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Instrumentação Nuclear

 CURSO DE VERÃO – IF 2011



PARTE I – DETECTORES DE RADIAÇÃO

PARTE II – ELETRÔNICA E AQUISIÇÃO DE
DADOS

PARTE III – PROCESSAMENTO DIGITAL DE
PULSOS

Curso de Verão - IF 2011


Bibliografia
 Instrumentação Nuclear (Notas de Aulas)
 Fundamentos da Física de Nêutrons – C.
Zamboni (Editora) – Livraria da Física, 2007
 Radiation Detection and Measurement – Glenn
F. Knoll (John Wiley & Sons, 1989)
 Estrutura da Matéria (Notas de Aulas)

www.dfn.if.usp.br/~ribas/download

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Detectores de Radiação
 Interação de partículas carregadas e da
radiação eletromagnética com a matéria
 Detectores a gás
 Detectores cintiladores
 Detectores semicondutores

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Interação de Íons com a
Matéria
A perda de energia de uma partícula carregada
pesada em grande velocidade, i.é.:
v >> vo; vo=c/137 é a velocidade de Bohr se dá
principalmente por transferência de energia a
elétrons atômicos do meio freador.
(freamento eletrônico)
Para velocidades abaixo de vo, as colisões
elásticas íon-átomo começam a dominar
(freamento nuclear). Danos nos detectores!

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Freamento Eletrônico
 Região de altas velocidades: O íon em recuo está
completamente ionizado. Esta é a região Bethe-
Block, onde dE/dx ~ 1/E (região melhor conhecida)
 Região intermediária: A carga do íon varia
rapidamente, num processo dinâmico de captura e
perda de elétrons. À medida que sua velocidade
diminui, a carga iônica média vai diminuindo. Esta é
a região onde a força freadora atinge seu valor
máximo, também conhecido como pico de Bragg.
 Região de baixas velocidades (LSS): Nesta
região, a força freadora é aproximadamente
proporcional à velocidade do íon.
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Programas
 STOPX (Upak – simples, fácil de usar, muito útil na
preparação de experimentos de física nuclear)

http://www.dfn.if.usp.br/~ribas/download.html -
progs-1_i586.tgz
 SRIM (Trata com bem mais detalhes as interações,
danos, distribuições de alcance, etc.)

http://www.srim.org/
 GEANT – CERN Detector Description and
Simulation Tool.

http://wwwasd.web.cern.ch/wwwasd/geant/

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Interação de Fótons com a matéria
 Efeito fotoelétrico: Toda a energia do fóton
é absorvida por um único elétron.
 Espalhamento Compton: Um eletron
recebe parte da energia do fóton. Um fóton
de menor energia é emitido e em geral
escapa do detector.
 Produção de pares: Criação de um par
elétron-pósitron (se Ef > 2mec2)

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Interação de Fótons com a
matéria

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Espalhamento Compton
h
 ´   (1  cos  )
m0 c

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Detectores a gás –
Propriedades Gerais
 Modo corrente (monitoração e dosimetria)

um fluxo grande de radiação incide sobre o detector.
O resultado da medida é o número médio de
partículas/s incidindo no detector.
 Modo pulso

Coleta-se a carga depositada individualmente por
cada partícula incidente no detector. Este é o modo
empregado nos detectores empregado na
espectroscopia nuclear.

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Detector a gás

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Coleção de carga e formação
do pulso

RC tc

a) Detector ideal (C=0)


b) RC  tc
c) RC  tc

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Caracterização de um detector

 Resolução em energia:

N=número de portadores
de carga coletados
resolução limite (%):
F
R 2.35 2.35
N

F=Fator de Fano
(0<F<1)
(A resolução final
depende de muitos
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Eficiência

nregistrado
Intrínsec  int  nincidente
a:

nregistrado ninc  r2 r 2
 abs   int  int  int 2  
Absolut nemitido nemit 4 4d d 2

a:

nregistrado
Relativ  el  n det . padrão
registrado
a:
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Produção de pares e-íon
 Ao atravessar o gás, uma partícula carregada
produz uma coluna de íons positivos e
elétrons.
 Embora a energia média de ionização de
gases seja por volta de 10-20 eV, a energia
média (W) para produção de um par elétron-
íon positivo é de cerca de 30-35 eV.
 1MeV = 30.000 pares

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Coleção da carga livre
 A tendência natural das cargas produzidas é a
recombinação.
 Aplicando-se um campo elétrico nas
extremidades do volume de gás, pode-se
separar os elétrons dos íons positivos,
evitando-se a recombinação. Para campos
suficientemente fortes, atinge-se a corrente de
saturação, quando não há mais recombinação.

