava na sala de operações, ele pegava um
envelope selado contendo a informação sobre a qual dos três
grupos o paciente na mesa estava aleatoriamente destinado. O
Dr. Moseley não tinha ideia do que continha no envelope até
que ele realmente o abrisse.

Após a cirurgia, todos os dez pacientes no estudo reportavam


uma mobilidade melhorada e menos dor. De fato, os homens
que recebiam a “pretensa” cirurgia simplesmente ficam tão bem
quanto os que recebiam o desbridamento, ou a lavagem
cirúrgica.

Não havia nenhuma diferença nos resultados – mesmo seis meses


depois.
E seis anos mais tarde, quando dois dos homens que receberam
a cirurgia placebo eram entrevistados, eles relatavam que ainda
estavam andando normalmente, sem dores, e que tinham uma
gama maior de movimentos6.
Eles diziam que agora conseguiam realizar todas as atividades
diárias que antes da cirurgia não conseguiam fazer, seis anos
antes. Os homens se sentiam como se tivessem recuperado suas
vidas.

Fascinado com os resultados, o Dr. Moseley publicou outro


estudo, em 2002, envolvendo 180 pacientes que receberam
acompanhamento por dois anos após suas
cirurgias . Novamente, todos os três grupos melhoraram, com os
7

pacientes começando a andar sem dores ou se mancar


imediatamente após a cirurgia. Mas, novamente, nenhum dos
dois grupos que realmente tiveram a cirurgia melhoraram mais
do que os pacientes que receberam a cirurgia placebo – e isso
se mostrou verdadeiro mesmo após os dois anos.

Seria possível que esses pacientes ficaram melhores


simplesmente porque tiveram fé e acreditaram no poder do
cirurgião, do hospital e até mesmo pelo vislumbre da moderna
sala de cirurgia?
Se eles, de alguma forma, tivessem uma visão de um joelho
completamente curado, simplesmente se entregariam a esse
resultado possível e literalmente andassem diretamente para
ele?
Seria o Dr. Moseley de fato nada mais do que um médico
curandeiro moderno num jaleco branco?
E é possível atingir o mesmo grau de cura quando diante de algo
mais ameaçador, talvez algo tão sério quanto uma cirurgia
cardíaca?

A Cirurgia Cardíaca que Não Foi

No final dos anos de 1950, dois grupos de pesquisadores


conduziram estudos comparando a cirurgia padrão da época
para angina com uma placebo8. Isso foi bem antes da cirurgia
de revascularização do miocárdio mais utilizada atualmente.
Na época, a maioria dos pacientes cardíacos recebia um
procedimento conhecido como ligadura mamária interna, que
envolvia a exposição e amarramento intencional das artérias
danificas. O pensamento era que se o cirurgião bloqueasse o
fluxo sanguíneo desse modo, isso forçaria o corpo a brotar novos
canais vasculares, aumentando o fluxo sanguíneo para o
coração. A cirurgia era extremamente bem sucedida para a
grande maioria dos pacientes que a faziam, embora os médicos
não tivessem nenhum prova sólida de que quaisquer novos vasos
sanguíneos chegassem realmente a ser criados – daí a
motivação para os dois estudos.

Esses grupos de pesquisadores, um em Kansas City e, outro, em


Seattle, seguiam cada um o mesmo procedimento, dividindo
seus sujeitos de estudo em dois grupos. Um recebia a ligadura
mamária interna padrão e, o outro, recebia uma cirurgia
simulada; os cirurgiões faziam as mesmas pequenas incisões nos
peitos dos pacientes que faziam nas cirurgias reais, expondo as
artérias, mas daí apenas costuravam os pacientes, não fazendo
nada mais.

Os resultados de ambos os estudos eram estritamente similares:


67% dos pacientes que recebiam a cirurgia real sentia menos dor
e necessitava de menos medicação, enquanto 83% dos que
passavam pela cirurgia simulada desfrutada do mesmo nível de
melhora. A cirurgia placebo funcionava realmente melhor do
que a cirurgia real!

De algum modo, o paciente que recebia a cirurgia simulada


acreditava tanto que teria a melhora que realmente tinha –
através de nada mais do que manter a expectativa no melhor?
E se isso é possível, o que dizer sobre os efeitos de nossos
pensamentos cotidianos, sejam positivos ou negativos, têm
nossos corpos e em nossa saúde?

Atitude É Tudo

A riqueza de pesquisas que existe atualmente nos mostra que


nossas atitudes de fato afetam nossa saúde, inclusive quanto
tempo vivemos.
Por exemplo, a Clínica Mayo publicou um estudo em 2002 que
acompanhou 447 pessoas por mais de 30 anos mostrando que
os otimistas eram mais saudáveis fisicamente e mentalmente9.

Ser otimista significa literalmente “melhor”, sugerindo que as


pessoas focavam sua atenção no melhor cenário futuro.
Especificamente, os otimistas tinham menos problemas com as
atividades diárias como um resultado de sua saúde física ou de
seu estado emocional; experienciavam menos dores; sentiam
mais energia; tinha momentos tranquilos com as atividades
sociais; e se sentiam mais felizes, mais calmos e mais pacíficos na
maior parte do tempo.
Na esteira desse, logo em seguida veio outro estudo da Clínica
Mayo, que acompanhou mais de 800 pessoas por 30 anos
mostrando que os otimistas vivem mas do que os pessimistas10.

Pesquisadores em Yale acompanharam 660 pessoas durante 23


anos, com 50 anos de idade ou mais, descobrindo que aqueles
com uma atitude positiva a respeito do envelhecimento viviam
sete anos a mais do que os que tinham uma visão negativa a
respeito do envelhecimento11.
A atitude teve mais influência na longevidade do que a pressão
sanguínea, os níveis de colesterol, o tabagismo, o peso corporal,
ou o nível de exercício.

Estudos adicionais têm analisado mais especificamente a saúde


do coração e a atitude.
Na mesma época, um estudo da Universidade de Duke com 866
pacientes cardíacos relatou que os que rotineiramente sentiam
mais emoções positivas tinham 20% de maiores chances de
viverem 11 anos a mais do que os que habitualmente
experienciavam mais emoções negativas12.

Ainda mais impressionantes são os resultados de um estudo de


255 estudantes médicos na Faculdade Médica da Georgia que
foram acompanhados durante 25 anos: os que estavam entre os
mais hostis tiveram cinco vezes mais incidência de doenças
cardíacas coronárias13.
E um estudante do Hospital Johns Hopkins apresentou para as
Sessões Científicas de 2001 da American Heart Association
mostrou que uma visão positiva pode até oferecer a mais forte
proteção contra doenças cardíacas em adultos sob risco devido
ao histórico familiar14. Esse estudo sugere que ter a atitude
correta pode funcionar tão bem ou melhor do que ter a dieta
adequada, ter a quantidade certa de exercício e em manter o
peso corporal ideal.

Como é que o nosso mentalidade diária – estejamos no geral


mais contentes, amando ou sendo mais hostis e negativos – pode
ajudar a determinar quanto tempo vamos viver? É possível
mudarmos nossa mentalidade? Se sim, ter uma nova
mentalidade substitui o modo como nossas mentes têm sido
condicionadas pelas experiências passadas?
Ou esperar que algo negativo ocorra realmente nos ajuda a
trazer esse negativo à tona?

Náuseas a Agulhas

De acordo com o Instituo Nacional do Câncer, uma condição


chamada náusea antecipatória ocorre a cerca de 29% dos
pacientes que recebem quimioterapia quando são expostos aos
cheiros e visões que os lembram de seus tratamentos
quimioterápicos15.
Cerca de 11% se sente tão mal antes de seus tratamentos que
realmente vomitam. Alguns pacientes com câncer começam a
se sentir nauseados no carro, no caminho para a quimioterapia,
antes mesmo de colocarem os pés no hospital, enquanto outros
vomitam ainda na sala de espera.

Um estudo de 2001, da Universidade do Centro de Câncer de


Rochester, publicado no Journal of Pain and Symptom
Management, concluiu que esperar a náusea era o prognóstico
mais forte de que os pacientes realmente a experienciariam16.
Os dados dos pesquisadores relataram que 40% dos pacientes
de quimioterapia que pensavam que ficariam mal – porque seus
médicos lhes disseram que provavelmente eles ficariam mal
após o tratamento – desenvolviam náusea antes de o
tratamento ser até mesmo administrado. Um adicional de 13%
que disse estar inseguro sobre o que esperar também ficava mal.
Contudo, nenhuns dos pacientes que não esperavam ficar
nauseados, não ficavam.

Como pode algumas pessoas se tornar tão convencidas de que


ficarão mal com as drogas da quimioterapia ficar doentes antes
mesmo antes de qualquer droga ser administrada?
É possível que o poder de seus pensamentos seja o que as
tornam doentes? E se isso for real para 40% dos pacientes
quimioterápicos, também seria real que 40% das pessoas
simplesmente ficassem tranquilas apenas mudando seus
pensamentos a respeito do que esperar sobre a própria saúde
ou a partir do próprio dia?
Poderia um único pensamento que uma pessoa aceite também
tornar aquela pessoa melhor?

Desaparecimento de Dificuldades Digestivas

Não muito tempo atrás, quando eu estava para sair de uma


visão em Austin, conheci uma mulher que estava lendo um livro
que chamou minha atenção. Estávamos de pé e à espera do
desembarque, e eu vi o livro saindo de sua bolsa; o título
mencionava a palavra ‘crença’. Sorrimos um para o outro e eu
lhe perguntei sobre o que era o livro.

“Christianity and Faith” (Cristianismo e Fé, nt), ela respondeu. “Por


que você pergunta?”.
Eu disse a ela que estava escrevendo um novo livro sobre o efeito
placebo e que meu livro era todo sobre crença.

“Eu quero lhe contar essa história”, ela disse. Ela continuou me
contando que anos atrás, ela havia sido diagnosticada com
intolerância a glúten, uma doença celíaca, colite e uma série de
outros males, e que havia experienciado a dor crônica.
Ela havia lido sobre as doenças e viu vários profissionais diferentes
de saúde buscando por orientação.
Eles a avisaram para evitar certos alimentos e para tomar certas
drogas prescritas, o que ela fez, mas ela ainda sentia dor por
todo seu corpo.
Ela também não conseguia dormir, tinha erupções na pele e
distúrbios digestivos graves, além de sofrer de toda uma lista de
outros sintomas desagradáveis. Daí, anos depois, a mulher foi ver
um médico novo, que decidiu fazer alguns exames de sangue.
Quando os exames voltaram, todos os resultados deram
negativo.

“No dia em que eu descobri que eu realmente estava normal e


que não havia nada de errado comigo, eu pensei, “estou bem”,
e todos os meus sintomas desapareceram. Imediatamente, me
senti ótima e conseguia comer qualquer coisa que eu queria”,
ela me disse com um floreio. Sorrindo, ela acrescentou, “O que
você acredita a respeito disso?”.

Se é verdade que aprender uma nova informação que leva a


uma reviravolta de 180 graus no que acreditamos sobre nós
mesmos pode realmente fazer nossos sintomas desaparecerem,
o que está acontecendo em nossos corpos que está apoiando
isso e fazendo isso acontecer? Qual é o relacionamento exato
entre a mente e o corpo? Seria possível que essas novas crenças
realmente possam mudar nossos cérebros e nossas químicas
corporais, retecer nossos nosso circuito neurológico de quem
pensamos que somos e alterar nossa expressão genética?
Podemos, de fato, nos tornar pessoas diferentes?

Parkinson vs Placebo

O mal de Parkinson é uma desordem neurológica marcada pela


degeneração gradual das células nervosas na porção do
mesencéfalo chamado de gânglio da base, que controla os
movimentos do corpo.
Os cérebros dos que têm essa doença devastadora não produz
o bastante do neurotransmissor dopamina, que os gânglios da
base necessitam para o funcionamento apropriado. Os primeiros
sintomas do Mal de Parkinson, que atualmente é considerado
incurável, incluem questões motoras, tais como a rigidez
muscular, tremores e alterações nos padrões de marcha e de
fala, que substituem o controle voluntário.

Num estudo, um grupo de pesquisadores da Universidade British


Columbia em Vancouver, informou a um grupo de pacientes
com Parkinson que eles receberiam uma droga que melhoraria
significantemente seus sintomas17. Na verdade, os pacientes
receberam um placebo – nada mais do que uma injeção de
solução salina. Mesmo assim, a metade deles que não teve
nenhuma intervenção da droga de fato, teve o controle motor
muito melhorado após receber a injeção.

Daí, os pesquisadores mapearam os cérebros dos pacientes para


ter uma ideia melhor do que aconteceu e descobriram que as
pessoas que responderam positivamente ao placebo estavam
realmente fabricando dopamina em seus cérebros – 200% a mais
que antes. Para obter um efeito equivalente com a droga, você
teria que administrar mais ou menos uma dose completa de
anfetamina – uma droga de elevação de humor que também
aumenta a dopamina.

Pareceu que apenas esperar obter melhoras desencadeou


algum poder anteriormente inexplorado interiormente nos
pacientes de Parkinson, que promoveu a produção da
dopamina – exatamente o que seus corpos precisavam para
ficarem melhores. E se isso for verdadeiro, então qual é o
processo pelo qual o pensamento sozinho pode fabricar
dopamina no cérebro? Poderia tal novo estado interno,
provocado pela combinação de uma intenção clara e estado
emocional ampliado, realmente nos fazer invencíveis em certas
situações através da ativação de nosso armazém interno de
produtos farmacêuticos e substituir as circunstâncias genéticas
da doença que uma vez consideramos fora de nosso controle
consciente?

De Cobras Venenosas e Estricnina

Em partes da Appalachia existem bolsões de um ritual religioso


de 100 anos de idade conhecido como manipulação da cobra,
ou “pegando serpentes” 18. Embora o único estado onde isso
ainda seja legal seja a Virginia Ocidental, isso não impede os fieis;
e a polícia local de outros estados é conhecida por fazer vista
grossa à prática. Nessas pequenas e modestas igrejas, quando
as congregações se reúnem para o serviço de culto, o sacerdote
entra transportando uma ou mais caixas bloqueadas de madeira
com portas de plástico transparente, com buracos para o ar e
com dobradiças, e coloca as caixas cuidadosamente na
plataforma em frente ao santuário ou na sala do encontro, perto
do púlpito.
Em pouco tempo, a música começa, uma mistura de alta
energia de melodias regionais e populares com letras
profundamente religiosas sobre a salvação e o amor de Jesus.
Músicos ao vivo gritam nos teclados, nas guitarras elétricas e até
mesmo em jogos de baterias que qualquer banda adolescente
invejaria, enquanto os paroquianos agitam tamborins enquanto
o espírito os move. À medida que a energia se constrói, o
sacerdote acende uma chama num recipiente sobre o púlpito e
mantém sua mão no fogo permitindo que as chamas lambam
sua palma da mão estendida antes de ele pegar o
recipiente para espalhar o fogo vagarosamente ao longo de
seus braços nus. Ele está apenas começando a ficar “aquecido”.

Os congregantes logo começam a se balançar e a impor as


mãos uns sobre os outros, falando em línguas, e pulando para
cima e para baixo, dançando com a música em louvor a seu
salvador. Eles ficam cheios do espirito, o que eles chamam de
“ser ungido”.
Daí, é o momento para o sacerdote abrir uma das caixas
fechadas, colocar a mão nela e puxar uma cobra mortal –
geralmente uma cascavel, uma mocassim aquática ou uma
copperhead. Ele, também dança, trabalhando e suando
bastante enquanto segura a serpente viva pelo meio, de forma
que a cabeça da cobra fica assustadoramente perto da
cabeça e da garganta do sacerdote.

Ele pode manter a cobra elevada no ar antes de trazê-la de


volta para próximo de seu corpo, dançando todo o tempo
enquanto a cobra enrola sua metade inferior em torno do braço
do sacerdote e gira sua parte superior no ar da maneira que lhe
agrade. O sacerdote, então, pode pegar uma segunda ou até
mesmo uma terceira cobra, das caixas adicionais, e os
congregantes, homens e mulheres, podem se juntar a ele
pegando as serpentes conforme sentem a unção vinda sobre
eles. Em alguns serviços, o sacerdote pode até ingerir um
veneno, como a estricnina, de um simples copo, sem sofrer
nenhum efeito nocivo.

Embora os manipuladores de cobras sejam mordidos algumas


vezes, considerando os milhares de serviços onde os crentes
fervorosos colocaram as mãos naquelas caixas de madeira sem
um traço de dúvida ou de medo, isso não acontece com
frequência. E mesmo quando acontece, eles nem sempre
morrem – muito embora eles não corram para o
hospital, preferindo ter a reunião dos congregantes ao redor
deles em oração. Por que essas pessoas não são mordidas mais
frequentemente? E por que não há uma quantidade maior de
mortes quando são mordidas? Como eles conseguem entrar
num estado mental onde não temem tais criaturas venenosas,
cujas mordidas são conhecidas como mortais, e como esse
estado mental consegue protege-las?

Depois, há as exibições de força extrema em situações de


emergência, conhecidas como “força histérica”.
Em Abril de 2013, por exemplo, Hannah Smith, de 16 anos de
idade, e Haylee, de 14 anos de idade, de Lebanon, em Oregan,
levantaram um trator de 1360kgs para libertar o pai, Jeff Smith,
que ficou preso sob ele19.

E o que dizer sobre os Firewalkers (Andadores do fogo, nt) – tribos


indígenas praticando os rituais sagrados e os ocidentais
realizando seminários – que caminham sobre brasas?

Ou até mesmo sobre os dançarinos javaneses em transe que se


sentem compelidos a mastigar e engolir vidro (uma desordem
conhecida como Hialofagia)?

Como tais proezas, aparentemente sobre-humanas, é possível e


o que elas têm de algo vital em comum?
Seria possível que no auge da crença resoluta, de algum modo
essas pessoas estejam mudando seus corpos de tal modo que se
tornam imunes a seus ambientes?
E poderia essa mesma crença sólida, que capacita
manipuladores de cobras e andadores do fogo também ir por
outro caminho, fazendo com que nos prejudicássemos – e até
morrêssemos – sem ter nenhuma consciência do que estamos
fazendo?

Vitória sobre o Vodu

Em 1938, um homem de 60 anos de idade, no Tennesse rural,


passou quatro meses ficando cada vez mais doente antes de sua
esposa levá-lo a um hospital de 15 leitos no canto da cidade20.
Nessa época, Vance Vanders (não é seu nome verdadeiro)
havia emagrecido mais de 22kgs e parecia estar perto da morte.
O médico, Drayton Doherty, suspeitou que Vanders estivesse
sofrendo de uma tuberculose ou possivelmente de um câncer,
mas exames e radiografias repetidos resultavam negativos. O
exame físico do Dr. Doherty não mostrava nada que pudesse
estar provocando a doença de Vanders.
Vanders se recusava a comer, então recebeu um tubo de
alimentação, mas teimosamente ele vomitava sempre que era
colocado no tubo.

Ele continuava a ficar pior, repetindo a convicção de que iria


morrer, e finalmente ele mal conseguia falar. O fim parecia
próximo, embora o Dr. Doherty ainda não tivesse ideia do que
era a aflição do homem.

A esposa perturbada de Vanders pediu para falar com o Dr.


Dohery em particular e, pedindo que ele jurasse segredo, lhe
contou que o problema do marido era que ele havia sido
“voduizado”.
Parecia que Vanders, que vivia numa comunidade onde o vodu
era uma prática comum, tinha tido uma discussão com um
sacerdote vodu local.
O sacerdote havia convocado Vanders para o cemitério tarde
da noite, onde ele lançou um feitiço no homem agitando uma
garrafa com um líquido fétido na frente do rosto de Vanders. O
sacerdote disse a Vanders que em breve Vanders morreria e que
ninguém poderia salvá-lo. Era isso.

Vanders estava convencido de que seus dias estavam contados


e, portanto, acreditava numa nova realidade sombria futura. O
homem derrotado voltou para casa e se recusou a comer.
Finalmente, sua esposa o levou ao hospital.

Depois de o Dr. Doherty ter escutado toda a história, ele veio


com um plano pouco ortodoxo para o tratamento de seu
paciente.
De manhã, ele convocou a família de Vanders para o lado da
cama do paciente e disse a ela que agora era certo que ele
sabia como curar o homem doente.
A família escutava atentamente enquanto o Dr. Doherty
contava a história fabricada.

Ele disse que na noite anterior, ele tinha ido ao cemitério, onde
havia enganado o sacerdote vodu levando-o a se encontrar
com ele e divulgando como ele tinha voduizado Vanders. Não
havia sido fácil, o Dr. Doherty disse.
O sacerdote, compreensivelmente, não queria cooperar,
embora finalmente tivesse cedido, assim que o Dr. Doherty o
empurrou contra uma árvore e o sufocou.

O Dr. Doherty disse que o sacerdote lhe contou que esfregou


alguns ovos de lagarto na pele de Vanders e que os ovos tinham
ido para o estomago do paciente, onde tinham eclodido. A
maioria dos lagartos tinha morrido, mas uma grande quantidade
sobreviveu e agora estava comendo o corpo de Vanders de
dentro para fora.
O médico anunciou que tudo que ele tinha que fazer era
remover os lagartos do corpo de Vanders e o homem seria
curado.

Daí, ele chamou uma enfermeira que obedientemente trouxe


uma grande seringa cheia do que o Dr. Doherty disse que era um
medicamento poderoso.
Na verdade, a seringa foi preenchida com uma droga que
induzia o vômito.
Cuidadosamente, o Dr. Doherty inspecionou a seringa para ter
certeza de que estava funcionando bem e, daí,
cerimoniosamente, injetou o fluido em seu paciente temeroso.

Num grande gesto, ele deixou o quarto, sem dizer nenhuma


outra palavra para a família atordoada.
Não demorou muito para que o paciente começasse a vomitar.
A enfermeira forneceu uma bacia e Vanders se ergueu, gemeu
e vomitou durante um tempo.

Num momento em que o Dr. Doherty julgou estar próximo do fim


do vômito, confiantemente ele voltou para o quarto.
Aproximando-se da cama, ele enfiou a mão em sua bolsa preta
de médico e tirou um lagarto verde, escondendo-o na própria
palma da mão, fora do conhecimento de qualquer um. Daí,
enquanto Vanders vomitava novamente, o Dr. Doherty enfiou o
réptil dentro da bacia.

“Olha, Vance!”, imediatamente o médico gritou com todo o


drama que conseguia suster. “Olha o que saiu de você. Agora
você está curado. A maldição vodu saiu!”.

O quarto estava cheio. Alguns membros da família caíram no


chão, gemendo. O próprio Vanders deu um salto atrás, se
distanciando da bacia, com os olhos arregalados. Dentro de
alguns minutos ele caiu num sono profundo que durou mais que
12 horas.

Quando Vanders finalmente acordou, ele estava com muita


fome e avidamente consumiu tanto comida que o médico
temeu que seu estômago fosse estourar.
Dentro de uma semana, o paciente tinha recuperado todo seu
peso e força.
Ele deixou o hospital sentindo-se bem e viveu pelo menos por
mais dez anos.

É possível que um homem possa simplesmente se contorcer e


morrer apenas por que pensa que foi enfeitiçado? Um médico
curandeiro contemporâneo, adornado com um estetoscópio e
segurando um bloco de prescrições, pode falar com a mesma
convicção para nós como um sacerdote vodu fez com Vanders
– e nossa convicção seria a mesma?
E se realmente for verdade que uma pessoa pudesse fazer isso
em certo nível, simplesmente decidindo morrer, então seria
também verdade que uma pessoa com uma doença terminal
pudesse tomar a decisão de viver?
É possível que alguém altere permanentemente seu estado
interno – abrindo mão de sua identidade como uma vítima de
um câncer, de uma artrite, de uma questão cardíaca, ou de um
Parkinson – e simplesmente caminhasse para um corpo saudável
tão facilmente quanto abandonasse um conjunto de roupas e
vestisse outro?
Nos capítulos seguintes, vamos explorar o que é realmente
possível e como isso se aplica a você.

Referências:

1. C. K. Meador, “Hex Death: Voodoo Magic or


Persuasion?” Southern Medical Journal, vol. 85, no. 3: pp. 244–247
(1992).

2. R. R. Reeves, M. E. Ladner, R. H. Hart, et al., “Nocebo Effects with


Antidepressant Clinical Drug Trial Placebos”, Hospital Geral de
Psiquiatria, Vol.29, no. . 3: pp 275-277 (2007); C. K. Meador, True
Medical Detective Stores (North Charleston, SC): CreateSpace,
2012).

3. A. F. Leuchter, I. A. Cook, E. A. Witte, et al., “Changes in Brain


Function of Depressed Subjects During Treatment with
Placebo,” American Journal of Psychiatry, vol. 159, no. 1: pp. 122–
129 (2002).

4. B. Klopfer, “Psychological Variables in Human


Cancer,” Journal of Protective Techniques, vol. 21, no. 4: pp. 331–
340 (1957).
5. J. B. Moseley, Jr., N. P. Wray, D. Kuykendall, et al.,
“Arthroscopic Treatment of Osteoarthritis of the Knee: A
Prospective, Randomized, Placebo-Controlled Trial. Results of a
Pilot Study,” American Journal of Sports Medicine, vol. 24, no. 1:
pp. 28–34 (1996).

6. Discovery Health Channel, Discovery Networks Europe,


Discovery Channel University, et al., Placebo: Mind Over
Medicine? dirigido por by J. Harrison, levado ao ar em 2002
(Princeton, NJ: Films for the Humanities & Sciences, 2004), DVD.

7. J. B. Moseley, Jr., K. O’Malley, N. J. Petersen, et al., “A


Controlled Trial of Arthroscopic Surgery for Osteoarthritis of the
Knee,” New England Journal of Medicine, vol. 347, no. 2: pp. 81–
88 (2002); notar também que o estudo independente
seguinte mostrou resultados similares : A. Kirkley, T. B. Birmingham,
R. B. Litchfield, et al., “A Randomized Trial of Arthroscopic Surgery
for Osteoarthritis of the Knee,” New England Journal of Medicine,
vol. 359, no. 11: pp. 1097–1107 (2008).

8. L. A. Cobb, G. I. Thomas, D. H. Dillard, et al., “An Evaluation of


Internal-Mammary-Artery Ligation by a Double-Blind
Technic,” New England Journal of Medicine, vol. 260, no. 22: pp.
1115–1118 (1959); E. G. Diamond, C. F. Kittle, and J. E. Crockett,
“Comparison of Internal Mammary Artery Ligation and Sham
Operation for Angina Pectoris,” American Journal of Cardiology,
vol. 5, no. 4: pp. 483–486 (1960).

9. T. Maruta, R. C. Colligan, M. Malinchoc, et al., “Optimism-


Pessimism Assessed in the 1960s and Self-Reported Health Status
30 Years Later,”Mayo Clinic Proceedings, vol. 77, no. 8: pp. 748–
753 (2002).

10. T. Maruta, R. C. Colligan, M. Malinchoc, et al., “Optimists vs.


Pessimists: Survival Rate Among Medical Patients over a 30-Year
Period,” Mayo Clinic Proceedings, vol. 75, no. 2: pp. 140–143
(2000).

11. B. R. Levy, M. D. Slade, S. R. Kunkel, et al., “Longevity Increased


by Positive Self-Perceptions of Aging,” Journal of Personality and
Social Psychology, vol. 83, no. 2: pp. 261–270 (2002).
12. I. C. Siegler, P. T. Costa, B. H. Brummett, et al., “Patterns of
Change in Hostility from College to Midlife in the UNC Alumni
Heart Study Predict High-Risk Status,” Psychosomatic Medicine,
vol. 65, no. 5: pp. 738–745 (2003).

13. J. C. Barefoot, W. G. Dahlstrom, e R. B. Williams, Jr., “Hostility,


CHD Incidence, and Total Mortality: A 25-Year Follow-Up Study of
255 Physicians,” Psychosomatic Medicine, vol. 45, no. 1: 59–63
(1983).

14. D. M. Becker, L. R. Yanek, T. F. Moy, et al., “General Well-Being


Is Strongly Protective Against Future Coronary Heart Disease
Events in an Apparently Healthy High-Risk Population,” Abstract
#103966, presented at American Heart Association Scientific
Sessions, Anaheim, CA, (November 12, 2001).

15. National Cancer Institute, “Anticipatory Nausea and Vomiting


(Emesis)” (2013), www.cancer.gov/cancertopics/

16. J. T. Hickok, J. A. Roscoe, and G. R. Morrow, “The Role of


Patients’ Expectations in the Development of Anticipatory
Nausea Related to Chemotherapy for Cancer,” Journal of Pain
and Symptom Management, vol. 22, no. 4: pp. 843–850 (2001).

17. R. de la Fuente-Fernández, T. J. Ruth, V. Sossi, et al.,


“Expectation and Dopamine Release: Mechanism of the Placebo
Effect in Parkinson’s Disease,” Science, vol. 293, no. 5532: pp.
1164–1166 (2001)

18. C. R. Hall, “The Law, the Lord, and the Snake Handlers: Why a
Knox County Congregation Defies the State, the Devil, and
Death,” Louisville Courier Journal (August 21, 1988); also see
http://www.wku.edu/agriculture/thelaw.pdf.

19. K. Dolak, “Teen Daughters Lift 3,000-Pound Tractor Off Dad,”


ABC News (10 de Abril, 2013),
http://abcnews.go.com/blogs/headlines/2013/04/teen-
daughters-lift-3000-pound-tractor-off-dad.

20. Ver Nota 1.


Parte I

Capítulo Dois – Uma Breve História do Placebo

Como diz o ditado, tempos desesperados exigem medidas


desesperadas.
Quando o cirurgião norte-americano, Henry Beecher, formado
em Harvard, estava servindo na Segunda Guerra, ele ficou sem
morfina.
Perto do final da guerra, a morfina estava em falta nos hospitais
militares de campanha, então essa situação não era incomum.

Na época, Beecher estava para operar um soldado gravemente


ferido. Ele temia que, sem um anestésico, o soldado poderia ter
um choque cardiovascular fatal. O que aconteceu em seguida
o surpreendeu.

Sem perder o ritmo, uma das enfermeiras encheu uma seringa


com uma solução salina e aplicou no soldado, como se estivesse
injetando morfina. O saldo se acalmou logo em seguida. Ele
reagiu como se realmente tivesse recebido a droga, apesar de
ter recebido apenas um esguicho de água salgada.

Bécher seguiu adiante com a operação, cortando a carne do


solado, fazendo os reparos que eram necessários e costurando-
o, tudo sem anestesia.
O soldado sentiu pouca dor e não entrou em choque.
Como foi possível, Beecher ficou pensando, que água salgada
pudesse substituir morfina?

Depois daquele sucesso impressionante, sempre que o hospital


de campanha ficava zerado em morfina, Beecher fazia a
mesma coisa novamente: injetava uma solução salina, como se
estivesse injetando morfina. A experiência o convenceu do
poder dos placebos e, quando ele voltou para os Estados Unidos
depois da guerra, ele começou a estudar o fenômeno.

Em 1955, Beecher fez história quando tornou-se o autor de uma


avaliação clínica de 15 estudos publicados pelo Journal of the
American Medical Association que não apenas discutiu a
enorme importância dos placebos, mas também pediu um novo
modelo de pesquisa médica que aleatoriamente inscreveria
voluntários para receber medicações ativas ou placebos – o que
agora é referido como ensaios aleatórios e controlados –, de
modo que esse efeito poderoso do placebo não distorcesse os
resultados1.

A ideia de que possamos alterar a realidade física através do


pensamento, da crença e da expectativa apenas (estejamos ou
não cientes do que estamos fazendo) certamente não começou
no hospital de campanha da Segunda Guerra.
A bíblia está cheia de histórias de curas milagrosas e até na
época moderna as pessoas regularmente migram para lugares
como Lourdes no sul da França (onde uma camponesa de 14
anos de idade teve uma visão da Virgem Maria em 1858),
deixando para trás suas muletas, aparelhos, cadeiras de rodas,
como prova de que foram curadas.
Milagres similares também têm sido relatados em Fátima, Porgual
(onde três pastorinhos viram uma aparição da Virgem Maria em
1917), e em conexão com uma estátua viajante de Maria
esculpida no 30º aniversário da aparição. A estátua foi baseada
na descrição dada pela mais velha das três crianças que até
então havia se tornado freira, e foi abençoada pelo Papa Pio 12
antes de ser enviada para viajar ao redor do mundo.

A cura pela fé certamente ano está confinada à tradição cristã.


O guru indiano Sathya Sai Baba, amplamente considerado por
seus seguidores como um avatar – uma manifestação de uma
deidade – era conhecido por manifestar cinzas sagradas,
chamadas de vibhuti, das palmas de suas mãos. Dizem que essa
fina cinza na cor cinza tem o poder de curar muitas doenças
físicas, mentais e espirituais quando comida ou aplicada na pele
como uma pasta.

É dito que os lamas tibetanos também têm poderes curativos


usando a própria respiração para curar, quando sopram sobre
os enfermos.

Mesmo os reis franceses e ingleses reinantes entre os séculos 4 e


9 usaram a imposição de mãos para curar seus súditos.
O Rei Charles II, da Inglaterra, ficiou conhecido por ser
particularmente adepto da realização dessa prática por cerca
de 100 mil vezes.

O que provoca esses eventos chamados de miraculosos, seja o


instrumento da fé curativa apenas numa deidade ou na crença
de poderes extraordinários de uma pessoa, um objeto, ou até
mesmo de um local considerado santo ou sagrado?
Qual é o processo pelo qual a fé e a crença podem trazer à tona
efeitos profundos?
Poderíamos atribuir um significado a um ritual – seja ele um ritual
de rezar um rosário, esfregar uma pitada de cinza sagrada em
nossa pele ou tomar uma nova droga milagrosa prescrita para
um médico confiável – desempenhando um papel no fenômeno
placebo?

E se o estado mental das pessoas que receberam essas curas foi


influenciado ou alterado pelas condições de seu ambiente
externo (uma pessoa, local, ou uma coisa num tempo
apropriado) a tal nível que seu novo estado mental realmente
pudesse afetar as alterações físicas reais?

Do Magnetismo ao Hipnotismo

Na década de 1770, o médico vienense, Franz Anton Mesmer,


tornou notável seu próprio nome ao desenvolver e demonstrar o
que foi considerado na época um modelo médico de cura
milagrosa.

Expandindo uma ideia de Sir Isaac Newton a respeito do efeito


da gravitação planetária no corpo humano, Mesmer começou
a acreditar que o corpo continha um fluido invisível que poderia
ser manipulado para curar as pessoas usando uma força
chamada de “magnetismo animal”.

Sua técnica envolvia pedir a seus pacientes para olhar


profundamente nos olhos de Mesmer antes de mover ímãs sobre
seus corpos para dirigir e equilibrar esse fluido magnético.
Mais tarde, ele descobriu que ele podia acenar suas mãos (sem
os ímãs) produzindo o mesmo efeito.
Logo, depois que cada sessão começava, seus pacientes
começavam a tremer e a contrair-se antes de entrar em
convulsão, que Mesmer considerava como terapêutica.
Mesmer continuaria o equilíbrio fluídico até que eles se
acalmassem novamente. Ele usava essa técnica para curar uma
variedade de males, de condições sérias como paralisia e
desordens convulsivas a dificuldades menores, como problemas
menstruais e hemorroidas.

No que se tornou seu caso mais famoso, Mesmer curou


parcialmente uma adolescente pianista, Maria Teresia von
Paradis, de “cegueira histérica”, uma condição psicossomática
que ela tinha desde aproximadamente três anos de idade.
Ela ficou na casa de Mesmer durante as semanas e quem ele
trabalhava com ela e, finalmente, a ajudou a ser capaz de
perceber o movimento e até de distinguir cores. Mas, seus pais
ficaram menos que satisfeitos com o progresso dela, pois eles
estariam prestes a perder a pensão real se sua filha fosse curada.
Além disso, enquanto a visão dela retornava, sua habilidade de
tocar piano era deteriorada, pois ela agora era capaz de olhar
seus dedos no teclado.
Rumores, nunca fundamentados, começaram a circular de que
o relacionamento de Mesmer com a pianista era impróprio.
Seus pais a tiraram à força da casa de Mesmer, a cegueira dela
voltou e a reputação de Mesmer diminuiu consideravelmente.

Armand-Marie-Jacques de Chatenet, um aristocrata francês


conhecido como Marquês de Puységur, observou Mesmer e
levou suas ideias ao próximo nível.
Puységur induziria um profundo estado que ele chamava de
“sonambulismo magnético” (similar ao sonambulismo), no qual
seus pacientes tinham acesso a pensamentos profundos e até à
intuições a respeito da própria saúde e da de outros. Nesse
estado, eles eram extremamente sugestionáveis e seguiam
instruções, embora não tivessem lembrança do que teria
acontecido quando voltavam desse estado.
Enquanto Mesmer pensava que o poder estava no praticante
sobre o sujeito, Puységur acreditava que o poder estava no
pensamento do sujeito (direcionado pelo praticante) sobre seu
próprio corpo; essa foi talvez uma das primeiras tentativas
terapêuticas para explorar a relação mente-corpo.

Nos anos de 1800, o cirurgião escocês, James Braid, levou a ideia


do mesmerismo ainda mais adiante, desenvolvendo um
conceito que ele chamava de “neuro-hipnotismo” (o que agora
conhecemos como hipnotismo).
Braid ficou intrigado com a ideia quando, um dia, chegou
atrasado para um compromisso apenas para encontrar seu
paciente esperando olhando calmamente, com fascinação
intensa, para a chama bruxuleante de uma lâmpada de óleo.
Braid descobriu que o paciente ficava num estado
extremamente sugestionável enquanto sua atenção
permanecia fechada, “fatigando”, desse modo, certas partes
de seu cérebro.

Após vários experimentos, Braid aprendeu a deixar seus


pacientes num estado concentrado numa simples ideia
enquanto eles olhavam para um objeto, o que os colocava num
estado similar a um transe que ele sentia que podia usar para
curas suas desordens, incluindo artrite reumatoide, deficiência
sensorial, derrames e as várias complicações de lesões na coluna
vertebral.

O livro de Braid, Neuro-Hipnologia, detalha muitos de seus


sucessos, incluindo a história de como ele curou uma mulher de
33 anos de idade, cujas pernas eram paralisadas, e uma mulher
de 54 anos de idade com uma doença de pele e dores de
cabeça severas.

Daí, o estimado neurologista francês, Jean-Martin Charcot,


opinou sobre o trabalho de Braid alegrando que a habilidade de
entrar em tal transe era possível apenas para os que sofriam da
condição de histeria, o que ele considerava uma desordem
neurológica hereditária que era irreversível. Ele usava a hipnose
não para curar os pacientes, mas para estudar seus sintomas.
Finalmente, um rival de Charcot, um médico chamado
Hyppolyte Bernheim, na Universidade de Nancy, insistiu que a
sugestionabilidade tão central para o hipnotismo não era
limitada ao histerismo, mas uma condição natural para todos os
humanos.
Ele implantava ideias nos pacientes, dizendo a eles que, quando
acordassem de seu transe, eles se sentiriam melhores e seus
sintomas desapareceriam; assim, ele usava o poder da sugestão
como uma ferramenta terapêutica. O trabalho de Bernheim
continou até o início dos anos de 1900.

Embora cada um desses primeiros exploradores da


sugestionabilidade tivesse um foco e uma técnica ligeiramente
diferentes, todos eles foram capazes de ajudar centenas e
centenas de pessoas a curar uma grande variedade de
problemas mentais e físicos alterando suas mentes a respeito de
seus males e o modo como essas doenças eram expressas em
seus corpos.

Durante as duas primeiras guerras mundiais, médicos militares,


mais notadamente o psiquiatra Benjamin Simon, do exército,
usaram o conceito da sugestionabilidade hipnótica (sobre o qual
falarei mais adiante) para ajudar soldados que voltavam
sofrendo de traumas que, inicialmente, eram rotulados como
“choque do escudo”, mas que agora é conhecido como
transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Esses veteranos tinham sofrido tantas experiências horríveis de
guerra que muitos deles anestesiavam-se em relação às suas
emoções como uma forma de autopreservação,
desenvolvendo amnésia em torno dos terríveis acontecimentos
ou, pior, continuavam a reviver suas experiências como
memórias repentinas – tudo o que pode causar doenças físicas
induzidas pelo estresse.

Simon e seus colegas descobriram que a hipnose era


extremamente útil para ajudar os veteranos a enfrentar seus
traumas e lidar com eles de forma que eles não tivessem que
apresenta-los como ansiedade e doenças físicas (incluindo
náusea, pressão alta e outras doenças cardiovasculares e até
mesmo imunidade suprimida).
Como aqueles praticantes do século antes deles, os médicos do
exército, empregando a hipnose, ajudaram seus pacientes a
alterar seus padrões de pensamento de modo a ficar bem e a
recuperar sua saúde física e mental.

Essas técnicas de hipnose foram tão bem sucedidas que os


médicos civis também se tornaram interessados em usar a
sugestionabilidade, embora muitos o fizessem não apenas
colocando seus pacientes em transe, mas, ocasionalmente,
dando a eles comprimidos de açúcar e outros placebos, dizendo
a eles que essas “drogas” os fariam se sentir melhor.
Muitas vezes os pacientes ficavam melhores, respondendo à
sugestionabilidade do mesmo modo que os soldados feridos de
Beecher responderam à crença de que estavam recebendo
injeções de morfina.

De fato, essa foi a era de Beecher, e após ele ter escrito sua
inovadora avaliação em 1955, chamando o uso dos testes com
os placebos, aleatórios e controlados, para o teste de drogas, o
placebo se tornou uma parte séria da pesquisa médica.

A visão de Beecher foi bem aceita. Inicialmente, os


pesquisadores esperavam que um grupo de controle de um
estudo (o grupo que recebia o placebo) permaneceria tão
neutro que as comparações entre o grupo de controle e o grupo
recebendo o tratamento ativo mostraria quão bem o tratamento
ativo funcionava. Mas, em muitos estudos, o grupo de controle
realmente ficava melhor – não apenas por si mesmo, mas por
causa de sua expectativa e crença de que estava recebendo
uma droga ou um tratamento que o ajudaria.

O placebo em si podia se inerte, mas seu efeito certamente não


era, e essas crenças e expectativas se provavam extremamente
poderosas!
Assim, de algum modo, aquele efeito tinha que ser deduzido a
partir dos dados se aqueles dados tivessem que ter algum
significado real.
Para efeito, e atendendo uma petição de Beecher, os
pesquisadores começaram a realizar, como norma, o estudo
aleatório, duplo-cego, atribuindo sujeitos aleatórios tanto para o
grupo ativo ou para o placebo e certificando-se de que nenhum
dos indivíduos, ou nenhum dos próprios pesquisadores
soubessem quem estava recebendo a droga real e quem estava
recebendo o placebo.
Desse modo, o efeito placebo seria igualmente ativo em cada
grupo e qualquer possibilidade de os pesquisadores poderem
tratar os indivíduos de modo diferente, de acordo com qual
grupo estivesse, seria eliminada (atualmente, às vezes os estudos
são de triplo-cego, significando que não apenas os participantes
e os pesquisadores que estão conduzindo os testes no escuro
não sabem quem está recebendo o quê até o final do estudo,
mas também os estatísticos que analisam as informações
também não sabem até que seu trabalho esteja terminado).

Explorando o Efeito Nocebo

Claro, sempre há um o outro lado. Embora a sugestionabilidade


tenha ganhado mais atenção por causa de sua capacidade de
curar, também se tornou aparente que o mesmo fenômeno
poderia ser usado para prejudicar.
Práticas como feitiços e maldiçoes vodu ilustraram o lado
negativo da sugestionabilidade.

Nos anos de 1940, um fisiologista de Harvard, Walter Bradford


Cannon (que em 1932 cunhou o termo lute ou fuja) estudou a
última resposta do Nocebo – um fenômeno que ele chamou de
“morte vodu”2.
Cannon examinou uma série de relatos anedóticos de pessoas
com fortes crenças culturais no poder de médicos curandeiros
ou sacerdotes vodus que repentinamente caiam doentes e
morriam – apesar de nenhum ferimento aparente ou evidência
de envenenamento ou infecção – após acabarem de receber
um feitiço ou maldição.
Sua pesquisa lançou as bases para muito do que atualmente
conhecemos sobre como sistemas de resposta fisiológica
permitem que emoções (o medo, em particular) criem doenças.
A crença da vítima no poder da própria maldição para matá-la
era apenas parte da sopa psicológica que provocou sua morte
afinal, Cannon disse.
Outro fator era o efeito de ser socialmente condenado ao
ostracismo ou rejeitado até mesmo pela própria família da
vítima.
Tais pessoas se tornaram rapidamente mortos andantes.

Os efeitos prejudiciais de fontes inofensivas não se restringem ao


vodu, é claro.
Os cientistas na década dos anos de 1960 cunharam o termo
‘nocebo’ (do latim “nocere”, infligir dano, ao oposto de
“placere” do em latim, que significa agradar) referindo-se a uma
substância inerte que provoca efeito prejudicial – simplesmente
porque alguém acredita ou espera que será prejudicado3.

O efeito Nocebo comumente aparece em estudos sobre drogas


quando os indivíduos que estão recebendo placebos esperam
que não hajam efeitos colaterais na droga que está sendo
testada ou quando os indivíduos são especificamente advertidos
sobre os possíveis efeitos colaterais – e, daí, eles experienciam
esses mesmos efeitos colaterais associando o pensamento da
droga com todas as causações potenciais, muito embora não
tenham tomado a droga.

Por razões éticas óbvias, poucos estudos são desenvolvidos


especificamente para explorar esse fenômeno, embora alguns
existam.
Um exemplo famoso é o de um estudo de 1962 realizado no
Japão com um grupo de crianças extremamente alérgico a um
tipo de hera venenosa 4. Os pesquisadores esfregaram um
antebraço de cada criança com uma folha da hera venenosa,
mas disse a elas que a folha era inofensiva. Como controle, eles
esfregaram o outro antebraço da criança com uma folha
inofensiva que eles disseram ser a hera venenosa.
Todas as crianças desenvolveram erupções no braço esfregado
com a folha inofensiva que foi pensada como a hera venenosa.
E 11 das 13 crianças não desenvolveram nenhuma erupção
onde o veneno realmente tocou.

Essa foi uma descoberta surpreendente; como as crianças que


eram altamente alérgicas à hera venenosa não desenvolveram
erupção quando expostas a ela? E como elas desenvolveram
erupção de uma folha totalmente benigna?
O novo pensamento de que a folha não as machucaria
substituiu a memória e a crença de que elas eram alérgicas à
hera, tornando inofensivo o verdadeiro veneno da hera. E o
reverso foi verdadeiro na segunda parte do experimento: uma
folha inofensiva foi feita tóxica apenas pelo pensamento.
Em ambos os casos, foi como se os corpos das crianças
instantaneamente respondessem a uma nova mente.

Nesse caso, poderíamos dizer que as crianças, de algum modo,


se libertaram da expectativa futura de uma reação física à folha
tóxica baseadas em suas experiências passadas de serem
alérgicas. De fato, de algum modo elas transcenderam uma
linha de tempo previsível.
Isso também sugere que , por alguns meios, elas se tornaram
maiores do que as condições em seu ambiente (a folha
venenosa da hera).
Finalmente, as crianças foram capazes de alterar e controlar sua
fisiologia simplesmente mudando um pensamento.

Essa evidência surpreendente de que o pensamento (na forma


de expectativa) poderia ter um efeito maior no corpo do que o
ambiente físico “real” ajudou a inaugurar uma nova era de
estudo científico chamada de psiconeuroimunologia – o efeito
dos pensamentos e emoções no sistema imunológico –, um
segmento importante da conexão mente-corpo.

Outro estudo Nocebo notável dos anos de 1960 olhou para as


pessoas com asma5.
Os pesquisadores deram a 40 pacientes com asma, inaladores
contendo apenas água vaporizada, embora tenham dito aos
indivíduos que os inaladores continham um alérgeno, ou
irritante;19 deles (48%) apresentaram sinais asmáticos, tais como
restrições das vias aéreas, com 12 (30%) do grupo sofrendo
completos ataques de asma.

Então, os pesquisadores deram aos indivíduos, inaladores que


disseram conter um medicamento que aliviaria seus sintomas e,
em cada caso, suas vias aéreas realmente se abriram
novamente – embora, de novo, os inaladores contivessem
apenas vapor de água.

Em ambas as situações – trazendo os sintomas da asma e, daí,


revertendo-os dramaticamente –, os pacientes responderam
apenas às sugestões, ao pensamento plantado em suas mentes
pelos pesquisadores, que saiu exatamente como esperado.
Eles foram prejudicados quando pensaram que tinham inalado
algo prejudicial e ficaram melhores quando pensaram que
tinham recebido medicamento – e esses pensamentos foram
maiores do que seu ambiente, maiores do que a realidade.
Poderíamos dizer que seus pensamentos criaram uma nova
realidade.

O que isso diz sobre as crenças que mantemos e os pensamentos


que pensamos todos os dias?
Estamos mais suscetíveis a contrair uma gripe porque durante
todo o inverno, para todos os lugares que olhamos vemos artigos
sobre a estação da gripe e sinais de vacinas de gripe disponíveis
– tudo o que nos lembra de que se não tomarmos uma vacina
para gripe, ficaremos doentes?

Pode ser que, quando simplesmente olhamos alguém com gripe,


com os sintomas da gripe, nos tornamos doentes por pensar do
mesmo jeito que as crianças do estudo da hera venenosa que
tiveram erupções com a folha inofensiva ou por pensar como os
asmáticos que apresentaram uma reação bronquial significativa
após terem inalado um simples vapor de água?

Estamos mais propensos a sofrer de artrite, rigidez articular,


memória fraca, reflexos debilitados e diminuição da potência
sexual quando envelhecemos simplesmente porque essa é a
versão da verdade que os anúncios, os comerciais, os programas
de televisão e a mídia alardeiam nos bombardeando?
Que outras profecias autorrealizáveis estamos criando em nossas
mentes sem estarmos cientes do que estamos fazendo?
E que “verdades inevitáveis” podemos reverter bem
sucedidamente simplesmente tendo novos pensamentos e
escolhendo novas crenças?

Os primeiros grandes pioneiros

Um estudo pioneiro de base no final dos anos de 1970 mostrou


pela primeira vez que um placebo pode desencadear a
liberação de endorfinas (os analgésicos naturais do corpo), assim
como certas drogas ativas fazem.

No estudo, Jon Levine, M.D., Ph.D., da Universidade da Califórnia,


San Francisco, deu placebos, ao invés de medicação para dor,
para 40 pacientes odontológicos que tinham acabado de
remover o dente do siso6.
Não surpreendentemente, porque os pacientes pensavam que
estavam recebendo medicamento que realmente aliviaria a
dor, a maioria relatou alívio.
Mas, em seguida, os pesquisadores deram aos pacientes um
antídoto para a morfina, chamado Naloxona, que
quimicamente bloqueia os receptores tanto da morfina quanto
da endorfina (morfina endógena) no cérebro.
Quando os pesquisadores administraram o antídoto, a dor dos
pacientes retornou!
Isso provou que, ao tomar os placebos, os pacientes tinham
criado suas próprias endorfinas – seus próprios analgésicos
naturais.
Isso foi um marco na pesquisa do placebo porque significou que
o alivio que os indivíduos experienciaram não estava todo em
suas mentes; estava em suas mentes e em seus corpos – em
seu estado de ser.

Se o corpo humano pode agir como sua própria farmácia,


produzindo suas próprias drogas para a dor, então também não
é verdade que ele seja plenamente capaz de dispensar outras
drogas naturais quando elas são necessárias – da infinita mistura
de compostos químicos e curativos que ele abriga –, drogas que
agem exatamente como as que os médicos prescrevem, ou
talvez até melhores do que as drogas que os médicos
prescrevem?

Outro estudo dos anos de 1970, realizado pelo psicólogo Robert


Ader, Ph.D., na Universidade de Rochester, acrescentou uma
nova dimensão fascinante à discussão do placebo: o elemento
do condicionamento.
O condicionamento, uma ideia tornada famosa pelo fisiologista
russo Ivan Pavlov, depende da associação de uma coisa com
outra – como os cães de Pavlov associando o som do sino com
o alimento depois de Pavlov começar a tocá-lo todos os dias
antes de alimentá-los.
Com o tempo, os cães foram condicionados a
automaticamente salivar antecipadamente ao alimento sempre
que escutavam um sino.
Como resultado desse tipo de condicionamento, seus corpos se
tornaram treinados a responder fisiologicamente a um novo
estímulo no ambiente (nesse caso, ao sino), apesar de o estímulo
original que eliciava a resposta (o alimento) estar presente.

Portanto, numa resposta condicionada, nós poderíamos dizer


que um programa subconsciente que é armazenado no corpo
(falarei mais sobre isso nos próximos capítulos), aparentemente
substitui a mente consciente e assume o comando. Desse modo,
o corpo está realmente condicionado para vir a ser a mente
porque o pensamento consciente não está mais totalmente no
controle.

No caso de Pavlov, os cães foram repetidamente expostos ao


cheiro, à visão, e ao sabor do alimento, e então Pavlov tocava
o sino.
Com o tempo , apenas o som do sino fazia com que os cães
automaticamente mudassem seu estado fisiológico e químico
sem pensar a respeito conscientemente. O sistema nervoso
autônomo deles – o sistema subconsciente do corpo, que opera
abaixo da consciência ciente – assumiu. Assim, o
condicionamento cria alterações internas subconscientes no
corpo pela associação das memórias passadas com a
expectativa dos efeitos internos (o que chamamos de memória
associativa) até que esses resultados esperados, ou antecipados,
promovam os resultados automaticamente.
Quanto mais forte o condicionamento, menos controle
consciente nós temos sobre esses processos e mais
automaticamente a programação subconsciente se torna.

Ader começou a tentar estudar quanto tempo poderíamos


esperar que as respostas condicionadas durassem.
Ele alimentou ratos de laboratório com água açucarada – que
fortificou com uma droga chamada ciclofosfamida, que
provoca dor estomacal.
Após ter condicionado os ratos a associar o sabor doce da agua
com a dor em seus estômagos, ele esperava que em breve os
ratos rejeitassem beber a água fortificada.
Sua intenção era ver quanto tempo eles continuariam a rejeitar
a água, de forma que ele pudesse medir a quantidade de
tempo que duraria a resposta condicionada à agua doce.

Mas, o que Ader não sabia inicialmente era que a ciclofosfamida


também suprime o sistema imunológico, então ele ficou surpreso
quando seus ratos começaram a morrer inesperadamente de
infecções bacterianas e virais.
Mudando a velocidade de sua pesquisa, ele continuou a dar aos
ratos a agua açucarada (alimentando-os à força com um
conta-gotas), mas sem a ciclofosfamida.

Embora eles não mais estivessem recebendo a droga supressora


da imunologia, os ratos continuaram a morrer de infecções
(enquanto o grupo de controle que tinha recebido apenas a
água açucarada continuasse bem).

Juntando-se ao imunologista Nicholas Cohen, Ph.D., da


Universidade de Rochester, Ader descobriu que, quando os ratos
foram condicionados a associar o gosto da água açucarada
com o efeito da droga supressora da imunologia, a associação
foi tão forte que apenas bebendo só a água açucarada
produzia o mesmo efeito fisiológico da droga – sinalizando o
sistema nervoso para suprimir o sistema imunológico7.
Assim como com Sam Londe, cuja história está no Capítulo 1, os
ratos de Ader morreram apenas pelo pensamento.
Os pesquisadores estavam começando a ver que a mente era
claramente capaz de ativar subconscientemente o corpo de
várias maneiras poderosas, que eles nunca imaginaram.

O Oeste encontra o Leste

Por essa altura, a prática oriental de Meditação Transcendetal


(MT) ensinada pelo guru indiano Maharishi Mahesh Yogi, chamou
a atenção nos Estados Unidos, alimentada pela participação
entusiástica de várias celebridades (começando com Os Beatles
na década de 1960).

O objetivo dessa técnica, que envolve aquietar a mente e repetir


um mantra durante uma sessão de meditação de 20 minutos
realizada duas vezes ao dia, é a iluminação espiritual. Mas, a
prática chamou a atenção de Herbert Benson, cardiologista de
Harvard, que se tornou interessado em como ela poderia ajudar
a reduzir o estresse e diminuir os fatores de risco para as doenças
cardíacas.

Desmistificando o processo, Benson desenvolveu uma técnica


similar, que ele chamou de “resposta de relaxamento”, descrita
em seu livro de 1975 com o mesmo título8.

Benson descobriu que apenas mudando os padrões de


pensamento, as pessoa podiam desligar a resposta do estresse
diminuindo, assim, a pressão arterial, normalizando o ritmo
cardíaco e alcançado profundos estados de relaxamento.
Embora a meditação envolva a manutenção de uma atitude
neutra, também se prestou atenção aos efeitos benéficos de
cultivar uma atitude mais positiva e no bombeamento das
emoções positivas.

O caminho foi pavimentado em 1952, quando o ex-


sacerdote Norman Vincent Peale publicou o livro ‘O Poder do
Pensamento Positivo’, que popularizou a ideia de que nossos
pensamentos podem ter um efeito real, tanto positivo quanto
negativo, em nossas vidas9.
Essa ideia chamou a atenção da comunidade médica em 1976,
quando Norman Cousins, analista político e editor de revista,
publicou um artigo no New England Journal of Medicine sobre
como ele havia usado o riso para reverter uma doença
potencialmente fatal 10.
Cousins também contou essa história em seu livro ‘Anatomy of an
Illness’, recordista de vendas, publicado alguns anos mais tarde11.

O médico de Cousins o havia diagnosticado com uma


desordem degenerativa chamada de espondilite anquilosante –
um tipo de artrite que causa a degradação do colágeno, das
proteínas fibrosas que mantêm juntas as células de nosso corpo
– e deu a ele apenas uma em quinhentas chances de
recuperação.

Cousins sofria dores tremendas e tinha tanta dificuldade em


mover seus membros que mal conseguia se virar na cama.
Nódulos granulados apareceram sob sua pele e em seu ponto
mais baixo, sua mandíbula quase se trancava.

Convencido de que um estado emocional negativo persistente


havia contribuído com sua doença, ele decidiu que seria
igualmente possível que um estado emocional mais positivo
pudesse reverter o dano.

Enquanto continuava a consultar seu médico, Cousins começou


um regime de doses massivas de vitamina C e filmes dos Irmãos
Marx (bem como outros filmes de comédia e programas de
humor).
Ele descobriu que dez minutos de fartas gargalhadas lhe dava
duas horas livres de sono sem dor.
Finalmente, ele recuperou-se completamente.
Bastante simplesmente, Cousins riu-se para a saúde.

Como?
Embora os cientistas na época não tivessem como entender ou
explicar tal recuperação miraculosa, as pesquisas agora nos
dizem que é provável que os processos da epigenética
estivessem em funcionamento.
A mudança de atitude de Cousins mudou a química de seu
corpo, o que alterou seu estado interno, permitindo-lhe
programar novos genes de novos modos; ele simplesmente
reprimiu (ou, desligou) os genes que estavam causando sua
doença e regulou (ou, ligou) os genes responsáveis por sua
recuperação (entrarei em mais detalhes sobre a transformação
dos genes, ligando e desligando-os, nos capítulos seguintes).

Muitos anos depois, uma pesquisa realizada por Keiko Hayashi,


Ph.D., da Universidade de Tsukuba no Japão, mostrou a mesma
coisa12 .
No estudo de Hayashi, pacientes diabéticos assistindo um
programa de comédia de uma hora regulavam um total de 39
genes, dos quais 14 estavam relacionados com a atividade da
célula exterminadora natural. Embora nenhum desses genes
estivessem diretamente envolvidos com a regulação da glicose
no sangue, os níveis de glicose no sangue dos pacientes foram
melhor controlados do que antes de eles terem escutado uma
palestra sobre a saúde e diabetes num dia diferente.

Os pesquisadores conjecturaram que o riso influencia muitos


genes envolvidos com na resposta do sistema imunológico, o
que, por sua vez, contribui com o melhor controle da glicose. A
emoção elevada, desencadeada pelos cérebros dos pacientes,
ativa as variações genéticas, que ativam naturalmente as
'células exterminadoras naturais' (tipo de linfócitos - glóbulos
brancos responsáveis pela defesa específica do organismo,
nt) e, de algum modo, melhora a resposta da glicose – além de,
provavelmente, muitos outros efeitos benéficos.

Como Cousins disse sobre os placebos em 1979, “o processo


funciona não por causa de qualquer mágica, mas porque o
corpo humano é, ele mesmo, o melhor farmacêutico, e porque
as melhores prescrições médicas são preenchidas pelo próprio
corpo”13.

Inspirado pela experiência de Cousins e com a medicina


alternativa e corpo-mente agora em pleno andamento, o
cirurgião Bernie Siegel, da Universidade de Yale, começou a
olhar para o motivo pelo qual alguns de seus pacientes com
câncer e parcas probabilidades sobrevivam enquanto outros,
com melhores chances, morriam.
Em grande parte, o trabalho de Siegel definia os sobreviventes
de câncer como aqueles que tinham um espírito de luta, que
eram bem humorados, e conluia que não havia doenças
incuráveis, apenas pacientes incuráveis.
Siegel também começou a escrever sobre a esperança como
uma força poderosa para a cura e sobre o amor incondicional,
com a farmácia natural de elixires que eles fornecem, como o
mais poderoso estimulante do sistema imunológico.

Placebos superam Antidepressivos

A profusão dos novos antidepressivos que surgiram por volta dos


anos de 1980 para 1990 seria a próxima a acender a controvérsia
que finalmente (embora não tão imediatamente) aumentaria o
respeito pelo poder dos placebos.

Ao pesquisar uma meta-análise dos estudos sobre drogas


antidepressivas, em 1998, o psicólogo Irving Kirsch, Ph.D., então
na Universidade de Connecticut, ficou chocado ao descobrir
que em 19 ensaios clínicos, duplo cego, envolvendo mais de
2.300 pacientes, a maioria da melhoria se deveu não às
medicações antidepressivas, mas ao placebo 15.

Daí, Kirsch usou a Lei do Ato da Liberdade de Informação para


obter acesso aos dados dos ensaios clínicos não publicados dos
fabricantes de medicamentos, que pela lei tinham que ser
comunicados à FDA (órgão governamental responsável pelo
controle de alimentos, medicamentos, etc., nt).
Kirsch e seus colegas fizeram uma segunda meta-análise, dessa
vez sobre os 35 ensaios clínicos conduzidos para quatro dos seis
antidepressivos mais amplamente prescritos aprovados entre
1987 e 199916.
Olhando agora para os dados a partir de 5.000 pacientes, os
pesquisadores descobriram novamente que os placebos
funcionavam tão bem quanto as drogas antidepressivas
populares, como Prozac, Effexor, Serzone, Paxil, gritantemente
81% do tempo.
Na maioria dos casos restantes, onde a droga teve um melhor
benefício, o benefício era tão pequeno que não era
estatisticamente significante. Apenas com pacientes
severamente deprimidos os medicamentes prescritos eram
melhores do que o placebo.

Não surpreendentemente, o estudo de Kirsch provocou um


alvoroço, embora muitos pesquisadores parecessem bastante
dispostos a jogar fora o bebê placebo com a água do banho.
Enquanto a maior parte da briga se focou no fato de que essas
drogas não eram nada melhores do que o placebo, os pacientes
nos ensaios clínicos de fato melhoravam com os antidepressivos.
As drogas funcionavam.
Mas, os pacientes recebendo placebos também melhoravam.

Ao invés de ver o trabalho de Kirsch como uma prova de que os


antidepressivos falhavam, alguns pesquisadores optaram por ver
o copo meio-cheio e apontaram para os dados como prova de
que os placebos eram bem sucedidos.
Afinal de contas, os ensaios forneceram provas notáveis de que
pensar que você pode melhorar da depressão pode realmente
curar a depressão tão bem quanto tomar uma droga.

As pessoas no estudo, que receberam melhoras com os


placebos estavam na verdade produzindo seus próprios
antidepressivos naturais, assim como os pacientes de Levine nos
anos de 1970, que tiveram seus dentes do siso tirados e estavam
produzindo seus próprios analgésicos naturais.
O que Kirsch trouxe à luz foi mais evidência de que nossos corpos
têm uma inteligência inata que lhes permitem servir-nos com
uma matriz química de compostos naturais curadores.

Curiosamente, o percentual de pessoas que melhoraram


enquanto tomavam placebos nos ensaios sobre depressão tem
aumentado ao longo do tempo, assim como a resposta à
medicação ativa; alguns pesquisadores têm sugerido que isso
ocorre porque o público tem expectativas maiores para as
drogas antidepressivas, o que, por sua vez, torna os placebos
mais eficazes nesses ensaios cegos 17.
A Neurobiologia do Placebo

Foi apenas uma questão de tempo antes de os neurocientistas


começarem a usar os sofisticados mapeamentos cerebrais para
dar uma olhada no que acontece neuroquimicamente quando
um placebo é administrado.

Um exemplo disso é o estudo de 2001 sobre os pacientes com o


mal de Parkinson que recuperaram as habilidades motoras após
terem recebido apenas uma injeção de solução salina que eles
pensavam ser medicação (descrito no Capítulo 1) 18.

O pesquisador italiano Fabrizio Benedetti, M.D., Ph.D., um


pioneiro na pesquisa do placebo, realizou um estudo de
Parkinson similar alguns anos mais tarde e, pela primeira vez,
conseguiu mostrar um efeito de placebo nos neurônios
individuais 19.
Seus estudos exploraram não apenas a neurobiologia da
expectativas, como com os pacientes de Parkinson, mas
também a neurobiologia em funcionamento com o
condicionamento clássico – o que Ader foi capaz de vislumbrar
nos anos anteriores com seus ratos de laboratório nauseados.
Num experimento, Benedetti deu a indivíduos no estudo a droga
sumatriptano, para estimular o crescimento hormonal e inibir a
secreção de cortisol; daí, sem o conhecimento dos pacientes,
ele substituiu a droga por um placebo. Ele descobriu que o
mapeamento cerebral dos pacientes continuava a ser ativado
nos mesmos lugares que quando estavam recebendo o
sumatriptano; essa era a prova de que o cérebro estava
realmente produzindo a mesma substância – nesse caso, o
hormônio do crescimento – por conta própria20.

O mesmo foi observado como verdadeiro para outras


combinações de droga-placebo também; as substâncias
químicas produzidas no cérebro representaram de perto as dos
indivíduos que inicialmente receberam drogas através das quais
foram tratadas desordens do sistema imunológico, desordens
motoras e depressão 21.
Na verdade, Benedetti chegou a mostrar que os placebos
promoveram os mesmos efeitos colaterais que as drogas. Por
exemplo, num estudo sobre o placebo usando narcóticos, os
indivíduos sofreram dos mesmos efeitos colaterais da respiração
lenta e superficial quando tomaram o placebo, pois o efeito
placebo imitou bem de perto os efeitos fisiológicos da droga 22.

Se a verdade tiver que ser dita, nossos corpos realmente são


capazes de criar uma série de químicas biológicas que podem
curar, nos proteger de dores, ajudar-nos a dormir
profundamente, melhorar nosso sistema imunológico, nos fazer
sentir prazer e até nos encorajar a nos apaixonar.
Raciocine nisso por um momento: se um gene particular já foi
expresso de modo a fabricarmos essas substâncias químicas em
algum ponto de nossas vidas, mas nós interrompemos a
produção por causa de algum tipo de estresse ou doença que
desativou aquele gene, é possível que ativemos o gene
novamente, pois nossos corpos já sabem como fazer isso a partir
de experiências anteriores (fique atento, pois há pesquisa
provando isso).
Assim, vamos começar a olhar para como isso acontece.

A pesquisa neurológica mostra algo verdadeiramente notável:


se uma pessoa continua a tomar a mesma substância, seu
cérebro continua a disparar os mesmos circuitos do mesmo jeito
– na verdade, memorizando o que a substância faz. A pessoa
pode facilmente se tornar condicionada ao efeito de um
determinado comprimido associando-o com uma alteração
interna familiar de uma experiência passada.
Por causa desse tipo de condicionamento, quando a pessoa
toma um placebo, os mesmos circuitos entrelaçados dispararão
como quando ela tomou a droga.

Uma memória associativa elicia um programa subconsciente


que realiza uma conexão e a mudança hormonal no corpo, e
então o programa automaticamente sinaliza ao corpo para
produzir a química relacionada encontrada na droga... Isso não
é incrível?
A pesquisa de Benedetti também torna outro ponto bastante
claro: tipos diferentes de tratamentos por placebo funcionam
em seu melhor com objetivos diferentes.

Por exemplo, no estudo com o sumatriptano, as sugestões


verbais iniciais de que o placebo funcionaria não teve efeito na
produção do hormônio do crescimento.

Usar placebos para efetuar respostas fisiológicas inconscientes


através da memória associativa (como para secretar hormônios
ou alterar o funcionamento do sistema imunológico),
condicionando a obtenção de resultados, usando os placebos
para alterar mais respostas conscientes (tais como alívio da dor
ou diminuição da depressão), uma simples sugestão, ou uma
expectativa, funciona.
Portanto, não há apenas ‘uma resposta placebo’, Benedetti
insistia, mas várias.

Tomando a Mente Sobre a Matéria em Suas Próprias Mãos

Uma nova reviravolta surpreendente para a pesquisa do


placebo ocorreu em um estudo piloto em 2010, conduzida por
Ted Kaptchuk, com Doutorado em Medicina Oriental, por
Harvard, que demonstrou que os placebos funcionavam mesmo
quando as pessoas sabiam que estavam tomando um
placebo 23.

No estudo, Kaptchuk e seus colegas deram um placebo a 40


pacientes com Síndrome do Intestino Irritável (SII). Cada paciente
recebeu um frasco claramente rotulado como “comprimidos de
placebo” e lhes foi dito que continha “comprimidos de placebo
composto de uma substância inerte, como comprimidos de
açúcar que mostraram produzir significativa melhora para os
sintomas de SII através dos processos de autocura mente-corpo
em estudos clínicos.”.
A um segundo grupo de 40 SII não foi dado nenhum comprimido,
ele serviu apenas como um grupo de controle.
Após três semanas, o grupo que tomava o placebo reportou
duas vezes mais sintomas de alívio do que o grupo que não
estava em tratamento – uma diferença que Kaptchuk comparou
ao desempenho das melhores drogas reais para SII. Esses
pacientes não tinham sido induzidos para curar-se. Eles sabiam
muito bem que não estavam tomando nenhuma medicação –
e após terem escutado a sugestão de que os placebos
poderiam aliviar seus sintomas e acreditarem num resultado
independente da causa, seus corpos foram influenciados para
fazê-lo acontecer.

No meio tempo, uma linha paralela de estudos que examina o


efeito da atitude, das percepções e das crenças está liderando
o caminho na pesquisa mente-corpo atual, mostrando que
mesmo algo aparentemente concreto como o benefício físico
do exercício pode ser afetado pela crença.

Um estudo de 2007, realizado em Harvard, pelas psicólogas Alia


Crum, Ph.D., e Ellen Langer, Ph.D., envolvendo 84 arrumadeiras
de hotéis é um exemplo perfeito24.

No início do estudo, nenhuma das arrumadeiras sabia que o


trabalho rotineiro que elas realizavam excedia a recomendação
médica geral como quantidade saudável para o exercício diário
(30 minutos). Na verdade, 67% das mulheres disseram às
pesquisadoras que elas não se exercitavam regularmente, e 37%
disse que não fazia nenhum exercício.
Após essa avaliação inicial, Crum e Langer dividiram as
funcionárias em dois grupos. Elas explicaram ao primeiro grupo
como sua atividade se relacionava com a quantidade de
calorias que elas queimavam e que, apenas realizando suas
tarefas, elas se exercitavam mais do que o suficiente.
As psicólogas não deram nenhuma informação ao segundo
grupo (que trabalhava em hotéis diferentes do primeiro grupo e,
assim, não se beneficiaria das conversas com as outras
funcionárias).

Um mês depois, as pesquisadoras descobriram que o primeiro


grupo perdeu uma média de 800grs, reduzindo seu percentual
de gordura corporal e baixando sua pressão arterial sistólica
numa média de 10 pontos – muito embora elas não tivessem
realizado nenhum exercício adicional no trabalho ou alterado
seus hábitos alimentares de nenhum modo.
O outro grupo, fazendo o mesmo trabalho que o primeiro,
continuou praticamente inalterado.

Isto fez ecoar uma pesquisa similar realizada anteriormente em


Quebec, onde um grupo de 48 jovens participou de um
programa de exercício aeróbico por dez semanas, participando
de três sessões de exercício de 90 minutos por semana25.

O grupo foi dividido em dois. Os instrutores disseram à primeira


metade, os indivíduos a serem testados, que o estudo era
especificamente destinado a melhorar tanto a capacidade
aeróbica quanto o bem-estar psicológico.
Eles mencionaram apenas os benefícios físicos aeróbicos para a
segunda metade, que serviu como o grupo de controle.

Ao final das dez semanas, os pesquisadores descobriam que os


dois grupos tinham aumentado sua capacidade aeróbica; mas
apenas os indivíduos de teste, não os de controle, também
receberam um impulso significativo na autoestima (uma medida
do bem-estar).
Como esses estudos mostram, nossa consciência por si só pode
promover um efeito físico em nossos corpos e em nossa saúde.

O que aprendemos, a linguagem que é usada para definirmos o


que experienciaremos e como atribuímos significado às
explicações que são oferecidas, tudo afeta nossa intenção – e
quando imprimimos uma intenção maior por trás do que estamos
fazendo, naturalmente obtemos resultados melhores.

Em suma, quanto mais você aprende sobre “o que” e “por que”,


mais fácil e mais eficaz o “como” se torna (minha esperança é
que esse livro faça o mesmo por você; quanto mais você sabe o
que está fazendo e o motivo pelo qual está fazendo, melhores
os resultados que você está destinado a obter).

Também imprimimos significado aos fatores sutis, como a cor do


medicamento que tomamos e a quantidade de comprimidos
que ingerimos, como mostrado num estudo antigo, mas clássico,
da Universidade de Cincinnati.
Nesse estudo, os pesquisadores deram a 57 estudantes de
medicina uma ou duas cápsulas, rosa ou azul – todas inertes,
embora dissessem aos estudantes que as cápsulas na cor rosa
eram estimulantes e, as azuis, eram sedativas26.
Os pesquisadores reportaram, “duas cápsulas produziram mais
alterações notáveis do que uma, e as cápsulas azuis foram
associadas com mais efeitos sedativos do que as cápsulas na cor
rosa.”.
De fato, os estudantes avaliaram as pílulas azuis como sendo
duas vezes e meia mais eficazes como sedativas do que as pílulas
na cor rosa – embora todas as pílulas fossem placebos.

Uma pesquisa mais recente mostra que as crenças e percepções


também podem afetar a pontuação no desempenho mental
em testes padronizados.
Num estudo de 2006, no Canadá, 220 estudantes mulheres leram
relatórios de pesquisas falsas dizendo que os homens tinham 5%
de vantagem sobre as mulheres no desempenho em
matemática27.

O grupo foi dividido em dois, com um grupo lendo que a


vantagem era devida a fatores genéticos recentemente
descobertos; enquanto o outro grupo leu que a vantagem
resultava do modo como os professores estereotipavam garotas
e garotos na escola primária.
Daí, as participantes receberam um teste de matemática.
As mulheres que tinham lido que os homens tinham uma
vantagem genética marcou menos pontos do que as que levam
que os homens tinham uma vantagem devido ao estereótipo.
Em outras palavras, quando elas foram condicionadas a pensar
que sua desvantagem era inevitável, as mulheres tiveram um
desempenho como se verdadeiramente tivessem uma
desvantagem.

Um efeito similar foi documentado com estudantes afro-


americanos que historicamente tiveram uma pontuação menor
do que brancos nos testes de vocabulário, leitura e matemática,
incluindo o Teste de Aptidão Escolar (equivalente ao ENEM no
Brasil, nt), mesmo quando a classe socioeconômica não é um
fator.
Na verdade, a nota média dos estudantes negros fica abaixo de
70 a 80% em relação aos estudantes brancos de mesma idade
na maioria dos testes padronizados 28.
O psicólogo social, Claude Steele, Ph.D., da Universidade
Stanford, explica que um efeito chamado “ameaça do
estereótipo” é o responsável.
Sua pesquisa mostra que os estudantes que pertencem a grupos
que foram negativamente estereotipados têm um desempenho
bem inferior quando pensam que suas pontuações serão
avaliadas à luz daquele estereótipo do que quando não sentem
tal pressão29.

No estudo de referência de Steele, conduzido com Joshua


Aronson, Ph.D., os pesquisadores deram uma série de testes de
raciocínio para os estudantes do segundo ano de Stanford.
Alguns dos estudantes receberam instruções que funcionaram
como prime (o prime/priming é um efeito experimental que se
refere à influência que um evento antecedente tem sobre o
desempenho de um evento posterior, nt) no estereótipo de que
a pontuação dos negros era menor do que a dos brancos
dizendo que o teste que estavam prestes a fazer foi concebido
para medir sua capacidade cognitiva; enquanto, aos outros, foi
informado que o teste era meramente uma ferramenta de
pesquisa sem importância.

