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Climatologia 17.03.

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA


CAMPUS DE JI-PARANÁ
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Fonte: prof2000
Profa. Renata Gonçalves Aguiar

Ji-Paraná, 17 de março de 2016 2

Definição de Evaporação Definição de Transpiração


A evaporação é um processo
A transpiração é um processo biofísico pelo qual a água que
físico de mudança de fase, Energia LE = 2,45 MJ/kg
(a 20oC) passou pela planta, fazendo parte de seu metabolismo, é
passando do estado líquido para
transferida para a atmosfera preferencialmente pelos
o estado gasoso.
estômatos.

Vegetação úmida

Fonte: ciencianapalmadamao
Lagos
Oceanos
Fonte: agrotec.pt

Rios Solo

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Definição de Evapotranspiração (ET)


Reciclagem da Precipitação pela ET
Evaporação de superfícies de Evaporação dos solos e da
água livre (rios, lagos, represas, vegetação úmida (que foi
A evapotranspiração anual é de aproximadamente
oceano, etc). interceptada durante uma chuva).
55% da precipitação anual, entretanto:
Transpiração da vegetação.
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a maior contribuição para a


Fonte: meioambiente.culturamix

precipitação média anual vem das


chuvas da estação chuvosa.

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Reciclagem da Precipitação pela ET Importância do Estudo da ET


Chuva ET

O balanço entre a água que entra


Na estação seca (ou menos chuvosa), em geral, a na cultura pela chuva e a que sai
evapotranspiração é superior à precipitação, o por ET, irá resultar na variação do
armazenamento de água no solo.

Fonte: agrotec.pt
que implica em exportação de vapor para outras
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regiões.

Condicionará o crescimento, o desenvolvimento e o


rendimento da cultura.
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Alguns Elementos que Interferem no Processo Alguns Elementos que Interferem no Processo
de Evaporação e Transpiração de Evaporação e Transpiração

Radiação Solar Temperatura e Umidade do Ar

O aumento da temperatura torna maior a quantidade de vapor


A radiação solar é fonte energética
d’água que pode estar presente no mesmo volume de ar.
Fonte: vidros.inf.br

necessária ao processo evaporativo,


sendo que a incidência direta fornece Aumento da Diminui a umidade
mais energia quando comparada temperatura do ar relativa do ar

com a difusa.
Com maior temperatura e menor umidade relativa, maior é

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o poder de evapotranspiração. 10

Evapotranspiração Evapotranspiração de Referência (ET0)

É a quantidade de água que seria utilizada por


Com o intuito de padronizar a ET de comunidades uma extensa superfície vegetada por uma
vegetais, foram fixadas as condições nas quais sua cultura de baixo porte (grama), verde, cobrindo
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medida deve ser feita. totalmente o solo, de altura uniforme (8 a 15


cm) e sem restrição hídrica.
Fonte: copao.embrapa

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Evapotranspiração de Referência (ET0) Evapotranspiração Máxima de


uma Cultura (ETc)

Condições realmente potenciais ocorrem um a


Foi desenvolvida após serem observadas as
dois dias após uma chuva generalizada, onde
diferenças da interface cultura-atmosfera entre a
toda a região está umedecida. Essa condição não
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grama e outras culturas, também em diferentes
ocorre em regiões áridas e semi-áridas, e
estádios de desenvolvimento.
também nos meses de estiagem em regiões com
chuvas sazonais.

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ET Máxima de uma Cultura (ETc) Coeficiente de Cultura (Kc)

É a quantidade de água utilizada por


ETc
uma cultura, em qualquer fase de Kc 
seu desenvolvimento, desde o
ETo
Fonte: agrotec.pt

plantio até a colheita, quando não


houver restrição hídrica.
O Kc depende do tipo de cultivo e da idade do mesmo.
Coeficiente de
Cultura (Kc)
Milho: logo após a sua emergência, tem um Kc igual a 0,6.
Kc é o coeficiente de cultura. na fase de pendoamento e formação de grãos o Kc atinge
Varia com as fases fenológicas, até 1,2.
Cultura sem entre espécies e cultivares. cae para 0,8 na fase final de maturação.
restrição hídrica 15 16

Coeficiente de Cultura (Kc)


Coeficiente de Cultura (Kc)
No caso de culturas perenes ou árvores, os
valores de Kc também irão variar de acordo com
Kc
Gramado Kc = 1 o IAF e o tipo de cultura. Um exemplo é a
seringueira, que perde as folhas no outono.
Kc > 1 significa que a cultura é mais eficiente na
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utilização da energia do ambiente do que um Área


gramado. foliar
Kc

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Evapotranspiração Real (ETr) Fatores Determinantes da ET


Fatores do Clima: saldo de radiação,
temperatura do ar, umidade relativa do
ar e velocidade do vento.
Quando a ET da cultura não ocorre sob as condições Fatores
Climáticos
ideais descritas, ela é denominada ET real da cultura.
Fatores da Fatores da Cultura:
altura, área foliar,
ETr é a evapotranspiração nas mesmas condições de Planta (Kc)‫‏‬
tipo de cultura,
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contorno de ETc, porém, com ou sem restrição hídrica. albedo,


profundidade do
Fatores de
sistema radicular.
ETr ≤ ETc Manejo e do
Solo ETr
ETr = ETo * Kc * Ks
Fatores de Manejo e do Solo: espaçamento/densidade de
Ks é o coeficiente de umidade no solo. 19
plantio, capacidade de armazenamento de água no solo, etc...