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A Corrente de Ionização
 Na região de saturação,
produz-se uma quantidade
de carga proporcional à
energia do íon. O número de
elétrons coletados no anodo
é:

n0 E / W
onde W é a energia média
necessária para a formação
de um par e E a energia da
partícula.

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Mobilidade das Cargas

 Íons têm massa grande


e mobilidade baixa:
E
v 
p
onde E é o campo
elétrico aplicado, p a
pressão e  a
mobilidade.
Velocidade de arrasto de elétrons

ve 10 vion 1cm / s


3

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Multiplicação da Carga

 Aumentando-se a
tensão, além da região
de saturação, faz com
que os elétrons
adquiram energia
suficiente para produzir
outras ionizações, num
processo chamado
Avalanche de
Townsend.

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Câmara de Ionização

 Trabalho efetuado para a coleção das


cargas:
1 2 2  
C (V  V ) no eE (v t  v t )
o
2
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Forma do Pulso no resistor R

Vmax depende da posição em que a ionização ocorre!


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Grade de Frisch

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Desempenho
 Boa resolução: Se toda a energia da partícula
for convertida em ionização, a variânçia de no
será nula. Se o processo for puramente
estatístico, será no (Poisson). Normalmente ela
é algo intermediário:

 Vo pequeno: E=1 MeV: V 0 ~5.10-5


V
o
2
 Fn0

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Detector Proporcional

 Com campo elétrico


aplicado grande (ma non
troppo), a avalanche de
Townsend produz uma
multiplicação de cargas
que é proporcional a no.

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Geometria para Amplificação

 Cilíndro: Campo pró-


ximo ao anodo (raio
pequeno) muito
intenso.
V
E (r ) 
r ln(b / a )
 b=raio externo
 a=raio do anodo

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Pulsos Espúrios
 Fótons na região visível e UV emitidos na de-
excitação de átomos do gás podem provocar a
ejeção de um elétron do catodo por efeito
fotoelétrico. Este elétron poderá iniciar uma nova
avalanche.
 Íons positivos, ao se aproximar do catodo, podem
arrancar mais de um elétron do mesmo, também
produzindo novas avalanches.
 Adiciona-se uma pequena fração de gás
poliatômico ao gás monoatômico usado nesses
detectores para evitar estes problemas (Geiger!)

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Desempenho
 Fator de amplificação médio M~102 – 104
 Resolução mínima:
1/ 2
Q  W ( F  b) 
FWHM 2.35 2.35 
Q  E 
 F~0.12 (fator de Fano), b~0.5 ( flutuações em M)
 Outros fatores, como uniformidade do anodo,
estabilidade da tensão, etc. limitam a resolução .
 Processo de formação do pulso: próximo ao
anodo -> não há necessidade de grades!

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Detectores Sensíveis a Posição

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Grandes áreas: Múltiplos Anodos

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Contador Geiger-Mueller
 Geiger: aluno do Rutherford em
Manchester (medidas do espalhamento de
´s em Au).
 Limite extremo do processo de multipli-
cação: A quantidade de carga produzida é
independente da ionização inicial (109-1010
pares e-íons).
 Tensão no resistor ~1V.

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Descarga Geiger

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Extinção (Quenching)
 Com altos fatores de multiplicação, mesmo com
a adição de gás poliatômico, o processo de
multiplicação continua, com um grande número
de avalanches, atingindo praticamente toda a
extensão do anodo.
 A um certo momento (dezenas de s) a
quantidade de íons positivos (lentos!) nas
proximidades do anodo é tão grande, que o
campo elétrico efetivo diminui, impedindo novos
processos de multiplicação, e a descarga se
extingue.

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Tempo Morto Grande
 Após a extinção da descarga, devido a baixa
mobilidade dos íons positivos, o campo elétrico
efetivo na região do anodo permanece baixo,
impedindo a formação de novas avalanches.
 A função do gás molecular (quenching gas)
nestes detectores, é impedir que os íons
positivos, ao chegar próximo ao catodo,
arranquem mais de 1 elétron, provocando
avalanches secundárias.

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Vida Útil

 Contadores Geiger são normalmente selados.


 Ao longo do tempo, a deterioração das
moléculas do gás poliatômico e contaminação
do gás, principalmente com oxigênio liberado
das superfícies metálicas do catodo, fazem
com que o fator de multiplicação diminua.
 Detectores Proporcionais usam fluxo contínuo
da mistura gasosa para evitar esses
problemas.

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Cintiladores
 Converter a energia depositada em um
pulso de luz, com grande eficiência.
 Intensidade de luz  energia depositada.
 Meio transparente para a luz produzida.
 Tempo de emissão curto.
 Fácil de produzir em grandes dimensões.
 Índice de refração próximo ao do vidro.

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Tipos
 Orgânicos

Líquidos: NE213, NE216, ...

Plásticos: NE103, NE105, ...
 Inorgânicos

Ativados: NaI(Tl), CsI(Na), ...
 Puros: BGO (Bi4Ge3O12), BaF2

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Mecanismo de Cintilação (orgânicos)

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Inorgânicos Ativados

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Emissão de Luz

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Material max(nm) (s) fotons/MeV
NaI(Tl) 415 0,23 38000
NE102A 432 0,002 10000
BGO 505 0,30 8200
BaF2 (S) 310 0,62 10000
BaF2 (F) 220 0,0006 -

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Fotomultiplicadora

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Características
 Material dos dinodos:

NEA: G ~ 55N

Convencional: G ~ 5N
 Ganho (~107)
 Características temporais.
 Sensíveis a campos magnéticos.

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Variações: Microchannel Plate

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Fotodiodos (conv./avalanche)
 Pequenas dimensões.
 Não é sensível a campos magnéticos.
 Baixas tensões, baixa potência.
 Baixo rendimento (convencional)
 Alto ruído (avalanche)

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Detectores Semicondutores
 Pequenas dimensões
 Portátil
 Boa resolução em energia
 Boa resolução temporal.

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Contato Ôhmico
 Se pegarmos um cristal semicontutor e
nas extremidades aplicarmos uma
diferença de potencial, o efeito será (à
temperatura ambiente) como num resistor
comum.
 Essa corrente elétrica pode ser bloqueada
pela elaboração de uma junção
retificadora (junção pn)

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Junção pn difusa
 O processo de difusão térmica produz a
junção a cerca de 1-2 m da superfície.
 A junção é difusa, com extensão de alguns
microns.
 Esses fatos implicam numa zona morta
relativamente espessa, na parte frontal do
detector, por onde entram as partículas a
serem detectadas.

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Barreira de Superfície
(culinária!)

 Peque um disco fino de Si tipo n.


 Limpe bem a superfície do Si com ataque
químico (etching).
 Deixe a superfície oxidar ligeiramente.
 Evapore uma fino filme de Au.

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O detector “Científico”

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Zona de Depleção (exaustão)

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Detectores de Ge
 Para radiação , necessário volume
grande e elementos pesados (Z grande).
 Ge: (Z=32>>Z=14 do Si) – é possível a
produção de amostras extremamente
puras e em grandes quantidades.
 Por ter gap pequeno (~0.66 eV) a corrente
à temperatura ambiente é muito grande:
devem ser resfriados.

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Refinamento por zona de fusão
 O material “bruto”, já de altíssima pureza (grau
eletrônico) é preparado na forma de um lingote
de ~8x4x60 cm)
 Num tubo de quartzo inclinado o material é
localmente aquecido (indução) até a fusão.
 Deslocando-se o aquecedor da parte inferior à
superior, desloca-se a zona fundida, e com ela
as impurezas (que são mais solúveis na fase
líquida)

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Germânio Hiper-Puro
 O material resultante contém impurezas em
quantidades menores que 109 átomos/cm3.
 À partir de uma semente, cresce-se um
mono cristal cilíndrico de dimensões de até
~12 cm de diâmetro por ~ 20 de
comprimento. (zona de depleção de até
~3cm)
 Alto custo (20 – 100K US$)

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Características
 Resolução: ~1.5 – 2.2 keV (FWHM) para a
linha de 1.33 MeV do 60Co
 Eficiência relativa: 10 a 110% da eficiência
(fotoelétrico) de um cintilador NaI de 7.5
cm de diâmetro por 7.5 cm de
comprimento (3x3 polegadas)
 Resolução temporal: Ruim em coaxiais,
boa em planares.

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Tipo-n

 Cristais hiper-puros tipo p são mais


fáceis de se fabricar.
 Cristais tipo n são mais resistentes a
nêutrons e podem ser reciclados por
processo de recozimento (anealing)

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Filtros Anti-Compton

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Grandes Detectores

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Detectores Segmentados

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AGATA/GRETA

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FIM DA PRIMEIRA PARTE

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