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Thays Rodrigues de Jesus, Lully Gabrielly Silva Alves, Diêgo de Sousa Arruda

Lopes, Saulo José Figueiredo Mendes, Izabel Cristina Portela Bogéa Serra
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DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO TÓPICA À BASE


DE BYRSONIMA CRASSIFOLIA PARA TRATAMENTO DE
CANDIDÍASE CUTÂNEA

DEVELOPMENT OF A TOPICAL FORMULATION BASED ON


BYRSONIMA CRASSIFOLIA FOR THE TREATMENT OF
CUTANEOUS CANDIDIASIS

DESARROLLO DE UNA FORMULACIÓN TÓPICA A BASE DE


BYRSONIMA CRASSIFOLIA PARA EL TRATAMIENTO DE LA
CANDIDIASIS CUTÁNEA

Thays Rodrigues de Jesus1


Lully Gabrielly Silva Alves2
Diêgo de Sousa Arruda Lopes3
Saulo José Figueiredo Mendes4
Izabel Cristina Portela Bogéa Serra5

DOI: 10.54751/revistafoco.v16n6-076
Recebido em: 10 de Maio de 2023
Aceito em: 13 de Junho de 2023

RESUMO
A Candida parapsilosis é um fungo leveduriforme que está dentre as espécies
causadoras da candidiase cutânea. Se trata de um organismo que têm desenvolvimento
patológico predominante em pacientes imunocoprometidos, em especial em ambientes
hospitalares. A candidíase cutânea tem maior prevalência em áreas mais quentes do
corpo e com dobras, como: axilas e virilhas. São utilizados atualmente antifúngicos
tópicos e/ou orais para o tratamento. No entando a espécie Candida parapsilosis vêm
apresentando resistência aos antifúngicos convencionais. Com isso torna-se necessário
pesquisas para o desenvolvimento de novas opções terapêuticas. Entre as pesquisas
já realizadas se destaca o uso de plantas medicinais, dentre elas a espécie Byrsonima
crassifolia, visto respostas antifúngicas de diferentes extratos frente a fungos do gênero
Candida sp. Objetivos: Criar uma formulação tópica a base do extrato hidroalcoólico das
folhas da Byrsonima crassifolia e submetê-la a testes de controle de qualidade.
Métodos: Para isso, foram realizados os procedimentos de coleta, secagem e moagem
das folhas, seguidos pela obtenção do extrato hidroalcoólico por meio de maceração. A
1
Graduanda em Farmácia. Universidade Ceuma (UniCEUMA). Rua Anapurus, 1, Renascença II, São Luís - MA,
CEP: 65075-120. E-mail: thaysrodrigues2018@outlook.com
2
Mestranda em Biologia Microbiana. Universidade Ceuma (UniCEUMA). Rua Anapurus, 1, Renascença II, São
Luís - MA, CEP: 65075-120. E-mail: lully021481@ceuma.com.br
3
Mestre em Ciências da Saúde. Centro Universitário Unidade de Ensino Dom Bosco (UNDB). Av. Cel. Colares Moreira,
443, Jardim Renascença, São Luís - MA, CEP: 65075-441. E-mail: arruda.diego@ymail.com
4
Doutor em Biotecnologia. Universidade Ceuma (UniCEUMA). Rua Anapurus, 1, Renascença II, São Luís - MA,
CEP: 65075-120. E-mail: saulo.mendes@ceuma.br
5
Doutora em Biotecnologia. Universidade Ceuma (UniCEUMA). Rua Anapurus, 1, Renascença II, São Luís - MA,
CEP: 65075-120. E-mail: izabogea@uol.com.br

Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.6|e2260| p.01-17 |2023


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DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO TÓPICA À BASE DE
BYRSONIMA CRASSIFOLIA PARA TRATAMENTO DE CANDIDÍASE CUTÂNEA
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solução extratora utilizada foi uma mistura hidroalcoólica contendo etanol absoluto e
água destilada na proporção de 70:30 (v/v). O extrato hidroalcoólico (EHB) foi submetido
à análise fitoquímica e antifúngica, e posteriormente utilizado como ingrediente ativo em
um creme antifúngico desenvolvido com EHB 5% e creme base (qsp 100%). O creme
foi submetido a testes avaliando-se suas características organolépticas (cor, odor e
aspectos visuais) por meio de avaliação macroscópica, mensuração do pH com auxílio
de pHmetro, densidade por meio do método de densidade aparente, centrifugação e
estresse térmico por meio do aumento gradativo da temperatura. Resultados: O EHB
apresentou CIM de 1mg/mL. Obteve-se um creme à base do extrato hidroalcoólico das
folhas de Byrsonima crassifolia com pH 5.7, densidade 0.90 g/mL, características
organolépticas própria da formulação, não houve separação de fases no teste de
centrifugação e manteve-se resistente ao estresse térmico até 55°C. Conclusão: Os
resultados obtidos demonstraram a viabilidade do uso de Byrsonima crassifolia como
fonte de compostos com atividade antifúngica e a possibilidade de desenvolvimento de
um creme antifúngico a partir de seus extratos. Este trabalho contribui para o
conhecimento sobre as propriedades farmacológicas de plantas nativas da região, bem
como para o desenvolvimento de novos medicamentos.

Palavras-chave: Planta medicinal; forma farmacêutica; antifúngicos.

ABSTRACT
Candida parapsilosis is a yeast-like fungus that is among the species that cause
cutaneous candidiasis. It is an organism that has a predominant pathological
development in immunocompromised patients, especially in hospital environments.
Cutaneous candidiasis is more prevalent in warmer areas of the body and with folds,
such as: armpits and groin. Topical and/or oral antifungals are currently used for
treatment. However, the species Candida parapsilosis has shown resistance to
conventional antifungals. This makes research necessary for the development of new
therapeutic options. Among the research already carried out, the use of medicinal plants
stands out, among them the species Byrsonima crassifolia, given the antifungal
responses of different extracts against fungi of the genus Candida sp. Objectives: To
create a topical formulation based on the hydroalcoholic extract of Byrsonima crassifolia
leaves and submit it to quality control tests. Methods: For this, the procedures for
collecting, drying and grinding the leaves were carried out, followed by obtaining the
hydroalcoholic extract through maceration. The extracting solution used was a
hydroalcoholic mixture containing absolute ethanol and distilled water in a ratio of 70:30
(v/v). The hydroalcoholic extract (EHB) was submitted to phytochemical and antifungal
analysis, and later used as an active ingredient in an antifungal cream developed with
5% EHB and base cream (qsp 100%). The cream was submitted to tests evaluating its
organoleptic characteristics (color, odor and visual aspects) through macroscopic
evaluation, pH measurement with the aid of a pH meter, density through the apparent
density method, centrifugation and thermal stress through the gradual increase in
temperature. Results: The EHB presented a MIC of 1mg/mL. A cream was obtained
based on the hydroalcoholic extract of the leaves of Byrsonima crassifolia with pH 5.7,
density 0.90 g/mL, organoleptic characteristics specific to the formulation, there was no
phase separation in the centrifugation test and it remained resistant to thermal stress up
to 55 °C. Conclusion: The results obtained demonstrated the feasibility of using
Byrsonima crassifolia as a source of compounds with antifungal activity and the
possibility of developing an antifungal cream from its extracts. This work contributes to
the knowledge about the pharmacological properties of plants native to the region, as
well as to the development of new drugs.

Keywords: Medicinal plant; dosage form; antifungals.

