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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA SOCIAL

A família Mesquita em Portugal e em terras de


Piratininga

Lucia Silva da Mota

Dissertação apresentada ao Departamento de


História Social da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo, para obtenção do título de
Mestre em História Social.

Orientadora: Profa. Dra. Anita Waingort Novinsky

São Paulo
2008

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA SOCIAL

A família Mesquita em Portugal e em terras de


Piratininga

Lucia Silva da Mota

São Paulo
2008

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Em 1564, Manuel Fernandes Ramos, cristão-novo, natural do Algarve, já estava em

São Paulo exercendo cargos na vila. Casou com Suzana Dias e teve dezessete filhos, dos

quais três fundaram as vilas de Parnaíba, Sorocaba e Itu. Eram eles os bandeirantes André

Fernandes, Baltazar Fernandes e Domingos Fernandes. Outros membros da família também

se uniram em matrimônio com outras famílias cristãs-novas, os Leitão e os Mendes. Baltazar

Fernandes no segundo casamento uniu-se com Isabel de Proença, neta de Brás Cubas, cristão-

novo. Nessa família o progenitor deixou dezessete filhos. Baltazar Fernandes deixou mais

treze, sendo que apenas um morreu sem geração. Diversos dos Fernandes casaram com

mulheres de linhagem cristã-nova. É o caso de Domingos Fernandes, cuja mulher, Ana da

Costa, era cristã-nova, e os seis filhos que lhes nasceram.

À medida que o perigo indígena diminuía e com riquezas à vista, novos elementos

humanos chegavam à Vila de São Paulo, entre eles, Martins Rodrigues Tenório, Sebastião de

Freitas, ambos cristãos-novos e Jerônimo Pedroso e Joana Vaz de Barros, meio cristãos-

novos.

De 1590 a 1606, a população da vila crescera atingindo cerca de 1.150 moradores,

muitos dos quais cristãos-novos inteiros ou em parte e mamelucos, filhos de cristãos-velhos e

cristãos-novos. Já eram muitos os descendentes dos Gomes da Costa, dos Mendes, de Lopo

Dias, de Cristovão Dinis, de Manuel Fernandes Ramos, além de outros. Alguns documentos

ibero-americanos se referiam à vila de São Paulo como ninho de judeus.200

A família do dramaturgo Antônio José da Silva, o “judeu”, também morou na

Capitania. Em 1656, o capitão Luís Fernandes Crato, tio-avô de Antônio José da Silva,

prestou serviços à Câmara da vila de São Paulo e chegou a ser tabelião.

200
Ibid. p. 142.

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Outros cristãos-novos moravam na vila, entre eles: Gaspar Gomes, cobrador de

fintas201; seu irmão N. de Fontes, marchante na vila de Santos; Jorge Neto Falcão, cobrador

de fintas em 1614; Sebastião de Freitas, blasfemo; Isabel Nunes, filha de Lucas Fernandes

Pinto e de Maria Nunes; Diogo Vaz Pinto; Miguel Vaz Pinto; Custódio Vaz Pinto; Brites

Gomes; Miguel Nunes Bicudo, Antônio Luís Grou; Diogo Fontes; Frutuoso da Costa,

escrivão da Câmara; Belchior da Costa, tabelião e genro de Lopo Dias; os quatro irmãos,

Afonso, Manoel, Domingos e Pascoal Afonso de Gaia; os irmãos, Manuel e Francisco João

Branco; Belchior da Veiga e Jerônimo da Veiga; Luís Fernandes Folgado; João Lopes de

Ledesma, concunhado de Francisco Vaz Coelho; Lucas Rodrigues de Cordova, ouvidor em

1610; Francisco Rodrigues Sarzedas; Antônio Pardo, tabelião; Diogo Rodrigues Salamanca;

o sertanista Domingos Cardoso Coutinho; André Rodrigues de Matos, mercador; Belchior

Ordas de Leão, advogado; Diogo de Medina, advogado, entre outros.202

As expedições mineralógicas do século XVII, também contaram com a presença de

conversos. Vários bandeirantes cristãos-novos embarcaram nessa empreitada, como Paulo

Adorno (filho de Francisco Rodrigues); Antônio Mendes; Sebastião de Freitas; Antônio Roiz

de Andrade; Diogo Martins de Leão; Manoel de Crasto; Pero Cardoso; João Pereira de

Souza.

Os primeiros resultados dessas tentativas foram modestos, mas eficientes, ao abrirem

novos caminhos, novas rotas e maior conhecimento sobre a região. Novas bandeiras são

realizadas, agora por Fernão Dias Pais, Garcia Rodrigues Pais e o genro Manoel de Borba

Gato. Os descobrimentos auríferos produziram efeitos formidáveis. Os paulistas

consagraram-se à mineração, dando novos rumos e desenvolvimento à região das Minas.

Passou-se a recorrer ao escravo africano; novos povoados surgiram de forma organizada, para

suprirem as necessidades da região explorada; as áreas de exploração foram povoadas

201
Fintas:
202
Ibid. p.153.

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