No grupo onde o estereótipo recebeu o prime, os negros tiveram


uma pontuação mais baixa do que os brancos, que tinham
pontuações similares no Teste de Aptidão Escolar.
Quando o estereótipo não recebeu prime, o desempenho de
negros e brancos, cujas pontuações no Teste de Aptidão Escolar
eram similares, foi o mesmo – provando que o prime fez uma
diferença crítica.

Basicamente, o prime é quando alguém, algum lugar ou alguma


coisa em nosso ambiente (por exemplo, fazer um teste)
desencadeia todos os tipos de associações que estão
conectadas em nossos cérebros (que as pessoas classificadas
nesse teste pensam que os estudantes negros pontuam menos
que os brancos), fazendo com que atuemos de certos modos
(não pontuando tão alto) sem estarmos conscientes do que
estamos fazendo.

É chamado de “priming” porque funciona exatamente como


uma bomba de pressão de água. Você já tem que ter a água
no sistema da bomba para a bomba empurrar mais água para
fora. Assim, nesse exemplo, a ideia, ou crença, de que os outros
esperam que os estudantes negros pontuem menos do que os
brancos é com o a água que já está no sistema – só que ela está
ali todo o tempo. Quando você faz algo para estimular o sistema
(agarrando o cabo da bomba, ou fazendo o teste nesse caso
do exemplo), você está mexendo com todos os pensamentos,
comportamentos, emoções, que estão relacionados, e você
produz exatamente o que estava esperando emergir do sistema
todo – seja água, no caso de uma bomba, ou uma pontuação
mais baixa nos testes, se for um teste.

Pense sobre isso por um momento. A maioria dos


comportamentos automáticos que o prime elicia é produzida
pela programação inconsciente, ou subconsciente, que, na
maior parte do tempo, está acontecendo nos bastidores das
cenas de nossa consciência.
Assim, nós estamos passando pelo prime para nos comportarmos
inconscientemente durante todo o dia – sem mesmo sabermos
disso?

Steele replicou esse efeito com outros grupos estereotipados


também.
Quando Steele aplicou um teste de matemática a um grupo de
homens brancos e asiáticos que eram fortes em matemática, os
homens brancos no grupo – a quem foi dito que os asiáticos se
saiam um pouco melhores do que os brancos no teste – não
foram tão bem quanto os homens brancos do grupo de controle
– a quem não disseram isso.
Os experimentos de Steele com estudantes do sexo feminino,
fortes em matemática, mostraram resultados similares.
Novamente, quando a expectativa inconsciente dos estudantes
era que eles fariam pontuações menores, de fato era o que
ocorria.
Portanto, o maior significado por trás da pesquisa de Steele é
muito profundo: aquilo a que somos condicionados a acreditar
sobre nós mesmos, e aquilo para o qual somos programados a
pensar que outras pessoas pensam sobre nós, afetam nosso
desempenho, incluindo quão bem sucedidos somos.
É a mesma coisa com os placebos: aquilo ao qual somos
condicionados a acreditar acontecerá quando tomarmos um
comprimido, e aquilo que pensamos que todo mundo ao nosso
redor (incluindo nossos médicos) esperam que aconteça
quando tomarmos o remédio, afeta o modo como nossos corpos
responderão ao comprimido.

Seria possível que muitas drogas, ou até mesmo cirurgias,


realmente funcionam melhor porque estamos passando
repetidamente pelo prime, educados e condicionados a
acreditar em seus efeitos – quando, se não fosse pelo efeito
placebo, essas drogas poderiam não funcionar tão bem?

Você pode ser seu próprio Placebo?

Dois estudos recentes da Universidade de Toledo talvez lancem


a melhor luz sobre como só a mente consegue determinar o que
alguém percebe e vivencia30.

Para cada estudo, os pesquisadores dividiram um grupo de


voluntários saudáveis em duas categorias – otimistas e
pessimistas –, de acordo com como os voluntários responderam
as perguntas num questionário de diagnóstico.

No primeiro estudo, eles deram aos indivíduos um placebo, mas


disseram a eles que era uma droga que fariam que com que se
sentissem mal.
Os pessimistas tiveram uma reação negativa mais forte aos
comprimidos do que os otimistas.
No segundo estudo, os pesquisadores deram aos indivíduos
também um placebo, mas disseram a eles que aquilo os ajudaria
a dormir melhor.
Os otimistas relaram um sono melhor do que os pessimistas.

Assim, os otimistas tinham mais probabilidade de responder


positivamente a uma sugestão de que algo os faria se sentir
melhor, pois eles passaram peloprime para esperar pelo melhor
cenário futuro.
E os pessimistas tinham mais probabilidade de responder
negativamente à sugestão de que algo os faria se sentirem
piores, pois conscientemente, ou inconscientemente, eles
esperavam o pior resultado potencial.

É como se os otimistas estivessem inconscientemente produzindo


substâncias químicas específicas para ajudá-los a dormir,
enquanto os pessimistas estivessem inconscientemente
produzindo uma farmácia de substâncias que os fizeram se sentir
mal.

Em outras palavras, exatamente no mesmo ambiente, aqueles


com uma mentalidade positiva tendem a criar situações
positivas, enquanto aqueles com uma mentalidade negativa
tendem a criar situações negativas.
Esse é o milagre de nossa própria engenharia biológica
individual, de nosso livre arbítrio.

Embora possamos não saber exatamente quantas curas


médicas são devidas ao efeito placebo (os documentos de
Beecher, em 1955, mencionados anteriormente nesse capítulo,
afirmavam que o número era de 35%, mas as pesquisas
modernas mostram que pode varia de 10 a 100% 31), o número
global é sem dúvida extremamente significativo.

Tendo isso em conta, temos que nos perguntar, “qual o


percentual de doenças e males devidos aos efeitos dos
pensamentos negativos no Nocebo?”.
Considerando-se que as últimas pesquisas científicas em
psicologia estima que cerca de 70% de nossos pensamentos são
negativos e redundantes, o número de doenças Nocebo pode
ser realmente impressionante – certamente muito mais alto do
que percebemos 32.
Essa ideia faz bastante sentido dado que muitas condições de
saúde mental, física e emocional, parecem surgir do nada.

Embora possa parecer incrível que sua mente possa realmente


ser tão poderosa, as pesquisas das últimas décadas apontam
claramente para algumas verdades fortalecedoras: O que você
pensa é o que você vivencia, e quando tem a ver com sua
saúde, isso se torna possível pela fantástica farmacopeia que
você tem no interior de seu corpo, que automática e
requintadamente alinha seus pensamentos.
Esse dispensário miraculoso ativa naturalmente moléculas
curadoras que já existem em seu corpo – oferecendo diferentes
compostos destinados a eliciar diferentes efeitos em qualquer
número de circunstâncias diferentes. Claro, isso levanta a
questão: Como fazemos isso?

Os capítulos seguintes explicarão como tudo isso se desenrola


num nível biológico e, portanto, como você pode aplicar essa
capacidade inata de criar consciente e intencionalmente a
saúde – e a vida – que você tanto quer experienciar.

Referências:

1. H. K. Beecher, “The Powerful Placebo,” Journal of the


American Medical Association, vol. 159, no. 17: pp. 1602–1606
(1955).

2. W. B. Cannon, “Voodoo Death,” American Anthropologist,


vol. 44, no. 2: pp. 169–181 (1942).

3. O termo ‘placebo’ foi usado pela primeira vez na parte do


Salmo 116 que abre a Liturgia das Horas para os mortos. Durante
a Idade Média, a família do falecido muitas vezes contratavam
as carpideiras para cantar esses versos e, embora seu luto falso
às vezes se superasse, a palavra ‘placebo’ veio a significar
“adulador”, ou “bajulador”. No início do século 19, os médicos
começaram a administrar tônicos inertes, comprimidos e outros
tratamentos para pacificar os pacientes que não conseguiam
ajudar ou que procuravam atendimento médico para os males
imaginários; esses médicos tomaram emprestado o termo
‘placebo’ e deu a ele seu significado atual.

4. Y. Ikemi and S. Nakagawa, “A Psychosomatic Study of


Contagious Dermatitis”, Kyoshu Journal of Medical Science, vol.
13: pp. 335–350 (1962).

5. T. Luparello, H. A. Lyons, E. R. Bleecker, et al., “Influences of


Suggestion on Airway Reactivity in Asthmatic
Subjects,” Psychosomatic Medicine, vol. 30, no. 6: pp. 819–829
(1968).

6. J. D. Levine, N. C. Gordon, and H. L. Fields, “The Mechanism


of Placebo Analgesia,” Lancet, vol. 2, no. 8091: pp. 654–657
(1978); J. D. Levine, N. C. Gordon, R. T. Jones, et al., “The Narcotic
Antagonist Naloxone Enhances Clinical Pain,” Nature, vol. 272,
no. 5656: pp. 826–827 (1978).

7. R. Ader e N. Cohen, “Behaviorally Conditioned


Immunosuppression,”Psychosomatic Medicine, vol. 37, no. 4: pp.
333–340 (1975).

8. H. Benson, The Relaxation Response (New York: Morrow,


1975).

9. N. V. Peale, The Power of Positive Thinking (New York:


Prentice-Hall, 1952).

10. N. Cousins, “Anatomy of an Illness (as Perceived by the


Patient),” New England Journal of Medicine, vol. 295, no. 26: pp.
1458–1463 (1976).

11. N. Cousins, Anatomy of an Illness as Perceived by the Patient:


Reflections on Healing and Regeneration (New York: W. W.
Norton and Company, 1979).
12. T. Hayashi, S. Tsujii, T. Iburi, et al., “Laughter Up-Regulates the
Genes Related to NK Cell Activity in Diabetes,” Biomedical
Research (Tokyo, Japan), vol. 28, no. 6: pp. 281–285 (2007).

13. N. Cousins, Anatomy of an Illness as Perceived by the Patient:


Reflections on Healing and Regeneration (New York: Norton,
1979), p. 56.

14. B. S. Siegel, Love, Medicine, and Miracles: Lessons Learned


About Self-Healing from a Surgeon’s Experience with Exceptional
Patients (New York: Harper and Row, 1986).

15. I. Kirsch and G. Sapirstein, “Listening to Prozac but Hearing


Placebo: A Meta-analysis of Antidepressant
Medication,” Prevention and Treatment,vol. 1, no. 2: article
00002a (1998).

16. I. Kirsch, B. J. Deacon, T. B. Huedo-Medina, et al., “Initial


Severity and Antidepressant Benefits: A Meta-analysis of Data
Submitted to the Food and Drug Administration,” PLOS
Medicine, vol. 5, no. 2: p. e45 (2008).

17. B. T. Walsh, S. N. Seidman, R. Sysko, et al., “Placebo Response


in Studies of Major Depression: Variable, Substantial, and
Growing,” Journal of the American Medical Association, vol. 287,
no. 14: pp. 1840–1847 (2002).

18. R. de la Fuente-Fernández, T. J. Ruth, V. Sossi, et al.,


“Expectation and Dopamine Release: Mechanism of the Placebo
Effect in Parkinson’s Disease,” Science, vol. 293, no. 5532: pp.
1164–1166 (2001).

19. F. Benedetti, L. Colloca, E. Torre, et al., “Placebo-Responsive


Parkinson Patients Show Decreased Activity in Single Neurons of
the Subthalamic Nucleus,” Nature Neuroscience, vol. 7, no. 6:
587–588 (2004).

20. F. Benedetti, A. Pollo, L. Lopiano, et al., “Conscious


Expectation and Unconscious Conditioning in Analgesic, Motor,
and Hormonal Placebo/Nocebo Responses,” Journal of
Neuroscience, vol. 23, no. 10: pp. 4315–4323 (2003).
21. F. Benedetti, H. S. Mayberg, T. D. Wager, et al.,
“Neurobiological Mechanisms of the Placebo Effect,” Journal of
Neuroscience, vol. 25, no. 45: pp. 10390–10402 (2005).

22. F. Benedetti, M. Amanzio, S. Baldi, et al., “Inducing Placebo


Respiratory Depressant Responses in Humans via Opioid
Receptors,” European Journal of Neuroscience, vol. 11, no. 2: pp.
625–631 (1999).

23. T. J. Kaptchuk, E. Friedlander, J. M. Kelley, et al., “Placebos


Without Deception: A Randomized Controlled Trial in Irritable
Bowel Syndrome,”PLOS ONE, vol. 5, no. 12: p. e15591 (2010).

24. A. J. Crum and E. J. Langer, “Mind-Set Matters: Exercise and


the Placebo Effect,” Psychological Science, vol. 18, no. 2: pp.
165–171 (2007).

25. R. Desharnais, J. Jobin, C. Côté, et al., “Aerobic Exercise and


the Placebo Effect: A Controlled Study,” Psychosomatic
Medicine, vol. 55, no. 2: pp. 149–154 (1993).

26. B. Blackwell, S. S. Bloomfield, and C. R. Buncher,


“Demonstration to Medical Students of Placebo Responses and
Non-drug Factors,” Lancet, vol. 299, no. 7763: pp. 1279–1282
(1972).

27. I. Dar-Nimrod and S. J. Heine, “Exposure to Scientific Theories


Affects Women’s Math Performance,” Science, vol. 314, no. 5798:
p. 435 (2006).

28. C. Jencks and M. Phillips, eds., The Black-White Test Score


Gap(Washington, D.C.: Brookings Institution Press, 1998).

29. C. M. Steele and J. Aronson, “Stereotype Threat and the


Intellectual Test Performance of African Americans,” Journal of
Personality and Social Psychology, vol. 69, no. 5: pp. 797–811
(1995).

30. A. L. Geers, S. G. Helfer, K. Kosbab, et al., “Reconsidering the


Role of Personality in Placebo Effects: Dispositional Optimism,
Situational Expectations, and the Placebo Response,” Journal of
Psychosomatic Research, vol. 58, no. 2: pp. 121–127 (2005); A. L.
Geers, K. Kosbab, S. G. Helfer, et al., “Further Evidence for
Individual Differences in Placebo Responding: An Interactionist
Perspective,” Journal of Psychosomatic Research, vol. 62, no. 5:
pp. 563–570 (2007).

31. D. R. Hamilton, How Your Mind Can Heal Your Body (Carlsbad,
CA: Hay House, 2010), p. 19.

32. D. Goleman, B. H. Lipton, C. Pert, et al., Measuring the


Immeasurable: The Scientific Case for Spirituality (Boulder, CO:
Sounds True, 2008), p. 196; B. H. Lipton and S.
Bhaerman, Spontaneous Evolution: Our Positive Future (and a
Way to There from Here) (Carlsbad, CA: Hay House, 2009), p. 25.

Parte I

Capítulo Três – O Efeito Placebo no Cérebro

Se você já leu o meu livro anterior, ‘Breaking the Habit of Being


Yourself’, você verá que esse capítulo é uma revisão de muito
daquele material.
Se você sentir que já tem um grande domínio dessas
informações, você pode optar por ignorar esse capítulo
completamente ou dar uma passada nos conceitos para
relembrá-los, conforme necessário. Se ficar na dúvida, eu
recomendo que você leia esse capítulo, pois uma compreensão
completa do que é apresentado nele será necessária para
compreender os capítulos seguintes.

Como ilustram os dois últimos capítulos, quando nós


verdadeiramente mudamos nosso estado de ser, nossos corpos
podem responder a uma nova mente. E mudar nosso estado de
ser começa com mudarmos nossos pensamentos.
Devido ao tamanho de nosso enorme prosencéfalo, o privilegio
de ser um humano é que nós podemos tornar o pensamento
mais real do que qualquer outra coisa – e é assim que o placebo
funciona.
Para ver como o processo se desenvolve, é vital examinar e rever
os três elementos chave: condicionamento, expectativa e
significado.
Como você verá, esses três conceitos parecem funcionar juntos
na orquestração da resposta placebo.

Eu expliquei o condicionamento, o primeiro elemento, na


reflexão sobre Pavlov no capítulo anterior.

Para recapitular, o condicionamento acontece quando nós


associamos uma memória passada (por exemplo, tomar uma
aspirina) com uma alteração fisiológica (livrar-se de uma dor de
cabeça), pois experienciamos essa situação muitas vezes.
Pense nisso assim: se você percebe que tem uma dor de
cabeça, essencialmente você se torna ciente de uma alteração
fisiológica em seu ambiente interno (você está sentindo dor).
A próxima coisa que você faz automaticamente é buscar por
algo no seu mundo externo (nesse caso, uma aspirina) para criar
uma alteração em seu mundo interior.

Poderíamos dizer que foi seu estado interno (estar em dor) que
lhe levou a pensar sobre alguma escolha passada que você
tomou, uma ação que você empreendeu, ou uma experiência
que você teve em sua realidade externa que mudou como você
estava se sentindo (tomando uma aspirina e obtendo alívio).

Assim, o estímulo, ou um sinal, do mundo externo, chamado de


aspirina, cria uma experiência específica.
Quando essa experiência produz uma resposta fisiológica, ou um
prêmio, ela muda seu ambiente interno.
No momento em que você percebe uma mudança em seu
ambiente interno, você presta atenção ao que foi em seu
ambiente externo que causou a mudança.
Esse acontecimento – onde algo fora de você muda algo dentro
de você – é chamado de uma memória associativa.

Se continuarmos repetindo o processo repetidas vezes, por


associação o estímulo externo pode se tornar tão forte, ou
reforçado, que podemos substituir a aspirina por uma pílula de
açúcar que se pareça com uma aspirina e ela produzirá uma
resposta interna automática (diminuindo a dor da enxaqueca).
Esse é um dos modos como o placebo funciona.
As imagens 3.1A, a 3.1B e a 3.1C ilustram o processo do
condicionamento.

A expectativa, o segundo elemento, entra em cena quando


temos uma razão para antecipar um resultado diferente.
Assim, por exemplo, se temos uma dor crônica de uma artrite e
recebemos um novo medicamento do médico, que
entusiasticamente nos explica que ele está destinado a aliviar
nossa dor, nós aceitamos a sugestão dele e esperamos que,
quando tomarmos esse novo medicamento, algo diferente vá
ocorrer (não estaremos mais com dor). Daí, na verdade, nosso
médico influenciou nosso nível de sugestionabilidade.

Uma vez que nos tornamos mais sugestionáveis, naturalmente


estamos associando algo fora de nós mesmos (a nova
medicação) com uma possibilidade diferente (estarmos livres da
dor).
Em nossas mentes, estamos escolhendo um futuro potencial
diferente e esperando, antecipando e mantendo a expectativa
que obteremos aquele resultado diferente.
Se, emocionalmente, aceitarmos e, então, abraçarmos esse
novo resultado que selecionamos e a intensidade de nossa
emoção for grande o bastante, nossos cérebros e nossos corpos
não saberão a diferença entre imaginar que mudamos nosso
estado de ser para ficarmos livres da dor e o acontecimento real
que causou a mudança para um novo estado de ser. Para o
cérebro e o corpo, eles são mesmo.
Na Figura 3.1A, um estímulo produz uma mudança fisiológica
chamada de uma resposta ou um prêmio.
A Figura 3.1B demonstra que, se seu para é um estímulo com um
estímulo condicionado vezes o bastante, ele ainda produzirá
uma resposta.
A Figura 3.1C mostra que, se você remover o estímulo e substituir
por um estímulo condicionado – como um placebo – ele pode
produzir a mesma resposta fisiológica.

Consequentemente, o cérebro dispara os mesmos circuitos


neurais, como se nosso estado houvesse mudado (se a droga
funcionou para aliviar a dor), enquanto libera substâncias
químicas similares para o corpo. Daí, o que estamos esperando
(ficarmos livres da dor) realmente acontece porque o cérebro e
o corpo criam a farmácia perfeita para alternar nossa condição
interna.
Estamos agora num novo estado de ser – ou seja, a mente e o
corpo estão funcionando como um. Somos poderosos assim.

Atribuir significado, o terceiro elemento, a um placebo o ajuda a


funcionar, pois quando damos um novo significado a uma ação,
então teremos acrescentado intenção por trás dela.
Em outras palavras, quando aprendemos e entendemos algo
novo, colocamos naquilo mais de nossa consciência, de energia
proposital.
Assim, por exemplo, no estudo sobre as arrumadeiras no hotel, do
capítulo anterior, assim que elas entenderam quanto exercício
físico estavam fazendo todo dia a penas por executar seus
trabalhos, assim como os benefícios daquele exercício, elas
atribuíram mais significado àquelas ações. Elas não estavam
somente passando o aspirador de pó, esfregando e limpando;
elas perceberam que estavam trabalhando seus músculos,
aumentando sua força e queimando calorias. Pois a aspiração
do pó, a esfregação, e a lavagem tiveram mais significado –
depois que as pesquisadoras as instruíram a respeito das
vantagens físicas do exercício, a intenção das arrumadeiras, ou
o apontamento de que o modo como elas trabalhavam não era
apenas para completar suas tarefas; era também para
exercitarem-se fisicamente e se tornarem mais saudáveis.
E foi exatamente o que aconteceu.

Os membros do grupo de controle não atribuíram o mesmo


significado às suas tarefas, pois eles não sabiam que o que
estavam fazendo era benéfico para sua saúde, então eles
também não receberam os mesmos benefícios – muito embora
estivessem realizando exatamente as mesmas ações.

O placebo funciona do mesmo jeito. Quanto mais você acredita


que uma substância particular, um procedimento, ou uma
cirurgia, funcionarão porque você se educou a respeito de seus
benefícios, melhores são suas chances de responder ao
pensamento de melhorar sua saúde e de ficar melhor.
Em outras palavras, se você colocar mais significado por trás de
uma possível experiência com uma pessoa, um lugar ou uma
coisa em seu ambiente externo, de modo a mudar seu ambiente
interno, então você tem mais probabilidade de ser bem
sucedido em mudar intencionalmente seu estado interno
apenas com o pensamento. Além disso, quanto mais você
aceitar um novo resultado relacionado à sua saúde – pois você
se educou a respeito dos possíveis prêmios do que você está
fazendo –, mais claro o modelo que você está criando em sua
própria mente e, assim, melhor você ficará em efetuar o
processo de prime em seu cérebro e em seu corpo para replicar
exatamente isso.
Dito simplesmente, quanto mais você acredita na causa, melhor
o efeito.

O Placebo: Anatomia de um Pensamento

Se o efeito placebo é uma função de como um pensamento


pode mudar a fisiologia – nós podemos chamá-lo de a mente
sobre a matéria –, então talvez devêssemos examinar nossos
pensamentos e como eles interagem com nossos cérebros e
nossos corpos.

Vamos começar com nossos próprios pensamentos diários.

Somos criaturas de hábito. Temos algo em torno de 60.000 a


70.000 pensamentos num dia1, e 90% desses pensamentos são
exatamente os mesmos que tivemos no dia anterior. Nós nos
levantamos do mesmo lado da cama, realizamos a mesma
rotina no banheiro, penteamos nosso cabelo do mesmo modo,
sentamos na mesma cadeira quando tomamos o café da
manhã e seguramos nossa caneca com a mesma mão, dirigimos
a mesma rota e fazemos as mesmas coisas que sabemos como
fazer tão bem com as mesmas pessoas (empurramos os mesmos
botões emocionais) todos os dias.
E, daí, nos apressamos e vamos para casa de forma que
possamos nos apressar e verificar nossos e-mails, assim podemos
nos apressar e jantar, de modo que podemos nos apressar e
assistir nossos programas favoritos de TV, assim podemos nos
apressar e escovar nossos dentes na mesma hora de rotina para,
desse modo, nos apressarmos e cair na cama no mesmo horário,
assim podemos nos apressar e fazer tudo isso novamente no dia
seguinte.

Se isso soa como se eu estivesse dizendo que vivemos grande


parte de nossas vidas no piloto automático, isso está exatamente
certo. Ter os mesmos pensamentos nos leva a fazer as mesmas
escolhas. Fazer as mesmas escolhas nos leva a demonstrar os
mesmos comportamentos. Demonstrar os mesmos
comportamentos nos leva a criar as mesmas experiências. Criar
as mesmas experiências nos leva a produzir as mesmas emoções.
E, então, essas mesmas experiências nos levam aos mesmos
pensamentos.

Dê uma olhada na Figura 3.2 e siga a sequência de como nossos


mesmos pensamentos criam a mesma realidade, como de
hábito.
Como criamos a mesma realidade apenas com o pensamento

Como um resultado desse processo consciente ou inconsciente,


sua biologia permanece a mesma. Nem seu cérebro e nem seu
corpo mudam, pois você está pensando os mesmos
pensamentos, realizando as mesmas ações e vivendo pelas
mesmas emoções – mesmo que você possa esperar
secretamente que sua vida irá mudar.

Você cria a mesma atividade cerebral, o que ativa os mesmos


circuitos cerebrais, e reproduz as mesmas substâncias químicas,
o que afeta a química de seu corpo do mesmo modo.

E essa mesma química assina os mesmos genes do mesmo modo.


E a mesma expressão de genes cria as mesmas proteínas, os
blocos construídos de células, o que mantém o corpo o mesmo
(falarei mais sobre proteínas mais adiante). E já que a expressão
das proteínas é a expressão da vida, ou da saúde, sua vida e sua
saúde continuam as mesmas.

Agora, dê uma olhada em sua vida por um momento. O que ela


significa para você? Se você está pensando os mesmos
pensamentos de ontem, é mais provável que você esteja
fazendo as mesmas escolhas hoje. Essas mesmas escolhas hoje
estão levando aos mesmos comportamentos amanhã. Os
mesmos comportamentos habituais estão produzindo as mesmas
experiências em seu futuro. Os mesmos acontecimentos em sua
realidade futura estão criando as mesmas emoções previsíveis
para você durante todo o tempo. E, como resultado, você está
sentindo a mesma coisa todo dia. Seu ontem se torna seu
amanhã – então, na verdade, seu passado é seu futuro.

Se você concorda comigo até esse ponto, então nós


poderíamos dizer que a sensação familiar que acabei de
descrever é “você” – sua identidade, ou sua personalidade. É seu
estado de ser. E ele é confortável, sem esforço e automático. É o
você conhecido que, bem francamente, está vivendo no
passado.
Quando você mantém esse processo redundante acontecendo
uma base diária (porque você acorda de manhã e antecipa, e
se lembra da sensação de “você” todo dia), com o tempo esse
estado conhecido de ser pode levar apenas aos mesmos
pensamentos que influenciarão você a ansiar pelo mesmo ciclo
automático de escolhas, comportamentos e experiências, de
modo a você chegar naquele sentimento familiar que você
pensa como “você”. Desse modo tudo continua o mesmo em
relação à sua personalidade.

Se essa é sua personalidade, então sua personalidade cria sua


realidade pessoal. É simples assim.
E sua personalidade é composta de como você pensa, como
você age e como você sente.
Portanto, a personalidade atual que está lendo essa página
criou a realidade pessoa atual chamada ‘sua vida’; e isso
também significa que se você quer criar uma nova realidade
pessoal – uma nova vida –, então você tem que começar a
examinar, ou a pensar sobre, os pensamentos que você tem
pensado e muda-los.
Você deve se tornar consciente dos comportamentos
inconscientes que você tem escolhido demonstrar que têm
levado às mesmas experiências e, daí, você deve fazer novas
escolhas, realizar novas ações e criar novas experiências.

A Imagem 3.3 mostra como sua personalidade influencia sua


realidade pessoal.
Sua personalidade é composta de como você pensa, age e
sente. Isso é seu estado de ser. Portanto, seus mesmos
pensamentos, ações e sentimentos manterão você escravizado
à mesma realidade pessoal passada. Contudo, quando você,
como uma personalidade, abraça novos pensamentos, ações e
sentimentos, inevitavelmente você criará uma nova realidade
pessoal em seu futuro.

Você deve observar e prestar atenção a essas emoções que


você memorizou e pelas quais você tem vivido numa base diária,
e decidir se viver por essas emoções de novo e de novo é amar
você.
A maioria das pessoas tenta criar uma nova realidade pessoal
sendo a mesma personalidade antiga, e isso não funciona. De
forma a mudar sua vida, você tem que literalmente se tornar
outra pessoa. Fique atento a alguns dados científicos sólidos que
apoiam esse processo. Dê uma olhada na Imagem 3.4 e siga a
sequencia novamente.
Como criamos uma nova realidade apenas com o pensamento

Assim, se você entende esse modelo, então você deve


concordar comigo que seus novos pensamentos devem levar a
novas escolhas.
Novas escolhas devem levar a novos comportamentos. Novos
comportamentos devem levar a novas experiências. Novas
experiências devem criar novas emoções, e novas emoções e
sensações devem lhe inspirar a pensar de novos modos.
Isso é chamado de “evolução”. E sua realidade pessoal e sua
biologia – seu circuito cerebral, sua química interna, sua
expressão genética e, finalmente, sua saúde – deve mudar
como um resultado dessa nova personalidade, desse novo
estado de ser.

E tudo isso parece começar com um pensamento.

Uma rápida olhada em como o cérebro funciona


Até agora, eu mencionei brevemente termos como circuito
cerebral, redes neurais, química cerebral e expressão genética,
sem lhe dar muita explicação sobre o que significavam.

Assim, até o restante do capítulo, eu quero delinear algumas


compreensões científicas simples sobre como o cérebro e o
corpo trabalham em conjunto de forma a construir um modelo
completo de como você realmente pode se tornar seu próprio
placebo.

Seu cérebro, que é composto de, pelo menos, 75% de água e


tem a consistência de um ovo cozido é feito de algumas 100
bilhões de células nervosas, chamadas de neurônios,
perfeitamente dispostas e suspensas nesse ambiente aquoso.
Cada célula nervosa se assemelha a uma árvore de carvalho
desprovida de folhas, mas elástica, com ramos ondulados e
sistemas de raízes que se conectam e se desconectam a outras
células nervosas. O número de ligações que uma determinada
célula nervosa pode variar de 1.000 a mais de 100.000
dependendo de onde no cérebro reside a célula nervosa.
Por exemplo, seu Neocórtex – seu cérebro pensante – tem algo
em torno de 10.000 a 40.000 ligações por neurônio.

Costumávamos pensar no cérebro como um computador e,


embora existam certamente algumas semelhanças, sabemos
agora que há muito mais na história.
Cada neurônio tem seu próprio biocomputador único, com mais
de 60 megabytes de RAM (do inglês Random Access Memory,
Memória de Acesso Aleatório em português, nt). Ele é capaz de
processar enormes quantidades de informação – até centenas
de milhares de funções por segundo.
Quando aprendemos coisas novas e temos novas experiências
em nossas vidas, nossos neurônios fazem novas conexões,
trocando informação eletroquímica uns com os outros.
Essas conexões são chamadas de conexões sinápticas, pois o
lugar onde as células trocam informação – a brecha entre o
ramo de um neurônio e a raiz de outro – é chamado de uma
sinapse.
Se aprender é fazer novas conexões sinápticas, então lembrar-se
é manter essas conexões tecidas juntas. Assim, na verdade, uma
memória é um relacionamento de longo termo, ou uma
conexão entre as células nervosas. E a criação dessas conexões
e o modo como elas mudam com o correr do tempo, alteram a
estrutura física do cérebro.

Quando o cérebro realiza essas mudanças, nossos pensamentos


produzem uma mistura de várias químicas chamadas de
neurotransmissores (serotonina, dopamina e acetilcolina são
alguns exemplos que você pode reconhecer).
Quando pensamos pensamentos, os neurotransmissores num
ramo de uma árvore de um neurônio atravessa a brecha
sináptica para atingir a raiz da outra árvore de neurônio. Assim
que eles cruzam essa brecha, o neurônio dispara com um raio
elétrico de informação. Quando continuamos a pensar os
mesmos pensamentos, o neurônio continua disparando do
mesmo modo, fortalecendo o relacionamento entre as duas
células, assim eles podem transmitir mais prontamente um sinal
da próxima vez que esses neurônios dispararem.
Como resultado, o cérebro mostra evidência física de que algo
não apenas foi aprendido, mas também lembrado. Esse
processo de fortalecimento seletivo é chamado de potenciação
sináptica.

Quando a floresta de neurônios dispara em uníssono para


fortalecer um novo pensamento, uma química adicional (uma
proteína) é criada no interior da célula nervosa e faz seu
caminho para o centro da célula, ou núcleo, onde ele aporta no
DNA. Daí, a proteína liga-se a vários genes. Já que o trabalho dos
genes é fazer proteínas que mantenham a estrutura e o
funcionamento do corpo, a célula nervosa rapidamente faz uma
nova proteína para criar novos ramos entre as células nervosas.
Assim, quando repetimos um pensamento, ou uma experiência,
vezes o bastante, nossas células cerebrais não só fazem
conexões mais fortes umas com as outras (o que afeta nossas
funções fisiológicas), mas também uma maior quantidade de
conexões completas (o que afeta a estrutura do corpo físico). O
cérebro se torna mais enriquecido microscopicamente.
Portanto, assim que você pensa um novo pensamento, você
muda – neurologicamente, quimicamente e geneticamente. Na
verdade, você pode ganhar milhares de novas conexões em
questão de segundos a partir de um aprendizado romanceado,
de novos modos de pensar e de experiências novas. Isso significa
que, apenas pelo pensamento, você pode ativar pessoal e
imediatamente novos genes. Isso acontece apenas por mudar
sua mente; é a mente sobre a matéria.

O Prêmio Nobel Eric Kandel, M.D., demonstrou que, quando


novas memórias são formadas, a quantidade de conexões
sinápticas nos neurônios sensórios que são estimuladas dobra
para 2.600.
Contudo, a menos que a experiência original aprendida seja
repetida várias vezes, o número das novas conexões volta para
as 1.300, em questão de apenas três semanas.

Portanto, se repetimos o que aprendemos vezes o bastante,


fortalecemos comunidades de neurônios para fortalecer-nos em
lembrar-nos da próxima vez. Se não o fizermos, então as
conexões sinápticas em breve desaparecem e a memoria é
apagada. Por isso é importante que continuamente atualizemos,
revisemos e nos lembremos de nossos novos pensamentos,
escolhas, comportamentos, hábitos, crenças e experiências se
quisermos que eles se solidifiquem em nossos cérebros2.
A imagem 3.5 lhe ajudará a se tornar familiarizado com os
neurônios e com as redes neurais.

Para ter uma ideia de quão vasto esse sistema realmente é,


imagine uma célula nervosa se conectando a 40.000 outras
células nervosas. Digamos que ela está processando 100.000 bits
de informação por segundo e partilhando essa informação com
outros neurônios que também estão processando 100.000
funções por segundo.
Essa rede, formada a partir de aglomerados de neurônios
funcionando juntos, é chamada de uma cadeira neural (ou uma
rede neural, para resumir).
As redes neurais formam comunidades de conexões sinápticas.
Também podemos chamá-las de seu circuito neural.
Assim, como há mudanças físicas nas células nervosas que
compõem a matéria cinza de seu cérebro, e como os neurônios
são selecionados e instruídos a se organizar nessas vastas redes
capazes de processar centenas de milhões de bits de
informação, o hardware físico do cérebro também muda,
adaptando-se para a informação recebida do ambiente.
Com o tempo, quando as redes neurais são repetidamente
ativadas – convergindo e divergindo propagações de atividade
elétrica como uma tempestade louca de raios em grossas
nuvens –, o cérebro continuará usando os mesmos sistemas de
hardware (as redes neurais físicas), mas também criará um
programa, um software (uma rede neural automática).

É assim que os programas são instalados no cérebro. O hardware


cria o software, e o sistema de software é embutido o hardware
– e toda vez que o software é usado, ele reforça o hardware.

Essa é uma simples representação gráfica dos neurônios numa


rede neural. O espaço minuto entre os ramos dos neurônios
individuais que facilita a comunicação entre eles é chamado de
brecha sináptica. Cerca de 100.000 neurônios podem caber no
mesmo espaço, como um grão de areia, e haverá mais que um
bilhão de conexões entre eles.
Portanto, quando você está pensando os mesmos pensamentos
e tendo os mesmos sentimentos todo o tempo, por você não
estar aprendendo ou fazendo nada novo, seu cérebro está
disparando seus neurônios e ativando as redes neurais
exatamente nas mesmas sequências, padrões e combinações.
Eles se tornam os programas automáticos que você usa
inconscientemente todos os dias.
Você tem uma rede neural automática para falar uma língua,
para barbear-se, para maquiar-se, para digitar num
computador, para julgar seu colega de trabalho, e assim por
diante, pois você executou essas ações tantas vezes que elas se
tornaram praticamente inconscientes. Você não tem mais que
pensar sobre elas conscientemente. Não há dificuldade.

Você reforçou esses circuitos tantas vezes que eles se


tornaram entrelaçados. As conexões entre os neurônios se
tornam mais e mais unidas, os circuitos adicionais são formados
e os ramos realmente se expandem e se tornam fisicamente mais
grossas – assim como podemos fortalecer e reforçar uma ponte,
construir algumas estradas novas, ou ampliar uma rua para
acomodar mais tráfego.

Um dos princípios mais básicos na neurociência declara que


“células que disparam juntas permanecem conectadas” 3.
Conforme seu cérebro dispara repetidamente do mesmo modo,
você está reproduzindo o mesmo nível de mente.
De acordo com a neurociência, a mente é o cérebro em ação,
ou a trabalho. Assim, podemos dizer que, se você está se
lembrando de quem você pensa que é numa base diária
reproduzindo a mesma mente, você está fazendo o seu cérebro
disparar dos mesmos modos e você ativará as mesmas redes
neurais durante anos a fio.
Na época em que você alcançar seus 30 e poucos anos, seu
cérebro terá se organizado para uma assinatura bem limitada de
programas automáticos – e esse padrão fixo é chamado de sua
identidade.

Pense nisso como uma caixa dentro de seu cérebro. Não há uma
caixa literal dentro de sua cabeça, é claro. Mas, é seguro dizer
que pensar dentro da caixa significa que você entrelaçou seu
cérebro num padrão limitado, como ilustrado na Imagem 3.6.
Reproduzindo o mesmo nível de mente repetidas vezes, o
conjunto mais comumente disparado, neurologicamente tecido,
de circuitos predeterminou quem você é como um resultado de
sua própria vontade.

Se seus pensamentos, escolhas, comportamentos, experiências


e estados emocionais permanecem os mesmos durante anos a
fio – e os mesmos pensamentos são sempre iguais aos mesmos
sentimentos, reforçando o mesmo ciclo interminável – então seu
cérebro se torna tecido numa assinatura finita. Isso porque você
está recriando a mesma mente todo dia fazendo seu cérebro
disparar nos mesmos padrões.

Com o tempo, isso reforça biologicamente um conjunto limitado


específico de redes neurais, fazendo seu cérebro fisicamente
mais propenso a criar o mesmo nível de mente – agora você está
pensando na caixa. A totalidade desses circuitos tecidos é
chamada de sua identidade.
Neuroplasticidade

Assim, nosso objetivo precisa ser pensar fora da caixa para fazer
o cérebro disparar de novos modos, como ilustra a Imagem 3.7.
É isso o que significa ter uma mente aberta, pois sempre que
você faz seu cérebro trabalhar de modo diferente, você está
literalmente mudando sua mente.

As pesquisas mostram que conforme usamos nossos cérebros,


eles crescem e mudam, graças à neuroplasticidade – a
capacidade do cérebro de adaptar-se e mudar quando
aprendemos novas informações. Por exemplo, quanto mais os
matemáticos estudam matemática, mais ramos neurais brotam
na área do cérebro usada para a matemática4. E após anos de
desempenho nas sintonias e orquestras, os músicos profissionais
expandem a parte de seus cérebros associados às habilidades
com a linguagem e com a música5.

Quando você aprende novas coisas e começa a pensar de


novos modos, você está fazendo seu cérebro disparar em
sequências, padrões e combinaçoes diferentes. Ou seja, você
está ativando muitas redes variadas de neurônios de modos
diferentes. E sempre que você faz seu cérebro funcionar de
modo diferente, você está mudando sua mente. Quando você
começa a pensar fora da caixa, novos pensamentos devem
levar a novas escolhas, novos comportamentos, novas
experiencias e novas emoçoes. Agora sua identidade também
está mudando.

Os termos científicos oficiais para como a neuroplasticidade


funciona são poda e brotação, que significam exatamente
como soam: livrar-se de algumas conexões neurais, padrões e
circuitos e criar novos.
Num cérebro que funciona bem, esse processo pode acontecer
em questão de segundos.

Os pesquisadores na Universidade da Califórnia em Berkeley


demonstravam isso num estudo com ratos de laboratório. Eles
descobriram que ratos vivendo num ambiente enriquecido
(partilhando uma gaiola com irmãos, filhos e tendo tendo acesso
a muitos brinquedos diferentes) tinham cérebros maiores, com
mais neurônios e mais conexões entre os neurônios do que os
ratos em ambientes menos enriquecidos6.
Novamente, quando aprendemos novas coisas e temos novas
experiências, estamos literalmente mudando nossos cérebros.

Para quebrar as correntes da programação entretecida e do


condicionamento que que lhe mantém sendo o mesmo, é
necessário um esforço considerável. Também é necessário
conhecimento, pois quando você aprende informação vital
sobre si ou sobre sua vida, você costura um padrão todo novo
para o bordado tridimensional de sua própria matéria cinza.
Aí você tem mais matéria prima para fazer o cérebro funcionar
de um modo novo e diferente. Você começa a perceber e a
pensar a realidade de um modo diferente, pois você começa a
ver sua vida através das lentes de uma nova mente.

Atravessando o Rio da Mudança


Nesse ponto, você pode ver que, de forma a mudar, você tem
que se tornar consciente de seu eu inconsciente (que você
agora sabe que é apenas um conjunto de programas
entrelaçados).

A parte mais difícil a respeito da mudança é não fazer as mesmas


escolhas que fizemos no dia anterior. A razão pela qual é tão
difícil é que no momento em que não estamos mais pensando
os mesmos pensamentos que levam às mesmas escolhas – que
nos levam a agir automaticamente, de modos habituais,
possibilitando-nos experienciar os mesmos eventos de forma a
reafirmar as mesmas emoções de nossa identidade –
imediatamente nos sentimos desconfortáveis.
Esse novo estado de ser não é familiar; ele é desconhecido. Ele
não soa “normal”. Não nos sentimos mais como se fossemos nós
mesmos – pois não somos nós mesmos. E como tudo soa incerto,
não mais conseguimos predizer os sentimentos do eu familiar e
como ele é refletido para nós em nossas vidas.

Tão desconfortável quanto isso possa ser inicialmente, esse é o


momento em que sabemos que demos um passo para o rio da
mudança. Entramos no desconhecido.
No instante em que não mais formos nosso eu antigo, teremos
cruzado uma brecha entre o eu antigo e o novo eu, o que a
Imagem 3.8 claramente.
Em outras palavras, não entramos simplesmente numa nova
personalidade em questão de instantes. Leva tempo.
Atravessar o Rio da Mudança requer que você deixe para trás o
mesmo eu familiar previsível – conectado aos mesmos
pensamentos, às mesmas escolhas, aos mesmos
comportamentos, e aos mesmos sentimentos – e entre num vazio,
ou no desconhecido.
A brecha entre o eu antigo e o novo eu é a morte biológica de
sua antiga personalidade.
Se o eu antigo deve morrer, então você tem que criar um novo
eu com novos pensamentos, novas escolhas, novos
comportamentos e novas emoções.

Entrar nesse rio é caminhar em direção a um novo eu não


familiar, imprevisível. O desconhecido é o único lugar onde você
pode criar – você não pode criar nada a partir do conhecido.

Geralmente, quando as pessoas pisam no rio da mudança,


aquele vazio entre o eu antigo e o novo eu é tão desconfortável
que elas, imediatamente, escorregam de volta para seus eus
antigos. Inconscientemente, elas pensam “isso não me faz sentir
bem, estou desconfortável” ou “não me sinto tão bem”.
No momento em que elas aceitam o pensamento, ou a
autossugestão (e tornam-se sugestionáveis aos seus próprios
pensamentos), inconscientemente elas fazem as mesmas
escolhas antigas novamente, que as levarão à progressão dos
mesmos comportamentos habituais para criar as mesmas
experiências que, automaticamente, endossam as mesmas
emoções e sentimentos. E, daí, elas dizem a si mesmas “isso me
faz sentir bem”. Mas, o que elas realmente querem dizer é que
elas não se sentem familiarizadas.

Assim que entendemos que atravessar o rio da mudança e sentir


aquele desconforto é realmente a morte biológica, neurológica,
química e até genética do eu antigo, temos o poder sobre a
mudança e podemos estabelecer nossas visões para o outro
lado do rio.
Se abraçarmos o fato de que a mudança é a desnaturação do
circuito entrelaçado de anos pensando inconscientemente do
mesmo modo, poderemos lidar com ela.
Se entendermos que o desconforto que sentimos é o
desmantelamento de velhas atitudes, crenças e percepções
que foram repetidamente gravadas em nossa arquitetura
cerebral, poderemos resistir.
Se pudermos racionalizar que as ânsias com as quais lutamos no
meio da mudança são retiradas reais dos vícios químicos
emocionais do corpo, poderemos domá-las.
Se pudermos compreender que as variações biológicas reais
estão ocorrendo a partir dos hábitos e comportamentos
subconscientes em que nossos corpos estão mudando a nível
celular, poderemos moldá-las.
E se pudermos nos lembrar que estamos modificando nossos
próprios genes a partir dessa vida e a partir de incontáveis
gerações anteriores, podemos permanecer focados e inspirados
até o fim.

Algumas pessoas chamam essa experiência de ‘a noite escura


da alma’. É a fênix inflamando a si mesma e queimando até as
cinzas. O eu antigo tem que morrer para que um novo eu
renasça. É claro, isso soa desconfortável!

Mas, isso é bom, pois esse desconhecido é o estado perfeito a


partir do qual criar – é o estado onde as possibilidades existem.
O que poderia ser melhor do que isso?
A maioria de nós foi condicionada a correr do desconhecido,
então agora temos que aprender a nos tornarmos confortáveis
no vazio, ou no desconhecido, ao invés de temê-lo.

Se você me dissesse que não gostaria de estar nesse vazio


porque é muito desorientador e que não pode ver o que reside
além porque você não pode predizer seu futuro, eu diria que isso
é realmente ótimo, pois o melhor modo de predizer o futuro é
criá-lo – não do conhecido, mas do desconhecido.

Quando o novo eu nasce, nós devemos ser biologicamente


diferentes também. As novas conexões neurais devem ser
brotadas e seladas pela escolha consciente do que pensar e de
como agir de novos modos todos os dias.
Essas conexões devem ser reforçadas pela repetição das
mesmas experiências até que se tornem um hábito.
Novos estados químicos devem se tornar familiares para nós a
partir das emoções de várias experiências novas. E novos genes
devem ser assinados para fazer novas proteínas para alterar
nosso estado de ser de novos modos.
E se, como temos visto, a expressão das proteínas é a expresso
da vida, e a expressão da vida é igual à saúde do corpo, então
um novo nível de saúde e de vida estrutural e funcional se
seguirá. Uma mente renovada e um corpo renovado devem
emergir.

Aí, quando um novo dia amanhecer para nós, após a longa


noite da escuridão e a fênix se elevar, ressurgida de suas cinzas,
teremos inventado um novo eu. E a expressão física, biológica,
do novo eu é literalmente tornar-se outra pessoa. Essa é a
verdadeira metamorfose.

Superando seu ambiente

Outra maneira de olhar para o cérebro é dizer que ele é


organizado para refletir tudo o que você sabe e tem vivenciado
em sua vida.

Agora você pode entender que a cada vez que você interagiu
com seu mundo externo, esses eventos moldaram e modelaram
quem você é hoje.
A complexa rede de neurônios que é disparada e tecida juntas
durante seus dias na Terra formou trilhões e trilhões de conexões
porque você aprendeu e formou memórias.
E já que todos os lugares onde um neurônio se conecta com
outro neurônio é chamado de “uma memória”, então seu
cérebro é um registro vivo do passado.
As vastas experiências com cada pessoa e coisa nas diferentes
épocas e lugares em seu ambiente foram estampadas nos
recessos de sua massa cinzenta.
Então, por natureza, a maioria de nós está pensando no passado
porque estamos usando o mesmo hardware e os mesmos
programas de software de nossas memórias passadas.
E se estamos vivendo a mesma vida todos os dias ao fazer as
mesmas coisas ao mesmo tempo, ao ver as mesmas pessoas nos
mesmos lugares, e criando as mesmas experiências de ontem,
então estamos nos escravizando a ter nossos mundos externos
influenciando nossos mundos internos. É nosso ambiente que está
controlando como pensamos, agimos e sentimos.

Somos vítimas de nossas realidades pessoais porque nossas


realidades pessoais estão criando nossas personalidades – e esse
está se tornado um processo inconsciente.
Então, é claro, ele reafirma o mesmo pensamento e sentimento,
e agora há um tango, ou uma correspondência, entre nossos
mundos externos e nossos mundos internos, e eles se fundem e se
tornam o mesmo – e nós também.

Se nosso ambiente está regulando como pensamos e sentimos


todos os dias, então, para mudarmos, algo em relação a nós ou
às nossas vidas teria que ser maior do que as circunstâncias em
nosso ambiente.

Pensar e sentir, e sentir e pensar

Assim como os pensamentos são a linguagem do cérebro, os


sentimentos são a linguagem do corpo. E como você pensa e
como você sente criam um estado de ser. Um estado de ser é
quando sua mente e seu corpo estão funcionando juntos.
Assim, seu estado atual de ser é sua conexão mente-corpo
genuína.

Toda vez que você tem um pensamento, além de fazer


neurotransmissores, seu cérebro também faz outra química –
uma pequena proteína chamada neuropeptídio, que envia uma
mensagem para seu corpo.
Seu corpo, então, reage tendo um sentimento.
O cérebro percebe que o corpo está tendo um sentimento,
então o cérebro gera outro pensamento compatível
exatamente com aquele sentimento, o que produzirá mais das
mesmas mensagens químicas que lhe permitem pensar do modo
como você estava sentindo.

Assim, pensar cria sentimento e, daí, sentir cria pensamento, que


é igual àqueles sentimentos. É um círculo (um círculo que, para a
maioria das pessoas, pode durar anos). E como o cérebro age
nos sentimentos do corpo, gerando os mesmos pensamentos
que produzirão as mesmas emoções, torna-se claro que
pensamentos redundantes entrelaçam seu cérebro num padrão
fixo de neurocircuitos.

Mas, o que acontece no corpo?


Como os sentimentos são o modus operandi do corpo, as
emoções que você continuamente sente –baseado em seu
pensamento automático – condicionarão o corpo para
memorizar essas emoções que são iguais à mente e ao cérebro
entretecidos inconscientemente. Isso significa que a mente
consciente realmente não está no comando. O corpo foi
subconscientemente programado e condicionado, de um
modo muito real, para se tornar sua própria mente.

Finalmente, quando esse círculo de pensamento e sentimento, e


de sentimento e pensamento, estiver em operação tempo o
bastante, nossos corpos memorizam as emoções que nossos
cérebros assinaram nossos corpos para sentir. O ciclo se torna tão
estabelecido e arraigado que cria um estado familiar de ser – um
estado baseado em informação antiga que continua se
reciclando. Essas emoções, que não são nada mais que registros
químicos de experiências passadas, estão conduzindo nossos
pensamentos e atuando de novo e de novo novamente.
Enquanto isso continua, estamos vivendo no passado. Não
imagina que seja tão difícil para nós mudar nosso futuro!

Se os neurônios estão disparando do mesmo jeito, eles estão


desencadeando os mesmos neurotransmissores químicos e os
neuropeptídios no cérebro e no corpo e, em seguida, essas
mesmas substâncias químicas começam a treinar o corpo para
se lembrar mais dessas emoções alterando-o fisicamente mais
uma vez.
As células e tecidos recebem esses sinais químicos muito
específicos nos locais receptores específicos. Os locais
receptores são parecidos a estações locais para os mensageiros
químicos. Os mensageiros se encaixam perfeitamente nos locais,
como uma peça de um quebra-cabeças infantil no qual certas
peças, como um círculo, um triângulo, ou um quadrado, se
encaixam nas aberturas específicas.

Pense nesses mensageiros químicos, que são realmente


moléculas de emoção, como se carregando códigos de barras
que capacitam as células receptoras a lerem a energia
eletromagnética dos mensageiros. Quando a correspondência
exata é realizada, o local receptor se prepara. O mensageiro
aporta, a célula recebe as mensagens químicas e, daí, a célula
cria, ou altera, uma proteína. A nova proteína ativa o DNA da
célula no interior do núcleo. O DNA se abre e se desenrola, o
gene está pronto para a mensagem correspondente de fora da
célula e a célula faz uma nova proteína de seu DNA (por
exemplo, um hormônio particular) e a libera para o corpo.

Agora o corpo está sendo treinado pela mente. Se esse processo


continua durante anos e anos – já que os mesmos sinais fora da
célula estão vindo do mesmo nível de mente no cérebro (porque
a pessoa está pensando, agindo e sentindo o mesmo em todos
os dias) –, então faz sentido que os mesmos genes sejam ativados
do mesmo modo, pois o corpo está recebendo a mesma
informação do ambiente.
Não há novos pensamentos inflamados, nenhuma escolha nova
sendo feita, nenhum comportamento novo demonstrado,
nenhuma experiência sendo abraçada e nenhum sentimento
criado. Quando os mesmos genes são repetidamente ativados
pela mesma informação do cérebro, então os genes continuam
sendo selecionados de novo e de novo novamente, e assim
como as engrenagens num carro, eles começam a se desgastar.
O corpo faz proteínas com estruturas mais fracas e menos
funcionais. Ficamos doentes e envelhecemos.
Com o tempo, um de dois cenários pode ocorrer. A inteligência
da membrana da célula, que está consistentemente recebendo
a mesma informação, pode se adaptar às necessidades e
exigências do corpo modificando seus espaços receptores,
assim ela pode acomodar mais dessas substâncias químicas.
Basicamente, ela cria mais estações locais para satisfazer a
demanda – assim como os supermercados abrem linhas
adicionais de verificação quando as filas ficam muito longas. Se
o negócio permanece bom (se essas mesmas substâncias
químicas continuam ocorrendo), então você terá que contratar
mais empregados e manter mais linhas se abrindo. Agora o
corpo está igual e se torna a mente.
No outro cenário, a célula se torna também sobrecarregada
com o contínuo bombardeamento de sensações e emoções
numa base momento-a-momento para permitir que todos os
mensageiros químicos aportem. Como as mesmas substâncias
químicas estão mais ou menos se pendurando fora da porta da
estação local da célula dia após dia, a célula se acostuma com
essas substâncias estando ali. Assim, apenas quando o cérebro
produz um monte de emoções elevadas, a célula se torna capaz
de abrir suas portas.
Uma vez que você aumenta a intensidade da emoção, a célula
é estimulada o suficiente, de modo que as portas da estação
local se abram e a célula se ativa (você lerá mais sobre a
importância da emoção mais adiante – essa é a parte chave da
equação do placebo).

No primeiro cenário, quando a célula faz novos locais


receptores, o corpo ansiará por essas substâncias químicas
específicas quando o cérebro não as fizer de modo suficiente, e,
consequentemente, nossos sentimentos determinarão nosso
pensamento – nossos corpos controlarão nossas mentes. É isso o
que quero dizer quando digo que o corpo memoriza a emoção.
Ele se torna biologicamente condicionado e alterado para ser
um reflexo da mente.

No segundo cenário, uma vez que a célula está sobrecarregada


pelo bombardeio e os receptores se tornam insensíveis, então
assim como o vício a uma droga faz, o corpo exigirá uma
emoção química maior para ativar a célula. Em outras palavras,
para que o corpo se torne estimulado e obtenha sua correção,
você precisará ficar mais irritado, mais preocupado, mais
culpado, ou mais confuso do que da última vez. Você pode
sentir a necessidade de começar um pouco de drama gritando
com seu cão sem nenhuma razão, apenas para dar ao corpo
sua droga escolhida. Ou talvez você não consiga ficar sem falar
sobre quanto você despreza sua sogra apenas para que o corpo
tenha ainda mais substâncias químicas disponíveis com força
suficiente para ativar a célula. Ou você pode começar a ficar
obcecado com algum resultado horrível imaginado, só para o
corpo obter um impulso de hormônios suprarrenais. Quando o
corpo não estiver conseguindo ter suas necessidades químicas
emocionais atendidas, ele enviará sinais para o cérebro fazer
mais dessas substâncias químicas – o corpo está controlando a
mente. Isso soa bastante como um vício. Então, agora, quando
eu uso o termo vício emocional, você entenderá o que quero
dizer.

Quando os sentimentos se tornam os meios do pensamento,


dessa maneira – ou não conseguimos pensar de modo mais
grandioso do que como nos sentimos –, então estamos no
programa. Nosso pensamento é o modo como nos sentimos e
nossos sentimentos é o modo como pensamos. O que nós
vivenciamos é como uma fusão de pensamentos e sentimentos
– estamos “semtipensando” ou “pensentindo”.
Já que somos pegos nesse ciclo, então nossos corpos, como a
mente inconsciente, realmente acreditam que estão vivendo na
mesma experiência passada 24 horas por dia, 7 dias por
semana, 365 dias por ano.
Nossas mentes e corpos são um, alinhados a um destino
predeterminado por nossos programas inconscientes. Assim,
mudar exige ser maior do que o corpo e todas as suas memórias
emocionais, vícios e hábitos inconscientes – ou seja, não mais
sermos definidos pelo corpo como a mente.

A repetição do ciclo do pensar e sentir e, daí, do sentir e pensar,


é o processo condicionador do corpo que a mente consciente
revela.
Uma vez que o corpo se torna a mente, isso é chamado de
“hábito” – um hábito é quando seu corpo é a mente. Noventa
por cento de quem você é pela época em que está com 35
anos de idade, é um conjunto de comportamentos, habilidades,
reações emocionais, crenças, percepções e atitudes
memorizadas, que funcionam como um programa
subconsciente automático de computador.

Assim, 95% de quem você é, é um estado de ser subconsciente,


ou inconsciente. E isso significa que os 5% de sua mente
consciente estão trabalhando contra os 95% do que você
memorizou subconscientemente.
Você pode pensar positivamente tudo o que quiser, mas esses
5% de sua mente que estão conscientes se sentirão como se
nadando contra a corrente dos outros 95% de sua mente – sua
substância química corporal inconsciente que tem sido
relembrada e memorizada, qualquer que seja a negatividade
que você vem abrigando nos últimos 35 anos; essa é a mente e
corpo trabalhando em oposição. Não imagina que você não
tenha muito clareza quando tenta lutar com essa corrente!

É por isso que eu chamei meu último livro de ‘Breaking the Habito
f Being Yourself’ (Quebrando o Hábito de Ser Si Mesmo, título em
português mais de acordo com a tradução do significado em
inglês, nt), pois esse é o maior hábito que temos que quebrar –
pensar, sentir e se comportar do mesmo jeito que reforça os
programas inconscientes que refletem nossas personalidades e
nossas realidades pessoais.
Não podemos criar um novo futuro enquanto estamos vivendo
em nosso passado. Isso é simplesmente impossível.

O que é necessário para ser seu próprio placebo

Eis um exemplo que juntará tudo isso.


Intencionalmente, estou escolhendo um evento negativo
porque esse tipo de evento tende a nos manter limitados, ao
passo que eventos bem sucedidos, que nos capacitam, que nos
alavancam, geralmente nos ajudam a criar um futuro melhor
(esse processo ficará claro em breve).
Assim, digamos que você teve uma terrível experiência passada
ao falar em público, que lhe cicatrizou emocionalmente (sinta-
se à vontade para substituir qualquer experiência
emocionalmente cicatrizante de sua escolha aqui).
Por causa dessa experiência, agora você teme se levantar para
falar em frente de um grupo de pessoas. Isso faz com que você
se sinta inseguro, ansioso, e nada confiante. Só de pensar a
respeito de olhar para até mesmo 20 pessoas numa sala, faz com
que seu garganta trave, suas mãos fiquem geladas e úmidas, seu
coração se acelera, seu rosto e pescoço ficam vermelhos, seu
estomago se contorce e seu cérebro congela.

Todas essas reações estão sob a jurisdição de seu sistema


nervoso autônomo, o sistema nervoso que funciona
subconscientemente – abaixo de seu controle consciente.
Pense no autônomo como automático – ele é a parte do sistema
nervoso que regula a digestão, os hormônios, a circulação, a
temperatura corporal, e assim por diante, sem ter nenhum
controle consciente sobre eles.
Você não pode decidir mudar sua frequência cardíaca, alterar
o fluxo sanguíneo para suas extremidades a fim de refrigerá-lo,
aquecer seu rosto e pescoço, mudar as secreções metabólicas
de suas enzimas digestivas, ou desativar milhões de células
nervosas impedindo-as de disparar sob comando. Tente quanto
puder mudar conscientemente qualquer uma dessas funções,
você provavelmente descobrirá que não será capaz de fazer
isso.

Assim, quando seu corpo faz essas alterações fisiológicas


autônomas é porque você associou o pensamento futuro de
estar em pé diante de uma audiência fazendo uma
apresentação com a memória emocional passada de sua
apresentação pública fracassada.
E quando esse pensamento, essa ideia ou possibilidade futura
está consistentemente associado com os sentimentos passados
de ansiedade, fracasso, ou vergonha, com o tempo a mente
condicionará o corpo a responder automaticamente a esse
sentimento. É assim que nos movemos continuamente para
estados de ser familiares – nossos pensamentos e sentimentos se
tornam um com o passado porque não podemos pensar de
modo mais grandioso do que como nos sentimos.

Agora, vamos dar uma olhada mais próxima em como isso


funciona dentro de nosso cérebro.
O evento particular que foi gravado e padronizado
neurologicamente como uma memória passada (lembre-se, a
experiência nutre o circuito cerebral) se torna fisicamente
entrelaçado em seu cérebro, como uma pegada.
Como consequência, você pode refaz seus passos e recorda da
experiência negativa de falar em público, como um
pensamento. De maneira a você se lembrar disso sob sua
vontade, a experiência deve ter tido carga emocional
significativa suficiente também.
Assim, você também traz emocionalmente à mente todas as
sensações relativas à sua tentativa frustrada de ser um orador
bem sucedido, pois se parece com quando você estava
quimicamente alterado pela experiência.

Quero salientar que as sensações e as emoções são os produtos


finais das experiências passadas. Quando você é pego numa
experiência, seus sentidos capturam o evento e então
transmitem toda essa informação vital de volta para seu cérebro
através de cinco vias sensoriais diferentes.
Assim que todos esses dados novos alcançam o cérebro,
multidões de células nervosas se organizam em novas redes para
refletir o novo evento externo.
No momento em que esses circuitos se gelatinam, o cérebro faz
uma substância química para sinalizar o corpo e alterar sua
fisiologia. Essa substância química é chamada de uma
sensação, ou, uma emoção.
Assim, nós podemos lembrar eventos passados porque podemos
nos lembrar de como eles nos fizeram sentir.
Então, quando sua palestra foi fracassada, toda informação que
seus cinco sentidos estavam absorvendo em seu ambiente
externo mudou como você estava se sentindo em seu ambiente
interno. A informação que seus sentidos estavam processando –
a visão dos rostos na audiência; a expansividade da sala; as luzes
brilhantes acima de sua cabeça; o som ecoando no microfone;
o silêncio ensurdecedor depois de sua primeira tentativa em
fazer uma piada; a elevação imediata da temperatura na sala
no momento em que você começou a falar; o cheiro de sua
antiga colônia evaporando com seu próprio suor – mudaram seu
estado interior de ser.
E no momento em que você correlacionou esse evento único em
seu mundo externo dos sentidos (a causa) com as mudanças
ocorrendo em seu mundo interno de pensamentos e sentimentos
(o efeito), você criou uma memória. Você associou uma causa
a um efeito – e seu próprio processo de condicionamento
começou.

Assim, após a tortura autoinflingida daquele dia, que felizmente


terminou sem frutas ou legumes podres sendo atirados em sua
direção, você correu para casa. Na corrida, você continuou se
lembrando do evento diversas vezes. E em vários graus, toda vez
que você se lembrava (que é exatamente isso: reprodução do
mesmo nível de mente) de sua experiência, você produziu as
mesmas mudanças químicas em seu cérebro e corpo.
Em certo sentido, repetidamente você reafirmou o passado e
continuou o processo do condicionamento.

Como seu corpo age conforme sua mente inconsciente, ele não
sabe a diferença entre o evento real em sua vida, que criou o
estado emocional, e as emoções que você criou apenas pelo
pensamento quando você se lembrou do evento.
Seu corpo acreditou que estava vivendo na mesma experiência
repetidas vezes, muito embora você realmente estivesse sozinho,
no conforto de seu carro, e o corpo respondeu fisiologicamente,
como se você realmente estivesse revivendo aquela experiência
no tempo presente.
Quando você disparava e entrelaçava os circuitos em seu
cérebro, derivados dos pensamentos relacionados àquela
experiência, você estava fisicamente mantendo as conexões
sinápticas, e estava criando ainda mais conexões duradouras no
interior dessas redes – você estava criando uma memória de
longo prazo.

Assim que você chegou em casa, você contou a seu parceiro,


seus amigos e talvez até mesmo à sua mãe sobre os
acontecimentos daquele dia. Enquanto você descrevia o
trauma nos graves detalhes, você estava se trabalhando numa
espuma emocional. Enquanto você também se aliviava das
emoções do incidente, quimicamente você condicionou seu
corpo ao evento do dia passado. Fisiologicamente você estava
treinando seu corpo para tornar-se sua história pessoal –
subconscientemente, inconscientemente e automaticamente.

Nos dias que se seguiram você ficou de mal humor. As pessoas


não conseguiram evitar perceber isso, e todas as vezes em que
alguém lhe perguntava “o que há de errado?”, você não
conseguia resistir. Oportunisticamente, você os convidava para
ficar mais viciado ao impulso da química de seu passado. O
clima emocional criado daquela experiência foi apenas uma
longa reação emocional que durou dias.
Semanas sentindo-se do mesmo modo, a cada vez que você se
lembrava do evento – tornaram-se meses, até mesmo anos –,
transformou-se numa reação emocional prolongada.
Agora isso não é apenas uma parte de seu temperamento,
caráter e natureza, mas também sua personalidade. É quem
você é.

Se alguém lhe pedir para falar em frente a um grupo novamente,


automaticamente você se encolhe, se retrai e se torna ansioso.
Seu ambiente externo está controlando seu ambiente interno, e
você é incapaz de ser maior do que isso. Como você espera que
o pensamento de que seu futuro (o evento do falar em público)
seja mais parecido com a sensação de seu passado (tormento
insuportável), como mágica, o seu corpo, como a mente,
automática e subconscientemente responde.
Tente quanto você puder, parecerá como se sua mente
consciente não pode ganhar controle sobre isso. Em questão de
segundos, uma série de respostas condicionadas de seu cérebro
e a própria farmácia do corpo manifestarão – profunda
sudorese, boca seca, joelhos bambos, náusea, enjoo, falta de ar,
e uma fadiga incontrolável – tudo a partir de um simples
pensamento que muda sua fisiologia.
Soa como o placebo para mim.

Se você pudesse, você abriria mão da oportunidade de falar,


dizendo algo como “não sou um orador público”, “fico inseguro
na frente de pessoas”, “sou um apresentador ruim”, ou “tenho
muito medo de falar na frente de grandes audiências”.
Sempre que você diz “eu...” (insira suas próprias palavras aqui), o
que você está declarando é que sua mente e corpo estão
alinhados para um futuro, ou que seus pensamentos e
sentimentos são um com seu destino.
Você está reforçando um estado memorizado de ser.

Se, por acaso, lhe perguntassem o motivo pelo qual você


escolheu ser definido por seu passado, bem como por sua
própria limitação, estou certo de que você contaria uma história
igual às suas memórias e emoções passadas – reafirmando a si
mesmo como sendo desse jeito. Você provavelmente até
embelezaria um pouco.
De um nível biológico, o que você realmente estaria é
proclamando que você foi alterado fisicamente, quimicamente
e emocionalmente a partir daquele evento vários anos atrás e
que não mudou muito desde então. Você escolheu ser definido
por sua própria limitação.

Nesse exemplo, alguém poderia dizer que você está escravizado


por seu corpo (pois ele agora se tornou a mente), você está
preso pelas condições em seu ambiente (pois a experiência das
pessoas e das coisas em certos lugares e tempo está
influenciando como você pensa, age e sente), e você está
perdido no tempo (pois você está vivendo no passado e
antecipando o mesmo futuro, sua mente e corpo nunca estão
no momento presente).
Assim, para mudar seu estado atual de ser, você teria que ser
maior do que esses três elementos: seu corpo, seu ambiente e o
tempo.

Portanto, relembrando o início desse capítulo, onde você leu


que o placebo é criado a partir de três elementos – o
condicionamento, a expectativa e o significado – você agora
pode ver que você é seu próprio placebo. Por quê?
Porque esse três elementos entram em cena nos exemplos
anteriores.
Primeiro, como um treinador de um animal talentoso, você
condicionou seu corpo para um estado subconsciente de ser,
onde mente e corpo são um – seus pensamentos e sentimentos
fundiram-se – e seu corpo agora foi programado para ser
automaticamente, biologicamente e fisiologicamente a mente,
apenas pelo pensamento.
E sempre que um estímulo de seu ambiente externo lhe é
apresentado – como uma oportunidade de ensinar – você
condiciona seu corpo, assim como Pavlov condicionou seus
cães para, subconsciente e automaticamente, responder à
mente da experiência passada.

Como a maioria dos estudos com os placebos mostra que um


simples pensamento pode ativar o sistema nervoso autônomo do
corpo e produzir significativas mudanças fisiológicas, então você
está regulando seu mundo interno simplesmente associando um
pensamento com uma emoção.
Todos os seus sistemas autônomos e subconscientes estão sendo
reforçados neuroquimicamente pelos sentimentos familiares e
sensações corporais relacionados a seu medo – e sua biologia
reflete isso perfeitamente.

Segundo, se sua expectativa é a de que seu futuro


provavelmente será como seu passado, então você não apenas
está pensando o passado, mas também selecionando um futuro
conhecido baseado apenas em seu passado e abraçando
emocionalmente esse evento, até que seu corpo (como a
mente inconsciente) acredita que está vivendo nesse futuro no
momento presente.
Toda sua atenção fica na realidade conhecida, previsível, o que
faz com que você limite quaisquer escolhas novas,
comportamentos, experiências e emoções.
Inconscientemente, você está prevendo seu futuro agarrando-
se fisiologicamente ao passado.

Terceiro, se você atribui significado, ou intenção consciente a


uma ação, o resultado é amplificado. O que você está dizendo
a si mesmo numa base diária (nesse caso, que você não é um
bom orador e que falar em público provoca uma reação de
pânico) é o que tem significado para você.
Você se tornou suscetível às suas próprias autossugestões. E se
seu conhecimento presente é baseado em suas próprias
conclusões das experiências passadas, então, sem nenhum
conhecimento, você sempre estará criando o resultado igual à
sua mente. Mude seu significado e mude sua intenção, e assim
como fizeram as arrumadeiras do hotel no estudo do último
capítulo, você muda os resultados.

Portanto, se você está tentando efetuar uma mudança positiva


para criar um novo estado de ser, ou se você está correndo no
piloto automático e ficando preso no mesmo estado de ser
antigo, a verdade é que você sempre tem sido seu próprio
placebo.

Referências:

1. A. Vickers, People v. the State of Illusion, dirigido por S. Cervine


(Phoenix, AZ: Exalt Films, 2012), film; ver também Laboratory of
Neuro Imaging, University of California, Los Angeles,
http://www.loni.ucla.edu/About_Loni/education/brain_trivia.sht
ml

2. L. R. Squire and E. R. Kandel, Memory: From Mind to


Molecules (New York: Scientific American Library, 1999); see also
D. Church, The Genie in Your Genes: Epigenetic Medicine and
the New Biology of Intention (Santa Rosa, CA: Elite Books, 2007),
p. 94.

3. Também conhecida como Regra de Hebb, ou Lei de Hebb;


ver D. O. Hebb,The Organization of Behavior: A
Neuropsychological Theory (New York: John Wiley & Sons, 1949).

4. K. Aydin, A. Ucar, K. K. Oguz, et al., “Increased Gray Matter


Density in the Parietal Cortex of Mathematicians: A Voxel-Based
Morphometry Study,”American Journal of Neuroradiology, vol.
28, no. 10: pp. 1859-1864 (2007).
5. V. Sluming, T. Barrick, M. Howard, et al., “Voxel-Based
Morphometry Reveals Increased Gray Matter Density in Broca’s
Area in Male Symphony Orchestra Musicians,” NeuroImage, vol.
17, no. 3: pp. 1613–1622 (2002).

6. M. R. Rosenzweig and E. L. Bennett, “Psychobiology of Plasticity:


Effects of Training and Experience on Brain and
Behavior,” Behavioural Brain Research, vol. 78, no. 1: pp. 57–65
(1996); E. L. Bennett, M. C. Diamond, D. Krech, et al., “Chemical
and Anatomical Plasticity Brain,” Science, vol. 146, no. 3644: pp.
610–619 (1964).

Parte I

Capítulo Quatro - O Efeito Placebo no Corpo

Num refrescante dia de Setembro de 1981, um grupo de oito


homens em seus 70 e 80 anos subiram em algumas vans dirigindo-
se para duas horas do norte de Boston, para um monastério em
Peterborough, em New Hampshire.

Os homens estavam prestes a participar de um retiro de cinco


dias onde lhes pediriam para fingir que eram jovens novamente
– ou ao menos 22 anos mais jovens do que eram na época.
O retiro foi organizado por uma equipe de pesquisadores,
liderada pela psicóloga de Harvard, Ellen Langer, Ph.D., que
escolheria outro grupo de oito homens idosos para o mesmo
lugar na semana seguinte. Aos homens no segundo grupo, o
grupo de controle, foi pedido para que se lembrassem
ativamente de serem 22 anos mais jovens, para fingir que não
tinham sua idade atual.

Quando o primeiro grupo de homens chegou ao monastério, se


encontraram cercados por todos os tipos de pistas de um
ambiente que os ajudariam a recriar uma idade anterior. Eles
escorregaram para antigas publicações da Life (revista norte-
americana de fotojornalismo fundada em 1936, existente até o
ano de 2000, nt) e do Saturday Evening Post (revista semanal
norte-americana fundada em 1821, existente até o ano de 1969,
nt), e eles escutaram gravações de Perry Como e Nat King Cole
no rádio. Eles também falaram sobre eventos “atuais”, como a
ascensão de Fidel Castro ao poder em Cuba, a visita do primeiro-
ministro russo Nikita Khrushchev aos Estados Unidos e até mesmo
dos feitos da estrela do beisebol, Mickey Mantle, e do grande
boxeador Floyd Patterson. Todos esses elementos foram
inteligentemente concebidos para ajudar os homens a imaginar
que eram realmente 22 anos mais jovens.

Após cada grupo de cinco dias no retiro, os pesquisadores


fizeram várias medições e as compararam àquelas feitas antes
do estudo. Os corpos dos homens de ambos os grupos estavam
fisiologicamente mais jovens, estruturalmente tão bem quanto
funcionalmente, embora os do primeiro grupo do estudo (que
fingiram ser mais jovens) melhoraram significativamente mais que
o grupo de controle, que apenas recordaram.

Os pesquisadores descobriram melhorias na altura, no peso e na


marcha. Os homens ficaram mais altos quando suas posturas se
endireitaram, e suas articulações se tornaram mais flexíveis, seus
dedos mais alongados, enquanto suas artrites diminuíram. Sua
acuidade visual e auditiva ficou ainda melhor. Sua força de
pressão melhorou. Sua memória ficou afiada e eles pontuaram
melhor nos testes de cognição mental (com o primeiro grupo
melhorando a própria pontuação em 63% comparada a 44% do
grupo de controle).
Os homens, literalmente, se tornaram mais jovens nesses cinco
dias, exatamente em frente dos olhos dos pesquisadores.

Langer relatou que “no final do estudo, eu estava jogando


futebol – de toque, mas ainda assim era futebol – com esses
homens, alguns dos quais desistiram de suas bengalas”2.

Como isso aconteceu? Claramente, os homens foram capazes


de ativar os circuitos em seus cérebros, que os lembrou de quem
eles tinham sido 22 anos atrás e, em seguida, de algum modo,
sua substância química magicamente respondeu. Eles não
apenas se sentiam mais jovens, fisicamente se tornaram mais
jovens – como evidenciado pelas medições. A mudança não
estava apenas em suas mentes, estava em seus corpos.

Mas, o que aconteceu em seus corpos para produzir tais


transformações físicas marcantes? O que poderia ser
responsável por todas essas mudanças mensuráveis na estrutura
física e funcional?
A resposta está em seus genes – que não são tão imutáveis
quanto você pode pensar.
Assim, vamos passar algum tempo olhando para o que
exatamente são os genes e como eles funcionam.

Desmistificando o DNA

Imagine uma escada, ou um zíper, torcido numa espiral, e você


terá uma imagem bastante boa de como se parece o ácido
desoxirribonucleico (mais conhecido como DNA).