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RESUMEN
Candida parapsilosis es un hongo parecido a una levadura que se encuentra entre las
especies que causan candidiasis cutánea. Es un organismo que tiene un desarrollo
patológico predominante en pacientes inmunocomprometidos, especialmente en
ambientes hospitalarios. La candidiasis cutánea es más frecuente en las zonas más
cálidas del cuerpo y con pliegues, como: axilas e ingles. Actualmente se utilizan
antifúngicos tópicos y/u orales para el tratamiento. Sin embargo, la especie Candida
parapsilosis ha mostrado resistencia a los antifúngicos convencionales. Esto hace
necesaria la investigación para el desarrollo de nuevas opciones terapéuticas. Entre las
investigaciones ya realizadas se destaca el uso de plantas medicinales, entre ellas la
especie Byrsonima crassifolia, dadas las respuestas antifúngicas de diferentes extractos
frente a hongos del género Candida sp. Objetivos: Crear una formulación tópica a base
de extracto hidroalcohólico de hojas de Byrsonima crassifolia y someterla a pruebas de
control de calidad. Métodos: Para ello se realizaron los procedimientos de recolección,
secado y triturado de las hojas, seguido de la obtención del extracto hidroalcohólico
mediante maceración. La solución extractora utilizada fue una mezcla hidroalcohólica
que contenía etanol absoluto y agua destilada en una proporción de 70:30 (v/v). El
extracto hidroalcohólico (EHB) fue sometido a análisis fitoquímicos y antifúngicos, y
posteriormente utilizado como ingrediente activo en una crema antifúngica desarrollada
con 5% de EHB y crema base (qsp 100%). La crema se sometió a pruebas evaluando
sus características organolépticas (color, olor y aspectos visuales) mediante evaluación
macroscópica, medición de pH con ayuda de un pHmetro, densidad mediante el método
de densidad aparente, centrifugación y estrés térmico mediante el aumento gradual de
la temperatura. Resultados: El EHB presentó una CIM de 1mg/mL. Se obtuvo una crema
a base del extracto hidroalcohólico de las hojas de Byrsonima crassifolia con pH 5,7,
densidad 0,90 g/mL, características organolépticas propias de la formulación, no hubo
separación de fases en el ensayo de centrifugación y se mantuvo resistente al estrés
térmico hasta 55°C. Conclusión: Los resultados obtenidos demostraron la factibilidad de
utilizar Byrsonima crassifolia como fuente de compuestos con actividad antifúngica y la
posibilidad de desarrollar una crema antifúngica a partir de sus extractos. Este trabajo
contribuye al conocimiento de las propiedades farmacológicas de las plantas nativas de
la región, así como al desarrollo de nuevos fármacos.

Palabras clave: Planta medicinal; forma farmacéutica; antifúngicos.

1. Introdução
A resistência aos antifúngicos está se tornando um problema crescente
no tratamento de infecções fúngicas, levando à necessidade de encontrar novas
alternativas terapêuticas (WIEDERHOLD, 2017). Plantas medicinais têm sido
amplamente utilizadas na medicina tradicional para o tratamento de diversas
doenças, incluindo infecções fúngicas. Essas plantas são fontes potenciais de
compostos bioativos com atividade antifúngica, que podem ser utilizados para
desenvolver novos produtos terapêuticos (MURTAZA et al., 2015).
Dentre essas espécies vegetais, cita-se Byrsonima crassifolia. Conhecida
popularmente como murici, é uma espécie vegetal nativa da região nordeste do

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Brasil, presente principalmente nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio


Grande do Norte e Ceará. Essa planta é amplamente utilizada na medicina
popular para tratar uma variedade de doenças, incluindo distúrbios
gastrointestinais, infecções respiratórias e doenças de pele (OLIVEIRA, et al.,
2017).
Além de suas propriedades medicinais, Byrsonima crassifolia também é
valorizada por sua importância ecológica e socioeconômica (DIAS et al., 2022).
A planta, ainda, é importante fonte de alimento para a fauna local, incluindo
pássaros, macacos e pequenos mamíferos. Além disso, a colheita e o comércio
do fruto de murici têm papel significativo na economia das comunidades locais.
A espécie vegetal B. crassifolia tem despertado interesse científico devido
às suas propriedades medicinais e atividades biológicas. Entre essas atividades,
destaca-se a atividade antifúngica demonstrada contra fungos, incluindo a
Candida albicans (QUINTANILLA et al., 2016).
Estudos têm investigado o potencial antifúngico de extratos de B.
crassifolia em relação à Candida albicans, que é um dos principais agentes
causadores de infecções fúngicas em humanos. Resultados promissores têm
sido obtidos, evidenciando a capacidade desse extrato em inibir o crescimento e
a proliferação da Candida albicans in vitro (SCAVINO et al.,2015; SANTOS, et
al., 2018).
Além disso, outras espécies vegetais próximas a B. crassifolia tem
demonstrado atividade antifúngica. Em um estudo realizado com a espécie
vegetal B. gardneriana mencionou-se que a atividade antifúngica do extrato
etanólico das folhas pode estar relacionada à presença de fitoconstituintes como
triterpenos e flavonoides, que têm sido associados a atividades biológicas
importantes, incluindo atividade antifúngica em outros estudos. Ainda, o estudo
sugeriu que o potencial antioxidante verificado no trabalho pode estar
relacionado à capacidade da planta em neutralizar os radicais livres, o que pode
ser importante na prevenção de doenças relacionadas ao estresse oxidativo
(MELO et al., 2021).
Além da Candida albicans, outros fungos, como Candida tropicalis,
Candida krusei, Candida glabrata e Candida parapsilosis, também têm sido alvo

