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IDENTIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA NO PARQUE ZOOLÓGICO


DE GOIÂNIA-GO

Conference Paper · March 2020

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6 authors, including:

Rosana Gonçalves Barros Viníciu Fagundes Bárbara


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)
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X-022 - IDENTIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA NO PARQUE
ZOOLÓGICO DE GOIÂNIA-GO

Tainara Araújo Dias(1)


Tecnóloga em Saneamento Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.
Rafaella Ferreira Rodrigues Almeida(1)
Tecnóloga em Saneamento Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.
Rosana Gonçalves Barros(1)
Engenheira Agrônoma, Mestre e Doutora em Agronomia pela Universidade Federal de Goiás. Professora do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – IFG.
Viníciu Fagundes Bárbara(1)
Engenheiro Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Mestre em Engenharia do Meio
Ambiente e Doutorando em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás. Professor do IFG.
Perito Ambiental do Ministério Público do Estado de Goiás.

Endereço(1): Rua 75, n° 46 – Centro – Goiânia, GO - CEP: 74055-110 - Brasil - Tel: +55 (62) 3227-2700 - e-mail:
tainara.ad@hotmail.com

RESUMO
Cada vez mais o homem vem sendo submetido a níveis agressivos de ruídos, ficando prejudicado até mesmo
nas horas de lazer, podendo acarretar estresses, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, insônia e problemas
auditivos. Tendo os zoológicos como referências de ambientes que fornecem tranquilidade, lazer e a
recuperação de uma vida social que muitas vezes é perdida no cotidiano, o presente trabalho tem o objetivo de
avaliar os níveis de pressão sonora no Parque Zoológico de Goiânia-GO (PZG). As medições do nível de
pressão sonora foram realizadas no mês de outubro de 2013, com o auxílio de um decibelímetro. Foram
aplicados 50 questionários aos visitantes e funcionários do parque para verificar a percepção dos mesmos em
relação aos ruídos produzidos no local. Verificou-se que os níveis de pressão sonora variaram de 57 dB (A) a
76 dB (A), sendo que em alguns pontos amostrados estes níveis ficaram acima do permitido pela NBR 10151.
Em relação aos questionários aplicados, constatou-se que 64% dos entrevistados identificaram fontes de ruídos
como: animais, trânsito, crianças e construção civil; 46% afirmaram que os ruídos são intensos e que o sintoma
mais comum advindo dos ruídos foi o estresse (37%). A realização de algumas ações poderia evitar estes
efeitos do ruído no PZG, como exemplo: estabelecer um limite no número de visitantes/dia, disponibilizar
fiscais nos pontos mais atrativos a fim do controle de ruídos emitidos por visitantes, substituição dos aparelhos
de manutenção ruidosos por outros mais silenciosos, isolamento acústico dos recintos, e por fim, um
monitoramento contínuo quanto ao nível sonoro permitido.

PALAVRAS-CHAVE: Ruído, Poluição Sonora, NBR. 10151, Animais.

INTRODUÇÃO
Com a industrialização e o avanço das tecnologias, as inúmeras fontes de poluição ambiental vêm sendo
intensificadas causando danos ao ser humano e ao meio ambiente (NUNES, 1999). Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS, 2001), depois da poluição do ar e da água, nada afeta mais o ser humano do que a
poluição sonora.

O problema da poluição sonora originou-se de um diversificado meio de sons desagradáveis e prejudiciais à


saúde, presentes principalmente em atividades de lazer, profissionais e de transporte, degradando e
comprometendo a qualidade de vida do ser humano. Os principais fatores que agravam esta situação estão
ligados diretamente com a expansão populacional urbana, o precário acesso a informação e a falta de
sensibilidade das pessoas sobre o assunto (SZEREMETA, 2007).

Conforme Nunes (1999), somente a partir da década de 70, o ruído recebeu sua devida atenção tornando-se
fator importante a ser analisado quanto ao desconforto da sociedade. É necessário salientar a distinção entre

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som e ruído, considerando som como as variações de pressão que o ouvido pode captar, e o ruído, como o som
ou o conjunto de sons indesejáveis, desagradáveis e perturbadores. (MACHADO, 2003).