Armazenado no núcleo de toda célula viva em nossos corpos, o


DNA contém a informação bruta, ou instruções, que nos fazem
ser quem e o que somos (embora, como você verá em breve,
essas instruções não são um modelo imutável que nossas células
devam seguir durante toda nossa vida).
Cada metade desse zíper de DNA contém ácidos nucleicos
correspondentes que, em conjunto, são chamados de pares de
base, contabilizando cerca de três bilhões por célula. Grupos de
longas sequências desses ácidos nucleicos são chamados de
genes.

Os genes são pequenas estruturas únicas. Se você tivesse que


tirar o DNA do núcleo de apenas uma célula em seu corpo e
esticá-lo de ponta a ponta, ele teria uns dois metros de
comprimento. Se você tirasse todo o DNA de todo o seu corpo e
o esticasse de ponta a ponta, ele iria ao, e voltaria do, sol 150
vezes3. Mas, se você tirasse todo o DNA de quase sete bilhões de
pessoas no planeta e o amassasse junto, ele caberia num
espaço tão pequeno quanto um grão de arroz.
Nosso DNA usa as instruções impressas no interior de suas
sequências individuais para produzir proteínas.
A palavra proteína é derivada do grego ‘protos’, significando
“de importância indispensável”.
As proteínas são as matérias-primas que nossos corpos usam para
construir não apenas estruturas coerentes tridimensionais (nossa
anatomia física), mas também as funções intricadas e
complexas interações que compõem nossa fisiologia.
Nossos corpos são, de fato, máquinas produtoras de proteínas.

As células musculares produzem actina e miosina; células de pele


produzem colágeno e elastina; células do sistema imunológico
produzem anticorpos; células da tireoide produzem tiroxina;
certas células do olho produzem queratina; células da medula
óssea produzem hemoglobina; e células pancreáticas produzem
enzimas como a protease, a lipase, e a amilase.

Todos os elementos que essas células fabricam são proteínas. As


proteínas controlam nosso sistema imunológico, digerem nossa
comida, curam nossas feridas, catalisam reações químicas,
apoiam a integridade estrutural de nossos corpos, fornecem
moléculas elegantes para se comunicar entre as células e muito
mais.
Em suma, as proteínas são a expressão da vida (e da saúde de
nossos corpos). Dê uma olhada na Imagem 4.1 e reveja uma
compreensão simplista dos genes.
Essa é uma representação bem simplista de uma célula com o
DNA alojado no interior do núcleo da célula. O material
genético, uma vez estendido em filamentos individuais, se
parece a um zíper torcido, ou a uma escada chamada de uma
hélice de DNA. Os degraus da escada são os ácidos nucléicos
que são emparelhados juntos, que agem como códigos para
produzir as proteínas. Um comprimento diferente e uma
sequência de DNA é chamado de um gene.
Um gene é expresso quando produz uma proteína. Várias células
do corpo produzem diferentes proteínas de estrutura e função.

Pelos 60 anos, desde que James Watson, Ph.D., e Francis Crick,


Ph.D., descobriram a dupla hélice de DNA, proclamada por
Watson num artigo de 1970 da Nature4 (revista científica norte-
americana fundada em 1869, nt) como o “dogma central” que
os genes de alguém determinam tudo, o tempo passou rápido.
Como evidências contraditórias surgiram aqui e ali, os
pesquisadores tendem a rejeitá-lo como uma mera anomalia
dentro de um sistema complexo5.
Alguns 40 e tantos anos mais tarde, o conceito do determinismo
genético ainda reina na mente pública geral. A maioria das
pessoas acredita no equívoco comum de que nosso destino
genético é predeterminado e que se herdamos os genes para
certos cânceres, doenças cardíacas, diabetes ou qualquer outra
quantidade de outras condições, não temos mais controle sobre
isso do que temos sobre a cor de nossos olhos, ou a forma de
nossos narizes (além das lentes de contato e da cirurgia plástica).

Os meios de comunicação reforçam isso sugerindo


repetidamente que genes específicos provocam essa condição
ou aquela doença. Eles nos programaram para acreditar que
somos vítimas de nossa biologia e que nossos genes têm o poder
final sobre nossa saúde, nosso bem-estar e nossas personalidades
– e até mesmo que nossos genes ditam nossas questões
humanas, determinam nossos relacionamentos interpessoais e
preveem nosso futuro. Mas, somos quem somos e fazemos o que
fazemos porque nascemos desse jeito?
Esse conceito implica em que o determinismo genético
está profundamente enraizado em nossa cultura e que há genes
para a esquizofrenia, genes para a homossexualidade, genes
para a liderança, e assim por adiante.

Essas são todas as crenças datadas construídas sobre as noticias


de ontem. Primeiro de tudo, não há gene para a dislexia, ou para
o DDA (Transtorno de Déficit de Atenção, nt), ou para o
alcoolismo, por exemplo; assim, nem toda condição de saúde,
ou variação física é associada a um gene. E pouco menos que
5% das pessoas no planeta nascem com alguma condição
genética – como o Diabetes tipo 1, a Síndrome de Down, ou a
anemia falciforme. Os outros 95% de nós que desenvolvem tal
condição a adquirem através do estilo de vida e dos
comportamentos6. O outro lado também é verdadeiro: nem
todo mundo que nasce com os genes associados com uma
condição (digamos com Alzheimer ou câncer de mama)
termina sendo vítima dela.
Não é como se nossos genes fossem ovos que finalmente
eclodirão um dia. Não é assim que isso funciona. As questões
reais são se qualquer gene que possamos estar carregando
pode, ou não, se expressar e se o que estamos fazendo pode
assinar aquele gene ativando-o ou desativando-o.

A grande mudança no modo como olhamos para nossos genes


ocorre quando os cientistas finalmente mapearem o genoma
humano.
Em 1990, no início do projeto, os pesquisadores esperavam que
eventualmente descobririam que temos 140.000 genes
diferentes. Eles vieram com esse número porque os genes
fabricam as (e supervisionam a produção das) proteínas – e o
corpo humano fabrica 100.000 proteínas diferentes, mais 40.000
proteínas regulatórias necessárias para produzir outras proteínas.
Assim, os cientistas, mapeando o genoma humano, estavam
antecipando que encontrariam um gene por proteína, mas no
final do projeto, em 2003, eles ficaram chocados ao descobrir
que, na verdade, os humanos têm apenas 23.688 genes.

Da perspectiva do dogma central de Watson, isso não apenas


não é genes o bastante para criar a complexidade dos corpos e
mantê-los funcionando, mas também nem mesmo genes o
bastante para manter o funcionamento do cérebro. Então, se
não está contida nos genes, de onde vem toda essa informação
que é necessária para criar tantas proteínas e suster a vida?

O Gênio de seus Genes

A resposta para essa questão leva a uma nova ideia: os genes


devem trabalhar juntos numa cooperação sistêmica uns com os
outros de modo que muitos sejam expressos (ativados) ou
suprimidos (desativados) ao mesmo tempo no interior da célula;
é a combinação dos genes que são ativados a qualquer
momento que produz todas as proteínas diferentes das quais
dependemos para a vida.

Imagine um fio de luzes natalinas numa árvore de natal com


algumas piscando juntas enquanto outras se apagam. Ou
imagine o horizonte de uma cidade à noite – com as luzes em
cada cômodo individual, de cada prédio, sendo ligadas ou
desligadas conforme a noite avança.
Isso não acontece aleatoriamente, é claro. Todo o genoma, ou
fita de DNA sabe o que todas as outras partes estão fazendo de
modo interconectado, que está intimamente coreografado.
Cada átomo, molécula, célula, tecido e sistema do corpo
funcionam num nível energético coerente igual ao estado de ser
intencional ou não intencional (consciente ou inconsciente) da
personalidade individual7.
Assim, faz sentido que os genes possam ser ativados (ligados) ou
desativados (desligados) pelo ambiente externo à célula, o que
às vezes significa que o ambiente dentro do corpo (os estados
de ser emocional, biológico, neurológico, mental, energético e
até mesmo o espiritual) e em outras vezes significa o ambiente
fora do corpo (trauma, temperatura, altitude, toxinas, bactérias,
vírus, comida, álcool, e assim por diante).

Os genes são, de fato, classificados pelo tipo de estímulo que os


ativa e desativa.
Por exemplo, genes dependentes de experiência ou
dependentes de atividades são ativados quando estamos tendo
experiências novas, aprendendo novas informações e curando.
Esses genes geram sínteses de proteína e mensageiros químicos
para instruis as células-tronco a se transformar em quaisquer tipos
e células necessárias no momento da cura (em breve falaremos
mais sobre células-tronco e seu papel na cura).

Genes dependentes do estado comportamental são ativados


durante períodos de alta elevação emocional, estresse, ou níveis
diferentes de consciência (incluindo o sonho). Eles fornecem
uma ligação entre nossos pensamentos e nossos corpos – ou seja,
eles são a conexão mente-corpo. Esses genes oferecem uma
compreensão de como podemos influenciar nossa saúde em
estados de mente e corpo que promovem o bem-estar, a
resistência física e a cura.

Os cientistas agora acreditam que é até mesmo possível que


nossa expressão genética flutue numa base momento-a-
momento. As pesquisas estão revelando que nossos
pensamentos e sentimentos, assim como nossas atividades – ou
seja, nossas escolhas, comportamentos e experiências – têm
profundos efeitos curativos e regenerativos em nossos corpos,
como foi descoberto no estudo dos homens no monastério.

Assim, seus genes estão sendo afetados por suas interações com
sua família, amigos, colegas de trabalho e práticas espirituais,
bem como por seus hábitos sexuais, seus níveis de exercício e os
tipos de detergentes que você usa.
As últimas pesquisas mostram que aproximadamente 90% dos
genes estão envolvidos em cooperação com os sinais do
ambiente 8. E se a nossa experiência é o que ativa uma boa
quantidade dos nossos genes, então nossa natureza é
influenciada pela nutrição. Assim, por que não aproveitar o
poder dessas ideias de modo a podermos fazer todo o possível
para maximizar nossa saúde e minimizar nossa dependência em
relação às prescrições médicas?

Como Ernest Rossi, Ph.D., escreve em ‘The Psychobiology of Gene


Expression’ (A Psicobiologia da Expressão do Gene): “Nossos
estados subjetivos da mente, comportamento conscientemente
motivado, e nossa percepção de livre arbítrio podem modular a
expressão do gene para otimizar a saúde.”9
Os indivíduos podem alterar seus genes durante uma única
geração, de acordo com os últimos pensamentos
científicos. Embora o processo da evolução genética possa
levar milhares de anos, um gene pode alterar bem
sucedidamente sua expressão através da mudança de
comportamento ou de uma experiência nova dentro de minutos
e, em seguida, ele pode ser passado adiante para a próxima
geração.

É de ajuda pensar em nossos genes menos como tábuas de


pedra sobre as quais nosso destino foi cerimoniosamente
esculpido e mais como armazéns de uma enorme quantidade
de informação codificada , ou mesmo enormes bibliotecas de
possibilidades, para a expressão de proteínas. Mas, não
podemos chamar a informação armazenada apenas para fazer
uso dela do modo como uma empresa poderia pedir algo de
seu armazém. É como se não soubéssemos o que está
armazenado, ou como acessar o que está armazenado, por isso
acabamos usando apenas uma pequena porção do que está
verdadeiramente disponível. Na verdade, atualmente
expressamos apenas algo em torno de 1.5% de nosso DNA,
enquanto os outros 98.5% permanece dormente no corpo (os
cientistas chamam a isso de “DNA lixo”, mas isso não é realmente
lixo – eles apenas não sabem ainda como todo esse material é
usado, embora eles saibam que, ao menos um pouco dele, é
responsável pela produção das proteínas reguladoras).

“Na realidade, os genes contribuem com nossas características,


mas não as determinam”, escreve Dawson Church, Ph.D., em seu
livro ‘The Genie in Your Genes’ (O Gênio em Seus Genes, nt). “As
ferramentas de nossa consciência – incluindo nossas crenças,
orações, pensamentos, intenções e fé – muitas vezes se
correlacionam mais fortemente com a nossa saúde,
longevidade, e felicidade, do que nossos genes”.10
O fato é que, assim como há mais em nossos corpos do que um
saco de osso e carne, há mais em nossos genes do que apenas
informação armazenada.

A Biologia da Expressão do Gene

Agora, vamos dar uma olhada mais de perto em como os genes


são ativados (vários fatores diferentes podem realmente ser
responsáveis, mas para o bem de nossa reflexão a respeito da
conexão mente-corpo aqui, vamos manter isso na simplicidade).

Uma vez que um mensageiro químico (por exemplo, um


neuropeptídio) a partir do exterior da célula (do ambiente) se
encaixa numa estação local da célula e passa através da
membrana celular, ele se desloca para o núcleo, onde encontra
o DNA. O mensageiro químico modifica ou cria uma nova
proteína e, em seguida, o sinal que estava carregando é
traduzido para informação já no interior da célula. Em seguida,
entra no núcleo da célula através de uma pequena abertura e,
dependendo do conteúdo da mensagem da proteína, ele
busca por um cromossoma específico (um único pedaço de
DNA espiralado que contém muitos genes) no interior do núcleo
– da mesma forma que você poderia buscar por um livro
específico na prateleira de uma biblioteca.

Cada uma dessas cadeias é coberta por uma camada


protetora de proteína que age como um filtro entre a
informação contida na cadeia de DNA e o resto do ambiente
intracelular do núcleo. De modo a que o código do DNA seja
selecionado, a camada protetora deve ser removida, ou
desembrulhada, de modo que o DNA possa ser exposto (assim
como um livro escolhido de uma prateleira de uma biblioteca
tem que ser aberto antes que qualquer um possa lê-lo). O código
genético do DNA contém informação, esperando para ser lido e
ativado para criar uma proteína particular. Até que essa
informação seja exposta no gene, desembrulhando-se aquela
camada protetora de proteína, o DNA está latente. Ele é um
armazém potencial de informação codificada esperando
apenas ser aberto ou desbloqueado. Você poderia pensar no
DNA como uma lista de peças potenciais esperando instruções
que regulam e mantêm cada aspecto da vida.

Assim que a proteína seleciona o cromossoma, ela se abre


removendo a camada externa ao redor do DNA. Em seguida,
outra proteína regula e prepara uma sequência inteira de gene
no interior do cromossoma (pense nisso com um capítulo no
interior de um livro) para ser lida do início da sequência até seu
fim. Assim que o gene é exposto e a camada protetora de
proteína é removida e lida, outro ácido nucleico, chamado
ácido ribonucleico (RNA), é produzido a partir da proteína
reguladora de leitura do gene.

Agora o gene é expresso ou ativado. O RNA sai do núcleo da


célula para ser agregado numa nova proteína a partir do código
de RNA que ele carrega. Ele foi do ser um modelo de latência
potencial para ser uma expressão ativa. A proteína que o gene
cria pode agora construir, agregar, interagir com, restaurar,
manter e influenciar muitos aspectos diferentes da vida, tanto no
interior da célula quanto fora dela.
A imagem 4.2 apresenta uma visão geral do processo.
A Imagem 4.2A mostra o sinal epigenético entrando no local
receptor da célula. Assim que o mensageiro químico interage no
nível da membrana da célula, outro sinal na forma de uma nova
proteína é enviado ao núcleo da célula para selecionar uma
sequência de gene. O gene ainda tem uma cobertura de
proteína protegendo-o de seu ambiente exterior e essa
cobertura tem que ser removida para que ele possa ser lido.
A imagem 4.2B ilustra como a luva de proteína ao redor da
sequência do gene do DNA é aberta de modo a outra proteína,
chamada de uma proteína regulatória, poder abrir-se e ler o
gene a uma locação precisa.
A imagem 4.2C demonstra como uma proteína regulatória cria
outra molécula, chamada de RNA, que organiza a tradução e a
transcrição do material geneticamente codificado para uma
proteína.
A imagem mostra a produção de proteína. O RNA monta uma
nova proteína a partir dos blocos de construção de proteínas
chamadas de amino ácidos.

Assim como um arquiteto recebe toda a informação necessária


para construir uma estrutura a partir de um projeto, o corpo
recebe todas as informações necessárias para criar um
complexo de moléculas que nos mantém vivos e funcionando a
partir dos cromossomos de nosso DNA. Mas, antes do arquiteto
ler o projeto, ele tem que ser puxado para fora de seu tubo de
papelão e desenrolado. Até lá, é apenas informação latente
esperando para ser lida. Com a célula é a mesma coisa: o gene
está inerte até que sua proteína de revestimento seja removida
e a célula escolhe ler a sequência do gene.

Os cientistas costumavam acreditar que tudo o que corpo


precisava era da informação em si (o projeto) para começar a
construção, então era nisso que a maioria deles se focava. Eles
prestaram pouco ao fato de que toda a cascata de
acontecimentos começa com o sinal exterior da célula, que na
verdade é responsável por quais genes, no interior de sua
biblioteca, a célula escolhe ler. Esse sinal, como sabemos agora,
inclui pensamentos, escolhas, comportamentos, experiências e
sentimentos. Assim, faz sentido que, se você quiser mudar esses
elementos, você também pode terminar sua expressão
genética.

Epigenética: Como nós, meros mortais, conseguimos ser Deus

Se nossos genes não selam nosso destino e se eles realmente


contêm uma enorme biblioteca de possibilidades apenas
esperando serem tiradas da prateleira e serem lidas, então o que
nos dá acesso a esses potenciais – potenciais que poderiam ter
um efeito enorme em nossa saúde e bem-estar?

Os homens do estudo no monastério certamente obtiveram tal


acesso, mas como eles fizeram isso? A resposta reside num
campo relativamente novo de estudos chamado de
epigenética.

A palavra epigenética significa literalmente “além do gene”. Ela


refere-se ao controle dos genes, não a partir do interior do
próprio DNA, mas a partir das mensagens provenientes do
exterior da célula – em outras palavras, a partir do ambiente.
Esses sinais fazem com que um grupo de metil (um átomo de
carbono ligado a três átomos de hidrogênio) se ligue a um local
especifico num gene, e esse processo (chamado de metilação
do DNA) é um dos principais processos que ativa ou desativa o
gene (dois outros processos, a modificação de histonas
covalentes e o RNA não-codificante, também ativa e desativa,
mas os detalhes desses processos são mais do que precisamos
para essa reflexão).

A epigenética ensina que realmente não estamos condenados


por nossos genes e que uma mudança na consciência humana
pode produzir mudanças físicas, na estrutura e na função do
corpo humano. Podemos modificar nosso destino genético
ativando os genes que queremos e desativando os que não
queremos trabalhando com os vários fatores no ambiente que
programam nossos genes. Alguns desses sinais vêm do interior do
corpo, tais como sentimentos e pensamentos, enquanto outros
vêm da resposta do corpo ao ambiente externo, como a
poluição ou a luz solar.

A epigenética estuda todos esses sinais externos, que dizem à


célula o que fazer e quando fazê-lo, olhando para ambas as
fontes que ativam, ou ligam, a expressão do gene (regulando) e
aqueles que suprimem (reprimem) ou desativam, a expressão
genética – bem como as dinâmicas de energia que ajustam o
processo da função celular numa base momento-a-momento.
A epigenética sugere que mesmo que nosso código de DNA
nunca mude, milhares de combinações, sequências e variações
padronizadas num único gene são possíveis (assim como
milhares de combinações, sequências e padrões da rede neural
são possíveis no cérebro).

Olhando para todo genoma humano, muitos milhões de


variações epigenéticas possíveis existem que os cientistas ficam
com suas cabeças girando apenas por pensar a respeito disso.
O Projeto do Epigenoma Humano, iniciado em 2003 como
Projeto do Genoma Humano que se aproxima do fim, está em
andamento na Europa11, e alguns pesquisadores dizem que
quando ele estiver concluído, “fará com que o Projeto do
Genoma Humano pareça uma lição escolar que as crianças do
século 15 faziam com um ábaco.”12.

Voltando ao modelo do projeto, nós podemos mudar a cor do


que construímos, os tipos de materiais que usamos a escala da
construção e até mesmo o posicionamento da estrutura –
realizando um número quase infinito de variações –, tudo isso sem
nem mudar o projeto atual.

Um bom exemplo da epigenética no trabalho envolve gêmeos


idênticos, que partilham exatamente o mesmo DNA.
Se abraçamos a ideia do predeterminismo genético – a ideia de
que todas as doenças são genéticas –, então gêmeos idênticos
deveriam ter exatamente a mesma expressão genética.
Contudo, eles nem sempre manifestam as mesmas doenças do
mesmo modo, e às vezes um manifestará uma doença genética
que outro não manifestará. Os gêmeos podem ter os mesmos
genes, mas resultados diferentes.

Um estudo espanhol ilustra isso perfeitamente. Os pesquisadores


do Laboratório Epigenético do Câncer, do Centro Nacional
Espanhol do Câncer em Madri, estudou 40 pares de gêmeos
idênticos, entre as idades de 3 a 74 anos. Eles descobriram que
gêmeos mais jovens, que tiveram estilos de vida similares e
passaram mais anos juntos, tinham padrões epigenéticos
similares, enquanto gêmeos mais velhos, em particular aqueles
com estilos de vida diferentes, que passaram menos anos juntos,
tinham padrões epigenéticos bem diferentes 13.
Por exemplo, os pesquisadores descobriram quatro vezes mais
genes expressos de modos diferentes entre um par de gêmeos
de 50 anos de idade do que entre um par de gêmeos de 3 anos
de idade.
Os gêmeos nasceram exatamente com o mesmo DNA, mas
aqueles com estilos de vida diferentes (e vidas diferentes)
terminavam expressando seus genes de modos muito diferentes
– especialmente com o passar do tempo.

Usando outra analogia, os pares de gêmeos mais velhos eram


como cópias exatas do mesmo modelo de um computador. Os
computadores vêm carregados com um software similar de
arranque, mas conforme o tempo passa, cada um faz o
carregamento adicional de programas de softwares diferentes.
O computador (DNA) permanece o mesmo, mas dependendo
de que software uma pessoa baixou (as variações epigenéticas),
o que o computador faz e o modo como ele opera o tornam
bastante diferente.
Assim, quando pensamos nossos pensamentos e sentimos nossos
sentimentos, nossos corpos respondem numa complexa fórmula
de mudanças e alterações biológicas, e cada experiência
empurra os botões de mudanças genéticas reais dentro de
nossas células.
A velocidade dessas mudanças pode ser verdadeiramente
notável. Em apenas três meses, um grupo de 31 homens com
câncer de próstata de baixo risco foram capazes de regular 48
genes (a maioria lidando com a supressão de tumores) e reprimir
453 genes (a maioria lidando com a promoção de tumores)
seguindo um regime intensivo de nutrição e de estilo de vida14.
Os homens, matriculados num estudo realizado por Dean Ornish,
M.D., na Universidade da Califórnia em San Francisco, perderam
peso e reduziram sua obesidade abdominal, pressão arterial e
perfil lipídico ao longo do curso do estudo.
Ornish observou que “não tem realmente muito a ver com a
redução dos fatores de risco ou da prevenção de que algo ruim
aconteça. Essas mudanças podem ocorrer tão rapidamente
que você não tem que esperar anos para ver os benefícios.” 15.

Ainda mais impressionante é a quantidade de mudanças


epigenéticas realizadas ao longo de um período de seis meses –
num estudo sueco com 23 homens saudáveis, ligeiramente
acima do peso, que deixaram de ser relativamente sedentários
– a participar de aulas de exercícios aeróbicos e de spinning
(treinamento cardiovascular praticado sobre uma bicicleta
estacionada, nt) numa média de apenas duas vezes por
semana.
Os pesquisadores na Universidade de Lund descobriram que
epigeneticamente os homens alteraram 7.000 genes – quase 30%
de todos os genes em todo o genoma humano!16

Essas variações epigenéticas podem até mesmo ser herdadas


por nossos filhos e, em seguida, passadas para nossos netos17.
O primeiro pesquisador a mostrar isso foi Michael Skinner, Ph.D.,
que foi diretor do Centro de Biologia Reprodutiva da
Universidade Estadual de Washington. Em 2005, Skinner conduziu
um estudo que expôs ratas grávidas a pesticidas18.
Os filhotes machos das mães ratas expostas tiveram maiores
taxas de infertilidade e diminuição na produção de esperma,
com mudanças epigenéticas em dois genes.
Essas mudanças também estiveram presentes em torno de 90%
dos machos em cada uma das quatro gerações que se
seguiram, muito embora nenhum destes outros ratos tivessem
sido expostos a quaisquer pesticidas.

Entretanto, nossas experiências provenientes de nosso ambiente


externo são apenas parte da história. Como temos aprendido, o
modo como atribuímos significado a essas experiências inclui
uma enxurrada de respostas físicas, mentais, emocionais e
químicas que também ativam os genes. O modo como
percebemos e interpretamos a informação que recebemos de
nossos sentidos como informação factual – seja essa informação
realmente verdadeira ou não – e o significado que damos
produzem mudanças biológicas significativas num nível
genético. Assim, nossos genes interagem com nossa consciência
desperta em relacionamentos complexos. Poderíamos dizer que
‘significado’ é afetar continuamente as estruturas neurais que
influenciam quem somos a nível microscópico, que, por sua vez,
influencia quem somos a nível macroscópico.

O estudo da epigenética também levanta a questão: e se nada


está mudando em seu ambiente externo? E se você faz as
mesmas coisas com as mesmas pessoas ao mesmo tempo todos
os dias – coisas que conduzem às mesmas experiências que
produzem as mesmas emoções que assinam os mesmos genes
do mesmo modo?

Poderíamos dizer que enquanto você percebe sua vida através


das lentes do passado e reage às condições com a mesma
arquitetura neural e a partir do mesmo nível de mente, você está
indo em direção a um destino genético muito específico,
predeterminado. Além disso, o que você acredita sobre si
mesmo, sua vida, e as escolhas que você faz como resultado
dessas crenças, também continuam a enviar as mesmas
mensagens para os mesmos genes.

Somente quando a célula é inflamada de um novo modo, por


nova informação, é que ela pode criar milhares de variações do
mesmo gene para reescrever uma nova expressão de proteínas
– o que muda seu corpo. Você pode não ser capaz de controlar
todos os elementos em seu mundo externo, mas você pode
administrar muitos aspectos de seu mundo interno.
Suas crenças, suas percepções, e como você interagem com
seu ambiente externo têm uma influencia em seu ambiente
interno, que ainda é o ambiente externo da célula. Isso significa
que você – não sua biologia pré-programada – mantém as
chaves para seu destino genético.
É só uma questão de encontrar a chave certa, que se encaixa
na fechadura certa, para liberar seu potencial. Assim, por que
não olhar seus genes pelo que eles realmente são? Fornecedores
de possibilidades, recursos de potencial ilimitado, um sistema de
códigos de comandos pessoais – na verdade, eles não são nada
menos do que ferramentas de transformação, o que significa
literalmente uma “mudança de forma”.

O estresse nos mantém vivendo no modo de sobrevivência

O estresse é uma das maiores causas da alteração epigenética,


pois ele nocauteia nosso corpo para o desequilíbrio. Ele vem em
três formas: estresse físico (trauma), estresse químico (toxinas), e
estresse emocional (medo, preocupação, sentir-se
sobrecarregado, e assim por diante).
Cada tipo pode desencadear mais de 1.400 reações químicas e
produzir mais de 30 hormônios e neurotransmissores. Quando essa
cascata química de hormônios de estresse é desencadeada,
sua mente influencia seu corpo através do sistema nervoso
autônomo e você vivencia a máxima conexão mente-corpo.

Ironicamente, o sentimento do estresse foi projetado para sermos


seres adaptativos. Todos os organismos na natureza, incluindo os
humanos, são programados para lidar com estresse de curto
prazo, de modo que terão os recursos necessários para situações
de emergência. Quando você sente uma ameaça em seu
ambiente externo, a resposta luta-ou-fuga em seu sistema
nervoso simpático (um subsistema de seu sistema nervoso
autônomo) é ativada e sua frequência cardíaca e a pressão
arterial aumentam, seus músculos se tencionam e os hormônios,
como a adrenalina e o cortisol disparam através de seu corpo
para lhe preparar para fugir ou enfrentar seu adversário na
batalha.
Se você estiver sendo perseguido por um bando de selvagens,
lobos famintos ou um grupo de guerreiros violentos e você
escapa deles, seu corpo retornará para a homeostase (seu
estado normal, equilibrado) em breve, após você alcançar a
segurança. Esse é o modo como nossos corpos foram projetados
para operar quando estamos vivendo no modo de
sobrevivência. O corpo está desequilibrado – mas, apenas por
um curto período de tempo até que o perigo passe. Ao menos,
é assim que deveria ser.

A mesma coisa acontece em nosso mundo moderno, embora o


cenário geralmente seja um pouco diferente. Se alguém lhe
corta na estrada enquanto você está dirigindo, você pode ficar
momentaneamente assustado, mas assim que você percebe
que está bem e abandona o medo de ter entrado num
acidente, seu corpo retorna ao normal – a menos que essa seja
mais uma das incontáveis situações de estresse nas quais você
tropeçou naquele dia.

Se você é como a maioria das pessoas, uma série de incidentes


enervantes lhe mantém na resposta luta-ou-fuga e fora da
homeostase numa grande parte do tempo. Talvez o carro
cortando seu caminho na estrada seja a única situação
realmente ameaçadora de vida que você encontra todos os
dias, mas o trânsito a caminho do trabalho, a pressão de se
preparar para uma grande apresentação, a discussão que você
teve com seu cônjuge, a conta do cartão de crédito que veio
pelo e-mail, a quebra do disco rígido de seu computador, e o
novo fio de cabelo cinza que você percebeu no espelho fazem
os hormônios do estresse continuar a circular em seu corpo numa
base quase constante.

Entre lembrar-se de experiências estressantes do passado e


antecipar as situações estressantes que ocorrerão em seu futuro,
todos esses estresses repetitivos de curto prazo se juntam num
estresse de longo prazo. Bem vindo à versão de viver num modo
de sobrevivência no século 21.
Num modo de luta-ou-fuga, a energia que sustenta a vida é
mobilizada para que o corpo possa correr ou lutar. Mas, quando
não há um retorno à homeostase (porque você continua
percebendo uma ameaça), a energia vital é perdida no sistema.
Você tem menos energia em seu ambiente interno para o
crescimento e reparo da célula, construção de projetos de longo
termo num nível celular, e cura, quando essa energia está sendo
canalizada para outros lugares.
As células se fecham, não mais se comunicam umas com as
outras, e se tornam “egoístas”. Não é o momento para a
manutenção da rotina (muito menos para fazer melhorias); é o
momento para a defesa. É cada célula por si mesma, então a
comunidade coletiva de células trabalhando juntas se torna
fraturada. Os sistemas imunológico e endócrino (entre outros) se
tornam enfraquecidos, já que os genes nessas células
relacionadas estão comprometidos quando os sinais da
informação provenientes do exterior das células estão
desativados.

É como viver num país onde 98% dos recursos são destinados
para a defesa e nada é deixado para as escolas, as bibliotecas,
a construção e reparos das estradas, para os sistemas de
comunicação, para o cultivo de alimento, e assim por diante.
Surgem buracos nas estradas que não são consertados. As
escolas sofrem cortes no orçamento, os estudantes acabam
aprendendo menos, os programas de assistência social que
cuidam dos pobres e idosos têm que fechar, e não há comida
suficiente para alimentar as massas.

Não surpreendentemente o estresse de longo termo tem sido


associado à ansiedade, depressão, problemas digestivos, perda
de memória, insônia, hipertensão, doença cardíaca, acidentes
vasculares, câncer, úlceras, artrite reumatóide, gripes,
constipações, envelhecimento acelerado, alergias, dores
corporais, fadiga crônica, infertilidade, impotência, asma,
problemas hormonais, erupções na pele, perda de cabelo,
espasmos musculares e diabetes, para citar apenas algumas
condições (as quais, aliás, são o resultado de mudanças
epigenéticas).
Nenhum organismo na natureza é projetado para suportar os
efeitos do estresse de longo prazo.

Vários estudos fornecem fortes evidências para mostrar como as


instruções da epigenética para a cura se desligam durante as
emergências. Por exemplo, pesquisadores do Centro Médico da
Universidade do Estado de Ohio descobriram que mais de 170
genes foram afetados pelo estresse, com 100 deles desativando-
se completamente (incluindo muitos que diretamente produzem
proteínas para facilitar o tipo adequado para a cicatrização de
feridas).
Os pesquisadores relataram que as cicatrizes dos pacientes
estressados demoraram 40% a mais de tempo para se curarem e
que “o estresse virou o equilíbrio genômico em direção aos
genes [que estavam] codificando as proteínas responsáveis pela
detenção do ciclo celular, da morte e da inflamação”19.

Outro estudo examinando os genes de 100 cidadãos de Detroit


se concentrou em 23 indivíduos que estavam sofrendo de
desordem de estresse pós-traumático20. Essas pessoas tinham de
seis a sete vezes mais variações epigenéticas, a maioria das quais
envolvia o comprometimento do sistema imunológico.

Pesquisadores no Instituto UCLA AIDS descobriram que não


apenas o HIV se espalha mais rapidamente em pacientes que
estão mais estressados, mas também que quanto maior o nível
de estresse de um paciente, menos ele responde às drogas
antirretrovirais. As drogas funcionaram quatro vezes melhor para
os pacientes que estavam relativamente calmos comparados
àqueles cuja pressão sanguínea, umidade da pele e frequência
cardíaca em repouso indicavam que estavam sentindo um
estresse maior21.
Baseados nessas descobertas, os pesquisadores concluíram que
o sistema nervoso tem um efeito direto na replicação viral.

Embora a resposta luta-ou-fuga fosse originalmente altamente


adaptativa (porque manteve os primeiros humanos vivos), agora
está claro que quanto mais esse sistema de sobrevivência é
constantemente ativado, mais seu corpo desvia os próprios
recursos para criar uma saúde ótima, assim o sistema se torna
adaptativamente inadequado.

O legado das emoções negativas

À medida que continuamos produzindo hormônios de estresse,


criamos uma série de emoções negativas altamente viciantes,
incluindo a raiva, hostilidade, agressão, competição, ódio,
frustração, medo, ansiedade, inveja, insegurança, culpa,
vergonha, tristeza, depressão, desesperança, impotência,
apenas para citar alguns.
Quando nos focamos em pensamentos sobre memórias
passadas amargas ou imaginamos futuros terríveis à exclusão de
tudo o mais, estamos impedindo que o corpo recupere a
homeostase.
Na verdade, somos capazes de ativar a resposta do estresse
apenas com o pensamento. Se ativamos e não conseguimos
desativar, certamente estamos indo para algum tipo de mal ou
de doença – seja uma gripe ou um câncer –, enquanto mais e
mais genes são reprimidos num efeito dominó, até que
finalmente chegamos a nosso destino genético.

Por exemplo, se podemos antecipar um possível cenário futuro


conhecido e, em seguida, nos focamos naquele pensamento à
exclusão de todo o resto, mesmo que por apenas um momento,
fisiologicamente o corpo começará a mudar, de forma a se
preparar para aquele acontecimento futuro. O corpo agora está
vivendo nesse futuro conhecido no momento presente. Como
consequência desse fenômeno, o processo de
condicionamento começa a ativar o sistema nervoso autônomo
e cria o estresse químico correspondente automaticamente. É
assim que a conexão mente-corpo pode trabalhar contra nós.

Quando isso acontece, estamos demonstrando os três


elementos do efeito placebo em perfeita simetria.
Primeiro, começamos a condicionar o corpo ao ímpeto da
química adrenal de modo a sentirmos um impulso de energia. Se
podemos associar uma pessoa, coisa, ou experiência, em
determinado momento e lugar em nossa realidade externa com
esse ímpeto químico dentro de nós, começaremos a condicionar
o corpo para ativar a resposta simplesmente por pensar nesse
estímulo. Com o tempo, seremos capazes de simplesmente
condicionar o corpo para ser colocado na mente daquele
estado emocionalmente elevado apenas com o pensamento –
o pensamento de uma experiência potencial com alguém e
algo em algum momento e algum lugar.
Se podemos esperar o resultado futuro baseados na experiência
passada, então a expectativa do evento, quando o abraçamos
emocionalmente, mudará a fisiologia do corpo.
E se atribuímos significado aos comportamentos e experiências,
estamos colocando nossa intenção consciente por trás do
resultado, de forma que nossos corpos mudarão, ou não, igual
ao que pensamos que sabemos sobre nossa realidade e nós
mesmos.

Mas, você acredite ou não que o estresse em sua vida é


justificado ou válido, o efeito desse estresse no corpo nunca é
vantajoso ou uma melhora para a saúde. Seu corpo acredita
que está sendo perseguido por um leão que está de pé em cima
de uma montanha perigosa, ou que você está lutando contra
um bando de canibais irritados. Eis alguns poucos exemplos de
estudos científicos demonstrando os efeitos do estresse no corpo.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade do


Estado de Ohio confirmaram que as emoções do estresse
desencadeiam respostas hormonais e genéticas, ao medir como
o estresse afeta a velocidade da cicatrização de feridas
menores na pele – um marcador significativo da ativação do
gene22.

A um grupo de 42 casais casados foram feitas pequenas bolhas


de sucção no antebraço não dominante e, em seguida seu nível
de três proteínas expressas comumente na cura de feridas foi
monitorado durante três semanas. Os casais foram convidados a
ter uma discussão neutra durante meia hora como uma linha
base e depois, mais tarde, para falarem sobre alguma discussão
marital anterior.

Os pesquisadores descobriram que depois que os casais


discutiram um desacordo anterior, seu nível de proteínas ligadas
à cura foi ligeiramente suprimido (mostrando que os genes foram
reprimidos). A supressão subiu a para um grau ainda maior –
cerca de 40% – em casais cujas discussões pairaram sobre um
conflito significativo, salpicado de comentários sarcásticos,
críticos e mordazes.
A pesquisa também enfatiza o efeito reverso – que reduzir o
estresse com emoções positivas desencadeia as mudanças
epigenéticas que melhoram a saúde.

Dois estudos chave, realizados no Instituto Benson-Henry para a


Medicina Mente-Corpo, no Hospital Geral de Massachusetts, em
Boston, olharam para os efeitos da meditação, que é conhecida
por provocar estados pacíficos e até mesmo felizes na expressão
do gene.
No primeiro estudo, conduzido em 2008, 20 voluntários
receberam oito semanas de treinamento em várias práticas
mente-corpo (incluindo vários tipos de meditação, yoga e
oração repetitiva) conhecidas como indutoras da resposta de
relaxamento, um estado fisiológico de repouso profundo
(discutido no Capítulo 2)23.
Os pesquisadores também acompanharam 19 praticantes
diários de longo prazo das mesmas técnicas.

No final do período do estudo, os novatos mostraram mudanças


em 1.561 genes (874 regularam para a saúde e 687 reprimiram
para o estresse), bem como a redução da pressão sanguínea e
redução das taxas cardíacas e respiratórias, enquanto os
praticantes experientes expressaram 2.209 novas mudanças. A
maior parte das mudanças genéticas envolveu melhora na
resposta do corpo ao estresse crônico psicológico.

O segundo estudo, conduzido em 2013, descobriu que provocar


a resposta do relaxamento produz mudanças na expressão do
gene após apenas uma sessão de meditação igualmente entre
os praticantes novatos e os experientes (com os praticantes de
longo prazo, não surpreendentemente, obtendo mais
benefícios)24.
Os genes que foram regulados incluíram os envolvidos com a
função imunológica, o metabolismo de energia, e a secreção
de insulina, enquanto os genes que foram suprimidos incluíram
aqueles ligados à inflamação e ao estresse.

Estudos como esses ressaltam o quão rapidamente é possível


mudar seus próprios genes. É por isso que a resposta placebo
pode produzir mudanças físicas em questão de momentos.
Em meus seminários pelo mundo, eu e meus colegas temos
testemunhado mudanças significativas e imediatas na saúde de
nossos participantes após apenas uma sessão de meditação.
Eles se transformaram e ativaram novos genes de novos modos
apenas com o pensamento (você lerá a respeito disso em
breve).

Quando estamos vivendo no modo de sobrevivência, com nossa


resposta de estresse ativada todo o tempo, realmente podemos
nos focar em apenas três coisas: nossos corpos físicos (pareço
bem?), no ambiente (onde é seguro?), e no tempo (por quanto
tempo essa ameaça pairará sobre mim?).

Focar-nos constantemente sobre essas três coisas nos faz menos


espiritualizados, menos conscientes e menos interiorizados, pois
elas nos treinam para que nos tornemos mais autoabsorvidos e
mais focados em nossos corpos, bem como em outras coisas
materiais (como o que possuímos, onde moramos, quanto
dinheiro temos, e assim por diante), além de todos os problemas
que vivenciamos em nosso mundo externo.
Esse foco também nos treina a ficarmos obcecados com o
tempo – a constantemente nos posicionarmos para os piores
cenários futuros baseados em nossas experiências traumáticas
passadas – pois nunca há tempo suficiente e tudo sempre leva
muito tempo.

Assim, poderíamos dizer que, assim como os hormônios do


estresse fazem com que as células do corpo se tornem egoístas
para garantir que vamos sobreviver, eles endossam nosso ego a
se tornar mais egoísta também – e nos tornamos materialistas ao
definir a realidade com nossos sentidos. Acabamos nos sentindo
separados de quaisquer novas possibilidades porque, quando
nunca deixamos o estado da emergência crônica, essa primeira
mentalidade do eu que invade todo nosso pensamento se
fortalece e se reforça, levando-nos a nos tornarmos
autoindulgentes, autoservidores e autoimportantes. Finalmente,
o eu se torna definido como um corpo vivendo no ambiente e
no tempo.

Conforme você acabou de ler e agora entende mais


plenamente, a realidade é que você realmente tem algum nível
de controle sobre sua própria engenharia genética – por meios
de seus pensamentos, escolhas, comportamentos, experiências
e emoções. Como Dorothy, n’O Mágico de Oz que tinha o poder
que procurou o tempo todo, mas que não sabia, você também
possui um poder que pode não ter percebido antes que era seu
– as chaves que podem lhe tornar livre das limitações de sua
própria expressão genética.

Referências:

1. E. J. Langer, Mindfulness (Reading, MA: Addison-Wesley,


1989); E. J. Langer, Counter Clockwise: Mindful Health and the
Power of Possibility (New York: Ballantine Books, 2009).

2. C. Feinberg, “The Mindfulness Chronicles: On the ‘Psychology


of Possibility,’” Harvard Magazine (September—October 2010),
http://harvardmagazine.com/2010/09/the-mindfulness-
chronicles.

3. J. Medina, The Genetic Inferno: Inside the Seven Deadly


Sins (Cambridge, U.K.: Cambridge University Press, 2000), p. 4

4. F. Crick, “Central Dogma of Molecular Biology,” Nature, vol.


227, no. 5258: pp. 561–563 (1970).

5. M. Ho, “Death of the Central Dogma,” Institute of Science in


Society press release (March 9, 2004), http://www.i-
sis.org.uk/DCD.php.

6. S. C. Segerstrom e G. E. Miller, “Psychological Stress and the


Human Immune System: A Meta-analytic Study of 30 Years of
Inquiry,” Psychological Bulletin, vol. 130, no. 4: pp. 601–630 (2004);
M. S. Kopp and J. Réthelyi, “Where Psychology Meets Physiology:
Chronic Stress and Premature Mortality—The Central-Eastern
European Health Paradox,” Brain Research Bulletin, vol. 62, no. 5:
pp. 351–367 (2004); B. S. McEwen e T. Seeman, “Protective and
Damaging Effects of Mediators of Stress. Elaborating and Testing
the Concepts of Allostasis and Allostatic Load,” Annals of the New
York Academy of Sciences,vol. 896: pp. 30–47 (1999).

7. J. L. Oschman, “Trauma Energetics,” Journal of Bodywork and


Movement Therapies,vol. 10, no. 1: pp. 21–34 (2006).

8. K. Richardson, The Making of Intelligence (New York:


Columbia University Press, 2000), referenced by E. L. Rossi, The
Psychobiology of Gene Expression: Neuroscience and
Neurogenesis in Hypnosis and the Healing Arts (New York: W. W.
Norton and Company, 2002), p. 50.

9. E. L. Rossi, The Psychobiology of Gene Expression:


Neuroscience and Neurogenesis in Hypnosis and the Healing
Arts (New York: W. W. Norton and Company, 2002), p. 9.

10. D. Church, The Genie in Your Genes: Epigenetic Medicine


and the New Biology of Intention (Santa Rosa, CA: Elite Books,
2007), p. 32.

11. Ver http://www.epigenome.org.

12. J. Cloud, “Why Your DNA Isn’t Your Destiny,” Time


Magazine (January 6, 2010),
http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,1952313,
00.html#ixzz2eN2VCb1W.

13. M. F. Fraga, E. Ballestar, M. F. Paz, et al., “Epigenetic


Differences Arise During the Lifetime of Monozygotic
Twins,” Proceedings of the National Academy of Sciences
USA, vol. 102, no. 30: pp. 10604–10609 (2005).

14. D. Ornish, M. J. Magbanua, G. Weidner, et al., “Changes in


Prostate Gene Expression in Men Undergoing an Intensive
Nutrition and Lifestyle Intervention,” Proceedings of the National
Academy of Sciences, vol. 105, no. 24: pp. 8369–8374 (2008).

15. L. Stein, “Can Lifestyle Changes Bring out the Best in


Genes,” Scientific American (June 17, 2008),
http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=can-lifestyle-
changes-bring-out-the-best-in-genes.

16. T. Rönn, P. Volkov, C. Davegårdh, et al., “A Six Months Exercise


Intervention Influences the Genome-Wide DNA Methylation
Pattern in Human Adipose Tissue,” PLOS Genetics, vol. 9, no. 6: p.
e1003572 (2013).

17. D. Chow, “Why Your DNA May Not Be Your


Destiny,” LiveScience (June 4, 2013),
http://www.livescience.com/37135-dna-epigenetics-disease-
research.html; see also note 12 above.

18. M. D. Anway, A. S. Cupp, M. Uzumcu, et al., “Epigenetic


Transgenerational Actions of Endocrine Disruptors and Male
Fertility,” Science, vol. 308, no. 5727: pp. 1466–1469 (2005).

19. S. Roy, S. Khanna, P. E. Yeh, et al., “Wound Site Neutrophil


Transcriptome in Response to Psychological Stress in Young
Men,” Gene Expression, vol. 12, no. 4–6: pp. 273–287 (2005).

20. M. Uddin, A. E. Aiello, D. E. Wildman, et al., “Epigenetic and


Immune Function Profiles Associated with Posttraumatic Stress
Disorder,” Proceedings of the National Academy of Sciences, vol.
107, no. 20: pp. 9470–9475 (2010).

21. S. W. Cole, B. D. Naliboff, M. E. Kemeny, et al., “Impaired


Response to HAART in HIV-Infected Individuals with High
Autonomic Nervous System Activity,” Proceedings of the National
Academy of Sciences, vol. 98, no. 22: pp. 12695–12700 (2001).

22. J. Kiecolt-Glaser, T. J. Loving, J. R. Stowell, et al., “Hostile Marital


Interactions, Proinflammatory Cytokine Production, and Wound
Healing,” Archives of General Psychiatry, vol. 62, no. 12: pp. 1377–
1384 (2005).

23. J. A. Dusek, H. H. Otu, A. L. Wohlhueter, et al., “Genomic


Counter-Stress Changes Induced by the Relaxation
Response,” PLOS ONE, vol. 3, no. 7: p. e2576 (2008).
24. M. K. Bhasin, J. A. Dusek, B. H. Chang, et al., “Relaxation
Response Induces Temporal Transcriptome Changes in Energy
Metabolism, Insulin Secretion, and Inflammatory Pathways,” PLOS
ONE, vol. 8, no. 5: p. e62817 (2013).

Parte I

Capítulo Cinco - Como os pensamentos mudam o cérebro e o


corpo

Agora você pode entender que, alegre ou estressante, com


cada pensamento que você pensa, com cada emoção que
você sente, e com cada acontecimento que você vivencia,
você está agindo como um engenheiro epigenético de suas
próprias células. Você controle seu destino.

Portanto, isso levanta outra questão: se o seu ambiente muda e,


daí, você programa novos genes de novos modos, é possível –
com base em suas percepções e crenças – programar o gene
antecipadamente ao ambiente real? Sensações e emoções
são normalmente os produtos finais das experiências, mas você
pode combinar uma clara intenção com uma emoção que
comece a dar ao corpo uma amostra da experiência futura
antes de ela se manifestar?

Quando você está verdadeiramente focado numa intenção por


algum resultado futuro, se você puder tornar um pensamento
interior mais real do que o ambiente interno durante o processo,
o cérebro não saberá a diferença entre os dois.
Assim, seu corpo, como a mente inconsciente, começará a
experienciar o novo acontecimento futuro no momento
presente. Você assinará novos genes, de novos modos,
preparando-se para esse acontecimento futuro imaginado.

Se você continuar a praticar mentalmente, vezes o bastante,


essa nova série de escolhas, comportamentos e experiências
que você deseja, reproduzindo o mesmo nível novo de mente,
de novo e de novo novamente, então seu cérebro começará a
mudar fisicamente – instalando um novo circuito neurológico
para começar a pensar a partir desse novo nível de mente – para
parecer-se como se a experiência já tivesse acontecido.
Você estará produzindo variações epigenéticas que conduzem
às mudanças estruturais e funcionais reais no corpo apenas pelo
pensamento – assim como os que respondem a um placebo.
Daí, seu cérebro e corpo não mais estarão vivendo no mesmo
passado; eles estarão vivendo no novo futuro que você criou em
sua mente.

Isso é possível através do ensaio mental.


Essa técnica consiste em basicamente fechar seus olhos e,
repetidamente, imaginar-se realizando uma ação, e
mentalmente rever o futuro que você quer, sempre se
lembrando de quem você não quer mais ser (o eu antigo) e de
quem você quer ser. Esse processo envolve pensar a respeito de
suas ações futuras, planejando mentalmente suas escolhas e
focando sua mente numa nova experiência.

Vamos dar uma olhada nessa sequência em maiores detalhes


para que possamos compreender mais profundamente o que
exatamente está acontecendo no ensaio mental e como ele
funciona.
Quando você ensaia mentalmente um destino, ou um sonho, a
respeito de um novo resultado, você o imagina repetidas vezes
até que ele se torne familiar a você.
Quanto mais conhecimento e experiência você entrelaçar em
seu cérebro sobre a nova realidade desejada, mais recursos
você tem para criar um modelo melhorado dela em sua imagem
mental e, assim, maior sua intenção e expectativa são (assim
como com as funcionárias do hotel). Você está se “lembrando”
de como será sua vida e de como se sentirá assim que obter o
que quer. Agora você esta pondo uma intenção por trás de sua
atenção.

Assim, conscientemente você casa seus pensamentos e


intenções com um estado elevado de emoção, como alegria ou
gratidão (em breve você lerá mais sobre estados elevados de
emoção).
Uma vez que você possa abraçar essa nova emoção e ficar mais
entusiasmado, você estará banhando seu corpo na química
neural que estará presente se esse evento futuro realmente
estivesse acontecendo. Pode ser sugerido que você está dando
ao seu corpo um gosto da experiência futura. Seu cérebro e
corpo não sabem a diferença entre ter uma experiência real em
sua vida e apenas pensar sobre a experiência –
neuroquimicamente é a mesma coisa.
Assim, seu cérebro e corpo começam a acreditar que estão
realmente vivendo na nova experiência no momento presente.

Ao manter seu foco nesse acontecimento futuro e não deixar


nenhum outro pensamento distrair você, em questão de
momentos você abaixa o volume dos circuitos neurais
conectados ao antigo eu, que começam a baixar o volume dos
genes antigos, e você dispara e tece novos circuitos neurais, que
iniciam os sinais certos para ativar novos genes de novos modos.
Graças à neuroplasticidade discutida anteriormente, os circuitos
em seu cérebro começam a se reorganizar para refletir o que
você está ensaiando mentalmente.
E quando você continua acoplando seus novos pensamentos e
as imagens mentais com essa emoção forte, positiva, então sua
mente e corpo estão trabalhando juntos – e agora você está
num novo estado de ser.

Nesse ponto, seu cérebro e corpo não mais são um registro do


passado; eles são um mapa para o futuro – um futuro que você
criou em sua mente. Seus pensamentos se tornaram sua
experiência e você acabou de se tornar o placebo.

Algumas histórias de ensaio mental de sucesso

Talvez você tenha ouvido aquela história de algum tempo atrás


sobre um major que estava preso num campo de concentração
no Vietnã, que mentalmente praticava jogar golfe num curso
particular todos os dias para manter-se são – apenas para fazer
uma pontuação perfeita quando ele finalmente estivesse livre e
voltasse para casa.
Ou talvez você tenha ouvido o relato do ativista soviético sobre
os direitos humanos, Anatoly Shcharansky, mais tarde conhecido
como Natan Sharansky, que passou mais de nove anos preso na
União Soviética depois de ser falsamente acusado de
espionagem para os Estados Unidos nos anos de 1970.
Sharansky – que passou 400 dias de sua prisão sendo punido
numa pequena cela, escura, gelada – jogava um jogo de xadrez
mental contra si mesmo todos os dias, mantendo registro das
coordenadas do tabuleiro e as posições de cada peça em sua
mente. Isso permitia que Sharansky mantivesse muitos de seus
mapas neurais (que normalmente exigia estimulação externa
para permanecer intactos).
Após sua libertação, ele emigrou para Israel e, finalmente,
tornou-se um ministro israelense. Quando Gary Kasparov, o
campeão mundial de xadrez, foi para Israel em 1996 para jogar
uma partida de xadrez simultânea contra 25 israelitas, Sharansky
o venceu1.

Aaron Rodgers, zagueiro do Green Bay Packers (time de futebol


americano com base em Green Bay, Wisconsin, EUA, nt) também
imagina seus movimentos em sua cabeça, que mais tarde,
muitas vezes, ele executa com precisão no campo. Levando os
Packer a vencer no Super Bowl (campeonato da Liga Nacional
de Futebol americano, nt) de 2011, num campeonato em que
seis colocados dos Packers ganharam de 48 a 21 contra
os principais colocados, os Atlanta Falcons (time de futebol
americano de Atlanta, Geórgia, EUA, nt), Rodgers completou 31
dos 36 passes (86,1%), a quinta melhor posição da temporada
em percentual de todos os tempos.

“Na sexta série, um treinador nos ensinou sobre a importância da


visualização”, Rodgers disse aos repórteres esportivos do USA
Today (jornal diário nacional norte-americano, nt)2.
“Quando estou numa reunião, assistindo a um filme, ou [deitado]
numa cama antes de dormir, eu sempre me visualizo fazendo
essas jogadas. Muitos dessas jogadas que fiz no jogo, eu as havia
pensado. Quando eu estou [deitado] no sofá, eu me visualizei
fazendo-as”.
Rodger também foi capaz de girar com sucesso em três saques
potenciais naquele jogo, observaria mais tarde ao pensar nessas
jogadas, “eu visualizei a maioria antes de executá-los”.

Inúmeros outros atletas profissionais também usam o ensaio


mental com efeitos impressionantes, incluindo o golfista Tiger
Woods; as estrelas do basquetebol Michael Jordan, Larry Bird e
Jerry West; e o lançador de beisebol Roy Halladay. O campeão
golfista Jack Nicklauss escreveu em seu livro, ‘Golf My Way’: Eu
nunca fiz uma jogada, mesmo na prática, sem ter tido uma
imagem muito afiada, em foco, em minha cabeça. É como um
filme colorido. Primeiro, eu “vejo” a bola onde eu quero que ela
termine, linda e branca, e aportando no topo da grama verde-
claro. Daí, a cena muda rapidamente e eu “vejo” a bola indo ali:
seu caminho, sua trajetória, e forma, até mesmo o
comportamento dela ao aportar. Daí, ela desaparece aos
poucos e a próxima cena me mostra fazendo o tipo de balanço
que transformará as imagens anteriores em realidade. Apenas
no final desse breve espetáculo hollywoodiano, curto, particular,
eu seleciono um taco e dou um toque na bola3.

Como podemos ver apenas com esses exemplos (e há muitos,


muitos mais como eles), uma abundância de evidências mostra
que o ensaio mental é extremamente eficaz para a
aprendizagem de uma habilidade física com mínima prática
física.

Não posso resistir a acrescentar mais um exemplo, dessa vez de


Jim Carrey, que conta uma história incrível sobre o que ele fez
quando veio a Los Angeles pela primeira vez no final dos anos de
1980 como um ator lutando em busca de trabalho. Ele escreveu
uma longa afirmação de um parágrafo num pedaço de papel
sobre encontrar as pessoas certas, ter os tipos certos de trabalhos
para atuar, trabalhar no filme certo, com o elenco certo, ser bem
sucedido, e contribuir com algo de valor, e fazer uma diferença
no mundo.

Ele ia todas as noites para o Mulholland Drive (filme que recebeu


o título ‘Cidade dos Sonhos’ no Brasil, nt) em Hollywood Hills
(bairro nobre em Los Angeles, Califórnia, EUA, nt) e se inclinava
para trás em seu conversível e olhava para o céu. Ele lia aquele
parágrafo para si mesmo, submetendo-o à memória, enquanto
imaginava que o que ele estava descrevendo realmente estava
acontecendo. E ele não voltava daquela visão de Hollywood
enquanto não se sentisse como se fosse a pessoa que estava
imaginando, até que a visão soasse real para ele. Ele até
escreveu um cheque para si mesmo, de 10 milhões de dólares
escrevendo nele “pelos serviços prestados pela atuação” e o
datou como “Ação de Graças, 1995”. Ele carregou aquele
cheque em sua carteira durante anos.

Finalmente, em 1994, três filmes foram lançados, que fizeram de


Carrey uma estrela. Primeiro, ‘Ace Ventura – Um Detetive
Diferente’, foi lançado em Fevereiro, seguido de ‘O Máscara’,
em Julho. E por seu papel no terceiro filme, ‘Débi & Lóide: Dois
Idiotas em Apuros’, lançado em Dezembro, Carrey recebeu um
cheque exatamente de 10 milhões de dólares. Ele criou
exatamente o que visualizou para si mesmo.

O que todos esses indivíduos têm em comum é que eles


eliminaram o ambiente externo, foram além de seus corpos e
transcenderam o tempo, de modo que puderam realizar
mudanças neurológicas interiores significativas.
Quando eles se apresentaram ao mundo, foram capazes de
levar suas mentes e corpos para trabalhar em conjunto e criaram
no mundo material o que, primeiro, conceberam no reino
mental.

Estudos científicos corroboram isso. Para começar, muitos


experimentos sobre ensaio mental provam que, quando você se
concentra numa região particular do corpo, seus pensamentos
estimulam a região no cérebro que governa aquela parte4 – e se
você continua fazendo isso, mudanças físicas na área sensória
do cérebro se seguirão.
Faz sentido, pois se você continua colocando sua consciência
no mesmo lugar, você está disparando e tecendo a mesma rede
de neurônios. E, como resultado, você construirá mapas
cerebrais mais fortes nessa área.
Num estudo de Harvard, os indivíduos de pesquisa que nunca
tinham tocado piano antes, praticaram mentalmente um
exercício simples de cinco dedos no piano durante duas horas
por dia, por cinco dias – e fizeram as mesmas mudanças
cerebrais que os indivíduos que praticaram fisicamente as
mesmas atividades, mas sem levantar um dedo5.
A região de seus cérebros que controlam os movimentos dos
dedos foi dramaticamente aprimorada, permitindo que seus
cérebros se parecessem como se a experiência que tinham
imaginado realmente tivesse acontecido. Eles instalaram o
hardware neurológico (circuitos) e os softwares (programas),
criando dessa forma novos mapas cerebrais apenas pelo
pensamento.

Em outro estudo com 30 pessoas ao longo de um período de 12


semanas, alguns exercitaram regularmente seus dedos menores,
enquanto outros apenas imaginaram fazer a mesma coisa.
Enquanto o grupo que realmente fez os exercícios físicos
aumentou a força em seus dedos menores em 53%, o grupo que
apenas imaginou-se fazendo a mesma coisa também aumentou
a força de seus dedos menores – em 35% 6.
Seus corpos mudaram para se parecerem como se eles tivessem
tido a experiência física na realidade externa, várias e várias
vezes – mas, eles apenas experienciaram em suas mentes. Suas
mentes mudaram seus corpos.

Num experimento similar, dez voluntários imaginaram estar


flexionando seus bíceps tão arduamente quanto puderam,
cinco vezes por semana.
Os pesquisadores registraram a atividade elétrica cerebral dos
indivíduos durante as sessões e mediram sua força muscular a
cada duas semanas. Os que apenas imaginaram as flexões
fortaleceram os músculos de seus bíceps em 13.5% em apenas
algumas semanas, e mantiveram o ganho por três meses após o
treinamento ter sido finalizado7. Seus corpos responderam a uma
nova mente.

Um exemplo final é o de um estudo francês que comparou


indivíduos que levantavam ou imaginavam levantar halteres de
diferentes pesos.
Os que imaginaram levantar alteres mais pesados ativaram mais
seus músculos do que os que imaginaram levantar alteres mais
leves8.

Em todos esses estudos sobre o ensaio mental, os indivíduos foram


capazes de aumentar de forma mensurável a força de seus
corpos usando apenas seus pensamentos.
Você pode bem pensar se existem estudos mostrando o que
acontece quando seguimos toda a sequência – quando não
apenas imaginamos o que queremos criar, mas também
conectamos o pensamento com uma forte emoção positiva. De
fato, existem. E em breve você estará lendo sobre eles.

Sinalizando novos genes no corpo com uma nova mente

Para entender melhor por que o ensaio mental funciona,


precisamos olhara para apenas alguns poucos pontos da
anatomia cerebral por um momento e, então, brevemente
acrescentar um pouco de neuroquímica.
Vamos começar explicando que seu lobo frontal, localizado
bem atrás de sua testa, é seu centro criativo. Essa é a parte do
cérebro que aprende novas coisas, que sonha com novas
possibilidades, toma decisões conscientes, estabelece suas
intenções, e assim por diante. Ele é o CEO (Chief Executive
Officer, ou Diretor Executivo em Português, nt), por assim dizer, e
ainda mais ao ponto, o lobo frontal também lhe permite observar
quem você é e avaliar o que você está fazendo e como está se
sentindo. Ele é a casa da sua consciência. Isso é importante, pois
assim que você se torna mais consciente sobre seus
pensamentos, finalmente você poderá direcioná-los melhor.

Quando você pratica o ensaio mental e verdadeiramente se


concentra e se foca no resultado que você quer, o lobo frontal
é seu aliado porque ele também diminui o volume do mundo
exterior de forma que você não seja distraído pela informação
vindo de seus cinco sentidos.
Exames de mapeamentos cerebrais mostram que num estado
altamente focado, como o ensaio mental, a percepção de
tempo e espaço diminui9. Isso acontece porque seu lobo frontal
minimiza a entrada de dados a partir de seus centros sensórios (o
que lhe permite “sentir” seu corpo no espaço), seus centros
motores (responsáveis por seus movimentos físicos) e seus centros
de associação (onde seus pensamentos a respeito de sua
identidade e quem você é ao vivo), bem como seus circuitos
lobo parietais (onde você processa o tempo).
Como você pode ir além de seu ambiente, além de seu corpo e
até além do tempo, você é muito capaz de tornar o
pensamento que você está pensando mais real do que qualquer
outra coisa.

No momento em que você imagina um novo futuro para si


mesmo, pensa sobre uma nova possibilidade e começa a fazer
perguntas específicas – como ‘como seria viver sem essa dor e
limitação?’ – seu lobo frontal se centra. Em questão de segundos,
ele cria tanto uma intenção de ser saudável (assim você pode
ter clareza sobre o que você quer criar e o que você não mais
deseja experienciar) quanto uma imagem mental de ser
saudável, assim você pode imaginar como seria.

Como o CEO, o lobo frontal tem conexões com todas as outras


partes do cérebro. Então, ele começa a selecionar redes de
neurônios para criar um novo estado de mente como resposta
àquela pergunta. Você pode dizer que ele se torna o maestro
de uma sinfonia, silenciando seus entrelaçamentos antigos (a
função de poda da neuroplasticidade) e selecionando
diferentes redes de neurônios a partir de partes diferentes do
cérebro e tecendo-as juntas para criar um novo nível de mente
para refletir o que você estava imaginando.
É seu lobo frontal que muda sua mente – ou seja, ele faz o
cérebro trabalhar em sequências, padrões e combinações
diferentes. Assim que o lobo frontal consegue selecionar redes
neurais diferentes e uniformemente as emparelha para criar um
novo nível de mente, uma imagem, ou representação interna,
aparece no olho de sua mente, ou, no lobo frontal.

Agora, vamos trazer um pouco de neuroquímica. Se seu lobo


frontal está orquestrando o suficiente dessas redes neurais para
disparar em uníssono enquanto você se foca numa intenção
clara, haverá um momento quando o pensamento se tornará a
experiência em sua mente – é quando sua realidade interna é
mais real do que sua realidade externa. Assim que o pensamento
se torna a experiência, você começa a sentir a emoção de
como o evento lhe faria sentir na realidade (lembre-se, emoções
são as assinaturas químicas das experiências). Seu cérebro
produz um tipo diferente de mensageiro químico – um
neuropeptídio – e o envia para as células em seu corpo. O
neuropeptídio busca pelos espaços receptores apropriados, ou
as estações locais, em várias células, assim ele pode entregar a
própria mensagem para os centros hormonais do corpo e,
finalmente, às células do DNA – e as células recebem uma nova
mensagem de que o evento ocorreu.

Quando o DNA numa célula recebe essa nova informação do


neuropeptídio, ela responde ativando (ou regulando) alguns
genes e desativando (ou reprimindo) outros, tudo para apoiar
seu novo estado de ser.
Pense na regulação ou repressão como luzes que se aquecem e
ficam mais brilhantes ou esfriam e se tornam mais fracas. Quando
um gene se acende, ele é ativado para produzir uma proteína.
Quando um gene é desativado, ele se desliga e fica menos
iluminado ou mais fraco – e ele não produz tantas proteínas. E
vemos os efeitos com mudanças mensuráveis em nossos corpos
físicos.

Dê uma olhada na Imagem 5.1A e na Imagem 5.1B. Elas lhe


ajudarão a seguir toda a sequência de como mudar seu corpo
apenas pelo pensamento.
Na imagem 5.1A, o fluxograma demonstra como os
pensamentos progridem através de uma cascada de
mecanismos simples e reações químicas numa causalidade
descendente para mudar o corpo. Por dedução, se novos
pensamentos podem criar uma nova mente ativando novas
redes neurais, criando neuropeptídios e hormônios mais
saudáveis (que assinam novas células de novos modos e
epigeneticamente ativam novos genes para fazer novas
proteínas), e se a expressão da vida é igual à saúde do corpo,
então a imagem 5.1B ilustra como os pensamentos podem curar
o corpo.

Células-Tronco: Nosso Potente Reservatório de Potenciais

Células-tronco são a próxima camada do quebra-cabeça que


precisamos entender.
Elas são, pelo menos, parcialmente responsáveis pela forma
como o aparentemente impossível se torna possível.
Oficialmente, essas são células biologicamente indiferenciadas
que se tornam especializadas. Elas são potencial bruto. Quando
essas camadas são ativadas, elas se transformam em qualquer
tipo de célula que o corpo necessita – incluindo células
musculares, células ósseas, células de pele, células do sistema
imunológico e até células nervosas no cérebro – de modo a
substituir células prejudicadas ou danificadas nos tecidos do
corpo, dos órgãos e dos sistemas.

Pense nas células-tronco como cones de raspadinhas de gelo


antes do xarope ser colocado sobre ele; um pedaço de argila
esperando na roda do oleiro para que ser transformada em
pratos, tigelas, vasos ou canecas; ou talvez até mesmo um rolo
de fita adesiva que pode consertar um vazamento de
tubulação num dia e habilmente se transformar num vestido
para o próximo baile.

Eis um exemplo de como as células-tronco funcionam. Quando


você corta seu dedo, o corpo precisa reparar o corte na pele. O
trauma físico local envia um sinal para seus genes a partir do
exterior da célula. O gene é ativado e faz as proteínas
adequadas, que, por sua vez, instruem as células-tronco a
ativarem células de pele que funcionam mais saudavelmente.
O sinal traumático é a informação que as células-tronco
precisam para diferenciarem-se para célula de pele.
Milhões de processos como esse ocorrem por todo nosso corpo,
todo o tempo. A cura atribuível a esse tipo de expressão do gene
tem sido documentada no fígado, músculos, pele, intestinos,
medula óssea, e até no cérebro e no coração10.

Em estudos sobre cicatrização de feridas, onde o indivíduo está


em estado altamente emocional, estados negativos como raiva,
as células-tronco não recebem a mensagem claramente.
Quando há uma interferência no sinal, como com uma estática
num aparelho de rádio, a célula potencial não recebe o estímulo
certo num modo coerente para ativar-se para transformar-se
numa célula útil.
Como você sabe, por ter lido a seção sobre a resposta do
estresse e viver num modo de sobrevivência, a cura demorará
mias, pois a maior parte da energia do corpo está ocupada
lidando com a emoção da raiva e com seus efeitos químicos.
Simplesmente aquele não é o momento para a criação, para o
crescimento, para a vitalidade – é o momento para uma
emergência.

Assim, quando o efeito placebo está em funcionamento e você


cria o nível adequado de mente com uma clara intenção e o
combina com uma emoção elevada e com a vitalidade, o tipo
correto de sinal pode alcançar a célula do DNA. A mensagem
não apenas influenciará a produção das proteínas saudáveis
para a melhor estrutura e funcionamento do corpo, mas
também fará células saudáveis novíssimas que estão apenas
esperando para serem ativadas pela mensagem adequada.

Você poderia até pensar nessas células-tronco como se elas


fossem a carta “Saia da Cadeia de Graça” do jogo Monopólio,
pois uma vez que elas são pegas ou ativadas, elas substituem as
células nas áreas prejudicadas do corpo, permitindo um novo
começo, de modo claro.
Na verdade, células-tronco ajudam a explicar como a cura
ocorre em pelo menos metade dos casos placebo envolvendo
cirurgia simulada, seja para um joelho artrítico ou um marca-
passo coronário (como descrito no Capítulo 1).
Como a Intenção e a Emoção Elevada Mudam Nossa Biologia

Já falamos sobre as emoções e como elas desempenham um


papel vital na cura do corpo, mas agora vamos dar uma olhada
mais aprofundada no assunto.
Se tivermos uma resposta emocional elevada aos novos
pensamentos nos quais estamos nos concentrando num ensaio
mental, é como se estivéssemos alimentando nossos esforços,
pois as emoções nos ajudam a fazer as mudanças epigenéticas
muito mais rapidamente. Nano precisamos do componente
emocional; afinal, os indivíduos que fortaleceram seus músculos
imaginando que estavam levantando pesos não precisaram
estar em estado de êxtase para mudar seus genes. No entanto,
eles se inspiraram usando a própria imaginação a cada vez que
levantavam os pesos dizendo “Mais forte! Mais forte! Mais forte!”.
A emoção consistente foi o catalisador energético que
verdadeiramente melhorou o processo11.
Manter tal estado elevado de emoção nos permite receber
resultados bem mais dramáticos muito mais rapidamente – o
mesmo tipo incrível de resultados que vemos na resposta
placebo.

Lembra-se do estudo sobre o riso do Capítulo 2? Pesquisadores


japoneses descobriram que assistir uma hora de um programa de
comédia regula 39 genes, 14 dos quais estavam relacionados às
atividades das ‘células exterminadoras naturais’ no sistema
imunológico.
Vários outros estudos têm mostrado os aumentos de vários
anticorpos após os indivíduos terem assistido a vídeos de
comédia 12.

Uma pesquisa da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel


Hill, mostrou ainda que o aumento das emoções positivas produz
aumento no tônus vagal, uma medida da saúde do nervo vago,
que desempenha uma parte importante na regulação do
sistema nervoso autônomo e na homeostase13.
Num estudo japonês, quando os ratos bebês receberam
cócegas por cindo minutos por dia, durante cinco dias
consecutivos para estimular a emoção positiva, os cérebros dos
ratos geraram neurônios novos 14.
Em cada um desses casos, emoções positivas fortes ajudaram os
indivíduos a desencadear mudanças físicas reais que
melhoraram sua saúde. Emoções positivas podem fazer com que
o corpo e o cérebro se desenvolvam.

Agora, observe o padrão de muitos dos estudos sobre placebos:


no momento em que alguém começa a ter uma clara intenção
de um novo futuro (desejando viver sem dor ou doença) e, em
seguida, combina essa intenção com uma emoção elevada
(entusiasmo, esperança e antecipação de realmente viver sem
a dor ou a doença) é o momento em que o corpo não mais está
no passado. O corpo está vivendo nesse novo futuro, pois – como
temos visto – o corpo não sabe a diferença entre uma emoção
criada por uma experiência real e uma criada apenas pelo
pensamento.
Assim, esse estado de emoção elevada, em resposta a esse novo
pensamento, é um componente vital desse processo porque
esse estado de emoção é a nova informação que está vindo de
fora da célula – e, para o corpo, a experiência do ambiente
externo ou do ambiente interno é a mesma coisa.

Lembra-se do Sr. Wright do Capítulo 1? Ele ficou bastante


entusiasmado quando pensou a respeito da nova droga
poderosa sobre a qual ele ouviu e imaginou como ela poderia
curá-lo. Ele ficou tão animado que atormentou seu médico para
que ele o permitisse tomar a droga. Quando ele realmente
tomou a droga, ele não tinha nenhuma ideia que ela era inerte.
Mas, como seu cérebro não sabia a diferença entre suas
imagens mentais altamente carregadas de estar bem e de
realmente estar bem, emocionalmente seu corpo respondeu
como se o que ele tinha imaginado já tivesse ocorrido. Sua
mente e corpo estavam trabalhando juntos para assinar novos
genes de novos modos e, isso, melhor do que a “nova droga
poderosa” que ele tomou, foi o que encolheu seus tumores e
restaurou sua saúde. Foi isso que criou seu novo estado de ser.

Então, quando o Sr. Wright aprendeu que os ensaios clínicos


mostravam que a droga não funcionava, ele voltou a seus
antigos pensamentos e emoções – à sua antiga programação –
e, não surpreendentemente, seus tumores retornaram. Seu
estado de ser mudou novamente. Mas, quando seus médicos lhe
disseram que ele poderia ter uma versão melhorada da droga
que havia funcionado antes, ele ficou animado novamente. Ele
realmente acreditava que essa nova versão da droga poderia
funcionar porque ele havia visto aquilo acontecer antes (ou, ao
menos, o que ele pensava que havia visto).
Naturalmente, quando ele abraçou a intenção da saúde e
começou a pensar novos pensamentos a respeito da
possibilidade de novo, seu cérebro voltou a disparar e a tecer
novas conexões neurais e ele criou uma nova mente. Todo seu
entusiasmo e esperança voltaram e essa emoção criou as
mesmas químicas em seu corpo, que suportaram seus novos
pensamentos. E, mais uma vez, seu corpo não sabia a diferença
entre seus pensamentos e as sensações a respeito do estar bem
e realmente estar bem. E mais uma vez, seu cérebro e corpo
responderam como se o que ele imaginou já tivesse acontecido
– e seus tumores desapareceram novamente.

Assim que ele leu no noticiário que sua “droga milagrosa”


verdadeiramente era um fracasso, ele voltou a seu antigo
pensamento e à antiga emoção mais uma, última, vez – e a
personalidade de seu eu, junto com seus tumores retornaram.
Não havia nenhuma droga milagrosa – ele era o milagre. E não
havia placebo – ele era o placebo.

Então, faz sentido que devamos nos concentrar não meramente


em evitar emoções negativas, como o medo ou a raiva, mas
também em cultivar conscientemente emoções positivas
sinceras, como a gratidão, a alegria, o entusiasmo, o ânimo, o
fascínio, a inspiração, o encanto, a confiança, a apreciação, a
gentileza, a compaixão, e o empoderamento, para nos dar
todas as vantagens para maximizarmos nossa saúde.

Estudos mostram que entrar em contato com emoções positivas,


expansivas, como a gentileza e a compaixão – emoções que são
nosso direito inato, aliás – tende a liberar um neuropeptídio
diferente (chamado de oxitocina), que naturalmente recolhe os
receptores na amigdala, a parte do cérebro que gera medo e
ansiedade 15.
Com o medo fora do caminho, podemos sentir infinitamente
mais confiança, perdão e amor. Deixamos de ser egoístas para
sermos altruístas. E quando incorporamos esse novo estado de
ser, nosso neurocircuitos abre a porta para infinitas possibilidades
que nunca chegamos a imaginar antes, pois agora não estamos
gastando toda nossa energia tentando entender como
sobreviver.

Cientistas estão descobrindo áreas no corpo – como os intestinos,


o sistema imunológico, o fígado, o coração, bem como muitos
outros órgãos – que contêm espaços receptores para a
ocitocina. Esses órgãos são altamente responsáveis pelo maior
efeito de cura da oxitocina, que tem sido associada ao
desenvolvimento de mais vasos sanguíneos no coração16,
estimulando a função da imunológica17, aumentado a
motilidade gástrica18 e normalizando os níveis de açúcar no
sangue19.

