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Júlia
A ENCADERNADORA
A IDA AO TEATRO
Entra MARIDO dta alta, senta-se, lê o jornal; mulher entra precipitadamente esq alta.
MULHER - Adivinha o que a nossa vizinha me ofereceu... Adivinha o que ela me ofereceu?
MULHER - Toma, olha. (entregando um papel) Dois bilhetes de teatro para o Fausto. Que é
que dizes?
MULHER (olhando o relógio) - Já são quinze prás sete. Não vamos estar prontos a tempo.
MULHER - Podes fazer isso depois, primeiro vamos comer. (Ela sai dta alta, o marido pega
num espelho e opõe à mesa; o espelho cai sempre. A mulher chega com pratos, talheres,
salsichas e batatas.)
MULHER - Mas aqui nunca há outra coisa. (Há uma salsicha pra cada um. Ele pega ambas,
tira um metro do bolso das calças, mede as salsichas, dá a menor pra mulher e fica com a
maior.)
MULHER - Toma: batatas fritas. (Ela levanta-se e põe as batatas no prato dele. O marido
impede-a com a mão.)
MARIDO (lembrando-se) - E o rapaz? O que é que a gente faz com o rapaz quando ele voltar
do trabalho?
MULHER - Já pensei nisso. A gente deixa o jantar dele quente e antes de sair escrevemos
um bilhete. (levantando-se) Continua a comer, eu vou escrever. (Pega papel e lápis.) Vou
escrever que nós não estamos em casa.
MARIDO - Não precisas de escrever isso, ele vê. Tens de escrever que nós saímos.
MULHER - Mas é isso que eu queria dizer. Vou escrever que nós não estamos aqui, porque
saímos.
MULHER - A gente chama-lhe sempre "rapaz"… Mas como é que ele se chama? (aflita) Ai,
Jesus, Maria, José. Ah. É José que ele se chama. Bom... "Meu caro José..."
MULHER - Nesse caso vou escrever: "Nosso caro José..." (para o marido) a ver se me deixas
em paz, "Nosso caro José. O teu jantar está na cozinha, no forno. Aquece-o outra vez
porque pode arrefecer."
MARIDO (alarmado) - Pode arrefecer? Mas já estamos no Inverno, vai arrefecer mais?
MULHER - Estou a falar do jantar, que pode arrefecer quando estivermos no teatro.
MARIDO - Então, escreve: "...nós fomos ao..."
MULHER -"Caso o teatro esteja fechado, nós voltaremos, talvez certamente, para casa.
Recebe as saudações..."
MULHER - "Dos teus pais que saíram, assim como da tua mãe."
MULHER - E agora eu vou pôr ponto final, senão aquele imbecil vai continuar a ler.
MARIDO - Acrescenta: "No caso de preferires o jantar frio, não precisas de o aquecer."
MULHER - "Porque senão ele ficará muito quente." (levanta-se) Agora vamos deixar o
bilhete na mesa. (Ele põe o bilhete na mesa e coloca o vaso por cima.)
MULHER - Aí não pode ser. Com a jarra de flores ele vai pensar que é o aniversário dele.
MARIDO - É sensacional, olha: ele entra, vai até ali, olha-se ao espelho e diz: que será esse
bilhete? E então vê o bilhete.
MULHER - E se ele não se olhar ao espelho? Ah, já sei! Eu vou escrever: "Quando chegares,
olha-te logo ao espelho para veres uma coisa." Bem, perdemos tanto tempo com o bilhete
que já vão dar sete horas. Felizmente o teatro só começa às oito.
MULHER - Acho que vou lavar a loiça só amanhã de manhã, senão vai ficar muito tarde.
(Ele levanta a mesa. Ela sai dta. alta. Ele penteia-se cuidadosamente. A mulher volta com
um vestido castanho.)
MULHER - Eu não saio contigo com essa camisa de maneira nenhuma. As pessoas vão
pensar que somos uns miseráveis.
