Passados sete anos do rompimento e poucas foram as efetivas
reparações. Muito se diz que um dos principais motivos da morosidade em
reparar justifica-se pelo fato da Fundação Renova, não ter a devida autonomia frente a Samarco e suas acionistas Vale e BHP Billiton. Outro ponto seria a pandemia do coronavírus. Fato, que o presidente da Renova, André de Freitas, foi sábio em realizar uma autocrítica e reconhecer o longo tempo para os primeiros avanços e que, em alguns momentos, a condução do processo poderia ter sido melhor. Em virtude da delonga, apenas em abril do ano de 2023 as primeiras quatro moradias foram entregues as famílias do Novo Bento. Há de mencionar que é um momento marcante na reconstrução, entretanto, além de moradias a população precisa de serviços públicos como educação e saúde que, até o momento, não há clareza quanto a implantação e inauguração. Em decorrência do atual padrão construtivo do local, cujas recentes moradias assemelham a residências de condomínio urbanos, tem se observado uma descaracterização local. A então Bento Rodrigues vai aos poucos perdendo as características de uma comunidade rural. O que chama atenção nessa mudança é a forma como os moradores irão criar seus animais, cultivar suas hortas e se reestabelecer economicamente. Observa-se também que muitos dos municípios listados no Comitê Interfederativo, em especial os localizados nas áreas litorâneas do Estado do Espírito Santo, onde o turismo representa uma das principais atividades econômica das cidades, ainda não foram reconhecidos pela organização, por conseguinte, não foram atendidos pelos programas, projetos e ações de reparação dos danos. Por fim, o fato que mais se chama atenção é a baixa aderência da fundação, mesmo os representantes convidados, em audiências públicas. Seria essa uma forma de tentar delongar acordos? Nestes atos nota-se um grande apelo em transparência nos novos termos, celeridade nos processos e, sobretudo, maior participação popular.