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CÓDIGO: 10001582
Belo Horizonte
2019
© 2019 Editora Fórum Ltda.
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A Editora Fórum agradece a sua contribuição.
ISBN: 978-85-450-0650-3
CDD: 341.3
CDU: 342.9
MARQUES NETO, Floriano de Azevedo; FREITAS, Rafael Véras de. Comentários à Lei nº 13.655/2018
(Lei da Segurança para a Inovação Pública). Belo Horizonte: Fórum, 2019. 188p. ISBN 978-85-450-0650-3.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................... 7
Art. 20 ............................................................................................................... 21
Art. 21 ............................................................................................................... 43
Art. 22. ............................................................................................................... 57
Art. 23. ............................................................................................................... 71
Art. 24. ............................................................................................................... 89
Art. 26. ............................................................................................................... 97
Art. 27. ............................................................................................................... 115
Art. 28. ............................................................................................................... 129
Art. 29. ............................................................................................................... 139
Art. 30. ............................................................................................................... 157
REFERÊNCIAS....................................................................................... 171
PÁGINA EM BRANCO
1
Conceito bem delineado por Diogo de Figueiredo Moreira Neto, para quem “O princípio da
juridicidade, como já o denominava Adolf Merkl, em 1927, engloba, assim, três expressões
distintas: o princípio da legalidade, o da legitimidade e o da moralidade, para altear-se
como o mais importante dos princípios instrumentais, informando, entre muitas teorias de
primacial relevância na dogmática jurídica, a das relações jurídicas, a das nulidades e a do
controle da juridicidade O princípio da juridicidade corresponde ao que se enunciava como
um ‘princípio da legalidade’, se tomado em sentido amplo, ou seja, não se o restringindo
à mera submissão à lei, como produto das fontes legislativas, mas de reverência a toda a
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
8 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
12
MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Entre a independência institucional e
neopatrimonialismo: a distorção da doutrina do promotor natural. In: RIBEIRO, Carlos
Vinicius (Org.). Ministério Público: reflexões sobre princípios institucionais. São Paulo: Atlas,
2010.
INTRODUÇÃO 13
13
A Medida Provisória nº 703/2015 tentou dar enderaçamento a tais questões, porém teve
sua vigência encerrada. Egon Bockmann Moreira, em texto, bem resolveu a questão, ao
afirmar que existem fronteiras rígidas à intervenção dos Tribunais de Contas nos acordos
de leniência. Não se está diante de contratos ou pactos que se submetam naturalmente à
sua “fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial” – como se
houvesse várias rodadas de negociações precárias. Ou como se a Lei nº 12.846/2013 nada
valesse. Quem detém competência privativa para sentar-se à mesa e celebrar acordos de
leniência são as autoridades previstas em lei. O conteúdo do acordo integra o núcleo, duro
e indevassável, da competência discricionária desses órgãos públicos. Caso haja ilícitos –
antes, durante ou depois – dos acordos, merecem ser reprimidos com firmeza. Mas isso
não importa dizer que a validade e eficácia dos acordos de leniência dependam do aval
das Cortes de Contas. (MOREIRA, Egon Bockmann. Tribunais de Contas Podem Controlar
Acordos de Leniência? Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/justica/colunistas/
egon-bockmann-moreira/tribunais-de-contas-podem-controlar-acordos-de-leniencia-
77we8fvgzumzr9nykivxoond3.
14
Um exemplo da provisoriedade das decisões da Administração Pública pode ser extraído
da Súmula nº 36 do Parquet de São Paulo, de acordo com o qual “SÚMULA n.º 36. “Sempre
que constatar a lesão, ou a ameaça a interesses difusos ou coletivos, o Órgão do Ministério
Público poderá apurar se houve a devida atuação do órgão da Administração Pública
competente para a fiscalização e implementação das leis de polícia administrativa incidentes.
Em casos de pouca repercussão ou gravidade, o arquivamento do inquérito civil poderá
ter como fundamento a suficiência das medidas administrativas para cessação dos danos
ou eliminação da ameaça, comprovadas nos autos ou objeto de Termo de Ajustamento de
Conduta. No caso de omissão injustificada por parte da Administração Pública, o Órgão
do Ministério Público poderá tomar as medidas cabíveis para apurar eventuais ato de
improbidade administrativa, falta funcional e/ou crime contra a administração pública,
buscando a responsabilização dos agentes omissos. Da mesma forma, verificará a necessidade
de ajuizar ação civil pública contra a Administração Pública para compeli-la a aplicar a lei
de polícia pertinente”.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
14 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
15
A exposição de motivos da referida proposta bem retrata o que se pretendia: como fruto
da consolidação da democracia e da crescente institucionalização do Poder Público, o
Brasil desenvolveu, com o passar dos anos, ampla legislação administrativa que regula o
funcionamento, a atuação dos mais diversos órgãos do Estado, bem como viabiliza o controle
externo e interno do seu desempenho. Ocorre que, quanto mais se avança na produção
dessa legislação, mais se retrocede em termos de segurança jurídica. O aumento de regras
sobre processos e controle da administração têm provocado aumento da incerteza e da
imprevisibilidade e esse efeito deletério pode colocar em risco os ganhos de estabilidade
institucional. Em razão disso, os professores Carlos Ari Sundfeld e Floriano de Azevedo
Marques Neto elaboraram projeto de lei, que ora é acolhido, fruto de projetos de pesquisa
mais amplos desenvolvidos por pesquisadores da Sociedade Brasileira de Direito Público em
parceria com a Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. O resultado desse
trabalho foi publicado na obra Contratações Públicas e seu Controle, pela Editora Malheiros,
ano 2013. O que inspira a proposta é justamente a percepção de que os desafios da ação
do Poder Público demandam que a atividade de regulamentação e aplicação das leis seja
submetida a novas balizas interpretativas, processuais e de controle, a serem seguidas pela
administração pública federal, estadual e municipal. Disponível em: https://legis.senado.
leg.br/sdleg-getter/documento?dm=2919883&disposition=inline.
16
Sobre a origem empírica dessa proposição, sobre os grupos de estudos que lhe deram origem,
é imprescindível a consulta ao texto da, sempre precisa e brilhante, Juliana Bonacorsi de
Palma, disponível em: http://www.sbdp.org.br/wp/wp-content/uploads/2018/04/PALMA-
Juliana-A-proposta-de-lei-da-seguran%C3%A7a- jur%C3%ADdica.pdf.
17
Tal foi destacado pela Consultoria do TCU: Disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/
analise-consultoria-juridica-tcu-lindb.pdf.
18
O debate sobre a interpretação autêntica não é novo, expondo Luís Roberto Barroso a
propósito de sua incidência em sede constitucional: é controvertida a própria possibilidade
de interpretação autêntica da Constituição. Aliás, é controvertida a própria existência da
categoria interpretação autêntica como tal entendida a que emana do próprio órgão que
elaborou o ato cujo sentido e alcance ela declara. Pela interpretação autêntica se edita uma
INTRODUÇÃO 15
19
ROSILHO, André Janjácomo. As licitações segundo a Lei nº 8.666: um jogo de dados viciados.
Revista de Contratos Públicos – RCP, Belo Horizonte, ano 2, n. 2, p. 9-37, set. 2012/fev. 2013.
20
Marcos Augusto Perez, Cenário é desolador, mas houve uma boa notícia para o direito
administrativo (https://www.conjur.com.br/2018-jan-04/cenario-desolador-houve-boa-
noticia-direitoadministrativo); Marco Antônio Moraes Alberto e Conrado Hübner Mendes,
Por que uma lei contra o arbítrio estatal? (https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/
por-que-uma-lei-contra-oarbitrio-estatal-12042018); EGON BOCKMANN MOREIRA, A nova
lei de introdução e o prestígio ao controle externo eficiente (http://www.gazetadopovo.com.
br/justica/colunistas/egon-bockmannmoreira/a-nova-lei-de-introducao-e-o-prestigio-ao-
controle-externo-eficiente6133bodkb8lvvkj4hc1knle4o); Sérgio Ferraz e Amauri Feres Saad,
Controle externo não está ameaçado pelo PL 7.448/2017 (https://www.conjur.com.br/2018-
abr-13/opiniao-controle-externo-naoameacado-pl-74482017); Paulo Modesto, Fake news
institucional: a crítica vazia ao projeto de lei 7.448/2017 (http://www.direitodoestado.com.br/
colunistas/paulo-modesto/fake-news-institucional-acritica-vazia-ao-projeto-de-lei-7488-2017);
Samuel Pessôa, Nova Lei de Introdução às Normas do Direito (https://www1.folha.uol.
com.br/colunas/samuelpessoa/2018/04/nova-lei-de-introducao-asnormas-do-direito.shtml);
Fausto Macedo, Novo salvacionismo (http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/
novo-salvacionismo/); Ricardo A. Kanayama, Por que o PL 7.448/2017 vai trazer segurança
jurídica na aplicação da lei de improbidade administrativa? (https://www.conjur.com.br/2018-
abr-13/sejam-bem-vindas-mudancas-lindb-sociedadebrasileira-agradece); Alexandre Santos
Aragão, Alterações na LINDB modernizam relações dos cidadãos com Estado (https://www.
conjur.com.br/2018-abr-13/alexandre-aragao-alteracoes-lindbmodernizam-relacoes-estado);
Rafael Véras de Freitas, O artigo 28 do PL 7.448/2017 e a responsabilidade administrativa
(https://www.conjur.com.br/2018-abr-18/rafael-freitas-pl-74482017- responsabilidade-
administrativa); Rafael Hamze Issa, Aprovação do PL 7.448/2017 representará uma importante
melhora institucional (https://www.conjur.com.br/2018-abr-16/rafael-issa-pl-744817-
representa-melhora-institucional); Marçal Justen Filho, PL 7.448/2017 e sua importância
para o Direito brasileiro (https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/coluna-do-justen/
pl-7448-2017-e-suaimportancia-para-o-direito-brasileiro-18042018); Fernando Facury Scaff,
Quem controla o controlador? Considerações sobre as alterações da LINDB (https://www.
conjur.com.br/2018-abr17/quem-controla-controlador-notas-alteracoes-lindb); Bernard
Appy e Floriano de Azevedo Marques Neto, Segurança jurídica (http://economia.estadao.
com.br/noticias/geral,segurancajuridica,70002271134). Importante documento que explica
o PL da Segurança Jurídica com argumentos técnicos Disponível em: http://www.sbdp.
org.br/wp/wpcontent/uploads/2018/04/Parecer-apoio-ao-PL-7.448-17.pdf. Acesso em: 19
abr. 2018. Informações extraídas do trabalho: “A proposta de lei da segurança jurídica na
gestão e do controle públicos e as pesquisas acadêmicas” em http://www.sbdp.org.br/wp/
wp-content/uploads/2018/04/PALMA-Juliana-A-proposta-de-lei-da-seguran%C3%A7a-
jur%C3%ADdica.pdf.
INTRODUÇÃO 17
21
Prevista originalmente no Decreto-Lei nº 4.657 de 1942, tal garantia não constava da
Constituição de 1937. Após prevista na então Lei de Introdução ao Código Civil, foi alçada
à condição de garantia constitucional pela Carta de 1946 (art. 141, §3º) e daí prosseguiu nas
constituições sucessivas até a CF 88.
22
Nesse sentido, confira-se o parecer da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal
sobre o Projeto de Lei do Senado nº 349/2015 é claro ao dizer que: “Ocorre que, embora
o Decreto-Lei nº 4.657, de 4 set. 1942, tenha sido editado sob o nomen juris de “Lei de
Introdução ao Código Civil” (LICC), sempre foi considerada uma norma “de sobredireito”,
uma norma que rege a interpretação e aplicação de outras normas, sejam estas privadas ou
públicas”. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4407681.
O tema da interpretação normativa já foi objeto de decisão do Eg. Supremo Tribunal Federal,
como se extrai do seguinte excerto: “É plausível, em face do ordenamento constitucional
brasileiro, o reconhecimento da admissibilidade das leis interpretativas, que configuram
instrumento juridicamente idôneo de veiculação da denominada interpretação autêntica.
As leis interpretativas – desde que reconhecida a sua existência em nosso sistema de
direito positivo – não traduzem usurpação das atribuições institucionais do Judiciário e,
em conseqüência, não ofendem o postulado fundamental da divisão funcional do poder.
Mesmo as leis interpretativas expõem-se ao exame e à interpretação dos juízes e tribunais.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
18 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
Não se revelam, assim, espécies normativas imunes ao controle jurisdicional” (ADI nº 605-
MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 05.03.93).
23
PINTO, Gabriela M. Engler. O caso da anulação dos aditivos de 2006 pela ARTESP: seria
diferente à luz da nova Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro? – Disponível
em: http://www.portugalribeiro.com.br/o-caso-da-anulacao-dos-aditivos-de-2006-pela-
artesp-seria-diferente-a-luz-da-nova-lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/.
Acesso em: 12 dez. 2018.
24
BRASIL. STF. ADI nº 605 MC, Tribunal Pleno, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado
em 23.10.1991.
25
BRASIL. STF. REsp nº 206.385/DF, SEXTA TURMA, Rel. Ministro VICENTE LEAL, julgado
em 18.05.1999.
26
Não se desconhece, claro que, para corrente majoritária Tal princípio se subdivide em duas
vertentes: a objetiva, que tem a função de garantir a estabilidade das relações jurídicas,
notadamente pela proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa
julgada; e a subjetiva, a que se relaciona com a confiança na atuação do Estado, nos mais
diferentes aspectos de sua atuação. (Nesse sentido, SILVA, Almiro do Couto. O princípio
da segurança jurídica (proteção à confiança) no Direito Público brasileiro o direito da
administração Pública de anular seus próprios atos administrativos: o prazo decadencial
do art. 54 da lei do processo administrativo da União (Lei nº 9.784/99). Revista Brasileira de
Direito Público – RBDP, Belo Horizonte, ano 2, jul./set. 2004, p. 7/58, e Revista Eletrônica de
Direito do Estado – REDE, Salvador, Instituto de Direito Público da Bahia, n. 2, abr./maio/
jun. 2005, p. 3-4).
INTRODUÇÃO 19
27
Como demostrado, pela sempre precisa e brilhante, Juliana Bonacorsi de Palma em http://
www.sbdp.org.br/wp/wp-content/uploads/2018/04/PALMA-Juliana-A-proposta-de-lei-da-
seguran%C3%A7a-jur%C3%ADdica.pdf.
28
Tal se dá por que essas escolhas exigem um método de apreciação do caso à luz do contexto
em que as normas serão aplicadas, como bem explica Michel Miaille, para quem “Ora, como
já acima mostrei, os argumentos dependem no seu valor, e, portanto, na sua eficácia, da
situação de momento, do lugar, muito mais que da sua definição abstracta. Os princípios
invocados, as noções utilizadas, as teorias propostas não têm por si mesmo força suficiente:
tudo depende do contexto” (MICHEL MIAILLE. Introdução crítica ao direito. Lisboa: Editorial
Estampa, 1994, p. 195-196)
29
SUNDFELD, Carlos Ari. Direito administrativo para céticos. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2014,
p. 215
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
22 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
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Humberto Ávila, com muita propriedade, bem resume a inconsistência metodológica de
tal interpretação, quando leciona que: “No caso de regras constitucionais, os princípios não
podem ter o condão de afastar as regras imediatamente aplicáveis situadas no mesmo plano.
Isso porque as regras têm a função, precisamente, de resolver um conflito, conhecido ou
antecipável, entre razões pelo Poder Legislativo Ordinário ou Constituinte, funcionando
suas razões (autoritativas) como razões que bloqueiam o uso das razões decorrentes dos
princípios (contributivas). 5 Daí se afirmar que a existência de uma regra constitucional
elimina a ponderação horizontal entre princípios pela existência de uma solução legislativa
prévia destinada a eliminar ou diminuir os conflitos de coordenação, conhecimento, custos
e controle de poder” (ÁVILA, Humberto. “Neoconstitucionalismo”: entre e “Ciência do
Direito” e o “Direito da Ciência”. Revista Eletrônica de Direito do Estado – REDE, Salvador,
Instituto Brasileiro de Direito Público, n. 17, jan./fev./mar. 2009).
31
HECK, Luís Afonso. Regras, princípios jurídicos e sua estrutura no pensamento de Robert
Alexy. In: LEITE, George Salomão (Org.). Dos princípios constitucionais: considerações em
torno das normas principiológicas da Constituição. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 57-58.
32
HECK, Luís Afonso. Regras, princípios jurídicos e sua estrutura no pensamento de
Robert Alexy, op. cit., p. 64. BARROSO, Luís Roberto; BARCELLOS, Ana Paula de. A nova
interpretação constitucional: ponderação, argumentação e papel dos princípios. In: LEITE,
George Salomão (Org.). Dos princípios constitucionais: considerações em torno das normas
principiológicas da Constituição. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 109-110.
33
JUSTEN FILHO, Marçal. O art. 20: dever de transparência, concretude e proporcionalidade
nas decisões públicas. Revista de Direito Administrativo – RDA. Edição especial. Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, Rio de Janeiro, FGV, 2018, p. 22.
ART. 20 23
34
É que os princípios passam por processo de ponderação para sua aplicação, como destacado
por Robert Alexy, para quem “Los valores y principios no regulan por sí mismos su aplicación,
es decir, la ponderación quedaría sujeta aI arbitrio de quien la realiza. Allí donde comienza
la ponderación, cesaría el control através de las normas y el método. Se abriría así el campo
para el subjetivismo y decisionismo judiciales. Estas objeciones valen en la medida en que
con ellas infiera que la ponderación no es un procedimiento que, en cada caso, conduzca
exactamente a un resultado.” E, relembrando a orientação para realizar as ponderações da
Corte Constitucional Alemã, que enuncia que “quanto maior é o grau de insatisfação ou de
afetação de um princípio, tanto maior tem que ser a importância da satisfação do outro”,
explica o que denomina de “lei de ponderação”, e o seu bom emprego: “(...) la medida
permitida de no satisfacción o de afectación de uno de los principios depende del grado de
importancia de la satisfacción del outro. Ya en la definición del concepto de principio, con
la cláusula ‘relativo a las posibilidades jurídicas’, aquello que es ordenado por el respectivo
principio fue puesto en relación con aquello que es ordenado por principios opuestos. La
ley de la ponderación dice en qué consiste esta relación. Pone claramente de manifesto
que el peso de los principios no es determinable en sí mismo o absolutamente, sino que
siempre puede hablarse tan solo de pesos relativos” (ALEXY, Robert. Teoría de los derechos
fundamentales. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2002, p. 161).
35
SUNDFELD, Carlos Ari; GIACOMUZZI, José Guilherme. O espírito da Lei nº 13.665/2018:
impulso realista para a segurança jurídica no Brasil. Revista de Direito Público da Economia –
RDPE, Belo Horizonte, ano 16, n. 62, p. 39-41, abr./jun. 2018.
36
VIEIRA, Oscar Vilhena. Supremo Tribunal Federal: o novo Poder Moderador. In: MOTA,
Carlos Guilherme Mota; SALINAS, Natasha S. C. Os juristas na formação do Estado-nação
brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2010.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
24 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
37
BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito (o triunfo
tardio do direito constitucional brasileiro). Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 102, n. 384, p.
71-104, mar./abr. 2006.
38
Como vem sendo defendido em OTERO, Paulo. Legalidade e administração pública: o sentido
da vinculação administrativa à juridicidade. Coimbra: Almedina, 2003, p. 147.
ART. 20 25
39
Sobre o tema, veja-se: BARCELLOS, Ana Paula de. Neoconstitucionalismo, direitos
fundamentais e controle das políticas públicas. Revista de Direito Administrativo – RDA, p.
84, 103, 2005.
40
V. BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 2009,
p. 375.
41
DWORKIN, Ronald. Taking Rights Seriously. Cambridge: Harvard University Press, 1978.
42
FAGUNDES, Miguel Seabra. Controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário. 7. ed. 2005,
p. 138.
43
CORREIA, Arícia Fernandes. Reserva da administração e separação de poderes. In BARROSO,
Luís Roberto (Org.). A reconstrução democrática do direito público no Brasil. Rio de Janeiro:
Renovar, 2007, p. 596.
44
BRASIL. STF. RE nº 271286 AgR, Segunda Turma, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO,
julgado em 12.09.2000.
45
BRASIL. STF. RE nº 411518, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 03.03.2004
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
26 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
46
BRASIL. STF. ADPF nº 45 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 29.04.2004.
47
BRASIL. STF. STA nº 91, Relator(a): Min. PRESIDENTE, Decisão Proferida pelo(a) Ministro(a)
ELLEN GRACIE, julgado em 26.02.2007.
48
BRASIL. STF. ADI nº 3.324, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado
em 16.12.2004.
49
WANG, Daniel Wei Liang Wang. Revista Direito GV. São Paulo 4 (2), jul./dez. 2008.
ART. 20 27
50
Tal intervenção tem origem nos idos de 1998, quando foi criada a Secretaria de Fiscalização
de Desestatização (Sefid) no âmbito desse tribunal e editada a Instrução Normativa nº
27/1998, que dispõe sobre a fiscalização, pelo TCU, dos processos de desestatização. De
acordo com esse normativo, o TCU passou a exercer a sua função de controle externo em
processos “de desestatização realizados pela Administração Pública Federal, compreendendo
as privatizações de empresas, inclusive instituições financeiras, e as concessões, permissões
e autorizações de serviço público”.
51
RODRIGUES, Walton Alencar. O controle da regulação no Brasil. Interesse Público – IP, Belo
Horizonte, ano 7, n. 33, p. 345-358, 2005, p. 346.
52
“Ao nosso ver, o Tribunal de Contas pode realmente controlar tais atos de regulação,
uma vez que, imediata ou mediatamente, os atos de regulação e de fiscalização sobre os
concessionários de serviços públicos se refletem sobre o Erário. Por exemplo, uma fiscalização
equivocada pode levar à não aplicação de uma multa; a autorização indevida de um aumento
de tarifa leva ao desequilíbrio econômico-financeiro favorável à empresa, o que, entre outras
alternativas, deveria acarretar na sua recomposição pela majoração do valor da outorga
devida ao Poder Público, etc...” ARAGÃO, Alexandre Santos de. Agências reguladoras e a
evolução do direito administrativo econômico. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 340-341.
Em sentido contrário, Marçal Justen Filho, para quem “Também é inafastável submeter
a atividade das agências reguladoras ao controle do Tribunal de Contas. Observe-se que
esse controle versará, basicamente, sobre a gestão administrativa em sentido próprio. Não
caberá ao Tribunal de Contas investigar o conteúdo das decisões regulatórias emitidas pela
agência. O que deverá verificar são os dispêndios, licitações e contratações produzidos, os
atos atinentes pessoal e sua remuneração. Enfim, a atuação do Tribunal de Contas envolverá
fiscalização da agência reguladora enquanto autarquia federal, não como órgão titular de
competências regulatórias” (JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 2006, p. 476) e BARROSO, Luís Roberto. Natureza jurídica e funções
das agências reguladoras de serviços públicos: limites da fiscalização a ser desempenhada
pelo Tribunal de Contas do Estado. Revista Trimestral de Direito Público – RTDP, São Paulo,
Malheiros, n. 25.
53
Em decisão, assim ementada: “PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. IMPUGNAÇÃO.
COMPETÊNCIA DO TCU. CAUTELARES. CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE
INSTRUÇÃO. 1 – Os participantes de licitação têm direito à fiel observância do procedimento
estabelecido na lei e podem impugná-lo administrativa ou judicialmente. Preliminar de
ilegitimidade ativa rejeitada. 2 – Inexistência de direito líquido e certo. O Tribunal de
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
28 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
56
BRASIL. TCU. Acórdão nº 3.661/2013. Ata nº 49/2013. Plenário. Relator: ANA ARRAES.