Almeida (1999) comenta que seja ambiental ou ocupacional, a poluição sonora é bastante disseminada nas
sociedades atuais, tendo como característica traços invisíveis de sua influência no meio ambiente, considerada
simplesmente como aquela provocada pelo aumento dos níveis de ruídos em determinado local.
Em níveis exagerados, a mesma ocasiona efeitos imediatos que com o tempo vão se agravando, podendo
provocar surdez, desequilíbrios psíquicos e doenças físicas degenerativas. Já em níveis moderados, surgem
estresses, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, insônia e problemas auditivos. Vários sinais são
despercebidos e de difícil reversão, devido à tolerância e a aparente adaptação. Com o excesso de ruído, o
sistema nervoso é ativado e se prepara para enfrentar esse inimigo invisível, o cérebro acelera-se e ocorrem à
contração de músculos sem motivo, surgindo sintomas secundários como aumento da pressão arterial,
paralisação do estômago, intestino e má irrigação da pele (FARIA e MELLO, 2007).

Cada vez mais o homem vem sendo submetido a níveis agressivos de ruídos, ficando prejudicado até mesmo
nas horas de lazer (DERISIO, 2007). Os espaços urbanos como praças, logradouros (com amplas calçadas),
parques, zoológicos, lagos e lagoas tornaram-se ambientes de refúgio da população que busca por um
momento de tranquilidade, cultura, lazer e a recuperação de uma vida social que muitas vezes é perdida no
cotidiano (SILVA, 2004).

De acordo com Nascimento e Costa (2002), os zoológicos são hoje, referências de espaço de lazer e cultura,
escolhidos por pessoas pertencentes a todos os grupos sociais, como famílias, estudantes, aposentados,
portadores de necessidades especiais e visitantes solitários que encontram neste ambiente um lugar de
agradável contemplação e prazer que lhes sacia a curiosidade em torno de animais e vegetais.

Vale ressaltar que a vida dos animais atrai mais de 600 milhões de visitantes anuais nos zoológicos em todo
mundo, interferindo assim, na produção do som que compõe os acontecimentos envolvidos no meio ambiente.
Cada som tem significado específico conforme as espécies de seres vivos que os emitem ou que conseguem
percebê-los. Os seres humanos, além dos sons que produzem para se comunicar e se relacionar, também
produzem outros tipos de sons, decorrentes de sua ação de transformação dos elementos da natureza, o que
pode influir negativamente na saúde dos seres que vivem ao seu redor (QUADROS e YOUNG;
CAVALCANTE et al, 2010).

É de suma importância estudar aspectos sobre o conforto acústico destes ambientes de lazer através da
avaliação da poluição sonora, o que torna necessário entender qual a relação do ambiente sonoro destas áreas
com seus frequentadores ativos e com os animais que vivem no local, uma vez que, os parques públicos
dificilmente ocupam posições privilegiadas dentro das cidades, e, além de serem direcionados para a
recreação, estão estrategicamente posicionados dentro da estrutura urbana para cumprirem várias outras
funções que, por consequência, estão expostos a diferentes tipos de poluentes, incluindo a poluição sonora,
levando a hipótese do comprometimento do conforto acústico de seus visitantes (SZEREMETA, 2007).

Caracterizam-se atualmente os parques zoológicos como ilhas de qualidade ambiental nas grandes cidades do
país, portanto, merecem especial atenção e medidas atenuadoras desses processos de degradação da qualidade
daquilo que anunciam oferecer, como silêncio, tranquilidade, lazer e segurança (BOVO e AMORIM, 2011).

Segundo Santos (2004), a poluição sonora, no Brasil, vem sendo tratada por leis ambientais. Existem leis e
decretos em nível federal, estadual e municipal, que definem a emissão de ruídos e estabelecem medidas para
proteger a coletividade dos efeitos danosos. Porém, de nada adiantam, se a fiscalização dos órgãos
competentes continuar praticamente inoperante.

