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ENTENDENDO O

DESGASTE
DA BRONZINA

Divisão de Motores
A TECNOLOGIA muda. O progresso dos processos de fabricação e dos materiais para melhorar o
desempenho evoca a evolução dos produtos. Todos temos que ser flexíveis, mantendo uma mente aberta,
lembrando-nos que as coisas como as conhecemos hoje podem ser o resultado do conhecimento de
ontem.

Este trabalho trata da mudança do desgaste da bronzina principal e da bronzina da biela. Não vai ser raro
encontrar padrões de desgaste que você nunca tenha visto antes. Você deve se adaptar a uma nova forma
de pensar, ao assumir a tarefa de inspeção da branzina. A Waukesha Engine fez muitas mudanças na
biela, no virabrequim, no bloco do motor e nas bronzinas para melhorar o produto com rendimento de maior
potência e vida útil mais longa. Este trabalho discutirá estas mudanças e mostrará como o desgaste da
bronzina é afetado.

Todos os padrões de desgaste mostrados são o resultado de mudanças no produto que ocorreram desde
1980 até o presente. É importante que você entenda como estas mudanças resultam em padrões de
desgaste não familiares. Mais importante, todas as bronzinas mostradas neste trabalho são normais e não
há motivo para substituí-las. Para entender isso melhor, será de grande ajuda se você entender a
construção da bronzina.

CONSTRUÇÃO DA BRONZINA esteja predominantemente espalhado por


A ilustração abaixo (fig. 1) mostra a bronzina tudo. Se você raspar esta camada exposta
básica. Cada camada está unida à outra, e com um canivete, a área afetada pode
cada uma tem uma finalidade específica. assumir a cor prata, devido ao chumbo
espalhado na superfície.
CAMADA DE COBRE-CHUMBO
RETENÇÃO DE NÍQUEL
A camada de retenção de níquel é
Imediatamente acima da traseira de metal se exatamente o que seu nome implica. Ela é
encontra a camada intermediária. Este é o feita de níquel e funciona como uma
coração da bronzina. Visualize a composição retenção (represa). Esta camada é muito
fina, geralmente com não mais do que
0,0001 polegadas. A sua

FIGURA 1
desta camada como sendo uma esponja
comum, mas feita de cobre, e todos os poros
estão cheios de chumbo. É a mais espessa
das três camadas e constitui a maior parte
da bronzina. Quando esta camada ficar
exposta devido ao desgaste normal, ela
assume a cor do cobre, embora o cobre
finalidade é evitar que o estanho no chumbo nesta composição, mas a cor
revestimento migre para dentro do material brilhante encontrada nas bronzinas atuais é
de cobre-chumbo, logo abaixo. Ela tem uma o resultado do estanho. A traseira, os lados e
menor afinidade com ácidos orgânicos do as bordas, bem como a superfície de
que o cobre ou o chumbo, de forma que ela rolagem, estão revestidos. Como este
ajuda a proteger a camada inferior da revestimento é tão fino e se destina
corrosão. totalmente ao sacrifício sobre a superfície de
rolagem, não é geralmente considerado
REVESTIMENTO camada.
Esta é a camada superior. Sua composição é
de chumbo e estanho, formando uma liga. A
relação de chumbo e estanho pode variar,
dependendo do projeto da bronzina. Em A figure 2 é uma vista da borda magnética de
anos recentes, a Waukesha aumentou a uma bronzina, que expõe as camadas de
quantidade de estanho porque isto ajuda a sanduíche. Claramente mostrada está o
reduzir a corrosão. Esta camada é muito material da "esponja" de cobre-estanho,
macia, e sua função é conformar-se à discutido antes. As regiões escuras são
superfície dos moentes do virabrequim, bem chumbo, enquanto as regiões claras são
como proporcionar engastabilidade para a cobre. Mesmo que você estude a ilustração
sujeira e partículas estranhas. Esta camada, com cuidado, é difícil ver a retenção de
portanto, destina-se ao sacrifício. O níquel entre o revestimento e a camada
microacabamento do virabrequim fará com intermediária.
que a bronzina de "desgaste para dentro"
assim que for colocada em serviço. Por fim,
este material de revestimento pode se
desgastar. No entanto, mesmo com serviço
estendido de 40, 50 ou mesmo 60.000 horas,
o material de revestimento pode estar limpo
e totalmente intacto. Os níveis de carga, a
composição do combustível, e o
desempenho do óleo lubrificante são alguns
dos fatores mais determinantes da vida útil
do revestimento. Como esta camada se
destina ao sacrifício, é um engano usar a
condição do material de revestimento como o FIGURA 2
seu meio principal de diagnóstico.
PADRÕES DE DESGASTE
CHAPA PROTETORA DE ESTANHO Há três tipos de desgaste da bronzina,
A última camada (não mostrada), se a discutidos neste trabalho. Vamos chamá-los
pudermos chamar de camada, é mais de:
parecida com um revestimento. A bronzina 1. POLIMENTO
inteira tem uma chapa protetora para 2. CAVITAÇÃO
proteção durante o transporte e manuseio. 3. REDEMOINHO DE ÓLEO
Há uma quantidade muito pequena de
Como foi dito antes, todos estes padrões de O desgaste da bronzina na figura 3 é uma
desgaste não são falhas da bronzina. Se comparação de duas bronzinas que
você descobrir um destes padrões durante a funcionaram em um motor por 24 horas. A
inspeção das bronzinas, elas podem estar bronzina à esquerda foi operada com um
em condições para mais serviço, e você não virabrequim polido à mão, versus a bronzina
precisa perturbar os outros moentes da à direita, que operou pelo mesmo número de
bronzina ou descartar bronzinas já horas em um virabrequim de produção atual
examinadas. com acabamento à máquina. O polimento à
direita é óbvio e deve ser esperado quando
Há condições, no entanto, em que é se encontra estes virabrequins.
recomendável não substituir uma bronzina
inspecionada para mais serviços. Se as
porções principais do material de
revestimento estiverem gastas ou
deslocadas, expondo de alguma forma a
retenção de níquel ou a camada
intermediária, o descarte após a inspeção é
uma boa idéia. Lembre-se, a camada de
revestimento macio permitirá que a bronzina
se "desgaste para dentro" no moente do
virabrequim. Você confiará que esta ação
ocorrerá quando a bronzina é substituída.
Uma bronzina com uma camada
intermediária exposta (cor de cobre) não tem FIGURA 3
este revestimento macio, portanto é uma boa
idéia não reinstalá-la. Novas bronzinas, recém retiradas da caixa
terão uma aparência embotada em sua
Três tipos de padrões de desgaste, a saber: superfície. Quando instalado no motor, o
polimento, cavitação e redemoinho de óleo, virabrequim irá polir o revestimento, durante
podem não ter removido completamente o as primeiras horas de operação. Mesmo que
material de revestimento. Portanto, é o motor não sofra partida, mas for
normalmente aceitável reinstalar uma simplesmente barrado, o peso morto do
bronzina com estes padrões para serviço virabrequim
adicional.