Método de Hargreaves-Samani
Métodos Empíricos de Estimativa da ET
Método desenvolvido em 1985 para as condições
Foram derivados por meio de regressões estatísticas na semi-áridas da Califórnia, a partir de ET obtida por
comparação do valor de ETo com as variáveis estudadas e nas
método direto cultivado com grama.
observações individuais de cada autor.
- Tanque Classe A ETo  0,0023Ro (Tmáx  Tmín) 0,5 Tméd  17,8
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- Método de Thornthwaite Usa apenas


temperatura do ar ETo - evapotranspiração de referência (mm d-1)
- Método de Camargo
- Método de Priestley-Taylor Ro - irradiância solar extraterrestre (mm d-1)
Tmáx - temperatura máxima (°C)
- Método da Radiação Solar Precisão dos
resultados Tmín - temperatura mínima (°C)
- Método de Hargreaves & Samani
Tméd - temperatura média (°C)
- Método de Penman-Monteith 21 22

Método Penman-Monteith (Padrão FAO – 1998) Método Penman-Monteith (Padrão FAO – 1998)

 900U 2 (es  ea )
O método de PENMAN-MONTEITH tem uma relativa precisão, 0,408 ( Rn  G ) 
ETo  T  273
aproximação e consistência em sua performance nos dois tipos
   (1  0,34U 2 )
de clima (árido e úmido). Esse método tem sido indicado para os
ETo - evapotranspiração de referência (mm d-1)
estudos de evapotranspiração de referência pela Organização das Δ - declividade da curva de pressão de vapor (kPa °C-1)
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), sendo Rn - saldo de radiação (MJ m-2 d-1)
G - fluxo de calor no solo (MJ m-2 d-1)
então um método padrão.
 - constante psicrométrica (kPa °C-1)
U2 - velocidade do vento medido a 2 m de altura (m s-1)
A ETo pode ser calculada em dados diários, semanais, decendiais es - pressão de saturação de vapor (kPa)
e mensais. ea - pressão atual de vapor (kPa)
T - temperatura média do ar (°C)

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Método Direto de Estimativa da ET Método Eddy Correlation

Método de covariância de vórtices


LE   w' q '
turbulentos (eddy correlation). Custo
Uso de lisímetros. elevado
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Figura 33 - Sistema Eddy


Correlation. (a) Anemômetro
LE - fluxo de calor latente (W m-2) sônico tridimensional e (b)
analisador de gás por
ρ - densidade específica do ar infravermelho.
Fonte: Santos, 2010.
λ - calor latente de vaporização (J kg-1)
w’- componente turbulenta da velocidade vertical do vento
25 26
q‘ - componente turbulenta da umidade específica do ar (kg kg-1)

Método Eddy Correlation Método Eddy Correlation


Precipitação
7
Precipitação
7 ET de referência - ETo 5
70
70 ET real
ET real
6 6 ET de referência - Eto
Evapotranspiração (mm mês -1)

60 60
Precipitação (mm dia -1)
Precipitação (mm dia-1)

4
5 5
ET real (mm dia-1)

ETo (mm dia-1)

50 50

4 4
40 40 3

3 3
30 30

20 2 2 2
20

10 1 1
10
1
0 0
0 0
Maio Jul Set Nov Jan Mar Maio Maio Jul Set Nov Jan Mar Maio

0
Figura 45 - Precipitação e
Figura 44 - Precipitação e Maio Jul Set Nov Jan Mar Maio
evapotranspiração de referência estimada
evapotranspiração real medida pelo
pelo método de Penman-Monteith para a
método de vórtices turbulentos na FNS, de Figura 46 - Ciclo médio mensal da evapotranspiração real e de referência na
FNS, de maio de 2008 a abril de 2009.
maio de 2008 a abril de 2009. Fonte: Santos, 2010. FNS, de maio de 2008 a abril de 2009.
Fonte: Santos, 2010. 27 Fonte: Santos, 2010. 28

Método Eddy Correlation


Critério para Escolha de um Método de
Tabela 15 - Valores do coeficiente de cultura (Kc) para a gramínea
Brachiaria Brizantha no período de maio de 2008 a abril de 2009. Estimativa da ET
Meses Kc
Maio 0,91
Junho 0,79
Julho 0,44 A escolha dependerá de vários fatores:
Agosto 0,14
Setembro 0,25
a) da disponibilidade de dados meteorológicos, pois
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Outubro 0,63
Novembro 0,57 métodos complexos, exigem grande número de variáveis,
Dezembro 0,75*
Janeiro 0,93 somente terão aplicabilidade quando houver
Fevereiro 1,05 disponibilidade de todos os dados necessários.
Março 1,01
Abril 1,06
* valor estimado através da média entre o 29 30
mês anterior e posterior.