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de estudos para avaliar a atividade antifúngica da B. crassifolia. Esses estudos


têm revelado resultados promissores, indicando que o extrato dessa espécie
vegetal pode apresentar atividade inibitória ou letal contra esses fungos,
oferecendo potenciais alternativas terapêuticas para o tratamento de infecções
fúngicas (FERREIRA, 2022).
Assim, a atividade antifúngica da B. crassifolia em relação à Candida
albicans e outros fungos têm sido amplamente investigada, revelando seu
potencial como fonte de compostos bioativos para o desenvolvimento de
estratégias terapêuticas no combate a infecções fúngicas.
Candida parapsilosis representada é uma levedura comumente
encontrada na microbiota humana, especialmente na pele e nas mucosas. Essa
espécie tem se tornado um patógeno oportunista cada vez mais frequente em
infecções hospitalares, especialmente em pacientes imunocomprometidos e
aqueles com cateteres ou outros dispositivos médicos invasivos. Infecções
causadas por Candida parapsilosis são frequentemente difíceis de tratar, uma
vez que essa espécie tem demonstrado uma crescente resistência a antifúngicos
convencionais (ARASTEHFAR et al., 2020). Além disso, a capacidade de
formação de biofilmes por Candida parapsilosis em dispositivos médicos, como
cateteres, pode dificultar ainda mais o tratamento e aumentar o risco de
infecções recorrentes. Outro aspecto interessante é o fato desse fungo provocar
micose na pele (TÓTH et al., 2019).
A micose cutânea causada por Candida parapsilosis é conhecida como
candidíase cutânea ou dermatite de fralda. Geralmente ocorre em áreas úmidas
e quentes, como as axilas, virilha, debaixo dos seios e nas áreas de dobra da
pele. Os sintomas incluem vermelhidão, coceira, descamação e lesões que
podem apresentar-se com exsudação (TAUDORF et al., 2019). O tratamento da
candidíase cutânea envolve a aplicação de antifúngicos tópicos, como o
clotrimazol, miconazol ou nistatina. Em casos mais graves ou resistentes, pode
ser necessário o uso de medicamentos orais, como o fluconazol. É importante
manter a pele seca e limpa, usar roupas leves e arejadas e evitar o uso de
produtos que possam irritar a pele, como sabonetes perfumados e produtos à
base de álcool. Além disso, é fundamental tratar outras doenças que possam

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comprometer o sistema imunológico, como a diabetes e a AIDS, para prevenir o


surgimento de novas infecções por Candida parapsilosis (SILVA et al., 2013).
Diante desse cenário, é de extrema importância o desenvolvimento de
novas estratégias terapêuticas para o tratamento de infecções de pele por
Candida parapsilosis e o fato de já ter sido demonstrada atividade antifúngica
dessa espécie vegetal, esse trabalho teve como objetivo testar o extrato
hidroalcoólico das folhas de B. crassifolia frente a C. parapsilosis; desenvolver
um creme a partir desse extrato e realizar o controle de qualidade, analisando
as características organolépticas (cor, odor, aspecto visual) e físico-químicos (pH
e densidade), estresse térmico e centrifugação.

2. Métodos
2.1 Coleta, Secagem e Moagem
Para coletar o material vegetal utilizado nesta pesquisa, foi selecionado
um espécime de Byrsonima crassifolia localizada no bairro Turu, São Luís–MA,
Brasil. As coordenadas geográficas da área de estudo foram latitude -2,5080 e
longitude -44,2285. As folhas foram coletadas no mês de fevereiro de 2022, no
início da manhã com ausência de chuva. Para a coleta, selecionou-se as folhas
que apresentavam homogeneidade de tamanho, integridade e coloração. Após
coleta, as folhas foram armazenadas em sacos plásticos identificados e
transportadas para o Laboratório de Farmacognosia da Universidade Ceuma,
onde foram processadas para análise. As folhas foram limpas com papel
delicado e posteriormente secas em estufa a 40°C por 48 horas, até que
estivessem completamente secas. Após a secagem, as folhas foram trituradas
manualmente. A amostra foi, ainda, identificada por especialistas do Herbário
MAR da Universidade Federal do Maranhão, utilizando chaves taxonômicas e
comparação com espécimes depositados no Herbário.