MARIDO - Nunca mais, nunca mais vou ao teatro. (Ele tira a roupa e fica só com a camisa.
Nesse momento entra a vizinha, esq. alta. Ao vê-lo só de camisa, dá um grito.)
MULHER (voltando) - Por que é que você não bate à porta antes de entrar? E tu vais ficar aí
parado, nu dessa maneira? Vai-te vestir no quarto. (Ele sai. À vizinha:) Agora estamos muito
ocupados; vamos ao teatro.
MULHER - Você aparece sempre no pior momento. Além do mais está sempre a pedir
alguma coisa emprestada. (Vai buscar a garrafa de azeite.) Bom, quanto é que quer?
VIZINHA - Só uma gotinha (A mulher deita o azeite numa chávena: nesse instante o marido
volta, ainda com as calças na mão. Ao passar dá um encontrão no cotovelo da mulher, no
momento em que ela deita o azeite.)
MARIDO - Mas onde é que puseste a minha camisa? (O azeite entorna-se no vestido da
mulher.)
MULHER - O vestido todo estragado! Pelo menos é azeite, não vai ficar manchado.
MARIDO - (Pega na camisa e vê que é uma camisa de criança.) Meu Deus, meu Deus... É
uma camisa de criança.
MULHER - Pronto!
MULHER - Até que enfim! Deixa-me confirmar a que horas começa. Está aqui: oito em
ponto. Quem tinha razão, mais uma vez? Eu. As mulheres têm sempre razão. Está escrito
aqui no bilhete: o espectáculo tem início às oito em ponto.
AÍ VEM O TEMPORAL
Isabel: Mas que ventania! Eu não disse que devias ter trazido o guarda‐chuva? Olha, já
começou a chover! E agora só temos o meu guarda-chuva!
Isabel: Fica quieto e ata o pacote! Não, pelo cordão não. Vai desatar-se.
Isabel: Viste? Eu não disse! Pega nesse pacote de uma vez, senão vai molhar-se!
Isabel: Jaime, se nós estivéssemos dentro de casa, a tempestade seria exactamente igual.
Isabel: Quando?
Jaime: Agora!
Isabel: Deixa trovejar. O trovão não é perigoso. O raio, sim. Do trovão a gente protege-se,
mas contra o raio não há defesa.
Jaime: Ai é??
Jaime: Pronto, lá vem o 28, que também serve. [passa outro autocarro] Cheio. Isabel, faz
alguma coisa, eu estou encharcado.
Isabel: As pessoas razoáveis foram para casa antes do temporal. Mas tu não és do tipo
razoável.
Jaime: Como?
Isabel: Se fosses razoável, já tinhas posto o chapéu. Pelo menos tinhas a cabeça seca.
A LOJA DE CHAPÉUS
VALENTIN - Um chapéu.
VENDEDORA - Certamente, meu senhor, um chapéu não é para vestir; usa-se sempre na
cabeça.
VALENTIN -Sempre, não. Na igreja, por exemplo, eu não posso usar o chapéu na cabeça. Eu
quero um chapéu que a gente ponha e possa tirar...
VENDEDORA - Todos os chapéus se podem pôr e tirar. O senhor quer um chapéu mais
flexível ou mais rígido?
VALENTIN - O inconveniente dos chapéus de feltro é que a gente nunca ouve quando eles
caem no chão.
A VENDEDORA - Bem, então pode comprar um capacete de ferro, assim vai ouvir quando
ele cair.
VALENTlN - Sendo um civil, minha senhora, eu não tenho o direito de usar um capacete de
ferro.
VENDEDORA - O senhor vai ter de decidir que tipo de chapéu quer usar.
VENDEDORA - Não. Eu vou mostrar-lhe vários modelos, para que o senhor possa escolher.
VALENTIN - Eu não estou a pedir para escolher, eu só quero um chapéu que me caia bem.