Data da Sessão: 10.12.2013.
57
Disponível em: http://www.sbdp.org.br/wp/wp-content/uploads/2018/08/
Observat%C3%B3rio-do-TCU-Balan%C3%A7o-cr%C3%ADtico-parcial-2018.pdf. Acesso
em: 12 dez. 2018
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
30 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
58
FREITAS, Rafael Véras de. O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e o seu regime
jurídico. Revista de Contratos Públicos – RCP, Belo Horizonte, ano 6, n. 11, p. 137-174, mar./
ago. 2017.
59
SUNDFELD, Carlos Ari; CÂMARA, Jacintho Arruda. O Tribunal de Contas da União e a
regulação. Fórum de Contratação e Gestão Pública – FCGP, Belo Horizonte, v. 14, n. 159, p.
32-37, mar. 2015.
60
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. O papel dos tribunais de contas no controle dos contratos
administrativos. Interesse Público – IP, Belo Horizonte, ano 15, n. 82, p. 15-48, nov./dez. 2013.
61
SUNDFELD, Carlos Ari. Pode o Legislativo sustar contrato administrativo sem prévia
decretação de ilegalidade pelo Tribunal de Contas? Revista Zênite de Licitações e Contratos, ILC
29/489; SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros,
2014; BARROSO, Luís Roberto. Tribunais de Contas: algumas incompetências. Revista Zênite
de Licitações e Contratos, ILC 32/749; SOUTO, Marcos Juruena Villela. Direito Administrativo
contratual. Lumen Juris, p. 442; FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à CF
1988. v. I. São Paulo: Saraiva, p. 404; GASPARINI, Diogenes. Extinção, sustação e suspensão
do contrato administrativo. Revista Zênite de Licitações e Contratos, ILC 125/621; BRITTO,
Carlos Ayres. O regime constitucional dos Tribunais de Contas. In: CASTRO et al. O novo
tribunal de contas: órgão protetor dos direitos fundamentais. Belo Horizonte: Fórum, 2005;
FERRAZ, Sérgio. A execução das decisões dos tribunais de contas: algumas observações.
In: CASTRO et al. O novo Tribunal de Contas: órgão protetor dos direitos fundamentais. Belo
Horizonte: Fórum, 2005; FIGUEIREDO, Lucia Valle. Extinção dos contratos administrativos.
São Paulo: Malheiros, 2002; SALLES, Alexandre Aroeira. Jurisprudência do STF sobre competência
dos tribunais de contas para determinarem ao Poder Executivo anulação de contrato administrativo e
sua suspensão. Fórum de Contratação e Gestão Pública – FCGP, Belo Horizonte, ano 13, n. 156,
p. 13-17, dez. 2014; FREIRE, André Luiz. Manutenção e retirada dos contratos administrativos
inválidos. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 174 e 175.
ART. 20 31
62
No mesmo sentido, advertem Mariana Pargendler e Bruno Meyerhof Salama: o “government
by policies”, em substituição ao ‘government by law’, supõe o exercício combinado de várias
tarefas, que o Estado liberal desconhecia por completo. Supõe o levantamento de informações
precisas sobre a realidade nacional e mundial, não só em termos quantitativos (para o qual
foi criada a técnica da contabilidade nacional), mas também sobre fatos não redutíveis a
algarismos, como em matéria de educação, capacidade inventiva e qualidade de vida.
Supõe o desenvolvimento da técnica previsional, a capacidade de formular objetivos
possíveis e de organizar a conjugação de forças ou a mobilização de recursos – materiais
e humanos – para a sua consecução. Em uma palavra, o planejamento” (PARGENDLER,
Mariana; SALAMA, Bruno Meyerhof. Direito e consequência no Brasil: em busca de um
discurso sobre o método. RDA – Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 262, p.
95-144, jan./abr. 2013.).
63
É que a regulação, como já se teve a oportunidade de asseverar: “A atividade de regulação
pressupõe, a meu ver, a noção de equilíbrio. Opõe-se, frontalmente, à unilateralidade
típica presente na ideia de autoridade estatal tradicional. 1 Mais do que isso, o exercício da
regulação importa, necessariamente, a composição dos interesses enredados em um dado
segmento da atividade econômica ou social, sem descurar nesta composição de interesses
difusos, gerais ou titularizados por hipossuficientes, interesses estes necessariamente à
cura da autoridade estatal. A atividade regulatória, deixe-se claro desde logo, não exclui a
presença da autoridade do Estado. Esse objetivo de equilíbrio e composição de interesses
inerente à atividade regulatória nos remete necessariamente a trabalhar com a ideia de
sistemas. Sob dois prismas. Primeiro, porque a regulação servirá para estabelecer o engate,
a ponte, entre os sistemas jurídico e político, de um lado, e os sistemas econômico e social,
de outro. Pressupondo que cada um desses sistemas possui uma certa autonomia e que
nenhum deles reúne a capacidade para se impor sobre os demais, faz-se necessário que se
relacionem e estabeleçam, permanentemente, padrões de equilíbrio. A atividade regulatória
bem se presta a isso. Segundo, porque a construção dos distintos arcabouços regulatórios, ao
estatuir, para cada setor da vida econômica e social, um determinado equilíbrio, um código
interno e um aparato normativo próprio, acaba por criar subsistemas normativos (os tais
ordenamentos setoriais de que nos falava Massimo Severo Giannini),2 que convivem de
maneira nem sempre harmônica com a unicidade e centralidade do ordenamento jurídico
estatal, construído sob o prisma do monismo jurídico” (MARQUES NETO, Floriano
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
32 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
66
Nesse sentido, lecionam Cass Sunstein e Adrian Vermeule que: “Temos visto que vozes
influentes na doutrina constitucional argumentam em favor de estratégias interpretativas
sem sintonia com a questão das capacidades institucionais. Aqueles que enfatizam
argumentos filosóficos, ou a idéia de interpretações holísticas ou intratextuais, parecem,
em nossa visão, terem dado muito pouca atenção às questões institucionais. Aqui, como em
outros lugares, a nossa colocação [submission] mínima é a de que uma afirmação sobre a
interpretação adequada é incompleta se não prestar atenção às considerações das capacidades
administrativas [administrability], das capacidades judiciais e efeitos sistêmicos, além das
colocações usuais sobre legitimidade e autoridade constitucional” (Grifos postos). SUNSTEIN,
Cass R.; VERMEULE, Adrian. Interpretation and institutions. John M. Olin Program in
Law and Economics Working Paper n. 156, 2002. Disponível em: http://chicagounbound.
uchicago.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1279&context=law_and_economics Acesso em:
10 fev. 2016.
67
O levantamento de recursos e informações também serve, portanto, de parâmetro informativo
a uma postura mais ou menos deferente do Poder Judiciário ao controlar a Administração
Pública. Segundo Adrian Vermeule, há um papel apropriado para os tribunais no sentido
de assegurar que as agências tenham adequadamente investido recursos na coleta de
informações que podem resolver a incerteza, seja transformando-a em risco, ou mesmo
em certeza. Assim, quanto mais tempo e recursos o regulador tiver investido na busca de
informações, mais justificada será a deferência do Judiciário às escolhas de primeira ordem
tomadas pelas agências em um ambiente de incerteza. Cf.: VERMEULE, Adrian. Rationally
Arbitrary Decisions (in Administrative Law). Harvard Public Law Working Paper n. 13-24.
Disponível em: http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2239155. Acesso em: 10
fev. 2016.
68
Nesse sentido, Carlos Bolonha, José Eisenberg e Henrique Rangel anotam: “Em se tratando
de capacidades institucionais, pode-se compreender que existe a necessidade de serem
firmados parâmetros para definir o nível de interpretação que deve ser empregado sobre
o caso concreto. Como exemplos de fatores indispensáveis para o aprofundamento da
discussão decisional, pode-se apontar o fato de a instituição ser plenamente capaz de
levantar recursos e informações que balizem sua decisão, bem como ela estar inserida em
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
34 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
debates teóricos e empíricos sobre os fatos conexos àquela matéria. No que tange aos efeitos
sistêmicos, preocupa-se com os resultados que podem recair sobre pessoas, instituições
públicas e instituições privadas; o que exige do processo de deliberação um rigor maior
na interpretação, discussão e decisão do caso concreto” BOLONHA, Carlos; EISENBERG,
José; RANGEL, Henrique. Problemas Institucionais no Constitucionalismo Contemporâneo.
Direitos Fundamentais e Justiça. Revista do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado
em Direito da PUC-RS, ano 5, n. 17, out./dez. 2011. Disponível em: http://www.dfj.inf.br/
sumarios2.php.
69
BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática.
Disponível em: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/article/view/7433.
70
BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática. Op.
cit., p. 11.
71
De acordo com Alexandre Santos de Aragão, “o controle jurisdicional está avançando para
um nível de discussão muito mais sofisticado do que a divisão binária (e muitas vezes
ad hoc) entre discricionariedade e vinculação, que está sendo gradualmente substituída
pelo conceito de índices de capacidade institucional do órgão administrativo que emitiu a
decisão comparativamente à capacidade institucional que o Judiciário tem para decidi-la”
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Controle jurisdicional de políticas públicas. A&C Revista
de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 10, n. 42, out./dez. 2010.
Disponível em: http://www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=70465. Acesso
em: 10 jun. 2014.
72
Ibid., p. 12
73
Cass R. Sunstein e Adrian Vermeule: “Temos argumentado que as questões de interpretação
jurídica não podem ser adequadamente resolvidas sem atenção às questões institucionais.
Uma extraordinária variedade de pessoas ilustres tem explorado estratégias interpretativas
sem atentar para o fato de que tais estratégias, inevitavelmente, serão usadas por pessoas
falíveis e com prováveis efeitos dinâmicos que vão muito além do caso em questão. Dois
ART. 20 35
79
Sobre o tema, confiram-se os ensinamentos de José Esteve Pardo: “Questão crucial e de todo
inescusável que se coloca em torno da revisão judicial da atividade regulatória é, justamente,
a delimitação do alcance do controle judicial. Com essa delimitação se determina também,
negativamente, o âmbito excluído da intervenção judicial e que resta, portanto, à completa
disposição das autoridades reguladoras: o espaço de deferência que lhes é reconhecido como
não estando sujeito à revisão judicial”. ESTEVE PARDO, José. La revisión judicial de las
decisiones de las autoridades reguladoras. In: MUÑOZ MACHADO, Santiago; ESTEVE
PARDO, José (Dir.). Derecho de la regulación económica: fundamentos y instituciones de la
regulación. Madrid: IUSTEL, 2009, p. 899.
80
Abordando a noção de capacidade institucional e o princípio da deferência, embasando-se,
para tanto, no artigo anteriormente citado, confira-se também: BARROSO, Luís Roberto.
Constituição, democracia e supremacia judicial: direito e política no Brasil contemporâneo.
Disponível em: http://www.lrbarroso.com.br/pt/. Acesso em: 12 jul. 2014, p. 13; BINENBOJM,
Gustavo; CYRINO, André Rodrigues. Entre política e expertise: a repartição de competências
entre o governo e a Anatel na Lei Geral de Telecomunicações. Revista Eletrônica de Direito
Administrativo Econômico, n. 16, nov./jan. 2009. Disponível em: http://www.direitodoestado.
com.
81
Nesse quadrante, são precisos os ensinamentos de Leonardo Coelho Ribeiro, para quem:
quando afirma que “transportada para os domínios da revisão judicial de atos administrativos,
a referida teoria funciona como um limite à demasiada ingerência judicial sobre a esfera
administrativa, afirmando o fato de que, em determinadas ocasiões, o Poder Judiciário
pode não ser a instância mais qualificada para analisar atos administrativos de grande
complexidade técnica ou científica, seja pela falta de informação, seja pelo conhecimento
específico envolvido no tema em concreto”. Nessas hipóteses, os tribunais devem reconhecer
que o Poder Executivo tem aptidão especial que o torna melhor equipado para decidir
determinadas questões de fato, o que se aproxima da própria ideia de deferência” (RIBEIRO,
Leonardo Coelho. Presunções do ato administrativo, capacidades institucionais e deferência
judicial a priori: um mesmo rosto, atrás de um novo véu? Disponível em: https://bdjur.stj.
jus.br/jspui/handle/2011/99275).
82
BRASIL. STF. ADI nº 5.501 MC, Tribunal Pleno, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado
em 19.05.2016.
83
Quando o legislador confere a uma agência a prerrogativa de normatizar um aspecto ou
segmento da economia, dando-lhe capacidade normativa de segundo grau, suprimindo
mesmo nessa matéria a competência regulamentar geral conferida ao chefe do Executivo,
o faz no exercício do poder de legislar e confere à agência uma autorização para exercer
poder que lhe é próprio. E o faz criando uma reserva de regulação que, consoante decidiu
recentemente o STF, interdita até mesmo o poder de legislar.
ART. 20 37
84
O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Emb. Ação Cautelar nº 3.637-Rondônia, da
Relatoria do Ministro Edison Fachin, que teve por objeto suspensão das retenções feitas
no repasse do FPE ao Estado de Rondônia, fez referência ao entendimento dos subscritores
desse livro a propósito do art. 20.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
38 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
85
Cuida-se do que convencionamos chamar de autocontrole, aquele exercido endogenamente
no âmbito da Administração Pública. Ele pode ser dividido em controle interno e controle
correicional. Embora ambos sejam exercidos dentro da estrutura da Administração, sem
envolvimento de outro Poder, eles são distintos. O controle interno deve ser exercido no
âmbito interno ao órgão ou entidade, pela atuação de agentes ou segmentos orgânicos
dedicados a exercer atividade de controle. É aquele controle a que se refere o art. 74 da
Constituição Federal, e que deve se articular com os órgãos de controle externo. Os diversos
órgãos setoriais de controle interno (existentes em cada órgão ou entidade componente da
Administração Pública) devem se articular entre si e com o órgão central de controle interno,
formando assim o sistema de controle interno. Já o controle correicional é aquele exercido
pelos órgãos especializados de auditoria e corregedoria, órgãos estes que têm como atividade-fim
exclusivamente controlar a ação administrativa de outros órgãos públicos e de seus agentes. Porém,
não é correto que o controle correicional se sobreponha ou some, sem clareza de atribuições,
com os órgãos do sistema de controle interno. Nesse sentido, é fundamental que se demarquem
nitidamente as competências dos órgãos correicionais, as quais devem se ater às situações em que
seja necessária uma apuração específica quanto a alguma conduta. Daí a proposta de sua ação ser
fundamentalmente reativa, não ex officio, dependente de provocação interna ou externa aos
quadros da Administração (MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Os grandes desafios
do controle da Administração Pública. Fórum de Contratação e Gestão Pública – FCGP, Belo
Horizonte, ano 9, n. 100, p. 7-30, abr. 2010).
86
DUARTE, David. Procedimentalização, participação e fundamentação: para uma concretização
do princípio da imparciabilidade administrativa como parâmetro decisório. Coimbra:
Almedina, 1996. p. 320 e 323.
ART. 20 39
87
Não desconhecemos a controvérsia em torno da utilização do termo “princípio” para
designar o objeto dessa parte do texto. Com efeito, o uso do termo “princípio” para tratar
da proporcionalidade pode ser incorreto se adotado o prisma da teoria de Robert Alexy,
que contrapõe regras e princípios jurídicos. Sobre isso, ver ÁVILA, Humberto Bergman. A
distinção entre princípios e regras e a redefinição do dever de proporcionalidade. Revista
de Direito Administrativo – RDA, n. 215, p. 153-179, 1999. Feita essa ressalva, usar-se-á da
terminologia já consagrada na doutrina e na jurisprudência brasileira.
88
Na pertinente construção de LIMA, Ruy Cirne: “Estão os negócios públicos vinculados,
por essa forma, não ao arbítrio do Executivo, mas à finalidade impessoal, no caso, pública,
que este deve procurar realizar. [...] Preside, destarte, ao desenvolvimento da atividade
administrativa do Poder Executivo, não o arbítrio que se funda na força, mas a necessidade
que decorre da racional persecução de um fim” (Princípios de direito administrativo. 2. ed.
Porto Alegre: Globo, 1939, p. 21).
89
Nos dizeres de Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da finalidade “impõe que o
administrador, ao manejar competências postas a seu cargo, atue com rigorosa obediência
à finalidade de cada qual” (Curso de direito administrativo. 13. ed. São Paulo: Malheiros,
p. 78).
90
“A instituição da dimensão material do princípio não é nova como atrás se acentuou. Já
nos séculos XVIII e XIX, ela está presente na ideia britânica de reasonableness, no conceito
prussiano de Verhältnismässigkeit, na figura de détournement du pouvoir em França e na
categoria italiana do eccesso di potere” (CANOTILHO, José Gomes. Direito constitucional.
5. ed. Coimbra: Almedina, p. 268).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
40 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
91
“A instituição da dimensão material do princípio não é nova como atrás se acentuou. Já
nos séculos XVIII e XIX, ela está presente na idéia britânica de reasonableness, no conceito
prussiano de Verhältnismässigkeit, na figura de détournement du pouvoir em França e na
categoria italiana do eccesso di potere” (Direito constitucional. 5. ed. Coimbra: Almedina, p.
268). Para um aprofundamento sobre a evolução do princípio da proporcionalidade, sob
o prisma da razoabilidade e do devido processo legal substantivo, no direito americano,
ver o percuciente estudo de SARMENTO, Daniel. A ponderação de interesses na Constituição
Federal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002, p. 81-87.
92
Ver neste sentido BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da proporcionalidade e o controle
de constitucionalidade das leis restritivas de direitos. Brasília: Brasília Jurídica, 1996. Para um
aprofundamento sobre a evolução do princípio da proporcionalidade, sob o prisma da
razoabilidade e do devido processo legal substantivo, no direito americano, ver o percuciente
estudo de SARMENTO, Daniel. A ponderação de interesses na Constituição Federal. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2002, p. 81-87.
93
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição, op. cit., p. 209.
ART. 20 41
94
Lógica da qual já tive a oportunidade de me valer como um limite ao exercício da função
reguladora: “Por tudo isso tenho comigo que o princípio da proporcionalidade é central e
fundamental quando estamos diante do exercício da atividade regulatória estatal. De um
lado, porque se trata de atividade estatal que implica, por definição, em alguma restrição
do princípio de liberdade de iniciativa. De outro, porque a regulação, especialmente quando
exercida por agências independentes, envolve a transferência de significativos poderes a um
só órgão, obrigando o conseqüente reforço no condicionamento e adstrição aos princípios
limitadores do poder extroverso.
Como sói, então, o princípio da proporcionalidade deverá ser observado pelos órgãos in-
cumbidos de exercer regulação estatal quer esta se manifeste no âmbito dos procedimentos
normativos (de modo a não prever restrições infralegais de caráter geral que exorbitem o
quanto necessário à consecução das finalidades públicas justificadoras da regulação); quer
no âmbito do poder sancionador (onde revelar-se-á em sua plenitude, tal qual ocorre no
direito penal, não só na avaliação da punibilidade, mas também na dosimetria da pena);
quer no exercício do poder de polícia ínsito à atividade regulatória (predicando que as
restrições e condicionamentos típicos do poder de polícia deverão observar os traços de
necessidade e adequação acima divisados)” (MARQUES NETO, Floriano Peixoto de Aze-
vedo. Limites à abrangência e à intensidade da Regulação Estatal. Revista de Direito Público
da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 1, n. 1, p. 69-92, jan./mar. 2003).
95
A exemplo do que ficou decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADC nº 41: “Em terceiro
lugar, a medida observa o princípio da proporcionalidade em sua tríplice dimensão. A
existência de uma política de cotas para o acesso de negros à educação superior não torna
a reserva de vagas nos quadros da administração pública desnecessária ou desproporcional
em sentido estrito. Isso porque: (i) nem todos os cargos e empregos públicos exigem curso
superior; (ii) ainda quando haja essa exigência, os beneficiários da ação afirmativa no
serviço público podem não ter sido beneficiários das cotas nas universidades públicas; e (iii)
mesmo que o concorrente tenha ingressado em curso de ensino superior por meio de cotas,
há outros fatores que impedem os negros de competir em pé de igualdade nos concursos
públicos, justificando a política de ação afirmativa instituída pela Lei nº 12.990/2014” (ADC
41/DF – DISTRITO FEDERAL AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO Julgamento: 08.06.2017 Órgão Julgador: Tribunal
Pleno).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
42 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
96
Como se extraí, por exemplo, do seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça – STJ: “Na
atualidade, a Administração pública está submetida ao império da lei, inclusive quanto à conveniência
e oportunidade do ato administrativo. 2. Comprovado tecnicamente ser imprescindível, para
o meio ambiente, a realização de obras de recuperação do solo, tem o Ministério Público
legitimidade para exigi-la. 3. O Poder Judiciário não mais se limita a examinar os aspectos
extrínsecos da administração, pois pode analisar, ainda, as razões de conveniência e oportunidade,
uma vez que essas razões devem observar critérios de moralidade e razoabilidade. 4. Outorga
de tutela específica para que a Administração destine do orçamento verba própria para
cumpri-la. 5. Recurso especial provido” (STJ, SEGUNDA TURMA, REsp nº 429570/GO; Rel.
Min. ELIANA CALMON, DJ 22.03.2004, p. 277, RSTJ vol. 187, p. 219. Do mesmo modo, AC
0001146-14.2005.4.01.3500/GO, Rel. JUIZ FEDERAL MARCELO DOLZANY DA COSTA, 2ª
TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 p. 403 de 18.09.2013). Na doutrina, v. OLIVEIRA, Márcio
Berto Alexandrino de. A possibilidade de controle do mérito do ato administrativo pelo
Poder Judiciário. Fórum Administrativo – FA, Belo Horizonte, ano 16, n. 180, fev. 2016.
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou
judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências
jurídicas e administrativas.
Caput acrescentado pela Lei nº 13.655, de 25.04.2018.
O art. 21, por sua vez, visa a conferir uma racionalidade aos
processos administrativos invalidadores. Em termos coloquiais, impõe
que sejam consideradas as consequências do “dia seguinte” da decisão
invalidadora. Duas são as diferenças de abrangência em comparação
com o art. 20. O art. 21 não se aplica apenas às decisões tomadas
com base em valores abstratos, mas a qualquer decisão, mesmo as
fundamentadas em expressa disposição contida em norma. De outro
lado, enquanto o art. 20 se aplica a qualquer decisão, com quaisquer
efeitos, a norma contida no art. 21 cinge-se às decisões que invalidam
ato, contrato, processo ou norma.
Pois bem, como visto na introdução livro, a consolidação da
democracia produziu externalidades positivas para o desenvolvimento
dos sistemas de controles – tanto para o controle externo, quanto para o
controle interno. Mas, se, de um lado, houve um avanço na normatização
do controle sobre o atuar da Administração Pública, de outro, a sua
múltipla incidência importou na supressão da segurança jurídica. É
dizer, à medida que foram ampliados os legitimados ao exercício do
controle, incrementou-se a instabilidade das relações travadas com
poder público.97
Esse cenário, como já se teve a oportunidade de asseverar, com
Juliana Bonacorsi de Palma,98 foi desenvolvido a partir dos seguintes
truísmos doutrinários: (i) quanto maior a margem de liberdade conferida
aos gestores públicos, maior o risco de corrupção; (ii) quando maior a
incidência de controles, maior a certeza de que a Administração atue
dentro da legalidade; (iii) instituições de controles fortes, dotadas de
irrestrita independência funcional e avantajados recursos barram a
corrupção; e (iv) a corrupção da máquina pública é contida por meio de
97
SUNDFELD, Carlos Ari; MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. uma nova lei para
aumentar a qualidade jurídica das decisões públicas e de seu controle. In: SUNDFELD,
Carlos Ari (Coord.). Contratações públicas e seu controle. São Paulo: Malheiros, 2013, p. 278.
