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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11
Histórico da Esporotricose em Guarulhos ............................................... 14
5 CONCLUSÃO .............................................................................................. 29
6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 30
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1 INTRODUÇÃO
A esporotricose é uma micose sub cutânea, causada por fungos do gênero Sporothrix
. São oito (8) espécies patogênicas de maior relevância das cinquenta e três (53) espécies
conhecidas, sendo 4 espécies , S. shenckii, S. brasiliensis, S. globosa, S.luriei, as que
possuem maior importância clínica e maior potencial patogênico para os mamíferos e S.
mexicana, S. pallida, S. chilensis, S. humicola, espécies ambientais com baixo potencial
patogênico, ou seja, raros agentes de infecção ((Rodrigues et al. 2020)
Destas as mais importantes no acometimento dos felinos domésticos são a S.
brasiliensis e a S. shenckii, temos, também, relato em literatura, de casos por S. pallida e S.
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não chegam em qualquer instituição. Estes fatores sugerem para uma incidência de esporo-
tricose muito mais altas que os dados existentes.
A doença não era um agravo de notificação compulsória até 27 de setembro de
2016, infelizmente a portaria inclui somente os casos humanos confirmados ou suspeitos,
os casos veterinários ficaram de fora desta portaria.
Mas mesmo assim, é feito através da notificação de um caso notificado, a varredura
do histórico, da origem da doença, se é uma sapronoze ou uma zoonose. Cabe ressaltar
aqui que todos os casos notificados no município foram transmitidos através da forma
zoonótica, do gato para a pessoa.
Com relação aos felinos contaminados, os dados são obtidos por avaliação clinica
epidemiológica e por coleta de material das lesões por SWAB, e realizada cultura fúngica
(Larsson & Lucas, 2016). A confirmação é obtida com o isolamento do Sporothrix spp. a
partir dos exsudatos das lesões (Araújo et al., 2020; Barros et al., 2012; Marques-Melo et
al., 2014; Marques et al., 1993; Pires, 2017; Silva et al., 2015) realizadas no Laboratório do
Centro de controle de zoonoses do município de São Paulo.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Esporotricose é uma micose que atinge o tecido cutâneo e subcutâneo, causada por
um fungo, o Sporothrix schenckii , é distribuído no solo, na água, matérias em decomposição,
encontrado em regiões tropicais e também subtropicais ( Barros, 2011; Chakrabarti,2015).
No Brasil o primeiro caso humano foi relato em 1907, por Lutz e Splendore, detectado
em camundongos que desenvolveram a doença naturalmente, mas a doença já havia sido
descrita desde 1898 por Benjamim Schenck em Baltimore. Há também relatos de casos
em outros animais, esquilos, calopsitas, papagaios, cachorros, eqüinos, galinhas( Rippon,
1998), mas sem apresentar potencial zoonótico como o gato doméstico ( Schubach, 2012).
Nos humanos, a doença está relacionada com atividades rurais, afetando jardineiros,
trabalhadores agrícolas e fazendeiros, embora a doença seja atribuída ao fungo Sporothrix
schenckii , é de conhecimento que a doença é causada por um grupo de espécies que
conhecemos como Complexo Sporothrix schenckii(( de Beer, 2003; Marimon, 2006),grupo
este composto por espécies patogênicas, com maior potencial e importância clinica , entre
elas a S. schenckii, S. brasiliensis, S. globosa e S. luriel e espécies ambientais com baixo
potencial de patogenicidade , como a S. mexicana, S. pallida, S. chilensis, e a S. humicola,
contudo são menos frequentes casos ( Schubach et al., 2012)
A forma mais comum, ou clássica, de se adquirir a patogenia, ocorre de forma
traumática, com contato com solo, espinhos, madeira contaminados, porém também pode
acontecer por mordeduras, arranhaduras ou por contato com lesões de animais, principal-
mente felinos, infectados, sabemos que a contaminação humano-humano é muito rara (
Rodrigues, 2016).
No Brasil, a epidemia, de perfil zoonótico, é relatada a partir da década de 1990, no
Rio de Janeiro, considerado o epicentro da esporotricose , mas também com ocorrência
em São Paulo, Minas Gerais, Espirito Santo, estes 3 Estados limítrofes com o Rio de
Janeiro , mas também com grande incidência no Rio Grande do Sul ( Gremião et al. , 2020;
Montenegro et al. , 2014; Paiva et al. , 2020; Rodrigues et al., 2020).
A esporotricose é considerada uma doença negligenciada, um grave problema de
saúde pública e vem tomando proporções de epidemia, muito associada às áreas de
vulnerabilidade social ( Pereira, 2014).
Muitas pessoas que adquirem a esporotricose temerosas por ocorrer outras con-
taminações, acabam abandonando seus gatos , este fato acaba favorecendo o aumento
da doença, bem como através da morte de seus animais, enterrados ou abandonados em
terrenos baldios contribuem com a contaminação do ambiente (Barros, 2010)
As características dos gatos envolvidos na cadeia de transmissão são: gatos que
possuem casa, mas tem acesso à rua, ou gatos que vivem nas ruas; em sua maioria
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machos, não castrados, que acabam se envolvendo nas disputas por fêmeas no cio, e
sendo contaminados por arranhaduras e mordeduras de gatos contaminados com a doença
e portadores saudáveis; faixa etária de 2 a 3 anos , e que não possuem raça definida. Estes
animais acabam por serem fontes de contaminação para os humanos e outros animais
domésticos, então desta forma, não só os trabalhadores rurais são considerados como
grupo de risco , mas também, os tutores de gatos, cuidadores de animais, profissionais
de banho e tosa, profissionais veterinários e estudantes de medicina veterinária podem se
contaminar ocasionalmente por arranhaduras e mordeduras destes animais (Pereira, 2014).