Vamos voltar ao ensaio mental por um momento. Lembra-se de


como o lobo frontal é seu aliado no ensaio mental? Isso é
verdadeiro porque, como estabelecemos antes, o lobo frontal
nos ajuda a nos desligar do corpo, do ambiente e do tempo – os
três focos principais de alguém que está vivendo no modo de
sobrevivência. Ele nos ajuda a nos superarmos para um estado
de pura consciência, onde não temos ego.
Nesse novo estado, quando visualizamos o que desejamos,
nossos corações ficam mais abertos e a emoção positiva pode
nos inundar de tal modo que agora entramos num ciclo de sentir
o que estamos pensando e, pensando o que estamos sentindo,
finalmente trabalha a nosso favor.
A mentalidade egoísta em que estávamos quando estávamos
no modo de sobrevivência não mais existe, pois a energia que
canalizamos para as necessidades de sobrevivência agora foi
liberada para que possamos criar. É como se alguém pagasse
nosso aluguel, ou nossa hipoteca, do mês; assim temos dinheiro
extra para gastar.

Agora, podemos entender exatamente por que é que se


mantemos uma intenção clara de um novo futuro, casamos isso
com um estado de emoção elevada, expansiva, e repetimos isso
várias vezes até que tenhamos criado um novo estado de mente
e um novo estado de ser, esses pensamentos parecerão mais
reais para nós do que nossa visão de realidade anterior, limitada.
Finalmente estamos livres. E assim que verdadeiramente
abraçamos essa emoção, mais facilmente podemos nos
apaixonar pela possibilidade que estávamos visualizando.

O maestro da sinfonia (o lobo frontal) soa com uma criança


numa loja de doces – entusiasmado e contente vendo todo os
tipos de possibilidades criativas para uma nova conexão neural
que pode ser combinada para formar uma nova rede neural. E
quando o maestro nos desconectada do antigo estado de ser e
liga os circuitos nesse novo estado de ser, nossas neuroquímicas
começam a entregar novas mensagens às nossas células, que
agora estão preparadas para fazer as mudanças epigenéticas
que o assinam novos genes de modos novos, empoderadores –
e como usamos nossas emoções elevadas para fazê-lo
ver como se já tivesse acontecido, estamos assinando o gene
antecipadamente ao ambiente. Agora não mais estamos
esperando pela mudança e esperando a mudança – nós somos
a mudança.

De Volta ao Monastério

Vamos revisitar o estudo desde o início do último capítulo, onde


os homens idosos fingiram ser mais jovens e realmente ficaram
fisicamente mais jovens. A questão de como eles fizeram aquilo
agora foi respondida e resolvemos o mistério.

Quando esses homens chegaram no monastério, eles se


retiraram de suas vidas familiares. Eles não mais se lembravam de
quem eles pensavam que eram baseados em seus ambientes
externos. Daí, eles começaram seu retiro mantendo uma
intenção muito clara: fingir que eram jovens novamente (usando
o ensaio físico e mental, pois ambos mudam o cérebro e o corpo)
e fazendo isso tão real quanto possível. Quando assistiram aos
filmes, leram as revistas e escutaram e assistiram a programas de
rádio e televisão de quando eram 22 anos mais jovens, sem as
interrupções da época moderna, eles foram capazes de
abandonar a realidade de estarem em seus 70 e 80 anos.

Na verdade, eles começaram a viver como se fossem jovens


novamente. Quando vivenciaram novos pensamentos e
sentimentos sobre serem jovens, seus cérebros começaram a
disparar neurônios numa nova sequência, novos padrões e
novas combinações – alguns que não estavam sendo
disparados durante 22 anos. Como tudo ao redor deles, até suas
próprias imaginações entusiasmadas, alegres, lhes deu suporte
para tornar a experiência como se fosse real, seus cérebros não
conseguiam dizer a diferença entre realmente serem 22 anos
mais jovens e apenas fingir que eram. Assim, os homens, em
questão de dias, foram capazes de começar a assinar a exata
mudança genética para refletir quem eles estavam sendo.

Ao fazer isso, seus corpos produziram neuropeptídios para se


combinarem com as novas emoções e, quando os
neuropeptídios foram liberados, eles entregaram novas
mensagens às células nos corpos dos homens. Quando as células
apropriadas permitiram que esses mensageiros químicos
entrassem, eles foram levados diretamente para o profundo do
DNA de cada célula. Assim que chegaram ali, novas proteínas
foram criadas e essas proteínas buscaram pelos novos genes de
acordo com a informação que estavam carregando. Quando
encontraram o que estavam buscando, as proteínas
desembrulharam o DNA, ativaram o gene que estava
repousando em espera e desencadearam as mudanças
epigenéticas. Essas mudanças epigenéticas resultaram na
produção de novas proteínas semelhantes às proteínas de
homens 22 anos mais jovens. Se os corpos dos homens não
tivessem as partes necessárias para criar quaisquer mudanças
exigidas pela epigenética, o Epigenoma simplesmente
convocaria células-tronco para produzir o que fosse necessário.

Uma cascata de melhoras físicas se seguiu quando os homens


fizeram mais mudanças epigenéticas e ativaram mais genes, até
que finalmente os homens que valsaram para fora, através dos
portões do monastério, não eram mais os mesmos que tinham se
embrenhado por esses mesmos portões apenas uma semana
antes.
E se o processo funcionou para esses caras, eu lhe asseguro que
ele pode funcionar para você também. Em que realidade você
escolhe viver e quem você finge ser (ou não ser)?

Poderia ser assim tão simples?

Referências:

1. S. Schmemann, “End Games End in a Huff,” New York


Times (October 20, 1996),
http://www.nytimes.com/1996/10/20/weekinreview/end-games-
end-in-a-huff.html.

2. J. Corbett, “Aaron Rodgers Is a Superstar QB out to Join Super


Bowl Club,” USA Today (January 20, 2011),
http://usatoday30.usatoday.com/sports/football/nfl/packers/20
11-01-19-aaron-rodgers-cover_N.htm.

3. J. Nicklaus, Golf My Way, com K. Bowden (New York: Simon &


Schuster, 2005), p. 79.

4. H. H. Ehrsson, S. Geyer, and E. Naito, “Imagery of Voluntary


Movement of Fingers, Toes, and Tongue Activates Corresponding
Body-Part-Specific Motor Representations,” Journal of
Neurophysiology, vol. 90, no. 5: pp. 3304–3316 (2003).

5. A. Pascual-Leone, D. Nguyet, L. G. Cohen, et al., “Modulation


of Muscle Responses Evoked by Transcranial Magnetic Stimulation
During the Acquisition of New Fine Motor Skills,” Journal of
Neurophysiology, vol. 74, no. 3: pp. 1037–1045 (1995).

6. V. K. Ranganathan, V. Siemionow, J. Z. Liu, et al., “From Mental


Power to Muscle Power: Gaining Strength by Using the
Mind,” Neuropsychologia, vol. 42, no. 7: pp. 944–956 (2004); G.
Yue and K. J. Cole, “Strength Increases from the Motor Program:
Comparison of Training with Maximal Voluntary and Imagined
Muscle Contractions,” Journal of Neurophysiology, vol. 67, no. 5:
pp. 1114–1123 (1992).
7. P. Cohen, “Mental Gymnastics Increase Bicep Strength,” New
Scientist,vol. 172, no. 2318: p. 17 (2001),
http://www.newscientist.com/article/dn1591-mental-
gymnastics-increase-bicep-strength.html#.Ui03PLzk_Vk.

8. A. Guillot, F. Lebon, D. Rouffet, et al., “Muscular Responses


During Motor Imagery as a Function of Muscle Contraction
Types,” International Journal of Psychophysiology, vol. 66, no. 1:
pp. 18–27 (2007).

9. I. Robertson, Mind Sculpture: Unlocking Your Brain’s Untapped


Potential(New York: Bantam Books, 2000); S. Begley, “God and
the Brain: How We’re Wired for Spirituality,” Newsweek (May 7,
2001), pp. 51–57; A. Newburg, E. D’Aquili, and V. Rause, Why God
Won’t Go Away: Brain Science and the Biology of Belief (New
York: Ballantine Books, 2001).

10. Rossi, The Psychobiology of Gene Expression.

11. Yue and Cole, “Strength Increases from the Motor Program”;
N. Doidge,The Brain That Changes Itself (New York: Viking
Penguin, 2007).

12. K. M. Dillon, B. Minchoff, and K. H. Baker, “Positive Emotional


States and Enhancement of the Immune System,” International
Journal of Psychiatry in Medicine, vol. 15, no. 1: pp. 13–18 (1985–
1986); S. Perera, E. Sabin, P. Nelson, et al., “Increases in Salivary
Lysozyme and IgA Concentrations and Secretory Rates
Independent of Salivary Flow Rates Following Viewing of
Humorous Videotape,” International Journal of Behavioral
Medicine, vol. 5, no. 2: pp. 118–128 (1998).

13. B. E. Kok, K. A. Coffey, M. A. Cohn, et al., “How Positive


Emotions Build Physical Health: Perceived Positive Social
Connections Account for the Upward Spiral Between Positive
Emotions and Vagal Tone,” Psychological Science, vol. 24, no. 7:
pp. 1123–1132 (2013).

14. T. Yamamuro, K. Senzaki, S. Iwamoto, et al., “Neurogenesis in


the Dentate Gyrus of the Rat Hippocampus Enhanced by Tickling
Stimulation with Positive Emotion,” Neuroscience Research, vol.
68, no. 4: pp. 285–289 (2010).
15. T. Baumgartner, M. Heinrichs, A. Vonlanthen, et al., “Oxytocin
Shapes the Neural Circuitry of Trust and Trust Adaptation in
Humans,” Neuron, vol. 58, no. 4: pp. 639–650 (2008).

16. M. G. Cattaneo, G. Lucci, and L. M. Vicentini, “Oxytocin


Stimulates in Vitro Angiogenesis via a Pyk-2/Src-Dependent
Mechanism,” Experimental Cell Research, vol. 315, no. 18: pp.
3210–3219 (2009).

17. A. Szeto, D. A. Nation, A. J. Mendez, et al., “Oxytocin


Attenuates NADPH-Dependent Superoxide Activity and IL-6
Secretion in Macrophages and Vascular Cells,” American Journal
of Physiology: Endocrinology and Metabolism, vol. 295, no. 6: pp.
E1495–501 (2008).

18. H. J. Monstein, N. Grahn, M. Truedsson, et al., “Oxytocin and


Oxytocin-Receptor mRNA Expression in the Human
Gastrointestinal Tract: A Polymerase Chain Reaction
Study,” Regulatory Peptides, vol. 119, no. (1–2): pp. 39–44 (2004).

19. J. Borg, O. Melander, L. Johansson, et al., “Gastroparesis Is


Associated with Oxytocin Deficiency, Oesophageal Dysmotility
with HyperCCKemia, and Autonomic Neuropathy with
Hypergastrinemia,” BMC Gastroenterology, vol. 9: p. 17 (2009).

Parte I

Capítulo Seis - Sugestionabilidade

Ivan Santiago, 36 anos de idade, pacientemente esperava numa


rua da cidade de New York, junto com um punhado
de paparazzi reunidos atrás de uma corda de veludo da entrada
de serviço de um hotel de quatro estrelas na Lower East Side. Eles
esperavam por um dignitário estrangeiro que estava para sair do
prédio e pular numa de suas duas limusines SVU pretas esperando
na calçada.

Mas, Santiago não estava segurando uma câmera. Numa mão,


segurava uma mochila vermelha completamente nova
enquanto, a outra mão, estava parcialmente escondida num
saco aberto segurando uma pistola equipada com silenciador.
Santiago, um imponente guarda oficial prisional da Pensilvânia,
com uma cabeça careca que deixaria Vin Diesel orgulhoso,
conhecia uma ou duas coisas sobre armas mortais. Ele nunca
teve que disparar uma enquanto estava em serviço, mas estava
pronto para disparar uma hoje.

Momentos antes, Santiago estava a caminho de sua casa, sem


um simples pensamento sobre armas, mochilas, dignitários
estrangeiros ou assassinato. Mas, agora sim, dedo no gatilho,
sobrancelha emaranhada numa carranca intimidadora e a
meros segundos de se transformar num assassino. As portas do
hotel se abriram e soltaram seu alvo numa camisa branca
esportiva, ondulada e carregando uma pasta de couro. O
homem encetou apenas dois ou três passos em direção à
limusine que o aguardava antes de Santiago sacar sua arma da
mochila e disparar três vezes. O homem caiu imóvel na calçada,
sua camisa manchada de vermelho.

Segundos mais tarde, um homem chamado Tom Silver apareceu


do nada, calmamente colocou uma mão sobre o ombro de
Santiago e, a outra, na testa do atirador, e disse “À contagem
do cinco, eu direi ‘totalmente revigorado’. Abra seus olhos e
desperte. Um, dois, três, quatro, cinco! Totalmente revigorado!”.

Santiago havia sido hipnotizado para atirar num estranho (na


verdade, um dublê) usando o que acabou sendo uma inofensiva
arma Airsoft com bala de festim, num experimento liderado por
um punhado de pesquisadores que se propôs a testar o
impensável: usando a hipnose, seria possível programar um
cumpridor da lei, uma boa pessoa de fato, a se tornar um
assassino de sangue frio?1

Escondidos dentro da SUV, olhos fixos na cena, estavam os


pesquisadores trabalhando com Silver: Cynthia Meyersburg,
Ph.D., na época uma colega com pós-doutorado em Harvard,
especializando-se em psicopatologia experimental; Mark Stoks,
Ph.D., um neurocientista em Oxford, que estuda as vias neurais
da tomada de decisão; e Jeffery Kieliszewski, Ph.D., um psicólogo
forense com a Human Resource Associates em Grand Rapids,
Michigan, que tem desenvolvido um trabalho em hospitais e
prisões de segurança máxima relacionado a criminosos insanos
mentalmente.

No dia anterior, os pesquisadores tinham começado com um


grupo de 185 voluntários. Silver (um hipnoterapeuta clínico
certificado e especialista em hipnose investigativa forense, que
havia ajudado o Departamento de Defesa de Taiwan a abrir um
escândalo internacional de comércio de armas de 2.4 bilhões de
dólares) rastreou todos os 185 participantes para determinar
quão sugestionáveis eles eram à hipnose. Apenas 5 a 10% da
população foram considerados muito suscetíveis à hipnose. No
grupo de teste, 16 estavam à altura das exigências e receberam
avaliação psicológica para eliminar os que podiam sofrer danos
psicológicos permanentes. Onze progrediram no próximo teste,
o que determinou se, sob hipnose, rejeitariam normas sociais
profundamente enraizadas; isso mostraria quais eram os mais
sugestionáveis.

Divididos em grupos menores, os indivíduos foram levados a um


restaurante bastante agitado para o almoço, mas, sem o
conhecimento deles, receberam sugestões pós-hipnóticas de
que, assim que se sentassem, suas cadeiras ficariam muito
quentes, ao ponto de eles se sentirem rapidamente tão quentes
que eles tirariam as próprias roupas de baixo – exatamente ali no
restaurante.

Embora todos os indivíduos respeitassem as instruções em vários


níveis, os pesquisadores eliminaram sete que foram percebidos
como se estivessem apenas jogando, ou que não eram
suscetíveis o bastante para seguir tudo o que estava em questão.
Os outros se despojaram de suas roupas de baixo em segundos;
eles realmente pensavam que suas cadeiras estavam
extremamente quentes.

Os quatro que progrediram para o nível seguinte foram


convidados a fazer um teste que nenhum seria capaz de falsear.
Os indivíduos entrariam numa banheira funda de metal cheia de
água gelada a 1ºC, apenas -16ºC de congelar. Um por vez, os
indivíduos foram ligados a dispositivos que monitoravam sua
frequência cardíaca, a frequência respiratória e o pulso,
enquanto uma câmera especial de imagem térmica monitorava
tanto a temperatura do corpo quanto a da água.

Hipnotizando-os, Silver disse aos indivíduos que eles não sentiriam


desconforto pela água gelada e, de fato, se sentiriam como se
estivessem mergulhados num agradável banho quente.

O anestesista Dr. Sekhar Upadhyayula administrou o teste na


presença dos técnicos de emergência médica.

Esse teste garantiria, ou não, a continuidade do experimento.


Normalmente, quando alguém é exposto a uma água assim tão
fria, um reflexo ofegante involuntário ocorre quando a água
atinge o nível do mamilo. As frequências cardíaca e respiratória
sobem, a pessoas começam a tremer, os dentes começam a
bater. É o sistema nervoso autônomo assumindo numa tentativa
de manter o equilíbrio interno – algo que não está sob o controle
consciente.

Mesmo que uma pessoa estivesse num profundo estado


hipnótico, a quantidade de sensações sendo enviadas para o
cérebro sob essas circunstâncias extremas normalmente seria
demasiada para manter um estado hipnótico.

Se quaisquer desses indivíduos passassem nesse teste, eles seriam


indisputavelmente sugestionáveis a um nível muito alto.

Três dos indivíduos realmente estavam em profundos estados


hipnóticos, mas não profundo o bastante para resistir a esse tipo
intenso de frio sem que seus corpos perdessem a homeostase. O
máximo que qualquer deles conseguiria permanecer na
banheira seria 18 segundos.

Mas, os quarto indivíduo, Santiago, permaneceu por pouco mais


de dois minutos antes que o Dr. Upadhyayula pedisse a
suspensão do teste.

Embora a frequência cardíaca de Santiago estivesse alta antes


do experimento, assim que ele entrou na água sua frequência
baixou imediatamente. Não havia algo mais que uma vibração
em seu ECG (Eletrocardiograma, nt), ou um único blip em seu
ritmo respiratório.
Santiago se sentou entre cubos de gelo como se estivesse imerso
numa banheira quente; realmente, era exatamente o que ele
acreditava estar fazendo. O homem nunca se encolheu, nem
quedou seu corpo em hipotermia, e os pesquisadores souberam
que tinham encontrado o sujeito que estavam buscando.

Como Santiago era tão sugestionável sob hipnose de modo que


seu corpo podia superar tal ambiente extremo por aquela
quantia de tempo e sua mente podia controlar suas funções
autônomas, ele estava pronto para o teste final.

A verificação de antecedentes de Santiago havia mostrado que


ele era um grande cara, os pesquisadores notaram. Ele era um
empregado de confiança, um filho devotado e um tio amoroso.
Ele certamente não era o tipo de homem que concordaria em
matar alguém a sangue frio. Silver seria bem sucedido em
transformar um homem assim num assassino?

Para que a próxima fase do experimento pudesse ser válida,


Santiago não poderia saber o que ele estava encenando; ele
não faria nenhuma conexão entre os experimentos dos quais
estava fazendo parte e a cena na frente do hotel próximo de
onde o estudo estava acontecendo. Como parte do plano, os
produtores de televisão responsáveis pela filmagem dos
experimentos disseram a ele que ele não havia sido selecionado
para continuar no programa, embora eles quisessem que
Santiago retornasse no dia seguinte para uma curta entrevista de
saída.

Antes de Santiago sair, disseram a ele que ele não seria colocado
sob hipnose novamente.

Santiago voltou no dia seguinte. Enquanto ele estava


conversando com uma produtora, a equipe começou a
trabalhar na encenação da cena externa. Ao dublê foram
amarradas embalagens com sangue; a Airsoft com balas de
festim (que tinha ação de explosão e recuo de uma arma de
fogo de verdade) foi colocada dentro de uma mochila
vermelha e deixada no assento de uma motocicleta
estacionada em frente à entrada do edifício. Uma linha de
corda de veludo foi colocada fora da entrada de serviço do
hotel, exatamente próxima à porta, e paparazzi atores foram
colocados no lugar com suas câmeras de vídeo. Duas SUVs
foram estacionadas na rua, parecendo prontas a sair com seu
“dignitário estrangeiro” e sua comitiva.

De volta ao andar de cima, Santiago respondia feliz às perguntas


em sua “entrevista de saída”, até que a produtora pediu licença
por um momento, dizendo que logo estaria de volta. Assim que
ela saiu da sala, Silver entrou dizendo que queria se despedir de
Santigo.

Enquanto Silver apertava a mão de Santiago, deu um pequeno


puxão no braço do Santiago fazendo com que ele, agora bem
condicionado a essa pista, caísse imediatamente num transe
hipnótico. Ele ficou inerte no sofá.

Silver disse a Santiago que “um homem mau” estava descendo


as escadas, acrescentando “ele tem que ser apagado. Temos
que nos livrar dele e você é o único que pode fazer isso.”.

Ele disse a Santiago que, uma vez que ele saísse do prédio, ele
veria uma mochila vermelha numa motocicleta e, dentro dela,
estaria uma arma. Ele disse a Santiago que era para que ele
pegasse a mochila vermelha, andasse até a corda de veludo,
onde esperaria pelo dignitário que estaria carregando uma
pasta e saindo do hotel. Ele disse a Santiago, "assim que ele
aparecer na porta, você vai apontar a arma para seu peito e
disparar aquela arma: Bang! Bang! Bang! Bang! Bang! Mas, assim
que você fizer isso, você simplesmente esquecerá totalmente,
completamente, que isso aconteceu.”.

Finalmente, Silver implantou um estímulo sonoro e um


desencadeador físico que enviaria Santiago de volta a um
estado hipnótico, a partir dos quais ele seguiria a sugestão pós-
hipnótica que Silver havia dado a ele.

Ele disse a Santiago que ele reconheceria um produtor do


segmento fora do prédio e que o homem apertaria sua mão e
diria, “Ivan, você fez um trabalho espetacular”.

Silver disse a Santiago para assentir “sim” se ele fosse fazer o que
Silver havia instruído, e Santiago concordaria.
Então, Silver trouxe Santiago do transe e agiu como se ele
realmente estivesse se despedindo.

A produtora retornou à sala após Silver ter saído e agradeceu a


Santiago, dizendo a ele que a entrevista de saída havia
terminado e que ele poderia ir embora. Logo depois, Santiago
deixou o prédio achando que estava indo para casa.

Assim que ele estava do lado de fora, o produtor do segmento


andou até ele, apertou sua mão e disse “Ivan, você fez um
trabalho espetacular”. Esse era o desencadeador.

Imediatamente, Santiago olhou ao redor, viu a motocicleta,


andou até ela, calmamente pegou a mochila vermelha no
assento.

Vendo a corda de veludo vermelho e os paparazzi, ele andou


para perto deles e vagarosamente abriu a mochila.

Em questão de instantes, um homem carregando uma pasta


apareceu na porta.

Sem vacilar, Santiago puxou a arma da mochila e atirou no peito


do homem várias vezes. As embalagens de sangue, dentro da
camisa do “dignitário” se romperam e, dramaticamente, ele
caiu no chão.

Quase imediatamente Silver apareceu na cena e fez Santiago


fechar os olhos.

O dublê fez uma saída precipitada, enquanto Silver trouxe


Santiago de seu transe.

O psicólogo Jeffery Kieliszewski e sugeriu que Santiago o seguisse


para dentro com os outros para uma reunião.

Uma vez dentro do prédio, os pesquisadores disseram a um


Santiago surpreso o que havia acontecido e lhe perguntaram se
ele tinha alguma lembrança do que havia feito ou do que tinha
acabado de acontecer lá fora.
Santiago não se lembrava de nada – isso é, até que Silver sugeriu
que ele se lembrasse.

Nos primeiros capítulos, você leu sobre muitos indivíduos


diferentes que aceitaram a possibilidade do cenário imaginado
e, como mágica, seus corpos responderam àquela imagem em
suas mentes; indivíduos que estiveram presos durantes anos por
tremores involuntários do mal de Parkinson, mas aumentaram
seus níveis de dopamina somente pelo pensamento, apenas
para ver sua paralisia espástica desaparecer misteriosamente;
uma mulher cronicamente deprimida que, com o tempo, mudou
fisicamente seu cérebro e transmutou seu estado emocional
debilitante em contentamento e bem-estar; asmáticos que
experienciaram episódios de inflamação completa vindos de
nada mais do que vapor de água, mas que reverteram sua
constrição brônquica em seguindo inalando exatamente o
mesmo vapor de água; e, é claro, os homens com severas dores
nos joelhos e com os movimentos comprometidos que,
milagrosamente, melhoraram após uma cirurgia simulada de
joelhos e permaneceram curados anos depois.

Em todos esses casos, e muitos outros, poderia ser dito que cada
indivíduo inicialmente aceitou e, em seguida, acreditou na
sugestão de uma saúde melhorada e, então, se renderam ao
resultado sem uma analise mais aprofundada.

Quando essas pessoas aceitaram o potencial da recuperação,


elas se alinharam com uma possível realidade futura – e
mudaram suas mentes e cérebros no processo. Como
acreditaram no resultado, emocionalmente abraçaram a ideia
de uma saúde melhorada e, como resultado, seus corpos, como
a mente inconsciente, começaram a viver naquela realidade
futura durante o momento presente.

Elas condicionaram seus corpos a uma nova mente e, assim,


começaram a assinar novos genes de novos modos e a expressar
novas proteínas para uma saúde melhorada – e se moveram
para um novo estado de ser.

Assim que elas se renderam a um novo cenário possível, não mais


ficaram analisando como aquilo iria acontecer ou quando iria se
manifestar; elas simplesmente confiaram num melhor estado de
ser e mantiveram aquele novo estado de mente e corpo por um
longo período de tempo. Foi isso que susteve o estado de ser que
ativou os genes certos e as programou para permanecerem
ativados.

Se esses indivíduos fizeram uma dieta de pílulas diárias de açúcar


durante semanas ou até meses, receberam uma simples injeção
de solução salina, ou se submeteram a uma cirurgia simulada,
eles reafirmaram a própria aceitação, crença e renderam-se
pela duração do estudo do qual participaram. Se eles tomaram
uma pílula diária para aliviar a dor ou a depressão, a pílula foi um
lembrador constante para que eles condicionassem,
esperassem e assinassem significado à própria atividade
intencional, além de reforçar o processo interno várias vezes. Se
foi uma visita semanal ao hospital para ver um médico e ser
entrevistado a respeito da própria melhora, a escolha de
interagir num ambiente particular com médicos, enfermeiras,
equipamentos e salas de espera desencadearam uma série de
respostas sensórias e, através da memória associativa, eles foram
lembrados de um novo futuro possível. Eles foram condicionados
a partir de experiências passadas em relação às quais o lugar
chamado “hospital” era aonde as pessoas iam para ficarem
bem. Esses indivíduos começaram a antecipar suas mudanças
futuras e, consequentemente, atribuíram intenção a todo o
processo de cura.

Como todos esses fatores tiveram significado, eles ajudaram a


fazer os pacientes dos placebos mais sugestionáveis aos
resultados que experienciaram.

Assim, vamos abordar o elefante na sala: nenhum mecanismo


de mudança física, química ou terapêutica fizeram essas
mudanças acontecerem. Nenhuma dessas pessoas teve uma
cirurgia real, tomou um medicamento ativo, ou recebeu
qualquer tratamento real para criar essas alterações
significativas na própria saúde.

O poder de suas mentes influenciou tanto a fisiologia de seus


corpos fisiológicos que elas se curaram. É seguro dizer que a
transformação real que aconteceu com elas aconteceu
independente de suas mentes conscientes. Suas mentes
conscientes podem ter iniciado o curso da ação, mas o trabalho
real aconteceu subconscientemente, com o indivíduo
permanecendo totalmente inconsciente de como aconteceu.

O mesmo é verdadeiro sobre Ivan Santiago. O poder de sua


mente sob a hipnose influenciou tanto sua fisiologia que mesmo
quando ele estava sentado numa banheira gelada com cubos
de gelo, ele não fez mais do que recuar. Contudo, foi o poder de
sua mente subconsciente alterada por uma mera sugestão, não
sua mente consciente, que foi responsável por esse feito. Se ele
não tivesse aceitado a sugestão, o resultado teria sido muito
diferente. Além disso, ele fez o que fez sem pensar sobre como
era capaz de fazer; na verdade, em sua mente, ele não estava
sentado numa banheira de gelo. Ele estava sentado numa
banheira perfeitamente agradável de agua morna.

Assim, como com a hipnose, o efeito placebo é criado pela


consciência da pessoa que de algum modo está interagindo
com o sistema nervoso autônomo. Bem simplesmente a mente
consciente se funde com a mente subconsciente.

Assim que os pacientes de placebo aceitam um pensamento


como uma realidade e, em seguida, acreditam e confiam
emocionalmente no resultado final, a próxima coisa que
acontece é que eles ficam bem.

Automaticamente, uma cascada de eventos fisiológicos


carrega toda uma mudança biológica – sem suas mentes
conscientes estarem envolvidas. Eles são capazes de entrar no
sistema operacional onde essas funções já acontecem
rotineiramente e, quando isso ocorre, é como se eles tivessem
plantado uma semente num solo fértil. Automaticamente, o
sistema assume o posto. Na verdade, não é serviço de ninguém
fazer alguma coisa. Apenas acontece.

Nenhum dos indivíduos poderia conscientemente elevar os níveis


de dopamina em 200% e controlar os tremores involuntários com
a mente, fabricar novos neurotransmissores para combater a
depressão, sinalizar células-tronco para se transformar em células
brancas sanguíneas para aumentar uma resposta do sistema
imunológico, ou restaurar a cartilagem do joelho a fim de reduzir
a dor – assim como Santiago não teria como evitar
conscientemente recuar quando abaixou seu corpo naquela
banheira. Qualquer um tentando alcançar qualquer um desses
feitos certamente não seria bem sucedido.

Essas pessoas teriam que ter ajuda de uma mente que já sabe
como iniciar todos esses processos.

Para serem bem sucedidas, elas teriam que ativar o sistema


nervoso autônomo, a mente subconsciente e, em seguida,
assinara a tarefa de fazer novas células e novas proteínas
saudáveis.

Aceitação, Crença e Rendição

Já mencionei a palavra sugestionabilidade durante esse livro


como se ser sugestionável fosse algo que simplesmente todos nós
pudéssemos fazer voluntariamente sob comando.

Como você leu na história no começo do capítulo, acontece


que não é assim tão fácil.

Vamos encarar isso. Alguns e nós – certamente Ivan Santiago –


somos mais sugestionáveis do que outros. E até os que são mais
sugestionáveis respondem a certas sugestões melhor do que a
outras sugestões.

Por exemplo, alguns dos indivíduos do teste do hipnotismo não


tiveram nenhum problema em tirar suas roupas de baixo em
público quando receberam aquela sugestão pós-hipnótica,
contudo foram incapazes de, subconscientemente, aceitarem a
ideia de que uma banheira de água gelada era realmente uma
Jacuzzi quentinha. Aquilo foi real, muito embora as sugestões
pós-hipnóticas (incluindo a sugestão de que Santiago atiraria
num estranho) geralmente sejam mais difíceis de serem aceitas
quando comparadas às sugestões que alteram
temporariamente o estado de alguém durante o transe
hipnótico em si.
E, como a hipnose, a resposta placebo também não funciona
para todo mundo. Os pacientes de placebo sobre os quais você
leu, que foram capazes de fazer mudanças positivas durar anos
(como os homens que tiveram a cirurgia simulada do joelho)
responderam muito como os indivíduos hipnoterápicos que
receberam sugestões pós-hipnóticas. Para alguns, como esses
homens, tais sugestões funcionam belamente. Para outros, não
muito acontece.

Por exemplo, quando estão doentes ou sofrendo de um mal,


muitas pessoas simplesmente não conseguem aceitar a ideia de
que até uma droga, um procedimento, um tratamento, ou uma
injeção pode ajudá-las – e muito menos que um placebo possa
funcionar. Por que não? É preciso que elas pensem mais
grandiosamente do que se sentem – permitindo, por sua vez, que
esses novos pensamentos levem a novos sentimentos, o que, em
seguida, reforça esses novos pensamentos – até que se torne um
novo estado de ser. Mas, se os sentimentos familiares se tornarem
os meios do pensamento familiar e a pessoa não consegue
transcender essa habituação, ela fica no mesmo estado
passado de mente e corpo; e tudo permanece o mesmo.

No entanto, se essas mesmas pessoas não conseguem aceitar


que uma droga, ou um procedimento, possa fazer com que elas
alcancem um novo nível de aceitação e de crença e, em
seguida, renderem-se a esse fim sem se preocuparem, ficarem
ansiosas, ou analisando, então elas conseguiriam colher maior
recompensas do processo.

É isso o que é sugestionabilidade: tornar um pensamento numa


experiência virtual e, consequentemente, fazer com que nossos
corpos respondam de um novo modo.

A sugestionabilidade combina os três elementos: aceitação,


crença e rendição. Quanto mais aceitamos, acreditarmos, e nos
rendermos a qualquer coisa que estejamos fazendo para mudar
nosso estado interno, melhores serão os resultados que criaremos.

Similarmente, quando Santiago estava sob a hipnose e sua


mente subconsciente estava no controle, ele podia aceitar
totalmente o que Silver lhe dizia a respeito do “cara mau” que
precisava ser eliminado, ele conseguia acreditar que Silver
estava dizendo a verdade e ele conseguia se render para
carregar as instruções detalhadas que Silver dava a ele, sem nem
analisar ou pensar criticamente a respeito do que estava prestes
a fazer. Não havia gestos de desesperos pedindo por provas. Ele
simplesmente fez.

Acrescentando Emoção

Assim, quando somos apresentados à ideia de uma melhor


saúde e associamos essa esperança ou pensamento – de que
algo fora de nós mudará algo dentro de nós – com a
antecipação emocional da experiência, estamos nos tornando
sugestionáveis àquele resultado final. Nós condicionamos,
esperamos e atribuímos significado para todo o sistema de
entrega.

Mas, o componente emocional é a chave nessa experiência; a


sugestionabilidade não é apenas um processo intelectual. Muitas
pessoas conseguem intelectualizar o serem melhores, mas se não
puderem abraçar emocionalmente o resultado, então elas não
conseguem entrar no sistema nervoso autônomo (como
Santiago fez usando o hipnotismo), o que é vital porque essa é a
sede da programação subconsciente que está evocando todos
os disparos (como vimos no Capítulo 3). De fato, é geralmente
aceito na psicologia que uma pessoa que vivencia intensas
emoções tende a ser mais receptiva às ideias e,
consequentemente, mais sugestionável.

O sistema nervoso autônomo está sob o controle do cérebro


límbico, que também é chamado de “cérebro emocional” e de
“cérebro químico”.

O cérebro límbico, representado na imagem 6.1, é responsável


pelas funções subconscientes como a ordem química e a
homeostase, pela manutenção do equilíbrio fisiológico natural
do corpo. Ele é seu centro emocional. Assim, quando você
vivencia diferentes emoções, você ativa essa parte do cérebro
e ela cria as moléculas químicas correspondentes à emoção.
E já que esse cérebro emocional existe abaixo do controle
consciente da mente, no momento em que você sente a
emoção, você ativa seu sistema nervoso autônomo.

Quando você sente uma emoção, você finalmente ultrapassa


seu Neocórtex – a sede de sua mente consciente – e ativa seu
sistema nervoso autônomo.

Consequentemente, quando você vai além de seu cérebro


pensante, você se move para uma parte do cérebro onde a
saúde é regulada, mantida e executada.

Assim, se o efeito placebo requer que você abrace uma


emoção elevada antecipadamente à experiência atual da
cura, então quando você amplifica sua resposta emocional (e
sai de seu estado de repouso normal), você está ativando seu
sistema subconsciente.

Permitir-se sentir as emoções é um modo de entrar no sistema


operacional e programar uma mudança, pois agora
automaticamente você está instruindo o sistema nervoso
autônomo a começar a criar a substância química
correspondente, como se você estivesse ficando melhor. E o
corpo recebe uma mistura desses elixires alquímicos a partir do
cérebro e da mente. Como resultado, o corpo agora está se
tornando a mente emocionalmente.

Como vimos, essas emoções não podem ser quaisquer emoções.


As emoções de sobrevivência, que já exploramos no último
capítulo, tiram o cérebro e o corpo do equilíbrio e, assim
desregulam (ou desativam) os genes necessários para a ótima
saúde.

Sentimentos de medo, futilidade, raiva, a hostilidade, a


impaciência, pessimismo, competição, preocupação, não
assinarão os genes apropriados para uma saúde melhor. Na
verdade, eles fazem o oposto. Eles ativam o sistema nervoso de
luta-ou-fuga e preparam seu corpo para a emergência. Agora
você está perdendo energia vital para a cura.

Aliás, é uma situação similar com tentar fazer algo acontecer,


aliás. No momento em que você está tentando, você está se
debatendo contra algo porque está se esforçando para mudar
aquilo. Você está lutando, tentando forçar um resultado, mesmo
que não perceba que é isso o que você realmente está fazendo.
Isso tira você do equilíbrio, assim como as emoções de
sobrevivência o fazem, e quanto mais frustrado e impaciente
você fica, mais fora do equilíbrio você fica. Lembra-se d’O
Império Contra-ataca’, quando Yoda diz a Luke Skywalker que
não há tentativa, apenas fazer (ou não fazer)? É a mesma coisa
com a resposta placebo: não há tentativa; há apenas
permissão.

Todas essas emoções negativas e estressantes são tão familiares


para nós e nos conectam a tantos eventos passados conhecidos
que, quando nos focamos neles, essas emoções familiares
mantêm o corpo conectado às mesmas condições passadas –
que, nesse caso, é uma saúde pobre. Nenhuma informação
nova pode programar nossos genes de nenhum modo. Seu
passado reforça seu futuro.

Por outro lado, emoções como a gratidão e a apreciação


abrem seu coração e alavancam a energia em seu corpo para
um novo estado – fora dos centros hormonais mais baixos. A
gratidão é uma das emoções mais poderosas para aumentar
seu nível de sugestionabilidade.

Ela ensina seu corpo emocionalmente que o evento pelo qual


você é grato já aconteceu porque geralmente agradecemos
após o evento desejado ter ocorrido.

Se você trouxer a emoção da gratidão antes do evento


acontecer, seu corpo (como a mente inconsciente) começará
a acreditar que o evento futuro realmente já aconteceu – ou
que está acontecendo para você no momento presente.

A gratidão, portanto, é o máximo estado do recebedor.

Veja a Imagem 6.2 para rever a diferença entre a expressão das


emoções de sobrevivência e as emoções elevadas.

Emoções de sobrevivência são derivadas principalmente dos


hormônios do estresse, que tendem a apoiar os estados de
mente e corpo mais egoístas e mais limitados. Quando você
abraça emoções elevadas, mais criativas, você alavanca sua
energia para um centro hormonal diferente, seu coração
começa a se abrir e você se sente mais altruísta. É quando seu
corpo começa a responder a uma nova mente.

Se você puder trazer a emoção da apreciação, ou da gratidão,


e combiná-la com uma clara intenção, você agora está
começando a incorporar o evento emocionalmente. Você está
mudando seu cérebro e corpo. Especificamente, você está
instruindo seu corpo, quimicamente, a saber o que sua mente
sabe filosoficamente.

Poderíamos dizer que você está num novo futuro no momento


presente. Você não mais está usando emoções familiares
primitivas para lhe manter ancorado ao passado; você está
agora usando emoções elevadas para lhe levar para um novo
futuro.

Duas Faces da Mente Analítica

Vamos voltar à ideia inserida anteriormente de que cada um de


nos tem níveis diferentes de nossa própria aceitação à sugestão,
resultando num espectro de sugestionabilidade.

Todo mundo tem seu próprio nível de suscetibilidade aos


pensamentos, sugestões e comandos – tanto da realidade
externa quanto da interna – com base em muitas variáveis
diferentes.

Pense em seu nível de sugestionabilidade como sendo


inversamente relacionado ao seu pensamento analítico (como
ilustrado na Imagem 6.3): quanto maior sua mente analítica
(quanto mais você analisa), menos sugestionável você é; e
quanto menos analítica for sua mente, mais sugestionável você
é.
A mente analítica (ou mente crítica) é aquela parte da mente
que você usa conscientemente e da qual está ciente. Ela é uma
função do Neocórtex pensante – a parte do cérebro que é a
base de sua consciência desperta; a que pensa, observa, e se
lembra das coisas; e que resolve os problemas. Ela analisa,
compara, julga, repensa, examina, questiona, polariza, examina,
racionaliza, e reflete. Ela pega o que foi aprendido da
experiência passada e aplica para um resultado futuro, ou para
algo que não foi experienciado ainda.

No experimento com a hipnose descrito no começo desse


capítulo, por exemplo, 7 de 11 indivíduos receberam sugestão
pós-hipnótica para tirar suas roupas num restaurante público não
o fizeram completamente. Foi quando a mente analítica os
trouxe “de volta a seus sentidos”.

No momento em que eles começaram a analisar – Isso está


certo? Eu deveria fazer isso? Com o que parecerei? Quem está
olhando? O que meu namorado vai pensar? –, a sugestão não
era mais tão poderosa e eles voltaram a seu estado antigo de
ser.

Por outro lado, o pessoal que tirou a própria roupa


imediatamente, fez aquilo sem questionar o que estava fazendo.
Eles eram menos analíticos (e, assim, mais sugestionáveis) do que
seus parceiros.

Como o Neocórtex é dividido em duas metades chamadas de


hemisférios, faz sentido que analisemos e passemos muito tempo
pensando na dualidade, você sabe, bom versus errado, positivo
versus negativo, macho versus fêmea, heterossexual versus gay,
democratas versus republicanos, passado versus presente, lógica
versus emoção – você entendeu a ideia. E se estamos vivendo
em estresse, as substâncias químicas que estamos bombeando
para nossos sistemas tendem a nos levar para todo o processo
analítico mais rapidamente. Analisamos mais ainda para predizer
os resultados futuros, a fim de que possamos nos proteger dos
piores cenários baseados na experiência passada.

Não há nada de errado com a mente analítica, é claro. Ela tem


nos servido bem por toda nossa caminhada, nossa vida
consciente. Ela é o que nos faz humanos. O trabalho dela é criar
significado e coerência entre nossos mundos externos (as
experiências combinadas das pessoas e coisas em diferentes
épocas e lugares) e nossos mundos internos (nossos pensamentos
e sentimentos).

A mente analítica funciona melhor quando estamos calmos,


relaxados e focados. É quando ela está trabalhando para nós.
Simultaneamente, ela revê muitos aspectos de nossas vidas e nos
fornece respostas significativas. Ela nos ajuda a escolher, a partir
de uma miríade de opções, para que tomemos decisões,
aprendamos novas coisas, examinemos se acreditamos em algo,
julguemos situações sociais baseados em nossa ética, obtendo
clareza em nosso propósito de vida, discernindo moralidade com
convicção e avaliando dados sensórios importantes.

Como uma extensão de nossos egos, a mente analítica também


nos protege, assim podemos lidar e sobreviver melhor em
relação a nossos ambientes externos (na verdade, um dos
principais trabalhos do ego é proteger-nos). Ela sempre está
avaliando situações no ambiente externo e examinando a
paisagem pelos resultados mais vantajosos. Ele cuida do eu e
também tenta preservar o corpo. Seu ego lhe deixará saber
quando há um perigo em potencial e lhe instará a responder à
condição.

Por exemplo, se você estivesse andando na estrada e visse carros


se aproximando para bem perto do lado da estrada onde você
estivesse, poderia cruzar a rua para se proteger – é seu ego lhe
dando aquela orientação.
Mas, quando nossos egos estão desequilibrados devido a uma
enxurrada de hormônios de estresse, nossas mentes analíticas se
aceleram e tornam-se altamente estimuladas. É quando a
mente analítica não mais está trabalhando por nós, mas contra
nós.

Tornamo-nos altamente analíticos. E o ego se torna altamente


egoísta ao certificar-se de que nós viemos em primeiro lugar
porque esse é o trabalho dele. Ele pensa e sente como se
precisasse estar no controle para proteger a identidade. Ele
tenta ter o poder sobre os resultados; ele prediz o que é
necessário para criar certa situação segura; ele se agarra ao que
é familiar e não desistirá daquilo – ele mantém rancores, sente
dor e sofre, ou não consegue ir além de sua vitimização. Ele
sempre evitará a condição desconhecida e a vê como um
perigo potencial, pois, para o ego, o desconhecido não é
confiável.

E o ego fará qualquer coisa para se empoderar para o impulso


das emoções viciantes. Ele quer o que ele quer e ele fará
qualquer coisa para chegar ali primeiro, atropelando-se para a
linha de frente. Ele pode ser astuto, manipulador, competitivo e
enganoso em sua proteção.

Assim, quanto mais estressante sua situação, mais sua mente


analítica é conduzida a analisar sua vida dentro da emoção que
você está vivenciando naquele momento particular. Quando
isso acontece, você está realmente movendo sua consciência
para longe do sistema operacional da mente subconsciente,
onde a verdadeira mudança pode ocorrer. Você está, portanto,
analisando sua vida a partir de seu passado emocional, embora
as respostas para seus problemas não estejam dentro dessas
emoções, que estão fazendo com que você pense mais dentro
de um estado químico familiar, limitado. Você está pensando
dentro da caixa.

Daí, por causa do círculo do pensamento e do sentimento,


discutido anteriormente no livro, esses pensamentos recriam as
mesmas emoções e, assim, levam seu cérebro e corpo para fora
da ordem. Você será capaz de ver as respostas mais facilmente
quando você vai além dessa emoção estressante e vê sua vida
a partir de um estado diferente de mente (Fica sintonizado).

Quando sua mente analítica é ampliada, sua sugestionabilidade


a novos resultados diminui. Por quê? Porque numa emergência
iminente não é o momento para ser mente aberta (entreter
novas possibilidades e aceitar novos potenciais). Não é o
momento para acreditar em novas ideias e abertamente abrir
mão e render-se a elas. Não é o momento para confiar; ao
contrário, é o momento para proteger o eu pelas medidas que
você conhece contra o que você não conhece, de modo a
determinar as melhores chances de sobrevivência. É o momento
de fugir do desconhecido. Assim, faz sentido que, quando a
mente analítica é endossada pelos hormônios do estresse, você
limitará seu pensamento, sendo improvável confiar e acreditar
em qualquer coisa nova, e sendo menos sugestionável a
acreditar apenas no pensamento ou em fazer conhecido
qualquer pensamento desconhecido. Assim, você pode usar a
mente analítica, ou o ego, para trabalhar para você, ou contra
você.

Os Trabalhos Interiores da Mente

Pense na mente analítica como uma parte separada da mente


consciente que a divide a partir da mente subconsciente. Já que
o placebo funciona apenas quando a mente analítica é
silenciada, de modo que sua consciência possa interagir com a
mente subconsciente – o domínio onde a verdadeira mudança
ocorre –, a resposta do placebo é possível apenas quando você
vai além de seu eu e vislumbra sua mente consciente com seu
sistema nervoso autônomo.
Veja a Imagem 6.4 para uma simples ilustração disso.
Deixe que o círculo na imagem represente a mente total. A
mente consciente é apenas 5% da mente total. Ela é feita de
lógica e raciocínio, bem como de nossas habilidades criativas.
Esses aspectos dão origem a nosso livre arbítrio. Os outros 95% da
mente total é a mente subconsciente. Esse é o sistema
operacional, onde todas as habilidades automáticas, hábitos,
reações emocionais, comportamentos entrelaçados, respostas
condicionadas, memórias associadas, e emoções e
pensamentos rotineiros criam nossas atitudes, crenças e
percepções.

Essa é uma visão geral da mente consciente, da mente analítica,


e da mente subconsciente.
A mente consciente é onde armazenamos nossas memórias
explicitas, ou declarativas. Portanto, memórias declarativas são
memórias que podemos declarar. Elas são o conhecimento que
aprendemos (denominadas memórias semânticas) e
experiências que tivemos nessa vida (memórias episódicas).

Você pode ser uma mulher que cresceu no Tennessee; que


andou a cavalo quando criança até que caiu de um e quebrou
seu braço; que com 10 anos de idade teve uma tarântula de
estimação que escapou da gaiola exigindo que você e sua
família dormissem num hotel por dois dias; que ganhou o
concurso de soletração aos 14 anos de idade e que agora
nunca erra uma palavra; que se formou em contabilidade na
faculdade de Nebraska; que atualmente vive em Atlanta, assim
você pode ficar perto de sua irmã (que conseguiu um emprego
numa grande corporação); e que agora está começando um
mestrado online em finanças. Memórias declarativas são a
autobiografia do eu.

O outro tipo de memórias que temos são as implícitas, ou não


declarativas, às vezes também chamadas de memórias
procedurais.
Esse tipo de memória salta quando você fez algo tantas vezes
que você nem tem consciência de como faz. Você repetiu tão
frequentemente que agora seu corpo conhece aquilo tão bem
quanto seu cérebro.
Pense em andar de bicicleta, opera uma embreagem, amarrar
seus cadarços, discar um numero de telefone ou um PIN num
teclado, ou até mesmo em ler ou falar. Esses são programas
automáticos que foram discutidos durante esse livro. Você
poderia dizer que não tem mais que analisar ou pensar
conscientemente sobre a habilidade ou hábito que dominou
porque agora ele é subconsciente.
Esse é o sistema de operação programada, que é ilustrado na
Imagem 6.5.
Quando você dominou como fazer algo até que esse algo tenha
se tornado entrelaçado em sua mente e emocionalmente
condicionado em seu corpo, então seu corpo sabe como fazer,
assim como sua mente consciente. Você memorizou uma ordem
neuroquímica interna que se tornou inata. A razão é simples: a
experiência repetida enriquece as redes neurais do cérebro e,
daí, finalmente sela o assunto quando emocionalmente ela
treina o corpo.
Assim que o evento é neuroquimicamente incorporado vezes o
bastante através da experiência, você pode ativar o corpo e o
programa automático correspondente apenas acessando um
pensamento subconsciente familiar, ou um sentimento – e, daí,
momentaneamente você se move para um estado particular de
ser, que executa o comportamento automático.
Os sistemas de memórias estão divididos em duas categorias:
memórias declarativas (explícitas) e memórias não declarativas
(implícitas).

Já que as memórias implícitas são desenvolvidas a partir das


emoções da experiência, dois cenários possíveis explicam como
isso ocorre: (1) um evento único altamente carregado
emocionalmente pode ser imediatamente marcado e
armazenado no subconsciente (por exemplo, uma memória de
infância de estar numa grande loja de departamentos e ser
separado de sua mãe), ou (2) a redundância das emoções
derivadas de uma experiência consistente também será
registrada ali.

Já que memórias são uma parte do sistema subconsciente de


memória e são encaminhadas para lá pela experiência
repetida ou pelos eventos emocionais altamente carregados,
quando você traz à tona qualquer emoção ou sensação, você
está abrindo uma porta para sua mente subconsciente.
Já que os pensamentos são a linguagem do cérebro e as
sensações são a linguagem do corpo, no momento em que
você sente uma sensação, você está ativando seu corpo-mente
(pois seu corpo se torna sua mente subconsciente). Você apenas
entrou no sistema operacional.

Pense a respeito disso assim: quando você se sente de certo


modo familiar, você está acessando subconscientemente uma
série de pensamentos derivada daquela sensação particular.
Numa base diária você está autossugestionando pensamentos
iguais a como você se sente. Esses são os pensamentos que
você aceita, acredita e para os quais se rende como se eles
fossem verdadeiros. Portanto, você é mais sugestionável apenas
aos pensamentos que se compatibilizam exatamente com o
mesmo sentimento. Como resultado, esses pensamentos que
você pensa inconscientemente são aqueles que você aceita,
acredita e aos quais se rende mais e mais.

Por um lado, também poderia ser dito que você é muito menos
sugestionável a quaisquer pensamentos que não sejam iguais
aos seus sentimentos memorizados. Qualquer novo pensamento
que reflita uma possibilidade desconhecida simplesmente não
lhe fará se sentir adequado. Sua conversa consigo mesmo (os
pensamentos que você escuta todos os dias) escorrega por sua
consciência desperta numa base momento-a-momento e
estimula o sistema nervoso autônomo e o fluxo dos processos
biológicos, reforçando o sentimento programado de quem você
pensa que é.

Lembre-se do estudo no Capítulo 2, onde os pesquisadores


descobriram que otimistas respondem mais favoravelmente às
sugestões que são positivas enquanto os pessimistas respondem
mais desfavoravelmente às sugestões que são negativas.
Pelos mesmos meios, se você tivesse que mudar o modo como
se sente, você se tornaria mais sugestionável a um novo fluxo de
pensamentos? Sem dúvida!
Ao sentir uma emoção elevada e permitir todo um novo
conjunto de pensamentos pelos quais ser conduzido por essas
novas emoções, você aumenta seu nível de sugestionabilidade
ao que você sentia e pensava. Você estaria num novo estado
de ser e seus novos pensamentos seriam as autossugestões
similares àqueles sentimentos. E quando você sente emoções,
naturalmente você está ativando seu sistema de memória
implícita e o sistema nervoso autônomo. Você pode
simplesmente permitir que o sistema nervoso autônomo faça o
que ele faz melhor: restaurar o equilíbrio, a saúde, e a ordem.
Não é isso o que muitas pessoas fizeram nos estudos sobre os
placebos mencionados anteriormente?
Elas não foram capazes de trazer à tona uma emoção elevada
como a esperança, ou a inspiração, ou o contentamento do
bem-estar?
E uma vez que elas viram uma nova possibilidade sem nem
sequer analisa-la, o nível de sugestionabilidade delas não foi
influenciado por esses sentimentos?
Quando elas sentiram essas emoções correspondentes, elas não
entraram no sistema operacional e reprogramaram o próprio
sistema nervoso autônomo com novas ordens – apenas pelo
pensamento – autossugestionando similarmente àquelas
emoções?

Abrindo a Porta para a Mente Subconsciente

Se existem diferentes graus de sugestionabilidade, então isso


pode ser demonstrado visualmente mostrando diferentes
espessuras da mente analítica. Quanto mais espessa a barreira
entre a mente consciente e a mente subconsciente, mais
dificuldade você terá no sistema operacional. Dê uma olhada
na Imagem 6.6 e 6.7 das páginas seguintes, que representam
duas pessoas com tipos diferentes de mentes.

A pessoa na Imagem 6.6 tem um véu bem fino entre as mentes


consciente e subconsciente e, portanto, é bastante aberta a
sugestões (como Ivan Santiago do início do capítulo). Essa
pessoa naturalmente aceitará, acreditará e se renderá a um
resultado, pois ela não analisa ou intelectualiza muito. Pessoas
como essa podem ser muito mais inatamente propensas a
aceitar que um pensamento é uma experiência em potencial e
abraçá-la emocionalmente, assim o pacote se torna impresso no
sistema nervoso autônomo, pronto a ser executado como uma
realidade. Essas pessoas não passam muito tempo tentando
entender as coisas em suas vidas e não ficam pensando tanto.
Se você já chegou a ver um show de hipnose de palco, os
indivíduos que participam na frente do placo geralmente se
enquadram nessa categoria.

Agora, contraste isso com a Imagem 6.7.

Se você olhar para a camada da mente analítica que separa a


mente consciente e subconsciente, você pode ver facilmente
que essa pessoa é menos propensa a aceitar sugestões de cara,
sem um nível significativo de ajuda de sua mente intelectual para
avaliar, processar, planejar, e rever. Pessoas como essa são
altamente críticas e se certificarão de que terão analisado tudo
antes de simplesmente se renderem e confiarem.

Uma mente menos analítica (representada por uma camada


mais fina na ilustração) é mais sugestionável.

Tenha em mente que alguns de nós temos uma mente mais


analítica, mesmo sem vivermos constantemente por nossos
hormônios do estresse. É possível que tenhamos estudado
indivíduos diferentes na faculdade, ou vivido com pais que
reforçaram os mecanismos do pensamento racional quando
éramos jovens, ou talvez seja apenas uma parte de nossa
natureza (no entanto, você poder ter uma mente analítica
significantemente ampla e ainda assim aprender como ir além
dela – eu certamente o fiz –, então há esperança).

Uma mente analítica desenvolvida (representada pela camada


mais densa na ilustração) é menos sugestionável.

Como eu disse anteriormente, nenhum desses tipos é mais


vantajoso do que outro. Penso que um equilíbrio saudável entre
os dois funciona muito bem. Alguém que é altamente analítico
tem menos probabilidade de confiar e fluir em sua própria vida.

Alguém que seja altamente sugestionável pode ser muito


ingênuo e menos funcional.

O ponto que quero enfatizar é que se você fica analisando sua


vida continuamente, julgando-se e ficando obcecado com tudo
em sua realidade, então você nunca entrará no sistema
operacional onde esses programas antigos existem a fim de
reprogramá-los. Somente quando a pessoa aceita, acredita e se
rende à sugestão é que se abre a porta entre as mentes
conscientes e subconsciente. Daí, essa informação assina o
sistema nervoso autônomo e – presto! – o trabalho está feito.

Agora, dê uma olhada na Imagem 6.8. a seta representa o


movimento da consciência a partir da mente consciente para a
mente subconsciente, onde a sugestão é
biologicamente gravada no sistema de programação.

Essa imagem representa o relacionamento entre os estados de


ondas cerebrais e o movimento da consciência a partir da
mente consciente para a mente subconsciente, movendo-se da
mente analítica passada durante a prática da meditação.

Alguns elementos adicionais também podem silenciar a mente


analítica e abrir a porta para a mente subconsciente de modo a
aumentar o nível de sugestionabilidade da pessoa.
Por exemplo, a fadiga física ou mental aumenta sua
sugestionabilidade.

Alguns estudos têm demonstrado que a exposição limitada a


situações sociais, físicas e ambientais sinalizam privação sensória
podendo causar aumento da suscetibilidade. A fome extrema,
o choque emocional e o trauma também podem enfraquecer
nossas faculdades analíticas, nos tornando mais sugestionáveis à
informação, portanto.

Desmistificando a Meditação

Como a hipnose, a meditação é outro modo de contornar a


mente crítica e nos movermos para o sistema subconsciente de
programas.

Todo o processo da meditação é fazer com que você mova sua


consciência para além de sua mente analítica – tirar sua
atenção do seu mundo externo, de seu corpo e do tempo – e
prestar atenção a seu mundo interno de pensamentos e
sentimentos.

Muitos estigmas cercam a palavra ‘meditação’. A maioria das


pessoas evoca imagens de um guru barbudo no topo de uma
montanha, imune aos elementos e sentado em perfeita
imobilidade; um monge com uma túnica simples, com o rosto
adornado de um sorriso enorme e misterioso; ou até mesmo de
uma jovem bonita, com pele impecável, na capa de uma
revista, vestida com roupas elegantes de yoga e olhando
serenamente livre da escravidão de todas as exigências da vida
diária.

Quando vemos essas imagens, muitos de nós conseguimos


perceber a disciplina exigida como bem pouco prático, bem
longe do alcance, e além de nossa capacidade. Podemos ver
a meditação como uma prática espiritual que não se encaixa
em nossas crenças religiosas. E alguns de nós simplesmente
ficamos sobrecarregados com as variedades aparentemente
intermináveis de meditações disponíveis e somos incapazes de
decidir por onde começar.

Mas não tem que ser assim tão difícil, confuso, ou “nada a ver”.

Para essa discussão, vamos apenas dizer que todo o propósito


da meditação é mover nossa consciência para além da mente
analítica e para níveis mais profundos de consciência.

Na meditação, nós não apenas nos movemos da mente


consciente para a mente subconsciente, mas também do eu
egóico para o eu altruísta, do ser um corpo e de ser um alguém
para não ser corpo e não ser ninguém, de ser um materialista
para ser um imaterialista, de estar em algum lugar para estar em
nenhum lugar, de estar no tempo para estar no não tempo, de
acreditar que o mundo externo é a realidade e definir a
realidade com nossos sentidos para acreditar que o mundo
interno é a realidade e que, uma vez que estejamos ali, entramos
no “não sentido”: o mundo do pensamento além dos sentidos.

A meditação nos leva da sobrevivência para a criação; da


separação para a conexão; do desequilíbrio para o equilíbrio;
do modo de emergência para o modo do crescer-e-reparar; e
das emoções limitadoras do medo, da raiva e da tristeza para as
emoções expansivas do contentamento, da liberdade e do
amor.

Basicamente, vamos do agarrar-se ao conhecido para o


abraçar o desconhecido.

Vamos racionalizar isso por um instante. Se seu Neocórtex é a


base de sua consciência desperta e é onde você constrói
pensamentos, usa a racionalização analítica, exercita o intelecto
e demonstra os processos racionais, então você terá que mover
sua consciência para além (ou para fora) do seu Neocórtex a
fim de meditar. Fundamentalmente, sua consciência terá que
se mover de seu cérebro pensante para seu cérebro límbico e
para as regiões subconscientes.

Em outras palavras, a fim de que você reduza seu Neocórtex e


toda a atividade neural que ele executa numa base diária, você
teria que parar de pensar analiticamente e desocupasse as
faculdades do raciocínio, da logica, da intelectualização, da
previsibilidade, da prevenção, e da racionalização – ao menos
temporariamente. É isso o que significa “aquietar sua mente”
(revisite a Imagem 6.1 se você precisar).

De acordo com o modelo neurocientífico que delineei nos


capítulos anteriores, aquietar sua mente significa que você tem
que declarar um “cessar fogo” em toda a rede neural
automática em seu cérebro pensante, que habitualmente você
dispara numa base regular. Ou seja, você tem que parar de se
lembrar de quem você acha que é, reproduzindo
repetidamente o mesmo nível de mente.

Eu sei que isso soa como uma tarefa árdua que bem pode ser
esmagadora, mas acontece que existem modos práticos,
científicos, comprovados, para que realizemos esse feito e os
tornemos uma habilidade. Nos seminários nos quais eu ensino
pelo mundo, muitas pessoas comuns que nunca meditaram
antes se tornam muito boas fazendo isso – assim que aprendem
como. Você aprenderá esses métodos nos capítulos seguintes,
mas, primeiro, vamos aumentar seu nível de intenção, assim –
quando você chegar ao como-fazer – você colherá maiores
recompensas (assim como os praticantes de exercícios
aeróbicos em Quebec, do Capítulo 2, a quem disseram que seu
bem-estar seria aumentado pelos próprios esforços e, assim,
puderam atribuir significado ao que estavam fazendo – e daí
tiveram resultados melhores).

Por que a Meditação Pode Ser tão Desafiadora

O Neocórtex analítico usa todos os cinco sentidos para


determinar a realidade. Ele é muito preocupado com colocar
toda a consciência dele no corpo, no ambiente e no tempo.

E se você for ao menos um pouco estressado, então sua atenção


será direcionada e ampliada para todos esses três elementos.
Quando você está sob a arma do sistema de emergência de
luta-ou-fuga, você ativa sua adrenalina, como qualquer animal
ameaçado na floresta, toda sua atenção será colocada em
cuidar de seu corpo, encontrar rotas de escape em seu
ambiente e descobrir quanto tempo você tem para fazer isso
com segurança. Você fica altamente focado em problemas,
obcecado com sua aparência, se debruçando sobre sua dor,
pensando em quão pouco tempo você tem para fazer o que
precisa fazer e corre para terminar as coisas. Soa familiar?

Como você está altamente focado nesse mundo externo e seus


problemas nele quando você está vivendo no modo de
sobrevivência, é fácil pensar que o que você vê e vivencia é
tudo o que existe. E sem o mundo externo você não é ninguém,
nenhum corpo, nenhuma coisa, e não está em nenhum lugar.
Quão amedrontador isso é para um ego que está tentando
controlar toda a própria realidade ao reafirmar constantemente
uma identidade!

Pode ser mais fácil se você se lembrar de que, quando você está
vivendo no modo de sobrevivência, o que você percebe é
verdadeiramente apenas um pedaço do iceberg, apenas uma
gama de ingredientes que compõe seu mundo externo.

Você se identifica com muitas variações e combinações em seu


mundo externo que refletem para você quem você pensa que
é – mas, isso não significa que não haja mais. Na verdade, toda
vez que você aprende algo novo, você muda o modo como
você vê o mundo. O mundo realmente não mudou; apenas sua
percepção dele mudou (vamos aprender mais sobre percepção
no próximo capítulo).

Por agora, é o suficiente manter em mente que, se seu objetivo


é efetuar a mudança e você não tem sido capaz de fazer isso
acontecer com todos os recursos de seu mundo externo, então,
claramente, você precisará olhar para fora dos limites do que
você vê, sente e vivencia para ter suas respostas.

Você precisará puxar respostas de outras fontes que você ainda


não identificou – do desconhecido. Assim, nesse sentido, o
desconhecido é seu amigo, não seu inimigo. Ele é o lugar onde
as respostas estão.
Outra razão pela qual se torna difícil para nós tirar nossa atenção
das condições de nosso mundo externo e colocá-la em nosso
mundo interno é que a maioria das pessoas é viciada nos
hormônios do estresse – em sentir o impulso das substâncias
químicas que são o resultado de nossas reações conscientes ou
inconscientes. Esse vício reforça nossa crença em que nosso
mundo externo é mais real do que nosso mundo interno. E sua
fisiologia está condicionada a dar apoio a isso, pois as ameaças
reais, os problemas e as preocupações que existem precisam de
nossa atenção. Assim, nos tornamos viciados em nosso ambiente
externo presente. E, através das memórias associativas, usamos
os problemas e condições em nossas vidas para reafirmar esse
vício emocional a fim de nos lembrarmos de quem pensamos
que somos.

Eis outro modo de dizer isso: os hormônios do estresse que


vivenciamos enquanto estamos vivendo no modo de
sobrevivência dá ao corpo uma alta dose de energia e faz com
que os cinco sentidos – que nos sintonizam na realidade externa
– se tornem elevados. Então, naturalmente, se estamos
continuamente estressados, definiremos nossa realidade com
nossos sentidos. Nós nos tornamos materialistas.

Quando tentamos ir para dentro de nós e nos conectarmos com


o mundo do “não sentido” e o imaterial, é necessário algum
esforço para quebrar nossos hábitos condicionados e nosso vício
da pressa química que obtemos de nossa realidade externa.

Como, então, poderia ser possível que acreditássemos que o


pensamento é mais poderoso do que a realidade tridimensional,
física?

Se é assim que vemos as coisas, torna-se desafiador mudar


qualquer coisa apenas com o pensamento, pois nos tornamos
escravizados a nossos corpos e a nossos ambientes.

Talvez um antídoto para isso seja reler as história no Capítulo 1 –


e reler as histórias de meus seminários mais adiante, nos Capítulos
9 e 10.
Reforçar a nova informação que nos mostra que o que
pensamos que deveria ser impossível é realmente possível nos
ajuda a nos lembrar que há mais na realidade do que nossos
sentidos percebem. Queiramos admitir ou não, nós somos o
placebo.

Navegando em Nossas Ondas Cerebrais

Se a meditação tem a ver com entrar no sistema autônomo, de


modo a nos tornarmos mais sugestionáveis e superarmos os
desafios acima mencionados, então precisamos saber como
chegar lá. A resposta curta é que chegamos lá numa onda
cerebral.

O estado cerebral em que estamos em qualquer determinado


momento tem um enorme efeito sobre quão sugestionáveis
somos naquele momento.

Assim que você aprende o que são esses estados diferentes e


como reconhecê-los quando você está neles, você pode
treinar-se para se mover de um estado a outro, para cima e para
baixo da escala do padrão de ondas cerebrais. É necessário um
pouco de prática, é claro, mas é possível.

Assim, vamos explorar esses estados diferenciados para aprender


mais a respeito deles.

Quando os neurônios disparam juntos, eles trocam elementos


carregados que, em seguida, produzem campos
eletromagnéticos, e esse campos são o que são medidos
durante um mapeamento cerebral (como um
eletroencefalograma, ou um EEG).

Os humanos têm várias frequências mensuráveis de ondas


cerebrais e, quanto mais lento o estado da onda cerebral em
que estamos, mais profundamente entramos no mundo interno
da mente subconsciente.

Na ordem do mais lento ao mais rápido, os estados de ondas


cerebrais são delta (sono profundo, restaurador – totalmente
inconsciente), teta (um estado crepuscular entre o sono
profundo e a vigília), alfa (o estado criativo, imaginativo), beta
(o pensamento consciente), e gama (os estados alterados de
consciência).

Beta é nosso estado de vigília diário. Quando estamos em beta,


o cérebro pensante, ou o Neocórtex, está processando todos os
dados sensórios recebidos e criando significado entre nossos
mundos externo e interno. Beta não é o melhor estado para a
meditação, pois quando estamos em beta, o mundo externo
parece mais real do que o mundo interno. Três níveis de padrões
de ondas cerebrais compõem o espectro de onda beta: beta
com gama de frequência baixa (relaxado, atenção interessada,
como ler um livro), beta com gama de frequência
média (atenção focada num estímulo em curso fora do corpo,
como aprender e, em seguida, lembrar-se), e beta com gama
de frequência alta (altamente focado, atenção no modo de
crise, quando as químicas do estresse são produzidas). Quanto
mais altas forem as ondas cerebrais de beta, mais distantes
ficamos de conseguir acessar o sistema operacional.

Na maioria dos dias ficamos indo e voltando entre os estados de


beta e alfa. Alfa é nosso estado relaxado, onde prestamos
menos atenção ao mundo físico e começamos a prestar mais
atenção a nosso mundo interno.

Quando estamos em alfa, estamos num leve estado de


meditação; você também poderia chamar de imaginação ou
de sonhar acordado. Nesse estado, nosso mundo interno é mais
real do que nosso mundo externo, pois é nele que estamos
prestando atenção.

Quando vamos de uma frequência de beta alto para alfa lento,


onde prestamos atenção, nos concentramos e nos focamos de
um modo mais relaxado, automaticamente ativamos o lobo
frontal.

Como o material anterior mostrou, o lobo frontal diminui o volume


dos circuitos do cérebro que processam tempo e espaço. Aqui
não estamos mais no modo de sobrevivência. Estamos num
estado mais criativo que nos fazem mais sugestionáveis do que
estávamos em beta.

Mais desafiador é aprender como entrar mais ainda para teta,


que é um tipo de estado de semiconsciência onde estamos meio
acordados e meio dormindo (frequentemente descrito como
“mente desperta, corpo adormecido”). Esse é o estado em que
estamos sendo atirados para a meditação, pois é o padrão de
onda cerebral onde ficamos mais sugestionáveis. Em teta, nós
conseguimos acessar o subconsciente, pois a mente analítica
não está operando – nossa maior parte está em nosso mundo
interno.

Pense em teta como a chave para nosso próprio reino


subconsciente.

Dê outra olhada na Imagem 6.8. Ela mostra estados de ondas


cerebrais e como eles se correlacionam com a mente
consciente e subconsciente. Então, olhe para a Imagem 6.9, que
ilustra as diferentes frequências de ondas cerebrais.

Você achará essa breve turnê através dos padrões de ondas


cerebrais ainda mais útil quando chegar à prática da
meditação, mais tarde no livro. Não espere que
necessariamente você será capaz de entrar direto em teta a bel
prazer, é claro, mas ter um pouco de conhecimento de como
são os vários estados do cérebro e que efeito eles têm no que
você está tentando alcançar será útil.
Essa ilustração mostra os diferentes estados de ondas cerebrais
(durante um intervalo de um segundo).

Os padrões de ondas cerebrais Gama estão incluídos porque


representam um nível de alta consciência, que reflete um estado
elevado de consciência.

A Anatomia de um “Assassinato”

Agora, vamos retornar à história de Ivan Santiago e os outros


indivíduos sob hipnose do começo desse capítulo. Obviamente
essas pessoas têm mais facilidade em passar por suas mentes
analíticas do que a maioria de nós. Elas parecem ter tanto uma
neuroplasticidade quanto uma neuroplasticidade emocional
que as permitem tornar seus mundos internos mais reais do que
seus mundos externos.
Em seus estados de vigília normal, elas provavelmente passam
mais tempo em alfa do que em beta, assim elas têm menos
hormônios do estresse circulando, que as retiram da homeostase.
Seus estados altamente sugestionáveis capacitam melhor suas
mentes conscientes a controlar as funções autônomas de suas
mentes subconscientes.

Contudo, elas não são todas iguais; vários graus diferentes de


sugestionabilidade foram demonstrados nesse estudo. As 16
pessoas que passaram na avaliação inicial certamente eram
sugestionáveis, embora elas não fossem todas tão sugestionáveis
quanto as que passaram no teste seguinte tirando suas roupas
em público após terem recebido uma sugestão pós-hipnótica
para fazê-lo, indo profundamente contra as normais sociais
profundamente enraizadas.
As quatro pessoas que passaram naquele teste certamente
eram altamente sugestionáveis, capazes de serem maiores do
que seus ambientes sociais. Mas, quando chegou o momento da
imersão na água gelada, três daquelas quatro pessoas não
conseguiram ir assim tão longe; elas não foram capazes de
serem maiores do que seus ambientes físicos.
Apenas Santiago, que permaneceu sendo maior do que seu
ambiente físico em condições extremas por um longo período de
tempo, enquanto tinha domínio sobre seu corpo, demonstrou o
maior nível de sugestionabilidade. Ele foi capaz de não apenas
suportar o frígido banho gelado, mas também de ser maior do
que seu ambiente moral seguindo a sugestão pós-hipnótica para
atirar no “dignitário estrangeiro”, a despeito do fato de que sua
personalidade consciente não fosse a de um assassino sangue
frio.

Em termos de efeito placebo, é necessário um alto grau similar


de sugestionabilidade para ser maior do que o corpo e maior do
que o ambiente por um longo período de tempo – ou seja,
aceitar, acreditar, e render-se à ideia de seu mundo interior ser
mais real do que seu mundo exterior. Mas, em apenas alguns
capítulos, você aprenderá como você não apenas pode mudar
suas crenças e se tornar mais sugestionável, mas também a usar
esse estado para programar sua mente subconsciente – não
para atirar num dublê com uma arma de festim, felizmente, mas
para triunfar sobre quaisquer questões de saúde, traumas
emocionais ou outros problemas pessoais com os quais você
pode estar lidando.

Referências:

1. Discovery Channel, "Brainwashed", 2ª temporada, 4º. Episódio


da série Curiosidade, ido ao ar em 28 de Outubro, 2012, ido ao
ar em 28 de outubro de 2012.

Parte I

Capítulo Sete - Atitudes, crenças e percepções

Um garoto indonésio de 12 anos de idade, com um olhar vago


abre sua boca aceitando de bom grado cacos de vidro de
pessoas numa multidão reunida num parque em Jacarta para
assistir a tradicional dança javanesa em transe chamada “Kuda
Lumping”. O menino mastiga os cacos e engole, como se não
fossem mais nada além de um punhado de pipoca ou pretzels,
e não demonstra nenhum efeito nocivo.
Como um kuda lumper da terceira geração, esse jovem tem
ingerido vidro em performances místicas similares desde os 9 anos
de idade.
O garoto e outros 19 membros de seu grupo de dança
tradicional recitam um feitiço javanês antes de toda
apresentação, convocando os espíritos dos mortos a habitar
num deles durante a dança daquele dia, protegendo o
dançarino da dor1.

O garoto e seus companheiros dançarinos não são diferentes,


em certos aspectos, dos pregadores Apalaches que são
manipuladores de serpentes, descritos no Capítulo 1, que foram
ungidos com o espirito e entusiasticamente dançam ao redor do
púlpito com cobras venenosas enroladas em torno de seus
braços e ombros. Ao trazê-las perigosamente para perto de seus
rostos, aparentemente são imunes ao veneno se mordidos. Os
dançarinos também são similares aos Firewalkers de Fiji, da tribo
de Sawaw na ilha de Beqa, que firmemente caminham por
pedras quentes cobertas por toras e brasas flamejantes durante
horas, uma habilidade que dizem ter sido dada a um dos
ancestrais por um deus que, em seguida, foi passada para a
tribo.

O garoto comedor de vidro, o sacerdote manipulador de


serpentes e osFirewalkers de Fiji nunca param nem por um
momento para pensar “e se não funcionar dessa vez?”. Não há
um pingo de enjoo em nenhum deles. A decisão de mastigar
vidro, ou de segurar uma copperhead, ou de pisar em pedras
ardentes transcende seus corpos, o ambiente e o tempo,
alterando sua biologia para permitir que eles façam o
aparentemente impossível. Sua crença sólida como pedra na
proteção vinda de seus deuses não deixa espaço para uma
segunda opinião.

O efeito placebo é similar em relação às crenças muito fortes


serem parte da equação. Contudo, esse componente não foi
muito examinado, pois na pesquisa mente-corpo, até esse ponto
a maioria dos estudos científicos mediu apenas os efeitos do
placebo, ao invés de buscar a causa. Se a mudança do estado
interno de alguém é o produto da cura pela fé, do
condicionamento, da liberação de emoções reprimidas, de uma
crença em símbolos, ou de uma prática espiritual específica, a
questão ainda permanece: o que aconteceu para criar tais
profundas alterações no corpo – e se descobrirmos o que é,
podemos cultivar isso?

De onde vêm nossas crenças

Nossas crenças nem sempre são conscientes como pensamos


que são. Podemos muito bem aceitar uma ideia na superfície,
mas, se no fundo não acreditamos que é possível, então nossa
aceitação é apenas um processo intelectual. Pois evocar um
efeito placebo exige que realmente mudemos nossas crenças a
respeito de nós mesmos e do que é possível para nossos corpos
e nossa saúde, nós precisamos entender o que são crenças e de
onde elas vêm.