2.2 Preparação do Extrato Hidroalcoólico


Para preparar o extrato hidroalcoólico, as folhas secas e moídas foram
submetidas a técnica de maceração utilizando-se uma mistura hidroalcoólica
composta por etanol absoluto (99,8%) e água destilada na proporção de 70:30

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(v/v). A mistura foi adicionada ao recipiente contendo a amostra na proporção de


10:1 (v/w), ou seja, 10 mL da mistura hidroalcoólica para cada grama da amostra
vegetal seca. O recipiente foi mantido em repouso em temperatura ambiente por
sete dias, com agitação diária. Após o período de maceração, o extrato foi filtrado
em papel de filtro, utilizando um funil de vidro, para remover os resíduos sólidos.
O extrato filtrado foi concentrado em rotaevaporador a 45°C, sob pressão
reduzida, até obtenção de um extrato hidroalcóolico das folhas de Byrsonima
crassifolia concentrado (EHB) que foi acondicionado em frascos de vidro âmbar
com tampa hermética e armazenado sob refrigeração (4°C) para realização das
análises. Esse extrato foi utilizado posteriormente na elaboração da formulação
do creme antifúngico.
Todos os procedimentos adotados na preparação do extrato
hidroalcoólico seguiram as normas de segurança e foram realizados em
ambiente de fluxo laminar. O etanol utilizado na preparação do extrato foi de grau
farmacêutico e adquirido de fornecedores confiáveis. Os resíduos gerados
durante o processo de preparação do extrato foram descartados em local
adequado, seguindo as normas de segurança e meio ambiente estabelecidas.

2.3 Análise Fitoquímica


A análise fitoquímica foi realizada utilizando a técnica descrita por Matos
(1997). Foram investigados os seguintes grupos de compostos: alcaloides,
esteroides/triterpenos, cumarinas, flavonoides, taninos, saponinas e
antraquinonas. Os resultados foram avaliados pela presença ou ausência de
coloração e precipitação de reagentes específicos para cada grupo de
compostos investigados e expressos nos seguintes parâmetros: presença
abundante (+++), presença moderada (++), presença fraca (+) e ausência (-).
Todos os procedimentos adotados na análise fitoquímica seguiram as normas
de segurança. Os resíduos gerados durante o processo de análise foram
descartados em local adequado, seguindo as normas de segurança e meio
ambiente estabelecidas. Os testes foram realizados em triplicata.

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2.4 Análise Antifúngica


A atividade antifúngica do EHB foi avaliada pelo método de microdiluição
em caldo, de acordo com protocolo descrito por Clinical and Laboratory
Standards Institute (CLSI) (M27-A3) e documentado em estudos anteriores
(Souza et al., 2015).
Para o teste, utilizou-se a suspensão de células fúngicas em caldo RPMI
(Roswell Park Memorial Institute), ajustado para uma concentração de 0,5 x 10 3
células/mL. Foram preparadas diluições seriadas do EHB em DMSO
(dimetilsulfóxido) em concentrações que variaram de 0,1 a 1000 µg/mL. Para a
realização do teste, 100 µL de cada diluição foram adicionados em poços de
microplaca estéril. Em seguida, 100 µL da suspensão fúngica foram adicionados
a cada poço, exceto no poço de controle negativo que foi adicionado apenas
caldo RPMI. A placa foi incubada em estufa a 35°C durante 24 horas. Após esse
período, 10 µL do indicador de viabilidade (resazurina a 0,01%) foram
adicionados em cada poço e a placa foi incubada novamente em estufa a 35°C
durante 4 horas. A coloração roxa indicou a viabilidade das células fúngicas,
enquanto a coloração rosa indicou a morte celular. EBH foi submetido a ensaios
adicionais para determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a
Concentração Fungicida Mínima (CFM). A CIM foi definida como a menor
concentração de extrato que inibiu o crescimento fúngico em mais de 50%. A
CFM foi definida como a menor concentração de extrato que resultou em morte
de 99,9% das células fúngicas. Todos os experimentos foram realizados em
triplicata e os resultados foram expressos como média e desvio padrão. Os
testes foram realizados em ambiente de fluxo laminar e seguindo as normas de
segurança estabelecidas.