Não existe lei específica que dispõe sobre ruídos em Zoológicos, no entanto, o estudo foi baseado na Norma
Brasileira de Ruído (NBR) 10151, emitida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como
áreas mistas com vocação recreacional, em que é estabelecido a variação de níveis de pressão sonora situando-
se na faixa de 65 dB(A) no período diurno e 55 dB(A) no período noturno.
Com base na realidade acima relatada, buscamos neste trabalho identificar os níveis de pressão sonora do
Parque Zoológico de Goiânia (PZG), além de verificar a percepção dos visitantes e funcionários em relação
aos ruídos produzidos no local.

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MATERIAL E MÉTODOS
O Parque Zoológico de Goiânia (PZG), criado em 1946, possui um plantel de mais de 525 (quinhentos e vinte
e cinco) animais distribuídos em 154 (cento e cinquenta e quatro) espécies entre aves, répteis e mamíferos.
Situado a 1,7 km do centro de Goiânia, no Setor Oeste, tendo no seu entorno a Alameda das Rosas e ao Norte a
Avenida Anhanguera. Está localizado a uma latitude 16º 41’0,9”S e longitude 49º16’18,5”O. O PZG ocupa
uma área de 285.000 m² (duzentos e oitenta e cinco mil metros quadrados), com porção da área edificada e
parte da vegetação conservada, constituindo-se em importante refúgio para animais de vida livre (AMMA,
2011).

O PZG funciona de terça a domingo das 8h às 17h, atendendo escolas, creches, pesquisadores, associações e
público em geral, recebendo em média 320 mil pessoas ao ano, de acordo com informações fornecidas pela
direção do parque, demonstrando assim, a importância desta unidade para o meio ambiente goianiense.

No Zoológico, além das atividades comuns, existe um museu ornitológico, onde são desenvolvidas atividades
educacionais apresentando ao público espécies de animais empalhados, suas características e seus hábitos.
Possui também uma carpintaria e serralheria, onde são realizados pequenos trabalhos de manutenção e reparo
de equipamentos.

As medições do nível de pressão sonora foram realizadas no mês de outubro de 2013, especificamente nos dias
8 a 13. Foram estabelecidos dez pontos de amostragem de acordo com os diferentes setores do Parque (Tabela
1).

Tabela 1: Pontos de amostragem dos níveis de pressão sonora no Parque Zoológico de Goiânia.
Pontos Setores
01 Ipê – Hipopótamo
02 Ipê - Mutuns/Tucanos
03 Ipê - Portaria I
04 Ipê - Lontra
05 Buriti - Furão
06 Buriti - Primatas
07 Buriti - Serpentes
08 Pequi - Grandes carnívoros
09 Angico - Lanchonetes
10 Pequi – Mouflons

Para as medições dos níveis de pressão sonora utilizou-se um aparelho decibelímetro da marca Instrutherm,
modelo DEC-5010, com escala de ponderação A, e a faixa dinâmica de medição foi definida para o intervalo
de 40,0 dB (A) a 100,0 dB (A). Antes de iniciadas as medições, o decibelímetro foi aferido com o calibrador
de nível sonoro marca Instrutherm, modelo CAL-3000.

Nos dias 8 e 9, os fiscais da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), Vanessa e Wellington,
acompanharam-nos nas medições com o intuito de ensinar o manuseio correto do aparelho decibelímetro.
Em cada ponto mencionado na Tabela 01, foram realizadas oito medições diárias nos seguintes intervalos de
hora: 8h30 às 9h15; 9h30 às 10h15; 10h30 às 11h15; 11h30 às 12h15; 13h30 às 14h15; 14h30 às 15h15; 15h30
às 16h15; 16h30 às 17h15. Cada medição teve a duração de 1 minuto, e após este intervalo, o aparelho
fornecia a média em decibéis.