O diagnóstico é realizado pelo isolamento do agente patogênico em cultura, técnicas
histológicas e citológicas podem ser utilizadas para a confirmação do mesmo (Gremião,
2015).
Além das lesões cutâneas, obseerva-se também lesões fúngicas em figado, pulmões,
baço e linfonodos (Schubach, 2003). Temos a padronização de um exame de técnica ELISA
( Ensaio imunoenzimático) que tem o objetivo encontrar no material anticorpos específicos
contra o S. schenckii em felinos, sendo importante ferramenta para a identificação da
esporotricose ( Nelson & Couto, 2006).
Em alguns casos , pode ser realizada a indicação de criocirurgia, para lesões com
grande extensão, associada ao uso concomitante do itraconazol via oral, este protocolo
terapêutico, geralmente, tem bons resultados e sucesso ( Souza, 2016). Mas o prognóstico
para os gatos depende da extensão , quantidade e localização das lesões, bem como
comprometimentos respiratórios, a condição clinica geral , o tipo de cepa com virulência
variável interferindo diretamente na resposta do tratamento entre os indivíduos infectados.
A cooperação dos responsáveis pelos pacientes é de fundamental importância para termos
êxito no tratamento ( Schubach, 2012).
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3 MATERIAIS E MÉTODOS
Guarulhos tem mais de 1600 Setores Censitários, mas em apenas 8 setores censitá-
rios ( Bairros: São João, Bonsucesso, Nova Bonsucesso, Pimentas, Parque Santos Dumont,
Cabuçu, Vila Carmela e Parque Residencial Bambi) observam-se 50% dos casos de gatos
e humanos com esporotricose. Na realidade de Guarulhos não se consegue tratar todos os
setores censitários com equidade.
Observa-se, ao longo dos anos, o aumento significativo de casos, que se acentuaram
principalmente após a regulamentação da notificação compulsória para casos humanos no
município, esta característica se deve pela investigação nas áreas de incidência da doença
em humanos, levando à identificação dos casos nos felinos , estes diretamente relacionados
aos casos notificados. Cabe ressaltar que, embora, tenhamos dados suficientes para
perceber que os casos de esporotricose no município apresenta perfil de epidemia, sabemos
que estes dados estão muito longe da realidade da doença, sabe-se que o número de
casos deve muito maior dos que estão sendo apresentados neste trabalho e que por uma
questão de negligência e até mesmo ignorância sobre a doença , muitos animais são mortos,
enterrados, jogados em terrenos baldios, riachos e rios ou até mesmo abandonados em
outros municípios próximos.
24
2011 2
2012 5
2013 9
2014 24
2015 171
2016 437
2017 711
2018 936
2019 1221
2020 1366
Figura 10 – Serie temporal de casos de esporotricose felina , notificações entre 2011 e 2022 pelo
Serviço de Vigilância de Zoonoses do Município de Guarulhos. Cidade de Guarulhos,
2011-2022
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As áreas em vulnerabilidade econômica tem relação direta com o aumento dos casos
de esporotricose felina , essas áreas exigem um suporte maior, com abordagens integradas,
e inseridas em políticas públicas condizentes com a redução da desigualdade social (
Baquero, 2021). Desta forma identificar estas áreas, dentro do município de Guarulhos
é fundamental para podermos ter diretrizes e planejar o trabalho a ser desenvolvido nas
diferentes áreas e setores censitários que o município possui.
A existência de áreas silenciosas é um grande desafio, como, por exemplo, realizar a
vigilância nestas áreas, setores censitários com alta vulnerabilidade social sem histórico
de casos discriminados (Baquero, et al., 2021). Um exemplo, são as regiões, dentro de
Guarulhos, onde não temos nenhum relato de caso da doença, porém que possuem
características indicadoras de que a doença pode estar ali presente, regiões rurais, com
mata preservada, com moradias irregulares, em vulnerabilidade social, inexistência de
saneamento básico, com uma população de gatos presente, mas que até hoje não tivemos
nenhuma notificação de casos da esporotricose humana e também felina.( Vigilância
Sanitária, Secretaria da Saúde, Centro de Controle de zoonoses de Guarulhos, 2021).
A tomada de medidas para intervir na doença animal terá grande impacto no atual
cenário, gerando menos custos ao Sistema Único de Saúde a longo prazo e prevenindo
os tutores de gatos domésticos e seus animais, as principais vítimas da doença ( Baquero,
2021).
Cerca de 93% dos casos suspeitos, foram confirmados pelo isolamento do fungo,
mostrando, desta forma que o diagnóstico clínico nas áreas endêmicas com o diagnóstico
laboratorial são eficientes (Gonsales, 2018).
Complicações reais para o êxito no tratamento e diminuição desta epidemia:
Falta de programas de controle de esporotricose felina;
Falta de medicação gratuita (disponibilidade da medicação);
Alta frequência de abandono do tratamento (30 a 40% );
Falta de guarda responsável;
Aumento do número de gatos criados como pets (tutores sem práticas responsãveis),
aumentam , por negligência, a transmissão cruzada.
Falta de conhecimento das medidas de controle da esporotricose pela população;
Casos em regiões de condições econômicas desfavorecidas e serviços de saúde
precários;
Ausência de medidas de educação.
5 CONCLUSÃO
6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS