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NOTA ORIENTATIVA CONJUNTA Nº 01 / 2023 - ESPOROTRICOSE

SESA/ IAT/ SEDEST

O governo do Estado do Paraná alerta a todos sobre o risco em relação à


esporotricose e requer atenção por parte das autoridades locais e da população em
geral quanto às medidas de controle e prevenção eficazes para evitar a propagação
da doença.

A esporotricose é uma zoonose causada pelo fungo Sporothrix spp., que afeta
animais, principalmente gatos e pode ser transmitida aos seres humanos. A infecção
ocorre geralmente por meio do contato direto com o fungo mediante arranhões ou
mordidas de animais contaminados.

Os sintomas da esporotricose em humanos caracterizam-se principalmente por: lesões


cutâneas fixa, disseminada ou linfocutâneas ou lesões extracutâneas classificadas
como ocular, ostearticular, em mucosas, pulmonar, neurológica entre outras (Anexo 1).
Na presença de qualquer destes sinais ou sintomas, a pessoa deverá buscar
atendimento na Unidade Básica de Saúde.

Os sinais e sintomas nos animais infectados consistem em: lesões ulceradas na pele
ou mucosa com evolução rápida (Anexo 2), apresentando ou não sinais respiratórios
tais como dificuldade para respirar, espirros, assim como gânglios linfáticos inchados e
lesões em cartilagens e ossos. A doença também poderá se apresentar na forma
assintomática.

É de fundamental importância que os gestores municipais implementem programas de


conscientização e educação em saúde, informando os cidadãos sobre os sinais ou
sintomas da esporotricose, os cuidados adequados com animais de estimação e as
medidas preventivas a serem adotadas.

Dentre as ações de combate à esporotricose, ressaltamos a necessidade da


realização de campanhas de castração, controle populacional de animais de rua,
posse responsável e a adoção de protocolos adequados para o manejo e tratamento
de animais doentes.

Sendo assim, a colaboração de todos é fundamental para a prevenção e combate


dessa doença. É importante orientar os munícipes para os sinais da doença em seus
animais de estimação e buscar atendimento veterinário imediato caso observem
qualquer sinal ou sintoma sugestivo da doença. Além disso, deverão evitar o contato
direto, sem a devida proteção, com animais doentes ou mortos.

A integração entre a Vigilância em Saúde e o Meio Ambiente desempenha um papel


crucial no controle da zoonose. Alguns processos podem contribuir para essa
integração e fortalecer a abordagem conjunta dessas áreas, tais como:
1. Investigação epidemiológica: Realizar investigações epidemiológicas
abrangentes para compreender a dinâmica da transmissão da esporotricose,
assim como a busca ativa de casos em humanos e animais e a investigação
das condições ambientais em que ocorreu a infecção. Isso envolve identificar
possíveis fontes de contaminação no ambiente, como presença de animais
doentes ou abrigos de animais abandonados. Essas informações são
importantes para direcionar medidas de intervenção e controle.
2. Comunicação e troca de informações: Estabelecer canal de comunicação
efetivo entre os profissionais de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente é
essencial para compartilhar informações relevantes. Isso inclui dados
epidemiológicos, informações sobre surtos e ações de controle em andamento.
O trabalho em conjunto permitirá uma resposta mais coordenada e eficaz.
3. Intervenções ambientais: Deverão ser direcionadas ao ambiente para reduzir a
disseminação do fungo causador da esporotricose, a exemplo do destino
correto dos animais mortos contaminados pelo Sporothrix sp., que deverão ser
incinerados e não enterrados/ sepultados, de forma a evitar que o fungo
contamine o ambiente e novos animais. Medidas de controle de populações de
animais de rua (vida livre), os quais, uma vez contaminados e sem tutores que
se responsabilizem pelo seu tratamento, tornam-se potenciais disseminadores
da doença.
4. Educação ambiental e conscientização: Promover a educação ambiental e a
conscientização da população em relação à esporotricose para prevenção da
doença, por meio de campanhas de tutela responsável, de sensibilização sobre
os riscos desta zoonose e da importância de manter o animal em tratamento
isolado, no intuito de evitar que contamine outros animais e o meio ambiente,
entre outras. Além disso, incentivar a população a reportar casos suspeitos e
quaisquer condições ambientais propícias à disseminação da doença.
Lembrando que toda ação de educação e conscientização deverá ser realizada
com cautela para que os animais não sejam hostilizados.
5. Lembramos ainda, que o Estado do Paraná disponibiliza gratuitamente o
medicamento Itraconazol, por meio da Secretaria de Saúde, para o tratamento
dos animais tutorados. Para tanto, é necessário que os tutores/ responsáveis
atendam ao estabelecido no protocolo contido na Nota Técnica 06/2023.
Maiores informações procure a Vigilância em Saúde.
6. Prevenção: A castração é uma das principais medidas de prevenção da
doença, pois restringe a deambulação, as brigas por fêmeas e por território,
com isso restringindo a disseminação da doença para outros animais e
humanos. Animais tutorados infectados deverão ficar isolados durante todo o
tratamento para que a doença não infecte outros animais e humanos. O tutor
deverá manusear o animal utilizando EPI’s (luvas, avental, óculos), de forma a
evitar o contato com as secreções das lesões e gotículas provenientes de
espirros. O local onde o animal ficará isolado deverá ser limpo, no mínimo,
diariamente a fim de, diminuir a carga fúngica disseminada na área de
isolamento. Nos casos de encontrar um animal com lesões sugestivas da
esporotricose, o mesmo não deverá ser manuseado e deverá ser informado
imediatamente a vigilância municipal.