Com o intuito de identificar a percepção dos funcionários e visitantes do PZG em relação aos ruídos existentes
no local, foram aplicados 50 questionários entre homens e mulheres (em anexo), sendo 30 direcionadas aos
visitantes e 20 aos funcionários. As entrevistas tiveram tempo livre de respostas, considerado o suficiente para
que os entrevistados fizessem suas colocações.

Posteriormente a coleta de dados, os resultados foram analisados, interpretados e comparados com a Norma
Brasileira de Ruído (NBR) 10151 de junho de 2000, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
É importante mencionar que na cidade de Goiânia - GO não existe nenhuma legislação municipal vigente que
estabeleça limite de decibéis para áreas verdes ou zoológicos, portanto, utilizou-se a Norma Brasileira de
Regulamentação (NBR) 10151, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para áreas mistas com
vocação recreacional, onde o Parque Zoológico de Goiânia está inserido. Com base nesta norma, o nível
máximo de ruído permitido situa-se na faixa de 65 dB (A) no período diurno e 55 dB (A) no período noturno.

Durante as medições realizadas, registraram-se vários tipos de fontes sonoras que influenciaram na
caracterização acústica do Zoológico, sendo elas: sons da natureza (animais em viveiros), atividades sociais
desenvolvidas no local, materiais e equipamentos utilizados para a conservação do parque. É necessário
destacar que durante o período de amostragem dos níveis de pressão sonora, o PZG recebeu um total de
16.331 (dezesseis mil trezentos e trinta e um) visitantes.

Acredita-se que a coleta de dados do dia 12 de outubro (sábado), declarado feriado nacional, para culto público
e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e também promovido como o Dia das Crianças, pode
ter sido influenciada por um aumento no número de visitantes, considerando que neste dia, crianças de 0 a 3
anos tiveram entrada gratuita no parque.

Verifica-se na Figura 1, que os pontos 3, 7 e 8 apresentaram valores acima do permitido pela NBR 10151,
tendo variações de 66 a 69 dB(A). O ponto 7 localizado no setor buriti, foi o ponto com maior índice de
ruídos, com 69,1 dB(A), seguido dos pontos 8 (setor pequi) e 3 (setor ipê) com níveis de 67,4 e 66,9 dB(A),
respectivamente. A atração dos visitantes por estes determinados pontos foi a principal causa da elevação nos
níveis de ruídos.

Figura 1: Médias dos níveis de decibéis nos pontos de amostragem do Parque


Zoológico de Goiânia, no período de 8 a 13 de outubro de 2013.

Resultados semelhantes foram encontrados por Soares & Moraes (2008), que ao avaliarem a paisagem sonora
do parque zoobotânico do museu paraense Emílio Goeldi, na cidade de Belém, obtiveram uma variação de 55
a 70 dB(A), considerando estes níveis muito acima dos limites aceitáveis pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) e pela normativa municipal vigente.

Os demais pontos de amostragem (1, 2, 4, 5, 6, 9 e 10) registraram níveis de decibéis permitidos pela Norma,
com valores entre 60,1 a 64,8 dB(A). Acredita-se que os pontos 02 e 06 sofreram uma pequena interferência de
ruídos emitidos pelas aves de viveiros próximos.

Ao avaliarem as condições acústicas do Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves em Belém, Coelho et al
(2011) também identificaram que os sons da natureza mais significativos são emitidos pelas aves em viveiros.

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Já os pontos 1, 4, 5, 9 e 10 podem ser considerados ambientes amplos, onde nota-se pouca concentração de
visitantes. De acordo com Szeremeta (2007), o afastamento dos pontos das fontes sonoras é um método
eficiente na garantia de manter um nível sonoro adequado em locais sensíveis à poluição sonora.

Sábado e domingo são os dias da semana de maior visitação ao Parque Zoológico de Goiânia. Verifica-se na
Figura 2, que todas as médias dos níveis de pressão sonora por ponto, apresentaram valores acima dos padrões
permitido pela NBR 10.151, variando de 65 a 76 dB(A).

Soares & Moraes (2008) consideraram domingo como o dia da semana de maior visitação no parque
zoobotânico do museu paraense, onde encontraram níveis de pressão sonora variando de 64 a 90 dB (A).