2.5 Preparação do Creme Antifúngico


O creme foi desenvolvido na Farmácia Universitária Drª Terezinha Rêgo
da Universidade Ceuma (UNICEUMA), na cidade de São Luís - MA. O creme
antifúngico foi formulado seguindo as normas de Boas Práticas de Manipulação
de Medicamentos (RDC 67/2007). O creme base utilizado foi uma emulsão do
tipo óleo em água (O/A) em que teve em sua composição: água, cera

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emulsificante, óleo mineral, glicerina, lanolina, ciclopentasiloxano, imidazolinidi


ureia, EDTA (ácido etilenodiamino tetraacético), pentaeritritil tetra-Di-t-butil
hidroxihidrocinnamato, metilcloroisotiazolinona e metilisotiazolinona. O creme foi
preparado utilizando-se EHB a 5% e creme base (qsp 100%), conforme descrito
no Quadro 1. Todos os insumos empregados na formulação do creme base
foram adquiridos comercialmente de empresas brasileira confiáveis, assim como
todos os laudos foram disponibilizados.

Quadro 1: Componentes da formulação do creme á base de Byrsonima crassifolia.


Ingredientes Concentração Função
Ext. hidroalcoólico das folhas de B. crassifolia 5% Ativo antifúngica
Creme base Qsp. 100% Veículo
Fonte: próprio autor.

2.6 Controle de Qualidade do Creme Antifúngico


O controle de qualidade desempenha um papel fundamental na indústria
farmacêutica, garantindo que os produtos atendam aos padrões estabelecidos
de segurança, eficácia e qualidade. No caso de um creme feito a partir do B.
crassifolia, fruta típica, é essencial realizar um controle rigoroso para garantir a
excelência do produto. Neste trabalho, foram realizados os testes
organolépticos, físico-quimícos (pH e densidade), estresse térmico e
centrifugação. Discutiremos a importância do controle de qualidade desse creme
(ANVISA, 2004; ISAAC et al., 2008).

2.6.1 Características Organolépticas


Foram analisados os seguintes parâmetros: aspecto visual, cor e odor. A
preparação foi classificada através de visualização macroscópica e olfativa, com
auxílio de luz comum (ANVISA, 2008). Os resultados foram expressos conforme
descrito no Quadro 2.

Quadro 2: Avaliação das Características Organolépticas.


NORMAL, com aspecto homogêneo, superfície lisa, sem presença de grumos
(N)
aparentes, coloração normal e odor característico.

LEVEMENTE ALTERADO, com aspecto sutilmente heterogêneo, superfície com


(L)
presença de pequenos grumos, levemente turvo e odor levemente modificado.

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ALTERADO, com aspecto heterogêneo, superfície com presença de grumos


(A)
aparentes, nítida separação de fases, opaco e odor fortemente modificado.
Fonte: próprio autor.

2.6.2 Determinação de Ph
A formulação foi analisada utilizando um pHmetro digital. Dois eletrodos
foram imersos na amostra, tendo seus valores mensurados através da diferença
de potencial, indicando acidez, neutralidade ou alcalinidade (ISAAC et al, 2008).

2.6.3 Determinação de Densidade


A densidade aparente foi representada pela razão da massa (g) do
produto e o volume (ml) que ele ocupa. Foi pesado em balança semi-analítica,
(Gehaka, Mod. BK 8000), 5 g da formulação, sendo então transferido para uma
proveta, para mensuração do volume (ANVISA, 2008). O resultado foi expresso
em D= massa (g)/ volume (ml).

2.6.4 Teste de Centrifugação


Em tubo de ensaio cônico graduado para centrífuga (Daiki, Mod. 80-2B,
Display digital) foram adicionados 5 g do produto, pesados em balança semi-
analítica (Gehaka, Mod. BK 8000) submetido à rotação de 3000 rpm, durante 30
minutos à temperatura ambiente, sendo observado a ausência ou não de
separação de fases (IDSON, 1988; RIEGER, 1996). A avaliação foi realizada
visualmente com auxílio de luz comum (ANVISA, 2008).

2.6.5 Estresse Térmico


O creme (4 g) foi submetido ao aquecimento em banho termostatizado
(KACIL Ltda-Mod. BM-02) na faixa de temperatura de 40°C a 70°C, sendo
aumentado 5°C a cada 30 minutos, na qual avaliou a ocorrência ou não de
separação de fases, indicando estabilidade do produto (PIANOVSKI et al, 2008).
O teste seguiu as seguintes classificações: sem alteração (AS), levemente
modificada (LM), modificada (M), intensamente modificada (IM) e separação de
fases (SF) (ANVISA, 2008).

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3. resultado
3.1 Preparação do Extrato Hidroalcoólico
O extrato hidroalcoólico de Byrsonima crassifolia foi preparado, seguindo
todas as orientações de coleta, secagem, trituração, extração e filtração,
descritas no item 2.1, apresentando: odor característico, coloração verde musgo,
aspecto caraterístico. A exsicata analisada no Herbário-MAR da Universidade
Federal do Maranhão foi registrada sob o número 13472.