Ao integrar a Vigilância em Saúde e o Meio Ambiente, é possível fortalecer a resposta


de prevenção e combate à esporotricose, abordando tanto os aspectos
epidemiológicos quanto ambientais da doença. A colaboração entre essas áreas e a
implementação desses processos contribuirão para o controle mais efetivo da
zoonose, reduzindo a sua incidência e protegendo a saúde da população.

Desta forma, contamos com o apoio dos gestores municipais, profissionais da área da
saúde, profissionais da área do meio ambiente e da população em geral para controlar
a disseminação da esporotricose nos municípios paranaenses.

Juntos, podemos garantir a saúde e o bem-estar dos cidadãos e dos animais de


estimação.

Atenciosamente,

Ivana Lucia Belmonte Maria Goretti David Lopes

Coordenadora da Vigilância Ambiental Diretora de Atenção e Vigilância em Saúde


SESA SESA
(Assinado eletronicamente) (Assinado eletronicamente)

Girlene Jacob Rafael Andreguetto

Coordenadora Técnica e Fiscal CastraPet Diretor de Patrimônio Natural


Paraná IAT IAT
(Assinado eletronicamente) (Assinado eletronicamente)

Fernanda Góss Braga Gustavo Fisher Sbrissia

Coordenação de Recursos Naturais e Diretor de Políticas Ambientais


Educação Ambiental/Diretoria de Políticas SEDEST
Ambientais SEDEST (Assinado eletronicamente)
(Assinado eletronicamente)
Anexo 1. Sintomas em humanos - Lesões cutâneas fixa, linfocutâneas e disseminada),
Lesões extracutâneas (ocular, mucosa, pulmonar)

a) b) c)

d) e)

Figura 01. Lesões cutâneas: fixa (a, b); linfocutâneas (c); disseminadas (d, e).
Fonte: Acervo CHC/ UFPR (a,b), Fichman et al., 2018 (c) e Orofino-Costa et al. 2017 (d, e).

Figura
a) 02. Lesões extracutâneas: Ocular (a);
b)pulmonar (b,c,d,e); mucosa
c) nasal (f, g, h).
Fonte: Acervo CHC/ UFPR (a), Fichman et al., 2022 (b,c,d,e) e Izoton et al. 2017 (f,g,h).

d) e)

f) g) h)
g)
Anexo 2. Sintomas em felinos contaminados com esporotricose.
a) b) c)

d) e)

Figura 01. Lesão única (a); lesões múltiplas (b); na face com acometimento do aparelho
respiratório (c, e); entumescimento nasal (d).
Fonte: Acervo pessoal Prof. Fernanda Daros Bastos (a,b,c e e), Gremião et al. 2021 (d).

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