Figura 2: Médias dos níveis de decibéis nos pontos de amostragem do Parque


Zoológico de Goiânia, nos dias 12 e 13 de outubro de 2013.

Já, durante a semana, terça-feira a sexta-feira, especificamente, as médias variaram de 57 a 65 dB (A), sendo
que apenas os pontos 3 e 7 ficaram acima do permitido pela NBR 10151 (Figura 3).

Figura 3: Médias dos níveis de decibéis nos pontos de amostragem do Parque


Zoológico de Goiânia, no período de 8 a 11 de outubro de 2013.
Nas medições por intervalos de horas os níveis mais baixos de ruídos aconteceram nos intervalos de 08h30 às
09h15; 11h30 às 12h15 e de 16h30 às 17h15, apresentando valores abaixo do permitido pela NBR 10.151,
variando de 60 a 63 dB(A). Entretanto, nos intervalos de 09h30 às 10h15; 10h30 às 11h15; 13h30 às 14h15;
14h30 às 15h15 e 15h30 às 16h15, os valores ficaram acima dos valores permitidos pela NBR 10.151 (Fig. 4).

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Soares (2009), ao avaliar as medições no parque zoobotânico das 06h30 às 07h30 e das 19h30 às 20h30, onde
é quase inexistente o fluxo de funcionários e visitantes, verificou níveis de poluição sonora entre 45 a 50
dB(A), valores este permitidos pela legislação local.

Avaliações realizadas por Soares & Moraes nos intervalos de 9h30 às 10h30 e entre as 15h30 e 16h30,
registraram valores entre 60 dB(A) e 65 dB(A). Em ambos os casos, os níveis estão acima dos considerados
aceitáveis pela NBR 10.151.

Figura 4: Médias dos níveis de decibéis por intervalos de horas no Parque


Zoológico de Goiânia, no período de 8 a 13 de outubro de 2013.

Caracterização e perfil dos entrevistados


Nas entrevistas houve um predomínio de 56% de indivíduos do sexo masculino. As faixas etárias foram
classificadas da seguinte forma: de 10 a 20 (16%); 21 a 30 (34%); 31 a 40 (30%); 41 a 50 (10%); 51 a 60
(4%); e acima de 61 anos (6%).

Em relação ao tempo de permanência no Parque pôde-se perceber que 76% dos visitantes permanecem cerca
de duas horas, e os 24% restantes quatro horas ao dia. No entanto, em relação aos funcionários, 85%
permanecem mais que quatro horas e 15% em torno de quatro horas. Já, em relação à frequência dos visitantes,
96% frequentam raramente, ao contrário dos funcionários que estão presentes todos os dias, revezando apenas
no sábado e domingo.

Quando questionados sobre o significado de “Poluição sonora”, 88% dos entrevistados responderam ter
conhecimento sobre o assunto, definindo este tipo de poluição como: sons desagradáveis, níveis de decibéis
acima do permitido e ruídos que influenciam na qualidade de vida e os 12% restantes não souberam o
significado do termo.

Quando interrogados sobre a percepção dos ruídos produzidos, a maioria dos entrevistados considerou o nível
sonoro do ambiente normal (74%) e somente 26% afirmaram sentir incomodado com os ruídos. Outros 46%
afirmaram que esses ruídos são intensos, em contrapartida 31% deles acham que esses ruídos são pouco
intensos e 23% acredita ser muito intenso. Resultados semelhantes foram encontrados por Soares & Moraes
(2008) na avaliação da paisagem sonora do Parque Zoobotânico de Belém - PA.
Ainda, em relação às fontes de ruídos existentes, 36% dos entrevistados afirmaram que os equipamentos de
manutenção são os geradores desse ruído. Outros 64% restantes identificaram outras possíveis fontes de
ruídos, sendo as principais: animais, trânsito, crianças e construção civil (Figura 5). Pesquisa realizada por
Szeremeta (2007) em quatro parques públicos da cidade de Curitiba verificou que o ruído de trânsito no
entorno dos parques foi o segundo tipo de som mais identificado.