VENDEDORA - Certamente. É preciso que o chapéu lhe caia bem. Agora, se tiver a fineza de
me dizer qual a sua medida de cabeça, eu encontro um chapéu que lhe caia bem.
VALENTIN - Mas, pelo menos fica bem preso. Se eu levar um número mais pequeno, ele vai
acabar por cair.
VENDEDORA - Desculpe, mas isso não faz o menor sentido: quando se tem um 55 de
medida, usa-se um chapéu 55. Sempre foi assim.
VALENTIN - Agora a senhora vai-me desculpar, mas as cabeças dos homens não
permanecem sempre exactamente iguais. Estão sempre a mudar.
VENDEDORA - Por dentro sim, mas por fora… Olhe, o meu conselho é que leve este aqui,
tamanho 55. Custa só 15 euros, é bonito, de óptima qualidade e ainda por cima, muito
moderno.
VALENTIN - Eu vou seguir o seu conselho, já que a senhora é uma especialista. Então a
senhora diz que este chapéu é muito moderno?
VENDEDORA - É. Enfim, o que é ser moderno hoje em dia? Há pessoas que saem sem usar
chapéu. Tanto faz ser Verão como Inverno, e dizem que isso é o que há de mais moderno.
VALENTIN - Ah, é? Quer dizer que o que há de mais moderno é não usar nenhum chapéu?
Sendo assim, não vou comprar nenhum. Até logo, minha senhora (sai esq. alta)
Durante a cantiga entra o Dr. Faustino da esq. Veste uma bata branca e traz um
estetoscópio. Senta-se.
Palmira: (não ouve e continua a cantar) Ai que vida esta, valia mais… (Sr. Preguiça levanta-
se e tira-lhe os auriculares dos ouvidos) Ai senhor Preguiça!
Sr. Preguiça: (irónico) Não! (normal) Que ideia! Até espantou os clientes quase todos!
Sr. Preguiça: Problema deles não, problema seu que incomoda os clientes! Se eles não
gostam de a ouvir cantar, a senhora não canta! Pois o cliente tem sempre razão!
Palmira: Ai é? Fique sabendo que ali o vizinho da frente diz que eu canto bem!
Sr. Preguiça: Fique sabendo que ali o vizinho da frente é surdo! E agora vá atender aquele
cliente que é para isso que lhe pago! (senta-se novamente)
Palmira: Não pode lá ir o senhor?
Sr. Preguiça: Eu? Era o que faltava! Vá lá você que é a empregada. Eu tenho mais que fazer!
Estou ocupadíssimo no facebook, a meter likes e a cuscar a vida dos outros.
Palmira: Mas o senhor no outro dia disse que não queria que eu deixasse um serviço por
fazer.
Palmira: Pronto está bem, não perca a cabeça que ela faz-lhe falta! (vai atender o Dr.
Faustino) Olá Dr. Faustino como está?
Dr. Faustino: Estou capaz de a esganar! Uma pessoa aqui à espera de ser atendido e a
senhora no paleio com o seu patrão!
Dr. Faustino: Mau humor, não! Primeiro está o cliente, depois é que está o paleio.
Percebeu?
Palmira: Está frio? Por acaso até está, mas se quiser desliga-se o ar condicionado.
Dr. Faustino: Mas quem é que disse que estava frio? Eu quero é um café frio!
Dr. Faustino: A Palmira faz cada pergunta! Claro que tenho a certeza que quero um café
frio, senão não lho estava a pedir.
Dr. Faustino: Você não está aqui para achar nada. Você está aqui para servir o que os
clientes pedirem, percebeu?
Sr. Preguiça: Oh Palmira, se o Dr. Faustino quer um café frio, serve-lhe um café frio e ponto
final. O cliente tem sempre razão, mulher.