POLIMENTO
Em um número de horas relativamente
pequeno, as bronzinas podem ser tornar
muito brilhantes, polidas, com um
acabamento de espelho em um terço do
fundo da bronzina. Além disto, as bordas da
bronzina inferior e todas as quatro bordas de
uma bronzina superior ranhurada podem
tornar-se extremamente polidas. Este é o
resultado do acabamento final do moente
dos virabrequins produzidos atualmente.
e do volante iniciará esta ação de polimento.
Não é de se surpreender, então, que a última
bronzina principal, mais próxima ao volante,
mostrará a maior quantidade de polimento. A
profundidade efetiva do polimento é de
apenas algumas dezenas de milhares de
frações de polegada para dentro do
revestimento. Ao considerar a espessura
geral desta camada de um e de meio milhar,
este polimento é considerado superficial.
Com o advento das avançadíssimas
máquinas computadorizadas de polimento de
FIGURA 4 virabrequins, a verdade dimensional do
moente pode ser alcançada na geometria
exata, algo nunca antes possível. O
processo de fabricação resultante elimina a
necessidade intensiva de mão de obra para
o polimento excessivo do moente como
acabamento final. O resultado é um moente
com uma aparência embotada cinza, ao
invés de um acabamento de espelho, ao qual
você estava acostumado. Este novo
acabamento é um principal fator que
contribui para o polimento das bronzinas. A
figura 4 mostra um virabrequim do tipo atual,
em comparação com a figura , que é um
virabrequim polido a mão. Embora seja difícil
FIGURA 5 ver a diferença do acabamento do moente
nestas fotografias, o virabrequim atual pode
ser identificado por um acabamento
embotado cinza e um raio muito menor em
volta dos furos de óleo, em comparação com
os virabrequins fabricados anteriormente.
Muita gente está acostumada a diagnosticar
o polimento do revestimento como resultado
de partidas a seco, uma condição
indesejável para a bronzina. Os padrões de
desgaste resultantes de partidas a seco são
similares, mas não idênticos ao polimento da
bronzina. As bronzinas submetidas a
partidas a seco podem ser identificadas por
uma área afetada de revestimento espalhado
e deslocado.
O polimento das bronzinas ocorrerá
independente de manutenção ou controle do
operador. O material do revestimento ainda
está intacto, e este padrão não é motivo de
alarme ou de substituição da bronzina.
CAVITAÇÃO
A cavitação começou a aparecer há vários
anos, quando a Waukesha modificou a
furação de óleo nos virabrequins, de "ângulo"
para "Tipo T", e quando foram especificadas
bronzinas principais sem ranhuras. Estas
modificações foram necessárias devido às
crescentes demandas de carga colocadas
em nossos motores, que necessitavam de
uma resistência melhorada da película de
óleo, o que aumenta a vida útil da bronzina.