98
MARQUES NETO, Floriano de Azevedo; PALMA, Juliana Bonacorsi de Palma. Os sete
impasses do controle da administração pública. In: PEREZ, Marcos Augusto; SOUZA,
Rodrigo Pagani de. Controle da Administração Pública. Belo Horizonte: Fórum, 2017.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
44 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
99
Racional também previsto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999, cuja redação é a seguinte: “Art. 53.
A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade,
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos”. BAPTISTA, Patrícia. Os limites constitucionais à autotutela administrativa:
o dever de observância do contraditório e da ampla defesa antes da anulação de um ato
administrativo ilegal e seus parâmetros. Revista da Procuradoria-Geral do Município de
Juiz de Fora – RPGMJF, Belo Horizonte, ano 1, n. 1, p. 195-217, jan./dez. 2011. Autotutela
administrativa e princípio do contraditório. Resenha jurisprudencial de: FERRAZ, Luciano;
MOTTA, Fabrício. Fórum Municipal & Gestão das Cidades – FMGC, Belo Horizonte, ano 2, n.
3, p. 97-99, jan./fev. 2014.
100
MOREIRA, Egon Bockmann. Direito Administrativo da escassez, contratações públicas
e segurança jurídica: o que temos a aprender com a crise permanente. Revista de Direito
Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 16, n. 61, p. 55-76, jan./mar. 2018.
ART. 21 45
101
POGREBINSCHI, Thamy. Pragmatismo: teoria social e prática. Rio de Janeiro: Relume
Dumará, 2005, p. 39.
102
POGREBINSCHI, Thamy. Op. cit., p. 38.
103
Como anota José Vicente Santos de Mendonça: “O pragmatismo é uma filosofia das
consequências, da experiência e da ação, mas é também, e, principalmente, uma filosofia
da transformação. Nada mais distante do pragmatismo filosófico do que uma postura de
tibieza diante da realidade e do conformismo, “render-se aos fatos.” MENDONÇA, José
Vicente Santos de. Direito constitucional econômico: a intervenção do estado na economia à
luz da razão pública e do pragmatismo. Belo Horizonte: Fórum, 2014, p. 42.
104
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Ativismo judicial, pragmatismo e capacidades
institucionais: as novas tendências do controle judicial dos atos administrativos. Revista
Brasileira de Direito Público – RBDP, Belo Horizonte, ano 10, n. 39, p. 9-36, out./dez. 2012.
105
ARGUELLES, Diego Werneck; LEAL, Fernando. Pragmatismo como [meta] teoria normativa
da decisão judicial: caracterização, estratégias e implicações. In: SARMENTO, Daniel (Org.).
Filosofia e teoria constitucional contemporânea. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 187.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
46 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
106
FREITAS, Rafael Véras de. A Análise de Impacto Regulatório (AIR) no setor de energia
elétrica. Revista Brasileira de Direito Público – RBDP, Belo Horizonte, ano 12, n. 46, p. 177-200,
jul./set. 2014.
107
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Interpretação consequencialista e análise econômica
do direito público à luz dos princípios constitucionais da eficiência e economicidade. In:
SARMENTO, Daniel (Org.). Vinte anos da Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2009. Sobre tema, v. ARGUELHES, Diego Werneck; LEAL, Fernando. Pragmatismo
como [meta] teoria normativa da decisão judicial: caracterização, estratégias e implicações.
In: SARMENTO, Daniel (Org.). Filosofia e teoria constitucional contemporânea. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2009, p. 176.
108
Tanto é verdade que, como assevera Cristiane de Oliveira Coelho: “a partir de 1980, pelo
menos um economista fazia parte do corpo docente das mais conceituadas escolas de
Direito dos Estados Unidos, quando também passaram a ser publicadas diversas revistas
especializadas em Law and Economics. No que tange à prática jurídica, por sua vez,
atribui-se à Análise Econômica do Direito não só o movimento de desregulamentação dos
mercados americanos de transporte e telecomunicações, mas também a reforma criminal
de 1984 e a freqüente aplicação de teorias econômicas em decisões judiciais por parte de
juízes como Breyer, Posner, Easterbrook, Calabresi e Ginsburg” (COELHO, Cristiane de
Oliveira. A análise econômica do direito enquanto ciência: uma explicação de seu êxito sob a
perspectiva da história do pensamento econômico. (May 1, 2007). Berkeley Program in Law
& Economics. Latin American and Caribbean Law and Economics Association (ALACDE) Annual
Papers. Paper 05010710. Disponível em: http://repositories.cdlib.org/bple/alacde/05010710.
ART. 21 47
109
Racional que vem se expandindo para o Direito Público. SCHWANKA, Cristiane. Direito
econômico e direito público: uma abordagem da análise econômica como método de
interpretação dos contratos administrativos. Revista de Direito Empresarial – RDEmp, Belo
Horizonte, ano 9, n. 2, p. 63-79, maio/ago. 2012; POSNER, Eric A. Análise econômica do
direito contratual após três décadas: sucesso ou fracasso?: (Primeira parte). [Tradução
Luciano Benetti Timm, Cristiano Carvalho e Alexandre Viola]. Revista de Direito Público
da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 6, n. 23, p. 75-108, jul./set. 2008; DIAS, Maria
Tereza Fonseca. Os problemas da contratação pública brasileira sob a Análise Econômica
do Direito (Law and Economics): em busca de propostas legislativas para sua superação.
Revista Brasileira de Direito Público – RBDP, Belo Horizonte, ano 15, n. 57, p. 85-111, abr./
jun. 2017.
110
Em complemento, Everton das Neves e Joana Stelzer asseveram que: “À luz da LaE, intentam-
se verificar os efeitos inibidores e incentivos produzidos pelas normas jurídicas no meio
social; o comportamento equitativo e eficiente induzido; a atribuição de riscos de forma
eficiente; a avaliação dos resultados, a distribuição de riqueza e a simbiose entre eficiência
e justiça, já que o julgador deve comportar-se, frente ao caso concreto; solucionando a lide
entre as partes de forma eficiente, maximizando resultados e induzindo comportamentos”
(GONÇALVES, Everton das Neves; STELZER, Joana. O direito e a ciência econômica: a
possibilidade interdisciplinar na contemporânea Teoria Geral do Direito. (May 1, 2007).
Berkeley Program in Law & Economics. Latin American and Caribbean Law and Economics
Association (ALACDE) Annual Papers. Paper 05020701. http://repositories.cdlib.org/bple/
alacde/05020701).
111
Por todos, V. PINHEIRO, Armando Castelar; SADDI, Jairo. Direito, economia e mercados. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2005.
112
The Problem of Social Cost. R. H. Coase. Journal of Law and Economics, v. 3, p. 1-44, Oct.,
1960. Published by: The University of Chicago Press. O artigo “O problema do custo social.
Ronald H. Coase” foi traduzido e publicado na íntegra na The Latin American and Caribbean
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
48 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
Journal of Legal Studies, v. 3, n. 1, Article 9, e pode ser acessado no endereço eletrônico: http://
services.bepress.com/lacjls/vol3/iss1/art9.
113
PIMENTA, Eduardo Goulart; BOGLIONE, Stefano. Análise econômica do direito contratual.
Revista de Direito Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 6, n. 24, out./dez. 2008.
114
PINHEIRO, Armando Castelar. Segurança jurídica, crescimento e exportações. Rio de Janeiro,
IPEA, 2005, p. 13.
115
Para uma análise das principais críticas ao pragmatismo e ao consequencialismo jurídico,
ver, por exemplo: SOUZA NETO, Cláudio Pereira de. Verticalização, cláusula de barreira
e pluralismo político: uma crítica consequencialista à decisão do STF na ADIN 3685.
Interesse Público, Porto Alegre, v. 37, p. 87, 2006; CARVALHO, Lucas Borges de. Integridade,
pragmatismo e decisão judicial: um debate entre Hércules e Jobim. Revista de Direito
Constitucional e Internacional, São Paulo, n. 64, p. 207-208, jul./set. 2008.
116
PARGENDLER, Mariana; SALAMA, Bruno Meyerhof. Direito e consequência no Brasil:
em busca de um discurso sobre o método. RDA – Revista de Direito Administrativo, Belo
Horizonte, v. 262, jan./abr. 2013. Eis os julgados a que se referem os autores. BRASIL.
Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 526.276. Tribunal Pleno. Rel. min.
Ellen Gracie Northfleet. J. 3.11.2010. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 3.934. Tribunal Pleno. Rel. min. Ricardo Lewandowski. J. 27.5.2009.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.277. Tribunal
Pleno. Rel. min. Ayres Britto. J. 5.5.2011. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição
de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 186. Tribunal Pleno. Rel. min. Ricardo
Lewandowski. J. 26.4.2012.
ART. 21 49
117
BRASIL. STF. RE nº 407688, Tribunal Pleno, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em
08.02.2006
118
RAMALHO, Bruno Araújo. O dever de motivação administrativa no contexto das escolhas
regulatórias: uma análise da jurisprudência do Tribunal de Contas da União (TCU). In: I
Seminário de Integração FGV Direito Rio e Faculdade de Direito da UERJ, 2016, Rio de
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
50 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
120
Esse racional veio a ser utilizado no âmbito da Tutela Antecipada Antecedente nº 5044495-
17.2018.4.04.7000/PR, que tem curso na 1ª Vara Federal de Curitiba. Trata-se de pedido de
concessão de tutela antecipada antecedente distribuído pelo Estado do Paraná e pelo DER
contra as concessionárias daquele estado, que tem como um de seus pedidos a redução da
tarifa de pedágio. Ao apreciar o pleito de primeira instância, o magistrado corretamente se
manifestou no sentido de que “A petição inicial não enfrenta os comandos dos arts. 20 a 24
2 da LINDB, que escolheram o modelo hermenêutico do consequencialismo para decisões
sobre a invalidação ou modificação dos atos/contratos administrativos. Questões essenciais
para a ponderação sobre os efeitos reversos de eventual decisão pela redução dos padrões
tarifários. Caso ocorra a redução do valor da tarifa em sede liminar e a reforma posterior da
decisão, para a manutenção do equilíbrio financeiro do contrato seria necessário: a) cobrança
de tarifas maiores a hoje praticadas; b) redução das obras previstas; ou c) aumento do prazo
das concessões. Essas soluções podem gerar maiores danos à população paranaense, que
há muito almeja pelo termo dos contratos de concessão, e realização de nova licitação em
que a modicidade das tarifas e a qualidade das obras de melhoramento e manutenção das
rodovias sejam o foco principal”.
121
No âmbito do Estado do Rio de Janeiro, a Procuradoria-Geral do Estado Editou a Resolução
nº 4.222/2018, que tem por objeto análise global da celebração e execução dos instrumentos
relacionados à construção e operação da linha 4 dos serviços de transporte metroviário. De
acordo com o normativo, a comissão deverá observar levar em consideração as diretrizes
trazidas pela Lei Federal nº 13.655/18.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
52 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
122
A lógica é sempre a indenizatória, como se extrai da Jurisprudência do STJ (Recurso
Especial nº 1.306.350/SP): “A autora sagrou-se vencedora da Concorrência Pública nº 2/92,
promovida pela Municipalidade de Guarulhos, razão por que lhe foi adjudicado o Contrato
Administrativo de nº 174/92, que teve por objeto a execução de serviços de conservação e
manutenção dos sistemas viários e de drenagem da cidade de Guarulhos. Adjudicado o
contrato administrativo em 5 de novembro de 1992 e iniciadas as obras em 1º de março de
1994, cumpria à Municipalidade recorrida efetuar o pagamento das parcelas do preço ajustado
à medida que realizadas as medições periódicas dos serviços executados, o que, todavia, não
foi realizado, não tendo a Municipalidade recorrida cumprido com suas obrigações. Assim, foi
ajuizada a presente ação de cobrança, cumulada com rescisão contratual. O art. 49, parágrafo
único, do Decreto-lei 2.300/86, dispositivo que a recorrente aponta como malferido, fixa: ‘A
nulidade [do contrato] não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado, pelo que
este houver executado até a data em que ela for declarada, contando que não lhe seja imputável,
promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa’. No caso, o réu sequer cogitou – ou
o aresto recorrido tangenciou – suposta má-fé da autora. O contrato foi declarado nulo por
vício intrínseco, qual seja, ausência de prazo para início e execução da obra, que somente
pode ser imputado ao Município de Guarulhos, responsável – exclusivo – pela realização
do certame licitatório e elaboração do contrato administrativo. Como se sabe, o contrato
administrativo é de adesão, elaborado unilateralmente, sem a participação ou discussão
de suas cláusulas com o administrado vencedor da licitação. Assim, se foi anulado por
não conter uma cláusula obrigatória, o vício somente pode ser imputado à Administração,
nunca ao particular que com ela contrata. 6. É fato incontroverso nos autos que a empresa
autora vinha cumprindo todas as suas obrigações contratuais. Nesses termos, não lhe pode
ser imputado o prejuízo por qualquer vício do contrato, cabendo-lhe a remuneração pelos
serviços já prestados até a data da anulação. Não se pode admitir que a Administração
Pública se enriqueça às custas do administrado, que não deu causa à anulação da avença,
recebendo serviços gratuitamente, sem o correlato pagamento previsto no contrato, até
ART. 21 53
a data da anulação. Caso contrário, haverá ofensa inequívoca ao postulado que veda o
enriquecimento sem causa e, em última análise, ao princípio da moralidade administrativa”.
123
A doutrina brasileira é amplamente favorável a tal expediente. FAGUNDES, Miguel Seabra.
O controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015,
p. 38; COUTO E SILVA, Almiro do, Princípios da legalidade da administração Pública e
da Segurança Jurídica no Estado de Direito Contemporâneo. Revista de Direito Público –
RDP, Brasília, Editora UnB, p. 46-63; FREITAS, Juarez. Repensando a natureza da relação
jurídico-administrativa e os limites principiológicos à anulação dos atos administrativos.
In: FREITAS, Juarez. Estudos de direito administrativo. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p.
20-21.
124
O que poderia se passar nas seguintes hipóteses, como já ressaltado, pelo Superior Tribunal
de Justiça: “Indispensável, então, para a anulação do ato o reconhecimento de que (i) tenha
ele causado lesão à Administração, (ii) sua convalidação não seja viável juridicamente e (iii)
‘não tenha servido de fundamento a ato posterior, praticado em outro plano de competência’”.
(STJ. REsp nº 56.017/RJ, 6ª Turma. Rel. Min. Fernando Gonçalves. Julg. 02.06.1997. DJ, 23
jun. 1997). Tribunal de Contas da União já agasalhou esse entendimento no Acórdão nº
701/2007, Plenário, Rel. Min. Benjamin Zymler: “3. Atos administrativos contendo defeitos
sanáveis que não tenham acarretado lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros
poderão ser convalidados pela Administração”.
125
“Transcurso de mais de dez anos desde a concessão da liminar no mandado de segurança. 5.
Obrigatoriedade da observância do princípio da segurança jurídica enquanto subprincípio do
Estado de Direito. Necessidade de estabilidade das situações criadas administrativamente.
6. Princípio da confiança como elemento do princípio da segurança jurídica. Presença de
um componente de ética jurídica e sua aplicação nas relações jurídicas de direito público. 7.
Concurso de circunstâncias específicas e excepcionais que revelam: a boa fé dos impetrantes;
a realização de processo seletivo rigoroso; a observância do regulamento da Infraero,
vigente à época da realização do processo seletivo; a existência de controvérsia, à época
das contratações, quanto à exigência, nos termos do art. 37 da Constituição, de concurso
público no âmbito das empresas públicas e sociedades de economia mista. 8. Circunstâncias
que, aliadas ao longo período de tempo transcorrido, afastam a alegada nulidade das
contratações dos impetrantes. 9. Mandado de Segurança deferido”. (STF, MS nº 22.357/DF,
Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJ 05.11.04, p. 6, Informativo de Jurisprudência do
STF, n. 349).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
54 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
126
Apelação Cível nº 0004002-93.2003.404.7005/PR
127
MENDONÇA, José Vicente. Art. 21: indicando consequências e regularizando negócios.
op. cit., p. 53
128
No mesmo sentido, Cristiana Corrêa Conde Faldini, em artigo específico sobre o tema:
“[...] tratando-se de atos lícitos, que de forma indireta impõem sacrifícios de direitos
(genericamente considerados) ou lesão de direitos a alguns particulares, que excedem
o limite do razoável a que devem se submeter, e, não havendo tal ato – ou sua norma
autorizadora – estabelecido indenização correspondente, nasce a pretensão indenizatória
que, até por exclusão, deve ser processada pela modalidade objetiva. Isso porque exigir
a submissão do assunto à responsabilidade subjetiva e perquirir de culpa que, dada a
licitude do ato, inexiste, deixaria ao desamparo os administrados que tiveram seus direitos
sacrificados”. (FALDINI, Cristiana Corrêa Conde. Responsabilidade do Estado pela prática
de atos lícitos. Revista da Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, São Paulo, n. 67/68, p.
67-130, jan./dez. 2008, p. 112).
ART. 21 55
que, ainda que a decretação da nulidade seja um ato lícito, como bem
apontado como Celso Antônio Bandeira de Mello,129 “na hipótese
de danos ligados à situação criada pelo Poder Público – mesmo que
não seja o Estado o próprio autor do ato danoso –, entendemos que
o fundamento da responsabilidade estatal é garantir uma equânime
repartição dos ônus provenientes de atos ou efeitos lesivos, evitando
que alguns suportem prejuízos ocorridos por ocasião ou por causa de
atividades desempenhadas no interesse de todos”.
Cogite-se, por exemplo, da hipótese em que a exploração de
determinada atividade por um particular, por dez anos, seja considerada
ilegal, por normativo posteriormente editado. Nessa hipótese, o decisor,
antes de decretar a nulidade do referido título habilitante, deverá
permear o procedimento por um racional que considera eventuais
prejuízos excessivos e anormais que serão experimentados pelo agente,
o que poderá lhe gerar, inclusive, um direito indenizatório, sob pena
de uma expropriação normativa (ou regulatória130). Outra hipótese
que se pode cogitar é que de se module, temporalmente, os efeitos da
decretação de nulidade, considerando os efeitos produzidos pela boa-fé
e a necessidade da necessária estabilização das relações jurídicas –
expediente do qual tem se valido o STF, em sede de controle abstrato
de constitucionalidade, com base no art. 27131 da Lei nº 9.868/1999.
Note-se que esse parágrafo do art. 21 consagra no nosso sistema
um regime de corresponsabilidade pelas consequências de uma decisão
invalidadora. Como dito anteriormente, retirar um ato, contrato, processo
ou norma do ordenamento é decisão grave, relevante e que enseja
necessariamente regular seus efeitos seja em relação ao desfazimento
do passado, seja no tocante à projeção de efeitos para o futuro. Antes
da alteração propiciada pela nova LINDB, o decisor (controlador) era
instado a analisar eventual invalidade sob o prisma formal e abstrato,
relegando ao administrador e aos particulares o encargo de desfazer
o que já se perpetrara e de distribuir os ônus da invalidação. Como
o direito não opera efeitos no éter, nem o agir jurídico se resume à
abstração, o dispositivo impõe ao decisor os ônus de indicar como
129
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo:
Malheiros, 2011.
130
FREITAS, Rafael Véras de. Expropriações regulatórias. Belo Horizonte: Fórum, 2016.
131
Eis o dispositivo: “Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e
tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos
daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado
ou de outro momento que venha a ser fixado”.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
56 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
132
Nesse sentido, já asseveramos com Egon Bockmann Moreira que “O Direito não pode
ser estático, mas também não há de ser uma ‘caixinha de surpresas’. Outro ponto nesta
mesma linha: é comum que os órgãos de controle (administrativo ou judicial), anos depois,
julguem um ato fora do contexto em que foi praticado. Uma decisão justificável ao seu
tempo, descontextualizada torna-se írrita e inconveniente. O projeto (artigo 25) não veda
a censura de um ato, mas coloca clara a obrigação de o controlador ponderar seus efeitos
e contextualizar sua análise na realidade vivenciada ao tempo de sua edição” (MARQUES
NETO, Floriano de Azevedo; MOREIRA, Egon Bockmann. Uma lei para o Estado de Direito
contemporâneo. Revista de Direito Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 2016, n.
54, p. 209-211, abr./jun. 2016).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
58 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
133
Sobre o tema, cf.: MENAND, Louis. The metaphysical club: a story of ideas in America. New
York: Farrar, Straus e Giroux, 2001.
134
MENAND, Louis. The metaphysical club: a story of ideas in America. New York: Farrar, Straus
e Giroux, 2001, p. 364. Apud GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Introdução ao realismo
jurídico norte-americano. Brasília: edição do autor, 2013, p. 28. Disponível em: www.agu.gov.
br. Acesso em: 14 abr. 2015. Pesquisa disposta em RIBEIRO, Leonardo Coelho. O direito
administrativo como caixa de ferramentas. São Paulo: Malheiros, 2016.
135
DEWEY, John. The essential Dewey: pragmatism, education, democracy, v. 1. Indianapolis:
Indiana University Press, 1998, p. 361. Pesquisa disposta em RIBEIRO, Leonardo Coelho.
O Direito Administrativo como caixa de ferramentas. São Paulo: Malheiros, 2016.
136
GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Introdução ao realismo jurídico norte-americano. Brasília:
edição do autor, 2013, p. 57. Disponível em: www.agu.gov.br. Acesso em: 14 abr. 2015.
137
Eduardo Jordão, ao comentar o referido dispositivo leciona, que: “No caso do art. 22,
objeto específico deste texto, é particularmente relevante esta segunda trilha, referente à
contextualização. Daí ser comum que se afirme que ele consagra o “primado da realidade”.
Nele, a exigência de contextualização produz uma espécie de “pedido de empatia” com o
gestor público e com suas dificuldades. Esta é outra lógica bastante presente no projeto: se
o controlador quer se colocar na posição de tomar ou substituir decisões administrativas, é
preciso que enfrente também os ônus que o administrador enfrenta. Esta circunstância vai na
linha das afirmações de parte da doutrina, mencionadas acima, no sentido da necessidade
de maior atenção às agruras e aos dilemas do gestor público” (JORDÃO, Eduardo. O art.
22 da LINDB: acabou o romance: reforço do pragmatismo no direito público brasileiro.
Revista de Direito Administrativo – RDA. Edição especial. Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2018, p. 69-70).
ART. 22 59
138
Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/controle-publico/nao-
existe-processo-gratis-08082018.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
60 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
139
Eis o dispositivo: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. §1º No caso de efeitos patrimoniais
contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. §2º
Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa
que importe impugnação à validade do ato”.
140
Eis o dispositivo: “Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera
retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir,
além de desconstituir os já produzidos. Parágrafo único. A nulidade não exonera a
Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a
data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto
que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa”.
141
Por todos, veja-se: SILVA, Almiro do Couto e. O princípio da segurança jurídica (proteção
à confiança) no direito público brasileiro e o direito da Administração Pública de anular
seus próprios atos administrativos: o prazo decadencial do art. 54 da Lei do Processo
Administrativo da União (Lei nº 9.784/99), op. cit.
142
Vide (STF. ACO nº 79/MT, Rel. Min. Cezar Peluso. DJ, 25 maio 2012).
ART. 22 61
que participou no ato nulo. É, pois, nesse quadrante, que deve ser
interpretado o referido parágrafo.