Vamos supor que uma pessoa vai ao médico com certos


sintomas e é diagnosticada com uma condição baseada em
resultados médicos objetivos. O médico dá ao paciente um
diagnóstico, um prognóstico e opções de tratamentos baseadas
no resultado médio. No momento em que a pessoa escuta o
médico dizer “diabete”, “câncer”, “hipotireoidismo”, ou
“síndrome de fadiga crônica”, uma série de pensamentos,
imagens e emoções é evocada baseada em sua experiência
passada. Essa experiência pode ser a dos pais do paciente, que
tinham a condição, que ele viu num programa de TV no qual um
dos personagens morreu com essa doença, ou até mesmo algo
que a pessoa leu na internet que a assustou em relação ao
diagnóstico.
Assim que vê o médico e escuta uma opinião profissional,
automaticamente o paciente aceita a condição, daí acredita
no que o médico confiante disse e, finalmente, se rende ao
tratamento e aos resultados possíveis – e isso é feito sem qualquer
análise real.
O paciente é sugestionável (e suscetível) ao que o médico diz.
Daí, se a pessoa abraça as emoções de medo, preocupação e
ansiedade, junto com a tristeza, então os únicos pensamentos
possíveis (ou autossugestões) são as que são iguais a como ela
se sente.

O paciente pode tentar ter pensamentos positivos sobre lutar


contra a doença, mas seu corpo ainda se sente mal pois o
placebo errado foi dado, resultando no estado errado de ser, a
sinalização dos mesmos genes e a incapacidade de ver ou
perceber quaisquer novas possibilidades. O paciente está
praticamente à mercê de suas crenças (e as crenças do
médico) a respeito do diagnostico.
Assim, quando pessoas – como o pessoal sobre quem você lerá
nos próximos capítulos – se curam usando o efeito placebo, o
que elas fizeram de modo diferente?
Primeiro, elas não aceitaram a finalidade de seus diagnósticos,
prognósticos ou tratamento. Nem acreditaram no resultado mais
provável, ou no destino futuro que seus médicos
autoritariamente delinearam.
Finalmente, elas não se renderam ao diagnóstico, prognóstico,
ou tratamento sugerido. Pois elas tiveram uma atitude diferente
daquelas pessoas que aceitaram, acreditaram e se renderam,
elas estavam num estado diferente de ser.

Elas não foram sugestionadas pelos conselhos e opiniões dos


médicos porque não sentiam medo, não se sentiam vitimizadas
ou tristes. Ao contrário, elas eram otimistas e entusiasmadas, e
essas emoções as conduziram a um novo conjunto de
pensamentos, que as capacitou a ver novas possibilidades.
Como elas tinham ideias e crenças diferentes a respeito do que
era possível, elas não condicionaram seus corpos para o pior
cenário, elas não esperaram o mesmo resultado previsível, como
as outras pessoas que receberam o mesmo diagnóstico; e elas
não atribuíram o mesmo significado ao diagnóstico, como todo
mundo com a mesma condição. Elas atribuíram um significado
diferente a seus futuros, então elas tinham uma intenção
diferente. Elas entendiam de epigenética e de
neuroplasticidade, então, ao invés de passivamente verem a si
mesmas como vítimas da doença, elas usaram esse
conhecimento para se tornarem proativas, abastecidas pelo
que aprenderam em meus seminários e eventos.
Como resultado, esse pessoal teve resultados diferentes e
melhores do que as outras pessoas que receberam os mesmos
diagnósticos – assim como as funcionárias do hotel que
receberam melhores resultados após os pesquisadores lhes
darem mais informação.

Agora pense sobre a pessoa mediana que recebe um


diagnóstico e prontamente anuncia “eu vou lutar contra isso”.
Alguém pode não aceitar a condição e o resultado que o
médico descreve, mas a diferença é que a maioria das pessoas
não mudou verdadeiramente as próprias crenças a respeito de
não estar doente.
Mudar uma crença requer a mudança de um programa
subconsciente – já que uma crença, como você verá em breve,
é um estado subconsciente de ser.
As pessoas que usam apenas suas mentes conscientes para
mudar nunca saem do estado de descanso para reprogramar
seus genes porque não sabem como fazer isso.
É onde sua cura é interrompida.
Elas são incapazes de renderem-se à possibilidade porque não
são verdadeiramente capazes de se tornarem sugestionáveis a
nada diferente do que o médico lhes diz.
É possível que, sempre que as pessoas não respondem ao
tratamento ou quando sua saúde permanece a mesma, elas
estejam vivendo pelo mesmo estado emocional todo dia,
aceitando, acreditando e rendendo-se ao modelo médico sem
muita análise, com base na consciência social de milhões de
outras pessoas que estão fazendo a mesma coisa?
O diagnóstico de um médico se torna o equivalente moderno de
um feitiço vodu?

Agora, vamos dissecar uma crença um pouquinho mais fundo,


retrocedendo só um pouco começando com a seguinte ideia:
Quando você enfileira uma sucessão de pensamentos e de
sentimentos juntos, de modo que finalmente eles se tornam um
hábito, ou automáticos, eles formam uma atitude. E já que o
modo como você pensa e sente cria um estado de ser, as
atitudes são apenas estados resumidos de ser. Elas flutuam de
momento a momento conforme você altera o modo como
pensa e sente. Qualquer atitude particular pode durar minutos,
horas, dias, ou até mesmo uma semana ou duas.

Por exemplo, se você tem uma série de bons pensamentos que


estão alinhados com uma série de bons sentimentos, você pode
dizer “estou com uma atitude boa hoje”. E se você tem uma
sequência de pensamentos negativos conectada a uma
sequência de sentimentos negativos, então você pode dizer
“estou com uma atitude ruim hoje”. Se você revisitar a mesma
atitude vezes o bastante, então ela se torna automática.
Se você repetir ou mantiver certas atitudes vezes o bastante e
enfileira-las, é assim que você cria uma crença. Uma crença é
apenas um estado estendido de ser – essencialmente, crenças
são pensamentos e sentimentos (atitudes) que você continua
pensando e sentindo de novo e de novo novamente até que
você os entrelaça em seu cérebro e condiciona
emocionalmente em seu corpo. Você poderia dizer que se
tornou viciado neles, que é por isso que é tão difícil muda-los e
que por isso você não se sente tão bem num nível mais profundo
quando eles são desafiados.
Como as experiências estão neurologicamente gravadas em
seu cérebro (fazendo com que você pense) e incorporadas
como emoções (fazendo com que você sinta) a maior parte de
suas crenças é baseada em memórias passadas.
Assim, quando você revisita os mesmos pensamentos várias
vezes, pensando e analisando o que você se lembra de seu
passado, esses pensamentos dispararão e se tecerão num
programa inconsciente automático. E se você cultivar os
mesmos sentimentos baseados em experiências passadas e
sentir do mesmo modo que fez quando o acontecimento original
aconteceu, você condicionará seu corpo a,
subconscientemente, ser a mente dessa emoção – e seu corpo,
inconscientemente, estará vivendo no passado.
E se a redundância de como você pensa e sente, com o tempo
condiciona seu corpo a se tornar a mente, e ele se torna
subconscientemente programado, daí as crenças
subconscientes e também os estados inconscientes se derivam
do passado. Crenças também são mais permanentes do que
atitudes; elas podem durar por meses ou até anos. E como elas
duram mais, elas se tornam mais programas dentro de você.

Um caso em questão é uma história de minha infância que está


estampada em minha memória. Eu cresci numa família italiana,
e quando eu estava indo para a quarta série, nós nos mudamos
para outra cidade que tinha uma mistura de residentes italianos
e judeus. No meu primeiro dia na escola naquele ano, o professor
me designou uma cadeira num grupo de seis mesas junto com
três garotas judias. Aquele foi o dia em que as garotas me deram
a noticia de que Jesus não era italiano. Foi um dos dias mais
memoráveis de minha vida.
Quando eu cheguei em casa naquela tarde, minha pequena
mãe italiana ficava me perguntando como havia sido meu
primeiro dia na escola, e eu não contei a ela. Após eu tê-la
ignorado várias vezes, finalmente ela me agarrou pelo braço e
insistiu em que eu contasse o que havia de errado.

“Eu penava que Jesus era italiano!”, eu vociferei com raiva.

“Do que você está falando?”, ela respondeu. “Ele era judeu!”.

“Judeu?”, eu disparei de volta.


“O que você quer dizer? Ele parece italiano em todas essas
imagens, não parece? A vovó fala em italiano com ele todos os
dias. E qual é o problema com o Império Romano? Roma não
fica na Itália?”.

Bom, a crença que eu tinha – de que Jesus era italiano – era


baseada em minhas experiências passadas, e o modo como eu
pensava e sentia a respeito de Jesus tinha se tornado meu
estado automático de ser. Essa crença demorou um pouco para
ser superada, pois mudar crenças profundamente enraizadas
não é fácil. Desnecessário dizer que eu fui bem sucedido.

Agora vamos avançar no conceito um pouco mais. Se você


enfileirar um grupo de crenças relacionadas, elas formarão a sua
percepção. Assim, sua percepção da realidade é um estado
sustentado de ser que é baseado em suas crenças, atitudes,
pensamentos e sentimento longamente mantidos. E já que suas
crenças se tornam estados subconscientes e inconscientes de ser
(ou seja, você nem sabe por que você acredita em certas coisas,
ou realmente não tem consciência de suas crenças até que elas
sejam testadas), suas percepções – o modo como vê as coisas
subjetivamente – na maior parte das vezes se tornam,
subconsciente e inconsciente de sua visão a respeito de sua
realidade a partir do passado.

Na verdade, os experimentos científicos têm demonstrado que


você não vê a realidade como ela verdadeiramente é. Ao
contrário, inconscientemente você preenche sua realidade com
base em suas memórias do passado, que é o que é mantido
neuroquimicamente em seu cérebro2. Quando as percepções se
tornam implícitas, ou não declarativas (como visto no último
capítulo), elas se tornam automáticas, ou subconscientes, de
modo que automaticamente você edita a realidade
subjetivamente.

Por exemplo, você sabe que seu carro é seu carro, pois você o
tem dirigido muitas vezes. Você tem a mesma experiência de seu
carro diariamente porque nada muda muito a respeito dele.
Você pensa e se sente do mesmo modo em relação a ele, mais
a cada dia. Sua atitude em relação a seu carro tem criado uma
crença sobre ele, o que tem formado uma percepção particular
a respeito de seu veículo – ele é um bom carro, digamos, porque
raramente quebra. E, embora automaticamente você aceite
essa percepção, ela realmente é uma percepção subjetiva, pois
alguém pode ter a mesma marca e modelo de carro que você
tem e o carro dessas pessoas pode viver quebrando todo o
tempo, fazendo com que elas tenham uma crença diferente e
percepções diferentes sobre o mesmo veículo com base nas
próprias experiências.
Na verdade, se você é como a maioria das pessoas,
provavelmente você não presta atenção a vários aspectos de
seu carro, a menos que algo errado acontece.
Você espera que ele ande como no dia anterior; naturalmente
você espera que sua experiência futura de dirigir seu carro seja
como sua experiência passada, ontem e anteontem – essa é sua
percepção. Mas, quando ele funciona mal, você tem que
prestar mais atenção a ele (como escutar o som do motor mais
atentamente) e se tornar consciente de sua percepção
inconsciente a respeito de seu carro.
Assim que sua percepção sobre seu carro é alterada porque
algo mudou em relação ao modo como ele anda, você agora
percebe seu carro de modo diferente. A mesma coisa é
verdadeira com os relacionamentos com seu cônjuge e com
seus colegas de trabalho, com sua cultura e sua raça, e até com
seu corpo e sua dor.
Na verdade, essa é a maneira como a maioria das percepções
sobre a realidade funciona.
Agora, se você quer mudar uma percepção implícita, ou
subconsciente, você deve se tornar mais consciente e menos
inconsciente. Na verdade, você tem que aumentar seu nível de
atenção em relação a todos os aspectos de si mesmo e de sua
vida, em relação aos quais, anteriormente, você parou de dar
tanta atenção. Melhor ainda, você tem que acordar, mudar seu
nível de consciência e se tornar consciente a respeito do que
você esteve inconsciente.

Mas, raramente é assim fácil, pois se você vivencia a mesma


realidade repetidas vezes, então o modo como você pensa e
sente sobre seu mundo atual continuará a se desenvolver para
as mesmas atitudes, o que lhe inspirará às mesmas crenças, o
que se expandirá para as mesmas percepções (como mostrado
na Imagem 7.1).
Seus pensamentos e sentimentos vêm de suas memórias
passadas. Se você pensa e se sente de certo modo, você
começa a criar uma atitude. Uma atitude é um ciclo de
pensamentos de curto prazo e sentimentos experienciados
diversas vezes.
Atitudes são estados reduzidos do ser. Se você enfileira uma série
de atitudes juntas, você cria uma crença. Crenças são estados
mais alongados de ser e tendem a se tornar subconscientes.
Quando você coloca crenças juntas, você cria uma percepção.
Suas percepções têm tudo a ver com as escolhas que você faz,
com os comportamentos que você exibe, com os
relacionamentos que você escolhe e com as realidades que
você cria.

Quando sua percepção se torna uma segunda natureza e tão


automática que você realmente não presta atenção ao modo
como a realidade verdadeiramente é (porque
automaticamente você espera que tudo seja o mesmo), agora
você está aceitando e concordando inconscientemente com
essa realidade – o modo como a maioria das pessoas,
inconscientemente, aceita e concorda com o que o modelo
médico diz a elas a respeito de um diagnóstico.
Assim, o único modo de mudar suas crenças e percepções, de
forma a criar uma resposta placebo, é mudar seu estado de ser.
Você tem que, finalmente, ver suas crenças antigas, limitadas,
pelo que elas são – registros do passado – e estar disposto a abrir
mão delas a fim de poder abraçar novas crenças a respeito de
si mesmo que lhe ajudarão a criar um novo futuro.

Mudando suas crenças

Então, pergunte-se: com quais crenças e percepções a respeito


de você e de sua vida você tem concordado
inconscientemente para que você tenha que mudar a fim de
criar esse novo estado de ser?

Essa é uma questão que requer um pouco de pensamento, pois,


como eu disse, com muitas dessas crenças, não ficamos nem ao
menos cientes de que acreditamos nelas.
Muitas vezes, nós aceitamos certas pistas de nosso ambiente e,
daí, nós nos condicionamos a aceitar certas crenças que podem
ser ou não verdadeiras. De qualquer forma, no momento em que
aceitamos a crença, ela tem um efeito, não apenas em nosso
desempenho, mas também nas escolhas que fazemos.
Lembra-se do estudo do Capítulo 2 sobre as mulheres fazendo o
teste de matemática que, primeiro, leram a pesquisa falsa
relatando sobre os homens serem melhores em matemática do
que as mulheres? As que leram que a vantagem era devida à
genética fizeram menos pontos do que as que leram que a
vantagem era devida ao estereótipo. Embora ambos os
relatórios fossem falsos – homens não são melhores em
matemática do que mulheres –, as mulheres no grupo que leram
que elas tinham uma desvantagem genética acreditaram no
que leram e fizeram uma pontuação menor. Foi a mesma coisa
com os homens brancos a quem disseram que os asiáticos eram
ligeiramente melhores do que os brancos num teste que eles
estavam para fazer. Em ambos o casos, quando os estudantes
foram condicionados a inconscientemente acreditar que não se
sairiam tão bem, eles de fato não se saíram – apesar de que o
que lhes foi dito ser totalmente falso.

Com isso em mente, dê uma olhada na lista de algumas crenças


limitadoras comuns e veja quais você pode estar abrigando sem
estar totalmente ciente de que esteja fazendo isso:

Eu não sou bom em matemática. Eu sou tímido. Eu tenho mal-


humorado. Não sou esperto, ou criativo. Sou bastante parecido
com meus pais. Homens não devem chorar ou ser vulneráveis.
Não consigo encontrar um amor. Mulheres são inferiores aos
homens. Minha raça, ou cultura, é superior. A vida é coisa séria.
A vida é difícil e ninguém se importa. Nunca serei um sucesso.
Tenho que trabalhar duro para ganhar a vida. Nada de bom
acontece para mim. Não sou uma pessoa de sorte. As coisas
nunca acontecem do que jeito que preciso. Eu nunca tenho
tempo. É responsabilidade de alguém me fazer feliz. Quando eu
tiver aquela coisa, então eu serei feliz. É difícil mudar a realidade.
A realidade é um processo linear. Os vírus me fazem ficar doente.
Eu ganho peso facilmente. Eu preciso de oito horas de sono.
Minha dor é normal, e ela nunca irá embora. Meu relógio
biológico está girando. A beleza é isso. Diversão é frivolidade.
Deus está fora de mim. Sou uma pessoa má, então Deus não me
ama...

Eu poderia continuar para sempre, mas você entendeu a ideia.


Já que crenças e percepções são baseadas em experiências
passadas, então quaisquer dessas crenças que você pode estar
mantendo a respeito de si mesmo vêm de seu passado. Então,
elas são verdadeiras ou você mesmo as compôs? Mesmo que
elas tenham sido verdadeiras em algum ponto no tempo, não
significa necessariamente que sejam verdadeiras agora.

Não vemos isso desse modo, é claro, pois estamos viciados em


nossas crenças; somos viciados nas emoções de nosso passado.
Vemos nossas crenças como verdades, não ideias que possamos
mudar. Se temos crenças muito fortes a respeito de algo,
evidências do contrário devem estar sentadas exatamente à
nossa frente, mas podemos não estar vendo porque o que
percebemos é totalmente diferente.
De fato, nós nos condicionamos a acreditar em todo tipo de
coisas que não são necessariamente verdadeiras – e muitas
dessas coisas estão tendo um impacto negativo em nossa saúde
e em nossa felicidade.
Certas crenças culturais são um bom exemplo. Lembra-se da
história sobre o feitiço vodu do Capítulo 1? O paciente estava
convencido de que morreria porque o sacerdote vodu havia
colocado uma maldição nele. A maldição só funcionou porque
ele (e outros em sua cultura) acreditava que o vodu era
verdadeiro – não foi o vodu que o havia amaldiçoado; foi a
crença no vodu.
Outras crenças culturais podem causar mortes prematuras. Por
exemplo, os chineses americanos que têm uma doença
combinada com um ano de nascimento que a astrologia e a
medicina chinesa consideram malfadado, morrem até cinco
anos mais cedo, de acordo com pesquisadores da Universidade
da Califórnia em San Diego, que estudaram os registros de óbito
de quase 30.000 chineses americanos3. O efeito era mais forte
naqueles que eram mais ligados às tradições e crenças chinesas,
e os resultados também se mostraram consistentes para quase
todas as principais causas de morte estudadas. Por exemplo,
chineses americanos nascidos nos anos associados à
suscetibilidade a doenças envolvendo nódulos e tumores
morreram de câncer linfático quatro anos mais jovens do que
chineses americanos nascidos em outros anos ou do que os
chineses americanos com cânceres similares.

Como esses exemplos demonstram, nós somos sugestionáveis


apenas ao que consciente, ou inconscientemente, acreditamos
ser verdade. Um esquimó que não acredita em astrologia
chinesa não é mais sugestionável à ideia de que é vulnerável a
certas doenças porque nasceu no ano do tigre ou do dragão do
que um episcopal seria sugestionável à ideia de que um feitiço
de um sacerdote vodu poderia matá-lo.
Mas, uma vez que qualquer um de nós aceite, acredite e se
renda a um resultado sem pensar conscientemente sobre ele, ou
analisá-lo, então nós nos tornamos sugestionáveis àquela
realidade em particular.
Na maioria das pessoas, tal crença é plantada bem além da
mente consciente para o sistema subconsciente, que é o que
cria a doença. Assim, agora me deixe fazer-lhe outra pergunta:
quantas crenças pessoais baseadas nas experiências culturais
você tem que podem ser, ou não, verdadeiras?

Mudar crenças pode ser difícil, mas não é impossível. Apenas


pense no que aconteceria se você fosse capaz de desafiar bem
sucedidamente suas crenças inconscientes. Ao invés de pensar
e de sentir “eu nunca tenho tempo para terminar as coisas”, que
tal se você pensasse e sentisse “eu vivo no “não-tempo” e realizo
tudo”?
E se, ao invés de acreditar que “o universo está conspirando
contra mim”, você acreditasse que “o universo é amigável e
trabalha a meu favor”?
Que crença ótima!
Como você pensaria, como você viveria, e como você andaria
pelas ruas se você acreditasse que o universo trabalha a seu
favor?
Como você acha que isso mudaria sua vida?
Quando você muda uma crença, você tem que começar,
primeiro, aceitando que isso é possível, daí você muda seu nível
de energia com a emoção elevada sobre a qual você leu
anteriormente, e finalmente permitiria que sua biologia se
organizasse.
Não é necessário pensar sobre como essa reorganização
biológica vai acontecer ou quando vai acontecer; essa é a
mente analítica trabalhando, o que lhe puxa de volta para o
estado beta de onda cerebral e faz com que você fique menos
sugestionável. Ao contrário, você apenas tem que tomar uma
decisão que tenha uma finalidade.
E uma vez que a amplitude ou a energia dessa decisão se torna
maior do que os programas entrelaçados em seu cérebro e
maior do que vício emocional em seu corpo, então você é maior
que seu passado, e seu corpo responde a uma nova mente e
você pode efetuar a mudança real.

Você já sabe como fazer isso. Pense sobre uma época em seu
passado quando você convenceu sua mente a mudar algo a
respeito de si mesmo ou de sua vida. Se você se lembra, chegou
um momento quando você provavelmente disse a si mesmo
“não me importa como me sinto [corpo]! Não importa o que está
acontecendo em minha vida [ambiente]! E não estou
preocupado com quanto tempo vai levar [tempo]! Eu vou fazer
isso!”.

Instantaneamente você sentiu frio na barriga. Isso, porque você


se moveu para um estado alterado de ser. No momento em que
você sentiu essa energia, você estava enviando nova
informação para seu corpo. Você se sentiu inspirado e saiu de
seu estado de repouso familiar. Isso, porque, apenas com o
pensamento, seu corpo se moveu do estar vivendo no mesmo
passado para viver num novo futuro. Na realidade, seu corpo
não era mais a mente; você era a mente. Você estava mudando
uma crença.

O efeito da percepção
Como as crenças, nossas percepções sobre as experiências
passadas – sejam positivas ou negativas – afetam diretamente
nosso estado subconsciente de ser e nossa saúde.
Em 1984, Gretchen van Boemel, M.D., na época diretora
associada da Clínica de Eletrofisiologia no Instituto Doheny Eye
em Los Angeles, descobriu um exemplo notável disso quando
percebeu uma tendência preocupante entre as mulheres
cambojanas enviadas para Doheny.
As mulheres, todas com as idades entre 40 e 60 anos e vivendo
nas proximidades de Long Beach, Califórnia (conhecida como
Little Phnom Penh por causa de seus quase 50.000 residentes
cambojanos) estavam tendo sérios problemas de visão,
incluindo cegueira, em número desproporcionalmente elevado.

Fisicamente, os olhos das mulheres estavam perfeitamente


saudáveis. A Dra. van Boemel fez exames de mapeamento
cerebral nas mulheres para avaliar quão bem seus sistemas
visuais estavam funcionando e os comparou a quão bem seus
olhos estavam vendo. Ela descobriu que cada uma das mulheres
tinham uma acuidade visual perfeitamente normal,
frequentemente 20/20 ou 20/40, embora quando elas tentassem
ler a Tabela de Snellen, o teste resultasse como legalmente
cegas. Algumas das mulheres não tinham absolutamente
nenhuma percepção de luz e não conseguiam nem detectar
nenhuma sombra – apesar de não haver nada de fisicamente
errado com seus olhos.

Quando a Dra. van Boemel uniu-se à Patricia Rozée, Ph.D., da


Universidade do Estado da Califórnia, Long Beach, para fazer
pesquisa com as mulheres, elas descobriam que aquelas que
tinham a pior visão tinham passado a maior parte vivendo sob o
Khmer Vermelho ou em campos para refugiados quando o
ditador comunista Pol Pot estava no poder4. O genocídio
perpetrado pelo Khmer Vermelho foi responsável pelas mortes
de pelo menos 1.5 milhões de cambojanos entre 1975 e 1979.

Das mulheres estudadas, 90% tinham perdido membros familiares


(algumas até dez) durante aquela época, e 70% foram forçadas
a ver seus entes queridos – às vezes até famílias inteiras – sendo
brutalmente assassinados. “Essas mulheres viram coisas que suas
mentes simplesmente não conseguiram aceitar”, Rozée disse ao
Los Angeles Times5. “Suas mentes simplesmente se fecharam e
elas se recusaram a ver mais – recusaram-se a ver mais mortes,
mais torturas, mais estupros, mais fome.”.
Uma mulher foi forçada a ver seu marido e seus quatro filhos
serem mortos em sua frente e perdeu sua visão imediatamente
após isso. Outra mulher teve que ver um soldado do Khmer
Vermelho bater em seu irmão e seus três filhos até a morte, o que
incluía ver seu sobrinho de três meses de idade ser jogado contra
uma árvore até morrer. Ela começou a perder sua visão logo
após isso acontecer6.
As mulheres também sofreram espancamento, fome
humilhações incalculáveis, abuso sexual, tortura e 20 horas
diárias de trabalho forçado.
Embora agora estivessem seguras, muitas dessas mulheres
disseram às pesquisadoras que preferiam estar em suas casas,
onde tinham que reviver suas lembranças das atrocidades
contínuas recorrendo a pesadelos e pensamentos intrusivos.

Documentando um total de 150 casos de cegueira


psicossomática nas mulheres cambojanas em Long Beach – o
maior grupo conhecido de tais vítimas em todo o mundo – van
Boemel e Rozée apresentaram sua pesquisa no encontro anual
da Associação Psicológica Americana de 1986 em Washington,
D.C. A audiência ficou impressionada.

As mulheres desse estudo se tornaram cegas ou quase cegas


não por causa de alguma doença ocular ou mau
funcionamento físico, mas porque os eventos que viveram teve
tal impacto emocional que elas literalmente “choraram até que
não poderem ver”7. A amplitude emocional intensificada por
serem forçadas a testemunhar o insuportável fez com que não
quisessem mais ver. O evento criou mudanças físicas em sua
biologia – não em seus olhos, mas mais provavelmente em seus
cérebros –, o que alterou sua percepção da realidade para o
resto de suas vidas. E como elas continuaram a repetir as cenas
traumatizantes repetidas vezes em suas mentes, sua visão nunca
mais melhorou.
Embora esse seja certamente um exemplo extremo, nossas
experiências traumáticas passadas provavelmente têm um
efeito similar em nós. Se você tivesse desafios visuais, que coisas
você poderia escolher não ver por causa da dor ou das
experiências passadas assustadoras?
Similarmente, se você estivesse tendo desafios auditivos, o que
em sua vida você poderia ser incapaz de escutar?

A imagem 7.2 mostra o gráfico de como tudo isso acontece. A


linha no gráfico reflete uma medita relativa do estado de ser de
uma pessoa que começa num nível normal, ou numa linha de
base, antes do evento ocorrer. Quando a linha atinge o pico, ela
indica uma forte reação emocional ao evento – tal como
quando as mulheres vivenciaram as atrocidades dos soldados
do Khmer Vermelho. Essa experiência horrível marcou
neurologicamente seus cérebros e químicas mudando seus
corpos, e também mudando o próprio estado de ser –
pensamentos, sentimentos, atitudes,percepções.
Especificamente, as mulheres já não mais queriam olhar para o
mundo, então, através da religação neurológica e da repetição
da assinatura química, a própria biologia delas consentiu.
Uma experiência altamente carregada em nossa realidade
externa imprimirá a si mesma sobre o circuito cerebral e
emocionalmente marcará o corpo. Como resultado, o cérebro
e o corpo viverão no passado e o evento alterará nosso estado
de ser, assim como nossa percepção de realidade. Não mais
seremos a mesma personalidade.

Embora a linha no gráfico finalmente caia e os níveis baixem, o


lugar onde ela termina é um lugar diferente de onde ela
começou – indicando que a pessoa permanece química e
neurologicamente alterada pela experiência. Nesse ponto, para
as mulheres cambojanas, elas estavam efetivamente vivendo no
passado, pois elas permaneceram afetadas pela marca
neurológica e química que decorreu da experiência. Elas não
eram mais as mesmas mulheres; o acontecimento mudou o
estado de ser delas.

O poder do ambiente

Apenas mudar suas crenças e percepções uma vez não é o


suficiente. Você tem que reforçar essa mudança mais e mais.
Para ver o motivo, vamos retornar por um momento aos
pacientes de Parkinson mencionados anteriormente, que
melhoraram suas habilidades motoras após terem recebido uma
injeção de solução salina que eles pensavam ser um
medicamento poderoso.

Como você se lembrará, no momento em que eles se moveram


para um estado de melhor saúde, o sistema nervoso autônomo
deles começou a apoiar este novo estado produzindo
dopamina em seus cérebros. Isso não aconteceu porque eles
estavam rezando, esperando, ou desejando que seus corpos
produzissem a dopamina; aconteceu porque eles se tornaram
pessoas que produziam dopamina.
Infelizmente, no entanto, o efeito não dura para todo mundo. Na
verdade, para alguns, o efeito placebo dura apenas certa
quantidade de tempo porque eles voltam para quem eram
antes: seus antigos estados de ser. Nesse caso, quando os
pacientes de Parkinson voltaram para casa e viram seus
cuidadores, seus cônjuges, dormiram nas mesmas camas, nos
mesmos quartos e talvez até jogaram xadrez com os mesmos
amigos que reclamavam sobre suas dores, os mesmos ambientes
antigos os lembraram das mesmas personalidades antigas e dos
mesmos estados antigos de ser. Todas as condições em suas
vidas familiares lembraram a eles sobre quem eles eram antes,
então eles simplesmente escorregaram para suas identidades e
seus vários problemas motores retornaram8. Eles se
reidentificaram com seus ambientes. O ambiente é forte assim.

A mesma coisa ocorre com os viciados em drogas que estiveram


limpos por muitos anos. Se você os colocar de volta em seus
mesmos ambientes, onde eles costumavam se drogar, mesmo
sem que eles não ingiram nenhuma droga, estar ali ativa em suas
células os mesmos espaços receptores que as drogas ativavam
quando eles as estavam usando – e isso, por sua vez, cria
mudanças fisiológicas em seus corpos como se eles estivessem
usando as drogas, aumentando suas vontades9. Suas mentes
conscientes não têm controle sobre isso. É automático.

Vamos examinar este conceito um pouco mais. Você aprendeu


que o processo do condicionamento cria fortes memórias
associativas. Você também aprendeu que memórias
associativas estimulam as funções fisiológicas subconscientes
automáticas ativando o sistema nervoso autônomo.
Pense nos cães de Pavlov novamente. Já que Pavlov
condicionou os cães para associar o sino com se alimentar, os
corpos dos cães foram imediatamente mudados
fisiologicamente, sem muito controle da mente consciente. Era a
pista do ambiente que (via memória associativa)
automaticamente, autonomamente, subconscientemente e
fisiologicamente mudava os estados internos dos cães. Eles
começavam a salivar e seus sucos digestivos se ativavam, pois
eles estavam antecipando uma recompensa. A mente
consciente dos cães não fazia isso. Era o estímulo do ambiente
que criava a memória associativa da a partir da resposta
condicionada.

Agora, vamos revisitar os pacientes de Parkinson e os ex-usuários


de drogas. Poderíamos dizer que no instante em que qualquer
um desses indivíduos retornou ao ambiente familiar, automática
e fisiologicamente o corpo voltou ao antigo estado de ser – sem
a mente consciente ter muito controle sobre isso. Na verdade,
aquele estado de ser passado, que tem pensado e sentido do
mesmo modo durante anos a fio, condicionou o corpo a se
tornar a mente. Ou seja, o corpo é a mente que responde ao
ambiente. É por isso que é muito difícil, para qualquer um nessa
situação, mudar.
E quanto maior o vício à emoção, maior a resposta
condicionada ao estímulo no ambiente. Por exemplo, digamos
que você fosse viciado em café e quisesse quebrar seu vício. Se
você estivesse visitando minha casa e eu começasse a fazer um
Java e você ouvisse o som da máquina de café expresso,
sentisse o cheiro do café sendo preparado, e me visse bebendo-
o, eis o que aconteceria: no momento em que seus sentidos
recebessem essas pistas do ambiente, seu corpo, sendo a mente,
subconsciente e automaticamente responderia à sua mente
consciente – pois você a condicionou a ser desse modo. Seu
corpo-mente estaria ansiando pela própria recompensa
fisiológica, travando uma guerra contra sua mente consciente,
tentando lhe convencer a tomar um gole ou dois.
Mas, se você verdadeiramente tivesse quebrado seu vício ao
café e eu fizesse uma xícara em sua frente, você poderia beber
um pouco ou não, pois você não teria a resposta fisiológica que
teve anteriormente. Você não mais estaria condicionado (seu
corpo não mais seria a mente) e a memória associativa de seu
ambiente não mais teria o mesmo efeito em você.

O mesmo é verdadeiro para os apegos emocionais. Por


exemplo, se você memorizou a culpa a partir de suas
experiências passadas e vive inconscientemente desse jeito todo
dia no presente, então, como a maioria das pessoas, você usará
alguém ou algo em algum lugar em seu ambiente externo para
reafirmar seu vício à culpa. Tente quanto puder ser
conscientemente maior do que o vício, no momento em que
você vir sua mãe (a quem você usa para sentir-se culpado) na
casa onde você cresceu, seu corpo vai autonomamente,
quimicamente e fisiologicamente retornar ao mesmo estado
passado da culpa no momento presente, sem sua mente
consciente estar envolvida. Seu corpo, que tem sido
programado subconscientemente para ser a mente da culpa, já
está vivendo no passado naquele momento presente. Assim, é
mais natural sentir a culpa quando você está com sua mãe do
que se sentir de qualquer outro modo. E assim como no vício a
uma droga, uma resposta condicionada alterou seu estado
interno baseada em sua associação com sua realidade externa
presente-passada. Quebre o vício à culpa mudando sua
programação subconsciente e você pode estar na presença
das mesmas condições e permanecer livre de sua realidade
passada-presente.

Os pesquisadores da Universidade Victoria de Wellington, na


Nova Zelândia, examinou o efeito do ambiente usando um
grupo de 148 universitários que foram convidados a participar de
um estudo numa atmosfera como a de um bar10. Os
pesquisadores disseram a metade dos estudantes que eles
receberiam vodca e tônica, e disseram ao restante que eles
receberiam apenas água tônica. Na realidade, os garçons no
estudo não serviram uma simples gota de vodca; todos os
estudantes receberam apenas tônica. A atmosfera do bar que
os pesquisadores formaram parecia muito realista, exatamente
com garrafas de vodca seladas, que tinham sido habilmente
preenchidas com pura água tônica. Os garçons decoraram os
copos com limões mergulhados em vodca para ume feito mais
realista antes de misturar e derramar os drinks nos corpos, como
se estivessem servindo vodca realmente.
Os indivíduos ficaram embriagados e agiram como se estivessem
bêbados, com alguns até mostrando sinais físicos da
intoxicação. Eles não estavam bêbados por beberem álcool;
eles estavam bêbados por causa do ambiente, da memória
associativa, porque seus cérebros e corpos estavam propensos a
responderem do mesmo modo antigo, familiar.

Quando os pesquisadores finalmente contaram a verdade aos


estudantes, muitos ficaram surpresos e insistiram em que
realmente se sentiam bêbados naquele momento. Eles
acreditaram que estavam bebendo álcool e essa crença foi
traduzida em neuroquímicas, o que alterou seus estados de ser.
Em outras palavras, somente suas crenças foram o bastante para
disparar uma mudança biológica em seus corpos, que era igual
a estar bêbado. Isso é porque os estudantes se condicionaram
vezes o bastante para associar o álcool com uma mudança
interna em seus estados químicos. Como os indivíduos
esperavam, ou anteciparam – a mudança futura em seus
estados internos baseada em suas memórias associativas
passadas relacionadas com o beber – eles foram estimulados
pelo ambiente a mudar fisiologicamente, assim como os cães de
Pavlov.

Há outro lado também, é claro. O ambiente também pode


sinalizar a cura. Pacientes do Hospital da Pensilvânia, que se se
recuperavam de uma cirurgia num quarto com uma vista para
um grupo de árvores num ambiente suburbano natural
precisaram de menos medicações potentes para dores e
tiveram alta de sete a nove dias mais cedo do que os pacientes
de quartos que davam de frente para uma parede de tijolos
marrons11. Nossos estados de mente, criados a partir do
ambiente, definitivamente podem contribuir com a cura de
nossos cérebros e corpos.

Assim, você precisa de um comprimido de açúcar, ou de uma


injeção de solução salina, ou de um procedimento simulado, ou
de uma paisagem na janela – algo, ou alguém, ou algum lugar
em seu ambiente externo – para se mover para um novo estado
de ser?
Ou você pode fazer isso simplesmente mudando o modo como
você pensa e sente? Você pode simplesmente acreditar numa
nova possibilidade de saúde, sem depender de qualquer
estímulo externo, e fazer do pensamento em seu cérebro uma
nova experiência emocional ao nível em que ela mude seu
corpo e se torne maior do que o condicionamento em seu
ambiente externo?
Se sim, o que você acabou de ler sugere que seria uma boa ideia
mudar seu estado interno todos os dias – antes de você se
levantar e encarar seu mesmo ambiente antigo a fim de não
puxá-lo para si como fizeram os pacientes de Parkinson, voltando
ao antigo estado de ser.

Lembra-se de Janis Schonfeld, do Capitulo 1, que fez mudanças


físicas em seu cérebro pensando que estava tomando um
antidepressivo? Parte do motivo pelo qual o placebo funcionou
tão bem para ela foi que tomar aquela pílula inerte era um
lembrete diário para mudar seu estado de ser (pois ela associava
o tomar o comprimido com seus pensamentos e sentimentos
otimistas a respeito de sentir-se bem – como fazem mais de 80%
das pessoas que tomam um placebo antidepressivo).

Se você pudesse acessar um novo estado de ser meditando com


uma combinação clara de intenção e entrando em contato
com esse estado emocional elevado que foi mencionado
anteriormente, e ficasse entusiasmado e inflamado com o que
estivesse criando todo dia, finalmente você começaria a sair de
seu estado de repouso. Daí, você estaria num novo estado de
ser, com uma atitude, crença, e percepção diferente, não mais
reagindo às mesmas coisas do mesmo modo, pois agora seu
ambiente não mais controlaria o modo como você pensa e
sente.
Assim, você estaria fazendo novas escolhas e demonstrando
novos comportamentos, o que conduziria a novas experiências
e a novas emoções. E, então, você se voltaria para uma
personalidade nova e diferente – uma personalidade que não
tem dores artríticas, ou problemas motores de Parkinson, ou
infertilidade, ou qualquer outra condição que você queira
alterar.

Eu quero tirar um momento para salientar aqui que nem todas as


doenças e males começam em nossas mentes, é claro.
Certamente, bebês nascem com condições e deficiências
genéticas que claramente não foram desencadeadas pelos
próprios pensamentos, sentimentos, atitudes e crenças. E
traumas e acidentes realmente acontecem. Além disso, a
exposição a toxinas ambientais pode definitivamente causar
estragos no corpo humano. Meu ponto não é que quando essas
coisas surgem, de algum modo tenhamos pedido por elas –
embora seja verdadeiro que nossos corpos físicos possam ser
enfraquecidos pelos hormônios do estresse e se tornarem mais
suscetíveis às doenças quando nosso sistema imunológico se
perturba. Meu ponto é que, não importa qual seja a fonte de
nossas doenças, há uma possibilidade de que possamos alterar
nossa condição.
Mudando sua energia

Assim, agora que podemos ver que, se quisermos mudar nossas


crenças e criar um efeito placebo para melhorar nossa saúde e
nossa vida, teremos que fazer exatamente o oposto do que as
mulheres cambojanas fizeram por padrão. Ao manter uma
intenção clara e firme, e aumentando nossa energia emocional,
temos que criar uma nova experiência interna que seja maior do
que a experiência externa passada. Em outras palavras, quando
decidimos criar uma nova crença, a amplitude, ou energia
daquela escolha, deve ser alta o bastante de modo que seja
maior do que os programas entretecidos e o condicionamento
emocional do corpo.

Para ver o que acontece quando fazemos apenas isso, dê uma


olhada na imagem 7.3 a seguir. Nela, a energia da escolha nessa
nova experiência é maior do que a energia do trauma na
experiência passada (como visto na imagem 7.2), que é o
motivo pelo qual o pico nesse gráfico é mais alto do que o pico
no primeiro gráfico. E, como resultado, os efeitos dessa nova
experiência suplantam os resíduos da programação neural e do
condicionamento emocional da experiência passada.

Esse processo, se o fizermos adequadamente, realmente


repadroniza nossos cérebros e muda nossas biologia; a nova
experiência reorganizará a velha programação e, ao fazer isso,
removerá a evidência neurológica daquela experiência
passada (pense em como a onda maior se quebra na praia
apagando qualquer sinal de qualquer concha, algas, da
espuma do mar, ou o padrão da areia que estava ali antes).
Experiências emocionais fortes criam memórias de longo prazo.
Assim, essa nova experiência interna cria novas memórias de
longo termo que substituem nossas memórias passadas de longo
prazo; portanto, a escolha se torna uma experiência da qual
nunca nos esquecemos. Não deve haver nenhuma evidência de
nossos passados em nossos cérebros e corpos nunca mais, e daí
o novo sinal reescreve o programa neurológico e muda
geneticamente o corpo.
Para mudar uma crença ou uma percepção a respeito de si
mesmo e de sua vida, você tem que tomar uma decisão com
tão firme intenção que a escolha traga uma amplitude de
energia que seja maior do que os programas entrelaçados no
cérebro e maior do que o vício emocional no corpo; e o corpo
deve responder à nova mente. Quando a escolha cria uma nova
experiência interior que se torna maior do que a experiência
externa passada, ela reescreverá os circuitos em seu cérebro e
reassinará seu corpo emocionalmente. Já que as experiências
criam memórias de longo prazo, quando a escolha se torna uma
experiência que você não mais esquece, você está mudado.
Biologicamente, o passado não mais existe. Poderíamos dizer
que seu corpo, nesse momento presente, está num novo futuro.

Agora, olhe para a imagem 7.3 novamente e observe como a


inclinação da linha no gráfico desce todo o caminho de volta
para baixo (quanto na imagem 7.2, ela descendia, mas ainda
permanecia mais alta do que esta no ponto onde começava).
Isso mostra que não há vestígio da experiência passada; ela não
mais existe nesse novo estado de ser.
Além de reorganizar seu neurocircuito, esse novo sinal também
começa a rescrever o condicionamento do corpo quebrando o
apego emocional ao passado.
Quando isso acontece, nesse segundo, o corpo está vivendo
plenamente no presente; ele não mais é um prisioneiro do
passado. Essa energia elevada é sentida no interior do corpo e
traduzida como uma nova emoção (que é apenas outro modo
de dizer “energia em movimento” ou “e-moção”), seja porque
essa emoção é invencível, corajosa, empoderadora,
compassiva, inspirada, ou o que quer que você queira. E é
energia o que está mudando nossa biologia, nosso neurocircuito,
e nossa expressão genética – não nossa química.

Um processo similar acontece com os Firewalkers, com os


mastigadores de vidro e com os manipuladores de serpentes.
Eles têm clareza de que estão se movendo para um estado
diferente de mente e corpo. E quando eles mantêm aquela firme
intenção de fazer aquela mudança, a energia daquela decisão
cria mudanças internas em seus cérebros e corpos que os tornam
imunes às condições externas no ambiente por um longo
período de tempo. A energia deles agora os está protegendo de
um modo que, naquele momento, transcende a biologia deles.
Quando isso acontece, nossa química não é a única coisa que
responde aos estados elevados de energia. Os espaços
receptores no externo das células do corpo ficarão cem vezes
mais sensíveis à energia e à frequência do que estavam aos sinais
físicos e químicos, como os neuropeptídios que, como sabemos,
ganham acesso ao DNA de nossas células12.

As pesquisas revelam consistentemente que forças invisíveis do


espectro eletromagnético influenciam cada aspecto singular da
biologia celular e da regulação genética13.
Os locais receptores da célula são frequências específicas para
a entrada de sinais de energia. As energias do espectro
eletromagnético incluem micro-ondas, ondas de rádio, raios-x,
ondas de frequência extremamente baixas, frequências sonoras
harmônicas, raios ultravioletas e até mesmo ondas
infravermelhas.
Frequências específicas de energia eletromagnética podem
influenciar o comportamento do DNA, do RNA e da síntese de
proteína; alteram o formato e a função da proteína; controlam
a regulação do gene e sua expressão; estimulam o crescimento
de células nervosas; e influenciam a divisão da célula e sua
diferenciação, bem como instrui células específicas a se
organizarem em tecidos e órgãos. Todas essas atividades
celulares, influenciadas pela energia, são parte da expressão de
vida.

E se isso é verdadeiro, então tem que ser verdadeiro por alguma


razão.
Lembra-se dos 98.5% de nosso DNA que os cientistas chamam de
“DNA lixo” porque aparentemente não parecer ter um propósito
útil? Certamente a Mãe Natureza não iria colocar toda essa
informação codificada em nossas células, esperando ser lida,
sem nos dar a habilidade de criar algum tipo de sinal para
destrancá-la; afinal, a natureza não desperdiça nada.

Seria possível que nossa própria energia e consciência sejam o


que criam o tipo exato de sinal exterior das células para nos
capacitar a nos sintonizarmos a essa vasta “lista de peças” dos
potenciais?
E se isso for verdadeiro, se você mudasse sua energia do modo
como leu anteriormente nesse capítulo, isso lhe ajudaria a
acessar sua verdadeira habilidade de autenticamente curar seu
corpo?

Quando você muda sua energia, você muda seu estado de ser.
E o entrelaçamento no cérebro e as novas emoções químicas no
corpo desencadeiam mudanças epigenéticas, e o resultado é
que você se torna, bastante literalmente, uma nova pessoa.
A pessoa que você foi antes é história; uma parte dessa pessoa
simplesmente desapareceu junto com o neurocircuito, os vícios
químico-emocionais, e a expressão genética que apoiavam seu
antigo estado de ser.
Referências:

1. A. Mardiyati, “Kuda Lumping: A Spirited, Glass-Eating


Javanese Game of Horse,” Jakarta Globe (March 16, 2010),
http://www.thejakartaglobe.com/archive/kuda-lumping-a-
spirited-glass-eating-javanese-game-of-horse.

2. Dois estudos, em particular, demonstram bem isso. No primeiro,


os participantes usavam óculos especiais feitos de modo que se
eles olhassem para a esquerda, tudo parecia azul; e se eles
olhassem para a direita, tudo parecia amarelo. Depois de certo
período de tempo, eles já não viam os tons de azul e amarelo; o
mundo parecia como sempre tinha sido antes, pois eles estavam
vendo não através de seus olhos, mas através de seus cérebros,
que preenchiam suas realidades baseados em suas memórias;
Veja I.Kohler, The Formation and Transformation of the Perceptual
World (New York: International Universities Press, 1964).
No outro estudo, quando mostravam imagens diferentes para
pessoas deprimidas – uma imagem de uma festa de
comemoração e, outra, de um funeral – de um modo bem
rápido, as pessoas se lembravam mais da cena do funeral, muito
mais frequentemente do que o acaso permitiria, indicando que
tendemos a perceber o ambiente de um jeito que reforça o
modo como nos sentimos; Veja A. T. Beck, Cognitive Therapy and
The Emotional Disorders(New York: International Universities Press,
1976).

3. D. P. Phillips, T. E. Ruth, and L. M. Wagner, “Psychology and


Survival,”Lancet, vol. 342, no. 8880: pp. 1142–1145 (1993).

4. P. D. Rozée and G. van Boemel, “The Psychological Effects of


War Trauma and Abuse on Older Cambodian Refugee
Women,” Women and Therapy, vol. 8, no. 4: pp. 23–50 (1989); G.
B. van Boemel and P. D. Rozée, “Treatment for Psychosomatic
Blindness Among Cambodian Refugee Women,” Women and
Therapy, vol. 13, no. 3: pp. 239–266 (1992).

5. L. Siegel, “Cambodians’ Vision Loss Linked to War


Trauma,” Los Angeles Times (October 15, 1989),
http://articles.latimes.com/1989-10-15/news/mn-232_1_vision-
loss.
6. A. Kondo, “Blinding Horrors: Cambodian Women’s Vision Loss
Linked to Sights of Slaughter,” Los Angeles Times (June 4, 1989),
http://articles.latimes.com/1989-06-04/news/hl-2445_1_pol-pot-
khmer-rouge-blindness.

7. P. Cooke, “They Cried until They Could Not See,” New York
Times Magazine, vol. 140: pp. 24–25, 45–48 (June 23, 1991).

8. R. de la Fuente-Fernández, T. J. Ruth, V. Sossi, et al.,


“Expectation and Dopamine Release: Mechanism of the Placebo
Effect in Parkinson’s Disease,” Science, vol. 293, no. 5532: pp.
1164–1166 (2001).

9. S. Siegel and B. M. C. Ramos, “Applying Laboratory Research:


Drug Anticipation and the Treatment of Drug
Addiction,” Experimental and Clinical Psychopharmacology, vol.
10, no. 3: pp. 162–183 (2002).

10. S. L. Assefi and M. Garry, “Absolut Memory Distortions: Alcohol


Placebos Influence the Misinformation Effect,” Psychological
Science, vol. 14, no. 1: pp. 77–80 (2003).

11. R. S. Ulrich, “View Through a Window May Influence Recovery


from Surgery,” Science, vol. 224, no. 4647: pp. 420–421 (1984).

12. C. W. F. McClare, “Resonance in Bioenergetics,” Annals of the


New York Academy of Sciences, vol. 227: 74–97 (1974).

13. B. H. Lipton, The Biology of Belief: Unleashing the Power of


Consciousness, Matter & Miracles (Carlsbad, CA: Hay House,
2008), p. 111; A. R. Liboff, “Toward an Electromagnetic Paradigm
for Biology and Medicine,” Journal of Alternative and
Complementary Medicine, vol. 10, no. 1: pp. 41–47 (2004); R.
Goodman and M. Blank, “Insights into Electromagnetic
Interaction Mechanisms,” Journal of Cellular Physiology,vol. 192,
no. 1: pp. 16–22 (2002); L. B. Sivitz, “Cells Proliferate in Magnetic
Fields,” Science News, vol. 158, no. 13: pp. 196–197 (2000); M. Jin,
M. Blank, and R. Goodman, “ERK1/2 Phosphorylation, Induced by
Electromagnetic Fields, Diminishes During Neoplastic
Transformation,”Journal of Cellular Biochemistry, vol. 78, no. 3: pp.
371–379 (2000); C. F. Blackman, S. G. Benane, and D. E. House,
“Evidence for Direct Effect of Magnetic Fields on Neurite
Outgrowth,” FASEB Journal, vol. 7, no. 9: pp. 801–806 (1993); A. D.
Rosen, “Magnetic Field Influence on Acetylcholine Release at the
Neuromuscular Junction,” American Journal of Physiology,vol.
262, no. 6, pt. 1: pp. C1418—C1422 (1992); M. Blank, “Na,K-APTase
Function in Alternating Electrical Fields,” FASEB Journal, vol. 6, no.
7: pp. 2434–2438 (1992); T. Y. Tsong, “Deciphering the Language
of Cells,” Trends in Biochemical Sciences, vol. 14, no. 3: pp. 89–92
(1989); G. P. A. Yen-Patton, W. F. Patton, D. M. Beer, et al.,
“Endothelial Cell Response to Pulsed Electromagnetic Fields:
Stimulation of Growth Rate and Angiogenesis in Vitro,” Journal of
Cellular Physiology, vol. 134, no. 1: pp. 37–46 (1988).

Parte I

Capítulo Oito - A Mente Quântica

A realidade pode ser um pouco como um alvo em movimento –


literalmente. Estamos habituados a pensar na realidade como
algo fixo e certo, mas, como você verá em breve nesse capítulo,
o modo como sempre fomos ensinados a vê-la, não é como ela
realmente é.
E se você vai aprender como ser seu próprio placebo usando a
sua mente para afetar a matéria, é vital que você entenda a
verdadeira natureza da realidade, como a mente e a matéria
estão relacionadas, e como a realidade pode mudar – pois, se
você não sabe como e porque essas mudanças ocorrem, você
não será capaz de direcionar nenhum resultado de acordo com
suas intenções.

Antes de mergulharmos no universo quântico, vamos dar uma


olhada no lugar de onde vêm nossas ideias sobre a realidade e
aonde elas podem nos levar.
Graças a René Descartes e Sir Isaac Newton, durante séculos de
estudo do universo, o universo foi dividido em duas categorias:
matéria e mente.
O estudo da matéria (o mundo material) foi declarado o reino
da ciência porque, na maior parte, as leis universais que
governam o mundo externo objetivo podiam ser calculadas e,
portanto, previsíveis. Mas, o reino interno da mente foi
considerado muito imprevisível e complexo, portanto ele foi
deixado para os auspícios da religião. Com o tempo matéria e
mente se tornaram entidades separadas, e o dualismo nasceu.

O físico newtoniano (também conhecido como físico clássico)


lida com a mecânica de como os objetos funcionam no espaço
e tempo, incluindo suas interações uns com os outros no mundo
material, físico. Por causa das leis de Newton, podemos medir e
prever que caminho faz os planetas ao redor do sol, quão
rapidamente uma maçã se acelera quando cai de uma árvore
e quanto tempo leva para ir de Seattle a New York de avião.
A física newtoniana está relacionada ao previsível. Ela olha para
o universo como se ele funcionasse como uma máquina enorme
ou um grande relógio.
Mas, a física clássica tem suas limitações quando chega ao
estudo da energia, das ações do mundo imaterial além do
espaço e tempo, e do comportamento dos átomos (os blocos
de construção de tudo no universo físico). Esse reino pertence à
física quântica.
E acontece que esse mundo subatômico muito pequenino de
elétrons e fótons não se comporta em nada como o mundo
muito maior de planetas, maçãs e aviões com o qual estamos
mais familiarizados.

Quando os físicos quânticos começaram a olhar para os


aspectos menores e menores de um átomo, como o que
compõe o núcleo, quanto mais próximo eles olharam, menos
distinto e menos claro o átomo se tornava, até que finalmente
ele simplesmente desaparecia completamente. Dizem-nos que
os átomos parecem ser 99,999999999999% de espaço vazio1.
Mas, esse espaço não está realmente vazio. Na verdade, ele é
preenchido com energia. Mais especificamente, ele é feito de
uma vasta gama de frequências que formam um tipo de campo
invisível, interconectado, de informação. Assim, se cada átomo
é 99,999999999999% de energia, ou de informação, isso significa
que o nosso universo conhecido e cada coisa nele – não importa
quão sólida essa matéria pareça para nós – é essencialmente
apenas energia e informação. Esse é um fato científico.

Átomos contêm algo de matéria, mas quando os físicos


quânticos tentaram estuda-la, descobriam algo realmente
estranho: a matéria subatômica no mundo quântico não se
comporta em nada como a matéria com a qual estamos
habituados a lidar. Ao invés de aderir às leis dos físicos
newtonianos, ela parece algo caótico e imprevisível, ignorando
completamente os limites de tempo e espaço. Na verdade, no
nível subatômico quântico, a matéria é um fenômeno
momentâneo. Ela está aqui num momento e então desaparece.
Ela existe apenas como uma tendência, uma probabilidade, ou
uma possibilidade. No quântico, absolutamente não há coisas
físicas.

Essa não foi a única descoberta estranha feita pelos cientistas a


respeito do universo quântico. Eles também descobriram que
quando observavam partículas de matéria subatômica, elas
também podiam afetar ou mudar o próprio comportamento. A
razão pela qual elas estão aqui e desaparecem (e, daí, aqui e
desaparecem novamente, todo o tempo) é que todas essas
partículas realmente existem simultaneamente numa série infinita
de possibilidades, ou probabilidades, dentro do campo quântico
invisível e infinito de energia. É apenas quando um observador
centra a atenção em uma localidade de qualquer um elétron
que o elétron realmente aparece naquele lugar. Desvia o olhar
e a matéria subatômica desaparece de volta para energia.

Assim, de acordo come esse “efeito do observador”, a matéria


física não existe, ou não se manifesta, até que nós a observemos
– até que nós a percebemos e damos a ela nossa atenção. E
quando não estamos mais prestando atenção a ela, ela se
desvanece, voltando para onde veio.
Assim, a matéria está se transformando constantemente,
oscilando entre manifestar-se em matéria e desaparecer em
energia (cerca de 7.8 vezes por segundo, de fato). E, então,
como a mente humana (como o observador) está naquele
momento intimamente conectada ao comportamento e
aparecimento da matéria, você poderia dizer que a mente
sobre a matéria uma realidade quântica.
Outro jeito de olhar para isso é esse: no pequeníssimo mundo do
quântico, a mente subjetiva tem ume feito na realidade objetiva.
Sua mente pode se tornar matéria; ou seja, você pode tornar sua
mente, matéria.

Como a matéria subatômica compõe tudo que podemos ver,


tocar e vivenciar em nosso mundo macro, então, em certo
sentido, nós – com tudo em nosso mundo – estamos também
fazendo esse ato do desaparecer e reaparecer todo o tempo. E,
então, se as partículas subatômicas existem num número infinito
de lugares possíveis simultaneamente, então de algum modo,
nós também.
E assim como essas partículas vão do existir em todos os lugares
simultaneamente (onda, ou energia) para o existir precisamente
onde o observador procura por elas no momento em que o
observador está prestando atenção (partícula, ou matéria), nós
também somos potencialmente capazes de nos colapsar num
número infinito de realidades potenciais na existência física.

Em outras palavras, se você pode imaginar um acontecimento


futuro particular que você deseja experienciar em sua ida, essa
realidade já existe como uma possibilidade em algum lugar no
campo quântico – além desse espaço e tempo – apenas
esperando que você o observe.
Se sua mente (através de seus pensamentos e sentimentos) pode
afetar o quando e o aonde um elétron aparece do nada, então,
teoricamente, você deve ser capaz de influenciar o
aparecimento de qualquer número de possibilidades de que
você possa imaginar.

Da perspectiva quântica, se você observou a si mesmo num


novo futuro particular que era diferente de seu passado, esperou
que aquela realidade ocorresse e, daí, emocionalmente
abraçou o resultado, você estaria – por um momento – vivendo
naquela realidade futura e estaria condicionando seu corpo a
acreditar que ele está naquele futuro no momento presente.
Assim, o modelo quântico, que afirma que todas as
possibilidades existem nesse momento, nos dá permissão para
escolher um novo futuro e observá-lo para dentro da realidade.
E, como todo o universo é feito de átomos, com mais de 99% de
um átomo sendo energia, ou possibilidade, isso significa que há
muitos potenciais que eu e você podemos estar perdendo.

No entanto, isso também significa que você cria por padrão


também. Se você, como o observador quânticos, olha para sua
vida a partir do mesmo nível de mente todo dia, então, de
acordo com o modelo quântico de realidade, você está
fazendo com que infinitas possibilidades se colapsem nos
mesmos padrões de informação dia sim, dia não. Esses padrões,
que você chama de sua vida, nunca mudam, então eles nunca
lhe permitem efetuar a mudança.

Assim, o ensaio mental sobre o qual falei anteriormente, não é


certamente um devaneio ocioso ou uma ilusão. Ele é, num
sentido muito real, o modo como você pode manifestar
intencionalmente sua realidade desejada, incluindo uma vida
sem dores ou doenças.
Ao focar-se mais no que você quer e menos no que você não
quer, você pode chamar para a existência qualquer coisa que
você deseja e, simultaneamente, “desaparecer” o que você
não quer, não mais dando sua atenção àquilo. Onde você
coloca sua atenção é onde você coloca sua energia.
Uma vez que você fixa sua atenção, ou sua consciência, ou sua
mente, na possibilidade, você coloca sua energia ali também.
Como resultado, você está afetando a matéria com sua
atenção, ou observação.
O efeito placebo não é uma fantasia, portanto; ele é realidade
quântica.

Energia no nível quântico

Todos os átomos do mundo elementar emitem várias energias


eletromagnéticas. Por exemplo, um átomo pode liberar campos
invisíveis de energia em diferentes frequências que incluem raios-
x, raios gama, raios ultravioletas, e raios infravermelhos, bem
como raios de luz visível. E assim como as ondas de rádio invisíveis
transportam uma frequência com informação específica
codificada nela (seja 98.6 ou 107.5 hertz), cada frequência
diferente da mesma forma transporta informação específica
diversa, como mostrado na imagem 8.1.

Por exemplo, os raios-x transportam informação muito diferente


das dos raios infravermelhos, pois eles estão em frequências
diferentes. Todos esses campos são padrões de energia diferente
que estão sempre liberando informação num nível atômico.

Esse gráfico mostra duas frequências diferentes em que cada


uma transporta informação diferente e, portanto, têm
qualidades diferentes.
Os raios-x se comportam de modo diferente das ondas de rádio
e, portanto, têm características inerentes diferentes.

Pense nos átomos como campos vibradores de energia, ou


pequenos vórtices que estão girando constantemente. Para
entender melhor como isso funciona, deixe-me usar a analogia
de um ventilador. Assim como um ventilador circular produz
vento (um vórtice de ar) quando ele é ligado, cada átomo, à
medida que gira, irradia um campo de energia de um modo
similar. E, assim como um ventilador pode girar em velocidades
diferentes e, assim, produzir vento mais forte ou mais fraco, os
átomos também vibram em frequências diferentes que criam
campos mais fortes ou mais fracos. Quanto mais rápido o átomo
vibra, maior a energia e frequência que ele emite. Quanto lenta
a velocidade da vibração, ou vórtice, de um átomo, menos
energia ele cria.

Quanto mais vagarosamente as lâminas de um ventilador giram,


menos vento (ou energia) é criado e mais fácil é ver as lâminas
como objetos materiais na realidade física. Por outro lado,
quanto mais rápido os lâminas giram, mais energia é criada e
menos você vê as lâminas físicas; as lâminas parecem ser
imateriais.
Onde as lâminas do ventilador podem aparecer potencialmente
(como as partículas subatômicas que os cientistas quânticos
estavam tentando observar que ficam aparecendo e
desaparecendo da vista) depende de sua observação – de
onde e como você olha para elas. E, assim é com os átomos.
Vamos dar uma olhada nisso um pouquinho mais
profundamente.

Na física quântica, a matéria é definida como uma partícula


sólida, e o campo energético imaterial de informação pode ser
definido como onda. Quando nós estudamos as propriedades
físicas dos átomos, como a massa, os átomos se parecem com
matéria física. Quanto mais lenta a frequência que um átomo
está vibrando, mais tempo ele passa na realidade física e mais
ele aparece como uma partícula que podemos ver como
matéria sólida.
A razão pela qual a matéria física aparece sólida para nós, muito
embora seja na maior parte energia, é que todos os átomos
estão vibrando na mesma velocidade em que estamos.
Mas, os átomos também exibem muitas propriedades de
energia, ou ondas, (incluindo luz, os comprimentos de ondas e a
frequência). Quanto mais rápido um átomo vibra e quanto mais
energia ele gera, menos tempo ele passa na realidade física; seu
aparecimento e desaparecimento é muito rápido para que
possamos vê-lo, pois ele está vibrando numa velocidade muito
rápida do que nós estamos.
Mas, muito embora não possamos ver a energia em si, às vezes
nós podemos ver a evidência física de certas frequências de
energia, pois o campo de força dos átomos pode criar
propriedades físicas, tais como a forma como as ondas
infravermelhas aquecem as coisas.
Se você comprar a imagem 8.2ª à imagem 8.2B, você poderá
ver como as frequências mais lentas passam mais tempo no
mundo material e, portanto, aparecem como matéria.
Quando a energia vibra mais lentamente, as partículas
aparecem na realidade física por períodos mais longos de
tempo e, assim, aparecem como matéria sólida. A imagem 8.2A
mostra como a matéria se manifesta a partir de uma frequência
mais lenta com um comprimento de onda mais longo. A imagem
8.2B mostra as partículas passando menos tempo na realidade
física, portanto elas são mais energia e menos matéria. Isso é
porque elas têm comprimento mais curto de onda, frequência
mais rápida e vibração mais rápida.

Assim, o universo físico pode parecer como se feito apenas de


tecido material, mas na verdade, ele compartilha um campo de
informação (o campo quântico) que unifica matéria e energia
tão intimamente que é impossível considerá-las como entidades
separadas. Isso porque todas as partículas estão conectadas
num campo imaterial invisível de informação além do espaço e
do tempo – e esse campo é feito de consciência (pensamento)
e energia (frequência, a velocidade na qual as coisas vibram).
Como cada átomo tem seu próprio campo específico de
energia, ou assinatura de energia, quando os átomos se juntam
coletivamente para formar as moléculas, eles partilham seus
campos de informação e, então, irradiam suas próprias
combinações únicas de padrões de energia. Se tudo que for
material no universo irradia uma assinatura específica única de
energia porque tudo é feito de átomos, então você e eu
irradiamos nossas próprias assinaturas específicas de energia
também. Você e eu sempre estamos transmitindo informação
como energia eletromagnética – baseados em nossos estados
de ser.
Assim, quando você muda sua energia para alterar uma crença
ou percepção sobre si mesmo ou sobre sua vida, você realmente
está aumentando a frequência dos átomos e moléculas de seu
corpo físico de modo que você está ampliando seu campo
energético (como mostrado na imagem 8.3). Você está
ativando a velocidade no ventilador atômico que compõe seu
corpo.
Quando você abraça um estado criativo emocional elevado,
como a inspiração, o empoderamento, a gratidão, ou a
invencibilidade, você está fazendo com que seus átomos girem
mais rapidamente, assim como as lâminas do ventilador, e
transmite um campo de energia mais forte ao redor de seu
corpo, o que afeta sua matéria física.
Assim, as partículas físicas que compõem seu corpo estão agora
respondendo a uma energia elevada.
Você está se tornando mais energia e menos matéria. Você
agora é mais onda e menos partícula. Usando sua consciência,
você está criando mais energia, de modo que a matéria possa
ser mudada para uma nova frequência e seu corpo responde a
uma nova mente.
Quando você muda sua energia, você eleva sua matéria a uma
nova mente, e seu corpo vibra numa frequência mais rápida.
Você se torna mais energia e menos matéria – mais onda e
menos partícula. Quanto mais elevada a emoção, ou quanto
mais o estado criativo de mente, mais energia você tem para
reescrever os programas no corpo. Assim, seu corpo responde a
uma nova mente.

Recebendo o sinal energético certo

Então, como a matéria se torna elevada para uma nova mente?


Pense no sacerdote que entra num estado de êxtase religioso e
bebe estricnina sem efeitos biológicos. Como ele supera aquela
química que normalmente envenenaria a pessoa comum? Foi
seu nível de energia que transcendeu os efeitos da matéria. Ele
tomou uma decisão com tal firme intenção que sua escolha
transportou uma amplitude de energia que transcendeu as leis
do ambiente, os efeitos sobre o corpo e o tempo linear.
Naquele momento, ele era mais energia e menos matéria, e,
como resultado, foi uma nova energia que reescreveu o circuito
em seu cérebro, a química em seu corpo e sua expressão
genética. Naquele momento presente, ele não era sua
identidade que estava conectada ao seu ambiente familiar,
nem seu corpo físico, tampouco estava vivendo no tempo linear.
Sua consciência elevada e sua energia eram o epifenômeno da
matéria. Ou seja, é a informação e a frequência que dão origem
aos modelos da matéria. E quando estamos demonstrando um
nível elevado de consciência e energia, são esses elementos que
influenciam a matéria – pois a matéria é criada a partir de uma
diminuição da frequência de da informação.

É inteiramente possível que os espaços receptores das células do


sacerdote não estivessem seletivamente abertas para a
estricnina; as portas das células estavam fechadas ao veneno e,
assim, estavam suspensas em relação ao efeito do veneno. Ao
serem movidas pelo espirito – ou seja, movidas pela energia –,
instantaneamente ele regulou as células em seu corpo para a
imunidade e desregulou as células em seu corpo para o veneno.
A mesma coisa está em funcionamento com os Firewalkers; uma
vez que eles mudam o próprio estado de ser, os receptores de
suas células não mais estão abertos aos efeitos do calor. Isso
também permitiu que as adolescentes levantassem o trator de
1360kgs para libertar o próprio pai, conforme você leu no
Capítulo 1. Quando viram seu pai preso e quase certamente
para morrer, o estado elevado de energia delas desativou os
receptores da célula que normalmente diriam a seus corpos que
o trator era muito pesado para ser levantado e ativaram os
receptores das células de musculo para suportar uma carga
maior, de modo que elas foram capazes de livrar o próprio pai.
Não era a matéria (corpo) que estava movendo a matéria
(trator); era energia que estava influenciando matéria.

Você teria que concordar comigo que seu corpo é composto de


uma vasta gama de átomos e moléculas, e que esses átomos e
moléculas formam substâncias químicas. Essas químicas se
organizam em células, que formam tecidos, que em seguida
organizam órgãos, que criam vários sistemas em seu corpo. Por
exemplo, uma célula de músculo é feita de químicas diferentes
(proteínas, ions, citocinas, fatores de crescimento), que são
compostos de varias ligações atômicas; esses átomos partilham
um campo invisível de informação para formar as moléculas.
As químicas que compõem uma célula também partilha um
campo de informação. É esse campo invisível de informação
que coordena as centenas de milhares de funções da célula em
qualquer segundo. Os cientistas estão começando a perceber
que existe um campo de informação que é responsável pela
miríade de funções celulares existentes além das fronteiras da
matéria.
É esse campo invisível de consciência que orquestra todas as
funções das células, tecidos, órgãos, e sistemas do corpo. Como
certas químicas e moléculas de suas células sabem o que fazer
e como interagir com tal precisão? Há um campo energético em
torno da célula que é a soma da energia dos átomos, moléculas,
e químicas trabalhando juntos em equilíbrio, que dá origem à
matéria, e é desse campo vital de informação que a matéria se
forma.

Por exemplo, as células de músculo, do exemplo anterior, podem


ainda se organizar e se especializar em tecidos chamados de
“tecido muscula”.
Digamos que o tipo particular de tecido muscular nesse exemplo,
seja chamado de “músculo cardíaco”. O tecido muscular
cardíaco forma um órgão chamado de “coração”. Os tecidos
que são feitos das células partilham um campo de informação
de um modo coerente. O coração é parte do sistema
cardiovascular de todo o corpo. Quando ele partilha seu campo
de informação, ele organiza a matéria para funcionar de um
modo harmônico, holístico. Assim, o campo que é criado, que
da à luz a matéria, é o que controla a matéria. Quanto maior o
campo, mais rápido os átomos vibram – ou mais rapidamente
suas lâminas do ventilador subatômico giram.

O modelo newtoniano de biologia é baseado em eventos


lineares nos quais as reações químicas ocorrem numa sequência
de passos. Mas, não é realmente assim como a biologia
funciona; você não pode mais explicar algo, mesmo algo tão
simples como a cura de um corte, sem entender as vias da
informação interligada coerente sobre a qual você acabou de
ler. As células dividem uma intercomunicação de informação de
um modo não linear. O universo e todos os sistemas biológicos
dentro dele partilham uma integração de campos
emaranhados energéticos independentes que, por sua vez,
partilham informação além do espaço e tempo numa base
momento a momento.

Pesquisas confirmam que a maioria das interações entre as


células acontece mais rapidamente do que a velocidade da
luz2 – e já que a fronteira dessa realidade física é baseada na
velocidade da luz, isso significa que as células devem se
comunicar através do campo quântico. As interações entre os
átomos e as moléculas formam uma intercomunicação que
unifica o mundo físico, material e os campos de energia que
compõem o todo. Na quântica, as características lineares,
previsíveis, do mundo newtoniano não existem.
As coisas interagem de um modo holístico, cooperativo.
Assim, de acordo com o modelo quântico da realidade,
poderíamos dizer que todas as doenças é uma diminuição da
frequência. Pense sobre os hormônios do estresse. Quando seu
sistema nervoso está sob o controle do modo luta-ou-fuga, as
químicas da sobrevivência fazem com que você seja mais
matéria e menos energia.
Você se torna um materialista porque você está definindo a
realidade com seus sentidos; você utiliza de modo demasiado a
energia vital ao redor da célula mobilizando-a para uma
emergência; e toda a sua atenção vai para o mundo externo do
ambiente, o corpo, e o tempo. Se você mantem a resposta do
estresse ativada por longos períodos de tempo, os efeitos de
longa duração continuam desacelerando a frequência do
corpo de tal modo que ele se torna mias e mais partícula e
menos e menos onda. Isso significa que há menos consciência,
energia e informação disponíveis para os átomos, moléculas e
químicas partilharem. Como resultado, você se torna matéria
tentando futilmente mudar matéria – você é um corpo tentando,
sem sucesso, mudar um corpo.
Todos os ventiladores subatômicos individuais compondo seu
corpo começam a girar não apenas mais devagar, mas
também fora do ritmo uns com os outros.
Isso cria incoerente entre os átomos do corpo e das moléculas, o
que provoca um sinal enfraquecido de comunicação tal que o
corpo começa a se enfraquecer.
Quanto mais seu corpo é matéria e quanto menos ele é energia,
mais você está à mercê da segunda lei da termodinâmica – a lei
da entropia –, onde as coisas materiais no universo tendem a se
mover em direção à desordem e ao enfraquecimento.
Pense no que aconteceria se você tivesse centenas de
ventiladores numa sala enorme, todos funcionando juntos e
girando em harmonia, zunindo em uníssono. Esse zunido
coerente seria como música para seus ouvidos, pois ele seria
rítmico e consistente.
É assim com nossos corpos quando os sinais entre nossos átomos,
moléculas e células são fortes e coerentes.
Agora, imagine quão diferente seria se não houvesse
eletricidade (energia) o suficiente atingindo cada um dos
ventiladores, fazendo com que seus giros estivessem em
velocidades, ou frequências, diferentes. A sala seria preenchida
com uma cacofonia de clangs, clofs, ubs, parando e
começando.
É assim quando os sinais entre os átomos, moléculas, e células de
nossos corpos ficam fracos e incoerentes.

Quando você muda sua energia porque tomou uma decisão


com firme intenção, você aumenta a frequência de sua
estrutura atômica e cria uma assinatura eletromagnética mais
intencional, coerente (como mostrado na imagem 8.4). Você
agora está afetando a matéria física de seu corpo. Ao aumentar
sua energia, você aumenta a eletricidade fluindo para seus
ventiladores atômicos. A frequência elevada começa a levar
consigo, ou a organizar, as células de seu corpo para se tornarem
menos partícula (matéria) e mais onda (energia). Ou, em outros
termos, toda a sua matéria tem mais energia – ou mais
informação. Pense na coerência como ritmo, ou ordem, e na
incoerência como falta de ritmo, falta de ordem, ou falta de
sincronia.
De uma perspectiva quântica, uma frequência mais alta, mais
coerente, é chamada de saúde, e uma frequência mais lenta,
mais incoerente, é chamada de doença. Toda doença é uma
diminuição de frequência, bem como a expressão de uma
informação incoerente.

Imagine um grupo de bateristas sem ritmo, batendo nas baterias


todo o tempo. Isso é incoerência. Agora, imagine um grupo de
cinco profissionais bateristas se apresentando numa multidão de
bateristas aspirantes, se espalhando por diferentes locais na
multidão, e começando a criar uma batida bem rítmica. Com o
tempo, os cinco carregariam toda a centena de outros
bateristas para o ritmo perfeito, para a ordem para a sincronia.
É exatamente isso o que acontece quando seu corpo responde
a uma nova mente, quando o pelo em sua nuca se arrepia
porque você se sente mais energia e menos matéria. Naquele
momento, você está levando matéria a uma nova mente. Você
está arrastando a doença que existe como uma diminuição da
frequência, a uma frequência elevada. Ao mesmo tempo, você
também está fazendo com que a informação incoerente que
existia entre os átomos e moléculas, químicas e células, tecidos e
órgãos, e sistemas do corpo a funcionar a partir de um campo
mais organizado de informação.
É como escutar uma estática em seu rádio e, então, sintonizar a
um sinal claro onde, de repente, a estática desaparece e você
pode escutar a música.
Seu cérebro e sistema nervoso fazem a mesma coisa ao se
sintonizarem à frequências mais altas, mais coerentes. Uma vez
que isso ocorra, você não é mais sujeito da lei da entropia. Você
vivencia a entropia reversa, e a assinatura coerente do campo
de energia ao redor de seu corpo faze cm que você seja imune
às leis típicas da realidade física. Agora todos os ventiladores
atômicos estão girando numa frequência mais rápida, mais
coerente, e as moléculas físicas, químicas, e células que
compõem seu corpo estão recebendo nova informação, de
modo que sua energia está tendo um efeito positivo em seu
corpo.
As imagens 8.5A, 8.5B, e 8.5C a seguir, ilustram como uma
frequência de energia mais coerente, mais alta, carrega uma
frequência de matéria mais lenta, mais incoerente, alavancando
a matéria a uma nova mente.
Quanto mais organizada e coerente for sua energia, mais você
leva a matéria para uma frequência organizada, e quanto mais
rápida aquela frequência, melhor e mais profundo o sinal
eletromagnético que a célula recebe (lembre-se, como você
aprendeu no capítulo anterior, as células são centenas de vezes
mais sensíveis aos sinais eletromagnéticos – energia – do que os
sinais químicos, e são esses sinais que mudam a expressão do
DNA).
Por outro lado, quanto mais incoerente e não sincronizada sua
energia for, menos capazes sua células são de se comunicar
umas com as outras. Você aprenderá a ciência de como criar
coerência muito em breve.
Quando a energia mais alta, mais coerente, interage com
energia mais lenta, mais incoerente, ela começa a levar a
matéria para um estado mais organizado.