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Figura 5: Fontes de ruídos.

Em relação aos danos causados à saúde em decorrência dos ruídos existentes no PZG, os entrevistados
citaram: insônia, agressividade, stress, dores de cabeça, cansaço e perda de atenção e concentração (Figura 6).
Soares (2009) enfatiza que a perda da tranquilidade é ainda maior, pois atinge a todos que estejam próximos da
fonte na mesma proporção: animais, visitantes, funcionários e operários, podendo provocar danos otológico
como estresse e não otológicos (Perda Auditiva por indução do Ruído – PAIR), dependendo da intensidade e
do tempo de exposição.

Figura 6: Danos causados à saúde em decorrência dos ruídos.

Sobre o nível de ruído máximo permitido pela legislação em Zoológicos, 96% dos entrevistados afirmaram
não ter conhecimento. Em relação ao que pode ser feito para diminuir a poluição sonora no PZG, os
entrevistados citaram: substituição dos aparelhos de manutenção ruidosos por outros silenciosos, isolamento
acústico nos recintos e barreiras de isolamento, controle do números de visitantes e horários específicos de
visitação, maior fiscalização quanto ao nível sonoro permitido e retirada do PZG do centro da cidade.

CONCLUSÕES
Os níveis de pressão sonora detectados em todos os pontos amostrados do Parque Zoológico de Goiânia
variaram de 57 dB (A) a 76 dB (A), onde apenas os pontos 03 (setor ipê), 07 (setor buriti) e 08 (setor pequi)
apresentaram valores acima do permitido pela NBR 10151.
Houve um aumento significativo de 12% no número de decibéis no final de semana, quando comparadas às
medições realizadas durante a semana.

De acordo com as entrevistas realizadas com visitantes e funcionários do PZG, 36% alegaram que os ruídos
são provenientes dos equipamentos de manutenção, e outros 74% restantes identificaram outras possíveis

ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7


fontes de ruídos, sendo as principais: animais, trânsito, crianças e construção civil. Em relação aos incômodos
gerados pelos ruídos, apenas 24% dos entrevistados se sentem incomodados; 46% afirmaram que os ruídos são
intensos, 31% classificaram como pouco intensos e 23% acredita ser muito intenso. Em relação aos sintomas
advindos dos ruídos, a maioria dos entrevistados destacou o estresse, com 37%.

Na cidade de Goiânia - GO não há nenhuma legislação vigente que estabeleça limite de decibéis para áreas
verdes ou zoológicos, portanto, seria de grande valia nos basear em cidades exemplos, como em Belém - PA,
onde existe aplicação efetiva da Lei Municipal que recomenda um nível máximo de 55 dB (A) para áreas
verdes, visando a melhoria na qualidade de vida da população em questão.

É de suma importância que os visitantes e funcionários sejam inteirados quanto aos efeitos maléficos à saúde
causados pelo ruído em excesso. A implementação de algumas ações poderia evitar estes efeitos do ruído no
PZG, como exemplo: estabelecer um limite no número de visitantes/dia, disponibilizar fiscais nos pontos mais
atrativos a fim do controle de ruídos emitidos por visitantes, substituição dos aparelhos de manutenção
ruidosos por outros mais silenciosos, isolamento acústico dos recintos, e por fim, um monitoramento contínuo
quanto ao nível sonoro permitido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Goeldi, Belém – Brasil. Revista Acústica 2008, 12p., Coimbra, Portugal.
18. SOUZA, F.P. A poluição sonora ataca traiçoeiramente o corpo. 1992. Disponível em:
<http://www.icb.ufmg.br/labs/lpf/2-14.html>. Acesso em: 06 set. 2013.
19. SZEREMETA, B. Avaliação e percepção da paisagem sonora de parques públicos de Curitiba-PR.
Curitiba, 2007. Dissertação. Mestrado em Engenharia Mecânica. Disponível em:
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ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 9

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