Aqui estão quatro bronzinas com padrões FIGURA 6


diferentes, mas todos causados por fontes
idênticas: cavitação.

A primeira bronzina (fig. 6) representa o


padrão mais incomum. Este é geralmente
chamado de crescente, embora muitas vezes
não seja tão bem definido, já que se parece
mais com o padrão da figura 7. Como pode
ser visto em ambas estas duas bronzinas,
geralmente existem outras manchas
menores de cavitação, encontradas perto do
crescente.

A figura 8 mostra a área afetada na forma de FIGURA 7


duas manchas idênticas em ambos os lados
desta bronzina superior ranhurada.

Bem na extremidade delimitadora desta


bronzina parcialmente ranhurada existe outro
local típico para cavitação (fig. 9).

A mecânica por trás da cavitação da


bronzina não é diferente da cavitação do
impulsor de uma bomba; com o que você
provavelmente já está familiarizado. Ao invés
da cavitação por água, estamos agora
lidando com óleo, outro fluido afetado pelas
mesmas leis da física.

A figura 10 ilustra um moente de virabrequim


que gira dentro das suas bronzinas.

Em (a), o furo de óleo do virabrequim está


aceitando óleo de lubrificação do bronzina
ranhurada superior.
Em (b), o virabrequim agora girou para uma
posição onde este furo de óleo foi "cortado"
do fornecimento de óleo. No entanto, o óleo
no furo ainda está em movimento e tem
inércia, reduzindo assim a pressão do óleo
justamente na superfície da bronzina.

Como o óleo está quente (a temperatura


operacional) e a pressão é repentinamente
reduzida, ele é aquecido para vapor,
formando bolhas de vapor. Isto é designado
na ilustração como "cavidades formadas".
FIGURA 8
Em (c), estas cavidades ou bolhas de vapor
vão se desintegrar devido ao óleo que está
sendo alimentado sob pressão do lado
oposto do moente. A desintegração destas
cavidades produz uma alta velocidade de
jato, suficientemente forte para remover o
material macio do revestimento. Após um
período, as manchas de revestimento
removido vão surgir na superfície da
bronzina, nos padrões típicos que vimos.

Reconhecidamente, a cavitação parece ruim


para quem a observa pela primeira vez. Mas,
pode anotar, a cavitação também tem a
"profundidade da pele", sendo apenas
FIGURA 9 superficial no revestimento da bronzina.

A figura II é a vista grandemente ampliada da


borda de bronzina cortada através de uma
mancha de cavidade. A superfície superior é
material de revestimento. Note na mancha
que a maior parte do revestimento sumiu,
mas não completamente.

Uma pequena quantidade permanece, o que


mostra claramente que o dano é apenas
superficial. A profundidade da cavitação vista
aqui não vai progredir. A retenção de níquel
interrompe a continuação da cavitação
dentro da camada intermediária.
REDEMOINHO DE ÓLEO
A figura 12 mostra o "redemoinho de óleo"
típico, uma condição denominada mais pelo
efeito do que pelo padrão resultado. A
medida que óleo altamente carregado é
forçado desde debaixo do virabrequim, ele
pode fazer com que o chumbo e o estanho
macios do revestimento recuem levemente,
deixando um pequeno acúmulo ou "onda" de
material. Isto pode ser comparado com
pressão exercida sobre tinta quase seca. O
seu dedo (fig. 13) pode deixar para trás uma
FIGURA 10 "onda" de tinta, que é elevada a partir da
área circundante. O acúmulo então é
desgastado para baixo pela rotação do
virabrequim. Se houver presença de ácidos
no óleo lubrificante, estas áreas ficarão
pretas, sem a proteção da chapa protetora
de estanho. Do contrário, as áreas afetadas
permanecerão polidas e prateadas.

FIGURA 11

FIGURA 12
Esta deformação não continuará erodindo o
revestimento, como vimos com a cavitação,
uma vez que a mecânica envolvida é muito
diferente. Somente a superfície da bronzina
é afetada com este padrão e, como todas as
bronzinas que vimos, isto não é causa para
FIGURA 13 alarme.

Neste relatório vimos como as bronzinas são construídas e como esta construção afeta os
padrões de desgaste. Mudanças no projeto do motor afetaram os padrões normais com os quais
já estamos familiarizados. Você pode ver bronzinas com um número relativamente baixo de horas
de funcionamento com padrões similares aos mostrados aqui. Neste caso, você não vai entender
como estes padrões se desenvolvem e saberá que em todos os casos, o padrão está dentro da
profundidade do revestimento. Enquanto o revestimento ainda estiver intacto e cobrindo
totalmente a superfície de rolagem da bronzina, ele está em boa forma para continuar em serviço.

ANOTAÇÕES

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Prepared by: Charles D. Lawton Mgr. Service Training May 1988

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