Além do vão quântico

Já que o campo quântico é um campo invisível de informação,


é da frequência que está além do espaço e tempo que todas
as coisas materiais vêm, e ele é feito de consciência e energia,
então tudo físico no universo está unificado interiormente e
conectado a esse campo. E já que todas as coisas materiais são
feitas de átomos, que estão conectadas além do espaço e
tempo, então você e eu, junto com todas as coisas no universo,
estamos conectados por esse campo de inteligência – pessoal e
universal, dentro e ao redor de nós – que dá vida, informação,
energia e consciência a todas as coisas.
Chame isso como quiser, mas essa é a inteligência universal que
está lhe dando vida exatamente agora. Ela organiza e orquestra
as centenas de milhares de notas na sinfonia harmoniosa que é
sua fisiologia – essas coisas que são parte de seu sistema nervoso
autônomo. Essa inteligência mantém seu coração batendo mais
que 101.000 vezes por dia, para bombear mais de dois galões de
sangue por minuto, viajando a mais de 96kms a cada período de
24 horas. Quando você terminar de ler essa sentença, seu corpo
terá feito 25 trilhões de células. E cada uma das 70 trilhões de
células que compõem seu corpo executa algo entre 100.000 a 6
trilhões de funções por segundo. Você terá inalado 2 milhões de
litros de oxigênio hoje, e a cada vez que você inalar, esse
oxigênio será distribuído para cada célula em seu corpo dentro
de segundos.

Conscientemente você mantém o controle de tudo isso? Ou


algo que tem uma mente muito maior do que a sua, e uma
vontade muito maior do que a sua, faz isso por você? Isso é o
amor! Na verdade, essa inteligência ama tanto você que ela lhe
ama para a vida. É a mesma mente universal que anima cada
aspecto do universo material. Esse campo invisível de
inteligência existe além do espaço e tempo; e é de onde vêm
todas as coisas materiais.
Ele faz com que as supernovas nasçam em galáxias distantes e
com que as rosas floresçam em Versalhes. Ele mantém os
planetas girando ao redor de nosso sol e as marés subindo e
descendo em Malibu.
Como ela existe em todos os lugares e todo o tempo, ela está
dentro de você e ao seu redor, essa inteligência deve ser tanto
pessoal quanto universal. Assim, há uma consciência subjetiva,
com livre arbítrio (a consciência individual) chamada “você” e
há uma consciência objetiva (a consciência universal) que é
responsável por toda a vida.

Se você fechasse seus olhos e tirasse sua atenção de seu corpo


e de todas as pessoas, coisas e eventos acontecendo em
diferentes momentos e lugares em seu ambiente externo,
deixando o tempo por um momento, você, como o observador
quântico, estaria removendo sua energia de sua vida familiar e
investindo sua consciência para o campo desconhecido das
possibilidades. Já que o lugar onde você coloca sua atenção é
o lugar onde você coloca sua energia, então se você continuar
colocando sua consciência em sua vida conhecida, sua energia
é investida naquela vida familiar. Mas, se você fosse investir sua
energia no campo desconhecido das possibilidades além do
espaço e tempo e, ao invés de se tornar consciência (um
pensamento no potencial quântico), você estaria tirando uma
nova experiência para si mesmo.

Quando você entra num estado meditativo, sua consciência


subjetiva, de livre arbítrio, se funde com a consciência objetiva,
universal, e você está plantando uma semente na possibilidade.

O sistema nervoso autônomo auto-organizado é sua conexão


com essa inteligência inata, que mencionei, que executa todas
essas funções automáticas para você. Certamente, não é seu
Neocórtex pensante que é responsável pelas funções
mencionadas anteriormente. Ao contrário, são os centros
cerebrais mais lentos, abaixo do Neocórtex, que
subconscientemente mantêm o show acontecendo. Essa
inteligência amorosa é aquilo com o qual você se funde numa
meditação, quando você deixa seu ego de lado e vai do egóico
ao altruísta, quando você se torna pura consciência – não mais
um corpo no ambiente, ou no tempo linear, mas um não-corpo,
um não-alguém, uma não-coisa, no não-lugar e no não-tempo.
É quando você se torna simplesmente uma consciência num
campo infinito de possibilidade.

Você está no desconhecido. E do desconhecido, todas as coisas


são criadas. Você está no campo quântico. E você e eu já temos
toda a maquinaria biológica que precisamos para realizar essa
façanha de nos tornarmos pura consciência.

Referências:

1. N. Bohr, “On the Constitution of Atoms and


Molecules,” Philosophical Magazine, vol. 26, no. 151: pp. 1–25
(1913).

2. F. A. Popp, “Biophotons and Their Regulatory Role in


Cells,” Frontier Perspectives, vol. 7, no. 2: pp. 13–22 (1998).

Parte I

Capítulo Nove - Três histórias de transformação pessoal

Nesse capítulo, você conhecerá algumas pessoas que


colocaram a energia da própria consciência no mundo imaterial
além dos sentidos e, repetidamente, abraçaram uma
possibilidade até que ela se materializou em suas vidas.

A história de Laurie

Aos 19 anos, Laurie foi diagnosticada com uma doença óssea


degenerativa rara chamada de Displasia Fibrosa Poliostótica.
Nessa condição debilitante, o corpo substitui o osso normal por
um tecido fibroso, precário, e a proteína estruturada de apoio do
esqueleto se torna estranhamente fina e irregular. O processo
atípico do crescimento, associado com a síndrome, faz com que
os ossos inchem, enfraqueçam e, então, se fraturem.
A Displasia Fibrosa pode ocorrer em qualquer parte do
esqueleto, e, no corpo de Laurie, ela se manifestou em seu fêmur
direito, bem no encaixe do quadril, na tíbia direita e em alguns
dos ossos de seu pé direito. Seus médicos lhe disseram que não
havia cura para a doença.
A Displasia Fibrosa é uma condição genética que geralmente
não se manifesta até a adolescência. No caso de Laurie, ela
passou todo um ano mancando dolorosamente em torno de seu
campus universitário com o que acabou se transformando numa
fratura femoral antes de qualquer sinal da doença vir à tona. Ela
ficou chocada ao ouvir que havia quebrado um osso, pois ela
não sofreu nenhum trauma. Além de um pé anatomicamente
maior que o outro, Laurie não tinha visto nenhuma evidência de
que algo estivesse errado com ela até aquele momento. Ela
havia vivido uma juventude relativamente ativa preenchida com
atividades como correr, dançar e jogar tênis. Na época em que
começou a coxear, ela até começou a treinar como uma
competidora fisiculturista.
Depois do diagnóstico, a vida de Laurie mudou da noite para o
dia. Seu cirurgião ortopédico a avisou que ela estava frágil e
extremamente vulnerável. Ele insistiu em que Laurie andasse
apenas com muletas até que pudesse agendar uma cirurgia
para ela; primeiro seria um enxerto ósseo, seguido por uma
inserção de uma haste femoral Russel-Taylor abaixo do eixo do
osso.
Após ter escutado as notícias, tanto Laurie quanto sua mãe
passaram uma hora chorando na cafeteria do hospital. Era
como um pesadelo; a vida de Laurie, como ela a conhecia,
parecia ter acabado de repente.
A percepção de Laurie a respeito de suas limitações – tanto as
reais quanto as imaginadas – começaram a dominar sua vida.
Para evitar fraturas adicionais, ela seguiu as recomendações do
cirurgião e obedientemente começou a usar muletas.
Ela teve que sair do estágio de marketing que havia começado
recentemente numa grande fábrica de Manhattan e começou
a preencher seus dias com consultas médicas. Seu pai insistiu
para que ela visse tantos especialistas ortopédicos quanto
possível, então sua mãe chorosa levou Laurie de consultório
médico a consultório médico durante as várias semanas
seguintes.
Cada vez que Laurie via um novo médico, pacientemente ela
esperava por uma opinião médica diferente, apenas para
receber as mesmas más notícias novamente. Em apenas alguns
meses, dez cirurgiões tinham opinado sobre sua condição. O
último médico a vê-la tinha uma opinião diferente: ele disse para
Laurie que a cirurgia que os outros médicos tinham
recomendado não a ajudaria em nada, pois a inserção da haste
fortaleceria o osso doente apenas no local mais fraco e
realmente causaria mais fraturas na próxima zona mais
vulnerável acima ou abaixo da haste. Ele aconselhou Laurie a
esquecer da cirurgia e continuar a usar muletas ou uma cadeira
de rodas – ou simplesmente se tornar sedentária para o resto de
sua vida.
A partir de então, Laurie permaneceu quieta na maior parte do
tempo por medo de quebrar um osso. Ela se sentia impotente,
pequena, frágil, e estava cheia de ansiedade e autopiedade.
Ela retornou à faculdade um mês depois, mas continuava em
grande parte confinada num apartamento que dividia com
outras cinco mulheres. Ela cultivava uma capacidade
impressionante de encobrir uma depressão clinica severa que se
acumulava.

Temendo seu pai

O pai de Laurie havia sido um homem violento por todo o tempo


que ela conseguia se lembrar. Mesmo que os filhos tivessem
crescido, cada membro da família tinha que estar preparado
para a ira dos punhos rápidos em movimento desse homem nos
momentos menos esperados.
Todo mundo ficava constantemente em estado de vigilância,
imaginando quando o temperamento dele iria ser aceso.
Embora Laurie certamente não soubesse na época, o
comportamento de seu pai estava intrinsicamente conectado à
condição dela.
Os recém-nascidos passam a maior parte de seus dias em estado
delta de onda cerebral. Durante os 12 primeiros anos, as crianças
gradualmente progridem para um estado teta e, então, para um
estado alfa, antes de entrar no estado beta em que passarão a
maior parte de sua vida adulta. Como você leu anteriormente,
teta e alfa são estados altamente sugestionáveis de ondas
cerebrais. As crianças ainda não têm uma mente analítica para
editar ou conseguir formar um sentido do que acontece a elas;
assim, toda a informação que elas absorvem de suas
experiências é codificada diretamente para suas mentes
subconscientes. Por causa de sua sugestionabilidade em
crescimento, no momento em que elas se sentem
emocionalmente alteradas por alguma experiência, elas
prestam atenção a quem ou ao quê provocou aquilo e ficam
bastante condicionadas a formar memórias associativas ligando
aquela causa à emoção da experiência em si. Se for um pai,
com o tempo as crianças ligarão àquele cuidador e pensarão
que as emoções da experiência que elas sentem é normal, pois
elas ainda não têm a capacidade de analisar a situação. É assim
que as experiências da primeira infância se tornam estados
subconscientes de ser.
Embora Laurie não soubesse disso quando sua condição foi
diagnosticada, os eventos emocionalmente carregados que ela
experienciou enquanto estava crescendo com seu pai tinham
sido carregados em seu sistema implícito de memória além de
sua mente consciente, programando sua biologia. Sua reação à
raiva de seu pai – sentir-se fraca, impotente, vulnerável,
estressada e temerosa todo dia – se tornou parte de seu sistema
nervoso autônomo, de modo que seu corpo memorizou
quimicamente essas emoções e o ambiente assinou os genes
associados com sua desordem a fim de ativá-los. Como essa
resposta era autônoma, ela não era capaz de mudá-la, já que
se tornou prisioneira de seu corpo emocional. Ela só podia
analisar seu estado de ser igual às emoções de seu passado,
muito embora as respostas das quais ela precisasse estivessem
além dessas emoções.
Assim que Laurie recebeu o diagnóstico de Displasia Fibrosa, sua
mãe imediatamente proclamou para toda a família que Laurie
havia sido oficialmente declarada como “frágil” pela medicina
moderna – então ela estava a salvo da violência física do pai.
Embora ele continuasse o abuso emocional e verbal a Laurie
(dali até a morte dele, 15 anos depois), a doença dela,
ironicamente, lhe protegia de abuso físico.

Cimentando sua identidade na doença

Esse perverso senso de segurança que Laurie criou se tornou um


veículo de sobrevivência para ela. Como resultado, ela
começou a se beneficiar de um tratamento especial (que ela
quase sempre precisava). Fosse conseguindo um assento no
ônibus, ou no metrô, quando estava em pé, deixando seus
amigos esperarem na fila por eventos enquanto ela se sentava
num banco próximo, ou recebendo um assento rapidamente
quando num restaurante lotado, Laurie descobriu que sua
doença começava a trabalhar para ela. Ela começou a confiar
fortemente em sua doença para receber o que quisesse. Agora
ela era capaz de lidar melhor com um mundo que ela nunca
havia visto antes como seguro. O benefício emocional de
manipular sua realidade para obter o que queria desse modo se
tornou muito conveniente, e Laurie recebia mais do que
realmente precisava para tirar o estresse de seu corpo a fim de
evitar lesões. Em pouco tempo, sua doença se tornou sua
identidade.
Em seguida, Laurie desenvolveu uma rebeldia tardia de
adolescente contra a vida que ela pensava ter sido imposta a
ela por seus médicos, seus pais e o destino. No semestre seguinte
após seu diagnóstico, ela entrou num sólido estado de negação
de sua doença. Ela decidiu se tornar a primeira fisiculturista
deficiente, retornando ao esporte com completa devoção.
Cegamente obcecada, enquanto aventurava-se e forçava
uma atitude positiva apenas com sua mente consciente, Laurie
encontrou maneiras criativas para suportar o peso de forma a
não torcer seus membros.
Ela achava que, tentando se empurrar pela dor, ela se tornaria
mais saudável – embora, na verdade, seus esforços tenham
saído pela culatra, pois ela se sentia mal na maior parte do
tempo e sua dor piorava. Como às vezes acontece com os
pacientes de Displasia Fibrosa Poliostótica, Laurie também
desenvolveu escoliose e sofria diariamente de severas dores nas
costas.

Pela época em que estava com seus 20 anos, Laurie começou a


desenvolver artrite em sua coluna vertebral e em outros lugares.
Após ter se formado na faculdade, a despeito de se mudar de
uma casa nova e de um novo emprego, Laurie se tornou muito
sedentária e se sentia ainda mais afastada da vida. Seu medo,
ansiedade e depressão permaneciam. Ela invejava a maioria de
seus colegas e perdia amizades e interesses românticos porque
vivia mais parecida com seus pais idosos do que como uma
jovem adulta.
Ao final de seus 20 anos, Laurie usava uma bengala todo o
tempo para se movimentar, mesmo quando não estava
cuidando de uma das 12 fraturas sérias que eventualmente
suportava. Como se esses problemas não fossem o bastante, ela
também enfrentava microfaturas perigosas. Seus ossos estavam
tão fracos que fraturas estressadas apareciam sob as fissuras
microscópicas e se conectavam a outras áreas ósseas frágeis
formando fraturas maiores que podiam ser vistas num raio-x.

Pela idade de 30 anos, Laurie tinha mais problemas nas costas


do que seu pai com 72 anos, e essencialmente se tornou idosa
antes do tempo. Ela vivia descansando em sua cama por dias, e
perdida tantas semanas de trabalho que era forçada a siar dos
empregos. Ela deixou a pós-graduação em espera porque a
universidade que a aceitou não tinha um elevador funcionando.
Ela teve que abrir mão de festas, passeios em museus, compras,
viagens, concertos, e outras atividades que envolviam caminhar
ou permanecer de pé. Ela foi pega no círculo do pensar-e-sentir
sobre o qual falei anteriormente: pensar que era limitada e frágil
interiormente, enquanto seu corpo manifestava limitação e
fragilidade exteriormente. Quanto mais ela se sentia vulnerável e
fraca, mais vulnerável e fraca ela se tornava – enquanto
continuava sofrendo fraturas que reforçavam sua crença de que
ela era frágil e reafirmavam sua identidade validando seu estado
de ser.
Ela ajustou sua dieta e tomava várias vitaminas e suplementos,
além de drogas para o fortalecimento ósseo, mas nada parecia
interromper as fraturas. Ela fraturava um osso simplesmente por
andar um lance de escadas, ou até mesmo por pisar num meio-
fio. Era como estar esperando pelo próximo pesadelo de uma
série.
Ironicamente, quando Laurie não estava usando muletas ou
mancando, ela parecia perfeitamente saudável. A maioria das
pessoas assumia que a bengala dela era algum tipo de acessório
excêntrico e muitas pessoas não acreditavam que Laurie
realmente tinha uma condição debilitante, o que às vezes
tornava difícil e frustrante receber o tratamento especial do qual
ela frequentemente precisava. Tentar convencer as pessoas de
que ela realmente tinha uma doença solidifica mais ainda sua
identidade como uma pessoa doente, estabelecia sua intenção
de provar que ela era deficiente e ancorava sua crença a
respeito de seu estado incapaz. Enquanto o resto do mundo
parecia trabalhar muito duro para esconder as próprias
fraquezas e vulnerabilidades, Laurie descobria que vivia
anunciando as próprias constantemente.
Ela gastava muita energia tentando controlar o máximo possível
de seu ambiente. Ela prestava atenção cuidadosa a tudo que
comia e bebia, medindo tudo o que consumia. Cada
caminhada ao redor da vizinhança era calculada. Ela até
chegava a pesar o quanto conseguia carregar do
supermercado até em casa: 4.5kgs, o que também era o limite
do peso que podia ganhar antes de seus ossos ficarem piores.
Era cansativo, mas era tudo o que Laurie sabia fazer. Sua gama
de opções ficou muito estreita, e mais se estreitava enquanto ela
continuava mantendo o limite do âmbito de coisas que ela
podia fazer fisicamente tentando livrar-se da ocorrência de
fraturas. Como seu estilo de vida se tornou mais estreito, sua
mente se tornou mais estreita junto com ele. Os medos de Laurie
aumentaram, sua depressão piorou e, finalmente, ela tentou
voltar a trabalhar, mas nem mesmo conseguia manter-se num
emprego.
Essa mesma mulher, que uma vez havia sido uma corredora,
dançarina e competidora de fisiculturismo, agora se limitava a
apenas fazer yoga como exercício físico e, pelos seus 30 anos,
mesmo a hatha yoga tinha se tornado muita coisa para ela.
Durante anos, seus exercícios eram limitados a sentar-se numa
cadeira e executar exercícios vigorosos de respiração (embora,
próxima aos seus 40 anos de idade, seus médicos finalmente lhe
permitiram fazer natação de braçadas).
Ela havia feito algumas tentativas de cura através de médicos
terapeutas holísticos, curadores energéticos, curadores que
trabalhavam com sons e homeopatas – sempre buscando
soluções fora de si mesma. Algumas vezes, ela se sentia melhora
após uma cura energética e ia direto ao ortopedista e pedia
novos raios-x – apenas para se sentir chateada quando os
resultados vinham inalterados. Ela pensava, “talvez isso seja o
melhor a que vou conseguir chegar”. Ela acordava se sentindo
oprimida a cada manhã, inundada com um sentimento de
temor, convencida de que não conseguiria lidar com o que quer
que o mundo tivesse reservado para ela.

Laurie aprende o que é possível

Laurie e eu nos conhecemos em 2009, depois que ela assistiu ao


filme ‘Quem Somos Nós?’ e ficou pasma com o conceito de que
uma pessoa podia criar uma vida totalmente nova. Eu a
encontrei enquanto ela estava num jantar antes de um seminário
em que eu estava ensinando num retiro central perto de New
York. Falamos a respeito dos cursos que eu dava sobre mudança
pessoal e, imediatamente, ela se inscreveu para minha próxima
classe naquele mês de Agosto.
Quando Laurie veio para seu primeiro evento, ela tinha ouvido
que era absolutamente possível mudar seu cérebro, seus
pensamentos, seu corpo, seu estado emocional e sua expressão
genética.
Durante o seminário, eu falei sobre a mudança física, mas as
crenças de Laurie a respeito de sua doença e de seu corpo eram
tenazes e suas emoções estavam presas com bastante firmeza
em seu passado. Ela não tinha absolutamente nenhuma
intenção de curar seu corpo, principalmente porque ela
realmente não acredita nem esquecer que era possível. Ela veio
apenas porque queria se sentir melhor interiormente.
Laurie aplicou imediatamente, do melhor modo que podia, os
princípios que ensinei, embora ela não parecesse se sentir
diferente por opção própria.
A primeira coisa que ela fez, quase imediatamente após aquele
primeiro curso de fim de semana, foi parar de partilhar seu
diagnóstico com os outros.
Apesar de ela não conseguir controlar suas emoções, ela
descobriu que ainda tinha controle sobre o que verbalizava.
Assim, a menos que precisasse pedir por uma cadeira numa
festa, ou explicar a um pretendente que não conseguiria
caminhar com ele, ela parou completamente de reconhecer
sua condição. Laurie escolheu se focar no onde estaria indo em
seu futuro: em direção a um eu interior feliz, a uma conexão
profunda com alguma fonte divina desconhecida, a um
emprego maravilhoso em relação ao qual ela era excelente, a
um parceiro de vida, e a relacionamentos íntimos e saudáveis
com amigos e parentes.
Em seguida, Laurie se concentrou em mudar alguns
comportamentos simples. Ela observava seus pensamentos e
palavras, e se lembrava de repetidamente interromper seus
antigos padrões repetitivos e destrutivos.
Ela continuou a fazer as meditações e a fazer meus cursos. De
modo a atribuir significado ao que estava fazendo,
religiosamente ela relia suas notas dos cursos e mantinha contato
com tantos estudantes quanto possível. Com o tempo, numa
pequena, mas perceptível, parte do dia, Laurie começou a se
sentir melhor, mais alta, mais capaz e mais forte. Ela dizia “Mude”
para si mesma umas 20 vezes por dia, sempre que ela percebia
que sua mente estava vagando para seu passado. Embora os
pensamentos negativos escapassem uma centena de vezes por
dia, pouco a pouco, Laurie criava alguns novos pensamentos,
escrevia-os e tentava acreditar neles profundamente.
Laurie trabalhava duro nisso, mas levou quase dois anos antes de
ela realmente sentir aqueles novos pensamentos. Ao invés de se
sentir frustrada durante aquele período de espera, ela lembrava
a si mesma que havia levado um bom tempo para criar a
doença a partir de seu estado emocional, então seria possível
levar algum tempo para descria-la. Ela também lembrava a si
mesma que ela teria que atravessar a morte biológica,
neurológica, química e genética do eu antigo antes que o novo
eu emergisse.
As circunstâncias em seu ambiente externo ficaram piores antes
de ela ficar melhor. Uma inundação destruiu a casa de Laurie, e
outras situações em seu apartamento criaram alguns problemas
novos relativos à sua saúde. Ela me disse que todas as vezes em
que se sentava para fazer as meditações e ensaiava sua vida
ideal, ela se sentia como se estivesse contando uma mentira a si
mesma – e, além disso, abrir seus olhos para suas circunstâncias
atuais era como um tampa na cara. E a encorajei a parar de
definir a realidade com seus sentidos e a manter-se atravessando
o rio da mudança.
Laurie continuava mancando nos seminários, às vezes mal
humorada, às vezes grata, e continuava trabalhando. Ela
também estabeleceu, com tantos estudantes locais quanto
possível, que eles meditariam juntos. As situações na vida de
Laurie não eram fáceis, então ela pensava, “que diabos, eu bem
posso ter uma hora por dia atrás de minhas pálpebras onde a
realidade pareça diferente, onde eu tenha um corpo livre de
dores, uma casa tranquila e segura, e um relacionamento pleno
e amoroso com o mundo exterior e com meus amigos e família.”.

No início de 2012, durante um de meus seminários progressivos,


Laurie teve um aprofundamento significativo em sua experiência
de meditação. Ela teve seu âmago literal e figurativamente
abalado. Fisicamente, foi como uma perturbação e, em
seguida, uma liberação. Seu corpo se sacudia, seu rosto se
contorcia, e seus braços se elevaram, como se ela estivesse
tentado seu melhor para manter-se enraizada em sua cadeira.
Emocionalmente, foi um contentamento inexplicável. Ela
chorava, ela ria, e sons que ela não conseguia explicar saiam de
sua boca. Todo o medo e controle que anteriormente ela usava
para manter-se condicionada estavam finalmente se soltando.
Pela primeira vez, ela sentiu uma presença divina e sabia que
não estava mais sozinha.
Laurie me disse, “eu senti algo, alguma coisa, alguém, alguma
presença divina, e essa consciência não ignorava minha
existência e era tranquila em relação a meu bem-estar, como eu
aparentemente acreditava antes. Essa consciência estava
realmente prestante atenção. Percebendo que aquilo era uma
mudança enorme para mim.”.
Toda a energia que ela colocava em controlar seus movimentos
físicos e sua vida no geral finalmente começava a relaxar e a se
descontrair, e a energia que ela usava para manter aquele
controle começou a se liberar.
No evento seguinte, eu percebi que Laurie estava caminhando
sem bengala e sem mancar. Ela estava feliz, sorrindo, e rindo
para si mesma, ao invés de irritada, com a testa franzida, fazendo
caretas de dor. Ela estava transmutando o medo em coragem,
frustração em paciência, dor em contentamento e fraqueza em
força. Ela estava começando a mudar – dentro e fora. Livre dos
vícios das emoções limitadoras, seu corpo agora estava vivendo
menos no passado enquanto ela se movia para um novo futuro.

No início da primavera d 2012, o ortopedista de Laurie disse a ela,


durante um exame de rotina, que cerca dois terços do
comprimento de uma fratura que ela tinha em seu fêmur desde
que ela tinha 19 anos (uma fratura que aparecia em cada um
dos cem ou mais raios-x que ela tinha) havia desaparecido. Ele
não tinha nenhuma explicação a oferecer; ao contrário, ele
sugeriu que ela começasse a fazer exercício de pedalar numa
bicicleta estacionária por dez minutos, duas vezes por semana.
A mensagem foi como música aos ouvidos de Laurie, e lá foi ela.

Sucesso e retrocessos

Todo o trabalho de Laurie em atravessar o rio estava agora


começando a se pagar. Finalmente, ela estava recebendo o
retorno que a deixava saber que ela estava fazendo algum tipo
de progresso físico. A cada dia, conforme Laurie ia além de seu
corpo, de seu ambiente e do tempo, ela também estava indo
além da personalidade que estava conectada à sua realidade
externa presente e passada, além de seu corpo
emocionalmente e habitualmente viciado, e além do futuro
previsível que ela sempre esperara baseada em sua memória do
passado. Todo o seu esforço superava sua mente analítica,
mudava suas ondas cerebrais para as de um estado mais
sugestionável, encontrando o momento presente, e a aventura
no sistema de programação onde anteriormente ela estava
emocionalmente alterada em sua vida, finalmente a estava
mudando.
Laurie começou a realmente acreditar que sua mente estava
curando-a apenas pelo pensamento. E a antiga fratura que
estava conectada ao eu antigo estava se curando, pois
literalmente ela estava se tornando outra pessoa. Ela não mais
estava disparando e tecendo os circuitos em seu cérebro, os que
estavam conectados à antiga personalidade, pois ela não mais
estava pen sando e agindo das mesmas maneiras. Ela parou de
condicionar seu corpo à mesma mente revivendo seu passado
com as mesmas emoções. Ela estava “desmemoriando” ser seu
antigo eu lembrando-se de ser um novo eu – ou seja, disparando
e tecendo novos pensamentos e ações em seu cérebro
mudando sua mente e ensinando emocionalmente a seu corpo
como se sentiria seu eu futuro.
Laurie estava assinando novos genes de novos modos durante
suas meditações diárias simplesmente mudando seu estado de
ser. Esses genes estavam produzindo novas proteínas que
estavam curando as proteínas responsáveis pelas fraturas
relacionadas à sua “des-doença”. A partir do que ela aprendia
nos seminários, ela raciocinava que suas células ósseas
precisavam receber o sinal certo de sua mente para desativar o
gene da displasia fibrosa e ativar o gene da produção e uma
matriz de osso normal.

Laurie explicou:
Eu sabia que com o passar dos anos, todas aquelas fraturas
tinham se manifestado estruturalmente da expressão insalubre
de proteína de minhas células ósseas, pois eu estava vivendo
pelas emoções de sobrevivência do medo, da vitimização e da
dor – e eu me sentia fraca. Eu era poderosa o suficiente para
manifestar perfeitamente a fraqueza em meu corpo. Eu
programei os genes para estarem ativado, pois eu havia
memorizado essas emoções subconscientemente em meu
corpo. E meu corpo, como minha mente, estava sempre vivendo
no passado. Então, eu entendi que, se meus ossos são feitos de
colágeno – que é uma proteína – e eu queria que minhas células
ósseas produzissem colágeno saudável, eu teria que entrar em
meu sistema nervoso autônomo, ir além de minha mente
analítica, entrar na mente subconsciente, reprogramar
repetidamente meu corpo com informação nova, e permitir que
ele recebesse novas ordens todos os dias.
Quando eu recebi as boas novas, eu me senti como se estivesse
no meio do caminho da travessia do rio da mudança.

Laurie continuou suas mediações e continuava se apresentando


em meus seminários. Ela continuava ter momentos de dor física,
mas a frequência, a intensidade e a duração diminuíram
consideravelmente. Ela mudou tantas coisas quanto possível. Ela
mudou os exercícios apenas para mudar o ambiente. Ela
passava o desodorante pela direita ao invés de pela esquerda.
Ela cruzava os braços com o direito sobre o esquerdo, ao invés
do lado mais natural sempre que conseguia se lembrar. Ela se
sentava numa cadeira diferente em seu apartamento. Ela
dormia do outro lado da cama (embora isso significasse ter que
andar todo o caminho para o outro lado do quarto para entrar
e sair da cama).
Ela relatou: “tão ridículo quanto isso possa soar, eu era pura
intenção em dar ao meu corpo tantos sinais novos e diferentes
quanto possível, e já que mudar-me para uma grande casa em
Hamptons não era realista, essas pequenas coisas tinham que
ser”.
Laurie até colocava recados em todo o lugar em seu ambiente
para se lembrar de permanecer consciente e eliciar
pensamentos e sentimentos a respeito de seu futuro. Ela escrevia
“Eu sou grata”, “Eleve-se!” e “Ame!” em papéis coloridos e
grudava as notas na parte de trás de várias portas. Ela colava
lembretes em seus painéis, que diziam “Seus pensamentos são
incrivelmente poderosos. Escolha-os sabiamente”.
Notas encorajadoras e afirmações não eram novidade para ela,
mas ela nunca teve a capacidade de acreditar nelas antes, pois
ela não sabia como mudar suas crenças.

No final de Janeiro de 2013, quando visitou seu ortopedista


novamente, pela primeira vez em 28 anos ele disse a ela que não
havia evidência de fraturas – nenhuma. Seus ossos estavam
inteiros e sem danos.
Ela me escreveu “não consigo traduzir em palavras a alegria que
isso trouxe. Agora eu me sinto empoderada e elevada. Eu sei que
estou mais do que no meio do caminho da travessia do rio da
mudança.”.
Suas células ósseas agora estavam programadas para produzir
novas proteínas saudáveis. Seu sistema nervoso autônomo
estava recuperando o equilíbrio em seu corpo – fisicamente,
quimicamente e emocionalmente. Ele estava fazendo a cura
para ela, através da inteligência maior, e ela sabia que agora
podia confiar e se render mais a essa inteligência. Seu corpo
continuava a responder a uma nova mente.
No mês seguinte à sua consulta com o ortopedista, Laurie voou
para o Arizona para um de meus seminários avançados. Uma
hora após ter chegado, ela recebeu um telefonema da
assistente de seu médico, que lhe disse que os resultados de seus
exames de sangue e de urina tinham chegado e que eles
indicavam que sua doença realmente estava ainda bem ativa.
Seu médico recomendara que ela retomasse a terapia
intravenosa de bisfosfonatos pela primeira vez em muitos nos.
Laurie ficou inconsolável. Os raios-x a tinham deixado com a
impressão de que ela estava inteira novamente, mas os testes
laboratoriais indicavam o contrário. Em segundos, ela perdeu a
perspectiva e estava certa de que havia falhado. Quando ela
me contou as novidades, eu a assegurei de que seu corpo ainda
estava vivendo no passado e só precisava de um pouco mais de
tempo para se alinhar com sua mente. Eu sugeri que ela
continuasse a fazer o trabalho por mais alguns meses e que, daí,
refizesse o exame de urina.
Inspirada por algumas pessoas em nossos seminários, que tinham
mudado a própria saúde, Laurie foi para casa e realizou sua
prática com determinação, sentindo a vida que ela poderia ter
mais vívida e intensamente. Ela parou de se imaginar com ossos
curados por si e apenas se imaginou como um todo no geral –
vital, brilhando, resiliente, jovial e com uma boa saúde, cheia de
energia. Mentalmente, ela ensaiava; e emocionalmente
abraçava a condição de ter tudo o que ela desejava, o que
incluía um corpo funcional, que caminhava. Ela disse a si mesma
que a mulher antiga que ela havia sido dos 19 aos 47 a nos era
apenas uma história do passado.

Nova mente, novo corpo


Durante os próximos meses, Laurie simplesmente começou a se
sentir mais feliz, mais contente, mais livre, e mais saudável.
Ela começou a pensar com mais clareza sobre seu futuro.
Raramente sentia dor em seu corpo e caminhava sem nenhuma
assistência.
Quando chegou Maio de 2013, ela se sentia um pouco temerosa
em relação à sua consulta para refazer o teste laboratorial.
Ela postergou a consulta até Junho. Daí, Laurie falou sobre sua
hesitação e ansiedade num seminário para alunos experientes,
que pedia que ela pensasse sobre algumas coisas boas que ela
podia imaginar em relação a andar até o hospital e fazer o teste.
Nesse momento, Laurie percebeu que tinha muitos recursos
positivos, doadores de vida, a serem utilizados.
Ela começou a recitar uma longa lista, incluindo quão limpo o
hospital era, quão uteis os funcionários sempre foram, como era
fácil ir ali apenas para ser cuidada. Era exatamente a mudança
no foco que ela precisava.
No dia da consulta, enquanto dirigia para o hospital, Laurie
agradecia pela luz do sol, pelo trânsito estar se movimentando
facilmente, por seu carro, por sua perna que a estava ajudando
a dirigir o carro, por sua visão perfeita, pela vaga no
estacionamento que ela encontrou facilmente, e assim por
diante.
Como ela me contou mais tarde, “eu entrei, falei meu nome para
eles, fechei meus olhos meditei na sala de espera até que
chegasse minha vez. Urinei num copinho, devolvi para uma
enfermeira, e caminhei para fora, agradecendo pelo simples ato
de estar caminhando. E abri mão do resultado – totalmente. Eu
estava bem, profundamente em meu interior, com qualquer
resultado. Isso me capacitou a esquecer daquilo
completamente, pois eu não estava esperando nada. De
verdade, eu estava feliz, obsessivamente grata. Eu parei de
analisar e simplesmente confiei.”.
Ela se lembrava de mim dizendo que no momento em que ela
começasse a analisar como ou quando sua cura iria acontecer,
isso significaria que ela estava voltando ao eu antigo, pois o novo
eu nunca pensaria desse modo inseguro.
Laurie continuou, “E, então, sem nenhuma razão, eu
simplesmente ficava grata no momento presente,
antecipadamente à experiência real. Eu não estava esperando
que os resultados fossem me fazer feliz ou grata; eu estava num
estado de autentica gratidão e em amor pela vida, como se
aquilo já tivesse acontecido. Eu não mais precisava de algo fora
de mim para me fazer feliz. Eu já estava inteira e feliz, pois algo
dentro de mim estava mais inteiro e completo.”.
Ela não tinha quase nada em “grande escala” externa pelo qual
medir o sucesso, a satisfação e a segurança – nenhuma renda,
uma casa, um parceiro, um negócio, um filho, nem mesmo
nenhum trabalho recente voluntário do qual estivesse
particularmente orgulhosa. Mas, Laurie tinha o amor de seus
amigos e dos membros de sua família com os quais ela poderia
se conectar. E ela tinha um amor recém-encontrado por si
mesma. Ela tinha percebido que nunca havia se amado antes –
apenas um interesse por si mesma. Mais tarde, ela me disse que
essa era uma distinção que ela nunca teria entendido em seu
estado de mente anterior, estreito. Ela se sentia bastante
contente consigo mesma e com sua vida. Ela disse, “e pela
primeira vez desde que comecei essa jornada, eu simplesmente
não me preocupei com o exame. Eu estava feliz comigo
mesma.”.
Duas alegres semanas depois, o resultado do exame chegou. A
assistente do médico disse a Laurie, “seus resultados estão
perfeitamente normais. Você ficou em 40. Seus valores ficaram
abaixo dos 68, que seriam anormais, elevados há apenas cinco
meses atrás.”.
Laurie havia cruzado o rio e estava na margem de uma nova
vida. Não havia mais evidências de seu passado vivendo em seu
corpo. Ela estava livre – tinha nascido de novo.
Mais tarde, Laurie me diria:
Houve um instante em que ocorreu-me que minha identidade
como “paciente e “uma pessoa doente, com um mal”, tinha se
tornado mais forte do que qualquer outro papel que eu tinha
representado na vida. Eu fingi ser aquela pessoa, mas durante
todo o tempo eu sabia que não era. Toda a minha atenção e
energia foram consumidas em ser ‘uma paciente’, ao invés de
ser gasta em ser uma mulher, uma garota, uma filha, uma
funcionária, ou até simplesmente uma pessoa feliz e inteira.
Agora eu sei que eu não teria energia disponível para ser outra
pessoa até que eu tirasse minha atenção de minha antiga
personalidade e de meu eu antigo reinvestisse minha atenção e
energia num novo eu. Eu estou tão grata por agora eu ser eu ao
invés daquilo!”.

Laurie agora não tem arrependimentos e nenhum ressentimento


importante, e ela não sente que perdeu nada em relação ao
passado. Como ela diz, “eu não quero julgar ou manter
ressentimento, ou me sentir desconsolada por meu passado, pois
essa escolha levaria para longe essa sensação de plenitude. É
como se minha condição passada realmente tivesse sido uma
benção porque eu superei minhas próprias limitações e agora
amo quem eu sou. Estou em paz. Verdadeiramente mudei meu
nível biológico e celular. Sou uma prova da mensagem de que
sua mente pode curar seu corpo e, acredite-me, ninguém está
mais surpresa do que eu mesma.”.

A história de Candace

O relacionamento de Candace, que mal tinha um ano,


simplesmente não estava indo bem. Depois de alguns meses
untos, ela e seu namorado se tornaram profundamente
embrenhados em incessantes brigas, acusações fúteis,
desconfianças constantes e atos contínuos de repreensão. Os
dois se sentiam inseguros, ciumentos, então a comunicação
deles era frustrante, no mínimo. Cada um deles vivia perseguido
pelas expectativas vãs de que não tinha como ter esperança de
o outro ficasse satisfeito. Numa ira que nunca havia conhecido,
Candace se pegava numa competição de gritos violentos,
lançando impropérios incontroláveis. Esses ataques lhe faziam se
sentir ainda mais indigna, mais vitimizada, e mais insegura. Todo
esse comportamento era novo para ela; Candace não era uma
pessoa irada, frustrada ou que vivesse chateada antes, e ela
nunca lançara um impropério em todos os seus 28 anos de vida.
Embora ela soubesse, num nível profundo, que permanecer
naquelas circunstâncias não era benéfico para ela, Candace
não conseguia escapar de seu apego emocional a esse
relacionamento insalubre. Contudo, ela se tornou viciada em
suas emoções estressantes, essa se tornou sua nova identidade.
Sua realidade pessoal estava criando sua nova personalidade.
O ambiente externo de Candace estava controlando o modo
como ela pensava, agia e sentia. Ela havia se tornado uma
vítima presa em sua própria vida.
Inundada com uma forte energia de emoções de sobrevivência,
Candace começou a agir como uma viciada, precisando
daquele impulso emocional de sentimentos e acreditando que
era algo fora dela que fazia com que ela sentisse, pensasse e
reagisse de certos modos. Ela não conseguia pensar ou agir de
modo maior do que como se sentia. Aprisionada nesse estado
emocional, ela vivia recriando os mesmos pensamentos, as
mesmas escolhas, os mesmos comportamentos e as mesmas
experiências de novo e de novo novamente.

Na verdade, Candace estava usando seu namorado e todas as


condições em seu mundo externo para reafirmar quem ela
pensava que ela era. Sua necessidade – de sentir raiva,
frustração, insegurança, falta de merecimento, medo e
vitimização – estava associada com aquele relacionamento.
Embora aquilo não servisse a seu melhor ideal, ela tinha muito
medo de mudar para consertar a situação. De fato, ela se tornou
tão atada àquelas emoções, pois elas reafirmavam sua
identidade, que preferia sentir constantemente essas sensações
familiares tóxicas ao invés de deixá-las e abraçar o não familiar –
de dar um passo do conhecido para o desconhecido.
Candace começou a acreditar que ela era suas emoções e,
como resultado, memorizou uma personalidade baseada no
passado que havia criado.
Depois de uns três meses em que as coisas começaram a
realmente ficar ruins, o corpo de Candace não conseguiu
sustentar o estresse daquele estado emocional intensificado e
seu cabelo começou a cair em grandes tufos; em algumas
semanas, quase um terço havia caído. Ela começou a sofrer de
severas enxaquecas, fadiga crônica, problemas gastrointestinais,
baixa concentração, insônia, ganho de peso, dores consistentes
e uma miríade e outros sintomas debilitantes – todos eles estavam
destruindo-a.
Sendo uma mulher intuitiva, Candace sentia naturalmente que
essa “doença” era um produto autoinflingido de suas próprias
questões emocionais. Só de pensar em seu relacionamento a
desequilibrava fisiologicamente em preparo para outro conflito.
Candace estava ativando os hormônios do estresse e seu sistema
nervoso autônomo apenas com o pensamento. E quando ela
pensava a respeito de seu parceiro, ou falava, ou reclamava
sobre o relacionamento deles com a própria família e com os
amigos, ela estava condicionando seu corpo à mente daquelas
emoções. Era a conexão máxima mente-corpo e como ela não
desativava a resposta do estresse, finalmente começou a
reprimir os genes. Literalmente, seus pensamentos estavam
deixando-a doente.
Seis meses de relacionamento, Candace ainda estava vivendo
em completa disfunção, nos níveis mais altos de estresse. Apesar
de agora estar certa de que os sintomas em seu corpo eram um
aviso, subconscientemente ela continuava a escolher a mesma
realidade, que agora era seu estado normal de ser. Cercando
seu corpo com emoções negativas de sobrevivência, Candace
estava assinando os genes errados do jeito errado. Ela sentia que
estava morrendo devagar de dentro para fora, e sabia que
precisava assumir o controle de sua vida, mas não tinha ideia de
como fazer isso. Ela não encontrava coragem para romper o
relacionamento, e não permaneceu nele por mais de um ano,
vivendo na mira habitual do ressentimento e da raiva durante
todo o tempo. Justificando-se, ou não, por sentir essas emoções,
Candace observava seu corpo pagar o preço.

Candace paga o preço

Em Novembro de 2010, Candace finalmente consultou um


médico que a diagnosticou com Tireoidite de Hashimoto
(também referenciada como tireoidite linfocítica crônica), uma
doença autoimune em que o sistema imunológico ataca a
glândula tireoide. A condição é marcada pelo hipotireoidismo
(uma tireoide inativa) com um acometimento ocasional de
hipertiroidismo (uma tireoide hiperativa).
Os sintomas de Hashimoto incluem ganho de peso, depressão,
manias, sensibilidade ao calor e ao frio, torpor, fadiga crônica,
ataque de pânico, frequência cardíaca anormal, colesterol alto,
baixa taxa de açúcar no sangue, constipação, enxaquecas,
fraqueza muscular, articulações duras, cãibra, perda de
memória, problemas na visão, infertilidade e perda de cabelos –
muitos dos quais Candace estava sofrendo.

Durante a consulta, o endocrinologista disse à Candace que sua


condição era genética e que ela não conseguiria fazer nada em
relação a isso. Ela teria Tireoidite de Hashimoto para o resto da
vida e precisaria tomar medicamentos para a tireoide
indefinidamente, pois a contagem de seus anticorpos nunca
mudaria. Apesar de Candace ter descoberto mais à frente que
ela realmente não tinha nenhum histórico familiar dessa doença,
a morte parecia ter sido lançada.
Ter um diagnóstico real deu à Candace o pressente inesperado
da consciência. Claramente, ela precisava de um despertar, e
assim foi. A desorganização física de seu corpo havia feito com
que ela refletisse sobre seu passado e realmente visse a verdade
de quem ela estava sendo. Ocorreu a ela que ela era a única
responsável pela criação de uma doença autoimune que
vagarosamente a estava destruindo fisicamente,
emocionalmente e mentalmente. Ela estava vivendo uma vida
num modo de sobrevivência constante. Toda a energia de seu
corpo estava sendo direcionada para mantê-la segura em seu
ambiente externo, e nenhuma energia ficava para seu ambiente
interno. Seu sistema imunológico não mais conseguia lidar
consigo mesmo.
Apesar do medo angustiante da mudança e do desconhecido,
Candace finalmente escolheu romper o relacionamento cinco
meses depois. Ela entendia completamente que o
relacionamento era pouco saudável e que não a servia. Ela se
perguntou “o que tenho a perder? Permanecer no modo
disfuncional e me empurrar para mais fundo na escuridão? Ou
escolher a liberdade e a possibilidade? Essa é a minha chance
para uma vida nova e diferente.”.
A adversidade de Candace se tornou a gênese de sua evolução
pessoal, de sua autorreflexão e de sua expansão.
Ela encontrou-se de pé à beira do precipício, desejando saltar
para o desconhecido. Sua decisão de pular e mudar tornou-se
uma experiência apaixonada. Então, ela pulou; no que ela viu
como possibilidades e potenciais infinitos, compelida por um
desejo de, finalmente, parar o que de fazer o que não mais era
amar a si mesma, assim ela poderia reescrever seu código
biológico.

Esse foi o ponto da virada na vida de Candace. Ela havia lido


meus dois livros anteriores e esteve em um de meus seminários
para iniciantes, então ela sabia que se abraçasse seu
diagnóstico e as emoções de medo, preocupação, ansiedade
e a tristeza que essas emoções inspiravam, ela estaria se
autossugestionando a acreditar apenas em pensamentos
similares a essas emoções.
Ela tentava pensar positivamente, mas seu corpo estava tão mal
que ela tinha consequências sérias. Fazer essa escolha seria o
placebo errado, o estado errado de ser.
Então, Candace escolheu não aceitar sua doença.
Respeitosamente, ela declinou do diagnóstico médico,
lembrando-se de que a mente que cria doenças é a mesma
mente que cria a saúde.
Ela sabia que tinha que mudar suas crenças a respeito da
condição que lhe fora dada pela comunidade médica.
Candace escolheu não ser sugestionável aos conselhos e
opiniões do médico, pois ela não estava com medo, vitimizada
ou triste.
Na verdade, ela era otimista e entusiasmada, e essas emoções
a dirigiam a um novo conjunto de pensamentos que lhe
permitiam ver uma nova possibilidade. Ela não aceitou seu
diagnóstico, prognóstico, ou tratamento; não acreditou
apressadamente no resultado mais provável ou no destino
futuro; nem se rendeu permanentemente ao diagnóstico ou ao
plano de tratamento. Ela não condicionou seu corpo àquele pior
cenário esperando o mesmo resultado previsível que todo
mundo espera, nem atribuiu o mesmo significado que todo
mundo atribui à condição. Ela teve uma atitude diferente, então
agora estava num estado diferente de ser.

Candace se ocupa
Embora Candace não tivesse aceitado sua condição, ela tinha
um monte de trabalho à frente. Ela sabia que para mudar sua
crença a respeito de sua doença, ela teria que fazer uma
escolha com uma amplitude de energia que seria maior do que
os programas entretecidos em seu cérebro e em seus vícios
emocionais em seu corpo, de modo que seu corpo pudesse
responder a uma nova mente. Somente aí ela poderia
experienciar a mudança necessária na energia que ela
precisava reescrever seus programas subconscientes e apagar
seu passado neurologicamente e geneticamente – que foi
exatamente o que começou a acontecer.
Embora tivesse me ouvido dizer tudo isso antes e soubesse disso
intelectivamente, Candace nunca havia abraçado a
informação a partir da experiência pessoal. No primeiro
seminário do qual ela participou depois de obter o diagnóstico,
ela parecia exausta e ficava caindo no sono enquanto estava
sentada na cadeira. Eu sabia que ela estava lutando.
Quando ela veio para o próximo seminário, ela havia estado
tomando a medicação para a tireoide para regular seu estado
químico desequilíbrio por mais de um mês, e ela estava mais
alerta e interessada.
Candace foi incrivelmente inspirada pelas histórias que eu contei
durante o final de semana. Quando ouviu que as pessoas não
eram vítimas das circunstâncias em seus mundos externos e que
curas incomuns podiam ocorrer, ela decidiu que seria seu próprio
projeto científico.

Assim, Candace embarcou na jornada. Tendo uma


compreensão sobre epigenética e neuroplasticidade, dos meus
seminários, ela sabia que não mais seria uma vítima da doença
e que, ao contrário, usaria seu conhecimento para se tornar
proativa. Ela atribuiu um significado diferente a seu futuro e, assim
começou a ter uma intenção diferente.
Ela acordava todo dia às quatro e meia da manhã para fazer
suas meditações e começou a condicionar seu corpo
emocionalmente a uma nova mente. Ela trabalhou em
encontrar o momento presente, que ela percebera ter perdido
anteriormente.
Candace queria ser feliz e saudável, então ela lutou arduamente
para recuperar sua vida. Mesmo assim, no começou ela lutou e
ficava muito frustrada quando não conseguia se sentar por um
longo período de tempo. Seu corpo estava treinado a ser a
mente da frustração, da raiva, da impaciência e da vitimização,
e compreensivelmente ele se rebelava. Como se estivesse
treinando um animal indisciplinado, Candace tinha que se
manter domando seu corpo para o momento presente. Toda vez
que entrava no processo, ela estava recondicionando seu corpo
à nova mente e liberando-se um pouco mais das correntes de
seu vício emocional. Todo dia, em suas meditações, Candace
trabalhava em superar seu corpo, seu ambiente e o tempo. Ela
se recusava a levantar-se como a mesma pessoa que havia
sentado para fazer a meditação, pois era a antiga Candace que
ficava com raiva e frustrada e, portanto, quimicamente viciada
às suas circunstancias externas. Ela não queria mais ser aquela
pessoa. Ela escutava as meditações, emulava um novo estado
de ser e não parava até que estivesse amando a vida – em
verdadeiro estado de gratidão sem nenhuma razão particular.
Candace aplicava todo conhecimento que havia aprendido
em meus seminários e escutando cada CD, lendo cada livro
(mais de uma vez) e estudando suas anotações dos cursos. Ela
estava tecendo nova informação em seu cérebro para
preparar-se para uma nova experiência de cura. Mais e mais, ela
percebia que podia abster-se de disparar e de tecer as antigas
conexões neurais de raiva, frustração, ressentimento, arrogância
e desconfiança, e que conseguia começar a disparar e a tecer
as novas conexões neurais de amor, contentamento,
compaixão e bondade. Ao fazer isso, Candace sabia que estava
podando suas antigas conexões e promovendo a brotação de
novas. E quanto mais ela fazia esforços com um nível de força
mental, mais ela se transformava.
Com o tempo, ela se tornou incrivelmente grata por estar viva,
percebendo que onde a harmonia existia, a incoerência não era
suportada. Ela dizia a si mesma, “eu não sou a antiga Candace,
eu não estou mais reafirmando aquela existência”.
Durante meses a fio, ela perseverou. E se ela se percebia sendo
conduzida para o menor denominador comum, ficando com
raiva ou frustrada com as condições de seu mundo externo, ou
sentindo-se mal ou infeliz, bem rapidamente conseguia fazer
uma mudança rápida consciente. Ao mudar rapidamente seu
estado de ser, ela conseguia encurtar os períodos nos quais
aquelas emoções tinham poder sobre ela, de modo que no geral
seu temperamento se tornava mais brando, menos irascível e
menos parecido com sua personalidade antiga.
Alguns dias, Candace se sentia tão mal que não queria sair da
cama, mas se levantava de qualquer modo, e meditava. Ela
dizia a si mesma que sempre que ela transmutava essas emoções
mais baixas em emoções elevadas, ela estava se retirando
biologicamente de seu passado e imprimindo a seu cérebro e
corpo um novo futuro. Ela começou a perceber o quanto valia
a pena fazer seu trabalho interior e em breve ele tornou-se menos
forçado e mais como um presente. Graças à sua persistência
diária, Candace percebeu uma grande mudança bem
rapidamente e começou a sentir-se melhor. Ela começou a
comunicar com os outros de modo diferente assim que parou de
olhar para o mundo através de uma mente de medo e de
frustração e, ao contrário, começou a olhar através das lentes
da compaixão, do amor e da gratidão. Sua energia aumentou
e ela foi capaz de pensar mais claramente.
Candace percebeu que não reagia do mesmo modo em
relação às condições familiares em sua vida porque as antigas
emoções baseadas no medo não mais viviam em seu corpo. Ela
estava superando suas reações automáticas porque agora via
que as pessoas e condições que costumavam chateá-la existiam
apenas em relação ao modo como ela se sentia. Ela se tornou
livre.

Parte de seu processo de mudança incluía tornar-se consciente


dos pensamentos inconscientes que tipicamente escapavam
por sua consciência durante o dia. Em suas meditações, ela
determinou-se a nunca mais deixar aqueles pensamentos
passarem despercebidos novamente. Ela apagou a lousa,
biologicamente, neurologicamente e geneticamente,
promovendo espaço para criar um novo eu, e eu seu corpo
começou a liberar energia. Em outras palavras, ela estava indo
da partícula para a onda, liberando as emoções armazenadas
como energia em seu corpo. Seu corpo não estava vivendo mais
no passado.
Com essa energia recém-disponível que havia liberado,
Candace começou a ver a paisagem de um novo futuro. Ela se
perguntava: “Como quero me comportar? Como quero me
sentir? Como quero pensar?”. Ao levantar-se todas as manhãs
durantes meses a fio num estado de gratidão, ela estava
instruindo emocionalmente seu corpo de que seu novo futuro já
havia chegado, o que assinava novos genes de novos modos,
fazendo com que seu corpo voltasse para a homeostase.
Exatamente do outro lado da raiva de Candace, ela descobriu
a compaixão. Exatamente do outro lado de suas frustrações, ela
descobriu a paciência e a gratidão. E exatamente do outro lado
de sua vitimização, havia uma criadora, esperando para criar
alegria e bem-estar. Era a mesma energia intensa, do outro lado,
mas agora ela era capaz de liberá-la enquanto se movia da
partícula para a onda, da sobrevivência para a criação.

Sucesso, doce sucesso

Quando Candace voltou a seu médico, sete meses depois de


seu diagnóstico, ele ficou surpreso com a mudança em sua
paciente. Seus exames de sangue tinham voltado perfeitos. Em
sua primeira rodada de exames em Fevereiro de 2011, os
hormônios estimulantes de sua tireoide (TSH) (THS, do inglês,
thyroid-stimulating hormone, nt) estava em 3.61 (que é uma taxa
alta), e a contagem de seus anticorpos em 638 (mostrando um
grande desequilíbrio). Mas, por volta de Setembro de 2011, o TSH
de Candace havia caído para uma taxa normal de 1.15 e a
contagem de anticorpos mostrava uma taxa saudável de 450,
apesar de ela não estar mais tomando nenhuma medicação.
Ela se curou em menos de um ano.

O médico só queria saber o que ela andou fazendo para ter


esses resultados ótimos. Parecia quase muito bom para ser
verdade. Candace explicou que sabia que havia criado essa
condição, então ela decidiu conduzir um experimento por conta
própria a fim de descria-lo. Ela disse ao médico que, ao meditar
diariamente e manter um estado de emoção elevada, ela
estava assinando novos genes epigeneticamente ao invés de
deixar que as emoções insalubres continuassem a assinar os
genes antigos. Ela explicou que estava trabalhando
regulamente em quem ela desejava se tornar e que havia
parado de responder a tudo em seu ambiente externo como se
fosse um animal no modo de sobrevivência: lutando, fugindo,
chutando ou gritando.
Tudo ao seu redor era basicamente o mesmo; ela apenas estava
respondendo de um modo que era mais amoroso em relação a
si mesma.
O médico disse a ela, parecendo totalmente surpreso, “eu
gostaria que todos os meus pacientes fossem como você,
Candace. É simplesmente incrível ouvir sua história.”.
Candace realmente não sabia como sua cura havia ocorrido.
Ela não precisava. Ela apenas sabe que se tornou outra pessoa.
Eu jantei com Candace um pouco depois de tudo isso ter
acontecido, num momento quando ela havia interrompido
todas as suas medicações durante meses e não tinha nenhum
sintoma. Sua saúde estava fantástica, todo o seu cabelo voltou
a crescer novamente e ela se sentia ótima em relação a si
mesma. Ela mencionou várias e várias vezes que estava amando
sua vida atual.
Sorrindo, eu lhe disse, “você está amando sua vida e ela a está
amando de volta. Você deve estar amando sua vida – você a
criou todos os dias, durante meses, desse modo!”.
Candace explicou que apenas confiou num campo de
potenciais infinitos e que sabia que algo estava acontecendo
além dela e isso a ajudou a se curar. Tudo o que ela teve que
fazer foi ir além de si mesma e entrar no sistema nervoso
autônomo, e daí continuou plantando as sementes para uma
nova vida. E, sem saber como havia acontecido, simplesmente
aconteceu – e quando aconteceu, ela se sentia melhor do que
havia se sentindo antes.
A vida de Candace agora está completamente diferente da
vida que ela tinha quando foi diagnosticada com Hashimoto. Ela
tem uma sócia numa empresa de programa de
desenvolvimento pessoal que ensina o trabalho do
autodesenvolvimento e também mantém um emprego
corporativo. Ela tem um relacionamento amoroso, novos amigos
e novas oportunidades de negócio. Uma nova personalidade
acaba por criar uma nova realidade pessoal.
Um estado de ser é uma força magnética que atrai eventos
similares àquele estado de ser; então, quando Candace se
apaixonou por si mesma, ela atraiu um relacionamento amoroso
para si mesma. Como ela se sentia digna e sentia respeito por si
mesma e por toda a vida, as condições começaram a aparecer,
condições nas quais ela tinha oportunidades de contribuir, de ser
respeitada e de fazer uma diferença no mundo. E, é claro,
quando ela se moveu para uma nova personalidade, a
personalidade antiga se tornou como se fosse outra vida. Essa
nova fisiologia começou a conduzi-la para níveis maiores de
contentamento e inspiração – e, então, a doença pertencia à
personalidade antiga. Ela era outra pessoa.
Não é que ela se tornou viciada no contentamento; ela apenas
não mais era viciada em ser infeliz. Quando ela começou a
experienciar níveis maiores de felicidade, ela descobriu que
sempre havia mais benção, mais contentamento, e mais amor a
ser experienciado, pois cada experiência cria uma mistura
diferente de emoções. Ela começou a realmente querer os
desafios em sua vida, assim ela podia descobrir até onde ela
podia levar essa informação para a transformação.

A lição final que Candace aprendeu é que sua doença e seus


desafios nunca tiveram a ver com os outros – sempre tiveram a
ver com ela mesma. Em seu antigo estado de ser, ela tinha a
firme convicção de que era uma vítima de seus relacionamentos
e de suas circunstâncias externas, e que a vida sempre estava
acontecendo para ela.
Tornar-se consciente desse trabalho e assumir plena
responsabilidade por si e por sua vida – e perceber que o que
havia acontecido nunca teve nada a ver com o que estava fora
de si mesma – não foi apenas um grande empoderamento, mas
também um dos maiores presentes pelos quais Candace
poderia pedir.

A história de Joann

Joann viveu a maior parte de sua vida na corrida. Cinquenta e


nove anos de idade, a mãe de cinco filhos também era uma
esposa comprometida, uma mulher de negócios bem sucedida
e uma empreendedora que constantemente viva no
malabarismo em sua vida doméstica, nas dinâmicas familiares,
no desenvolvimento da carreira e em gerir seus negócios.
Embora seu objetivo fosse manter-se sana, saudável e
equilibrada, ela não conseguia imaginar sua vida de outro modo
que não fosse intensa, rápida e ocupada; ela vivia no limite e
provando a todo mundo que sua mente era ativa e afiada.
Constantemente, Joann exigia de si mesma assumir o máximo
possível, enquanto continuava mantendo padrões
excepcionalmente altos. Ela era uma líder, admirada por muitos
e regularmente procurada para aconselhamentos. Seus colegas
a chamavam de “Super Mulher” e ela era – ou assim ela
pensava.
Tudo isso acabou abruptamente em Janeiro de 2008, quando
Joann saiu do elevador em seu prédio e simplesmente desmaiou
há cerca de 15 metros de sua porta da frente. Ela não se sentiu
bem naquele dia, então foi a um ambulatório pedir ajuda e logo
estava em seu caminho para casa. Em questão de momentos,
tudo em seu mundo havia mudado e ela se viu agarrando-se à
vida. Após oito meses de exames, os médicos a diagnosticaram
com Esclerose Múltipla Progressiva Secundária (SPMS),um estágio
avançado de Esclerose Múltipla (EM), uma doença crônica na
qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso central. Os
sintomas variam amplamente dependendo do indivíduo, mas
podem começar com condições como a dormência numa
perna ou num braço, progredindo tanto quanto uma paralisia ou
até mesmo a cegueira. Esses sintomas podem incluir não apenas
problemas físicos, mas também problemas cognitivos e
psiquiátricos.
Os sintomas de Joann tinham sido tão vagos e esporádicos
durante os 14 anos anteriores que ela facilmente os empurrou
como subprodutos de um estilo de vida agitado. Mas, agora sua
condição tinha um rótulo e parecia como uma sentença – sem
chance de liberdade condicional. Ela se viu atirada nas
profundezas do mundo médico ocidental, desafiada por sua
forte crença de que a EM era uma doença permanente.
Alguns anos antes do diagnóstico, Joann havia posto o negócio
da família em Calgary em espera e fez um movimento de
mudança de vida para Vancouver, na costa oeste do Canadá,
algo que sua família queria fazer há anos. Depois da mudança,
Joann lutou com um desafio após outro enquanto a erosão e os
recursos das finanças da família os colocavam numa situação
precária. A autoestima, a confiança e a saúde de Joann
entraram em queda livre. Assim que ela se viu incapaz de se
tornar maior que seu ambiente, seu estado mental e físico
começou a declinar. O dinheiro se tornou mais e mais apertado
enquanto os outros elementos estressantes começaram a
aumentar. Logo, a família não conseguia suprir suas
necessidades básicas como alimento e abrigo. No início de 2007,
a mulher que todo mundo sempre tinha visto como a Super
Mulher chegou no fundo do poço e, antes do final do ano, a
família voltou para Calgary.
A EM é uma doença inflamatória em que os revestimentos de
isolamento das células nervosas no cérebro e na medula
espinhal são danificados junto com as próprias fibras nervosas. A
condição interrompe o sistema nervoso de comunicar-se e de
enviar sinais às várias partes do corpo. O tipo de EM que Joann
desenvolveu é um tipo progressivo que vai se desenvolvendo
com o tempo, muitas vezes causando problemas neurológicos
permanentes, especialmente conforme a doença avança. Seus
médicos lhe disseram que era incurável.

Inicialmente, Joann estava determinada a que a EM não a


definisse. No entanto, rapidamente ela entrou numa espiral
descendente de incapacidade física e declínio cognitivo. Ela
tinha que depender dos outros para cuidados básicos conforme
suas limitações aumentavam. Por causa de seus problemas
sensórios e motores, ela começou a confiar em muletas,
andadores e numa cadeira de rodas. Finalmente, ela precisou
confiar num triciclo motorizado para se locomover.
Não foi muita surpresa o fato de ela ter caído, assim como sua
vida caiu. O corpo de Joann finalmente lhe fez o favor que ela
não fizera para si mesma – ou seja, ele parou e disse “chega!”.
Ela exigia muito de si mesma. Embora ela tivesse atingido o
sucesso em seus primeiros anos, lá no fundo ela se sentia como
um fracasso na maior parte do tempo porque vivia se julgando
constantemente e pensava que sempre podia fazer um trabalho
melhor. Ela nunca estava satisfeita. Qualquer coisa que ela
conseguia nunca era bom o bastante. Mais importante, Joann
não queria parar de fazer, pois daí ela teria que atender àquela
sensação iminente de fracasso. Assim, ao invés de parar, ela
permanecia ocupada colocando toda a sua atenção em seu
mundo externo – várias experiências com as pessoas e coisas em
lugares e horários diferentes –, assim ela não tinha que colocar
nenhuma atenção em seu mundo interno de pensamentos e
sentimentos.

A maior parte da vida de Joann havia sido preenchida dando


apoio aos outros, celebrando o sucesso dos outros e os
encorajando, no entanto ela nunca permitia que ninguém visse
o que não estava funcionando em sua própria vida. Ela escondia
sua dor de todo mundo. Constantemente, ela dava, mas não
recebia – pois ela nunca se permitia receber –, então ela passou
uma vida toda sem se expressar, negando a si mesma sua
própria evolução pessoal. Faz sentido que, quando Joann tentou
mudar seu mundo interno usando as condições em seu mundo
externo, inevitavelmente ela tenha manifestado apenas o
fracasso.
Quando finalmente entrou em colapso, Joann estava tão fraca
e derrotada que mal tinha força para lutar por sua vida. Todo
esse tempo vivendo no modo de emergência, constantemente
reagindo às condições em seu mundo externo, roubou de Joan
sua força de vida, drenando toda a energia de seu mundo
interno – o lugar para o reparo e a cura. Ela simplesmente foi
nocauteada.

Joann muda sua mente

A única coisa que Joann sabia, sem sombra de dúvida, era que
os danos que os exames de IRM (Imagem por Ressonância
Magnética) mostraram que estavam prejudicando seu cérebro
e coluna espinhal não tinham aparecido da noite para o dia. Seu
corpo vinha sendo corroído vagarosamente em seu âmago – o
sistema nervoso central. Após todos esses anos ignorando seus
sintomas, ela se tornou debilitada porque tinha medo de olhar
para dentro de si mesma. Aquelas químicas tóxicas estavam
batendo na porta de suas células repetidamente e, finalmente,
o gene para a doença respondeu à batida e se ativou.
Acamada, Joann fez de seu primeiro alvo retardar a progressão
da EM em seu corpo. Ela sabia, por ter lido meu primeiro livro, que
o cérebro não sabe a diferença entre o que ela poderia tornar
real internamente apenas com o pensamento e a experiência
real externa, e ela sabia que a prática mental poderia mudar seu
cérebro e seu corpo. Ela começou o ensaio mental fazendo
yoga, e após algumas poucas semanas de prática diária, ela era
capaz de fazer algumas poses físicas reais – apesar de serem em
pé. Esses resultados a motivaram muito.
Todo dia, Joann trabalhava o processo do prime em seu cérebro
e corpo apenas com o pensamento. Assim como os pianistas no
Capítulo 5 que ensaiaram mentalmente estarem tocando piano
e desenvolveram os mesmos circuitos neurais que os sujeitos que
praticaram os exercícios fisicamente, Joann estava instalando os
circuitos em seu cérebro para parecerem como se ela já
estivesse andando e se movimentando fisicamente. Lembra-se
dos indivíduos em vários estudos de levantamento de peso que
aumentaram sua força apenas por praticar mentalmente
estarem levando pesos ou flexionando seus bíceps? Exatamente
como eles, Joann sabia que podia fazer seu corpo se parecer
como se a experiência de cura já tivesse começado a
acontecer – literalmente mudando sua mente.

Em pouco tempo, ela era capaz de se levantar brevemente e,


daí, ela conseguiu andar com suporte. Joann era bastante
instável e ainda dependente do triciclo, mas ao menos ela não
mais estava confinada à cama e sentindo pena de si mesma. Ela
havia ganhado uma parada.
Quando Joann começou a meditar regulamente para
simplesmente aquietar a tagarelice em sua mente, ela se tornou
ciente de quão triste e irada ela realmente era. As comportas se
abriram. Joann percebeu que se sentia fraca, isolada, rejeitada
e indigna na maior parte do tempo. Desequilibrada, sem chão e
desconectada, ela se sentia como se tivesse perdido uma parte
vital de si mesma. Ela observava como negava a si mesma
agradando aos outros e como não conseguia se reconhecer
sem sentir-se culpada. Ela reconheceu que estava sempre
tentando controlar o que parecia ser um caos espiralando ao
seu redor, no entanto isso nunca funcionou. Num nível mais
profundo, ela sabia de tudo isso o tempo todo, mas havia
escolhido ignorar, empurrando-se incansavelmente e fingindo
que tudo estava bem.
Doloroso quanto era, Joann agora estava olhando para como
havia criado sua doença. Ela decidiu tornar-se consciente de
todos aqueles pensamentos, ações e emoções subconscientes
que a definiam com a mesma personalidade antiga que havia
criado essa realidade particular pessoal. Ela sabia que assim que
pudesse olhar para quem estava sendo, isso significaria que seria
capaz de mudar esses aspectos de si mesma.
Quanto mais ela se tornava consciente de seu eu inconsciente e
ciente de seu estado de ser, mais obteria domínio sobre quem
ela estava escondendo.
No início de 2010, Joann sentiu que a progressão do EM
realmente havia desacelerado. Assim, seu objetivo tornou-se
interromper aquilo tudo. Em Maio, quando ela mencionou a
ideia ao neurologista que lhe perguntou quais eram seus
objetivos em relação à própria doença, abruptamente o médico
terminou a consulta dela. Ao invés de se tornar desanimada,
Joann tinha uma intenção mais forte após esse incidente.

Levando sua cura ao próximo nível

Quando Joann participou de um seminário em Vancouver, ela


não conseguia andar sozinha. Durante o final de semana, eu
pedi aos participantes que estabelecessem uma firme intenção
em suas mentes e que a combinassem com uma emoção
elevada em seus corpos. O objetivo era recondicionar o corpo a
uma nova mente, ao invés de continuar a condicioná-lo a
emoções de sobrevivência. Eu queria que os participantes
abrissem seus corações e ensinassem emocionalmente a seus
corpos como soaria o futuro. Esse foi o ingrediente que estava
faltando para a prática mental diária de Joann. Abraçar os
pensamentos de caminhar de 6 a 10 metros, apenas com sua
bengala como apoio, a deixou entusiasmada além da
crença. Ela agora estava acrescentando o segundo elemento
do efeito placebo à equação: expectativa com emoção.

Foi essa combinação – convencendo seu corpo


emocionalmente que o acontecimento futuro da cura estava
acontecendo em seu momento presente – que levaria Joann ao
nível seguinte. Seu corpo, como a mente inconsciente, teve que
acreditar que seria assim. Se ela estava abraçando a alegria de
estar bem e dando graças antes de a cura ocorrer, então seu
corpo obteria uma amostra de seu futuro no momento presente.
Eu sugeri à Joann que ela realmente prestasse atenção a seus
pensamentos, pois eram realmente seus pensamentos que a
tornavam doente. Eu a pressionei a ir além da personalidade que
estava conectada à sua condição, o que era necessário antes
de ela poder criar uma nova personalidade e uma nova
realidade pessoal. Agora ela podia atribuir significado e
intenção ao que estava fazendo.
Dois meses após aquele seminário, Joann participou do segundo,
um seminário mais avançado, em Seattle. Seu triciclo havia
quebrado um dia antes de ela sair para aquele evento, então
ela usou sua cadeira de rodas motorizada para se locomover. A
despeito de inicialmente se sentir mais vulnerável no seminário
por causa disso, logo se sentiu melhor capacitada para se
movimentar. Sua memória associativa relacionada à
experiência positiva do último evento, e da expectativa de se
dar melhor no evento corrente, foi o que deu início aquele
processo. Se 29% dos pacientes de quimioterapia podem sentir
náuseas antes dos tratamentos quimioterápicos (como você leu
no Capítulo 1), então talvez seja possível que alguns dos
participantes do seminário experienciem um bem-estar
antecipado quando voltam ao local do seminário. Seja lá qual
foi o gatilho, Joann viu uma nova possibilidade e,
entusiasmadamente, começou novamente a abraçar
emocionalmente aquele futuro no momento presente.

Durante a última meditação daquele seminário, a mágica


aconteceu para ela. Joann vivenciou uma grande mudança
interna e sentiu que algo mexeu profundamente com ela. Ela
sentiu seu corpo mudando automaticamente assim que entrou
em seu sistema nervoso autônomo e ele recebeu as novas
instruções e tomou a frente. Ela se sentia elevada, muito
contente e livre. Depois da meditação, Joann se levantou de sua
cadeira como uma pessoa diferente da que havia sido quando
se sentou – ela estava num novo estado de ser. Então, ela foi até
a frente do espaço – sem nenhuma ajuda, nem mesmo de sua
bengala. Ela suportou toda a sala com os olhos arregalados,
rindo como uma criança. Ela conseguia sentir e movimentar suas
pernas, que estiveram dormentes por anos.
Ela havia saído do caminho – e se sentia incrível! Para minha
surpresa, Joann havia assinado novos genes de novos modos
exatamente durante aquela meditação. Ela realmente mudou
sua condição em apenas uma hora!
Quando ela foi além de sua identidade de EM, ela se tornou uma
pessoa diferente e foi quando ela parou de tentar retardar,
interromper ou reverter sua EM. Ela não mais tentava provar
nada a si mesma, à sua família, a seus médicos, ou a qualquer
outra pessoa. Ela entendeu e vivenciou pela primeira vez que sua
verdadeira jornada sempre teve a ver com totalidade, que é
com o que cura verificável sempre tem a ver. Ela se esqueceu
de que tinha uma doença oficial e dissociou-se daquela
identidade por um momento. A liberdade que isso engendrou e
a amplitude daquela emoção elevada foi forte o bastante para
ativar um novo gene. Joann sabia que a EM era simplesmente
um rótulo, como “mãe”, “esposa”, ou “chefe”. Ela mudou aquele
rótulo simplesmente abrindo mão de seu passado.

Mais milagres

Quando Joann voltou para casa, três dias depois, o milagroso


continuou a se desenrolar sem o conhecimento dela. Enquanto
fazia yoga, uma prática que ela havia começado fisicamente –
não apenas mentalmente – depois de ter participado do
segundo seminário, ela percebeu que conseguia levantar um pé
do chão. Ela tentou levantar o outro – sucesso! Daí, ela percebeu
que conseguia flexionar seus pés pela primeira vez em anos. E
conseguia mexer os dedos dos pés, o que não fazia por um longo
tempo.
Ela ficou atordoada e em reverencia absoluta enquanto as
lágrimas fluíam de seus olhos. Ela soube naquele instante que
tudo era possível, não por causa de alguma medicação ou
algum procedimento externo, mas por causa das mudanças
internas que ela havia feito. Joann sabia que podia ser seu
próprio placebo.

Dentro de pouco tempo, Joann ensinou a si mesma como andar


novamente. Dois anos depois, ela ainda está andando sem
assistência e é mais brincalhona e cheia de vida. A força de seu
corpo foi melhorada e agora ela é capaz de fazer muitas coisas
que ela pensava que nunca mais seria capaz de fazer
novamente. Mais importante, ela se sente viva e cheia de uma
alegria sem limites. Joann sente a totalidade e, como ela agora
pode receber, ela continua a receber a cura.
Recentemente, Joann me disse “minha vida é mágica, cheia de
sinergias incríveis, de abundância e de pressentes inesperados
de todos os tipos. Ela flui, brilha, e ressoa com um reflexo novo e
mais leve de mim mesma. É o novo eu – na verdade, o eu real
que eu tentei manter sob controle e escondido na maior parte
de minha vida!”.
Joan agora vive a maior parte de seu dia em gratidão. Ela ainda
tira tempo para estar ciente de seus pensamentos e sentimentos;
ou seja, ela cultiva seu estado de ser todos os dias, prestando
atenção ao que diz a si mesma e ao que ela pensa sobre os
outros também. Em suas meditações, ela observa a si mesma e
se familiariza com o modo como age. Muito raramente um
pensamento passa por sua mente consciente que ela não queira
vivenciar.
O atual neurologista de Joann apoia suas escolhas e tem estado
surpreso pelo que ela tem visto.
Seu médico teve que reconhecer o poder da mente, que Joann
demonstrou bem diante dos próprios olhos com os relatórios
médicos e os exames de sangue que não mostram mais sinais da
EM.