Palmira: Pronto está bem! Vou-lhe servir um café frio! (entra no balcão e enche um copo de
vinho tinto)
Dr. Faustino: Estou sim? / Olá Dona Gertrudes!/ Sim, é o próprio!/ Ir agora para o centro de
saúde? Era o que faltava, ainda agora de lá saí / Desculpe mas a senhora vai ter de esperar /
O que é que a Dona Gertrudes quer que eu faça? Já lhe disse que agora não vou para o
centro de saúde/ É uma urgência e depois?/ Sim, os enfermeiros estão no centro de saúde,
estão. Estão numa reunião de enfermeiros/ Ai só acaba lá para a noitinha…/ Então o que é
que a senhora quer que eu faça?/ Não me esteja atazanar a cabeça mulher! Mas o que é
que essa senhora tem para estar assim tão aflita? Está constipada é? Ai já sei! Está outra
vez com hemorróidas! / Ai não?/ Partiu a cabeça? Pensei que fosse mais grave. Olhe então
se partiu a cabeça cole-a, que eu agora estou no café. (desliga o telemóvel) Esta gente não
tem respeito por ninguém!
Palmira: Ora aqui tem o café frio! (põe o copo de vinho na mesa)
Dr. Faustino: Eu? Eu pedi um café frio, não foi um copo de vinho tinto.
Palmira: Já não dá para escrever mais nada no livro de reclamações, está cheio.
Dr. Faustino: Pois, claro que deve estar cheio! Você é uma incompetente, não serve os
clientes como deve ser.
Palmira: Não está a perceber! O livro não está cheio de reclamações, está cheio de riscos de
um miudito que veio aqui há bocado. Um malandro, aquele miúdo! Apanhou-me distraída,
entrou no balcão e toca a fazer disparates.
Dr. Faustino: É como você. Sempre que entra no balcão é só para fazer disparates.
Palmira: Eu não fiz disparate nenhum. O senhor doutor é que me pediu um café frio. Ora
aqui na terrinha, um café frio é um copo de vinho tinto!
Dr. Faustino: Pois, mas isso é para os bêbados sem nível nenhum que costumam frequentar
este café. Para mim, que sou uma pessoa com categoria, um café frio é um café numa
chávena fria. Percebeu?
Sr. Preguiça: Mas o que passa aqui? Será que uma pessoa já não pode estar o dia todo no
facebook em paz e sossegado?
Dr. Faustino: É a sua empregada. Pedi-lhe um café frio e serve-me um copo de vinho tinto.
Sr. Preguiça: Oh Palmira, por amor da santa. Será que você não dá uma para a caixa?
Palmira: Não dou uma para a caixa? Olhe que já lá meti alguns trocos! Não posso fazer
mais, os clientes não aparecem!
Sr. Preguiça: Mas o que é que você está para aí a dizer mulher? Eu queria dizer que não faz
nada de jeito!
Sr. Preguiça: Pois, mas pensou mal. Pensa sempre tudo mal. Por isso é que só faz
disparates.
Palmira: Eu não tenho culpa, os clientes é que não fazem os pedidos como deve ser.
Dr. Faustino: Você é que não entende nada. Tem o cérebro de uma galinha retardada.
Dr. Faustino: O que está para aí a dizer? Você está-me a insultar? É assim que trata os
clientes?
Dr. Faustino: (levanta-se) Não suporto mais isto! Vou beber o meu café a outro lado!
Primeiro demora um ano para me atender, depois sou mal servido e agora sou insultado.
Sr. Preguiça: Oh Palmira, francamente! Não lhe ligue, Dr. Faustino, não lhe ligue! Ela não fez
por mal!
Sr. Preguiça: Sente-se, Dr. Faustino, eu vou servir-lhe o seu café e fica por conta da casa.
Dr. Faustino: Não, não é preciso. Enquanto esta incompetente cá trabalhar eu não quero
mais nada daqui.
(Faustino sai)
Sr. Preguiça: Viu o que fez? Por causa de si perdemos mais um cliente!