Deve-se evitar que o agente público, que exerce regularmente o
seu mister, seja sancionado pura e simplesmente por ter participado de
um ato que vier a ser declarado nulo. Esse dispositivo busca evitar que
a conduta dos agentes seja julgada dentro de certo “autismo decisório”
que a isola da realidade, confrontando-a apenas com normas e princípios
abstratos, desconectados da realidade.
Critica-se o dispositivo por dizer que o decisor não tem elementos
para aferir as tais circunstâncias práticas existentes ao tempo da decisão.
Nada mais insustentável. O juiz criminal consegue aferir as circunstâncias
de um crime para verificar se houve ou não condições objetivas a justificar
a conduta subjetiva do réu. Um juiz civil consegue, a partir da normal
dilação probatória, se situar na realidade ensejadora de um acidente de
trânsito para firmar o dever de indenizar de um litigante. Um juiz de
família consegue avaliar, no bojo da instrução, o melhor arranjo parental
para definir regime de guarda ou de visitas a menores num processo
de divórcio. Sem sentido, então, defender que o decisor numa questão
de direito público seja incapaz de avaliar tais contextos e circunstâncias
práticas. Mais do que necessário o decisor ter de aferir tais circunstâncias
práticas em que se enredou um administrador público ao praticar uma
conduta, pois a prova no ambiente público tende a ser muito mais fácil
do que no correr da vida privada. Basta sair da abstração e se admitir
que a demonstração dos fatores concretos à época da conduta têm – e
devem ter – significativa importância.
Daí a razão pela qual tal previsão deve ser interpretada em
conjunto com o disposto no art. 28 da própria Lei nº 13.655/2018, de
acordo com o qual “o agente público responderá pessoalmente por
suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro”.
É dizer: o agente público só será responsabilizado na hipótese de ter
colaborado, com dolo ou erro grosseiro, para decretação da nulidade,
considerando-se as circunstâncias práticas que houverem imposto,
limitado ou condicionado sua atuação.
143
Eis o dispositivo: “Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e
a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais”.
144
Por todos, V. Rafael Munhoz de Mello, para quem “o princípio da proporcionalidade veda
a imposição de sanções administrativas excessivas e desproporcionais à situação fática que
serve de motivo para a imposição da punição. A intensidade da sanção administrativa
deve corresponder à gravidade da conduta ilícita praticada pelo infrator: quanto mais
grave a conduta, mais intensa deve ser a sanção. (...) Para definir a ‘justa medida’ da sanção
administrativa é preciso sopesar as circunstâncias fáticas de cada infração. É arbitrária a
sanção aplicada sem consideração às peculiaridades do caso concreto, essenciais à definição
da intensidade da medida sancionadora a ser aplicada e, de conseqüência, à observância
do princípio da proporcionalidade” (MELLO, Rafael Munhoz de. Sanção administrativa
e o princípio da culpabilidade. A&C Revista de Direito Administrativo e Constitucional, Belo
Horizonte, ano 5, n. 22, p. 25-57, out./dez. 2005).
145
Como de extrai do seguinte julgado, do STJ: “A aplicação genérica e indiscriminada da
sanção máxima aos servidores envolvidos em processo administrativo, sem que observada
a diversidade das condutas praticadas, fere os princípios da individualização e da
proporcionalidade da reprimenda” (STJ, MS nº 7.077/DF, DJU, 11.6.2001, p. 90).
ART. 22 63
146
Cf. HAURIOU, Maurice. Précis Élémentaire de Droit Administratif. 4ème éd. Paris: Recueil Sirey,
1938, p. VII.
147
PALMA, Juliana Bonacorsi de. Sanção e acordo na administração pública. São Paulo: Malheiros,
2015, p. 56.
148
Como já tive a oportunidade de desenvolver em MARQUES NETO, Floriano Peixoto de
Azevedo. Regulação estatal e interesses públicos. São Paulo: Melhoramentos, 2002.
149
PALMA, Juliana Bonacorsi de. Processo regulatório sancionador e consensualidade: análise do
acordo substitutivo no âmbito da Anatel. Revista de Direito de Informática e Telecomunicações –
RDIT, Belo Horizonte, ano 5, n. 8, p. 7-38, jan./jun. 2010.
150
Instrumentalidade essa que se atrela ao realismo, aqui abordado, como bem destacado
por Alexandre Santos de Aragão, para quem: “A necessidade de as normas reguladoras
dos serviços públicos expedidas pela Administração Pública atenderem na prática aos
interesses do serviço, tal como previsto na Constituição e na lei que o instituiu, faz com
esta relação de adequação deva estar sempre sendo verificada e aperfeiçoada. Uma das
importantes conseqüências da mudança de abordagem da Teoria Geral do Direito, que
favoreceu a instrumentalidade das normas jurídicas, foi a de não vincular a eficácia das
normas jurídicas apenas à sua ausência de contradição formal com as normas superiores,
privilegiando também a sua relação com os fatos, de forma que a sua aplicação não acabe,
materialmente, por contrariar os objetivos legais e constitucionais daquele determinado
serviço público” (ARAGÃO, Alexandre Santos de. O marco regulatório dos serviços públicos.
Interesse Público – IP Belo Horizonte, n. 27, ano 6 set./out. 2004).
151
No Brasil, Leonardo Coelho Ribeiro desenvolveu a característica instrumental do direito
administrativo, em destacado trabalho. Para o referido autor, “a abordagem do direito
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
64 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
158
ULEN, Thomas; COOTER, Robert. Direito e economia. Porto Alegre: Bookman. 5. ed. p. 56.
159
Confira-se o referido dilema, nas palavras de Antônio José Maristrello Porto para quem “O
dilema dos prisioneiros é um tipo de jogo em que a matriz dos ganhos implica o seguinte:
i) cada jogador tem um incentivo, independentemente do que faça o outro jogador, para
trair o acordo e empreender ações que o beneficiem às custas do outro; ii) quando ambos
os jogadores traem o acordo, ambos ficam em situação pior do que se nenhum deles tivesse
traído” (PORTO, Antônio José Maristrello. Análise econômica do Direito. FGV Direito Rio,
2012).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
66 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
160
AYRES, Ian; BRAITHWAITE, John. Responsive Regulation: Transcending the Deregulation
Debate. Nova York: Oxford University Press, 1992. Sobre o tema, No Direito brasileiro, V.
VORONOFF, Alice. Direito Administrativo sancionador no Brasil. Belo Horizonte: Fórum,
2018, p. 143.
161
SCHOLZ, John, Cooperation, Deterrence, and the Ecology of Regulatory Enforcement. Law
and Society Review, v. 18, 2, 1984.
162
Sobre o tema, V. BECKER, Gary S. Crime and punishment: an economic approach. In:
BECKER, Gary S.; LANDES, William M. Essays in the economic of crime and punishment. 1974.
163
Essa falha da regulação tem lugar nas situações em que determinado agente, diante da
necessidade praticar determinado ato, não obtém informações no mercado suficientes a
orientar a sua escolha, o que pode importar em uma decisão equivocada. Essa falha de
mercado também se materializa pelo “risco moral” (moral hazard). Trata-se de situações
nas quais a conduta de um dos agentes envolvidos numa relação econômica não pode ser
verificada pela outra parte, o que importa na celebração de negócios jurídicos desvantajosos
excessivamente onerosos. Tal conduta decorre, pois, de um comportamento oportunista
ex post. Cite-se o exemplo de um agente que, após a celebração de um contrato de seguro,
começa a dirigir de forma mais irresponsável. De acordo com Kapoor, assimetria de
informação pode ser definida como a situation in which one party in a transaction has more or
superior information compared to another. This often happens in transactions where the seller knows
more than the buyer, although the reverse can happen as well. Potentially, this could be a harmful
situation because one party can take advantage of the other party’s lack of knowledge. (KAPOOR,
Sujata. Impact of Dividend Policy on Shareholders’ Value: A Study of Indian Firms.
Disponível em: http://www.jiit.ac.in/uploads/SUJATA%20SYNOPSIS.pdf. Acesso em: 11
ART. 22 67
de abr. 2017). Outra forma de manifestação da falha de mercado provocada pela assimetria
de informações é a seleção adversa, expressão que designa a situação em que variações de
qualidade têm impacto direto sobre o preço estabelecido, que só são percebidas por uma
das partes do negócio jurídico. Cite-se o exemplo da venda em mercado de carros usados,
na qual só o vendedor consegue identificar os vícios ocultos no automóvel. Em todas essas
hipóteses, predica-se uma intervenção regulatória, para o fim de reduzir a assimetria de
informações entre as partes.
164
Segundo Gary J. Miller, do Departamento de Política e Ciência da Universidade de
Washington, “Principal-agency theory (PAT) is one modeling technique that specifically
addresses various manifestations of Weber’s asymmetry. Like Weber, PAT assumes a
relationship in which the agent has an informational advantage over the principal and
takes actions that impact both players’ payoffs. The principal has the formal authority, but
in PAT, the attention is on a particular form of formal authority: the authority to impose
incentives on the agent. Unlike Weber, PAT focuses on the leverage that these incentives
give the informationally disadvantaged principal. In particular, the question is whether
the principal can induce the more expert agent to take those actions that the principal
would take if the principal had the same information as the agent. By manipulating the
agent’s incentives, the principal seeks to minimize shirking or agency costs – the losses
imposed on the principal by an inability to align the agent’s self-interest with that of the
principal. This is the motivational question for the mathematical analysis of what PAT calls
‘the principal’s problem’”. (MILLER, Gary J. The Political Evolution of Principal-Agent
Models. Annu. Rev. Polit. Sci. 2005. 8:203–25. Disponível em: http://faculty.washington.edu/
jwilker/571/571readings/Miller.pdf Acesso em: 16 de mar. de 2014).
165
Nesse sentido, “Here, cost-effectiveness analysis, like cost-benefit analysis of prescriptive
market-correcting regulations, is a device for solving a principal-agent problem” (POSNER,
Eric A. Transfer Regulation and Cost Effectiveness Analysis. In Chicago Unbound, 2003,
p. 1091. Disponível em: http://chicagounbound.uchicago.edu/journal_articles. Acesso em:
22 fev. 2014).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
68 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
166
ULEN, Thomas S. Rational choice theory in law and economics. In: BOUCKAERT,
Boudewijn; DE GEEST, Gerrit (Ed.). Encyclopedia of law and economics, volume I: the history
and methodology of law and economics. Cheltenham: Edward Elgar, 2000, p. 790-818.
167
SUNSTEIN, Cass. After Rights Revolution: Reconceiving the Regulatory State. Massachustts:
Harvard University Press, 1993.
168
AVILA, Flávia; BIANCHI, Ana Maria (Org.). Guia de economia comportamental e experimental. São
Paulo: EconomiaComportamental.org, 2015. Disponível em: www.economiacomportamental.
org. Acesso em: 18 maio 2017.
ART. 22 69
169
STJ: REsp nº 1.135.858-TO, Segunda Turma, DJe 5.10.2009.
PÁGINA EM BRANCO
170
Porém, entendo que, na aplicação do Direito, os árbitros devem observar as normas gerais de
interpretação, salvo se as partes, na cláusula ou no termo arbitrais, dispuserem em sentido
contrário. Na ausência de disposição válida excludente da aplicação integral do direito
brasileiro, entendo necessariamente aplicáveis as normas da LINDB também à jurisdição
arbitral.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
72 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
171
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.717, o STF decidiu pela inconstitucionalidade
de dispositivo legal que permitia a entidades privadas exercerem a fiscalização de profissões
regulamentadas, por se tratar de atividade típica do Estado e, portanto, indelegável (STF.
ADI nº 1717, rel. Min. Sydney Sanches, j. 07.11.2002). No julgamento da Medida Cautelar
do caso, a situação da OAB foi mencionada de passagem e de forma inconclusiva, uma
vez que a lei em discussão a excluía do seu âmbito de aplicação (STF. ADI nº 1717 – Medida
Cautelar, rel. Min. Sydney Sanches, j. 22.09.1999). Em medida cautelar anterior, em outro
caso, o STF havia sinalizado que a OAB seria uma autarquia (STF. ADI nº 1.707 MC, rel.
Min. Moreira Alves, j. 01.07.1998). Já na ADI nº 3.026, o STF entendeu que a OAB não é
uma entidade da administração indireta da União, mas, segundo a ementa, uma “entidade
prestadora de serviço público independente”, uma “categoria ímpar no elenco das
personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro” e, portanto, não seria obrigada
a realizar concurso público para a contratação de pessoal. A decisão seguiu o voto do
Ministro-relator Eros Grau, amparado na doutrina e na Constituição, a qual considera o
advogado como indispensável à administração da justiça (art. 133), bem como reconhece
a legitimidade da OAB para propor ADI, por exemplo (art. 103, VII). Quanto ao poder de
polícia, a função institucional, segundo o relator, distinguiria a OAB das outras entidades
profissionais, não se tratando de “congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional”
(fl. 488) (STF. ADI nº 3.026, rel. Min. Eros Grau, j. 08.06.2006). Em 2016, o STF reconheceu a
competência da Justiça Federal para casos que envolvam a OAB, em repercussão geral, por
se tratar de autarquia, nos termos do art. 109, I, da Constituição. No caso, a ADI nº 3.026
não foi mencionada, embora o Min. Luís Roberto Barroso tenha sinalizado que a natureza
de autarquia não lhe é tão evidente, possível discussão futura em momento oportuno (STF.
RE nº 595.332 – Repercussão Geral, rel. Min. Marco Aurélio, j. 31.08.2016).
ART. 23 73
172
Conforme art. 8º, I, da lei nº 13.303/16: “Art. 8º As empresas públicas e as sociedades de
economia mista deverão observar, no mínimo, os seguintes requisitos de transparência:
I – elaboração de carta anual, subscrita pelos membros do Conselho de Administração,
com a explicitação dos compromissos de consecução de objetivos de políticas públicas pela
empresa pública, pela sociedade de economia mista e por suas subsidiárias, em atendimento
ao interesse coletivo ou ao imperativo de segurança nacional que justificou a autorização
para suas respectivas criações, com definição clara dos recursos a serem empregados para
esse fim, bem como dos impactos econômico-financeiros da consecução desses objetivos,
mensuráveis por meio de indicadores objetivos”.
173
É que no âmbito administrativo, tem ganhado espaço a discussão relativa à submissão do
CARF à Lei nº 13.655/18, especialmente no que tange ao art. 24. A Primeira Turma daquele
órgão entendeu ser plenamente aplicável a regra do art. 24 a caso que tratava de alteração
jurisprudencial na metodologia de compensação de lucro líquido ajustado nos termos
da legislação de imposto de renda. (CARF, processo nº 19515.001282/201071, acórdão nº
9202006.996, Primeira Turma, julgado em 05.06.2018). De outro lado, a Segunda Turma
do mesmo órgão entendeu ser inaplicável a nova lei a caso já em andamento e quanto
menos ao CARF, uma vez que se trata de órgão administrativo, e não controlador. Em seu
entender, o normativo se aplicaria especificamente aos controladores, e não aos demais
órgãos administrativos. (CARF, processo nº 19515.003515/200774, acórdão nº 9202006.996,
Segunda Turma, julgado em 21.06.2018).
174
Previstos, em especial, nos art. 131 e seguintes do ECA (Lei nº 8.069/90).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
74 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
ao Direito Civil Constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 71-72. BARROSO,
Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 106.
Em sentido contrário, afirmando a desnecessidade de interpretação de textos unívocos:
HESSE, Konrad. Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha. Porto
Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1998, p. 54. Na verdade, Konrad Hesse sustenta a
existência, nesse caso, de interpretação em sentido amplo: “Tampouco interpretação torna-se
necessária quando determinações constitucionais são unívocas, embora se trate, também
aqui, de um procedimento –estruturalmente mais simples – de ‘entendimento’ e, com isso,
em sentido mais amplo, de ‘interpretação’”.
179
Como se sabe, a interpretação jurídica é atividade que requer do intérprete a conjugação
dos diversos elementos clássicos: gramatical, histórico, sistemático e teleológico. Nada
obstante, como destacado por Luís Roberto Barroso, nenhum desses elementos é absoluto
nem tampouco deve ser utilizado isoladamente. Pelo contrário, a interpretação adequada é
fruto da combinação e do controle recíproco entre eles. Deve-se levar em conta, portanto, o
texto da norma (interpretação gramatical ou semântica), aspectos do seu processo de criação
(interpretação histórica), sua conexão com outras normas do sistema jurídico (interpretação
sistemática) e sua finalidade (interpretação teleológica). (BARROSO, Luís Roberto. Curso de
direito constitucional contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 290 e ss. No mesmo sentido,
FERRARA, Francesco. Interpretação e aplicação das leis. Coimbra: Arménio Amado, 1987, p.
131).
180
KELSEN, Hans. Teoria geral do direito e do Estado. Tradução de Luiz Carlos Borges. 4. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 236.
181
SUNDFELD, Carlos Ari; SOUZA, Rodrigo Pagani de; JURKSAITIS, Guilherme Jardim.
Interpretações administrativas aderem à lei?. RDA – Revista de Direito Administrativo, Rio
de Janeiro, v. 260, p. 97-132, maio/ago. 2012.
182
Foi o que se passou, por exemplo, na ADIn nº 4.277, julgada em conjunto com a ADPF
nº 132-RJ, na qual ficou assentado que “Ante a possibilidade de interpretação em sentido
preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele
próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de ‘interpretação conforme à Constituição’.
Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado que impeça o reconhecimento
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
76 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família.
Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências
da união estável heteroafetiva” (ADI nº 4.277/DF. Relator(a): Min. AYRES BRITTO Julgamento:
05.05.2011 Órgão Julgador: Tribunal Pleno).
183
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso
de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 152. STF. MS nº 26.602, Voto do Min.
Gilmar Mendes, Data de Julgamento: 04.10.2007. STF. ADI nº 5.081, Relator: Min: Roberto
Barroso, Tribunal Pleno, Data de Julgamento: 27.5.2015, Data de Publicação: DJe 19.8.2015.
ART. 23 77
184
J. J. Gomes Canotilho, em seus ensinamentos, aponta os contornos da vertente da Confiança
Legítima: “A protecção da confiança se prende mais com as componentes subjectivas
da segurança, designadamente a calculabilidade e previsibilidade dos indivíduos em
relação aos efeitos jurídicos dos actos dos poderes públicos. A segurança e a protecção
da confiança exigem, no fundo: (1) fiabilidade, clareza, racionalidade e transparência dos
actos do poder; (2) de forma que em relação a eles o cidadão veja garantida a segurança
nas suas disposições pessoais e nos efeitos jurídicos dos seus próprios actos. Deduz-se já
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
78 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
constitucionais, mesmo nos ordenamentos em que assim não se afigura, é reconhecida como
direito necessário que fundamenta ou define os atos, seus efeitos e atributos, máxime em
se cuidando de práticas estatais. (ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Constituição e segurança
jurídica: direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Belo Horizonte: Fórum,
2004, pag. 167).
191
STJ, MS nº 10381/DF, Rel. Min. Nilson Naves, Terceira Seção, DJe 24.04.09; RMS nº 19.478/
SP, Rel. Min. Nilson Naves, Sexta Turma, DJe 25.08.08; RMS nº 15.420/PR, Ministro Paulo
Gallotti, Sexta Turma, DJe 19.05.2008; RMS 20.718/SP, Ministro Paulo Medina, Sexta Turma,
DJe 03.03.2008. STF, MS nº 22.357/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJ 05.11.04,
p. 6 (Informativo de Jurisprudência do STF, n. 349).
192
BRASIL. STF. MI 670, Tribunal Pleno, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Relator(a) p/
Acórdão: Min. GILMAR MENDES, julgado em 25.10.2007
193
BRASIL. STF. RE nº 597994 ED, Tribunal Pleno, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em
25.08.2017.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
80 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
194
BRASIL. TCU. Decisão nº 481/1997 – Plenário. Relator(a): PAULO AFFONSO MARTINS
DE OLIVEIRA, data da sessão: 06.08.1997.
195
Disponível em: http://www.sbdp.org.br/wp/wp-content/uploads/2018.04.PALMA-Juliana-
A-proposta-de-lei-da-seguran%C3%A7a-jur%C3%ADdica.pdf.
196
SILVEIRA, Marilda de Paula. Artigo 22. In: PEREIRA, Flavio Henrique Unes (Coord.).
Segurança Jurídica e qualidade das decisões públicas: desafios de uma sociedade democrática. Brasilia:
Senado, p. 24.
ART. 23 81
197
GONZÁLEZ PÉREZ, Jesús. El principio general de la buena fe en el Derecho Administrativo.
4. ed. Madrid: Civitas, 2004, p. 69-74.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
82 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
198
SUNDFELD, Carlos Ari. Direito administrativo ordenador. São Paulo: Malheiros, 2003.
199
BRASIL. STF. RE nº 227755 AgR, Primeira Turma, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado
em 02.10.2012.
ART. 23 83
200
BRASIL. STF. RE nº 204.769, Primeira Turma, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado
em 10.12.1996.
201
Cf.: MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Gustavo Gonet.
Curso de Direito Constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 473. ADI nº 493. Rel. Ministro
Moreia Alves. Tribunal Pleno. Julgamento: 25.06.1992. DJ 01.07.1992. No mesmo sentido:
RE nº 362.584/DF. Rel. Ministra Ellen Gracie. Primeira Turma. Julgamento: 02.12.2002. DJ
14.03.2003
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
90 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
202
BRASIL. STF. ADI nº 493, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 04.09.92.
203
FERRAZ, Luciano. Segurança jurídica positivada: interpretação, decadência e prescritibilidade.
Revista Brasileira de Direito Público – RBDP, Belo Horizonte, ano 8, n. 30, p. 19-42, jul./set.
2010.
204
Sobre o tema, Maria Sylvia Di Pietro leciona que: “Como participante da Comissão de
juristas que elaborou o anteprojeto de que resultou essa lei [Lei nº 9.784/99], permito-me
afirmar que o objetivo da inclusão desse dispositivo foi o de vedar a aplicação retroativa
de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública. Essa ideia ficou
expressa no parágrafo único, inciso XIII, do artigo 2º, quando impõe, entre os critérios
a serem observados, “interpretação da norma administrativa da forma que melhor
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa” (DI
PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2017, p. 156 a 86).
No Estado do Rio de Janeiro, o art. 2º, §1º, XII, da Lei nº 5427/2009 prescreve em sentido
semelhante, de acordo com qual “interpretação da norma administrativa da forma que
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa
de nova interpretação, desfavorável ao administrado, que se venha dar ao mesmo tema,
ressalvada a hipótese de comprovada má-fé”; No mesmo sentido. MOREIRA NETO, Diogo
de Figueiredo. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 136. PIRES,
Maria Coeli Simões. Direito adquirido e ordem pública: segurança jurídica e transformação
ART. 24 91
democrática. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 284-286. MARRARA, Thiago. A boa-fé do
administrado e do administrador como fator limitativo da discricionariedade administrativa.
RDA – Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 259, p. 207-247, jan./abr. 2012.
FERRAZ, Luciano. Termo de ajustamento de gestão e o alerta previsto no art. 59, §1º, da
Lei de Responsabilidade Fiscal: dez anos depois. Revista Técnica dos Tribunais de Contas –
RTTC, Belo Horizonte, ano 1, n. 0, set. 2010.