Laurie, Candace e Joann realizaram suas dramáticas remissões


sem usar recursos externos. Elas mudaram a própria saúde a partir
de dentro para fora – sem o uso de medicamento, cirurgia,
terapia ou qualquer outra coisa além da própria mente. Elas se
tornaram seus próprios placebos.
Agora, vamos dar uma olhada científica nos cérebros de
algumas outras pessoas de meus seminários que foram capazes
de realizar mudanças dramáticas similares de modo que
possamos ver exatamente o que estava acontecendo no
processo dessas transformações notáveis.
Parte I

Capítulo Dez - Informação para Transformação: A prova de que


você é o placebo

Esse livro tem a ver com você fazer de sua mente, matéria. Você
agora entende que o placebo funciona porque a pessoa aceita
e acredita num remédio conhecido – uma pílula falsa, uma
injeção, ou um procedimento substituído por sua real
contraparte – e, então, se rende ao resultado sem analisar
demasiadamente como vai acontecer. Poderíamos dizer que a
pessoa associa sua experiência futura de uma pessoa específica
conhecida (digamos, um médico) ou uma coisa (uma
medicação ou um procedimento) num tempo específico e num
lugar em seu ambiente externo com uma mudança em seu
ambiente interno – e, ao fazer isso, ela altera seu estado de ser.
Após algumas experiências consistentes, a pessoa terá a
expectativa de que seu futuro será exatamente como seu
passado. Assim que essa conexão se estabelece, o processo se
torna altamente eficaz. Isso tem a ver com um estímulo
conhecido produzindo automaticamente uma resposta
conhecida.

A questão de fundo é essa: no efeito clássico do placebo, nossa


crença reside em algo fora de nós. Damos nosso poder ao
mundo material, onde nossos sentidos definem a realidade. Mas,
o placebo pode funcionar criando do mundo imaterial do
pensamento e fazendo de uma possibilidade desconhecida
uma nova realidade? Essa seria uma utilização mais prudente do
modelo quântico.

As três participantes dos seminários, sobre quem você leu no


último capítulo, realizaram essa façanha. Todas escolheram
acreditar em si mesmas mais do que acreditavam em qualquer
outra coisa. Elas mudaram a partir de dentro e se mudaram para
o mesmo estado de ser como alguém que utilizaria um placebo
– sem nada material que provocasse o fenômeno. É isso o que
muitos estudantes continuam a fazer para melhorar. Assim que
sabem como o placebo realmente funciona, a pílula, ou a
injeção, ou o procedimento, podem ser abandonados e o
mesmo resultado se desenrola.

Por causa das pesquisas nesses seminários, bem como os


constantes testemunhos que tenho recebido de pessoas pelo
mundo, eu agora sei que você é o placebo.
Meus estudantes demonstram isso, ao invés de investir suas
próprias crenças no conhecido; eles podem colocar suas
crenças no desconhecido e tornarem conhecido o
desconhecido.

Pense nisso por um momento. A ideia da cura verificável existe


como uma realidade potencial desconhecida no campo
quântico, até que é observada e percebida, e se materializa. Ela
vive como uma possibilidade num campo infinito de informação
definida como nada física, mas de todas as possibilidades
materiais combinadas. Assim, o futuro potencial da vivenciação
da remissão espontânea de uma doença existe como um
desconhecido localizado além do espaço e do tempo até que
é experienciado pessoalmente e tornado conhecido nesse
espaço e tempo. Assim que o desconhecido ‘além dos sentidos’
se torna uma experiência conhecida com seus sentidos, você
está no caminho da evolução.

Portanto, se você pode vivenciar uma cura repetidas vezes no


mundo interno dos pensamentos e dos sentimentos, então, com
o tempo, essa cura deve finalmente se manifestar como uma
experiência externa. E se você torna um pensamento tão real
quanto a experiência no ambiente externo, não deve haver
provas em seu corpo e cérebro mais cedo ou mais tarde? Em
outras palavras, se mentalmente você ensaia um futuro
desconhecido com uma intenção clara e uma emoção
elevada, e faz isso repetidamente, então, baseado no que você
aprendeu, você deve ter mudanças neoplásticas reais em seu
cérebro e mudanças epigenéticas em seu corpo.

E se você continua movendo-se para um novo estado de ser a


cada dia, lembrando a seu cérebro e condicionando seu corpo
àquela mente, então você deve ver as mesmas mudanças
estruturais e funcionais em seu interior como se você tivesse
tomado o placebo.
A imagem 10.1 traz um gráfico simples mostrando como esse
processo se desenrola.

A maioria das mudanças começa com o simples processo de


algo externo a nós alterar algo interno em nós. Se você começa
a jornada interior e começa a mudar seu mundo interno de
pensamentos e sentimentos, isso deve criar um estado
melhorado de bem-estar. Se você continua repetindo o
processo na meditação, então, com o tempo, mudanças
epigenéticas devem começar a alterar sua apresentação
externa – e você se torna seu próprio placebo.

Assim, ao invés de alinhar sua fé (o que eu defino como acreditar


num pensamento mais do que em qualquer outra coisa) e sua
crença em algo conhecido, você conseguiria colocar sua
atenção numa possibilidade desconhecida e, daí, pelos
princípios discutidos nesse livro, tornar conhecida essa realidade
desconhecida?
Ao abraçar emocionalmente a experiência em sua mente, vezes
o suficiente, você conseguiria se mover do imaterial para o
material – a partir do pensamento para a realidade?
Por agora, você deve estar entendendo que não precisa de
nenhuma pílula falsa, de nenhum santuário sagrado, de símbolos
antigos, que os médicos (sejam da variedade moderna ou
tradicional), as cirurgias simuladas, ou uma base sagrada para
curar você. Esse capítulo introduz a evidência científica
mostrando como nossos estudantes simplesmente fizeram isso.
Eles mudaram a própria biologia apenas com o pensamento.
Não foi apenas em suas mentes – foi em seus cérebros.

Toda evidência de apoio nesse capítulo é fornecida para inspirar


você a ver, em primeira mão, o poder da meditação. É meu
desejo, assim que você veja a prova do que é possível, que você
aplique os mesmos princípios para sua própria transformação
pessoal e que colha os benefícios em todas as áreas de sua vida.
Depois de ler essas histórias, no momento em que você chegar à
Parte II do livro, você terá mais intencionalidade por trás de sua
jornada interna, pois você atribuirá mais significado ao que
estiver fazendo – e, portanto, você terá melhores resultados.

Do conhecimento à experiência

Eu aprendi algo muito importante no ensino desse trabalho. Eu


cheguei à conclusão de que secretamente todo mundo
acredita em sua própria grandeza. Quando você chega
exatamente ali, em algum nível, todo mundo – seja você um CEO
corporativo, um zelador de escola primária, uma mãe solteira de
três filhos, ou um recluso numa prisão – inatamente você acredita
em si mesmo.

Todos nós acreditamos na possibilidade. Todos nós imaginamos


um futuro melhor para nós mesmos do que a realidade onde
atualmente estamos. Então, eu pensei que se pudesse oferecer
a indivíduos sinceros informação científica vital e, daí, fornecer-
lhes a instrução necessária sobre como aplicar essa informação,
eles poderiam vivenciar vários graus de transformação pessoal.
A ciência é, afinal, a linguagem contemporânea do misticismo.
Ela transcende religião, cultura e tradição. Ela desmistifica o
místico e unifica a comunidade. Eu tenho visto isso ocorrer
repetidas vezes em meus seminários pelo mundo.

Em meus seminários avançados, onde eu e meus colegas


medimos as mudanças biológicas e energéticas nos
participantes, individualmente e em grupos como um todo, eu
uso vários princípios salientados nesse livro (e muitos adicionais
também) para ensinar às pessoas o modelo científico da
transformação. O modelo continua a progredir conforme os
estudantes desenvolvem seus conjuntos de habilidades. Estou
constantemente atado mais à física quântica para ajudar as
pessoas a entender a possibilidade. Daí, combino-a com as
últimas informação da neurociência, neuroendocrinologia,
epigenética, biologia celular, ciência das ondas cerebrais,
psicologia energética e da psiconeuroimunologia. Vemos novas
possibilidades se manifestando como resultado do aprendizado
e novas informações.

Assim que nosso estudantes aprendem e abraçam essa


informação, eles podem atribuir mais significado às próprias
meditações e práticas contemplativas. Mas, não é o bastante
para os estudantes simplesmente entender a informação
intelectivamente ou conceitualmente. Eles devem ser capazes
de repetir o que aprenderam sob próprio comando.
Assim que eles conseguem explicar o conhecimento avançado,
o modelo progressivo se tornará mais entrelaçado em seus
cérebros – e eles podem, em seguida, instalar o hardware
neurológico. Repetindo vezes o bastante aquilo que
aprenderam, eles criam um programa de software entrelaçado.
Se eles aplicam esse novo conhecimento corretamente, ele
pode servir como um precursor para uma nova experiência.
Ou seja, assim que eles alinham suas mentes e corpos, ganham
sabedoria de uma experiência nova ao abraçar a nova emoção
associada. Agora, eles começarão a incorporar a informação,
pois estão instruindo quimicamente seus corpos a entender
emocionalmente o que suas mentes entendem
intelectualmente. Nesse momento, eles começam a acreditar e
a saber que aquilo é verdade. Mas, meu desejo, ao invés de
apenas fazer isso uma vez, é que meus estudantes repitam a
experiência de novo e de novo novamente à vontade, até que
ela se torne uma nova habilidade, um hábito, ou um estado de
ser.

Quando nós atingimos consistência, estamos no precipício de


um novo paradigma científico – pois qualquer coisa que é
repetível é ciência. Quando você e eu chegamos ao nível da
competência, onde podemos mudar nossos estados internos
apenas com o pensamento, e isso é repetidamente observado,
medido e documentado, estamos à beira de uma nova lei
científica. Agora podemos contribuir com um novo
conhecimento a respeito da natureza da realidade para com
um modelo científico geral que o mundo atual abraça a fim de
podermos empoderar mais pessoas. Essa tem sido minha
ambição durante anos.

Eu tenho ido a grandes distâncias para ensinar os estudantes de


nossos seminários sobre as especificidades de como as práticas
internas mudam biologicamente o cérebro e o corpo, assim eles
entendem explicitamente o que estão fazendo. Quando nada é
deixado fora para conjecturas, dogmas ou suposições, somos
mais sugestionáveis para a possibilidade quântica. E grandes
avanços resultam de grandes esforços. No entanto, as medidas
que fazemos são apenas tão boas quanto as habilidades dos
estudantes.

Assim, em meus seminários, os estudantes se retiram de suas vidas


por três a cinco dias para se ajudarem a não mais se definirem
pela própria realidade pessoal presente-passado. Eles praticam
a mudança para um novo estado de ser. Ao não mais
reafirmarem aspectos de sua personalidade formada pelo eu
antigo, que não pertence ao próprio futuro deles, e ao fingir ser
alguém diferente – ou reinventarem uma personalidade com um
novo eu –, eles se tornam o novo eu visualizado, portanto devem
produzir mudanças epigenéticas, assim como fizeram os idosos
no Capítulo 4 que fingiram ser 22 anos mais jovens.

É meu desejo que os participantes dos seminários cheguem além


de si mesmos – e de suas identidades – em suas meditações para
se tornar ‘não corpo’, ‘ninguém’, não coisa’, e estejam no ‘não
local’ e no ‘não tempo’ –, de modo a se tornarem consciência
pura. Quando isso ocorre, eu os tenho visto mudar seus cérebros
e corpos antecipadamente a seus ambientes (suas vidas
familiares), de forma que, quando eles voltam para suas vidas
após o término dos seminários, eles não mais são vítimas de um
condicionamento inconsciente a partir do mundo externo. Esse
é o reino onde o incomum e o miraculoso acontecem.

Como eu quero dar aos estudantes o tipo certo de instrução e


fornecer-lhes as oportunidades para personalizar toda a nova
informação que estão aprendendo, de modo a eles produzirem
o máximo do tipo de transformação pessoal, eu criei um novo
tipo de evento em 2013. Se você se lembra, eu falei sobre a
evolução dessa ideia no Prefácio. Nesse novo seminário
oferecido (realizado pela primeira vez em Fevereiro daquele
ano em Carefree, Arizona, e novamente em Julho em
Englewood, Colorado), eu queria medir a transformação
enquanto ela estivesse acontecendo em tempo real.

Minha intenção era que, uma vez que essas medições fossem
obtidas, a informação se transformasse em mais informação, que
eu poderia usar para ensinar aos participantes sobre a
transformação que eles tinham acabado de experienciar. E,
com essa informação, eles poderiam ter outra transformação,
que poderia ser medida e assim continuaria ocorrendo conforme
as pessoas começassem a fechar a brecha entre os dois
mundos, o do conhecimento e o da experiência. Eu chamo esses
seminários de “Informação para a Transformação”. É onde está
minha paixão.

Medindo a mudança

Quando comecei a jornada, eu conheci um neurocientista


brilhante e talentoso chamado Jeffrey Fannin, Ph.D., que
abnegadamente me ajudou a medir o que os cérebros dos
estudantes estavam fazendo. O Dr. Fannin, fundador e diretor
executivo do Center for Cognitive Enhancement (Centro para o
Aperfeiçoamento Cognitivo, nt) em Glendale, Arizona, havia
trabalhado no campo da neurociência por mais de 15 anos e
tem uma vasta experiência em treinamento do cérebro para
melhorar o desempenho. Ele é especialista em trauma craniano,
acidente vascular, transtorno de déficit de atenção (DDA),
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH),
ansiedade, depressão e recuperação de traumas, bem como a
treinamento para o alto desempenho que inclui mapeamento
cerebral para esportes, aperfeiçoamento das habilidades para
liderança através do treinamento de ondas cerebrais,
melhoramento da função cerebral, melhoramento mental e
destreza mental, e transformação pessoal.

Ao longo dos anos, ele tem estado envolvido em pesquisas


vanguardistas usando tecnologia de eletroencefalograma (EEG)
(que mede a atividade elétrica dos neurônios) para avaliar com
precisão o equilíbrio da energia do cérebro de uma pessoa, uma
medição que ele chama de estado total cerebral da pessoa.
Sua pesquisa se foca nos padrões subconscientes da crença e
funde o sucesso pessoal com o desempenho equilibrado do
cérebro.

O Dr. Fannin também trabalhou como membro da equipe de


pesquisa da Universidade Estadual do Arizona, estudando
neurociência e liderança usando dados coletados na Academia
Militar dos Estados Unidos em West Point. Essa pesquisa lhe
permitiu co-desenvolver e co-ensinar num único curso na
Universidade Estadual do Arizona chamado “The Neuroscience
of Leardeship” (A Neurociência da Liderança, nt). Ele também
serviu durante vários anos na faculdade da Universidade
Walden, próxima a Phoenix, ensinando neurociência cognitiva
nos níveis de mestrado e de doutorado.

Eu convidei o Dr. Fannin e toda sua equipe para esses dois novos
seminários, onde medimos qualidades e elementos específicos
cerebrais como a coerência versus incoerência (a ordem ou a
desordem das ondas cerebrais), a amplitude (a energia das
ondas cerebrais), a organização das fases (o nível em relação
ao qual diferentes partes do cérebro estão trabalhando juntas
harmoniosamente), o tempo relativo que leva para que uma
pessoa entre na meditação profunda (quanto tempo leva para
as ondas cerebrais mudar e se mover para um estado mais
sugestionável), o índice de teta/alfa (o grau em que o cérebro
funciona num estado holístico e como os diferentes
compartimentos do cérebro se comunicam uns com os outros
por regiões inteiras – a parte da frente com a parte de trás, o lado
esquerdo com o lado direito), o índice de delta/teta (a
habilidade de regular e controlar a tagarelice mental e os
pensamentos intrusivos), e a sustentabilidade ( a habilidade do
cérebro de manter consistentemente um estado de meditação
ao longo do tempo).

Também criamos quatro estações para mapeamento cerebral


equipadas com máquinas de EEG para realizar as medições nos
participantes tanto antes quanto após os seminários, assim
podemos observar como os padrões das ondas cerebrais
mudaram. Mapeamos mais de cem participantes em cada um
dos dois eventos. Aleatoriamente também selecionei quatro
participantes para serem medidos durante cada uma das três
sessões de meditação diárias, mapeando seus cérebros em
tempo real. Junto a isso, nos dois seminários de 2013, registramos
um total de 402 EEG’s. Esse é um procedimento seguro, não
invasivo, que faz medições de 20 localidades no lado de fora da
cabeça. Essas medições de ondas cerebrais fornecem um
conjunto de informação pertinente à capacidade atual do
desempenho cerebral.

Daí, os EEG’s foram convertidos em dados de


eletroencefalografia quantitativa (EEGq), que é uma análise
matemática e estatística da atividade de EEG, representada
como um gráfico de mapeamento cerebral. Esse gráfico
apresenta gradações coloridas indicando como a atividade
registrada do EEG se compara à atividade normal de base. As
várias cores e padrões descritos em frequências diferentes
oferecem maior informação a respeito de como os padrões de
ondas cerebrais afetam os pensamentos, sentimentos, emoções
e comportamentos de uma pessoa.

Para começar, nossos dados gerais demonstraram que 91% dos


indivíduos cujos EEG’s foram registrados apresentavam estados
melhorados das funções cerebrais. A maioria de nossos
estudantes se moveu de um estado menos coerente (ou menos
ordenado) para um estado mais coerente pelo final das sessões
de meditação transformacional. Além disso, mais de 82% dos
mapeamento cerebrais de QEEG que registramos nos dois
eventos demonstraram que os participantes estavam
funcionando dentro de uma faixa normal saudável de atividade
cerebral.

Aprendi que, quando seu cérebro funciona certo, você funciona


certo. Quando seu cérebro é mais coerente, você é mais
coerente. Quando seu cérebro está mais integralizado e
equilibrado, você está mais integralizado e mais equilibrado.
Quando você pode regular seus pensamentos negativos e
intrusivos todos os dias, você é menos negativo e intrusivo. E é isso
exatamente o que testemunhamos com os estudantes nesses
eventos.

A média nacional de alguém se mover para – e suster – um


estado meditativo é um pouco maior que um minuto e meio1. Ou
seja, leva esse tempo para a maioria das pessoas mudar suas
ondas cerebrais e entrar num estado meditativo. O tempo médio
para que nossos estudantes entrassem e sustentassem um estado
meditativo, nos 402 casos que medimos, foi de apenas 59
segundos. Ou seja, menos que um minuto. Alguns de nossos
estudantes foram capazes de alterar suas ondas cerebrais (e o
próprio estado de ser) em algo como quatro, cinco e nove
segundos cada.

Para ser claro, eu não estou interessado em fazer disso uma


competição (o que iria contra nosso propósito). No entanto,
esses dados ilustram dois pontos importantes. Primeiro, mover-se
além da mente analítica do estado beta de ondas cerebrais e
entrar num estado mais sugestionável é uma habilidade que
você pode melhorar se continuar praticando. Segundo, os
estudantes são capazes de usar os métodos que eu e meus
colegas estamos ensinando para ir além de seus cérebros
pensantes e entrar no sistema operacional da mente
subconsciente de forma relativamente fácil.

Curiosamente, nossas pesquisas também mostram um padrão


notável, consistente, no modo como os cérebros de nossos
estudantes funcionam holisticamente. Vemos alternação
significante nos padrões de alfa/teta (o modo como os
diferentes compartimentos cerebrais se comunicam uns com os
outros) nos lobos frontais quando uma pessoa medita. Isso
significa que as duas metades do cérebro estão se
comunicando num modo mais equilibrado e unificado. Os
padrões de relação do lobo frontal que observamos
repetidamente parecem produzir a experiência de
reconhecimento e de gratidão de alto nível, o que aparece
várias vezes de um modo rítmico, ondulatório. Assim, quando os
estudantes estão nesse estado elevado de gratidão durante o
ensaio mental, esse dado sugere que sua experiência interior é
tão real que eles acreditam que os eventos estão acontecendo
a eles em tempo real – ou que os eventos já aconteceram. Eles
estão gratos porque essa é a emoção que sentimos quando o
que queremos acontece.

Meditadores experientes também mostraram um aumento na


faixa de onda cerebral de teta e uma frequência mais baixa de
alfa, o que significa que eles podem passar mais um pouco de
tempo em estados alterados. De particular importância foi o
aumento da regulação das ondas lentas; esses estudantes,
enquanto estavam no estado de onda cerebral teta, tiveram
uma coerência mais alta do que o normal, ou uma ordem nas
ondas cerebrais, entre a atividade na frente do cérebro e nas
regiões na parte de trás do cérebro. Vimos a região esquerdo-
frontal, que é associada com a emoção positiva, ativar-se
repetidamente, o que é consistente com o estado induzido do
êxtase meditativo.

Em outras palavras, quando esses estudantes entram numa


meditação, eles produzem ondas cerebrais mais lentas, mais
coerentes, que sugerem que eles estão em profundos estados de
relaxamento e de consciência elevada. Além disso, a unificação
entre a parte da frente e a de trás do cérebro, bem como entre
os lados direito e esquerdo do cérebro indica que eles estão se
sentindo mais felizes e mais integralizados.

Eu tenho uma tempestade mental


Finalmente, enquanto eu estava observando uma estudante
que estava tendo seu cérebro mapeado em tempo real durante
uma meditação no primeiro dos dois eventos, eu entendi algo
bastante notável. Enquanto eu estava observando seu cérebro
no aparelho de escaneamento, eu via o quanto ela estava
trabalhando e como seu cérebro se movia para cada vez mais
distante do equilíbrio e dos estados meditativos mais profundos
de alfa e teta. Eu via como ela estava analisando e julgando a
si e à sua vida dentro da emoção que estava vivenciando
naquele momento – como evidenciado pelas ondas cerebrais
mais altas, mais incoerentes, associadas a um estado de alta
taxa de beta (indicando alto estresse, ansiedade alta, alta
excitação, alta emergência e desequilíbrio geral).

Eu testemunhei como, futilmente, ela tentava usar seu cérebro


para alterar o próprio cérebro – e não estava funcionando. Eu
sabia que ela também estava usando seu ego para tentar
mudar o próprio ego, o que também não estava funcionando.
Ao usar um programa para tentar mudar outro programa, ela
estava apenas endossando seu programa, sem reescrevê-lo. Ela
ainda estava em sua mente consciente, tentando mudar sua
mente subconsciente, então ela estava mantendo-se separada
do sistema operacional, onde a verdadeira mudança reside.
Depois, eu me aproximei dela e, quando conversamos por
alguns minutos, ela me admitiu que estava passando por
momentos difíceis. As luzes se acenderam para mim naquele
momento, e eu soube exatamente o que eu tinha que ensinar
em seguida.

Ela tinha que se desprender e ir além de seu corpo a fim de


mudar seu corpo, mover-se além do ego a fim de mudar o ego,
mover-se além do programa a fim de mudar o programa, e
mover-se além da mente consciente a fim de mudar a mente
consciente. Ela deveria se tornar o desconhecido a fim de criar
o desconhecido. Ela deveria se tornar um novo pensamento
imaterial em nada materialmente a fim de criar uma nova
experiência materialmente. Ela devia se mover além do espaço
e do tempo a fim de mudar o espaço e o tempo.
A estudante devia se tornar pura consciência. Ela deveria ir além
de suas associações com uma identidade que estava associada
com seu ambiente conhecido (sua casa, trabalho, cônjuge,
filhos, problemas), além de seu corpo (rosto, gênero, idade, peso,
aparência), e além do tempo (o hábito previsível de viver no
passado ou no futuro, sempre perdendo o momento presente).
Ela devia ir além de seu eu corrente para criar um novo eu. Ela
devia sair de seu próprio caminho a fim de que algo maior
pudesse tomar o lugar.

Quando somos matéria tentando mudar matéria, nunca


funciona.
Quando somos partícula tentando mudar partícula, nada
acontece, pois estamos vibrando na mesma velocidade da
matéria e, assim, não temos nenhum efeito significativo nisso. É
nossa consciência (nosso pensamento intencional) e nossa
energia (nossa emoção elevada) que influencia a matéria.
Somente quando somos consciência é que podemos alterar
nossos cérebros, nossos corpos e nossas vidas, e criar um novo
futuro no tempo.

E como é a consciência que dá forma a todas as coisas e que


usa o cérebro e o corpo para produzir níveis diferentes de mente,
assim que você chega ao estado onde você é pura consciência,
é que você está livre. Então, eu comecei a deixar os estudantes
permanecerem por longos períodos de tempo em suas
meditações e se tornarem ‘ninguém’, ‘não corpo’, ‘não coisa’,
e estarem em ‘não local’ e no ‘não tempo’, até que eles
estivessem confortáveis no campo infinito das possibilidades.

Eu queria que a consciência subjetiva dos estudantes se fundisse


com a consciência objetiva do campo por longos períodos de
tempo. Eles tinham que encontrar o ponto ideal do momento
presente e investir a própria energia e consciência num vazio
que não é realmente um espaço vazio, mas realmente
preenchido com um número infinito de possibilidades até que
eles estivessem confortáveis no desconhecido.
Assim que eles estivessem verdadeiramente presentes nesse
estado potente, além do espaço e tempo – o estado a partir do
qual todas as coisas materiais vêm –, eles poderiam começar a
criar. Foi quando as mudanças reais durante os seminários
começaram a acontecer.

Uma rápida visão geral dos mapeamentos cerebrais utilizados

Quero lhe apresentar a dois tipos de leituras de mapeamento


cerebral, assim você pode ver e entender as mudanças sobre as
quais estou para lhe mostrar. Vamos tornar isso simples. O primeiro
tipo de mapeamento que usamos mede os graus de atividade
entre as áreas do cérebro (Imagem 10.2, localizada junto com o
restante das imagens coloridas nesse capítulo). Os exames
mapeiam dois tipos relativos dessa atividade.
A hiperatividade (ou excesso de regulação) é representada
pelas linhas vermelhas conectando-se a diferentes locais no
cérebro. Imagine linhas de telefone conectando um lugar a
outro a fim de estabelecer comunicação entre essas áreas. Ter
muitas linhas vermelhas em qualquer momento indica muita
ação ocorrendo dentro do cérebro.
A hipoatividade (falta de regulação) é representada pelas linhas
azuis indicando que informação mínima está sendo comunicada
entre as diferentes áreas do cérebro.
A espessura das linhas representa o desvio padrão, ou quanta
regulação existe entre os dois locais que a linha conecta. Por
exemplo, as linhas vermelhas finas indicam que o nível de
atividade entre esses locais é de desvio-padrão (DP)1.96 acima
do normal. As linhas azuis finas indicam que o nível de atividade
entre esses locais é de DP 1.96 abaixo do normal. As linhas de
espessura média indicam DP 2.58 normal tanto acima (vermelho)
quanto abaixo (azul). E as linhas grossas indicam DP 3.09 normal
abaixo ou acima. Assim, quando você vê várias linhas vermelhas
grossas num mapa, isso significa que o cérebro está trabalhando
demais. Quando você vê várias linhas azuis grossas, isso sugere
que há pouca comunicação entre as diferentes áreas do
cérebro e, portanto, o cérebro está hipoativo.
Pense nisso assim: quanto mais espessa a linha vermelha, mais
alto o volume de dados que o cérebro está processando; e
quanto mais espessa a linha azul, menor o volume de dados que
o cérebro está processando.
O segundo tipo de mapeamento que usamos vem da análise do
EEGq e é chamado de relatório de Teste Z. O Teste Z é uma
medida estatística que nos diz não somente se um ponto está
abaixou ou acima da média, mas também quão distante do
normal a medida está. A escala desse relatório varia de -3 a +3
DP.
O azul mais escuro representa 3 ou mais DP abaixo do normal,
enquanto o azul mais claro varia de 2.5 a 1 DP abaixo do normal.
Azul esverdeado é aproximadamente 0 a 1 DP abaixo do normal,
enquanto verde é a linha base normal, e verde é a linha base
normal. Verde claro registra a área externa do normal, mas é
considerado de 0 a 1 DP acima do normal, enquanto amarelo e
laranja claro indicam aproximadamente 1 a 2 DP acima do
normal, laranja mais escuro representa cerca de 2 a 2.5 DP
acima do normal, e vermelho indica 3 ou mais DP acima do
normal (Figura 10.3).

O relatório Teste Z que será utilizado é chamado de poder


relativo e ele mostra informação sobre a quantidade de energia
no cérebro em diferentes frequências. Devido ao verde, como
explicado anteriormente, indicar a gama normal, quanto mais
verde há no mapa, mais a pessoa está em conformidade com a
atividade normal da onda cerebral. Cada círculo colorido (que
se assemelha à cabeça da pessoa quando visto de cima)
representa o que o cérebro da pessoa está fazendo a cada
frequência da onda cerebral.
O círculo na região superior esquerda de cada mapa mostra a
frequência mais baixa da onda cerebral (nas ondas cerebrais
em delta), e cada círculo depois retrata um estado mais e mais
alto de onda cerebral, movendo-se progressivamente até o mais
alto das ondas cerebrais em beta na região inferior direita.
Um ciclo por segundo na frequência de ondas cerebrais é
conhecido como hertz, ou Hz.
Da esquerda para a direita e do alto para baixo, ela progride de
1 a 4 ciclos por segundo (delta), de 4 a 8 ciclos por segundo
(teta), de 8 a 13 ciclos por segundo (alfa), de 13 a mais de 30
ciclos por segundo (faixa baixa e faixa alta de beta).
A atividade beta pode ser quebrada em bandas de diferentes
frequências, como de 12 a 15 Hz, 15 a 18 Hz, 18 a 25 Hz, e 25 a 30
Hz.

Portanto, as cores relativas em cada área mostram o que está


acontecendo em cada estado diferente de onda cerebral. Por
exemplo, uma grande quantidade de azul numa parte do
cérebro em 1 ciclo por segundo de delta sugere que há pouca
atividade do cérebro na gama delta. E se há muito vermelho em
14 Hz de alfa no lobo frontal, isso significa que há uma atividade
alfa aumentada nessa área do cérebro.

Também deve ser entendido que essas medidas podem ser


interpretadas de modo diferente dependendo do que o
indivíduo está fazendo quando o mapeamento for feito. Por
exemplo, se 1 Hz em delta foi apresentado em azul, isso sugere
que a energia no cérebro nessa frequência está a 3 DP abaixo
do normal. Num sentido clínico, isso pode ser interpretado como
estando anormalmente baixo. Mas, como o registro foi feito
quando o indivíduo estava meditando, tal mapeamento
realmente sugere que 1 Hz em delta abriu a porta para uma
conexão mais forte com o campo coletivo de energia
consciente. Em outras palavras, como a energia no Neocórtex
está ativada para baixo, o sistema nervoso autônomo é mais
facilmente acessada. Daqui a pouco, você verá vários exemplos
que tornarão tudo isso claro. Enquanto isso, dê uma olhada na
Imagem 10.3 novamente. Ela lhe dará uma visão geral ilustrando
o que acabei de explicar.

Coerência vs. Incoerência

Agora olhe para a imagem 10.4. A imagem à esquerda (rotulada


“antes da meditação”) representa um cérebro com muita
tagarelice. Ele está funcionando num alto nível de excitação
(alta gama de beta) e é bastante incoerente. A espessura das
linhas vermelhas mostra que esse cérebro está 3 DP acima do
normal (pois quanto mais espessa a linha vermelha, mais
acelerado e desequilibrado o cérebro está). Olhando para as
linhas vermelhas, você pode ver atividade incoerente excessiva
acontecendo por todo o cérebro. O azul na frente do cérebro
representa hipoatividade (2 a 3 DP abaixo do normal) nos lobos
frontais, mostrando que os lobos frontais estão desativados ou
desligados e, portanto, não estão restringindo a hiperatividade
no resto do cérebro.

Esse é um cérebro com problemas de atenção; ele é tão


sobrecarregado que não tem líder para controlar a tagarelice. É
como um sistema de satélite de TV com 50 canais onde o volume
está ligado realmente muito alto e os canais estão mudando a
cada segundo. Muitas mudanças rápidas na atenção ocorrem
em seguida, assim o cérebro fica muito vigilante, altamente
excitado, com excesso de trabalho e excessivamente regulado.
Chamamos a isso de um padrão cerebral incoerente, pois as
diferentes partes do cérebro não estão funcionando juntas.

Agora, dê uma olhada na segunda imagem (rotulada “depois


da meditação”). Você não tem que ser um neurocientista para
ver a diferença entre a primeira imagem e essa. Aqui, você mal
vê quaisquer linhas vermelhas ou azuis demonstrando atividade
cerebral normal – com muito pouca hiperatividade ou
hipoatividade. A tagarelice foi interrompida e o cérebro está
trabalhando de forma mais holística. O cérebro dessa pessoa
agora está em equilíbrio, então podemos dizer que esse cérebro
demonstra um padrão mais coerente (a atividade restante em
azul e vermelho, como indicado pela flecha, representa a
atividade sensório-motora, o que provavelmente significa que a
pessoa está contraindo ou piscando, e num estado de
movimento rápido do olho, ou REM, o que tipicamente acontece
num sono bastante leve). Essa mudança ocorreu num dos
estudantes depois de apenas uma meditação.

Agora, vamos explorar mais alguns casos de estudos de alunos


dos seminários. Para cada um, primeiro vou lhe dar um pequeno
histórico, assim você pode ver em que estado de ser os
estudantes estavam quando começaram o seminário, daí
explicarei o que seus mapeamentos mostraram e, finalmente,
descreverei o novo estado de ser que cada estudante criou.
Cura do Mal de Parkinson sem placebo ou medicamento

O antigo eu de Michelle: Michelle está em seus 60 anos e foi


diagnosticada com a doença de Parkinson em 2011, depois de
ter percebido um tremor involuntário progressivo em seu braço
esquerdo, em sua mão esquerda e em seu pé esquerdo. Em
Novembro de 2012, ela se tornou paciente do Barrow
Neurological Institute, em Phoenix. Seu médico assistente lhe
disse que provavelmente ela tinha Parkinson já há uns 10 ou 15
anos e que teria que viver com os sintomas. Seu plano era lidar
com a progressão das limitações corporais enquanto
envelhecia. Ela começou a tomar Azilect (mesilato de
rasagilina), um medicamento usado para a doença de
Parkinson, que interrompe a absorção de dopamina no nível do
receptor local, retardando sua repartição no corpo. A droga
produzia bem poucas mudanças perceptíveis.

Michelle se tornou uma aluna em Novembro de 2012. O mês de


Dezembro foi excelente. Sua rotina de meditação diária trazia
uma sensação de paz e de contentamento, o que começou a
reduzir seus sintomas a um nível considerável. Michelle estava
certa de que esse curso de ação a ajudaria em superar o
Parkinson.

Ela continuou experienciando ótimas sessões de meditação


durante o início de Fevereiro de 2013. Em meados de Fevereiro,
no entanto, a mãe de Michelle foi internada na UTI em Sarasota,
Flórida, então Michelle voou para a Flórida para ficar com a
mãe. No dia em que Michelle voltou para o Arizona para nosso
seminário em Fevereiro de 2013, sua mãe foi colocada sob
cuidados paliativos. O avião de Michelle aterrissou em Phoenix
por volta de uma hora e meia antes de seu primeiro
mapeamento cerebral. Desnecessário dizer que ela estava
exausta tanto fisicamente quanto emocionalmente no momento
do mapeamento cerebral, o que realmente demonstrava o
estresse extremo que ela estava vivenciando.

Lá pelo final do seminário, ela certamente estava num estado


mais calmo, mais positivo, com os sintomas de Parkinson quase
imperceptíveis. Depois do seminário, Michelle voltou para a
Flórida para ficar com sua mãe novamente. Embora ela e sua
mãe sempre tivessem tido um relacionamento difícil, com
resultado de seus esforços no seminário, Michelle se sentia
suficientemente forte para ser solidária, amorosa e totalmente
livre de quaisquer questões antigas que pudessem ter interferido
no amor que ela sentia por sua mãe.

No entanto, por causa da doença da mãe e, eventualmente, de


sua passagem, a irmã de Michelle teve um acidente vascular
cerebral no Texas, então Michelle teve que voar de volta para a
Florida e depois para o Texas para lidar com os desafios de sua
família. Sua rotina foi grandemente afetada e em Junho ela
parou de fazer suas meditações. A vida ficou no caminho e
Michelle ficou com muitas responsabilidades. Interromper suas
meditações foi como parar de tomar o placebo. Quando
percebeu que seus sintomas retornaram, ela começou a meditar
novamente e fez avanços significativos.

O mapeamento de Michelle: Como Michelle mora perto da


clínica do Dr. Fannin no Arizona, nós conseguimos rastrear o
progresso dela por mais de cinco meses, fazendo uma série de
seis mapeamentos cerebrais periódicos. Gostaria de explicar a
evolução dela durante esse tempo.

Dê uma olhada na parte “antes da meditação” da imagem 10.5.


Esse é o mapeamento dela no evento de Fevereiro de 2013
depois de ela voltar para casa, vinda da Flórida, estressada e
exausta por ter estado com a mãe doente. As linhas vermelhas
grossas indicam seu cérebro em todas as áreas com um 3 DP
normal. Ela está mostrando muito atividade cerebral, alta
incoerência e excesso de regulamentação. Na doença de
Parkinson, isso é bastante comum. A falta de neurotransmissores
apropriados (especificamente, a dopamina) faz com que os
neurônios exibam um sistema de comunicação irregular entre
cada região do cérebro, com redes neurais disparando fora do
controle. O resultado é um tipo de disparo neuronal espástico ou
hiperativo, o que afeta o cérebro e o corpo. Como resultado, as
funções motoras involuntárias interferem no movimento normal.
Agora, reveja a parte “depois da meditação” da mesma
imagem. Esse é o cérebro de Michelle após quatro dias
mudando seu estado de ser durante a meditação. Está bastante
próximo de um cérebro normal, com bem pouca hiperatividade,
incoerente ou regulação excessiva. No final de nosso seminário,
ela não mais estava experienciando tremores involuntários,
contrações musculares ou problemas motores – e seu
mapeamento cerebral confirma essa mudança.

Agora, dê uma olhada nas leituras do EEGq na imagem 10.6A,


rotulada “antes da meditação”. Se você olhar a partir do meio
da segunda lei todo o caminho até a última linha – as imagens
em azul – você verá que o cérebro de Michelle não está
mostrando o funcionamento de ondas cerebrais alfa ou beta.
Lembre-se de que azul significa uma atividade tranquila. Com o
Parkinson, isso é representado tipicamente por uma atividade
cognitiva diminuída, pelo aprendizado comprometido e por
uma perda de comprometimento. Aqui você pode ver que
Michelle não consegue consolidar informação nova. Ela não tem
capacidade de suster uma imagem interna porque não está
produzindo ondas cerebrais alfa. Seus padrões bem baixos de
frequência beta também mostram que ela está tendo
dificuldade em suster níveis de consciência. Toda a energia em
seu cérebro está sendo direcionada para lidar com a alta
incoerência, então é como uma lâmpada que vai de 50 a 10
watts. O volume da energia no cérebro é diminuído.

Se você olhar para a parte “depois da meditação” do gráfico,


você verá o que parece um cérebro muito melhorado e
equilibrado. Todas essas áreas em verde na maioria das imagens
indicadas com setas representam uma atividade cerebral
normal e equilibrada. Seu cérebro agora consegue funcionar em
alfa e ela pode se mover para estados internos mais facilmente,
lidar melhor com o estresse e entrar no sistema operacional
subconsciente para influenciar as funções autônomas. Até
mesmo sua atividade beta voltou ao normal (verde), indicando
que ela está mais consciente, alerta e atenta. A atividade
equilibrada resultou em bem poucos problemas motores.
As áreas em vermelho, circuladas na parte inferior numa gama
mais alta de beta significa ansiedade. Essa é a atitude com a
qual Michelle luta e está trabalhando para mudar a partir de
uma perspectiva interna. Coincidentemente, a ansiedade é
exatamente o que ampliava seus sintomas de Parkinson no
passado. Conforme ela diminui sua ansiedade, ela diminui os
sintomas da doença de Parkinson. Para Michelle, seus tremores
agora representam o momento em que ela está desequilibrada
em sua vida. Quando ela regula seus estados internos, ela produz
mudanças em sua realidade externa.

Três meses depois, Michelle voltou a ter seu cérebro mapeado no


consultório do Dr. Fannin. O mapeamento de 9 de Maio de 2013,
na imagem 10.6B ainda mostra seu cérebro melhorando, que é
exatamente o que Michelle relatou. Ela ainda está melhorando
no meio de todos os estresses diferentes em sua vida. Como ela
faz as meditações diariamente (pense nisso como tomar seu
placebo diariamente), ela está mudando seu cérebro e corpo
continuamente para ser maior do que as condições em seu
ambiente. O mapeamento mostra que ela está quase caindo
para outro desvio padrão em relação ao mapeamento anterior
na parte inferior do gráfico. Você pode ver claramente que a
ansiedade dela está ficando melhor e, como resultado, também
sua condição. Menos ansiedade significa menos tremores. Ela
está sustentando e, consequentemente, memorizando esse
estado de ser por um período mais longo de tempo – e seu
cérebro está mostrando as mudanças.

Se você olhar para o mapeamento do cérebro de Michelle em


3 de Junho de 2013, na imagem 10.6C, você verá uma leve
regressão de seu progresso – embora ainda esteja melhor do que
quando começou. Aqui, ela parou de fazer sua meditação (e,
portanto, parou de tomar o placebo), então seu cérebro
regrediu ligeiramente para o que ela conhecia antes. O cérebro
com a seta na área azul de 13 Hz significa que ela está com
hipoatividade na área sensório-motora e, portanto, tem menos
habilidade de controlar seus tremores involuntários. Nesse
padrão de onda cerebral, Michelle tem menos energia para
controlar seu corpo. Você também pode ver que as áreas
circuladas em vermelho, novamente na parte inferior do
mapeamento, retornam à gama mais alta de beta, que se
correlaciona com a ansiedade dela.

Em 27 de Junho de 2013, o mapeamento mostra na imagem


10.6D que Michelle tinha voltado às suas meditações no início
daquele mês e seu mapeamento cerebral mostrou uma
significativa melhora cerebral. Ela tinha menos ansiedade no
geral, como foi demonstrado em vermelho na linha inferior de 17
a 20 Hz. Agora, compare esse mapeamento ao seguinte, feito
em 13 de Julho de 2013, após nosso seminário, como mostrado
na imagem 10.6E. Há ainda menos vermelho, e o azul que
apareceu em seu primeiro mapeamento em Fevereiro durante o
estado de alfa (indicando hipoatividade) sumiu
completamente. Michelle continua melhorando e suas
mudanças estão se tornando mais consistentes.

O novo eu de Michelle: Atualmente


Michelle quase nunca tem qualquer um dos sintomas motores
involuntários associados à doença de Parkinson. Contrações
musculares bem pequenas se apresentam quando ela fica
estressada ou muito cansada ocasionalmente, mas na maior
parte do tempo ela funcionando num modo alto e normal.
Quando Michelle está equilibrada e contente, fazendo suas
meditações diariamente, seu cérebro está funcionando bem – e
ela também.
Tanto de seus mapeamentos cerebrais continuados quanto de
seus próprios relatos, Michelle não está meramente mantendo
sua condição, ela continua a ficar melhor e melhor. Ela continua
meditando porque entende que tem que ser o placebo todos os
dias.

Mudando o cérebro traumatizado e os danos da medula


espinhal apenas com o pensamento

O antigo eu de John: Em Novembro de 2006, John quebrou seu


pescoço na sétima vértebra cervical e a primeira vértebra
torácica quando estava num carro que perdeu o controle e
rolou em alta velocidade. Devido ao impacto, ele sofreu sérios
danos na cabeça também. Rapidamente, os médicos
certificarem-se de seu prognóstico. Ele ficaria tetraplégico para
o resto da vida. Ele nunca mais andaria e teria limitações no uso
dos braços e das mãos. Suas vértebras foram deslocadas em
100%, resultando num dano na medula espinhal. Foi apenas
quando John fez uma cirurgia que seus médicos viram a exata
extensão de seus ferimentos. Dois dias depois, o neurologista
disse à esposa de John que a medula espinhal dele estava, de
algum modo, “intacta”, mas que o tipo de lesão teria o mesmo
resultado de um dano severo na espinha. Era como se todos os
ferimentos na medula espinhal fossem um jogo aguardando um
resultado. Quando você é pego na realidade diária de ter que
viver numa unidade de cuidados intensivos e, mais tarde, num
centro de reabilitação, pode ser extremamente difícil não ser
varrido pelo pensamento convencional. Quando John e sua
família perguntaram sobre sua possibilidade de recuperação, os
médicos disseram que, dadas as severidades dos danos e a falta
de resposta a qualquer tipo de funcionamento normal, até
aquele momento, eles deveriam começar a aceitar o inevitável.
John ficaria fisicamente paralitico para o resto de sua vida. Seus
médicos martelaram mais e mais essa mensagem, como uma
parte necessária do “siga em frente”. Mas, de algum modo tanto
John quanto sua esposa, não conseguiam aceitar isso.

Eu conheci John quando ele estava em sua cadeira de rodas em


2009, junto com sua esposa, sua família e um fisioterapeuta
incrível que entende de neuroplasticidade. Eles são algumas das
pessoas mais cheias de energia e otimismo que já conheci, e
avidamente começamos nossa jornada juntos.

Os mapeamentos de John: Dê uma olhada na parte “antes da


meditação” da imagem 10.7 do mapeamento cerebral de John.
Sua primeira imagem demonstra um pouco de hipoatividade.
Está a mais do que 3 DP abaixo do normal. A medição de
coerência de John, com linhas azuis espessas significantes,
mostra o oposto de nosso estudo com a condição de Parkinson
de Michelle, que mostrava linhas vermelhas espessas.
Esse mapeamento revela uma capacidade diminuída em
diferentes partes do cérebro trabalhando bem em conjunto.
Aqui o cérebro dele está em marcha lenta e sem energia, e ele
tem uma capacidade limitada de responder a qualquer coisa
por qualquer período de tempo. Ele não consegue manter a
atenção e sua consciência é limitada. Por causa de sua lesão
cerebral traumática, seu cérebro estava num estado de
excitação muito baixa e mostrava um alto grau de incoerência.

Agora, olhe para o mapeamento do cérebro dele após quatro


dias de meditação. Na primeira imagem, na margem superior
esquerda, em 1 Hz de delta, ele tem um pouco de atividade
demonstrada em vermelho. Nesse caso, é um bom sinal, pois
mais coerência está acontecendo em delta, em ambos os
hemisférios. Aqui, John está começando a mostrar mais
processamento cerebral dual equilibrado. Como sua lesão
cerebral traumática é mais visível em delta e teta, a
hiperatividade em delta sugere que seu cérebro está
acordando. O restante de seu cérebro em alfa e beta está
mostrando atividade mais equilibrada e melhor função
cognitiva. Isso mostra que ele tem mais acesso ao controle de
sua mente e corpo.

Agora, veja a imagem 10.8: a cor azul, começando do meio da


segunda linha até o final da linha inferior novamente indica que
John não tem ondas cerebrais alfa ou beta. Essa cor azul,
distribuída pelos reinos de alfa e teta nos hemisférios esquerdo e
direito, sugere que ele está vegetando e trabalhando com
recursos limitados. A cor azul mostra menos capacidade
cognitiva e menos capacidade de controlar o próprio corpo. A
mente de John simplesmente não está ali.

Após quatro dias de meditação, 90% do cérebro de John voltou


ao normal, como mostrado por todo o verde. Isso é muito bom!
Ele ainda tem um pouco de hipoatividade em seu hemisfério
esquerdo, onde as setas estão apontando, indicando alguns
problemas com as habilidades verbais e a autoexpressão, mas
ainda é muito melhor do que no primeiro mapeamento. John
continua a realizar suas meditações e seu cérebro continua a
mostrar mais energia, mais equilíbrio e mais coerência. John
recuperou o acesso a caminhos neurais latentes que estavam ali
antes. Seu cérebro acordou, se lembrou de como trabalhar
novamente, e agora ele tem energia para trabalhar melhor.
O novo eu de John: John levantou-se no final de nosso seminário
de Fevereiro de 2013. Ele recuperou pleno controle de seus
intestinos e da bexiga. Até o momento, ele agora fica de pé com
uma postura mais normal e integrada. Seus movimentos estão
mais coordenados. A frequência, a intensidade e a duração de
seus tremores espástico diminuíram consideravelmente. Ele até
está fazendo exercícios de ginástica numa base regular graças
à ajuda desse fantástico terapeuta, B.Jill Runnion (diretor do
Synapse, Center for Neuro Re-Activation em Driggs, Idaho), que
também estuda meu trabalho e tem as habilidades e uma mente
ilimitada para desafiar John estabelecendo as condições
adequadas. Seus exercícios verticais de agachamento não
assistidos têm progredido do ângulo de 10 graus ao ângulo de 45
graus.

John agora tem completo controle de abaixar seu corpo para


uma posição sentada. Ele também consegue executar um
exercício terapêutico físico específico que envolve carregar seus
músculos da perna e do tronco e empurrar um trenó para longe
de seu corpo com a resistência. John agora se coloca de bruços
suportando a si mesmo sobre as mãos e os pés, totalmente com
sua própria foça, e agora está começando a engatinhar.
Apenas alguns meses depois do seminário, John surpreendeu sua
equipe médica com todas as suas melhorias no funcionamento
cognitivo. Seus avanços excederam qualquer coisa que os
especialistas tinham visto em pacientes com lesões na medula
espinhal. Era como se John finalmente houvesse acordado e seus
mapeamentos cerebrais mostram que agora ele tem mais
acesso a seu cérebro e corpo. John ainda está demonstrando
mais controle sobre áreas dormente de seu cérebro e corpo, pois
agora ele tem mais capacidade para regular seu corpo.

A integração geral de John, e os padrões de movimentos


coordenados progrediu consideravelmente, permitindo-lhe
sentar-se em uma mesa sem ajuda, com seus pés plantados no
chão. As habilidades motoras finas tiveram uma melhoria até o
ponto onde ele agora pode segurar uma caneta e assinar seu
nome, usar um telefone para enviar uma mensagem de texto,
segurar o volante para dirigir e segurar uma escova de dentes
regular. Suas mudanças cognitivas demonstram mais
autoconfiança e uma alegria interior maior. Ele tem muito mais
senso de humor e está mais ciente do que nunca.
Durante o verão de 2013, John foi capaz de fazer um passeio de
Rafting (esporte radical baseado na prática da descida em
corredeiras aquáticas com botes infláveis, nt), onde se segurou
sem assistência num bote por seis horas por dia e dormiu numa
tenda no chão. Ele conseguiu viver no deserto de Idaho, longe
do contato com o mundo externo durante sete dias e seis noites.
Ele não conseguia fazer isso há um ano. Toda vez que eu e John
nos falamos, ele sempre diz a mesma coisa: “Dr. Joe, eu não
tenho ideia do que está acontecendo.”.
Eu sempre lhe dou a mesma resposta: “No momento em que
você souber o que está acontecendo, John, estará tudo
acabado. O desconhecido está além de nossa compreensão.
Acolha-o.”.

Eu gostaria de fazer uma observação final sobre o caso de John.


Todo mundo sabe que uma lesão na medula espinhal não se
cura com a abordagem típica convencional. Estou certo de que
não é matéria que está mudando matéria para John. Ou seja,
não é a química ou as moléculas que estão alterando sua
medula espinhal lesionada. De uma perspectiva quântica, ele
teria que estar numa frequência coerente de energia elevada
que teria que levantar consistentemente, ou levar a matéria a
uma nova mente. Ele teria que apresentar uma energia, ou
onda, elevada que vibrasse numa frequência mais rápida do
que a matéria, combinada com uma clara intenção a fim de
alterar as partículas da matéria. Assim, é a energia, que é o
epifenômeno da matéria, que está reescrevendo o programa
genético e curando sua medula espinhal.

Superando a mente analítica e encontrando contentamento

O eu antigo de Kathy: Kathy é CEO de uma grande companhia,


uma advogada, mãe e esposa comprometida. Ela foi treinada
para ser altamente analítica e racional. Ela usa seu cérebro
diariamente para antecipar resultados e estar preparada para
todos os cenários previstos possíveis, baseada em sua
experiência.
Antes de ela ser apresentada a meu trabalho, ela realmente
nunca havia meditado. No começo, Kathy ficava muito ciente
de quanto estava analisando tudo em sua vida. Ela tinha uma
lista enorme de coisas a serem feitas e descrevia seu cérebro
como algo que nunca se desligava. Em retrospectiva, ela
confessa que nunca esteve no momento presente.

O mapeamento de Kathy: Dê uma olhada no mapeamento do


cérebro de Kathy, na imagem 10.9, na parte “antes da
meditação”. Essas medições de gama delta-para-teta
representam sua habilidade manter o foco e a concentração a
fim de processar e lidar com pensamentos estranhos e
intrusivos. A primeira seta, na parte de trás de seu cérebro, no
lado direito, onde o ponto maior em vermelho está localizado,
mostra que ela está vendo imagens em sua mente. A segunda
seta, no lado esquerdo, indica que Kathy está falando
internamente consigo mesma a respeito dessas imagens. As
imagens e a tagarelice mental constante fazem com que seu
cérebro fique preso num círculo.

No mapeamento, “depois da meditação”, realizado no final do


seminário, você pode ver claramente que o cérebro de Kathy
está mais equilibrado, mais integralizado, e mais normal. Ela não
tem mais a tagarelice cerebral, pois seu cérebro esta integrando
e processando informação de modo mais eficiente. Ela está num
estado de coerência. E a mudança em seu estado cerebral é
acompanhada de muito mais alegria, clareza e amor.

Agora dê uma olhada nas medidas de coerência na imagem


10.10. No inicio do seminário, o cérebro de Kathy estava numa
gama alta de beta, um estado de alta excitação, alta análise e
alto modo emergencial. As linhas vermelhas espessas em alfa e
beta mostram que ela está em 3 DP acima do normal. Seu
cérebro está hiperativo, desequilibrado e altamente incoerente
– e ela está tendo problemas para controlar sua ansiedade.

Agora dê uma olhada no mapeamento “depois da meditação”,


realizado no último dia do evento em Fevereiro. Por agora você
deve ser capaz de reconhecer um cérebro mais normal, mais
equilibrado, que tem muito menos ondas cerebrais com gama
alta de ondas beta e muito mais coerência.

Kathy ainda tem um pouco de trabalho a fazer, então nós


estabelecemos um experimento depois do seminário, pois ela
vive em Phoenix e podia visitar a clínica do Dr. Fannin. O Dr.
Fannin mostrou a ela uma imagem de um cérebro saudável,
equilibrado, normal, num mapeamento de EEGq (em verde) e
lhe disse que ali era o lugar onde ela precisava focar a atenção.
Ele sugeriu que, quando se movesse para um novo estado de ser
em suas meditações diárias, ela deveria selecionar aquele
resultado potencial pelos próximos 29 dias.
Já que ela conseguiu atribuir mais significado ao placebo, ela
manteve um ótimo grau de intenção a respeito dos benefícios
do resultado.
Funcionou. Se você olhar para a imagem 10.11, que mostra o
mapeamento datado de 8 de Abril de 2013, cerca de seis
semanas depois, você verá um cérebro ainda mais normal, sem
evidência de ansiedade (visto em vermelho). Junto a isso,
verifique a imagem 10.12. Você pode ver a progressão de 20 de
Fevereiro de 2013, onde o mapeamento cerebral de Kathy está
em vermelho nas frequências de ondas cerebrais mais elevadas
(21 a 30 Hz), até o final do seminário de Fevereiro, onde seu
mapeamento cerebral mudou para verdade na segunda
imagem (e, assim, está muito mais normal)?
As áreas representadas em vermelho mostram níveis de
ansiedade mais altos (gama de beta alto) e muita análise
porque suas ondas cerebrais em frequências mais altas (21 a 30
Hz) estão hiperativas – seu cérebro estava trabalhando muito.

No início de Abril (mostrado na imagem 10.13), o cérebro de


Kathy está equilibrado, coerente e muito mais sincronizado.
Kathy tem um cérebro muito diferente atualmente e relata sentir-
se verdadeiramente como uma pessoa diferente.

O novo eu de Kathy: Kathy diz que tem visto inúmeras mudanças


em sua carreira, em sua vida diária e em seus relacionamentos.
Ela medita diariamente e, quando acha que não tem tempo
para medita, é quando ela se assegura de encontrar tempo
para fazê-lo. Ela entende que a atitude que criou sua mente e
cérebro desequilibrados está relacionada ao tempo e às
condições em seu ambiente externo. Kathy relata que as
respostas à suas questões vêm mais facilmente e com muito
menos luta. Ela escuta seu coração mais frequentemente e ela
se pega antes de se mover para ciclos de vigilância. Ela
raramente se pega nesses círculos, e se vê agindo de um modo
mais gentil e paciente. Kathy está mais feliz, de dentro para fora.

Curando Tumores Fibrosos através da mudança da energia

O eu antigo de Bonnie: em 2010, Bonnie desenvolveu dores


significativas e sangramento excessivo durante o ciclo menstrual.
Ela foi diagnosticada com excessiva produção de estrogênio e
foi encorajada a começar uma terapia de hormônios
bioidênticos. Com 40 anos de idade, ela achou essa solução
extrema para seu diagnóstico.
Bonnie se lembrou de que sua mãe havia tido os mesmos
sintomas nessa idade. Sua mãe havia tomado pílulas de
hormônios e, finalmente, morreu de câncer na bexiga. Embora
pudesse não haver uma conexão específica entre a terapia
hormonal e o câncer de bexiga, o que chamou a atenção de
Bonnie foi que ela estava tendo os mesmos sintomas físicos de
sua mãe. Ela não queria desenvolver o mesmo resultado.
Seu sangramento vaginal começou a durar ainda mais (às vezes
durava até duas semanas) e Bonnie engordou cerca de 10kgs.
Ela perdia uma média de dois litros de sangue a cada mês
durante seu ciclo menstrual. A ultrassonografia pélvica confirmou
tumores fibrosos. Bonnie fez vários exames de sangue e lhe
disseram que ela estava na perimenopausa e que muito
provavelmente tinha um cisto no ovário. O médico que
recomendara a terapia hormonal disse a Bonnie que os miomas
não vão embora e que a hemorragia severa continuaria pelo
resto de sua vida.

Aleatoriamente, eu selecionei Bonnie para os mapeamentos


cerebrais extras durante nosso seminário em Englewood,
Colorado, em Julho de 2013; Bonnie ficou mortificada quando
apontei para ela indicando que havia sido selecionada para o
mapeamento.
O ciclo menstrual de Bonnie havia começado na noite anterior
ao seminário e, tipicamente, ela tinha que usar um grande
absorvente para segurar a quantidade de sangue que ela
perdia durante seu período. Quando, após várias meditações,
eu instruí os estudantes a se deitarem, Bonnie ficou preocupada
em sujar o chão e a si mesma com o sangue.
Por causa da dor extrema que acompanha os períodos de
Bonnie, até mesmo sentar-se era desconfortável. No entanto, ela
estava determinada a continuar a praticar as técnicas de
meditação diariamente para sua própria paz mental.
Durante a primeira meditação na qual seu cérebro foi mapeado,
Bonnie teve uma experiência que só conseguiu descrever como
mística. Ela sentiu seu coração se abrir e se expandir. Sua cabeça
foi empurrada para trás e sua respiração mudou. Bonnie viu uma
luz fluindo para seu corpo e experienciou uma tremenda
sensação de paz. Ela também ouviu as palavras: “Eu sou amada,
abençoada e sempre lembrada.”.
Bonnie caiu em lágrimas durante a meditação e seu
mapeamento cerebral mostrou que ela estava em estado de
êxtase.

O mapeamento de Bonnie: Dê uma olhada no mapeamento do


EEG de Bonnie na imagem 10.14. Tivemos sorte o bastante para
pegar toda a experiência em tempo real. O primeiro gráfico
mostra a atividade normal da onda cerebral. Tudo está
equilibrado e tranquilo. Se você rever os três mapeamentos
cerebrais de Bonnie na imagem 10.15, que captura o que estava
acontecendo a ela em diferentes momentos durante sua
meditação, você pode ver a energia elevada e a amplitude em
seus lobos frontais, o que representa o processamento de um
pouco da informação e da emoção. Ela está num estado
expandido de consciência e vivenciando momentos de picos a
intervalos diferenciados. A maior parte da atividade está
acontecendo nas ondas cerebrais de teta e significa que ela
está em sua mente subconsciente. A experiência interior é muito
real para ela nesse momento. Ela está tão completamente
focada no pensamento que ele se torna a experiência. O
quociente emocional é representado pela quantidade de
energia (amplitude) que seu cérebro está processando. Dê uma
olhada no comprimento vertical das linhas para onde as setas
estão apontando. Há uma energia muito coerente. Bonnie está
num estado elevado de consciência.

Agora, olhe que na imagem 10.16. O mapeamento de EEGq de


Bonnie em tempo real tem setas apontando para 1 Hz nas ondas
cerebrais delta, ilustrando sua conexão com o campo quântico
(mostrado em azul). Bonnie também está com energia elevada
em seu lobo frontal nas ondas cerebrais em teta (demonstrado
em vermelho) para corresponder exatamente ao que estava
acontecendo em seu mapeamento EEG. Olhe para o círculo
vermelho que está destacando seus lobos frontais, assim como
para a seta apontando para uma visão superior do lobo frontal
do cérebro imediatamente abaixo. A imagem que você está
vendo é um instantâneo de uma imagem em movimento da
atividade cerebral de Bonnie durante toda sua meditação.
Como uma das funções do lobo frontal é tornar reais os
pensamentos, o que ela está vivenciando em teta, com seus
olhos fechados, é muito real para ela.
Poderíamos dizer que a experiência interior de Bonnie é como
um sonho lúcido muito vívido. A seta vermelha em 12 Hz de alfa
– isolando o ponto vermelho no centro de seu cérebro – mostra
a tentativa de Bonnie dar sentido à sua experiência interna e,
daí, processar o que ela estava vendo com o olho de sua mente.
O restante de seu cérebro está saudável e equilibrado (mostrado
em verde).

O novo eu de Bonnie: a experiência de Bonnie naquele dia a


mudou para o melhor. A amplitude da energia relacionada à
experiência interna foi maior do que qualquer experiência
passada de seu ambiente externo e, portanto, seu passado foi
removido biologicamente. A energia do momento de pico de
suas meditações substitui os programas entrelaçados em seu
cérebro e o condicionamento emocional no corpo – e
instantaneamente seu corpo responde a uma nova mente, a
uma nova consciência. Bonnie mudou seu estado de ser. Em
menos de 24 horas, seu sangramento foi completamente
interrompido. Ela não tinha nenhum sintoma de dor e
instintivamente soube que estava curada.
Nos meses seguintes ao evento, Bonnie teve apenas ciclos
menstruais normais. Ela não teve nenhum sangramento
excessivo, tampouco dores, desde o seminário.

Experienciando o êxtase

O eu antigo de Genevieve: Genevieve, 45 anos de idade, artista


e musicista, atualmente mora na Holanda e viaja bastante em
função de sua vocação. Durante o evento de Fevereiro, eu
estava observando o mapeamento de seu cérebro com o Dr.
Fannin enquanto ela meditava. Nós começamos a perceber
algumas mudanças significativas em sua energia durante o meio
de sua jornada interior. Quando vimos uma leitura particular em
seu mapeamento ao mesmo tempo, nós nos olhamos sabendo
que algo estava para acontecer. Em momentos, quando
voltamos a olhar para ela, vimos lagrimas de contentamento
correndo por sua face. Genevieve estava em êxtase. Ela estava
em prazer absoluto e seu corpo estava respondendo bem
prontamente. Nunca vimos nada como aquilo antes.

O mapeamento de Genevieve: Se você olhar para a imagem


10.17, você verá um mapeamento cerebral relativamente
normal antes da meditação de Genevieve. As áreas
propagadas em verde por todo o cérebro significam o cérebro
equilibrado, saudável, de uma mulher bem ajustada. As áreas
em azul de menor atividade sensorial-motora, antes de ela
começar, em alfa de 13 a 14 Hz, onde você vê as setas,
provavelmente indicam uma descompensaçao, pois ela havia
acabado de chegar da Europa naquele dia. Se você observar o
cérebro de Genevieve durante a meditação, você vê um
aumento geral no equilíbrio. O que acontece em seguida é um
ápice positivo incrível. Quando nós a vimos alcançar esse
momento de pico no final de sua meditação, nós sabíamos pelo
que olhamos de seu mapeamento que ela tinha um pouco de
energia em seu cérebro.

Agora, dê uma olhada na imagem 10.18. Esse tipo de atividade


em vermelho, mostrando altas quantidades de energia em todas
as frequências gama de ondas cerebrais, sugere que Genevieve
está num estado altamente alterado. Alguém que não soubesse
que ela estava meditando e que apenas visse o mapeamento
cerebral diria que ela estava vivenciando um nível extremo de
ansiedade ou psicose. Mas, como seu testemunho a descreveu
como estando em puro êxtase, nós sabemos que todo o
vermelho representa uma grande quantidade de energia em
seu cérebro. Seu cérebro está num 3 DP acima do normal. É a
energia em forma de emoção armazenada em seu corpo como
a mente, que está sendo liberada e viajando de volta para seu
cérebro.

A imagem 10.19, que mostra sua leitura de EEG, valida essa


posição. Se você analisar as linhas roxas, onde está a seta, você
verá que essa parte do cérebro está processando dez vezes as
quantidades normais de energia. A área que está circulada em
vermelho nos diz que a experiência é tão emocionalmente
profunda que está sendo armazenada na memória de longo
prazo de Genevieve. Ao mesmo tempo, ela também está
tentando entender verbalmente e dar sentido ao que está
acontecendo a ela naquele momento. Ela pode estar dizendo a
si mesma algo como “Oh, meu Deus! Isso é fantástico. Eu me sinto
tão bem! Que sentimento é esse?”. Sua experiência é tão real
quanto qualquer acontecimento externo e ela não está
tentando fazer com que ele aconteça – ele apenas está
acontecendo para ela. Ela não está visualizando; ela está
vivenciando um momento profundo.

Curiosamente, nós mapeamos o cérebro de Genevieve


novamente em Julho, no seminário no Colorado, e ela ainda
apresentava as mesmas mudanças energéticas. Quando nós
demos o microfone a ela, durante os dois eventos, tudo o que
ela conseguiu dizer foi que estava amando tanto a vida que seu
coração estava totalmente aberto e que ela se sentia
conectada a algo maior do que ela mesma. Ela estava em
estado de graça e se sentia tão bem que queria permanecer no
momento presente. Se você olhar a imagem 10.20, você verá
que o cérebro dela tinha os mesmos padrões e efeitos no
seminário de Julho que tinha no de Fevereiro. A experiência
ainda estava ocorrendo para ela meses depois. Ela foi
verdadeiramente alterada a partir de sua transformação
pessoal.

O novo eu de Genevieve: eu falei com Genevieve várias


semanas após o seminário de Julho. Ela me disse que não é a
mesma pessoa que era no início do ano. Sua mente se
aprofundou e ela está mais presente e muito mais criativa. Ela
sente um amor profundo por todas as coisas e, mais importante,
ela se sente tão alavancada que não mais se sente como se
precisasse de alguma coisa ou quisesse algo. Ela se sente inteira.

Felicidade, movendo a mente para fora do corpo

O eu antigo de Maria: Maria é uma mulher altamente funcional


com uma atividade cerebral normal. Durante a primeira
meditação do dia, um exercício de 45 minutos, ela vivenciou
uma mudança significativa em suas ondas cerebrais em
segundos.

O mapeamento de Maria: Olhe para a imagem 10.21 e perceba


a diferença entre as ondas cerebrais normais de Maria e seu
estado de êxtase. Eu a observei enquanto ela entrava num
estado elevado de aumento de energia e parecia como se ela
estivesse tendo um orgasmo em seu cérebro. Seu mapeamento
mostra uma atividade cerebral plena tendo uma experiência
completa com a kundalini (a kundalini é uma energia latente
armazenada no corpo que, quando despertada, traz estados
mais altos na consciência e de energia no cérebro). Se você
olhar para o mapeamento de Maria, você pode ver todas as
áreas em seu cérebro experienciando uma energia muito
elevada.
Quando a energia kundalini é despertada, ela pode elevar-se a
partir da parte inferior da coluna até alcançar o topo do
cérebro, no ponto em que produz uma experiência mística muito
profunda. Muitos estudantes nos seminários têm esses orgasmos
cerebrais. No mapeamento de Maria, todas as áreas do cérebro
estão totalmente envolvidas com a energia e suas ondas
cerebrais mostram três a quatro vezes a amplitude normal. Seu
cérebro está coerente e bastante sincronizado. Se você olhar
para os mapeamentos, você verá que o êxtase vem em ondas,
como num orgasmo. Ela não estava tentando fazer nada disso.
Na verdade, aquilo estava simplesmente acontecendo para ela.
Todo seu cérebro estava envolvido no acontecimento interno e,
como resultado, ela estava repleta de profunda energia.

O novo eu de Maria: Atualmente, Maria continua a ter


experiências místicas similares. A cada vez que elas ocorrem, ela
relata sentir-se mais relaxada, mais consciente, mais alerta e mais
completa. Ela acolhe o próximo momento desconhecido.

Agora, é a sua vez

Estes poucos exemplos (muitos dos quais foram documentados)


provam que é realmente possível ensinar o efeito placebo.
Agora que você recebeu toda a informação, as histórias e as
provas do que é possível, é o momento de você aprender o
“como fazer” a fim de pode experienciar sua própria
transformação.
Os dois próximos capítulos delinearão os passos pelos quais você
pode começar seu processo de meditação pessoal. É meu
desejo que você coloque em prática todo o conhecimento que
você aprendeu até aqui de modo a que você vivencie a
verdade de seus esforços. Assim que você receber as
ferramentas que precisa para cruzar o rio da mudança, eu
espero ver você no outro lado.
Referências:

1. D. J. Siegel, The Mindful Brain: Reflection and Attunement in


the Cultivation of Well-Being (New York: W. W. Norton and
Company, 2007).
Parte II

TRANSFORMAÇÃO

Capítulo Onze – Preparação para a Meditação

Agora que você leu e absorveu toda informação da Parte I,


você está pronto para se mover para a transformação.
Nesse capítulo, você repassar o que você precisa saber para
ficar pronto para meditar a fim de que, quando você chegar ao
próximo capítulo, você estará pronto para que eu lhe conduza
para a meditação de fato. Todos os participantes nesse livro, que
mudaram algo em si, tiveram que ir para dentro primeiro e mudar
o próprio estado de ser. Assim, pense em sua prática de
meditação como se um modo de você tomar o placebo todos
os dias. Mas, ao invés de tomar um comprimido, você estará indo
para dentro de si mesmo. Com o tempo, sua meditação se
tornará como sua crença em tomar remédio.

Quanto meditar

Há dois momentos no dia que são mais propícios à meditação:


à noite, antes de você ir para a cama e logo após você se
levantar de manhã. Isso porque, quando você cai no sono,
naturalmente você muda todo um espectro de estados de
ondas cerebrais, indo do estado de vigília em beta ao estado de
alfa mais lento, quando você fecha seus olhos, aí para o estado
ainda mais lento de teta, quando você está meio dormindo e
meio acordado, todo o caminho para o estado de onda
cerebral delta de sono profundo. E, quando você acorda de
manhã, você faz a mesma coisa, mas ao contrário: levanta-se
de delta para teta, para alfa para beta, onde você fica
plenamente desperto e consciente.

Assim, se você meditar quando estiver pronto para dormir, ou


simplesmente saindo do sono, é mais fácil para escorregar para
os estados de ondas cerebrais de alfa ou teta; você está mais
preparado para começar a entrar num estado alterado, pois é
a direção da qual você acabou de vir ou para a qual entrará.
Você poderia dizer que a porta da mente subconsciente está
aberta durante esses dois momentos.
Eu, pessoalmente, prefiro meditar de manhã, mas esses dois
momentos são ótimos. Escolha o que melhor funcionar para você
e, daí, fique com isso. Se você puder meditar diariamente, esse
se tornará um bom hábito e será algo pelo qual você ansiará
fazer todos os dias.

Onde meditar

A consideração mais importante ao selecionar um lugar para


meditar é escolher um lugar onde você não vá ser distraído.
Como você estará se desconectando do mundo externo, físico,
escolha um lugar tranquilo onde você possa estar sozinho e em
que não será interrompido (sejam por pessoas ou por animais de
estimação) – um lugar para o qual você possa retornar
diariamente e usar como seu local regular, sagrado, de
meditação.

Eu não recomendo que você medite na cama, pois você


associa a cama com sono (pela mesma razão, eu não
recomendo que você se deite ou use uma cadeira com encosto
para reclinar quando meditar). Escolha uma cadeira para
sentar-se, ou arranje um local no chão onde você possa se sentar
por algo em torno de uma hora – um lugar longe de quaisquer
correntes de ar e num espaço onde a temperatura seja
agradável.

Se você preferir meditar com música, escolha as instrumentais


suaves, relaxantes, indutoras do transe, ou cânticos sem letras (na
verdade, um pouco de música funciona muito bem para cobrir
o barulho de fundo, se você não está num ambiente que seja
completamente silencioso). Definitivamente, não toque música
que traga memórias associativas de algum acontecimento do
passado ou que lhe distraia de algum modo. Além isso, certifique-
se de desligar seu computador e seu telefone, se eles estiverem
no espaço escolhido. E tente evitar o aroma de café sendo
preparado ou de comida sendo feita. Você até pode querer
usar uma venda em seus olhos ou tampões nos ouvidos para
ampliar o efeito da privação sensorial, já que o objetivo em sua
preparação é eliminar a maior quantidade possível de estímulo
externo.

Deixando seu corpo confortável

Vista-se com uma roupa confortável, solta, e tire relógio ou


qualquer outra joia que possa ser uma distração. Se você usa
óculos, tire-os também. Beba um pouco de água antes de
sentar-se e tenha um copo com água próximo ao alcance, para
o caso de você precisar. Vá ao banheiro antes de começar e
tente cuidar de quaisquer questões similares, assim você não será
distraído durante sua meditação.

Esteja você sentado numa cadeira ou no chão com as pernas


cruzadas, sente-se reto e mantenha sua coluna ereta. Seu corpo
deve estar relaxado, mas sua mente precisa permanecer
focada, então não fique tão relaxado de modo a cair no sono.
Se sua cabeça começar a acenar durante a meditação, é um
sinal de que você está se movendo para um estado de onda
cerebral mais lento, então não se preocupe muito com isso. Com
um pouco de prática, seu corpo se tornará condicionado e não
quererá cochilar.

Quando você começar a meditação, feche seus olhos e tome


algumas respirações lentas e profundas. Logo você deve ir de
um estado de ondas cerebrais beta para o estado alfa. Este
estado mais repousante, mas ainda focado, ativa seu lobo
frontal, que conforme você lê diminui o volume dos circuitos em
seu cérebro, que processa o tempo e o espaço. Embora
inicialmente você pode não conseguir deslizar facilmente para
o próximo estado de onda cerebral mais lento, o teta, com a
prática você conseguirá desacelerar suas ondas cerebrais ainda
mais. Teta é o estado de onda cerebral onde o corpo fica
sonolento, mas a mente fica desperta, e é onde você pode mais
facilmente alterar seus programas automáticos corporais.
Por quanto tempo meditar

Embora sua meditação geralmente vá durar de 45 a 60 minutos,


permita-se muito tempo se possível, para preparar sua mente
antes de você começar. Se você precisar parar em determinada
hora, defina um alarme para tocar dez minutos antes de você
terminar a meditação, para lhe dar uma oportunidade de
terminar a sessão sem ter que fazer uma parada abrupta. Não
permita que o tempo seja uma distração.
Lembre-se, assim como você está se distanciando dos estímulos
sensoriais, você também está se distanciando do estar
consciente do tempo; portanto, se você ficar constantemente
preocupado com “que horas são?”, você estará derrotando
completamente seu propósito. Se você precisar de mais alguns
minutos em seu dia para conseguir meditar sem distração,
considere acordar mais cedo ou ir para a cama mais tarde.

Dominando sua vontade

Quero alertá-lo sobre um obstáculo muito comum para as


pessoas que estão começando uma prática de meditação.
Toda vez que você começa a mudar algo em sua vida, seu
corpo, como a mente, enviará sinais para que seu cérebro esteja
no controle novamente. A próxima coisa que vai acontecer é
que você pode começar a ouvir vozes em sua cabeça, como
“por que você não começa amanhã?”, “você é muito parecido
com sua mãe!”, “o que há de errado com você?”, “você nunca
vai mudar”, “isso não está certo”.
É o corpo tentando desequilibrar você a fim de que ele possa ser
a mente novamente. Inconscientemente, você pode tê-lo
condicionado a ser impaciente, frustrado, infeliz, vitimizado, ou
pessimista, para citar alguns exemplos. Então, é assim que ele
quer se comportar inconscientemente.