3.2 Análise Fitoquímica


A análise fitoquímica do Byrsonima crassifolia foi realizada segundo a
Metodologia de Matos (1997). O resultado está na Tabela 1.

Tabela 1: Resultado da análise fitoquímica do EFBC.


TESTE RESULTADO
Flavonoides +++

Taninos Hidrolisáveis +++


Saponinas +
Alcaloides -
Legenda: (-) Ausente; (+) Fraco; (++) Moderado; (+++) Abundante/Forte.
Fonte: Matos (1997).

3.3 Avaliação da Atividade Antifúngica do Extrato


A concentração inibitória mínima (CIM) encontrada em Byrsonima
crassifolia foi de 1mg/mL frente a cepa de Candida parapsilosis ATCC 22019.
Não foi encontrado concentração fungicida mínima (CFM) no extrato das folhas
de Byrsonima crassifolia, uma vez que provavelmente esse extrato apresenta
atividade fungistática.

3.4 Controle de Qualidade do Creme Antifúngico


3.4.1 Características Organolépticas
Em suas características organolépticas o creme mostrou-se dentro da
normalidade, apresentando-se homogêneo, com textura lisa, sem grumos, com
coloração e odor característico. Avaliado através de visualização macroscópica,
tato e olfato.

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3.4.2 Determinação de pH (Potencial Hidrogênico)


Foi mensurado o pH do creme apresentando um pH de 5,7, com isso
revelando um caracter ácido. Sabe-se que a pele humana se encontra dentro da
normalidade com variação de pH entre 4,0 a 6,5 (ALVES et al, 2016).

3.4.3 Determinação de Densidade


Realizado também o teste de densidade do creme à base de Byrsonima
crassifolia apresentando como resultado de 0,90 g/mL. Dentro dos padrões
ideais para com uma aplicação adequada.

3.4.4 Teste de Centrifugação


Após o teste observou-se que mesmo submetendo o creme a
centrifugação com rotação de 3000 rpm durante 30 minutos, não há separação
de fases, apresentando-se assim ideal e estável.

3.4.5 Estresse Térmico


Ao ser submetido a uma temperatura a partir de 40°C, elevando-a 5°C a
cada 30 min, não houve a divisão de fases até à temperatura de 55°C.

Quadro 3: Resultado dos Testes de Estabilidade Preliminar: características organolépticas, pH,


densidade, resistência térmica do creme á base de Byrsonima crassifolia.
Avaliações Resultados
Aspecto Normal
Cor Característica
Odor Característico
pH 5,66
Densidade 0,90 g/Ml
Resistência térmica 55°c
Fonte: próprio autor.

4. Discussão
O desenvolvimento de novas formulações farmacêuticas é de grande
importância para o tratamento de diversas patologias, dentre as quais se
destacam as infecções fúngicas. Essas infecções são comuns e podem afetar
diferentes áreas do corpo humano, incluindo a pele (GARG et al., 2020). Nesse
sentido, a preparação de cremes antifúngicos é uma estratégia terapêutica
importante, visando promover a eliminação do fungo causador da infecção e

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aliviar os sintomas associados (AGIDIGBI et al., 2019).