205
Como se extrai da seguinte decisão do STF de acordo com “a jurisprudência desta Suprema
Corte, fundada nos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança, reputa
inviável a aplicação retroativa da interpretação restritiva da Súmula nº 96/TCU assentada
por meio do Acórdão nº 2024/2005 do Plenário do Tribunal de Contas da União. Agravo
regimental conhecido e não provido”. (MS nº 28223 AgR-segundo, Relator(a): Min. ROSA
WEBER, Primeira Turma, julgado em 24.03.2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-068
DIVULG 04-04-2017 PUBLIC 05-04-2017) (g.n). No mesmo sentido, o Superior Tribunal
de Justiça já teve a oportunidade de deixar assentado que “Com efeito, a revisão posterior
desse entendimento afronta a boa-fé dos interessados, o princípio da confiança, bem como
malfere os motivos determinantes do ato, os quais se reportaram à efetiva incidência
do inciso III do §3º do art. 87 da Lei n. 9.394/1996 – LDB, bem como para atender ao
contido no Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei n. 10.172/2001, dentro da
denominada ‘Década da Educação’”. (REsp nº 1498719/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08.11.2017, DJe 21.11.2017). É, também, nesse sentido, a
jurisprudencia dos tribunais regionais: TRF-1 – AMS: 38878 DF 2003.34.00.038878-6, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL ANTÔNIO SÁVIO DE OLIVEIRA CHAVES, Data de
Julgamento: 03.06.2009, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: 21.07.2009 e-DJF1 p. 30.
TRF-2 – AGTAMS: 43996 2002.02.01.027491-5, Relator: Desembargador Federal FERNANDO
MARQUES, Data de Julgamento: 06.05.2003, QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJU –
Data::22.07.2003 – Página::71. TJRJ, Apelação nº 0024140-79.2014.8.19.0042, Desembargador
relator Fernando Foch de Lemos Arigony Da Silva, Terceira Câmara Cível, DJ 04.04.2018.
TJSP; Apelação 3000879-62.2013.8.26.0272; Relator (a): Renato Delbianco; Órgão Julgador:
2ª Câmara de Direito Público; Foro de Itapira – 1ª Vara; Data do Julgamento: 10.02.2015;
Data de Registro: 13.03.2015.
206
Em julgamento ocorrido sob a relatoria do Ministro Raimundo Carreiro, aquele Tribunal
entendeu que o novo entendimento do TCU não teria aplicabilidade imediata à ata de registro
de preços ali discutida, modulando seus efeitos para atendimento das providências pelo
embargante. Veja-se: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM FACE DE DETERMINAÇÃO
DO TRIBUNAL EXPEDIDA EM PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO ACERCA DA FIGURA
DO CARONA EM ATA DE REGISTRO DE PREÇOS. IMPUGNAÇÃO QUE BUSCA A
FIXAÇÃO DE PRAZO A PARTIR DO QUAL DEVE PRODUZIR EFEITOS A DECISÃO
DO TRIBUNAL. CONHECIMENTO. PROVIMENTO. PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA
JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. VEDAÇÃO À APLICAÇÃO RETROATIVA
DE NOVA INTERPRETAÇÃO. MODULAÇÃO PRO FUTURO DOS EFEITOS DA DECISÃO
DO TCU. PRECEDENTES” (TCU 00383720122, Acórdão nº 2745/2012, Relator: RAIMUNDO
CARREIRO, Data de Julgamento: 10.10.2012).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
92 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
207
Sobre o tema, veja-se Anderson Schreiber: “Mais que contra a simples coerência, atenta o
venire contra factum proprium à confiança despertada na outra parte, ou em terceiros, de
que o sentido objetivo daquele comportamento inicial será mantido, e não contrariado.”
SCHREIBER, Anderson. A proibição de comportamento contraditório: tutela da confiança e
venire contra factum proprium. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 91. No mesmo sentido,
v. MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo. 15 ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2009, p. 119-120 Cuida-se de vedação amplamente reconhecida pela
jurisprudência pátria, a exemplo do ficou decidido em MS nº 31695 AgR/DF – DISTRITO
FEDERAL AG.REG. EM MANDADO DE SEGURANÇA Relator(a): Min. CELSO DE
MELLO Julgamento: 03.02.201. Órgão Julgador: Segunda Turma. E STJ. RMS nº 20572/
DF. Relatora Ministra: Laurita Vaz (1120) T5 – Quinta Turma. DJe 15.12.2009).
208
CASSAGNE, Juan Carlos. El contrato administrativo. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1999, p.
72-73.
209
ROSILHO, André Janjácomo. Controle da Administração Pública pelo Tribunal de Contas da
União. Tese de doutorado defendida na Faculdade de Direito da USP em 2016.
210
Disponível em: http://www.sbdp.org.br/wp/wp-content/uploads/2018/04/PALMA-Juliana-
A-proposta-de-lei-da-seguran%C3%A7a-jur%C3%ADdica.pdf.
ART. 24 93
211
Também são elucidativos, sobre o tema, os ensinamentos de Jacintho Arruda Câmara,
para quem “O dispositivo em análise determina que novo entendimento geral não deve
retroagir e impõe consequência relevante para as situações em que ele venha a colidir
com decisão administrativa já consumada. Em síntese, o art. 24 impede que decisão
administrativa seja anulada (invalidada, na linguagem adotada pela lei) com fundamento
em nova interpretação geral. Dito de outro modo: a LINDB passou a reconhecer que decisão
administrativa proferida em conformidade com o entendimento jurídico geral adotado em
sua época deve ser considerada válida mesmo que, no futuro, a interpretação sobre o Direito
vigente mude, e ela se mostre contrária ao novo padrão de orientação jurídica” (CÂMARA,
Jacintho Arruda. O art. 24 da LINDB. Irretroatividade de nova orientação geral para anular
deliberações administrativas. Revista de Direito Administrativo – RDA. Edição especial. Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2018, p. 117).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
94 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
212
Um interessante exemplo é de aplicação do dispositivo é suscitado por Gabriela Engler a
propósito dos aditivos celebrados pela ARTESP, em 2006, com diversas concessionárias de
rodovias. De acordo com a referida autora, “Da perspectiva jurídica, em resumo, o caso dos
‘aditivos de 2006’ trata da anulação de ato administrativo bilateral (os TAMs), transcorridos
vários anos de sua celebração, para rever metodologia de cálculo de desequilíbrio
contratual – que foi realizado com base nas receitas projetadas das concessionárias quando,
no entendimento da ARTESP, deveria ter sido feito a partir da demanda real de veículos
das rodovias. É certo que não haverá consenso sobre qual a metodologia ‘correta’ ou que
deveria ser utilizada para calcular os desequilíbrios: as concessionárias sempre defenderam
e defenderão que o cálculo feito tomou por base a metodologia comumente utilizada
pela ARTESP e a agência sempre sustentou e sustentará que o cálculo feito nos aditivos
de 2006 foi inadequado e lesou o erário. Para além da discussão binária, existe inclusive
reflexão sobre melhores práticas na utilização de elementos aleatórios nos processos de
reequilíbrio – como é a demanda –, que surgiu justamente a partir de reflexão sobre o caso
dos ‘aditivos de 2006’. Justamente esse tipo de entendimento, aperfeiçoado juridicamente,
que é objeto de proteção da Lei 13.655/18. O sentido de ‘segurança jurídica’ resguardado
pela nova legislação é esse: proteger atos que, legitimados à época de sua entabulação,
não podem ser revistos posteriormente sob o argumento de que a nova visão, ensejadora
da revisão, é melhor ou mais adequada em alguma medida” (PINTO, Gabriela Engler. O
caso da anulação dos aditivos de 2006 pela ARTESP: seria diferente à luz da nova Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro?. Disponível em: http://www.portugalribeiro.
com.br/o-caso-da-anulacao-dos-aditivos-de-2006-pela-artesp-seria-diferente-a-luz-da-nova-
lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasil).
ART. 24 95
213
ÁVILA, Humberto. Teoria da segurança jurídica. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2014, p. 417.
PÁGINA EM BRANCO
214
No Brasil, tal concepção teve como um de seus principais expoentes a obra Elementos de direito
administrativo, de Celso Antônio Bandeira de Mello, para quem: “O que importa sobretudo
é conhecer o direito administrativo como um sistema coerente e lógico, investigando
liminarmente as noções que instrumentam sua compreensão sob uma perspectiva unitária.
(...) A este sistema, reportado ao direito administrativo, designamos regime jurídico-
administrativo” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. 1.
ed. 2. tir. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1981 (1. tir.: 1980).
215
Como bem esclarece Gustavo Kaercher Loureiro: “O direito norte-americano intensificou
e potencializou antigas doutrinas da common law que, em certos casos, asseguravam ao
Estado um poder de polícia tonificado, que desaguava em diferentes formas de regulação
‘invasiva’ (para os padrões liberais), como aquela concorrencial (de aplicação geral) e outra
(de aplicação especial), incidente em algumas atividades econômicas particularmente
sensíveis do ponto de vista social e que, contemporaneamente, apresentavam certas
disfunções (estruturais ou conjunturais). De regra, a resposta norte-americana não consistia
em ‘publicizar’ a atividade econômica em questão, mas em submetê-la a uma disciplina
jurídica peculiar, que incluía controle de preços, padrões do serviço e fiscalização estrita e
abrangente, realizada por entidades dotadas de poderes normativos, fiscalizatórios e quase
jurisdicionais (as agências): era o modelo da regulation of publicutilities, em desenvolvimento
intenso desde o final do século XIX” (LOUREIRO, Gustavo Kaercher. “Monopólio” e “serviço
público” nas Constituições brasileiras (1891-1934). Revista de Direito Administrativo – RDA,
Rio de Janeiro, v. 256, p. 47-93, jan./abr. 2011).
216
TÁCITO, Caio. O poder de polícia e seus limites. Revista de Direito Administrativo – RDA,
v. 27, p. 2, 1952.
ART. 26 99
217
Atributos que bem sendo reconhecidos pela jurisprudência pátria, a exemplo do seguinte
julgado do TJDF, do qual se extrai o seguinte julgado: “O poder de polícia tem como atributos
específicos a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade. Logo, a provocação
do judiciário constitui verdadeira faculdade da administração pública no exercício deste
poder. Não são passíveis de indenização as benfeitorias empreendidas em imóvel quando,
consideradas as características de área e a sua natureza de reserva ambiental, não podem
ser reputadas úteis ou necessárias, nos termos do art. 516 do código civil. Para o pretendido
ressarcimento pelos danos que a edificação da obra teria causado ao equilíbrio ambiental –
pedido formulado em sede de reconvenção pelo Distrito Federal – é indispensável a prova
da ocorrência dos danos. A responsabilidade objetiva do agente poluidor só dispensa a
prova do elemento volitivo, exigindo, contudo, a comprovação do prejuízo causado e do
nexo entre a conduta e a lesão” (TJDFT, APC nº 19980110179936, 4ª Turma Cível, Rel. Des.
Sérgio Bittencourt, DJ 19.02.2003). No mesmo sentido, V. MEIRELLES, Hely Lopes. Poder
de polícia e segurança nacional. Brasília: Revista Jurídica Virtual, 2002.
218
Conceito que foi cunhado, no Brasil, por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, para quem
“Autorização é o ato administrativo discricionário, unilateral, pelo qual se faculta, a título
precário, o exercício de determinada atividade material, que sem ela seria vedado. A
respeito, é de se recordar o porte de armas: salvo os agentes encarregados da segurança
pública, ninguém mais pode trazer consigo armas sem prévia autorização da repartição
policial competente. O atendimento ao pedido do interessado, entretanto, fica a critério
da Administração Pública, tendo em vista considerações de conveniência e oportunidade
públicas” (Princípios gerais de direito administrativo. Introdução vol. I. 3. ed. São Paulo:
Malheiros, 2007, p. 560-561).
219
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 13. ed. São Paulo:
Malheiros, 2001, p. 608
220
MEDAUAR, Odete. Poder de polícia: origem, evolução, crítica à noção, caracterização. In:
MEDAUAR, Odete; SCHIRATO, Vitor Rhein (Coord.). Poder de polícia na atualidade. Belo
Horizonte: Fórum, 2014, p. 24-25.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
100 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
221
Isso por que, como já se teve a oportunidade de asseverar: “A função reguladora, por certo, é
mais ampla do que a função ordenadora. Ela não se limita à utilização do poder extroverso
estatal para restringir direitos individuais. Definitivamente, não é esse o propósito da
regulação. A função reguladora se utiliza do poder extroverso como a última ratio para a
ponderação dos interesses dos subsistemas regulados. Mas não é só. O exercício da função
reguladora pressupõe a permeabilidade processualizada dos interesses dos agentes regulados,
ao passo que a função ordenadora em sentido estrito insula o cidadão de sua formulação – a
qual fica restrita ao aparato burocrático estatal” (FREITAS, Rafael Véras de. Expropriações
regulatórias, op. cit., p. 123).
222
Sobre o tema, V. CÂMARA, Jacintho Arruda. As autorizações da Lei Geral de Telecomunicações
e a Teoria Geral do Direito Administrativo. Revista de Direito de Informática e Telecomunicações –
RDIT, Belo Horizonte, ano 2, n. 3, p. 55-68, jul./dez. 2007.
223
SCHIRATO, Vitor Rhein; PALMA, Juliana Bonacorsi de. Consenso e legalidade: vinculação
da atividade administrativa consensual ao direito. Revista Brasileira de Direito Público – RBDP,
Belo Horizonte, ano 7, n. 27, out./dez. 2009.
224
Embora já se conte com destacadas manifestações jurisprudenciais, a exemplo do que se
passou no julgamento do RE nº 23885/MG, do Supremo Tribunal Federal, do qual se extraí
o seguinte excerto: “Poder Público. Transação. Validade. Em regra, os bens e o interesse
ART. 26 101
225
GUERRA, Sérgio. PALMA, Juliana Bonacorsi. Art. 26: novo regime jurídico de negociação
com Administração Pública. Revista de Direito Administrativo – RDA. Edição especial. Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2018, p. 149.
226
Floriano de Azevedo e PALMA, Juliana Bonacorsi de. Juridicidade e controle dos acordos
regulatórios: o caso TAC ANATEL. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.
php/4296871/mod_resource/content.1.Juridicidade%20e%20Controle%20dos%20Acordos%20
Regulat%C3%B3rios%20-%20O%20Caso%20TAC%20ANATEL.pdf. Acesso em: 13 dez.
2018.
ART. 26 103
227
Sempre se respeitando o primado da liberdade de iniciativa, como já teve a oportunidade
de asseverar o Supremo Tribunal Federal: “A intervenção estatal na economia, mediante
regulamentação e regulação de setores econômicos, faz-se com respeito aos princípios e
fundamentos da Ordem Econômica. CF, art. 170. O princípio da livre iniciativa é fundamento
da República e da Ordem econômica: CF, art. 1º, IV; art. 170. II. – Fixação de preços em
valores abaixo da realidade e em desconformidade com a legislação aplicável ao setor:
empecilho ao livre exercício da atividade econômica, com desrespeito ao princípio da livre
iniciativa” (STF. Segunda Turma, RE nº 422941/DF, Relator Min. CARLOS VELLOSO, Julg.
06.12.2005). No mesmo sentido, BARROSO, Luís Roberto. A ordem econômica constitucional
e os limites à atuação estatal no controle de preços. In: Temas de Direito Constitucional.
Rio de Janeiro: Renovar, 2003, Tomo II, p. 53.
228
PALMA, Juliana Bonacorsi de. Acordos para ajuste de conduta em processos punitivos das
agências reguladoras. In: PEREIRA NETO, Caio Mario da Silva; PINHEIRO, Luís Felipe
Valerim (Org.). Direito da Infraestrutura. São Paulo: Saraiva, 2017, vol. 2, p. 65-116.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
104 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
229
Especificamente no que respeita ao setor telecomunicações, Carlos Ari Sundfeld e Jacintho
Arruda Câmara asseveram: “Em telecom a distinção entre o punível e o não punível é
matéria de regulamento, não de lei. Logo, o regulamento pode enquadrar como insuscetível
de sanção a situação que tenha sido resolvida consensualmente, em conformidade com
o interesse público. Logicamente, a aplicação de sanção supõe uma infração suscetível
de punição. Cabe ao regulamento dizer quais são as condições em que uma infração é
punível e quais são as causas excludentes da sanção. Se o regulamento admite a superação
da infração por alguma ação posterior adequada, a adoção dessa ação afasta a pena (isto
é, sua imposição ou execução). O regulamento pode estabelecer que a infração superada é
insuscetível de punição, isto é, que a superação da infração é causa excludente da sanção.
Cabe ao regulamento estabelecer as condições em que uma infração passada se considera
superada: por meio de compensações atuais ou futuras, p. ex”. (SUNDFELD, Carlos Ari;
CÂMARA, Jacintho Arruda. Acordos substitutivos nas sanções regulatórias. Revista de
Direito Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 9, n. 34, p. 133-151, abr./jun. 2011).
230
De que é exemplo o Decreto nº 9.179/2017, que altera o Decreto nº 6.514, de 22 de julho
de 2008, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e
estabelece o processo administrativo federal para apuração dessas infrações, para dispor
sobre conversão de multas, o qual, em razão da ausência de normatização de primeiro grau
ainda vem sendo aplicado, de forma modesta.
231
BARROSO, Luís Roberto. Prefácio. In: SARMENTO, Daniel (Org.). Interesses públicos versus
interesses privados: desconstruindo o princípio da supremacia do interesse público. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2005. BINENBOJM, Gustavo. Da supremacia do interesse público
ao dever de proporcionalidade: um novo paradigma para o direito administrativo. In:
SARMENTO, Daniel (Org.). Interesses públicos versus interesses privados: desconstruindo o
princípio da supremacia do interesse público. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005. SARMENTO,
Daniel. Interesses públicos vs. interesses privados na perspectiva da teoria e da filosofia
constitucional. In: SARMENTO, Daniel (Org.). Interesses públicos versus interesses privados:
ART. 26 105
só um desses meios – aliás, um velho meio. Mas a punição não é um fim em si mesmo:
é simples instrumento da regulação, para obter os fins desejados. Como os mesmos fins
muitas vezes são atingíveis de modo mais rápido, mais barato, mais certo – e mesmo de
modo mais justo – com a utilização de meios alternativos, cada vez mais o Direito os vem
valorizando. Os acordos substitutivos são um instrumento para a adoção desses meios
alternativos” (SUNDFELD, Carlos Ari; CÂMARA, Jacintho Arruda. Acordos substitutivos
nas sanções regulatórias. Revista de Direito Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano
9, n. 34, p. 133-151, abr./jun. 2011”.
235
MARQUES NETO, Floriano de Azevedo; CYMBALISTA, Tatiana Matiello. Os acordos
substitutivos do procedimento sancionatório e da sanção. Biblioteca Digital Revista Brasileira
de Direito Público – RBDP, Belo Horizonte, ano 8, n. 31, out./dez. 2010.
236
NERY, Ana Luiza de Andrade. Compromisso de ajustamento de conduta. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012, p. 156.
237
FERNANDES, Rodrigo. Compromisso de ajustamento de conduta ambiental. Rio de Janeiro:
Renovar, 2008, p. 77-78.
238
SILVA, Vasco Pereira da. Em busca do acto administrativo perdido. Coimbra: Almedina,
1998, p. 474. No mesmo sentido, KATO, Mariana Almeida. Os acordos substitutivos o termo
de ajustamento de conduta. Revista de Direito Administrativo, v. 277, p. 101-105, abr. 2018.
ART. 26 107
239
Tal pesquisa observa a ordenação de CARDOSO, David Pereira. Os acordos substitutivos
no Direito Administrativo. Negócio jurídico privado, contrato de direito público ou ato
administrativo bilateral?. Revista de Direito Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte,
ano 13, n. 49, p. 59-77, jan./mar. 2015.
240
O qual já tive a oportunidade de qualificar como uma “Maldição”. “Tal maldição teve
lugar por intermédio da tentativa de, a partir da apartação entre Direito Público e Direito
Privado, atribuir a todos os institutos do Direito Público um regime jurídico único, pautado
na ideia de supremacia do interesse público. Isso se deu: (i) em razão de uma necessidade
metodológica, que tem de ver com a afirmação do Direito Administrativo, bem como da
necessidade vivida no fim do século XIX de demarcar seus lindes em relação a outros
ramos do direito; (ii) em decorrência da influência do Direito Administrativo Francês, em
que a segregação entre o regime comum e administrativo era necessária à dualidade de
jurisdição; e (iii) em razão da influência corporativa das mais distintas origens e propósitos,
que sempre tendem a unificar o tratamento jurídico dos institutos e a rejeitar modificações
de regimes” (MARQUES NETO, Floriano Peixoto de Azevedo. Do contrato administrativo
à administração contratual: Governet. Boletim de Licitações e Contratos, v. 64, p. 726-732, 2010).
Desmistificando também tal característica, v. ALMEIDA, Fernando Dias Menezes de.
Contrato administrativo no Brasil: aspectos críticos da teoria e da prática. Revista de Contratos
Públicos – RCP, Belo Horizonte, ano 1, n. 1, p. 125-139, mar./ago. 2012. HEINEN, Juliano.
Contratos administrativos na União Europeia e no Brasil: uma questão contemporânea
comum. Revista de Direito Administrativo – RDA, Belo Horizonte, ano 2017, n. 276, set./dez.
2017.
241
Nesse sentido, Vitor Rhein Schirato e Juliana Bornacorsi de Palma lecionam: “De fato, se
o processo consiste no local de desenvolvimento dos diálogos e conflitos que servem de
transferência das demandas sociais ao corpo político, os instrumentos consensuais de tomada
de decisões e de composição de conflitos constituem efetivos atos de natureza processual, 20
razão explicativa da preferência do estudo dos mesmos pela óptica processual” SCHIRATO,
Vitor Rhein; PALMA, Juliana Bonacorsi de. Consenso e legalidade: vinculação da atividade
administrativa consensual ao direito. Revista Brasileira de Direito Público – RBDP, Belo
Horizonte, ano 7, n. 27, out./dez. 2009.
242
GUERRA, Sérgio, PALMA, Juliana Bornacorsi. Art. 26: novo regime jurídico de negociação
com Administração Pública. Op. cit., p. 149.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
108 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
243
Thiago Marrara bem resume o ponto: “Em contraste, ao se optar pela via consensual com o
aval da Administração Pública, o agente regulado aceitará o abandono da discussão acerca
da legalidade de sua conduta, afastará o risco da conclusão processual, tornará prescindível a
decisão de condenação ou absolvição. Em troca, concordará em submeter-se a um ajustamento
de conduta construído de modo dialógico. Nessa situação, pois, o ajustamento não se dará
pela imposição estatal da decisão administrativa condenatória, senão pela vontade manifesta
daquele agente regulado cuja prática se debatia processualmente” (MARRARA, Thiago.
Regulação consensual: o papel dos compromissos de cessação da prática no ajustamento
de condutas. Revista Digital de Direito Administrativo – RDDA).
ART. 26 109
244
MAURER, Hartmut. Direito administrativo geral. Tradução de Luís Afonso Heck. São Paulo:
Manole, 2006, p. 191.
245
SILVA, Vasco Manuel Pascoal Dias Pereira da. Em busca do acto administrativo perdido.