Sr. Preguiça: É sempre a mesma coisa, mulher! Está farta de fazer asneira hoje. De manhã
serviu uma torrada toda preta a uma senhora, há bocado espantou os clientes todos com as
suas cantorias.
Palmira: Essa das torradas não tive a culpa. A senhora é que gosta delas bem torradas.
Sr. Preguiça: Ai Palmira! Palmira! Você não aprende. Tem que tratar bem os clientes! Senão
lá vai o negócio à vida!
Caros Facebookeanos, perdi mais um cliente no meu café! (pára de escrever) Ena pá tantos
likes! Tanta gente feliz com a minha desgraça!
Sr. Custódio: Ó Palmira, tire-me aí um café.
Palmira vai tirar o café. Entra um rapaz. Usa óculos e traz uma mochila às costas.
Palmira: Eu agora estou a tirar um café! Ou será que nem com quatro-olhos vês?
Sr. Preguiça: Não está disponível? Para um cliente está-se sempre disponível, mesmo que
não se esteja.
Palmira: Mas…
Sr. Preguiça: Nem mas, nem meio mas. Se o rapaz quer ser atendido, a senhora atende e
mais nada. Pois o cliente tem sempre razão!
Sr. Preguiça: Não é diz lá o que queres! É: o que deseja? E é com um sorriso nos lábios, não
é com essa cara de ovelha mal parida!
Sr. Preguiça: Não deixei o quê? Vá levar o café ao homem! Está à espera de quê? Peço
desculpa, Sr. Custódio, mas esta rapariga anda com a cabeça na lua.
(Sr. Custódio abana a cabeça. Palmira leva o café ao senhor Custódio. Enquanto isso o Tópê
repara se está alguém a olhar, tira umas gomas do frasco das gomas e mete-as no bolso
das calças)
(Palmira vai pôr o café na mesa, mas o sr. Custódio bate na chávena e Palmira entorna o
café para cima dele)
Sr. Custódio: (salta da cadeira) Olhe para isto! Sujou-me as calças todas! Agora quero ver
quem vai aturar a minha mulher!
Palmira: Mas qual mosca? É a razão pela qual eu entornei o café. Se o senhor não tivesse
abanado a mão, nada disto teria acontecido.
(O Tópê aproveita a confusão, tira mais umas gomas e mete-as no outro bolso das calças)
Sr. Custódio: Foi a sua empregada que entornou café para cima das minhas calças!
Palmira: Mas…
Palmira: Mas eu não tive a culpa. O senhor Custódio é que bateu na chávena.
Sr. Preguiça: Pois devia sim senhor! O cliente tem sempre razão! Vá mas é buscar um pano
e traga outro café.
(Tópê repara que o Cabras está a dormir e tira-lhe a garrafa das mãos. Olha para dentro da
garrafa, bebe e volta a pô-la no mesmo sítio)
Sr. Custódio: Não! Já não quero café nenhum! Aliás, já não quero mais nada daqui!
(levanta-se) Vou passar o resto do dia noutro café!
Sr. Preguiça: Não faça isso, senhor Custódio. Deixe-se estar! O senhor é cliente da casa há
tanto tempo!
Sr. Custódio: Pois sou! Desde a semana passada! Mas estou farto da incompetência da sua
empregada. Adeus! Passem bem! (sai)
Sr. Preguiça: Está a ver o que você fez? Mais outro cliente que se foi embora por causa de
si!
Sr. Preguiça: Pois! É sempre a mesma desculpa! Nunca tem a culpa! (senta-se e escreve no
portátil)
Caros Facebookeanos, a minha empregada entornou uma chávena de café para cima de um
cliente. E o cliente foi-se embora chateado!
Tópê: É a coca-cola! (Palmira vai a virar costas) Olha coca-cola, não! Dá-me antes uma
pastilha de 1€!