Neste trabalho, foi desenvolvido um creme antifúngico a partir do extrato
hidroalcoólico das folhas da espécie vegetal B. crassifolia. Nesse trabalho foi
possível observar que o EHB apresentou concentração inibitória mínima (CIM)
de 1mg/mL. Concentração inibitória mínima corresponde a menor concentração
de um composto que inibe o crescimento de uma cepa bacteriana ou fúngica. A
CIM é uma medida importante da eficácia de um composto antimicrobiano e é
amplamente usada para avaliar a atividade dos medicamentos antifúngicos. A
CIM de 1mg/mL indicou uma atividade antifúngica significativa do extrato
hidroalcoólico em questão frente a C. parapsilos.
A C. parapsilosis é uma levedura que pode causar infecções graves em
pacientes hospitalizados, principalmente em neonatos, idosos e
imunocomprometidos. Infecções de pele provocadas por C. parapsilosis são
mais comuns em bebês prematuros, idosos, pacientes hospitalizados e
pacientes imunocomprometidos (ARASTEHFAR et al., 2020; FRANÇA., 2008).
Os sintomas das infecções de pele por Candida parapsilosis podem incluir
lesões cutâneas com coceira, vermelhidão e descamação da pele, que podem
se espalhar para outras partes do corpo. As infecções graves podem levar à
formação de úlceras e, em casos raros, disseminação para outras partes do
corpo, como sangue, ossos e órgãos internos. O diagnóstico das infecções de
pele por Candida parapsilosis pode ser feito por meio de exame clínico, cultura
de tecido ou líquido infectado e análise microscópica de amostras de tecido
(TAUDORF et al., 2019).
O tratamento geralmente envolve o uso de antifúngicos tópicos ou orais,
dependendo da gravidade da infecção. Para prevenir infecções de pele por
Candida parapsilosis, é importante manter a pele limpa e seca, evitar o uso
prolongado de antibióticos, tratar outras condições médicas subjacentes que
possam enfraquecer o sistema imunológico e tomar medidas para prevenir a
disseminação de infecções em ambientes hospitalares. O tratamento das
infecções fúngicas pode ser difícil devido à resistência aos medicamentos
antifúngicos, o que torna a busca por novos compostos promissores uma
prioridade na pesquisa. Segundo uma pesquisa realizada com neonatos na UTI

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em um hospital de Uberlândia, Brasil, mostrou a presença de infecções por


Candida parapsilosis na mucosa bucal (26,7%) e região perianal (20%) (GODIN,
et al, 2009).
Essas infecções afetam principalmente pacientes com fatores de risco,
como uso prolongado de antibióticos, imunossupressão e internação em
unidades de terapia intensiva. De acordo com um estudo publicado em 2017, a
Candida parapsilosis é responsável por cerca de 30% das infecções fúngicas em
hospitais no Chile. (SANTOLAYA, 2017).
Para isso, com resultado obtido da atividade antifúngica de EHB, decidiu-
se preparar um creme antifúngico, utilizando EHB (5%) e excipientes de
qualidade farmacêutica, a fim de garantir a eficácia e a segurança da formulação.
Na preparação, um creme base contendo: água, cera emulsificante, óleo mineral,
glicerina, lanolina, ciclopentasiloxano, imidazolinidi ureia, EDTA (ácido
etilenodiamino tetraacético), pentaeritritil tetra-Di-t-butil hidroxihidrocinnamato,
metilcloroisotiazolinona e metilisotiazolinona foi utilizado.
Posteriormente, foi realizado o controle de qualidade, analisando as
características organolépticas (cor, odor, aspecto visual) e físico-químicos (pH e
densidade), teste de centrifugação e estresse térmico. O pH do creme é uma
medida da acidez ou alcalinidade do produto. O valor de pH 5,7 observado no
trabalho, indica que o creme é levemente ácido, o que pode ser benéfico para a
pele, pois a pele tem um pH ligeiramente ácido em torno de 5,5. Isso significa
que o creme pode ajudar a preservar o equilíbrio ácido da pele e potencialmente
promover uma função de barreira saudável. Valores ideais de pH para forma
farmacêutica creme variam de 5,5 a 6,5 (ALVES et al, 2016). Quanto à
densidade, o valor de 0,90 g/mL indica a relação entre a massa e o volume do
creme. Essa densidade é relativamente próxima à densidade da água, que é de
aproximadamente 1 g/mL. Isso sugere que o creme tem uma consistência
próxima à da água e pode ser facilmente aplicado e absorvido pela pele. Dessa
forma, observa-se que o creme preparado a partir do extrato hidroalcoólico das
folhas da espécie vegetal Byrsonima crassifolia possui um pH levemente ácido
(5,7), o que pode ser benéfico para a pele, e uma densidade próxima à da água
(0,90 g/mL), indicando uma consistência adequada para aplicação e absorção

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cutânea (ANVISA, 2008).

5. Conclusão
O estudo permitiu a formulação de um creme antifúngico utilizando o
extrato hidroalcoólico das folhas de B. crassifolia. Tais dados forneceram uma
base sólida para pesquisas futuras sobre o uso de formulações antifúngicas
seguras e eficazes. Assim como, a avaliação da estabilidade do creme
antifúngico forneceu informações importantes sobre a estabilidade física e
química do produto, garantindo que o creme mantenha suas propriedades ao
longo do tempo. Porém, outros estudos complementares devem ser explorados
a fim de esclarecer o mecanismo de ação antifúngico exercido por essa espécie
vegetal, assim como realização de testes em outros modelos experimentais.

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