Coimbra: Almedina, 1996, p. 234.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
110 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
246
GUERRA, Sérgio. PALMA, Juliana Bonacorsi. Art. 26: novo regime jurídico de negociação
com Administração Pública. op. cit., p. 149
247
Trata-se de acórdão do TCU no qual se julgou válido TAC firmado entre a ANATEL e a
Telefônica Brasil S/A. Nele foi avaliado o procedimento de TAC da agência reguladora em
vários outros TACs por ela firmados, inclusive com outras empresas de telefonia, os quais
alegou-se que perfazeriam o montante de 9 bilhões. Fundamentou-se tal julgamento com
base, em suma, nos seguintes argumentos: (i) a qualidade das atividades de uma agência
reguladora não se mede pelo número de multas que aplica, mas pelo aperfeiçoamento do
serviço por meio da correção e não reincidência das desconformidades identificadas, ou
seja, a multa não é instrumento arrecadatório, mas regulatório. Por vezes, a multa se mostra
ART. 26 111
como instrumento ineficaz aos objetivos que pretende perquirir, pois exige procedimentos
administrativos burocráticos, com inscrição em dívida ativa, e ainda é normalmente
questionado judicialmente, o que torna a cobrança ainda mais demorada. (ii) Porém, os
TACs têm se mostrado instrumentos úteis nesse sentido, ao flexibilizar a pactuação de
ajuste gradual ao longo do tempo para atingir o cumprimento integral das metas. Dado o
caráter nitidamente negocial do TAC, é razoável supor que não supre apenas o interesse
público do órgão regulador, mas também do interesse privado do ente sancionado. Não
se pode conceder demasiadas vantagens a um ou a outro sob pena de se desequilibrar essa
negociação. O firmamento de TACs para a conversão das multas em investimentos não
deve se tornar a regra, apenas medida excepcional, e prescinde de estudos técnicos sobre
o tema e seguem os procedimentos de mediação da Lei nº 13.140/2015 e dos acordos de
leniência previstos na Lei Anticorrupção; (iii) ainda assim, de modo a aperfeiçoar o sistema
de TACs na ANATEL, o TCU a condenou a tomar uma série de medidas, tais como: (i) criar
mecanismos periódicos de fiscalização do cumprimento dos TACs; (ii) somente aprove em
definitivo termos de ajustamento de conduta após analisar previamente a admissibilidade
de cada Procedimento de Apuração de Descumprimento de Obrigações (Pado) a ser
incluído no TAC e o impacto causado por cada um deles nas condições e nos valores que
compõem o instrumento; (iii) garanta que a soma das sanções aplicáveis à operadora em
casos de descumprimento de cada compromisso adicional do TAC, incluindo as multas
diárias e a execução do Valor de Referência do item, seja superior ao montante previsto de
investimentos para aquele item; (iv) delimite clara e previamente o objeto dos TACs que
firmar, por meio de obrigações e projetos definidos em seus aspectos essenciais, específicos
e suficientemente completos; entre outros.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
112 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
248
Interditando-se, por exemplo, prescrições indeterminadas, a exemplo do disposto no art. 2º,
II, da Resolução nº 199 da ANAC: “Art. 2º O Termo de Ajustamento de Conduta – TAC é o
instrumento celebrado entre a ANAC e os agentes por ela regulados, no qual são definidas
medidas corretivas e prazos a serem observadas pelos agentes com vistas a adequar a
sua conduta II – às melhores práticas para garantir a segurança operacional ou manter a
adequação do serviço público prestado ao usuário de transporte aéreo. §1º Na hipótese do
inciso I deste artigo, o TAC poderá ser proposto a partir da lavratura do auto de infração,
e não afasta o cumprimento das penalidades já aplicadas.
249
Exemplo saliente desse tipo de previsão é o art. 13 da Resolução nº 629/2013 da ANATEL,
que estabelece as seguintes condicionantes, para a celebração de tal ajuste: Art. 13. O TAC
deverá conter, dentre outras, as seguintes cláusulas: I – compromisso de ajustamento da
conduta irregular, prevendo cronograma de metas e obrigações voltadas à regularização
da situação da Compromissária e reparação de eventuais usuários atingidos, bem como à
prevenção de condutas semelhantes; II – compromissos adicionais, nos termos do art. 18;
III – meios, condições e a área de abrangência das condutas ajustadas e dos compromissos
celebrados no TAC; IV – obrigação de prestação de informações periódicas à Anatel sobre
a execução do cronograma de metas e condições dos compromissos; V – multas aplicáveis
pelo descumprimento de cada item do cronograma de metas e condições dos compromissos,
inclusive diárias pelo atraso na sua execução; VI – relação de processos administrativos,
com as respectivas multas aplicadas e estimadas, a que se refere o TAC; VII – Valor de
Referência a ser dado ao TAC, para fins de execução em caso de eventual descumprimento,
nos termos previstos neste Regulamento; e, VIII – vigência, cujo prazo será improrrogável
e não poderá ser superior a 4 (quatro) anos. §1º A multa pelo descumprimento de cada
item do cronograma de metas e condições dos compromissos deverá corresponder a uma
fração do Valor de Referência do TAC”.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
114 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
250
GUERRA, Sérgio. PALMA, Juliana Bonacorsi. Art. 26: novo regime jurídico de negociação
com Administração Pública. op. cit., p. 149.
Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora
ou judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou
prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta
dos envolvidos.
251
SUNDFELD, Carlos Ari. VORONOFF. Quem paga pelos riscos dos processos?. Revista
de Direito Administrativo – RDA. Edição especial. Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2018, p. 180.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
116 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
252
TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; BODIN DE MORAES, Maria Celina.
Código Civil Interpretado Conforme a Constituição da República: Parte Geral e Obrigações
(Arts. 1º a 420), v. 1. 2. ed. rev. e at. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 345.
253
O instituto do abuso do direito não era previsto no Código Civil francês. Sem fundamentação
legal, os tribunais o aplicavam principalmente nas hipóteses em que houvesse intenção de
prejudicar ou faltasse motivo sério e legítimo ou utilidade na prática de determinado ato.
254
CARPENA, Heloísa. O abuso do Direito no Código Civil de 2002: relativização de direitos
na ótica civil-constitucional. In: TEPEDINO, Gustavo. A Parte Geral do Novo Código Civil:
estudos na perspectiva civil-constitucional. 2. ed. rev. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p.
377-378. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=132483.
Acesso em: 25 out. 2018.
ART. 27 117
255
PINHEIRO, Rosalice Fidalgo. O abuso do direito e as relações contratuais, p. 42.
256
MARTINS-COSTA, Judith. Os avatares do abuso do direito e o rumo indicado pela boa-fé.
Disponível em: http://www.fd.ul.pt/Portals.0.Docs/Institutos/ICJ/LusCommune/CostaJudith.
pdf.
257
Acórdão nº no processo C-110/99, [2000] Colect. I-1569. No mesmo sentido, Processo C-419/02,
[2006] Colect. I-1685. Processos C-223/03, [2006] Colect. I-1651; e C-452/03, [2005] Colect.
I-3947. Sobre o tema, V. DE LA FERIA, Rita. Evolução do conceito de abuso do direito no
âmbito do Direito Fiscal Comunitário. Revista Fórum de Direito Tributário – RFDT, Belo
Horizonte, ano 7, n. 40, jul./ago. 2009.
258
Eastern Railroad Presidents Conference e Noerr Motors Freight, rel. Black, j. 20.2.1961
(disponível em http://supreme.justia.com/cases/federal/us/365/127/case.html). V. NETTO,
Patrícia Bueno. “Sham Litigation”: Abuso do direito de petição como prática contrária à
concorrência. Revista Trimestral de Direito Público – RTDP, São Paulo, n. 62, 2015.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
118 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
259
Como sintetizou, já na década de 70, o STF no RE nº 80798/GB-Guanabara. Recurso
Extraordinário. Relator: Min. Xavier de Albuquerque. J. em 07.03.1975. Segunda Turma. In:
DJ 04-04-1975. Ementa. Locação. Reiteradas purgações da mora podem configurar abuso
de direito ensejador de despejo. Precedentes do Supremo Tribunal. Recurso conhecido e
provido. Vinte anos antes, e melhor explicitando os elementos de concreção do abuso, o
mesmo STF, RE nº 20817/Recurso Extraordinário. Relator: Min. LAFAYETTE DE ANDRADA.
J. em 02.09.1955. Segunda Turma. In: ADJ de 25-07-1955, p. 02527; ADJ de 20-07-1953, p. 02011.
EMENT vol. 00130 p. 354. Ementa. Se o locatário, habitualmente, só efetua o pagamento
dos alugueres a que se obrigou, sob a pressão do requerimento de despejo posto em juízo
pelo locador, o seu reiterado pedido de purgação da mora pode ser havido com abuso de
direito, e, como tal, denegado pelo juiz.
260
MARTINS, Pedro Baptista. O abuso do direito e o ato ilícito. (1. ed: 1935). 3. ed. histórica,
Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 92.
261
TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena e MORAES, Maria Celina Bodin de.
Código Civil interpretado conforme a Constituição da República. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2007. v. 1.
262
Foram os três valores que nortearam os trabalhos conduzidos por MIGUEL REALE, na
elaboração do Projeto de Lei nº 634/1975, que deu origem ao Código Civil. Especificamente
acerca da diretriz da operabilidade, o referido autor leciona que, segundo os ensinamentos de
Jhering, é “da essência do Direito a sua realizabilidade: o Direito é feito para ser executado;
Direito que não se executa – já dizia Jhering na sua imaginação criadora – é como chama que
não aquece, luz que não ilumina. O Direito é feito para ser realizado e para ser operado”.
ART. 27 119
(REALE, Miguel. Apud Azevedo, Fabio de Oliveira. Direito Civil: introdução e teoria geral.
2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 113).
263
CARPENA, Heloísa. O abuso do Direito no Código Civil de 2002: relativização de direitos
na ótica civil-constitucional. Op. cit, p. 380.
264
No âmbito do Direito Concorrencial, tal prática é reconhecida como prática violadora da
ordem concorrencial, como se extrai do seguinte julgado do Conselho Administrativo
de Defesa da Concorrência: “Processo Administrativo. Denúncia de abuso do direito
de petição com reflexos na concorrência. Despacho instaurador para averiguar conduta
tipificada no art. 20, I, II e IV c/c o art. 21, IV, V e VI da Lei 8.884/94. Conduta unilateral.
Empresas Box 3 Vídeo e Publicidade (produtora do programa “Shop Tour” São Paulo) e
Léo Produções Publicidade Ltda. (Produtora do programa “Shop Tour” Campinas), no
segmento de programas de vendas e promoções veiculados nas emissoras de televisão.
Mercado de veiculação de programas de venda pela TV em âmbito nacional. Pareceres da
SDE, Procade, MPF pela não condenação. Entendimento do relator contrário aos pareceres,
pela configuração de infração contra a ordem econômica, em razão do abuso do direito de
petição. Voto pela condenação das representadas ao pagamento de multa e publicação da
decisão em jornal de grande circulação”.
265
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: introdução ao Direito Civil; teoria
geral do Direito Civil, v. I. 23. ed. rev. e at. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 575.
266
O aspecto subjetivo do abuso de direito causa certa celeuma mesmo na doutrina civilista
contemporânea. Para alguns, o dolo de causar prejuízo a outrem não deveria ser um
obstáculo à configuração do abuso de direito. Assim, a ilegalidade remontaria na conduta e
não na percepção subjetiva da malévola alheia (Cf. CARPENA, Heloísa. O abuso do direito
no Código Civil de 2002: relativização de direitos na ótica civil-constitucional. Op. cit. p.
381-383). De outro lado, há aqueles que não enxergam essa dificuldade, principalmente
porque a demonstração do dolo não necessitaria de prova cabal, mas se induziria a partir
da conduta do ofensor no caso concreto, na forma como usa de seu direito para causar
prejuízo a outra pessoa (Cf. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil:
introdução ao Direito Civil; teoria geral do Direito Civil, v. I. Op. cit., p. 578).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
120 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
que “responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como
autor, réu ou interveniente”. E, em sede de tutela acauteladora, o
disposto no art. 302267 prescreve um regime indenizatório na hipótese
de a tutela de urgência provocar danos anormais.
Não se trata de instituto desconhecido do Direito Administrativo.
É dizer, o viés publicístico do abuso de direito, sabemos, é o ato
administrativo praticado com “abuso de poder”.268 Em análise do tema,
Hely Lopes Meirelles269 aponta que o Conselho de Estado Francês,
desde há muito, já reconhecia a ilegalidade de atos praticados por
intermédio do abuso de suas potestades legais. Foi o que se passou caso
Lesbats, julgado em 1864, no qual o prefeito da cidade de Fontainebleu,
ao exercer sua prerrogativa de regular o estacionamento de ônibus
vizinho à estação ferroviária, proibiu que determinada transportadora
de passageiros estacionasse lá os seus veículos, com o desiderato de
beneficiar determinado agente econômico.270
Assim é que, como bem destacado por Caio Tácito,271 o fato de a lei
conferir competência ao administrador para desempenhar determinada
atividade não se trasmuda em um cheque em branco para que ela
possa se utilizar de quaisquer meios para atingir essa finalidade. Razão
pela qual é imperioso que os atos praticados pelo poder público sejam
devidamente motivados, de modo que a sua finalidade fique aclarada,
267
Eis o dispositivo: “Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte
responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I – a sentença lhe for desfavorável; II – obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente,
não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III – ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; IV – o juiz
acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor. Parágrafo único. A
indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que
possível”.
268
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 12. ed. rev., at. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016, p. 284.
269
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 30. ed. at. São Paulo: Malheiros,
2005, p. 110-111.
270
Eis o dispositivo: “Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte
responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I – a sentença lhe for desfavorável; II – obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente,
não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III – ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; IV – o juiz
acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor. Parágrafo único. A
indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que
possível”.
271
TÁCITO, Caio. Teoria e Prática do Desvio de Poder. Revista de Direito Administrativo – RDA,
1974. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/40110.
Acesso em: 16 out. 2018.
ART. 27 121
272
Victor Nunes Leal acrescenta a importância do controle de atos discricionários, os quais
sempre foram tidos como impassíveis de qualquer controle judicial. Na atualidade, essa
percepção não mais subsiste. Mesmo as liberdades outorgadas ao Poder Público sofrem
limitações normativas de cunho axiológico. Em razão disso, ganha relevância justamente a
motivação do ato, o que lhe deu causa, como forma de aferição da sua legalidade. É que o
interesse público no qual se calca o ato não pode ser genérico, a ponto de legitimar qualquer
conduta pelo agente público. A vagueza dos argumentos é, em várias oportunidades, forma
de travestir a real vontade do administrador. A ilegitimidade do ato pode se dar ainda
quando, mesmo havendo formalmente motivação legítima para sua prática, sua finalidade
é desvirtuada na prática (LEAL, Vitor Nunes. Reconsideração do tema do abuso de poder.
Revista de Direito Administrativo, 2013. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/
index.php/rda/article/view/14110. Acesso em: 26 out. 2018. MEDAUAR, Odete. Direito
Administrativo moderno. 14. ed. rev., at. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p.
159.
273
DALLARI, Adilson de Abreu. Formalismo de abuso de Poder. Revista de Direito do Estado, n.
16. Bahia. 2008. Disponível em: http://www.direitodoestado.com.br/codrevista.asp?cod=303.
Acesso em: 29 out. 2018.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
122 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
274
Eis o dispositivo: “Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos
quando: I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude”.
275
“Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos
prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2
(dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o
juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender
cabíveis”.
276 “
Art. 161. O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou culpa,
causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver
o que legitimamente despendeu no exercício do encargo. Parágrafo único. O depositário
infiel responde civilmente pelos prejuízos causados, sem prejuízo de sua responsabilidade
penal e da imposição de sanção por ato atentatório à dignidade da justiça”.
277
“Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando
agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções”.
278
“Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando
agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções”.
279
“Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando
agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções”.
280
“Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se
procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que
assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. Parágrafo único. Para
a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação
de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da
existência de culpa ou dolo”.
281
Nas lições de Fredie Didier Jr., no processo civil, princípio da boa-fé extrai-se do art. 5º do
CPC/15 como uma cláusula geral de garantia de retidão e proteção da confiança legítima
na conduta dos envolvidos. Tal princípio expandiu-se do Direito Privado para todos os
ramos do Direito Público, incluindo o Direito Processual Civil, irradiando-se sobre todas
as relações processuais. (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução
ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. v. 1. 18. ed. rev. at.
e ampl. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 106-109). CABRAL, Antônio do Passo; CRAMER,
Ronaldo. Comentários ao novo Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 146-
147. Cf. STJ, Resp nº 1.467.888, Terceira Turma, relatora: Min. Nancy Andrighi, julgado em
20.10.2016; TJ-RJ, Apel. nº 0194608-39.2013.8.19.0001, 23ª Câmara Cível, relator: Celso Silva
Filho, julgado em 05.07.2017; TJ-RJ, AI nº 0040892-58.2014.8.19.0000, 23ª Câmara Cível,
relator: Des. Luciano Silva Barreto, julgado em 17.09.2014; e STJ, EDcl no REsp, nº 1140326,
4ª Turma, Relator: Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 15.04.2010.
282
OLIVEIRA, Josivaldo Félix de. A responsabilidade do Estado por ato lícito. São Paulo: Habeas,
1998, p. 74-80.
ART. 27 123
283
Esse parece ser o entendimento de Renato Alessi: “Tal compensación no constituye un
ressarcimiento del daño, ya que el concepto jurídico de ressarcimiento presupone el de
responsabilidad por los daños que han de resarcirse, lo que a su vez presupone la violación
de un derecho subjetivo. En el caso que nos ocupa no se trata de violación de derechos,
puesto que son daños que derivan de actividades plenamente legítimas. La Administración
pública cuando se apropia, con las formalidades debidas, del inmueble de un particular,
cuando ordena la destrucción de las vides atacadas de filoxera, no viola otros tantos derechos
de los particulares, puesto que su actividad es plenamente legítima, sino que los sacrifica a
justando se a lo previsto expresamente por la norma legal” (ALESSI, Renato. Instituciones
de derecho administrativo. Tradução de Buenaventura Pellisé Prats. Barcelona: Bosch, 1970,
p. 489).
284
DUGUIT, León. Las transformaciones del derecho público. 2. ed. Madrid: Comares, 2008, p.
306.
285
REsp nº 896.679/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 12.5.2008; REsp nº 419.110/SP, 2ª
Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 27.11.2007; AgRg no Ag nº 542.821, Segunda
Turma, relator: Min. João Otávio de Noronha, DJe de 06.12.2006.
286
Carlos Ari Sundfeld traz o seguinte exemplo elucidativo a propósito da aplicação do art. 27:
“o vereador de Osasco tenha apontado um caminho. Em 2001, sofreu ação de improbidade
e perdeu em 1ª Instância. Recorreu e teve de pagar cerca de R$17 mil de custas. Deu sorte,
acabou vitorioso. E surpreso: o estado nem pagaria seu advogado, nem reembolsaria os R$
17 mil. Irritado, moveu ação para recobrar as custas. Agora em 2018, o Tribunal de Justiça
de São Paulo lhe deu razão, desafiando a legislação processual e usando o princípio da
causalidade (apelação 1028683- 23.2016.8.26.0405). Reconheceu o óbvio: ‘Não existe, de fato,
Justiça gratuita’. Processos sempre oneram alguém. E é errado que o ônus caia sobre a parte
inocente. Ao condenar o estado, o Tribunal disse: quem ‘deu causa à propositura da ação
ou à instauração de incidente processual deve responder pelas despesas deles decorrentes’.
Poderia ter invocado também o art. 27 da Lei de Introdução reformada, segundo o qual
‘a decisão no processo, na esfera administrativa, controladora ou judicial, poderá impor
compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
124 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
processo ou da conduta dos envolvidos.’ Quem sabe agora, com a nova lei, as autoridades
sejam cobradas a usar algum filtro antes de abrir processos? Se não por racionalidade e
justiça, ao menos para prevenir as compensações” (Não existe processo grátis. Disponível
em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/controle-publico/nao-existe-processo-
gratis-08082018).
287
SUNDFELD, Carlos Ari. VORONOFF. Quem paga pelos riscos dos processos?. Revista
de Direito Administrativo – RDA. Edição especial. Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2018, p. 195.
ART. 27 125
93288 da CRFB.289 O dever se apresenta ainda mais evidente nos atos que
produzam efeitos na esfera dos administrados, em consonância com o
disposto no art. 50, incisos I e II, da Lei nº 9.784/1999,290 que disciplina o
processo administrativo no âmbito da Administração Pública federal.291
Nada obstante, o parágrafo que se comenta aponta que o contra-
ditório será exercido, especificamente, a propósito do “cabimento”,
da “forma” e do “valor” da compensação que será arbitrada. Significa
dizer que a parte que suportou prejuízos anormais em decorrência da
instauração de um processo deverá demostrar, por intermédio dos meios
de prova legalmente admitidos, o nexo de causalidade entre o prejuízo
suportado e a instauração do procedimento. No exemplo acima suscitado
do exercício fiscalizatório da ANVISA, para efeito de demonstração do
seu cabimento, é possível cogitar-se da comprovação do tempo em que a
empresa restou interditada, em decorrência do processo administrativo
sanitário, por intermédio, por exemplo, da apresentação do auto de
interdição; no que respeita à forma de compensação, caberia à empresa
demostrar qual seria a forma mais adequada de ser compensada (se em
pecúnia ou por intermédio de alguma desoneração regulatória); e, por
fim, no que respeita ao valor, poder-se-ia apresentar uma simulação
do seu faturamento do período.
288
“Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos
órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade
do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo
as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”.
289
OSÓRIO, Fábio Medina. Direito administrativo sancionador. 2. ed. São Paulo: RT, 2005, p. 532
290
Eis os dispositivos: “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação
dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou
interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções”.
291
José dos Santos Carvalho Filho ressalta, com propriedade, a necessidade da motivação
dos atos administrativos: “A ausência da justificativa expressa do ato nos casos em que a
lei a considera essencial e indispensável torna contaminado o ato por vício de legalidade,
impondo-se a sua anulação pela Administração ou pelo Judiciário” (CARVALHO FILHO,
José dos Santos. Processo administrativo federal: comentários à Lei 9.784/1999. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2001, p. 227).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
126 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
292
A propósito dos limites à celebração dos negócios jurídicos processuais, a Escola Nacional
de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) editou os enunciados. Confiram-
se: Enunciado 36 “A regra do art. 190 do CPC/2015 não autoriza às partes a celebração de
negócios jurídicos processuais atípicos que afetem poderes e deveres do juiz, tais como os
que: a) limitem seus poderes de instrução ou de sanção à litigância ímproba; b) subtraiam
do Estado/juiz o controle da legitimidade das partes ou do ingresso de amicus curiae; c)
introduzam novas hipóteses de recorribilidade, de rescisória ou de sustentação oral não
previstas em lei; d) estipulem o julgamento do conflito com base em lei diversa da nacional
vigente; e e) estabeleçam prioridade de julgamento não prevista em lei”. Enunciado 37
“São nulas, por ilicitude do objeto, as convenções processuais que violem as garantias
constitucionais do processo, tais como as que: a) autorizem o uso de prova ilícita; b) limitem
a publicidade do processo para além das hipóteses expressamente previstas em lei; c)
modifiquem o regime de competência absoluta; e d) dispensem o dever de motivação”.
293
Egon Bockmann Moreira apresenta os seguintes exemplos de negócios jurídicos processuais
que podem ser celebrados pela Administração Pública: “Por exemplo, pense-se num processo
de licitação, em que a Administração e os interessados podem transacionar a respeito do
efeito suspensivo (ou não) dos recursos administrativos. Já num processo administrativo
disciplinar pode-se estabelecer tratativas a propósito do prazo para a defesa e do termo
para ser proferida a decisão final. De igual modo, em pedido de reequilíbrio econômico
financeiro de contrato administrativo deduzido em agência reguladora, as partes podem
negociar a respeito das fases, prazos e eventual prova a ser desenvolvida – bem como
do perito escolhido por elas de comum acordo. O mesmo se diga sobre os processos de
controle por parte dos Tribunais de Contas, aos quais pode ser atribuída consensualmente a
necessária celeridade – prefixando-se a agenda processual. Nada disso atenta nem contra a
lógica nem contra o regime jurídico do processo administrativo. Ao contrário, tais soluções
amigáveis prestigiam os princípios da legalidade, da eficiência e da duração razoável do
processo” (MOREIRA, Egon Bockmann. O novo Código de Processo Civil e sua aplicação
no processo administrativo. Revista de Direito Administrativo – RDA, Rio de Janeiro, ano
2016, n. 273, p. 313-334, set./dez. 2016).