Palmira: Eu não acredito no que estou a ouvir! Nem sei como chegaste ao 10º ano com essa
inteligência de frango!
Tópê: Eu também não! Pergunta aos professores, eles é que me passam todos os anos.
Então, quanto é que custam as pastilhas?
Palmira: É 1 euro!
Tópê: 1 euro? É muito caro! Dá-me antes um copo de água. Quer dizer, não, não quero
nada!
Palmira: (irritada) Tu estás a gozar comigo? (atira-lhe com a pastilha) Toma! Podes ficar
com elas de borla!
Sr. Preguiça: O que é que você está a fazer?! Ficou maluca ou quê, rapariga? Atirar pastilhas
a um cliente?
Sr. Preguiça: Estava a gozar consigo o quê? O rapaz é tão bem comportado, não faz mal a
uma mosca, ia lá gozar consigo? Você é que é tem mau feitio! (volta a escrever no portátil)
Caros Facebookeanos, a minha empregada expulsou um cliente do café, atirando-lhe com
pastilhas.
(Entretanto o Cabras acorda, leva a garrafa de cerveja á boca, mas está vazia. Vira o
gargalo para baixo, para se certificar que está mesmo vazia, abana a garrafa duas vezes)
Cabras: Olha! Está… está vazia! (para a Palmira) Ó da casa! Ó da casa! Outra… outra cerveja
aqui para o Cabras.
Cabras: O Cabras… o Cabras tem sede! O Cabras tem sede! Traga outra cerveja para o
Cabras se faz favor!
Sr. Preguiça: Nem que estivesse em coma alcoólico profundo. Se o Cabras quer uma
cerveja, serve-lhe uma cerveja e ponto final. Pois ele é cliente, e o cliente tem sempre
razão! Mesmo que não tenha! Percebeu? Veja se encaixa isso na sua cabeça uma vez por
todas!
Palmira: Pronto! Está bem! Só acho que ele já bebeu muita cerveja hoje!
Sr. Preguiça: Melhor para nós! Quanto mais ele beber mais facturamos ao fim do dia. E
agora se me dá licença vou ali á casa de banho! (volta a escrever no portátil) Caros
facebookeanos, vou ter de vos deixar por uns minutos, pois vou á casa de banho!
(o Sr. Preguiça sai à esq. e Palmira serve uma cerveja ao Cabras. Entretanto os Espanhóis
levantam-se)
Palmira: Não querem pagar? Não faz mal! Pois o cliente sempre razão, não é verdade? Vá
fiquem bem! Voltem sempre!
(Espanhóis saem à esq., cantando. Palmira canta com os Espanhóis; o senhor Preguiça
entra)
Palmira: Chineses?
Sr. Preguiça: Tanto faz! Para mim é a mesma coisa, desde que paguem a despesa!
Palmira: Então não é o Sr. Preguiça que diz que o cliente tem sempre razão?
Sr. Preguiça: (irritado) Palmira! Está despedida! Estou farto da sua incompetência!
Palmira: Ai estou despedida? Quero lá saber. Eu também não sou sua empregada!
Sr. Preguiça: Não é minha empregada? A senhora não é a Palmira?
Sr. Preguiça: Não sabia que a Palmira tinha uma irmã gémea!
Palmira: Pois tem! Desde pequenina! É que ela hoje não lhe apeteceu vir trabalhar, então
vim eu em vez dela.
Sr. Preguiça: Olha, a Palmira não quis vir trabalhar! Mas não faz mal. Eu também não sou o
patrão da Palmira.
Sr. Preguiça: Não! Sou o irmão gémeo. É que ele hoje também não lhe apeteceu vir
trabalhar.
Lucinda + Fernando, Venâncio + Dália, Joaquina, Noémia + Estácio, Fátima M + Rui, Emília +
António, Fátima Lopes + Júlia + Manuel, Mª de Jesus + Mª José.