No momento em que você responde a essa voz, como se o que


ela estivesse dizendo fosse verdade, sua consciência mergulha
de volta para o programa automatizado, de modo que você
volta a pensar os mesmos pensamentos, executar as mesmas
ações, e viver pelas mesmas emoções – mas, ainda esperando
que algo mude em sua vida. Se você usa as sensações e
emoções como um barômetro para a mudança, você sempre
se orientará para fora da possibilidade. Quando você, ao invés
de ficar agindo assim, liberar seu corpo das correntes dessas
emoções, então você será capaz de relaxar no momento
presente (falaremos mais sobre isso nesse capítulo), e você
liberará energia do corpo – indo de partícula para onda – de
modo que ela se torne disponível para criar um novo destino.
Para chegar nesse estado, para ensinar seu corpo um novo
modo de ser, você tem que sentar seu corpo e deixa-lo saber
quem é o mestre.

Nós temos um rancho com 18 cavalos e dominar a vontade para


permanecer focado na meditação me lembra de como é
cavalgar meu garanhão preferido depois de ter ficado um
tempo sem ter estado com ele. Quando eu subo na sela, o
garanhão não se importa comigo. Ele fareja as éguas do outro
lado da propriedade e é para onde a atenção dele vai. É como
se ele estivesse me dizendo “por onde você andou nos últimos
oito meses? Eu adquiri alguns maus hábitos enquanto você
esteve longe; as garotas estão ali e eu não estou preocupado
com o que você quer fazer, então eu vou derrubar você. Eu
estou no comando aqui.”. Ele fica doido, temperamental e
controlador, e tenta me jogar para o lado da arena. Mas, eu
presto atenção a ele e quando sua cabeça começa a se virar
em direção às éguas, eu tomo o controle dele.
Então, no momento em que eu o vejo começar a se afastar de
meu movimento de liderança, vagarosa e firmemente eu seguro
as rédeas e puxo-as, e apenas aguardo. E em pouco tempo, ele
para e deixa escapar uma grande bufada, e eu o acaricio e lhe
digo “muito bom”. E damos dois passos e, daí, eu vejo sua
cabeça começando a se virar de leve novamente, e eu o paro
– e aguardo. E ele solta outra bufada, e, assim que ele sabe que
estou no comando, nós começamos a avançar novamente. Eu
apenas me mantenho seguindo o mesmo procedimento até que
ele finalmente se renda à mim.

Esse tipo de reorientação suave, mas firme, é exatamente o tipo


de abordagem a usar com seu corpo quando você se sentar
para meditar. Pense em seu corpo como o animal que você,
como consciência, está treinando. Toda vez que você se tornar
consciente que sua atenção se desviou e você a traz de volta
desse modo, você está recondicionando seu corpo a uma nova
mente. Você está dominando a si mesmo e a seu passado.

Vamos dizer que você acorda de manhã e tem uma lista de


chamadas telefônicas para fazer, uma lista de coisas para fazer,
35 textos para rescrever e vários e-mails para responder. Se a
primeira coisa que você faz toda manhã é começar a pensar
sobre todas essas coisas que você tem a fazer, seu corpo já está
no futuro. Quando você se senta para meditar, naturalmente sua
mente quer ir naquela direção. E se você permitir, então seu
cérebro e corpo estarão naquele mesmo futuro previsível, pois
você está antecipando um resultado baseado em sua mesma
experiência passada de ontem.

Assim, no momento em que você começa a perceber sua


mente querendo ir naquela direção, você simplesmente puxa as
rédeas e a traz de volta ao momento presente; se você começar
a pensar “ei, mas você tem que fazer isso, você se esqueceu
daquilo, e você precisa fazer aquela coisa que não fez ontem”,
apenas traga sua mente de volta ao momento presente
novamente. E se ela continuar se comportando do mesmo jeito,
e isso traz emoções de frustração, impaciência, preocupação e
assim por diante, apenas lembre-se de que qualquer que seja a
emoção que você está vivenciando, ela é apenas parte do
passado. Então, simplesmente perceba; você se torna ciente:
Ah, meu corpo-mente quer que eu vá para o passado. Tudo
bem. Vamos nos preparar e relaxar de volta ao presente.

Assim como sua mente tentará lhe distrair, seu corpo pode fazer
o mesmo. Ele pode querer ficar nauseado, criar dor, ou provocar
uma coceira no meio das costas, mas, se isso acontecer, lembre-
se de que é apenas o corpo tentando ser a mente. Então,
conforme você o domina, você está se tornando maior do que
seu corpo. Se você puder dominá-lo durante sua meditação, a
cada vez, então quando você voltar para sua vida, você estará
mais presente, mais alerta e mais consciente – e menos
inconsciente.
Mais cedo ou mais tarde, assim como meu garanhão se rende a
mim e segue meus comandos sem deixar as éguas ou qualquer
outra coisa distraí-lo, seu corpo também aquiescerá à sua mente
durante sua meditação sem se desviar por quaisquer
pensamentos dispersos.
E quando cavalo e cavaleiro são um, quando a mente e o corpo
estão trabalhando juntos, simplesmente não há melhor sensação
– você está num novo estado de ser. Ele é incrivelmente
poderoso.

Entrando num estado alterado

A medição pela qual vou lhe guiar no próximo capítulo começa


com uma técnica que os budistas chamam de foco aberto. Ela
é muito útil para entrar no estado alterado que estamos
tentando alcançar, pois em nossa existência normal diária,
vivendo no modo de sobrevivência e marinando hormônios de
estresse, naturalmente somos muito estreitamente
focados. Colocamos toda nossa atenção nas coisas, pessoas e
problemas (focando-nos na partícula, ou na matéria, não na
onda, ou na energia), e definimos nossa realidade através de
nossos sentidos. Podemos chamar esse tipo de atenção de
objeto-focada1.

Com toda a nossa atenção no mundo externo, de modo a esse


estado parecer mais real para nós do que o mundo interno,
nossos cérebros praticamente permanecem num alto estado
beta de ondas cerebrais – as ondas cerebrais de padrão mais
reativo, instável e volátil de todas. Como estamos altamente
alertas, não estamos na posição de criar, de sonhar, de resolver
problemas, de aprender novas coisas ou de nos curarmos.
Certamente, esse não é um estado propício à meditação. A
atividade elétrica em nossos cérebros aumenta e graças à
resposta de luta-e-fuga, nossa frequência cardíaca e respiratória
naturalmente aumenta. Nossos corpos não podem gastar muito
de seus recursos para o crescimento e ótima saúde, pois eles
estão sempre na defensiva, tentando nos proteger,
simplesmente tentando nos ajudar a completar nosso dia.
Sob essas condições menos que favoráveis, nossos cérebros
tendem a se compartimentalizar, significando que algumas
regiões do cérebro começam a operar separadamente das
outras, ao invés de trabalharem juntas e algumas até trabalham
em oposição às outras – como se estivessem colocando o pé no
freio e no acelerador ao mesmo tempo. É uma casa dividida
contra si mesma.

Além das partes do cérebro que não estão se comunicando


bem umas com as outras, o cérebro não mais se comunica com
o resto do corpo de um modo eficiente, ordenado. Como o
cérebro e o sistema nervoso central controlam e coordenam
todos os outros sistemas de nossos corpos – mantendo nosso
coração batendo, nossos pulmões respirando, a digestão dos
alimentos e a eliminação dos detritos, controlando nosso
metabolismo, regulando o sistema imunológico, equilibrando
nossos hormônios e mantendo incontáveis outras funções em
operação –, nós nos tornamos desequilibrados. Nossos cérebros
enviam mensagens muito distorcidas e sinais “des-integrados”
através da medula espinhal para o resto do corpo. Como
resultado, nenhum dos sistemas do corpo recebe uma
mensagem clara. Ao contrário, a mensagem é muito incoerente.

Imagine o sistema imunológico respondendo “eu não sei como


fazer um glóbulo branco com essa instrução”. E, daí, imagine o
sistema digestivo dizendo “não consigo dizer se tenho que
secretar ácido em meu estomago primeiro, ou se devo secretá-
lo em meu intestino delgado. Essas ordens estão muito
bagunçadas.”.
Ao mesmo tempo, o sistema cardiovascular lamenta, “eu não sei
se meu coração deveria estar ritmado ou não ritmando, pois o
sinal que estou recebendo, ele mesmo está fora de ritmo. Há
realmente um leão por perto novamente?”.

Esse estado de desequilíbrio nos mantém fora da homeostase, ou


do equilíbrio, e é fácil ver como isso estabelece uma doença,
produzindo arritmias ou pressão arterial elevada (sistema
cardiovascular desequilibrado); indigestão e refluxo de ácido
(sistema digestivo desequilibrado); e uma preponderância de
gripes, alergias, cânceres, artrite reumatóide e outras condições
(funções imunes desequilibradas) – citando apenas alguns
exemplos.

Esse estado – com nossas ondas cerebrais se tornando mexidas


e cheias de estática – é o que me referi no último capítulo como
estado de incoerência. Não há ritmo ou ordem em nossas ondas
cerebrais, ou nas mensagens que o cérebro envia para o corpo
– é uma cacofonia total.

Por outro lado, com a técnica de foco aberto, nós fechamos


nossos olhos, tiramos nossa atenção do mundo externo e de suas
armadilhas, e abrimos nosso foco para prestar atenção ao
espaço ao nosso redor (na onda, ao invés de na partícula). A
razão pela qual isso funciona é que, quando estamos sentindo
esse espaço, não estamos dando nossa atenção a nada
material e não estamos pensando. Nossos padrões de ondas
cerebrais mudam para um alfa mais repousante e criativo (e,
finalmente, também para teta). Nesse estado, nosso mundo
interno agora se torna mais real para nós do que o mundo
externo, o que significa que estamos numa posição muito melhor
para realizar as mudanças que queremos fazer.

Pesquisas mostram que, quando usamos a técnica de foco


aberto apropriadamente, o cérebro começa a se tornar mais
organizado e mais sincronizado, com os diferentes
compartimentos trabalhando juntos, de um modo mais
ordenado. E o que está se sincronizando junto, está se
conectando. Nesse nível de coerência, o cérebro agora pode
enviar sinais mais coerentes por todo o sistema nervoso para o
resto do corpo, e tudo começa a se mover no ritmo,
funcionando junto. Ao invés da cacofonia, agora nosso cérebro
e nossos corpo estão tocando uma linda sinfonia. O resultado
final é que nos sentimos mais completos, integrados e
equilibrados.
Meus colegas e eu vimos esse tipo de mudanças cerebrais
consistentes na maioria dos alunos de quem mapeamos os
cérebros em nossos seminários, então sabemos que essa técnica
funciona.
O doce ponto do momento presente

Após conduzir você pelo foco aberto, a meditação que você


fará lhe conduzirá para a prática de encontrar o momento
presente. Estar presente nos dá acesso às possibilidades do nível
quântico ao qual não tínhamos acesso antes. Lembra-se que eu
disse que no campo quântico, existem partículas subatômicas
simultaneamente numa série infinita de possibilidades? Para que
isso seja verdade, o universo quântico não pode ter apenas uma
linha no tempo. Ele tem que ter um número infinito de linhas de
tempo contendo simultaneamente todas essas possibilidades
empilhadas umas sobre as outras. Na verdade, cada experiência
– passada, presente e futura –, cada coisa, do menor
microrganismo até a cultura mais avançada no universo existe
dentro do campo de informação ilimitada, chamado “campo
quântico”. Eu disse que no mundo quântico não há tempo, mas
a verdade é que ele tem todo o tempo simultaneamente – ele
não apenas tem o tempo linear, que é o modo como
geralmente pensamentos no tempo.

Como diz o modelo quântico da realidade, todas as


possibilidades existem no momento presente. Mas, se você está
acordando todas as manhãs e fazendo a mesma sequencia de
atos – fazendo as mesmas escolhas que conduzem aos mesmos
comportamentos que criam as mesmas experiências que
produzem a mesma recompensa emocional – então você não
está aberto a nenhuma dessas outras possibilidades e você não
está indo a nenhum lugar novo.

Dê uma olhada na Imagem 11.1. O círculo representa você no


momento presente, numa linha particular de tempo. A linha à
esquerda representa seu passado e, a linha à direita, representa
seu futuro. Digamos que todos os dias você acorda, vai ao
banheiro, escova seus dentes, leva o cachorro para passear,
toma seu café ou chá, tem o mesmo café da manhã, se veste
do mesmo modo rotineiro, dirige para o trabalho pela rota
familiar e assim por diante. Cada um desses eventos é
representado por um ponto na linha de tempo de seu futuro
imediato.
Cada ponto na linha do temo representa o mesmo
pensamento, a mesma escolha, o mesmo comportamento, a
mesma experiência e a mesma emoção dos dias passados,
semanas, meses e até anos. Portanto, o passado se torna o
futuro. Já que um hábito é um conjunto redundante de
pensamentos, ações, e sentimentos automáticos que é
adquirido através da repetição – ou seja, quando o corpo se
torna a mente –, então para a maioria, nossos corpos já estão
programados para estarem no mesmo futuro previsível baseado
em nosso estado de ser a partir do passado. E se nós
memorizados as emoções que nos mantêm conectados ao
passado, e essas emoções dirigem nossos pensamentos, então
nossos corpos estão literalmente vivendo no passado.
Raramente estamos no momento presente.

Assim, digamos que você passe por essa sequencia


praticamente todo dia durante dez anos. Então, seu corpo já
está programado pelo hábito a estar no futuro baseado em seu
passado, pois conforme você começa a antecipar
emocionalmente cada um desses eventos em sua linha do
tempo, seu corpo (como a mente inconsciente) acredita que
está na mesma realidade previsível. E a mesma emoção assina
os mesmos genes do mesmo modo, e agora você está nessa
linha de tempo futura previsível. Na verdade, você poderia
pegar essa linha de tempo de seu passado e simplesmente
levantá-la e coloca-la em seu futuro, pois, nesse cenário, seu
passado é seu futuro. Você é como os pianistas que instalaram o
circuito nos próprios cérebros apenas pensando em tocar a
mesma sequência de teclas de novo e de novo novamente e,
como as pessoas que exercitaram os dedos, que mudaram seus
corpos apenas com o pensamento; você está imprimindo seu
cérebro e condicionando seu corpo no mesmo futuro conforme
ensaia mentalmente o mesmo cenário diário previsível em sua
mente a partir do ontem.

Nunca conseguimos encontrar o momento presente porque


nossos cérebros e corpos já estão vivendo numa realidade futura
conhecida baseada no passado. Agora, dê uma olhada em
todos os pontos em sua linha do tempo, que representa as
escolhas, hábitos, ações e experiências que criam as mesmas
emoções de modo a lhe lembrar dos sentimentos de você. Não
há espaço para algo novo ou desconhecido, para algo
incomum ou miraculoso, a se mostrar em sua vida, porque esses
pontos estão muito estreitamente unidos. Seria muito
inconveniente e, francamente, interromperia sua rotina. Quão
perturbador seria que algo novo se mostrasse na vida de uma
personalidade que está inconscientemente antecipando o
futuro baseado no passado!

Eu devo lhe alertar aqui que, quando você começar uma


prática de meditação, se você apenas inserir suas meditações
como outro evento em sua linha do tempo, há o perigo de você
meramente estar adicionando outro item à sua lista de coisas-a-
fazer. E se é assim que você aborda isso, você ainda não será
capaz de encontrar o momento presente. Para realizar o que
você está prestes a fazer aqui, curar e fazer mudanças
duradouras, você tem que estar plenamente no momento
presente, sem prensar sobre que evento previsível seguinte está
em sua linha do tempo.

Isso é verdadeiro porque onde quer que você esteja colocando


sua atenção, é onde você está colocando sua energia. Assim,
se você estiver prestando a menor atenção às coisas, pessoas,
lugares ou eventos em seu ambiente externo, então você está
reafirmando essa realidade. E se você tiver o hábito de ficar
obcecado com o tempo – pensando sobre o passado (o
conhecido) ou o futuro, que é baseado em seu passado (e,
assim, também é o conhecido) – então você está perdendo o
momento presente, onde todas as possibilidades existem.

Quando você se foca no conhecido, você, como o observador


quântico, só consegue obter mais de exatamente isso. Você
estará colapsando todas as possibilidades no campo quântico
para os mesmos padrões de informação chamado ‘sua vida’.

De modo a acessar o potencial ilimitado que está aguardando


você no campo quântico, você tem que se esquecer do
conhecido (seu corpo, seu rosto, seu gênero, sua raça, sua
profissão, e até seu conceito do que você tem que fazer hoje),
assim você pode permanecer um pouco no desconhecido –
onde você não tem corpo, não é ninguém, não é nenhuma
coisa, e não está num lugar e nem em nenhum tempo. Você tem
que se tornar pura consciência (nada mais que um pensamento
ou uma consciência de que você está ciente de um vazio de
potenciais), assim seu cérebro pode se recalibrar.

E quando o corpo quer distrair você, mas você continua


dominando-o e fazendo com que ele volte ao momento
presente de novo e de novo novamente até ele aquiescer,
então o modo como você leu anteriormente aquela linha que
vai para o futuro, não mais existe, pois o corpo não está mais
vivendo naquele destino previsível. Você é desconectado dela,
ou desliga seus circuitos de energia dela.

Similarmente, se seu corpo está condicionado e viciado nas


emoções que você memorizou, que lhe mantêm conectado ao
passado, mas você consegue trazer seu corpo de volta e
equilibrá-lo toda vez que se sente com raiva, ou frustrado até que
seu corpo finalmente se rende ao momento presente, então essa
linha que vai para o passado não existe mais também. Você se
desligou dessa linha também. E quando, tanto as linhas do seu
passado quanto de seu futuro desaparecem, seu destino
genético previsível se desvanece também.

Nesse momento não há mais nenhum passado para dirigir o


futuro e não há mais nenhum futuro previsível baseado no
passado. Você está apenas no presente, onde tem acesso a
todos os potenciais e possibilidades. E quanto mais você investe
no desconhecido, desconectando-se das linhas do tempo e
persistindo nas possibilidades, mais energia você libera de seu
corpo e a torna disponível para criar algo novo. A imagem 11.2
demonstra como o passado e o futuro não existem mais quando
o cérebro e o corpo estão totalmente no momento presente. A
realidade previsível dos conhecidos não existe, portanto você
está no reino desconhecido das possibilidades.

Quando você encontra o doce ponto do momento presente e


se esquece de si mesmo como a mesma personalidade, você
tem acesso a outras possibilidades que já existem no campo
quântico. Pois você não está mais conectado ao mesmo corpo-
mente, à mesma identificação com o ambiente e à mesma linha
de tempo previsível. Nesse momento, o mesmo passado e futuro
familiar literalmente não existem mais e você se torna pura
consciência – apenas um pensamento. Esse é o momento em
que você muda seu corpo, muda algo em seu ambiente e cria
uma nova linha de tempo.

A meditação descrita no próximo capítulo inclui um período


onde você começa a se deixar ficar nesse desconhecido
potente, nessa escuridão de possibilidades, investe sua energia
no vazio dos potenciais que existem no momento presente.

Lembre-se de que mesmo que possa parecer como se não


houvesse nada ali, esse ali não é realmente apenas uma
escuridão vazia; é o campo quântico e ele está simplesmente
explodindo de energia de possibilidade.

Nos seminários avançados, quando eu e meus colegas


examinamos os alunos que conseguiram se tornar pura
consciência – um pensamento separado dessa realidade
conhecida –, nós vimos os maiores avanços em suas habilidades
de mudar seus cérebros, seus corpos e suas vidas. Se o placebo
tem a ver com mudar o corpo apenas pelo pensamento, então
um passo muito importante é se tornar um pensamento – apenas.

Vendo sem os olhos

Eis um de meus exemplos favoritos do que pode acontecer


quando você se foca no desconhecido na meditação. Não faz
muito tempo, eu estava realizando um seminário em Sydney,
Austrália, no qual eu estava conduzindo uma meditação onde
pedia aos participantes para serem ‘não corpo’, ‘ninguém’,
‘coisa nenhuma’, e para estarem em ‘não local’ e em ‘não
tempo’ – para se tornarem pura consciência – demorando-se no
desconhecido (assim como você está prestes a fazer no próximo
capítulo).
Enquanto eu estava observando o grupo meditar, percebi uma
mulher chamada Sophia, sentada na terceira fila, meditando
com seus olhos fechados, assim como todo mundo. E, de
repente, eu vi sua energia mudar. Algo simplesmente me disse
para acenar para ela, então eu fiz isso, e ainda com seus olhos
fechados, Sophia acenou de volta!

Fiz um gesto para dois de meus treinadores que estavam no outro


lado da sala para que viessem até mim. Quando eles chegaram,
eu apontei diretamente para Sophia, e ela acenou de volta para
mim novamente – sem sequer abrir seus olhos.

“O que está acontecendo?”, meus treinadores sussurraram.

“Ela está vendo sem os olhos”, eu disse a eles.

Como eu disse, quando você se foca no desconhecido, você


recebe o desconhecido. Após o término do evento em Sydney,
nós tivemos mais um seminário avançado em Melbourne, uma
semana depois, e Sophia veio para esse seminário também.

“Ei, eu vi você e vi os treinadores”, ela me disse, descrevendo


tudo o que havia acontecido na sala durante a meditação com
os olhos fechados. Ela foi extremamente precisa. Depois do
seminário, Sophia decidiu se apresentar para se tornar uma de
minhas treinadoras corporativas e eu a selecionei por causa de
sua habilidade. Então, ela veio para um treinamento alguns
meses depois.

No final de cada dia dos meus treinamentos, eu sempre peço


que meus treinadores fechem seus olhos enquanto eu vou
relembrando as lições de durante o dia em 30 minutos, só para
reativar os novos circuitos em suas memórias de longo prazo.
Assim, quando eu estava fazendo isso, Sophia estava sentada ali
com seus olhos fechados e, de repente, ela abriu os olhos,
balançou a cabeça, fechou seus olhos novamente, virou-se
para trás para olhar para trás de si e daí voltou à posição normal
e olhou direto para mim com uma expressão de espanto no
rosto. Depois de ter repetido isso por algumas vezes, eu fiz um
sinal para que ela simplesmente permanecesse na meditação e
nos falamos depois.
Sophia não apenas vê à sua frente com seus olhos fechados na
meditação, ela me disse, mas agora ela podia ver numa visão
plena de 360 graus. Ela podia ver o que estava à sua frente, o
que estava atrás dela e o que estava ao seu redor, ao mesmo
tempo. Como Sophia tinha tido o hábito de ver com seus olhos
abertos durante toda a vida, ela continuava abrindo e
fechando-os numa tentativa de ver o que já estava vendo.

O Dr. Fannin estava no treinamento e estávamos mapeando os


cérebros de alguns dos treinadores, de modo a podermos ter um
esquema sobre os padrões das ondas cerebrais que estávamos
medindo em nossos estudantes para nosso primeiro seminário
avançado no Arizona. Quando foi a vez de Sophia, eu não disse
nada ao Dr. Fannin a respeito dela. Então ele a colocou na
máquina de EEG e, com ela de costas para nós, nós nos
sentamos há uns dois metros de distância dela para observar seu
mapeamento no monitor. De repente, a parte de trás do cérebro
de Sophia, que é o córtex visual, se acendeu na tela do
computador.

“Oh, olhe!”, o Dr. Fannin sussurrou para mim. “Ela está


visualizando!”.

“Não”, eu disse suavemente, balançando a cabeça. “Ela não


está visualizando”.

“O que você quer dizer?”, ele murmurou.

“Ela está vendo”, eu respondi calmamente.

“O que você quer dizer?”, ele repetiu confuso.

Então eu acenei para ela. E ainda sentada de costas para mim,


ela elevou o braço acima de sua cabeça, virou sua mão para
trás e acenou de volta. Foi incrível. A prova estava exatamente
ali no monitor: Sophia estava vendo sem os olhos. Seu córtex
visual estava processando informação, como se ela estivesse
vendo, mas era seu cérebro que estava vendo – não seus olhos.

Como eu disse, se você se focar no desconhecido, você recebe


o desconhecido. Pronto para ver por si mesmo?
Referências:

1. L. Fehmi and J. Robbins, The Open-Focus Brain: Harnessing the


Power of Attention to Heal Mind and Body (Boston: Trumpeter
Books, 2007).

Parte II

Capítulo Doze – Meditação, Mudando Crenças e Percepções

Nesse capítulo, eu vou lhe conduzir pela meditação orientada


destinada a lhe ajudar a mudar algumas crenças ou percepções
a respeito de si mesmo ou de sua vida. Eu recomendo que você
medite usando uma gravação, seja essa meditação (que lhe
ajuda a mudar duas crenças, ou percepções, e que tem a
duração de uma hora) ou que tem uma versão levemente mais
curta (que lhe ajuda a mudar uma crença ou percepção que
dura 45 minutos). Ambas as meditações estão disponíveis para
compra em CD ou em MP3 em meu website
(www.drjoedispenza.com).

A versão de uma hora é chamada de ‘Meditação Você é o


Placebo: Mudando duas crenças e percepções’, e a versão de
45 minutos é chamada de ‘Meditação do livro ‘Você é o
Placebo’: Mudando uma crença e percepção’.

Ou você pode gravar por conta própria, lendo o texto de ambas


as versões da meditação (as duas serão encontradas no
Apêndice).

Lembre-se que crenças e percepções são estados


subconscientes de ser. Eles começam com pensamentos e
sentimentos que você pensa e sente de novo e de novo, até que
finalmente eles se tornam habituais, ou automáticos – até o
ponto em que eles formam uma atitude.
Atitudes encadeadas se tornam crenças e crenças
relacionadas, unidas, se tornam percepções. Com o tempo, essa
redundância cria uma visão de mundo e de si mesmo que é
largamente subconsciente. Ela afeta seus relacionamentos,
comportamentos, e realmente tudo em sua vida.

Assim, se você quiser mudar uma crença ou percepção, primeiro


você tem que mudar seu estado de ser. E mudar seu estado de
ser significa mudar sua energia, pois, a fim de afetar a matéria,
você tem que se tornar mais energia e menos matéria, mais onda
e menos partícula. Isso requer que você combine uma clara
intenção e uma emoção elevada – esses são os dois
ingredientes.

Como você já leu, esse processo envolve tomar uma decisão


com um alto nível de energia, o suficiente para que seu
pensamento sobre a nova crença se torne uma experiência que
transporte uma forte assinatura emocional, o que lhe altera em
algum nível naquele momento. É assim que você muda sua
biologia, se torna seu próprio placebo e faz sua mente produzir
matéria.

Todos temos tido experiências que têm afetado nossa biologia


num grau ou outro. Lembra-se das mulheres cambojanas do
Capítulo 7, que desenvolveram problemas de visão por causa
dos horrores que foram forçadas a testemunhar quando o Khmer
Vermelho estava no poder? Esse é um exemplo extremo, é claro,
mas você pode usar o mesmo princípio para realizar uma
mudança positiva.
Para que isso funcione, a nova experiência tem que ser maior do
que a experiência passada. Ou seja, a experiência interna que
você tem quando medita, tem que ter uma amplitude maior –
uma energia maior – do que a experiência externa passada que
criou a crença e a percepção que você deseja mudar.
O corpo deve responder a uma nova mente. Assim, você tem
que colocar seu coração nessa emoção elevada; você
realmente tem que sentir arrepios no estomago. Você tem que
se sentir alavancado, inspirado, invencível e empoderado.

Eu estarei lhe dando a oportunidade de mudar duas crenças e


percepções sobre si mesmo nessa meditação. Assim, antes de
começar, decida que duas crenças você quer mudar. Você
pode selecionar uma das crenças limitadoras comuns listadas no
Capítulo 7, ou você pode vir com uma pessoal, diferente – como
“eu sempre tenho essa dor, ou essa condição”, “a vida é muito
difícil”, “as pessoas não são amigas”, “o sucesso demanda em
muito trabalho”, ou “eu nunca vou mudar”.

Assim que você decidir, pegue um pedaço de papel e desenhe


uma linha vertical no meio. No lado esquerdo, escreva as duas
crenças e percepções que você quer mudar, uma sobre a outra.
Daí, pense por um minuto: se c não quer acreditar e perceber
mais essas coisas, então o que você quer acreditar e perceber
sobre si mesmo e sua vida?
E se você acreditasse e percebesse essas coisas novas, como isso
faria você se sentir?
Escreva as novas crenças e percepções que você quer ter no
lado direito do papel.

Assim como você verá em breve, essa meditação tem três


partes:

- A primeira parte é a indução, na qual você usa a técnica do


foco aberto sobre a qual você leu no último capítulo, para entrar
num estado de onda cerebral alfa mais coerente, ou de beta,
onde você fique mais sugestionável.
Isso é vital porque o único modo de você verdadeiramente
influenciar sua saúde e se tornar o placebo é quando sua própria
sugestionabilidade está reforçada.

- Na segunda parte, você encontrará o momento presente e


permanecerá no vazio quântico, onde todas as possibilidades
existem.

- E na terceira parte, você mudará suas crenças e percepções.


Aqui, par a lhe conduzir no que você estará fazendo quando
você realmente estiver sentado meditando, eu lhe darei um
direcionamento no início de cada parte e, daí, o texto da
meditação estará em itálico.

Se você for um meditador experiente, sinta-se livre para fazer


toda a meditação diretamente durante a primeira vez. Se você
for novo na meditação, você pode querer praticar a primeira
parte todos os dias durante uma semana, daí acrescentar a
segunda parte na segunda semana e progredir fazendo todas
as três partes na terceira semana.
Seja como for, continue fazendo a mesma meditação numa
base diária até que você veja algumas mudanças acontecendo
em sua vida.
Se você já pratica a meditação que eu coloquei em ‘Breaking
the Habit f Being Yourself’, eu gostaria de salientar que a
meditação nesse livro é totalmente diferente, muito embora
você vá encontrar algumas similaridades no modo pelo qual as
duas meditações começam (na fase da indução). Se você
puder fazer apenas uma meditação por dia, eu recomendo que
você tente essa nova meditação por alguns meses, assim você
pode colher plenamente os benefícios. Daí, você pode decidir
que meditação você quer continuar, ou pode alternar entre as
duas conforme desejar.

Indução: Criando Coerência Cerebral e Desacelerando Ondas


Cerebrais com o Foco Aberto

Quando você se move para a meditação do foco aberto, você


estará indo da partícula para a onda, do foco estreito que
geralmente você tem em relação às pessoas, lugares e todas as
coisas no mundo externo para um foco mais aberto – onde você
estará se concentrando não apenas em qualquer coisa física,
mas no espaço.
Afinal, se um átomo é aproximadamente 99,9% energia e
estamos sempre nos focando na partícula, talvez seja o
momento de prestarmos um pouco de atenção à onda, pois
nossa consciência e nossa energia estão intrinsecamente
combinadas – colocar atenção em nossa energia é o que
amplifica nossa energia.
Quando você usa essa técnica, seu cérebro naturalmente se
recalibra, pois, para fazer isso corretamente, você tem que abrir
mão de sua mente analítica (que está muito ocupada pensando
em beta alto como uma identidade). Essa identidade, quem
você sabe que é, está conectada ao ambiente externo, a seus
vícios e hábitos emocionais e ao tempo. No momento em que
você vai além desses elementos, você não é nada exceto pura
consciência, e, como você leu anteriormente, os diferentes
compartimentos de seu cérebro começam a se comunicar
melhor e suas ondas cerebrais se tornam muito ordenadas – elas
começam a enviar sinais coerentes ao resto do corpo, assim
como você viu nos participantes do seminário.

Permaneça presente durante essa meditação; não tente


entender nada e não tente visualizar. Apenas perceba e sinta.
Se você puder perceber onde está seu tornozelo esquerdo, se
você puder sentir onde seu nariz está, e se você puder perceber
onde está o espaço entre o esterno e seu peito, então você está
descansando sua consciência, sua percepção e sua atenção
nesses locais. Você pode ter uma imagem em sua cabeça
(digamos, de seu peito, ou de seu coração), mas você não tem
que se esforçar para isso; você só tem que se tornar ciente do
espaço no interior e ao redor de seu corpo no espaço.

Essa primeira parte da meditação deve durar aproximadamente


10 a 15 minutos.

Meditação: Parte Um

Agora...você pode descansar sua consciência...no


espaço...entre seus olhos...no espaço?

E você pode perceber...a energia do espaço...entre seus


olhos...no espaço?

E agora...você pode se tornar ciente... do espaço... entre suas


têmporas... no espaço?

E você pode perceber...o volume do espaço...entre suas


têmporas.... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente...do espaço...que suas


narinas...ocupam no espaço?
E você pode perceber... o volume do espaço...que o interior de
seu nariz ocupa...no espaço?

E agora...você pode se tornar ciente... do espaço...entre sua


língua e a parte de trás de sua garganta...no espaço?

E você pode perceber...o volume do espaço...que a parte de


trás de sua garganta ocupa...no espaço?

E agora...você pode perceber...a energia do espaço...ao redor


de suas orelhas...no espaço?

E você pode sentir... a energia do espaço... além de suas


orelhas...no espaço?

E você pode se tornar ciente... do espaço...abaixo de seu


queixo...no espaço?

E você pode sentir...o volume do espaço...ao redor de seu


pescoço... no espaço?

E agora... você pode perceber... o espaço...além de seu


peito...no espaço?

E você pode sentir...a energia do espaço...ao redor de seu


peito...no espaço?

E agora...você pode se tornar ciente... do volume do


espaço...além de seus ombros...no espaço?

E você pode perceber...a energia do espaço...ao redor de seus


ombros...no espaço?

E agora... você pode se tornar ciente...do espaço...atrás de suas


costas... no espaço?

E você pode sentir...a energia do espaço...além de sua espinha...


no espaço?
E agora...você pode descansar...sua consciência...no espaço...
entre suas coxas...no espaço?

E você pode perceber... a energia do espaço...conectando seus


joelhos...no espaço?

E agora...você pode perceber...o volume do espaço...ao redor


de seus pés...no espaço?

E você pode tornar-se ciente... do espaço... ao redor de todo seu


corpo... no espaço?

E você pode perceber... a energia do espaço... além de seu


corpo... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço entre seu


corpo e as paredes do cômodo... no espaço?

E você pode perceber... o volume do espaço... que todo o


cômodo ocupa... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço... que todo o


espaço ocupa... no espaço?

E você pode perceber... o espaço... que todo o espaço


absorve...no espaço?

Tornando-se possibilidade: encontrando o momento presente e


entrando no vazio

Nessa próxima parte da meditação, você encontrará o doce


ponto do momento presente, onde todas as coisas são possíveis.
Para fazer isso, você deve deixar sua identidade e se
desconectar de seu corpo, do ambiente, do tempo, pois quanto
mais você entrar no desconhecido, mais você traz do
desconhecido para você. E se células nervosas que não mais
disparam juntas, não mais permanecem conectadas, você
estará silenciando os circuitos em seu cérebro, os que estão
conectados ao eu antigo.
Como você leu, esses circuitos mantêm um programa
entrelaçado, então, se você se desconecta deles de modo bem
sucedido, você também estará se desconectando dos
programas. Você não mais estará assinando emocionalmente os
mesmos genes do mesmo modo. E, daí, quando seu corpo se
mover para um estado mais equilibrado e harmonioso, você se
pegará no doce ponto do momento presente, e é aí onde todas
as possibilidades existem.
Se você se encontrar vagando para pensamentos a respeito de
pessoas que você conhece, de vários problemas que você tem,
de eventos que aconteceram no passado ou que estão para
acontecer em seu futuro, seu corpo, seu peso, sua dor, sua fome,
ou até em quanto tempo vai demorar essa
meditação, simplesmente se torne ciente desses pensamentos
e, em seguida, traga sua consciência de volta para a escuridão,
ou para o vazio quântico das possibilidades. E, daí, mais uma vez,
renda-se ao nada.
Essa segunda parte da meditação deve durar
aproximadamente 10 a 15 minutos.

Meditação: Parte Dois

E agora...está na hora... de tornar-se não corpo...


ninguém...coisa alguma... lugar algum... não tempo... de tornar-
se... pura consciência... de tornar-se uma consciência no
campo infinito dos potenciais...e de investir sua energia no
desconhecido... e quanto mais você entra no
desconhecido...mais você traz nova vida para você...
simplesmente torne-se um pensamento na escuridão do infinito...
e solte sua atenção... em nenhuma coisa... em nenhum corpo...
no não tempo...

E se você... como o observador quântico... perceber sua mente


retornando ao conhecido... ao familiar... às pessoas... às coisas...
a lugares em sua realidade familiar conhecida... a seu corpo... à
sua identidade, à suas emoções... ao tempo... ao passado... ou
ao futuro previsível... simplesmente se torne ciente de que você
está observando o conhecido... e renda sua consciência de
volta ao vazio das possibilidades... e se torne ninguém... não
corpo... não coisa....não lugar...no não tempo... solte-se no reino
imaterial dos potenciais quânticos... quanto mais você se torna
consciência na possibilidade...mais você cria possibilidade e
oportunidade em sua vida.... permaneça presente...

[Permita-se 10 a 15 minutos aqui para que você vá entrando]

Mudando crenças e percepções sobre si mesmo e sua vida

Na parte final da meditação, é o momento de trazer aquela


primeira crença ou percepção sobre sua vida, que você quer
mudar.
Eu vou lhe perguntar se você quer continuar acreditando e
percebendo desse modo.
Se sua resposta for ‘não’, então você será convidado para tomar
uma decisão com a firme intenção de que a amplitude da
energia relacionada àquela decisão seja maior do que os
programas entrelaçados em seu cérebro e os vícios emocionais
em seu corpo.
Seu corpo, então, responderá a uma nova mente, a uma nova
consciência.

Em seguida, eu vou perguntar “o que você quer acreditar e


perceber sobre si mesmo e sua vida, e como isso lhe fará sentir?”.

Daí, sua tarefa será a de mover-se para um novo estado de ser.


Você terá que mudar sua energia combinando uma clara
intenção com uma emoção elevada – e elevar matéria a uma
nova mente. Você deve se levantar sentindo-se diferente de
quando você se sentou.
Se for assim, então você mudou biologicamente.

Nesse momento, o passado não mais existirá, pois essa


experiência de maior amplitude simplesmente terá substituído o
programa da experiência antiga.
É por isso que fazer essa escolha se torna uma experiência da
qual você nunca esquece, pois agora é uma memória de longo
prazo. Você estará tornando conhecida uma possibilidade
desconhecida, o que lhe tira do agora-passado e lhe coloca no
agora-futuro, onde evento já aconteceu.
Lembre-se de que não é seu trabalho entender quando, ou
onde, ou como isso vai acontecer. Seu trabalho é simplesmente
mover-se para um novo estado de ser e, então, ver o futuro que
você está criando.

Daí, você será orientado a mudar a segunda crença ou


percepção, então você repetirá o mesmo processo novamente.
Essa parte final da meditação durará aproximadamente 20 a 30
minutos.

Meditação: Parte Três

Agora... qual era primeira crença... ou percepção... que você


queria mudar sobre si mesmo e sua vida?

Você quer continuar a acreditar e a perceber desse modo?

Se não...eu quero que você tome uma decisão... com tal firme
intenção... que a amplitude dessa decisão... carregue um nível
de energia que seja maior do que os programas entrelaçados
em seu cérebro... e os vícios emocionais em seu corpo... e que
permita que seu corpo responda a uma nova mente...

E permita que a escolha se torne uma experiência da qual você


nunca se esquecerá... e deixe a experiência... produzir uma
emoção com tal energia... que ela substitua os programas... e
mude sua biologia... saia de seu estado de descanso e mude sua
energia...assim sua biologia é alterada por sua própria energia...

Agora é o momento de render o passado para a possibilidade...


e permitir que o campo infinito de possibilidades resolva isso de
um modo que seja o certo para você...permita.
Agora...o que você quer acreditar e perceber sobre si e sua
vida...e como isso lhe fará se sentir?

Vamos lá... é o momento de mover-se para um novo estado de


ser... e permitir que seu corpo responda a uma nova mente...
mude sua energia combinando uma clara intenção com uma
emoção elevada a fim de que matéria seja elevada a uma nova
mente...

E deixe que a escolha... carregue uma amplitude de energia...


que seja maior do que qualquer experiência do passado... e
deixe seu corpo ser alterado por sua consciência, por sua própria
energia...e mude para um novo estado de ser... e faça com que
esse momento defina você... e deixe que esse pensamento
intencional se torne uma experiência interna tão poderosa... que
ele carregue uma energia emocional elevada, que se torna uma
memória da qual você nunca se esquecerá... substituindo a
memória passada por uma nova memória em seu cérebro e
corpo... vamos lá!

Torne-se empoderado... esteja inspirado... faça da escolha uma


decisão da qual você nunca deixará de se lembrar...

Agora...dê a seu corpo um sabor do futuro mostrando a ele


como ele se sentirá ao acreditar desse modo...e deixe seu corpo
responder a uma nova mente...

E como você viverá a partir desse estado de ser?... que escolhas


você fará?... como você se comportará?...que experiências
estarão em seu futuro?... como você viverá?... como você
amará?...e permita que infinitas ondas de possibilidades se
colapsem numa experiência em sua vida...

E você pode ensinar emocionalmente a seu corpo o que é estar


nesse novo futuro?... vamos lá...abra seu coração...e acredite na
possibilidade... esteja elevado... apaixone-se pelo momento... e
experiencie esse futuro agora..

E agora, renda sua criação a uma mente maior... para o que


você pensa e vivencia nesse reino de possibilidade...se for
verdadeiramente sentido... ele se manifestará em algum tempo
futuro... de ondas de possibilidades para partículas na
realidade... do imaterial para o material... do pensamento para
energia em matéria...

Agora... renda sua nova crença para um campo de consciência


que já saber como organizar o resultado de um modo que é
perfeito para você... plantando uma semente na possibilidade...

Agora... qual era aquela segunda crença ou percepção que


você queria mudar sobre si e sua vida?... e lhe serve continuar
acreditando e percebendo... desse modo?

Se não, é o momento de tomar uma decisão tal firme intenção...


que a amplitude dessa decisão...carrega um nível de energia
que faz com que seu corpo responda a uma nova mente... e que
a escolha que você faça seja final... e que sua decisão se torne
uma experiência da qual você nunca se esquece... saia de seu
estado de descanso familiar e mude sua energia, assim a matéria
é elevada a uma nova mente... vamos lá!...torne-se
empoderado...seja movido por sua própria energia...

E deixe a energia da escolha... substituir os programas


neurologicamente subconscientes em seu cérebro...e
emocionalmente e geneticamente em seu corpo...e faça com
que a escolha seja maior do que o passado... e deixe sua
biologia ser mudada por sua energia...esteja inspirado...

E agora... renda essa crença a uma inteligência maior...


simplesmente permita... e entregue-se... ao campo das
possibilidades... retornando a crença à energia...

Agora... o que você quer acreditar e perceber sobre si e sua


vida?... e como isso se faz sentir?

Vamos lá, mova-se para um novo estado de ser... e permita que


seu corpo seja elevado a uma nova mente... e deixe a energia
dessa escolha... reescrever os circuitos em seu cérebro... e os
genes em seu corpo... e permita que seu corpo seja liberado
para um novo futuro... você deve sentir a energia... tonar-se algo
maior do que seu corpo, do que seu ambiente e do que o seu
tempo... assim você tem domínio sobre seu corpo, seu ambiente
e tempo... tornar-se um pensamento que afeta a matéria...

E você pode ensinar emocionalmente a seu corpo... como ele


se sentirá acreditando desse modo... sendo empoderado...
sendo movido por sua própria grandeza... tendo
coragem...sendo invencível...amando a vida... sentindo-se
ilimitado... vivendo como se suas orações já estivessem
respondidas?... vamos lá, dê a seu corpo, como a mente
inconsciente, um sabor de seu futuro...assinando novos genes de
novos modos... sua energia é o epifenômeno da matéria... mude
sua energia e mude seu corpo...vamos lá, faça mente em
matéria...

E como você viverá a partir desse estado de ser?...e se você


acredita nisso, que escolhas você faz?... que comportamentos
você demonstra?.. e que experiências você pode observar a
partir desse estado de ser?...e como elas lhe farão sentir...ser
curado, ser livre, acreditar em si e na possibilidade?...solte-se...

Abençoe esse futuro com sua própria energia... então isso


significa... que você está conectado a um novo destino...pois
onde quer que você coloque sua atenção é onde você coloca
sua energia... invista em seu futuro... e defina-se por seu futuro,
ao invés de por seu passado...abra seu coração e permita que
seu corpo se torne movido por sua própria experiência interior...
e lembre-se de que tudo o que você vivencia no
desconhecido...e abraça emocionalmente...estará finalmente
desacelerando em frequência como energia...para a
tridimensionalidade como matéria...

E agora permita-se e solte-se...e deixe que isso seja realizado por


uma inteligência maior de um modo que seja certo para você...

E agora...eleve sua mão esquerda e coloque-a sobre seu


coração...e eu quero que você abençoe seu corpo...que ele
seja elevado a uma nova mente...e abençoe sua vida...que é
uma extensão de sua mente...que abençoe seu futuro...que
nunca é seu passado...que abençoe seu passado...que se
transforma em sabedoria...que abençoe a adversidade em sua
vida...que inicia você na grandiosidade...e que você veja o
significado por trás de todas as coisas...que abençoe sua
alma...que desperta desse sonho...e que abençoe o divino em
você... que se move em você...que se move através de você...e
que se move ao seu redor...que se mostra causa em sua vida.

E finalmente...eu quero que você agradeça pela nova vida


antes de ela se fazer manifesta...assim, seu corpo, como a mente
inconsciente, começa a vivenciar esse futuro agora...pois a
assinatura emocional da gratidão significa que o evento já
aconteceu...pois gratidão é...máximo estado do recebedor...

E apenas memorize esse sentimento...trazendo sua


consciência...de volta ao novo corpo...a um novo ambiente...e
a todo um novo tempo...e quando você estiver pronto, você
pode abrir seus olhos.

POSFÁCIO

Tornando-se Sobrenatural

Alguns críticos podem categorizar este trabalho como a cura


pela fé.
Eu realmente estou bem com essa acusação nesse momento de
minha vida porque o que é a fé senão você acreditar num
pensamento mais do que em qualquer outra coisa? Não é
aceitar um pensamento – independente das condições em
nosso ambiente – e, daí, nos rendermos ao resultado de tal modo
que vivemos como se nossas orações já tivessem sido
respondidas? Soa como uma fórmula para o placebo. Nós
sempre estamos sendo o placebo.

Talvez não seja tão importante rezarmos rigorosamente todos os


dias para que nossas rezas sejam respondidas, mas, ao invés
disso, que nos levantemos de nossas meditações como se nossas
orações já tivessem sido respondidas. Se conseguimos fazer isso
diariamente, estamos no nível de mente onde verdadeiramente
estamos vivendo no desconhecido e esperando o inesperado. E
é aí quando o misterioso bate à nossa porta.

A resposta placebo tem a ver com ser curado apenas pelo


pensamento. No entanto, por si só pensamento é emoção não
manifestada. Assim que abraçamos aquele pensamento
emocionalmente, ele começa a se tornar real – ou seja, ele se
torna realidade. Um pensamento sem assinatura emocional é
vazio de experiência e, portanto, é latente, esperando ser feito
conhecido a partir do desconhecido. Quando iniciamos um
pensamento para uma experiência e, em seguida, para
sabedoria, estamos evoluindo como seres humanos.
Quando você olha no espelho, você vê seu reflexo e sabe que
quem você está vendo é o você físico. Mas como o verdadeiro
eu, o ego, e a alma se veem? Sua vida é um espelho da imagem
de sua mente, de sua consciência e de quem você realmente é.

Não há escolas da antiga sabedoria espiritual estabelecidas no


alto das montanhas do Himalaia esperando para nos iniciar a fim
de nos tornarmos místicos e santos. Nossas vidas são nossa
iniciação para a grandeza. Talvez você e eu devamos ver a vida
como uma oportunidade para alcançar níveis maiores e maiores
do eu a fim de podermos superar nossas próprias limitações com
níveis mais expandidos de consciência. É assim que um
pragmático vê, ao invés de se vitimar.

Ao abandonar os modos familiares de pensar na vida – modos


esses com os quais crescemos –, a fim de abraçar novos
paradigmas, inicialmente nos sentiremos não naturais.
Francamente, é necessário esforço – e isso é desconfortável. Por
quê? Porque, quando mudamos, não mais nos sentimos como
nós mesmos. Por isso, minha definição para “sermos gênios”, é
nos sentirmos desconfortáveis e estarmos bem com o sentirmo-
nos desconfortáveis.

Quantas vezes na história tivemos indivíduos admiráveis que


lutaram contra crenças antiquadas, vivendo fora de suas zonas
de conforto, sendo considerados hereges e tolos, apenas para
mais tarde emergir como gênios, santos ou mestres? Com o
tempo, eles se tornaram sobrenaturais.

Mas, como você e eu nos tornamos sobrenaturais? Temos que


começar a fazer o que não é natural – ou seja, doar no meio da
crise, quando todo mundo está sentindo a escassez e a pobreza;
amar quando todo mundo está com raiva e julgando os outros;
demonstrar coragem e paz quando todo mundo está no medo;
mostrar gentileza quando os outros estão mostrando hostilidade
e agressividade; render-se à possibilidade quando o resto do
mundo está se debatendo agressivamente para ser o primeiro,
tentando controlar os resultados, e competindo ferozmente
numa direção interminável para chegar ao topo; sorrir
sabiamente diante da adversidade; e cultivar o sentimento de
plenitude quando somos diagnosticados como doentes.

Parece tão sobrenatural fazer esses tipos de escolhas no meio de


tais condições, mas, se repetidamente formos bem sucedidos,
com o tempo transcenderemos a regra – e também nos
tornaremos sobrenaturais. E mais importante, ao ser sobrenatural,
você dá aos demais a permissão de fazerem o mesmo.

Os neurônios espelhos disparam quando nós observamos


alguém executando uma ação. Nossos neurônios espelham os
neurônios daquela outra pessoa, como se estivéssemos
desempenhando a mesma ação. Por exemplo, quando um
dançarino profissional está dançando salsa, você dançará a
salsa melhor do que fazia antes. Se você observar Serena Williams
lançar uma bola de tênis, você lançará a bola de tênis melhor
do que fazia antes. Se você observar alguém liderando uma
comunidade com amor e compaixão, você liderará em sua vida
do mesmo modo. E se você testemunhar alguém curando a si
mesmo de uma doença mudando seus próprios processos de
pensamento, você estará mais propenso a fazer o mesmo.

É minha esperança que, após ler esse livro, você perceba que a
máxima crença é a crença em si mesmo e no campo das
possibilidades infinitas – e quando você mesclar a crença em si
mesmo com uma consciência objetiva, então você está
equilibrando intenção e rendição.
Contudo, é complicado. Se você tiver apenas a intenção (que
é chamado de “tentativa”), você estará se colocando na frente
de seu próprio caminho. Se você tiver uma alta rendição, você
se tornará muito preguiçoso, apático e sem inspiração. Mas, se
você combinar uma clara intenção com uma confiança
inflexível na possibilidade, então você estará dando um passo
para o desconhecido e será aí que o sobrenatural começará a
se desenvolver. Eu penso que você e eu estamos em nosso
melhor quando estamos nesse estado de ser.

Quando esses dois estágios se fundem, eu acredito que


bebemos de um poço mais fundo. E quando a plenitude, a
autossatisfação, e o autoamor verdadeiramente vêm de dentro
porque você se aventurou além do que acreditava ser possível
e superou suas limitações autoimpostas, é aí que o incomum
acontece. Estar feliz consigo no momento presente, enquanto
mantém um sonho sobre seu futuro, é uma grande receita para
a manifestação.

Quando você se sentir tão completo que não mais se importe se


“aquilo” vai acontecer, é quando coisas incríveis se materializam
diante de seus olhos. Eu tenho aprendido que ser pleno é o
estado perfeito da criação. Eu tenho visto isso vezes e vezes ao
testemunhar verdadeiras curas nas pessoas por todo o mundo.
Elas se sentem tão completas que não querem mais, que não
sentem mais falta, que não tentam mais fazer as coisas por si
mesmas. Elas abrem mão, e, para a própria surpresa, algo maior
do que elas responde – e elas riem com a simplicidade do
processo.

Esse livro e minhas pesquisas, esperançosamente, são um


começo e não o fim. Certamente serei o primeiro a levantar
minha mão para confessar eu que eu não sei tudo. Minha maior
alegria, no entanto, é quando eu contribuo com o crescimento
pessoal de alguém de alguma forma. Eu tenho visto a
transformação em muitos rostos e posso dizer que independente
da cultura, raça, ou gênero, todos nós somos iguais quando nos
liberamos das amarras de nossas próprias crenças limitadoras.
Em biologia há um princípio que adoro, ele é chamado de
‘emergência’. Você já viu um cardume de peixe, todos seguindo
uma direção ao mesmo tempo? Ou um bando de centenas de
pássaros num voo, todos se movendo juntos como uma única
consciência – como uma mente?
Quando você olha para esse fenômeno, você pode pensar que
todos os indivíduos no grupo estão seguindo um líder que está
mostrando o caminho. Parece que os movimentos sincrônicos de
centenas, ou até mesmo de milhares, de organismos individuais,
todos fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo é um fenômeno
de cima para baixo. Mas, na verdade não é o que está
acontecendo.
Acontece que este nível de unidade ocorre como um fenômeno
de baixo para cima. O grupo realmente não tem um líder; todo
mundo está liderando. Todos eles são parte da mesma
consciência coletiva, fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo.
É como se o todo estivesse conectado num campo de
informação além do espaço e do tempo. Uma comunidade se
apresentando como uma mente. Um organismo é criado de
cada indivíduo se tornando um. Há poder nos números.
Temos sido programados e condicionados para uma crença
subconsciente de que, se lideramos com muita paixão e
mudamos o mundo, certamente seremos assassinados. A maioria
dos grandes líderes que alterou o curso da história com uma
profunda mensagem, “passou por isso” no final.
Estejamos falando de Martin Luther King, Jr.; Mahatma Gandhi;
John Lennon; Joana D’Arc; William Wallace; Jesus de Nazaré; ou
de Abraham Lincoln, existe um estigma inconsciente sugerindo
que todos os líderes visionários devem dar suas vidas pela
verdade. Mas, talvez, tenhamos finalmente chegado num
momento da história em que seja mais importante viver pela
verdade do que morrer por ela.
Se centenas, milhares, ou até mesmo milhões de seres humanos
abraçarem a nova consciência baseados na possibilidade;
alinhar suas ações com suas intenções; e viverem pelas maiores
leis universais do amor, da gentileza e da compaixão, uma nova
consciência emergirá – e experienciaremos verdadeira
unicidade. Daí, podemos remover muitos líderes.
Assim, se numa base diária, você estiver comprometido a
demonstrar apenas o seu melhor e superar os estados egóicos de
mente dirigidos pelos hormônios do estresse – e eu estou fazendo
o mesmo –, então, juntos estamos mudando o mundo ao mudar
nossos eus. E se uma quantidade suficiente de nós estivermos nos
moderando para seres humanos mais plenos, então, como
comunidades individuais, emergiremos pelo mundo e finalmente
consumiremos a mentalidade atual de realidade baseada no
medo, na competição, na escassez, na hostilidade, na
ganância, no engano. Com o tempo, o antigo será
completamente consumido pela nova.
Um interesse particular meu é que agora vivemos num mundo
onde as pesquisas científicas estão se misturando com o
autointeresse e muitas vezes influenciadas pelos lucros, então eu
questiono se estão nos dizendo a verdade sobre o modo como
as coisas realmente são. É de nossa responsabilidade, portanto,
descobrir a verdade por nós mesmos.

Imagine um mundo habitado por bilhões de pessoas, como um


cardume de peixes, vivendo como um – onde todo mundo
esteja abraçando pensamentos alavancadores similares
conectados às possibilidades ilimitadas e que esses pensamentos
permitam às pessoas fazerem escolhas mais inspiradas,
demonstrando comportamentos mais altruístas e cirando mais
experiências iluminadoras. Daí, as pessoas não mais viveriam
pelas emoções baseadas na sobrevivência com as quais
estamos tão familiarizadas atualmente, sentindo-se mais como
matéria do que energia, separados das possibilidades. Ao
contrário, estariam vivendo mais pelas emoções sinceras,
expandidas, de abnegação – sentindo-se mais energia do que
matéria, conectadas a algo maior.

Se pudéssemos fazer isso, então um mundo totalmente diferente


emergiria, e viveríamos por um novo credo, baseado no coração
aberto. É isso o que eu vejo quando fecho meus olhos para
meditar.

Dr. Joe Dispenza


APÊNDICE

Roteiro da Meditação ‘Mudanças suas crenças e percepções’

Se você quiser fazer sua própria gravação da meditação


orientada ao invés de comprar uma das versões gravadas em
áudios de meu sinta-se livre para gravar lendo um dos dois
roteiros abaixo. O primeiro roteiro é para a meditação de uma
hora, que envolve mudar duas crenças ou percepções e, o
segundo, é para a meditação de 45 minutos que envolve mudar
apenas uma crença ou percepção.

Se você estiver gravando sua própria meditação, pause por um


segundo ou dois a cada conjunto de elipses e faça uma pausa
pelo menos de cinco segundos completos entre as sentenças.
Como você verá, eu acrescentei uma nota depois da segunda
parte de cada meditação, para lhe lembrar de incluir um
período de silencio em sua gravação, assim você ir entrando no
desconhecido antes de começar a última parte da meditação,
onde você mudará uma, ou duas crenças ou percepções.

Versão de uma hora da Meditação


[mudando duas crenças e percepções]

Agora...você pode descansar sua consciência... no


espaço...entre seus olhos...no espaço?

E você pode perceber... a energia do espaço... entre seus


olhos... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço...entre suas


têmporas... no espaço?

E você pode perceber...o volume do espaço...entre suas


têmporas... no espaço?
E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço... que sua
narinas... ocupam no espaço?

E você pode perceber... o volume do espaço...que o interior de


suas narinas ocupa...no espaço?

E agora...você pode se tornar ciente... do espaço... entre sua


língua e a parte de trás de sua garganta... no espaço?

E você pode perceber... o volume do espaço... que a parte de


trás de sua garganta ocupa... no espaço?

E agora... você pode sentir... a energia do espaço.. .ao redor de


suas orelhas...no espaço?

E você pode sentir... a energia do espaço...além de suas


orelhas... no espaço?

E você pode se tornar ciente... do espaço...abaixo de seu


queixo...no espaço?

E você pode sentir...o volume do espaço...ao redor de seu


pescoço... no espaço?

E agora... você pode perceber... o espaço... além de seu


peito...no espaço?

E você pode sentir... a energia do espaço... ao redor de seu


peito... no espaço?

E agora.... você pode tornar-se ciente... do volume do espaço...


além de seus ombros... no espaço?

E você pode perceber... a energia do espaço... ao redor de seus


ombros... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço... atrás de


suas costas...no espaço?
E você pode sentir... a energia do espaço...além de sua
espinha... no espaço?

E agora... você pode descansar...sua consciência... no espaço...


entre suas coxas... no espaço?

E você pode perceber...a energia do espaço...conectando seus


joelhos... no espaço?

E agora... você pode perceber... o volume do espaço... ao redor


de seus pés... no espaço?

E você pode sentir... a energia do espaço... além de seus pés...


no espaço?

E você pode tornar-se ciente... do espaço... ao redor de todo seu


corpo... no espaço?

E você pode perceber... a energia do espaço... além de seu


corpo... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço entre seu


corpo e as paredes do cômodo...no espaço?

E você pode perceber... o volume do espaço... que todo o


cômodo ocupa... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço... que todo o


espaço ocupa... no espaço?

E você pode perceber... o espaço... que todo o espaço


assume.... no espaço?

E agora... é o momento... de tornar-se não corpo... ninguém...


não coisa... lugar algum...no não tempo... de tornar-se...
consciência pura... de tornar-se consciência no campo infinito
de potenciais... e de investir sua energia no desconhecido... e
quanto mais você entrar no desconhecido...mais você traz uma
nova vida para você... simplesmente torne-se um pensamento
na escuridão do infinito... e entregue sua atenção – para a não
coisa... para o não corpo... para o não tempo...

E se você... como o observador quântico... pegar sua mente


retornando ao conhecido... ao familiar... às pessoas... às coisas...
ou lugares em sua realidade familiar conhecida... a seu corpo...
à sua identidade, às suas emoções... ao tempo... ao
passado...ou ao futuro previsível... simplesmente torne-se ciente
de que você está observando o conhecido...e renda sua
consciência de volta para o vazio das possibilidades... e torne-se
ninguém... não corpo... não coisa... não lugar... no não tempo....
entregue-se ao reino material dos potenciais quânticos... quanto
mais você se tornar consciência na possibilidade...mais você cria
possibilidade e oportunidade em sua vida... permaneça
presente...

[Permita-se de 5 a 20 minutos aqui para você entrar,


dependendo de quanto tempo você tem meditado]

Agora... qual era a primeira crença... ou percepção... que você


queria mudar sobre si mesmo e sua vida?

Você quer continuar a acreditar e perceber desse jeito?

Se não... eu quero que você tome uma decisão... com tal firme
intenção... que a amplitude dessa decisão... transporte um nível
de energia que seja maior do que os programas entrelaçados
em seu cérebro... e dos vícios emocionais em seu corpo... e
permita que seu corpo responda a uma nova mente...

E permita que a escolha se torne uma experiência da qual você


nunca se esquecerá...e deixe a experiência...produzir uma
emoção com tal energia... que ela substitua os programas...e
mude sua biologia...saia do seu estado de descanso e mude sua
energia...assim sua biologia é alterada por sua própria energia...

Agora é o momento de render o passado de volta para a


possibilidade... e permitir que o campo infinito de possibilidades
resolva de um modo que seja o certo para você...entregue-se.
Agora... o que você quer acreditar e perceber sobre si e sua
vida...e como isso lhe fará sentir?

Vamos lá...é o momento de mover-se para um novo estado de


ser... e permitir que seu corpo responda a uma nova mente...
mude sua energia combinando uma clara intenção com uma
emoção elevada a fim de que a matéria seja elevada a uma
nova mente...

E deixe que a escolha... transporte uma amplitude de energia....


que seja maior do que qualquer experiência do passado...e
permita que seu corpo seja alterado por sua consciência, por sua
própria energia... eleve-se a um novo estado de ser... e faça com
que esse momento defina você... e permita que esse
pensamento intencional se torne uma experiência interna
poderosa tal... que ela transporta uma energia emocional
elevada, que se torne uma memória da qual você nunca se
esquecerá... substituindo a memória passada com uma nova
memória em seu cérebro e corpo... vamos lá!... torne-se
empoderado... esteja inspirado...faça da escolha uma decisão
de que sempre se lembrará...

Agora...dê a seu corpo um sabor do futuro mostrando a ele


como ele se sentirá ao acreditar desse modo... e permita que seu
corpo responda à nova mente...

E como você viverá a partir desse estado de ser?... que escolhas


você fara?...como você se comportará?...que experiências
estarão em seu futuro?...como você viverá?...como você se
sentirá?...como você amará?...e permita que ondas infinitas de
possibilidades se colapsem para uma experiência em sua vida...

E você pode ensinar emocionalmente a seu corpo como é estar


nesse novo futuro?...vamos lá... abra seu coração... e acredite
na possibilidade...esteja elevado... apaixone-se pelo
momento...e vivencie esse futuro agora...

E agora, entregue sua criação a uma mente maior... pois o que


você pensa e vivencia nesse reino de possibilidades...se
verdadeiramente sentido... se manifestará em algum tempo
futuro...de ondas de possibilidades para partículas na
realidade... do imaterial para o material...do pensamento para
energia em matéria...

Agora... renda sua nova crença para um campo de consciência


que já sabe com organizar o resultado de um modo que seja
perfeito para você...plantando uma semente na possibilidade...

Agora... qual era a segunda crença ou percepção que você


queria mudar sobre si e sua vida?... e lhe serve continuar
acreditando e percebendo...desse jeito?

Se não, é o momento de tomar uma decisão com tal firme


intenção...que a amplitude dessa decisão...carregue um nível
de energia que faça com que seu corpo responda a uma nova
mente... e que essa escolha que você faça seja final...e que sua
decisão se torne uma experiência da qual você nunca se
esqueça....saia de seu estado de descanso familiar e mude sua
energia a fim de que a matéria seja elevada a uma nova
mente...vamos lá!... torne-se empoderado... seja movido por sua
própria energia...

E deixe a energia da escolha... substituir os programas


neurologicamente subconscientes em seu cérebro...e
emocionalmente...e geneticamente...em seu corpo...e faça
com que a escolha seja maior do que o passado...e permita que
sua biologia seja alterada por sua energia...esteja inspirado...

E agora...renda essa crença a uma inteligência


maior...simplesmente permita... e entregue-a...ao campo das
possibilidades...retornando-a de volta à energia...

Agora...o que você quer acreditar e perceber sobre si e sobre


sua vida?...e como isso lhe fará se sentir?...

Vamos lá, mova-se para um novo estado de ser... e permita que


seu corpo seja elevado a uma nova mente...e permita que a
energia dessa escolha... substitua os circuitos em seu cérebro... e
os genes em seu corpo... e permita que seu corpo seja liberado
num novo futuro... você deve sentir uma nova energia...
tornando-se algo maior do que seu corpo, seu ambiente e o
tempo...a fim de que você tenha domínio sobre seu corpo, seu
ambiente e o tempo...que se torne um pensamento que afeta a
matéria...

E você pode ensinar emocionalmente a seu corpo...como ele se


sentirá acreditando desse modo... estando empoderado...sendo
movido por sua própria grandeza...tendo coragem...sendo
invencível...amando a vida...sentindo-se ilimitado...vivendo
como se suas orações já tivessem sido respondidas?...vamos lá,
dê a seu corpo, como a mente inconsciente, um sabor de seu
futuro...assinando novos genes de novos modos...sua energia é o
epifenômeno da matéria...mude sua energia e mude seu
corpo...vamos lá, faça matéria com sua mente...

E como você viverá a partir desse estado de ser?... e se você


acredita nisso, que escolhas você fará?...que comportamentos
você demonstrará?...e que experiências você poderá observar
a partir desse estado de ser?...e como você se sentirá...ao ser
curado, ao ser livre, ao acreditar em si mesmo e na
possibilidade?...entregue-se...

Abençoar esse futuro com sua própria energia...significa


então...que você está conectado a um novo destino...pois onde
você coloca sua atenção é onde você coloca sua
energia...investindo em seu futuro... e sendo definido por seu
futuro, ao invés de por seu passado...abra seu coração e permita
eu corpo seja movido por sua própria experiência interna...e
lembre-se de que sempre que você vivencia o desconhecido...e
o abraça emocionalmente...você acabará por abrandá-lo em
frequência como energia...para a tridimensionalidade como
matéria...

E agora permita e entregue-se... e permita que seja executado


por uma inteligência maior de um modo que seja o certo para
você...

E agora... eleve sua mão esquerda e coloque-a sobre seu


coração... e eu quero que você abençoe seu coro... que é
elevado a uma nova mente... e abençoe sua vida...que é uma
extensão de sua mente...que abençoe seu futuro...que nunca é
o seu passado...que abençoe seu passado...que se torna em
sabedoria...que abençoe a adversidade em sua vida...que lhe
inicia na grandeza...e que você veja o significa escondido por
trás de todas as coisas...e que abençoe sua alma...que ela lhe
desperte desse sonho...e que abençoe o divino em você...que
se move em você... que se move através de você...e que se
move ao seu redor...que lhe mostra a causa em sua vida...

E finalmente...eu quero que você agradeça pela nova vida


antes de ela ser manifesta...a fim de que seu corpo, como a
mente inconsciente, comece a vivenciar esse futuro agora...pois
a assinatura emocional da gratidão significa que o evento já
aconteceu...pois a gratidão é...o estado máximo do
recebedor...

E apenas memorize essa sensação...traga sua consciência...de


volta para um novo corpo...para um novo ambiente...e para um
tempo todo novo...e quando você estiver ponto, você pode
abrir seus olhos.

Versão de 45 minutos da Meditação


[mudando uma crença ou percepção]

Agora... você pode descansar sua consciência ... no espaço...


entre seus olhos... no espaço?

E você pode perceber... a energia do espaço... entre seus


olhos...no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço...entre suas


têmporas...no espaço?

E você pode perceber... o volume do espaço... entre suas


têmporas... no espaço?
E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço...que suas
narinas...ocupam no espaço?

E você pode perceber... o volume do espaço... que o interior de


seu nariz ocupa...no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço... entre sua


língua e a parte de trás de sua garganta...no espaço?

E você pode tornar-se ciente... do volume do espaço... que a


parte de trás de sua garganta ocupa.. .no espaço?

E agora... você pode perceber... a energia do espaço... ao redor


de suas orelhas... no espaço?

E você pode sentir... a energia do espaço... além de suas


orelhas... no espaço?

E você pode tornar-se ciente... do espaço...abaixo de seu


queixo... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço... além de seu


peito... no espaço?

E você pode sentir... a energia do espaço... ao redor de seu


peito.. no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do volume do


espaço...além de seus ombros... no espaço?

E você pode perceber... a energia do espaço... ao redor de seus


ombros... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço... atrás de


suas costas... no espaço?

E você pode sentir... a energia do espaço... além de sua


espinha... no espaço?
E agora... você pode descansar... sua consciência... no
espaço...entre suas coxas... no espaço?

E você pode perceber... a energia do espaço... conectando


seus joelhos...no espaço?

E agora... você pode perceber...o volume do espaço... ao redor


de seus pés... no espaço?

E você pode sentir... a energia do espaço... além de seus pés...


no espaço?

E você pode tornar-se ciente... do espaço... ao redor de todo o


seu corpo... no espaço?

E você pode perceber... a energia do espaço... além de seu


corpo... no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente...do espaço entre seu


corpo e as paredes do cômodo... no espaço?

E você pode perceber... o volume do espaço... que todo o


cômodo ocupa...no espaço?

E agora... você pode tornar-se ciente... do espaço... que todo o


espaço ocupa... no espaço?

E você pode perceber... o espaço... que todo o espaço


assume... no espaço?

E agora... é o momento... de tornar-se não corpo... ninguém...


não coisa... não lugar... no não tempo... de tornar-se... pura
consciência... de tornar-se uma consciência no campo infinito
dos potenciais... e de investir sua energia na possibilidade... e
quanto mais você entra no desconhecido... mais você traz o
desconhecido para si... simplesmente torne-se um pensamento
na escuridão do infinito... e desdobre sua consciência na não
coisa... no não corpo... no não tempo... quanto mais você se
foca no desconhecido... mais você traz uma nova vida para si.
Permita que sua consciência se mova da partícula para a
onda... da matéria para a consciência... do material para o
imaterial... do espaço e tempo para o não tempo e o não
espaço... do mundo dos sentidos... para um mundo além dos
sentidos...do conhecido para o desconhecido.. e se você ...
como o observador quântico... pegar sua mente retornando ao
conhecido...às pessoas familiares... às coisas... ou aos lugares em
sua realidade conhecida... a seu corpo... a seus hábitos, sua
identidade, suas emoções... ao tempo... ao passado... ou ao
futuro previsível.. simplesmente torne-se ciente de que você está
observando o conhecido... e renda sua consciência de volta ao
vazio das possiblidades... e torne-se ninguém...nao corpo... não
coisa... não lugar... no não tempo...desenrole sua consciência de
volta para o reino imaterial de todos os potenciais quânticos... na
escuridão da eternidade... e quanto mais você se torna uma
consciência na possibilidade...mais você cria possibilidade e
oportunidade em sua vida... permaneça pressente.

[Permita-se de 5 a 10 minutos aqui para você entrar,


dependendo de quanto tempo você tem meditado]

Agora qual era a crença ou percepção que você queria mudar


sobre si em sua vida? ... e você quer continuar a acreditar e
perceber desse jeito?...se não... é o momento de tomar uma
decisão com tal firme intenção... que a amplitude dessa decisão
transporte um nível de energia que seja maior do que os
programas entrelaçados em seu cérebro e os vícios emocionais
em seu corpo...e permita que seu corpo responda a uma nova
mente... e permita que a escolha se torne uma experiência da
qual você sempre se lembrará... e permita que a experiência
interna produza uma emoção com tal energia que ela substitua
os programas e mude sua biologia...

Saia de seu estado de descanso e mude sua energia a fim de


que sua biologia seja alterada por sua própria energia... vamos
lá!...torne-se inspirado e faça a escolha de ser maior do que seu
passado. Torne-se inspirado, torne-se empoderado! Mova-se por
sua própria energia... e agora renda essa crença a uma
inteligência maior... a uma mente maior... apenas permita e
entregue-a ao campo das possibilidades, retornando-a de volta
à energia...

Agora, o que você quer acreditar e perceber sobre si e sua


vida... e como isso lhe fará sentir?...vamos lá... mova-se para um
novo estado de ser...e permita que seu corpo seja elevado a
uma nova mente... e permita que a energia dessa escolha
substitua os circuitos em seu cérebro e mude os genes em seu
corpo... e permita que seu corpo seja liberado do passado para
um novo futuro... mude sua energia combinando uma clara
intenção com uma emoção elevada a fim de que matéria seja
elevada a uma nova mente... e deixe que a escolha transporte
uma amplitude de energia que seja maior do que qualquer
experiência passada... e permita que seu corpo seja alterado por
sua consciência, por sua energia...e eleve-o a um novo estado
de ser... e faça com que esse momento defina você...e permita
que esse processo interno, essa experiência, transporte uma
energia emocional tão elevada que ela se torne uma memória
da qual você sempre se lembre...

E você pode ensinar emocionalmente a seu corpo como ele se


sentirá ao acreditar desse modo...a ser empoderado... a ser
movido por sua própria grandeza... a ser invencível... a ter
coragem... a amar a vida... a sentir-se ilimitado... a viver como se
suas orações já tivessem sido respondidas?... dê a seu corpo um
sabor do futuro, assinando novos genes de novos modos. Sua
energia é o que afeta a matéria e, quando você muda as
energia, você muda seu corpo... vamos lá, faça sua mente fazer
matéria...e desse novo estado de ser, como você viverá...que
escolhas você fará...que comportamentos você demonstrará e
que experiências você pode observar a partir desse estado de
ser, e como isso lhe fará sentir... para acreditar na
possibilidade...para acreditar em si... para ser curado... para se
livre...para ser movido pelo espirito?...vamos lá, ame seu futuro
na vida...ele é sua criação; apaixone-se por ele. Do estado de
ser, alimente-o com sua atenção...pois onde você coloca sua
atenção é onde você coloca sua energia...invista em seu futuro
observando-o... e seja definido por um novo futuro ao invés de
pelo passado familiar... abra seu coração e permita que seu
corpo se torne movido por sua própria experiência interior... pois
sempre que você verdadeiramente vivencia a possibilidade e a
abraça emocionalmente...você finalmente se encontrará em
algum tempo futuro... a partir do pensamento... para a energia...
para a matéria...e agora permita-o e entregue-o...para uma
inteligência maior... e permita que ele seja realizado de um
modo certo para você.

E eleve sua mão esquerda e coloque-a sobre seu coração... e


eu quero que você abençoe seu corpo...que ele seja elevado a
uma nova mente... a uma nova energia... e abençoe sua vida...
que é uma extensão de sua mente...que seu estado de ser... seja
refletido em seu mundo... e abençoe seu futuro...que nunca é
seu passado... e abençoe seu passado...que se torna em
sabedoria... e abençoe os desafios em sua vida...que eles iniciem
você na grandeza... e abençoe sua alma... que ela lhe desperte
desse sonho e que seja seu guia...e abençoe o invisível em
você...que a energia se mova em você... que ela se mexa em
você.... que ela se mova através de você... e que ela se mova
por todo o seu redor... que sua mente se torne sua mente...que
sua natureza... se torne sua natureza... que sua vontade... se
torne sua vontade...e que seu amor pela vida... se torne seu amor
pela vida...e que ela mostre a causa sinalizando você... em sua
vida, de algum modo... para deixar que você saiba que é real...e
agora, se o pensamento envia o sinal...e o sentimento traz o
acontecimento de volta a você... eu quero que você se mova
para um estado de gratidão...e que você agradeça... por uma
nova vida antes de ela se manifestar...pois a assinatura da
gratidão significa...que o evento já aconteceu... e quanto mais
você entrar na gratidão... mais você traz sua nova vida para
você... pois a gratidão é o estado máximo do recebedor... e
agora traga sua consciência de volta para um novo corpo...
para uma nova vida...e para todo um novo tempo futuro...e
quando você estiver pronto... você pode abrir seus olhos.

Meditações - Você é o Placebo


Como você leu, nesse livro há duas meditações a serem
praticadas/realizadas pelo leitor.Uma de 1 hora e, outra, de 45
minutos.

Há pessoas que resolvem simplesmente fazer essas meditações


sem terem lido o livro. No entanto - e essa é uma sugestão dada
pela moderação desse grupo, o Jardim Sagrado - é melhor você
ler o livro primeiro para depois começar a praticar. Por que? Por
uma questão simples: a neurologia exposta pelo Dr.Joe Dispenza
trabalha com a aplicação daIN(dentro) FORMAÇÃO (ou seja,
você se forma INTERIORMENTE a partir da informação/dos dados,
a fim de ativar a razão cerebelar que propulsiona a
intenção/objetivo - promovendo, assim, a mudança
no EXTERNO.

Você "peca" ao fazer as meditações sem ler o livro? Não. Mas...se


quiser acelerar/fluidificar o processo, leia primeiro e pratique
depois.

Você também pode gostar