ART. 27 127
294
Como se teve a oportunidade de asseverar em MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo;
FREITAS, Rafael Véras de. A juridicidade da Lei Anticorrupção: reflexões e interpretações
prospectivas. Fórum Administrativo – FA, Belo Horizonte, ano 14, n. 156, p. 9-20, fev. 2014.
295
Sobre o tema, Cass Sustein leciona que: “os casos em que o Legislador ou regulador, instado
a se manifestar por conta de eventos singulares – que dificilmente se repetirão – ou fortes
anseios populares momentâneos, edita normas sem submetê-las a exames mais apurados
que indiquem os possíveis efeitos negativos gerados pelas mesmas” (SUNSTEIN, Cass.
After rights revolution: reconceiving the Regulatory State. Massachusetts: Harvard University
Press, 1993, p. 86). Isso porque, a seu ver, a maioria das pessoas, por meio de “uma lente
grosseiramente distorcida, veem pequenos riscos como grandes riscos e grandes riscos
como pequenos, e muitas vezes eles defendem soluções cujos riscos são ainda maiores do
que aqueles dos problemas que se propõem resolver” (SUNSTEIN, Cass. Risk and reason
safety, law and the environment. Cambridge: Cambridge University Press, 2002). No Brasil,
rotineiramente, anseios populares interferem em processos regulatórios. Influências essas que,
não raro, alteram seus propósitos. Alexandre Santos de Aragão denomina essa influência de
voluntarismo regulatório. Trata-se de medida regulatória levada a efeito não por fundamentos
jurídico-econômicos, mas por paixões e pelo sentimento de impor a visão pessoal daqueles
que se encontram em uma posição privilegiada para a tomada de decisões. (ARAGÃO,
Alexandre Santos de. Análise de impacto regulatório: instrumento de uma regulação mais
eficiente e menos invasiva. Revista Justiça e Cidadania, Rio de Janeiro, n. 129, 2012. Disponível
em: http://www.editorajc.com.br/2012/07/analise-de-impacto-regulatorio-instrumento-de-
uma-regulacao-mais-eficiente-e-menos-invasiva-2/. Acesso em: 13 ago. 2015).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
130 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
296
O art. 28 da LINDB: a cláusula geral do erro administrativo. Revista de Direito Administrativo –
RDA. Edição especial. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro,
Editora FGV, 2018, p. 218.
297
PALMA, Juliana Bonacorsi de. A proposta de lei da segurança jurídica na gestão e do
controle públicos e as pesquisas acadêmicas. Disponível em: http://www.sbdp.org.br/wp/
wp-content/uploads/2018/04/PALMA-Juliana-A-proposta-de-lei-da-seguran%C3%A7a-
jur%C3%ADdica.pdf. Acesso em: 13 dez. 2018.
298
Charles Sabel e William H. Simon reconhecem que a expressão é tomada da filosofia política
de Dewey. Cf.: SABEL, Charles; SIMON, William H. Minimalism and experimentalism in
the administrative state. Columbia Public Law & Legal Theory Working Papers, Paper
9187, 2011, p. 26.
299
Comentando a importância da expansão do método experimentalista para além das
fronteiras do campo científico, ao campo dos estudos sociais, Mangabeira Unger afirma:
“(...) entendemos como as coisas funcionam ao descobrir sob que condições, em que direções
e dentro de que limites elas podem mudar. A inclusão de fenômenos reais em um campo
maior de oportunidades não aproveitadas não é, para a ciência, uma conjectura metafísica: é
um pressuposto operativo indispensável. O que vale para a ciência natural vale com grande
força para toda a gama de estudos sociais e históricos. Juízos de possibilidade contrafática,
em grande medida implícitos, informam nossa percepção acerca de seqüências reais de
mudança histórica e de forças reais na vida em sociedade” UNGER, Roberto Mangabeira.
O direito e o futuro da democracia. Tradução de Caio Farah Rodriguez e Marcio Soares
Grandchamp. São Paulo: Boitempo, 2004, p. 11.
ART. 28 131
300
RIBEIRO, Leonardo Coelho. O direito administrativo como caixa de ferramentas e suas
estratégias. Revista de Direito Administrativo – RDA, Rio de Janeiro, ano 2016, n. 272, p. 209-
249, maio/ago. 2016.
301
Nesse sentido, cf.: DEWEY, John. The public and its problems: an essay in political inquiry.
University Park: Pennsylvania State University, 2012, p. 56-57.
302
O fenômeno da seleção adversa foi melhor investigado por George Akerlof (vencedor do
Prêmio Nobel em Economia no ano de 2001), que escreveu um artigo em 1970 e publicado no
Quarterly Journal of Economics, denominado de “The Market for Lemons: Quality Uncertainty
and the Market Mechanism”.
303
“A seleção adversa ocorre quando uma das partes detém maior quantidade de informações
sobre as características dos bens ou interesses que pretende transacionar, ou mesmo a
respeito de seus inerentes atributos, antes da celebração da transação, tornando difícil ou
impossível para a contraparte se certificar a respeito de tais informações, por assim dizer,
privilegiadas. Em face disso, impede-se a justa avaliação da qualidade dos bens ou da
performance dos envolvidos nos pactos. (FREITAS, Juarez; TRINDADE, Manoel Gustavo
Neubarth; VOLKWEISS, Antônio Carlos Machado. Direito da regulação: falhas de mercado.
Interesse Público – IP, Belo Horizonte, ano 18, n. 95, p. 133-153, jan./fev. 2016).
304
O art. 28 da LINDB. A Cláusula Geral do erro administrativo. Op. cit.
305
Juliana Bonacorsi de Palma, em acurada análise sobre o tema, explicita os casos em que o
TCU definiu tal conceito, no seguinte trecho: “Mas quem é o administrador médio do TCU?
Para o Tribunal, o administrador médio é, antes de tudo, um sujeito leal, cauteloso e diligente
(Ac. 1781/2017; Ac. 243/2010; Ac. 3288/2011). Sua conduta é sempre razoável e irrepreensível,
orientada por um senso comum que extrai das normas seu verdadeiro sentido teleológico
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
132 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
(Ac. 3493/2010; Ac. 117/2010). Quanto ao grau de conhecimento técnico exigido, o TCU
titubeia. Por um lado, precisa ser sabedor de práticas habituais e consolidadas, dominando
com mestria os instrumentos jurídicos (Ac. 2151/2013; Ac. 1659/2017). Por outro, requer
do administrador médio o básico fundamental, não lhe exigindo exame de detalhes de
minutas de ajustes ou acordos administrativos que lhe sejam submetidos à aprovação, por
exemplo (Ac. 4424/2018; Ac. 3241/2013; Ac. 3170/2013; 740/2013). Sua atuação é preventiva:
ele devolve os valores acrescidos da remuneração por aplicação financeira aos cofres federais
com prestação de contas, e não se apressa para aplicar esses recursos (Ac. 8658/2011; Ac.
3170/2013). Não deixa de verificar a regularidade dos pagamentos sob sua responsabilidade
(Ac. 4636/2012), não descumpre determinação do TCU e não se envolve pessoalmente em
irregularidades administrativas (Ac. 2139/2010)” (https://www.jota.info/opiniao-e-analise/
colunas/controle-publico/quem-e-o-administrador-medio-do-tcu-22082018).
306
O Contexto da insegurança jurídica dessa interpretação TCU é bem relatado por Leonardo
Coelho: “Possivelmente, também em nome da segurança jurídica. Do controlador, e
não dos controlados, claro. Nesse contexto, espera-se mesmo é pelo surgimento de um
“administrador médium”, dotado da presciência capaz de antecipar as visões futuras do
controlador” (Vetos à LINDB, o TCU e o erro grosseiro dão boas-vindas ao “administrador
médium”. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-ago-08/leonardo-coelho-vetos-
lindb-tcu-erro-grosseiro).
ART. 28 133
307
Nesse julgado, com absoluta pertinência e até com um indisfarçado toque de ironia, ainda
votou no mesmo diapasão o Min. Nelson Jobim à fls. 394: “a impertinente pratica o ato
de improbidade. Tenho posição conhecida: empresas dessa natureza não estão sujeitas à
verificação do Tribunal de Contas, mas essa não é a tese defendida, não é o caso sustentado.
Só lembraria, na linha das observações do Min. Gilmar Mendes, que, no Rio de Janeiro, um
determinado juiz de Direito está respondendo a uma investigação no Ministério Público
em relação à improbidade administrativa. Por questões de Direito, em algum momento do
tempo, havia sido membro de um dos conselhos do Botafogo e, em certas ações envolvendo
o time, ele não se deu por impedido. Por isso, Membros do Ministério Público entenderam
que ele havia praticado improbidade administrativa. O caso específico mostra claramente o
exagero da visão, quase de pensamento único, pretendida pelo Tribunal de Contas quanto
às questões jurídicas. Divergir dessa Corte é ter a responsabilidades em termos, inclusive,
de análise de questões jurídicas, aplicadas em questões técnicas, podendo atingir até
contadores, técnicos de contabilidade, economistas, etc.”.
308
No voto do Min. Relator Carlos Velloso, à fls. 387, encontra-se o fundamento adequado, posto
com absoluta clareza, peculiar a seus arestos: “Examinemos a questão. O parecer emitido
por procurador ou advogado de órgão da administração pública não é ato administrativo.
Nada mais é do que a opinião emitida pelo operador do direito, opinião técnico-jurídica,
que orientará o administrador na tomada da decisão, na prática do ato administrativo, na
execução ex officio da lei. Hely Lopes Meirelles cuidou do tema e lecionou: ‘Pareceres –
Pareceres administrativo são manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos submetidos
à sua consideração. O parecer tem caráter meramente opinativo, não vinculando a
Administração ou os particulares à sua motivação ou conclusões, salvo se aprovado por ato
subseqüente. Já então, o que subsiste como ato administrativo, não é o parecer, mas sim o
ato de sua aprovação, que poderá revestir a modalidade normativa, ordinária, negocial ou
punitiva.’ (Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, 26. ed. Malheiros, p. 185)
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
134 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
denúncia seria uma condenável forma de censura a uma atividade que deve ser exercida,
nos termos do art. 18 da Lei da OAB, com ampla liberdade. Com uma única divergência,
todos os demais ministros acompanharam o relator, dando provimento ao recurso. No
Habeas Corpus nº 78.553-SP, julgado por unanimidade em 9 de outubro de 2007, sendo
relator a ministra Maria Thereza de Assis Moura, entendeu-se que não era pelo simples
fato de a impetrante ser advogada – no caso, procuradora do município de Santo André –
que estaria livre de poder cometer, em tese, o crime descrito no art. 90 da Lei federal nº
8.666/93. A liberdade de exercício da profissão de advogado, dizia a ministra, confinar-se-ia
nos limites da lei. Daí a denegação da ordem.
312
José Vicente Santos de Mendonça estabelece os seguintes requisitos formais, que devem ser
observados pelo pareceristas, para evitar a sua responsabilização: “Um parecer jurídico é,
em essência, uma opinião, mas não é só isso: é uma opinião proferida dentro de um contexto
institucional controlado. Portanto, existem limites, formais e materiais, à abrangência da
liberdade profissional do advogado que a profere. Os limites formais expressam-se na (i)
transcrição de dispositivos normativos, (ii) na referência à jurisprudência atualizada, (iii)
no apelo à doutrina consagrada e (iv) na incorporação, moderada e inteligível, de inovações
doutrinárias e jurisprudenciais ao corpo do argumento. O limite formal é a razoabilidade
de tese defendida, conceito de difícil definição, mas que se aproxima do sentido de “ser
apropriado” de Günter; de qualquer forma, a maioria dos advogados consegue distinguir
uma tese juridicamente defensável de uma “forçação de barra”. A ideia é que os pareceres
públicos sirvam apenas a uma visão de Direito entendido como técnica pautada por uma
pretensão de correção, jamais a uma ideia de Direito como prática engenhosa, instrumentalista
e amoral” (MENDONÇA, José Vicente Santos de. A responsabilidade pessoal do parecerista
público em quatro standards. Revista Brasileira de Direito Público – RBDP, Belo Horizonte,
ano 7, n. 27, out./dez. 2009).
313
No mesmo sentido, FREITAS, Juarez. Do Princípio da Probidade Administrativa e de sua
Máxima Efetivação. Boletim de Direito Administrativo, jul./96, São Paulo: NDJ, 1996, p. 43347;
SILVA, José Afonso da. Reflexões sobre Improbidade Administrativa no Direito Brasileiro. In:
BUENO, Cássio Scarpinella; PORTO FILHO, Pedro Paulo de Rezende (Coord.). Improbidade
Administrativa questões polêmicas e atuais. São Paulo: Malheiros/Sociedade Brasileira de Direito
Público, 2001, p. 88.
314
Precedentes: AgRg no REsp nº 1.500.812/SE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, DJe 28.5.2015; REsp nº 1.512.047/PE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe 30.6.2015; AgRg no REsp nº 1.397.590/CE, Rel. Ministra Assusete Magalhães,
Segunda Turma, DJe 5.3.2015; AgRg no AREsp 532.421/PE, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 28.8.2014” (REsp nº 1.508.169/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 13.12.2016, DJe 19.12.2016). Conforme pacífico entendimento
jurisprudencial dessa Corte Superior, improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo
elemento subjetivo da conduta do agente, sendo “indispensável para a caracterização de
improbidade que a conduta do agente seja dolosa para a tipificação das condutas descritas
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
136 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/1992, ou, pelo menos, eivada de culpa grave nas do artigo
10” (AIA nº 30/AM, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 28.09.2011)
315
Sobre a tipicidade aberta da Lei de Improbidade, confira-se Mauro Roberto Gomes de
Mattos em artigo específico sobre o tema: “Deve, portanto, o aplicador da norma ter
prudência e evitar que a utilização da lei em destaque seja de uma forma ampla, geral e
irrestrita direcionada para qualquer ato tido como ilegal. Esta não é e nunca será a vontade
do legislador, que visa a punir apenas o agente público ou o terceiro que desonre ou lese o
erário de forma efetiva e consciente, tendo o elemento subjetivo do tipo o dolo, pois o direito
atual não se identifica com os tempos da inquisição, onde ninguém tinha meios de saber
se estava sendo acusado e menos ainda de que o acusavam. Partir-se do enriquecimento
ilícito, do prejuízo ao ente público e da violação aos princípios da administração pública,
contidos nos arts. 9º, 10 e 11 da Lei nº 8.429/92, sem deixar tipificado ante o entendimento
do legislativo da conduta ímproba é sobremaneira perigoso, pois a indefinição será a marca
registrada que antecede aos citados tipos da lei de improbidade administrativa” (MATTOS,
Mauro Roberto. Do excessivo caráter aberto da lei de improbidade administrativa. Interesse
Público – IP Belo Horizonte, n. 29, ano 7 jan./fev. 2005. PORTO FILHO, Pedro Paulo de.
Improbidade administrativa: requisitos de tipicidade. Revista Interesse Público. n. 11, ano 3,
set./jul. 2011).
316
Eis o dispositivo: “Art. 37, §6º: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa”.
ART. 28 137
317
O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, ao interpretar o dispositivo, editou a Súmula
nº 10, vazada nos seguintes quadrantes: “O artigo 10 da Lei 8.429/1992 foi alterado pela Lei
13.655/2018, não mais sendo admitida a caracterização de ato de improbidade administrativa
que cause lesão ao erário na modalidade culposa”.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
138 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
318
Como retratado em MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Novas tendências da democracia:
consenso e direito público na virada do século: o caso brasileiro. Revista Brasileira de Direito
Público – RBDP, Belo Horizonte, ano 1, n. 3, out./dez. 2003. dez. 2015.
319
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. O direito administrativo do século XXI: um
instrumento de realização da democracia substantiva. A&C – Revista de Direito Administrativo
& Constitucional, Belo Horizonte, ano 11, n. 45, jul./set. 2011. Disponível em: http://bid.
editoraforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=74838. Acesso em: 15 dez. 2015.
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
140 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
320
Como ressaltado por Vitor Rhein Schirato: “Todavia, conforme advertido acima,
discricionariedade não mais é vista como liberdade absoluta do administrador público.
Progressivamente, chega-se à concepção de que discricionariedade é limitada e encontra
no Direito claras contenções. Tais contenções advêm (i) de uma alteração da concepção de
legalidade, que passa a prever uma vinculação da Administração Pública ao Direito e não
somente à norma criadora da competência, e (ii) da necessidade de processualização das
decisões administrativas, que deixam de existir isoladamente e passam a existir insertas
em um processo administrativo, fazendo com que a Administração Pública, por meio de
atos administrativos inter-relacionados venha a comprovar o atendimento à finalidade
da norma” (SCHIRATO, Vitor Rhein. Discricionariedade e poder sancionador: uma breve
análise da proposta de regulamento da ANATEL. Revista Brasileira de Direito Público – RBDP,
Belo Horizonte, ano 6, n. 23, out./dez. 2008. Disponível em: http://bid.editoraforum.com.
br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=56090. Acesso em: 15 dez. 2015).
321
Vasco Manuel Pascoal Dias Pereira da Silva sintetiza a evolução: “O descurar do procedimento
administrativo tinha sido, até então, a consequência lógica necessária da clássica perspectiva
actocêntrica. Assim, por um lado, a dogmática tradicional assentava na atenção exclusiva,
ou predominante, pelo que se pode chamar a perspectiva jurisdicional da Administração
Pública, ou seja, pelos aspectos relevantes para o exame realizado pelos juízes. E, uma vez que
o objecto da decisão é o acto final, só este era realçado (CASSESE). Daí que o procedimento,
segundo a doutrina clássica, ou não era considerado de todo, ou era considerado apenas
para explicar a decisão final da Administração, enquanto simples instrumento ao serviço do
acto administrativo e não de uma forma autônoma. Diferentemente, agora, de acordo com
um importante sector da doutrina italiana, o procedimento deve passar a ser visto como a
alternativa dogmática ao acto administrativo. Está-se aqui, como escreve NIGRO, perante
uma paradoxal inversão de posições. O procedimento – nascido ao serviço do acto para
explicar o seu nascimento e exaltar o seu domínio, através da distinção entre acto recorrível
(‘provvedimento’) e actos instrumentais – destruiu praticamente o acto, reduzindo-o (no dizer
de SCHMITT GLAESER, no comentário da lei alemã sobre o procedimento administrativo)
a um mero resumo dos elementos pré-formados no decurso do procedimento” (SILVA,
Vasco Manuel Pascoal Dias Pereira da. Em busca do acto administrativo perdido. Coimbra:
Almedina, 1996, p. 302-303).
322
De acordo com Diogo de Figueiredo Moreira Neto, “o interesse público, legalmente definido
como o que está posto sob a responsabilidade do Estado e tido como finalidade de sua ação,
não é outro senão, em síntese, o interesse geral da sociedade, ou, em se preferindo, o bem
comum, como acepção metajurídica inspiradora da ação política, que o Direito definirá
discriminadamente: para cada sociedade e para cada tempo. A positivação deste conceito,
embora de inegáveis efeitos práticos para a definição da legalidade de seu atendimento,
não afasta as dificuldades conceptuais trazidas pelo pluralismo, próprio das sociedades
democráticas contemporâneas, que passa a exigir a consideração de múltiplos e diferentes
ART. 29 141
interesses grupais, setoriais e regionais na conformação dessa síntese que o Estado deve
satisfazer tendo em vista a legitimidade de seu atendimento, tornando obsoleto, em
consequência o antigo conceito, ainda rousseauniano, de interesses gerais” (MOREIRA
NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de Direito Administrativo. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2014, p. 10).
323
SILVA, Vasco Manuel Pascoal Dias Pereira da. Em busca do acto administrativo perdido.
Coimbra: Almedina, 1996.
324
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Mutações do direito administrativo. Rio de Janeiro:
Renovar, 2000, p. 217-218.
325
Ver JUSTEN FILHO, Marçal. O direito das agências reguladoras. São Paulo: Dialética, 2002, p.
17-25.
326
A transmudação de um modelo de Estado unitário para aquele que se proponha policêntrico,
em que diversos atores sociais são partícipes na formação das decisões que influirão na
sociedade é destaque nas palavras de Sérgio Guerra: “Essa mudança, segundo Jacques
Chevalier, é sensível a partir do início da década de 80, assistindo-se a um movimento de
desintegração, que se traduz pela diversificação crescente das estruturas administrativas.
A ordem burocrática, fundada sobre a hierarquização, é desestabilizada pela proliferação
de estruturas de um novo tipo, colocadas fora do aparelho de gestão clássico e escapando
ao poder de hierarquia (...)” GUERRA, Sérgio. Agências reguladoras: da organização
administrativa piramidal à governança em rede. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 107.
327
Eduardo García de Enterría e Tomás-Ramón Fernández conceituam: “El procedimiento no
se resume, pues, en un acto de naturaleza compleja – la resolución –, en el que vendrían a
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
142 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
fundirse, perdiendo su propia identidad, todos los anteriores a él, ni tampoco consiste en
un mero agregado de actos heterogéneos por su origen y por su contenido, carentes de toda
relación estructural entre sí. Se trata, más bien, de una cadena, cuyos distintos eslabones
aparecen articulados a través de un vínculo común, sin merma de su individualidad
propia, en orden a un fin único a cuya consecución coadyuvan” (ENTERRÍA, Eduardo
García de; FERNÁNDEZ, Tomás-Ramón. Curso de derecho administrativo. 7. ed. Madrid:
Civitas, 2000, p. 443).
328
CYRINO, André. Delegações legislativas, regulamentos e administração pública. Belo Horizonte:
Fórum, 2018, p. 242.
329
Acerca do princípio do hard look, Moncada disserta: “Este princípio, de criação jurisprudencial,
aplica-se ao procedimento regulamentar informal e o seu alcance prático tem sido o de
potenciar a sua transformação num procedimento formal ou quase-formal, pois que o
controlo judicial só é viável se os dados, cuja relevância na decisão normativa final se
pretende assegurar, constarem do ‘dossier’ administrativo, ‘on the record’ portanto. Seu
pressuposto é o prévio dever administrativo de elaboração de um ‘record’ tendencialmente
exaustivo e completo, para além dos casos em que a lei expressamente o prevê, assim se
convertendo o procedimento informal ou seja, o ‘notice-and-comment rulemaking’ num
procedimento formal ‘on the record’, possibilitando este um amplo controlo judicial.
A aplicação do princípio do ‘hard look’ alterou substancialmente os termos reais do
procedimento informal e demonstra o empenho dos juízes no reforço dos mecanismos da
democracia directa, em prol da melhoria da qualidade das normas, do acréscimo da sua
legitimação e da criação das condições óptimas para a respectiva aplicabilidade e aceitação,
de algum modo reconciliando a burocracia com os cidadãos. O princípio em causa tem-se
revelado um poderoso meio de limitação da liberdade discricionária e interpretativa de
que a lei dota as ‘agencies’. A obrigação de decidir de acordo com o ‘input’ fornecido, o
constante ‘record’, diminui a legitimidade dos pontos de vista autónomos da Administração.
A noção de interesse público aproxima-se assim de um somatório de interesses privados,
que a Administração deve harmonizar, em vez de ser vista como um critério unilateral
da Administração. Foi o desejo dos Tribunais de controlar as normas administrativas que
levou a este resultado, tão de acordo aliás com as tradições jurídicas estadunidenses. A
conformidade com o direito, ou seja, a ‘rule of law’ resulta aqui da obrigatoriedade do peso
dos interesses privados, devidamente registrados e organizados, na decisão administrativa
final, reduzindo ao mínimo a sua autonomia. Poderá, pois dizer-se que a participação do
público, tendo claras implicações processuais, tem-nas também substanciais, pois que o
resultado material respectivo (o ‘record’) ao ser obrigatoriamente levado em conta, limita
ART. 29 143
332
GELLHORN, Ernest; LEVIN, Ronald M. Administrative law and process in a nutshell. 3. ed.
St. Paul; Minnesota: West Publishing, 1990, p. 309-52.
333
SOUZA, Rodrigo Pagani de. Participação pública nos processos decisórios das agências
reguladoras: reflexões sobre o direito brasileiro a partir da experiência norte-americana.
Fórum Administrativo – FA, Belo Horizonte, ano 2, n. 16, jun. 2002. Disponível em: http://
bid.editoraforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=2010. Acesso em: 15 dez. 2015.
334
Art. 9º.2: “Corresponde a los poderes públicos promover las condiciones para que la libertad
y la igualdad del individuo y de los grupos en que se integra sean reales y efectivas; remover
los obstáculos que impidan o dificulten su plenitud y facilitar la participación de todos los
ciudadanos en la vida política, económica, cultural y social”; art. 105: “La ley regulará: a) La
audiencia de los ciudadanos, directamente o a través de las organizaciones y asociaciones
reconocidas por la ley, en el procedimiento de elaboración de las disposiciones administrativas
que les afecten. b) El acceso de los ciudadanos a los archivos y registros administrativos,
salvo en lo que afecte a la seguridad y defensa del Estado, la averiguación de los delitos y la
intimidad de las personas. c) El procedimiento a través del cual deben producirse los actos
administrativos, garantizando, cuando proceda, la audiencia del interesado” (Disponível
em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 14 nov. 2015).
335
Art. 267, I: “A Administração Pública será estruturada de modo a evitar a burocratização, a
aproximar os serviços das populações e a assegurar a participação dos interessados na sua
gestão efectiva, designadamente por intermédio de associações públicas, organizações de
moradores e outras formas de representação democrática” (Disponível em: www.planalto.
gov.br. Acesso em: 5 nov. 2015).
336
Art. 3º: “È compito della Repubblica rimuovere gli ostacoli di ordine economico e sociale,
che, limitando di fatto la libertà e l’eguaglianza dei cittadini, impediscono il pieno sviluppo
della persona umana e l’effettiva partecipazione di tutti i lavoratori all’organizzazione
politica, economica e sociale del Paese” (Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em:
5 nov. 2015).
337
Art. I-47: “Princípio da democracia participativa 1. As instituições, recorrendo aos meios
adequados, dão aos cidadãos e às associações representativas a possibilidade de expressarem
e partilharem publicamente os seus pontos de vista sobre todos os domínios de acção da
União. 2. As instituições estabelecem um diálogo aberto, transparente e regular com as
associações representativas e com a sociedade civil. 3. A fim de assegurar a coerência e
a transparência das acções da União, a Comissão procede a amplas consultas às partes
ART. 29 145
341
No Direito Brasileiro, V. PALMA, Juliana Bonacorsi de. Atividade normativa da administração
pública. Tese de doutorado defendida na Faculdade de Direito da USP em 2014.
342
Eis os dispositivos que, juntos, fundamentam esse dever de motivar atos administrativos
normativos: “Art. 2º. (...). Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados,
entre outros, os critérios de: (...) VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que
determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos
direitos dos administrados; Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a
Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: (...) III – formular alegações
e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo
órgão competente; Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação
dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou
interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções”.
343
No âmbito da regulação, essa tendência é incorporada – nem poderia ser diferente – nas
leis de criação das agências reguladoras. Na lei de criação da Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), previu-se a obrigatoriedade de realização de audiência pública prévia para
os processos decisórios que afetarem os direitos dos agentes econômicos do setor elétrico ou
dos consumidores (o art. 4º, §3º, da Lei nº 9.427/96); na lei de criação da Agência Nacional
de Telecomunicações (ANATEL), o direito dos usuários de serviços de telecomunicações
de receberem respostas às suas reclamações pela prestadora do serviço e de peticionarem
contra a prestadora do serviço perante o órgão regulador e os organismos de defesa do
consumidor, bem como a consulta pública prévia para análise da minuta do instrumento
convocatório nas licitações dos serviços de telecomunicações seria outro exemplo (arts. 3º, X
ART. 29 147
e XI; 89, II, da Lei nº 9.472/97); na lei de criação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP), exigiu-se a realização de audiências públicas para iniciativas
de projetos de lei ou de alteração de normas administrativas que impliquem afetação
de direito dos agentes econômicos ou de consumidores e usuários de bens e serviços da
indústria do petróleo (art. 19 da Lei nº 9.478/97). Mais recentemente, o Decreto nº 8.243, de
23.5.2014, instituiu a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional
de Participação Social (SNPS). O referido regulamento, além de conceituar os institutos
da audiência pública e da consulta pública, apresenta como uma de suas principais
diretrizes a ampliação dos mecanismos de controle social. Marcos Juruena Villela Souto,
expressamente, vincula o procedimento regulatório ao devido processo legal: “O direito de
participação é, assim, instrumento de atendimento dos princípios republicano, democrático,
do devido processo legal, da eficiência, da legitimidade e da publicidade. [...] Do princípio
do devido processo legal, porque a decisão regulatória, ainda que de caráter normativo,
implica em escolhas que restringem direitos, devendo ser assegurada a sua ampla defesa
no procedimento de ponderação” (SOUTO, Marcos Juruena Villela. Audiência pública e
regulação. Revista de Direito Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 1, n. 4, out./
dez. 2003. Disponível em: http://bid.editoraforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=12751.
Acesso em: 15 dez. 2015).
344
SUNDFELD, Carlos Ari; CÂMARA, Jacintho Arruda. O dever de motivação na edição de
atos normativos pela Administração Pública. A&C – Revista de Direito Administrativo &
Constitucional, Belo Horizonte, ano 11, n. 45, p. 55-73, jul./set. 2011.
345
No mesmo sentido, Carlo Ari Sundfeld e Jacintho Arruda Câmara lecionam que: “Excluem-
se desse rol, portanto, os atos regulamentares de caráter interno, como são, por exemplo, os
de organização administrativa e os que aprovam normas de licitação. Outra categoria em
que, por ausência de terceiros titulares de direitos atingidos, não há obrigação de apresentar
motivação de conteúdo, envolvem os atos que instituem um marco regulatório original
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
148 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
em setores nos quais ainda não sejam encontrados interessados. A regulação original de
um novo serviço público e a disciplina regulamentar sobre o uso de um bem público até
então inacessível ao uso privativo de particulares constituem alguns exemplos de situações
desse gênero” (SUNDFELD, Carlos Ari; CÂMARA, Jacintho Arruda. O dever de motivação
na edição de atos normativos pela Administração Pública. op. cit.).
346
OCDE. Cidadãos como parceiros: informação, consulta e participação pública na formulação
de políticas. Nota de Política nº 10. 2001, p. 2. FREITAS, Rafael Véras de. A Análise de Impacto
Regulatório (AIR) no setor de energia elétrica. Revista Brasileira de Direito Público – RBDP,
Belo Horizonte, ano 12, n. 46, p. 177-200, jul./set. 2014.
347
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Agências reguladoras e a evolução do direito administrativo
econômico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 471. De acordo com o autor, essa característica
diferencia a consulta pública da chamada audiência pública, em que a participação popular
se dá fundamentalmente através de debates orais em sessão previamente designada para
tal fim.
348
É necessário, entretanto, alertar para o fato de que o excesso de consultas públicas tem
gerado, em alguns países, o que vem sendo tratado nos textos de Direito Comparado como
fadiga da consulta. De acordo com Malyshev, citado por Salgado e Borges, no Canadá e no
Reino Unido, as amplas consultas realizadas resultaram uma fadiga por parte dos grupos de
interesse que se sentiram sobrecarregados pelo extenso número de matérias sobre as quais
têm de fornecer informações. Pode-se dizer que a participação dos interessados nesses locais
ultrapassou o ponto de excelência, gerando um efeito inverso ao esperado, de desestímulo
à participação e uma redução da qualidade das informações fornecidas. (SALGADO, Lucia
Helena; BORGES, Eduardo de Pinho Bizzo. Análise de impacto regulatório: uma abordagem
exploratória. 2010, p. 21). É de se trazer à baila, recente estudo realizado pelo IPEA, o
qual aponta uma série de constatações empíricas quanto a determinadas ineficiências
apresentadas pelos mecanismos de participação e consensualidade, tais como as audiências
públicas e que, de certa forma, foram considerados para fins de elaboração do anteprojeto
de lei em comento. (Audiências públicas no âmbito do governo federal: análise preliminar
e bases para avaliação. Disponível em http://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfs/
relatorio_audiencias_publicas.pdf Acessado em: 10 dez. 2014). Egon Bockmann Moreira,
contudo, ao analisar os dados de participação na produção normativa da Anatel, pondera
que: “Os dados obtidos por amostragem nas agências brasileiras são representativos de um
fenômeno mundial: o custo da regulação e a respectiva participação. A procedimentalização
das decisões normativas confere transparência à ação das agências, mas tem como resultado
ART. 29 149
351
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Agências reguladoras e a evolução do Direito Administrativo
Econômico. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 440.
352
Como desenvolvido em RIBEIRO, Leonardo Coelho. O direito administrativo como caixa de
ferramentas: a formulação e a avaliação da ação pública entre instrumentalismo, instituições
e incentivos. 2015. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
353
STIGLER, George J. The theory of economic regulation. In: STIGLER, George J. (Org.). The
citizen and the State: essays on regulation. Chicago; London: The University of Chicago
Press, 1971, p. 114.
354
Nesse sentido, Marçal Justen Filho assevera que: “A doutrina cunhou a expressão ‘captura’
para indicar a situação em que a agência se transforma em via de proteção e benefício para
setores empresarias regulados. A captura configura quando a agência perde a condição de
autoridade comprometida com a realização do interesse coletivo e passa a produzir atos
destinados a legitimar a realização dos interesses egoísticos de um, alguns ou todos os
segmentos empresariais regulados. A captura da agência se configura, então, como mais
uma faceta do fenômeno de distorção de finalidades dos setores burocráticos estatais”
ART. 29 151
(JUSTEN FILHO, Marçal. O direito das agências reguladoras independentes. São Paulo: Dialética,
2002, p. 97).
355
Ao analisar os normativos internos sobre participação da ANEEL, da ANTT, da ANTAQ,
da ANATEL, Letícia Oliveira Lins de Alencar concluiu que “Uma segunda constatação é
a de que, via de regra, os normativos analisados não garantem a real representatividade
de todos os potenciais interessados nos processos decisórios voltados à produção de atos
normativos. Tal situação pode acabar fazendo com que a Agência “deixe de considerar
todos os interesses públicos pertinentes à matéria regulada, para apenas considerar os
interesses de seus interlocutores”, que se fizerem representar durante a fase de participação
popular” (ALENCAR, Letícia Oliveira Lins de. Participação popular na elaboração de atos
normativos por agências reguladoras federais: uma análise da experiência acumulada nos
últimos 20 anos. Fórum de Contratação e Gestão Pública – FCGP, Belo Horizonte, ano 16, n.
192, p. 42-59, dez. 2017).
356
BAPTISTA, Patrícia. Transformações do direito administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2018, p. 118.
357
OLIVEIRA, Farlei Martins de. Controle de legitimidade das políticas públicas: limites e
possibilidades. Revista de Direito Administrativo – RDA. Belo Horizonte, ano 2008, n. 247,
jan./abr. 2008.
358
KLEIN, Aline; MARQUES NETO, Floriano de Azevedo; DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella
(Coord.). Tratado de direito administrativo: funções administrativas do Estado. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2014. v. 4, p. 629.
359
ALBUQUERQUE, Kélvia Frota de. A retomada da reforma/melhora regulatória no Brasil:
um passo fundamental para o crescimento econômico sustentado, 2006, p. 25. Disponível
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
152 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
em: http://www.seae.fazenda.gov.br/central-de-documentos/documentos-de-trabalho/
documentos-de-trabalho-2006/DT_35.pdf. Acesso em: 16 out. 2015.
360
No mesmo sentido, confira-se Rafael Carvalho Rezende Oliveira: “A necessidade de
implementação da governança regulatória no direito comparado, com a diminuição das
assimetrias informacionais e racionalização da atividade estatal, abriu caminho para a
institucionalização da chamada Análise de Impacto Regulatório (AIR). [...] A AIR representa
um procedimento de auxílio na tomada de decisões regulatórias que expõe os riscos, os
benefícios e as consequências das políticas regulatórias que podem ser adotadas para
atendimento de interesses protegidos constitucionalmente” (OLIVEIRA, Rafael Carvalho
Rezende. Governança e análise de impacto regulatório. Revista de Direito Público da Economia –
RDPE, Belo Horizonte, ano 9, n. 36, p. 173-203, out./dez. 2011. Disponível em: http://www.
bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=75973. Acesso em: 1 jul. 2013).
361
SALGADO, Lucia Helena; HOLPERIN, Michelle Moretzsonh. Análise de impacto: ferramenta
e processo de aperfeiçoamento da regulação.
362
ALBUQUERQUE, Kélvia Frota de. A retomada da reforma/melhora regulatória no Brasil:
um passo fundamental para o crescimento econômico sustentado, 2006, p. 26. Disponível
em: http://www.seae.fazenda.gov.br/central-de-documentos/documentos-de-trabalho/
documentos-de-trabalho-2006/DT_35.pdf. Acesso em: 16 out. 2015.
363
Segundo Alketa Peci, “a análise de impacto regulatório é amplamente adota em âmbito
internacional, especialmente em países membros da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico. Percebe-se também que há uma tendência crescente da
adoção da AIR por outros países ao redor do mundo” (PECI, Alketa. Avaliação do impacto
regulatório, experiências internacionais e potencialidades de adoção em contextos nacionais:
o caso brasileiro. In: CONGRESO INTERNACIONAL DEL CLAD SOBRE LA REFORMA
DEL ESTADO Y DE LA ADMINISTRACIÓN PÚBLICA, XIV, 2009, Salvador. Painel...
Salvador, 2009, p. 1).
364
SALGADO, Lucia Helena; BORGES, Eduardo de Pinho Bizzo. Análise de impacto regulatório:
uma abordagem exploratória. Texto para discussão, Brasília, n. 1463, jan. 2010. Disponível
em: http://www.agersa.es.gov.br/arquivos/relatorios/Analise%20de%20Impacto%20
Regulatorio%20uma%20Abordagem%20Exploratoria.pdf. Acesso em: 10 ago. 2015.
365
Já tivemos a oportunidade de conceituar esse instrumento, como: “Nesse passo, é possível,
considerando o até aqui exposto, propor o seguinte conceito de AIR: trata-se de procedimento
administrativo participativo – que será aberto às contribuições do setor regulado –, que,
por meio de análises consequencialistas de dados empíricos – os quais serão utilizados
para a aferição dos efeitos endógenos e exógenos de determinada regulação –, visa a
ART. 29 153
conferir racionalidade aos ‘motivos’ dos atos administrativos produzidos pelo regulador.
Trata-se de procedimento administrativo, pois se configura como uma sucessão encadeada
de atos – audiências públicas, consultas públicas e análises técnicas – para a obtenção de
um ato administrativo; participativo, porque, para seu aperfeiçoamento, necessita da
participação do setor regulado afetado pela proposta regulatória; consequencialista, porque
impõe ao regulador a avaliação dos impactos econômicos e sociais de suas decisões; confere
racionalidade aos ‘motivos’ dos atos administrativos, porquanto confere substratos fáticos
e jurídicos para edição do ato regulatório” (FREITAS, Rafael Véras de. A análise de impacto
regulatório (AIR) no setor de energia elétrica. Revista Brasileira de Direito Público – RBDP,
Belo Horizonte, ano 12, n. 46, p. 177-200, jul./set. 2014).
366
Entre essas iniciativas cabe mencionar o PRO-REG (Programa de Fortalecimento da
Capacidade Institucional para Gestão em Regulação), instituído pelo Decreto nº 6.062, de
16.3.2007.
367
RIBEIRO, Leonardo Coelho. O direito administrativo como caixa de ferramentas. São Paulo:
Malheiros, 2016
368
SUNSTEIN, Cass. The regulatory lookback. Boston University Law Review, v. 94, p. 579-602,
2014
369
Beneficios del Programa de Mejora regulatória 2011-2012 (2012).
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
154 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
370
RIBEIRO, Leonardo Coelho. Déficit público e revisão do estoque regulatório. Disponível
em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/deficit-publico-e-revisao-do-estoque-
regulatorio-17112015.
371
Com a lógica adotada pelo art. 42 da Lei nº 9.472/1997, de acordo com o qual “Art. 42. As
minutas de atos normativos serão submetidas à consulta pública, formalizada por publicação
no Diário Oficial da União, devendo as críticas e sugestões merecer exame e permanecer à
disposição do público na Biblioteca”.
372
MONTEIRO, Vera. Regime Jurídico da Consulta Pública, Revista de Direito Administrativo –
RDA. Edição especial. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro,
Editora FGV, 2018.
373
Afora que, como bem destacado por Alexandre Santos de Aragão “Entendemos que
mesmo nos casos em que a realização de audiências ou consultas públicas não tiver sido
cogentemente estabelecida, sendo, portanto, discricionárias, se algum agente econômico
ou entidade interessada requerer a sua realização, a recusa da Administração deverá ser
satisfatoriamente motivada face aos princípios e valores constitucionais que privilegiam a
participação dos interessados nas decisões administrativas (art. 1º, caput e inciso I; art. 5º,
XXXIII e XXXIV; 37, caput e §3º; e 175, III, Constituição Federal)” (ARAGÃO, Alexandre
Santos de. Agências reguladoras e a evolução do Direito Administrativo Econômico. Rio de Janeiro:
Forense, 2002, p. 440).
ART. 29 155
374
Bernardo Sordi, professor de Direito Administrativo da Universidade de Florença, ensina
que a construção de cada sistema e, por conseguinte, dos respectivos direitos administrativos
é preponderantemente uma construção histórica ditada pelas vicissitudes culturais e
políticas de cada país, em detrimento de uma produção teórica propriamente dita. Afirma
o autor italiano: “As trajetórias específicas para o droit administratif, Verwaltungsrecht,
ou administrative law devem ser entendidas à luz dos vários processos de formação dos
Estados e a partir das diferentes histórias constitucionais de cada país. No entanto, nenhum
processo de construção do Estado se traduz mecanicamente em um sistema especial de direito
administrativo” SORDI, Bernardo. Révolution, Rechtsstaat and the rule of law: historical
reflections in the emergence of administrative law in Europe. In: ROSE-ACKERMAN, Susan;
LINDSETH, Peter (Coord.). Comparative administrative law. Cheltenton, VK; Nothompton,
MA: Elson, 2010. p. 23-36.
375
“En referencia a la influencia del arrêt Blanco sobre la sistemática del Derecho administrativo
francés no puede esconderse su papel fundamental en la teorización de la autonomía y
la especialidad del droit administratif. Inspirándose en las afirmaciones (contenidas en el
arrêt Blanco) antes citadas, conforme a las cuales, en ausencia de texto legal específico, la
responsabilidad de la Administración ‘ne peut être réglée par les principes qui sont établis
dans le code civil pour les rapports de particulier à particulier... elle a ses règles speciales’,
la doctrina ha encontrado en este arrêt el fundamento de la autonomía y la especialidad del
Derecho administrativo respecto del Derecho civil25. En este arrêt se afirmaba, en efecto,
que, en ausencia de reglas enunciadas por el legislador, el juez era ‘libre de individualizar’
la regla de Derechoadministrativo aplicable, basándose en las exigencias de la realidad
administrativa. En poco tiempo, con el arrêt Blanco se pusieron las bases de un Derecho
administrativo que no sólo puede tener un contenido nuevo y distinto del previsto en el Code
civil, sino que puede ser forjado y aplicado por el mismo juez administrativo. Se legitimó
así el recurso a un droit non écrit, es decir, a un Derecho no creado por las autoridades
constitucionalmente legitimadas para crear Derecho.” MASUCCI, Alfonso. Formación y
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
158 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional.
Brasília: Saraiva, 2007, p. 1.223)
383
Patrícia Perrone Mello, em trabalho específico sobre o tema, bem retrata esta esse
procedimento: “O manejo dos precedentes nos países do common law é regido pela stare
decisis, política que exige que as cortes sigam as decisões estabelecidas pelos tribunais que
lhes são hierarquicamente superiores. De acordo com tal sistema, a parte, ao buscar um
julgado aplicável à ação a ser decidida, precisa, primeiramente, identificar os fatos relevantes
do caso concreto e, então, a questão legal que será decidida pela Corte em sua apreciação.
Em seguida, buscará um precedente que trate das mesmas questões de direito e no qual
se constate, ainda, que a discussão sobre elas se baseou essencialmente em uma situação
de fato semelhante, hipótese em que estará justificada a aplicação da solução anterior à
demanda em exame. Este raciocínio analógico, por sua vez, apóia-se em alguns conceitos
essenciais – os conceitos de holding, rationale e obiter dictum” (MELLO, Patrícia Perrone
Campos. Operando com súmulas e precedentes vinculantes. In: BARROSO, Luís Roberto
(Org.). A reconstrução democrática do Direito Público no Brasil. Rio de Janeiro: Renovar, p. 671).
384
No Direito Brasileiro, V. OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende de. Precedentes no Direito
Administrativo. Rio de Janeiro: Gen, 2018. Sobre o tema, confira-se COLE, CHARLES D.
Stare decisis na cultura jurídica dos Estados Unidos. O sistema de precedente vinculante
do Common Law. Revista dos Tribunais, n. 758, 1998.
ART. 30 161
385
Nesse sentido, Juraci Mourão Lopes Filho Fayga Silveira Bedê: “No entanto, ainda que em
menor medida, as autoridades administrativas, em diversas situações, tanto em processo
quanto em procedimento administrativo, também são capazes de realizar essa mediação
entre Direito e realidade na formulação de respostas institucionais a um caso concreto, seja na
tomada de decisões ou na expedição de pareceres e respostas a consultas. Seus atos também
dão ensejo a um ganho hermenêutico, de modo a gerar uma justa expectativa de que sejam
seguidos em casos futuros, pois, afinal, passam a integrar o sistema jurídico, não podendo
ser relegados à simplória categoria de atos concretos sem qualquer repercussão maior”
(LOPES FILHO, Juraci Mourão; BEDÊ, Fayga Silveira. A força vinculante dos precedentes
administrativos e o seu contributo hermenêutico para o Direito. A&C – Revista de Direito
Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 16, n. 66, p. 239-265, out./dez. 2016).
386
WORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Trad. Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes,
2002, p. 177.
387
Nesse sentido, Marcus Vinícius Barreto Serra Júnior: “É preciso assegurar a discricionariedade
do magistrado para interpretar as normas e aplicá-las ao caso concreto, mas essa liberdade não
pode ser tomada como absoluta, de tal maneira que se consagre o fenômeno da jurisprudência
lotérica, afrontando a segurança jurídica, bem como a própria legitimidade do exercício do
poder jurisdicional. (…) Eliminando os termos vagos e dúbios do direito legislado, o Poder
Judiciário, ao criar o precedente judicial, estará conferindo maior estabilidade e segurança
à decisão, evitando interpretações conflitantes. Com base em uma releitura do princípio
constitucional da segurança jurídica, nota-se que a aplicação da teoria dos precedentes à
FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
162 COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.655/2018 (LEI DA SEGURANÇA PARA A INOVAÇÃO PÚBLICA)
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FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, RAFAEL VÉRAS DE FREITAS
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