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Critério para Escolha de um Método de Critério para Escolha de um Método de


Estimativa da ET Estimativa da ET

A escolha dependerá de vários fatores: A escolha dependerá de vários fatores:

b) da escala de tempo requerida. Normalmente métodos c) no caso dos métodos empíricos, é necessário que se
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como o de Thornthwaite e de Camargo, estimam bem a ET conheça as condições climáticas para as quais foram
na escala mensal, ao passo que métodos que envolvem o desenvolvidos, pois normalmente não são de aplicação
saldo de radiação apresentam boas estimativas também universal.
na escala diária.
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Critério para Escolha de um Método de TCC sobre ET


Estimativa da ET

Métodos de Thornthwaite EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA ESTIMADA POR


Clima úmido MÉTODOS EMPÍRICOS EM DOIS DIFERENTES
e de Camargo
ECOSSISTEMAS NO SUDOESTE DA AMAZÔNIA
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Hargreaves-Samani Clima seco


Euler Noiman Gonçalves

Método mais utilizado: Penman-Monteith


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TCC sobre ET TCC sobre ET

Objetivo desse trabalho foi avaliar quatro métodos Quadro 1 - Variáveis utilizadas para calcular a evapotranspiração nos métodos empíricos.
Método Empírico Variáveis utilizadas
empíricos que requerem menor número de variáveis para Radiação solar líquida
Fluxo de calor no solo
Constante psicrométrica
a estimativa da evapotranspiração de referência, sendo Penman Monteith Velocidade do vento
Pressão de saturação de vapor e Pressão atual
esses, Camargo, Hargreaves-Samani, Priestley-Taylor e Temperatura do ar
Declividade da curva de pressão
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Radiação solar extraterrestre


Jensen-Haise, e comparar seus desempenhos com o Camargo
Temperatura do ar
Radiação solar extraterrestre
Hargreaves-Samani
método padrão de Penman-Monteith, verificando assim, Temperatura do ar
Temperatura do ar
Fluxo de calor no solo
Priestley-Taylor
qual o método que melhor adapta-se às condições Declividade da curva de pressão de vapor
Pressão local
Radiação solar líquida
climáticas de uma área de pastagem e outra de floresta no Jensen-Haise
Temperatura do ar

sudoeste da Amazônia.
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Resultados Resultados
PM - Penman Monteith
Tabela 15 - Desempenho dos métodos de estimativa da evapotranspiração de referência diária no
C - Camargo
HS - Hargreaves-Samani período seco (julho-setembro) para a Rebio Jaru.
PT - Priestley-Taylor
JH - Jensen-Haise Métodos r d c Desempenho RMSE MAE

Camargo 0,43 0,99 0,43 Mau 0,78 0,63

Hargreaves-Samani 0,56 0,58 0,33 Péssimo 10,78 10,64

Priestley-Taylor 0,89 0,94 0,85 Muito Bom 1,38 1,35

Jensen-Haise 0,94 0,78 0,74 Bom 5,2 5,1

Nota: r é o coeficiente de correlação; d é o coeficiente de Willmott; c é o índice de Camargo e Sentelhas; RMSE


é o erro médio quadrático e MAE é o erro absoluto médio.

Fonte: Gonçalves (2015).

Figura 47 – Box-plot da Rebio Jaru. 37 38


Fonte: Gonçalves (2015).

14 Período Chuvoso

Resultados 12
FNS REBIO

10

8
TCC sobre ET
6

4
PM - Penman Monteith 2

C - Camargo 0

HS - Hargreaves-Samani 14
Período de Transição Chuvoso-Seco Quadro 1 - Variáveis utilizadas para calcular a evapotranspiração nos métodos empíricos.
PT - Priestley-Taylor 12

10 Método Empírico Variáveis utilizadas


JH - Jensen-Haise 8 Radiação solar líquida
Evapotranspiração (mm dia-1)

6 Fluxo de calor no solo


4 Constante psicrométrica
2 Penman Monteith Velocidade do vento
0 Pressão de saturação de vapor e Pressão atual
14
Temperatura do ar
12 Período Seco
Declividade da curva de pressão
10
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Radiação solar extraterrestre


8 Camargo
Temperatura do ar
6
Radiação solar extraterrestre
4 Hargreaves-Samani
2
Temperatura do ar
0
Temperatura do ar
Fluxo de calor no solo
Figura 49 – Evapotranspiração de 14

12 Período de Transição Seco-Chuvoso


Priestley-Taylor
Declividade da curva de pressão de vapor
referência média ao longo do ano 10 Pressão local
de 2010 em uma área de floresta 8 Radiação solar líquida
Jensen-Haise
6 Temperatura do ar
(REBIO) comparada com uma área 4

de pastagem (FNS). 2

0
39 40
Fonte: Gonçalves (2015). PM C HS PT JH

Referências Referências

AYOADE, J. O. Introdução à Climatologia para os Trópicos. MARENGO, J. A. Mudanças Climáticas Globais e seu Efeito
Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 2003. sobre a Biodiversidade. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2006.
FISCHER, G. R. Notas de aula de Climatologia, 2011.
MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções
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Climatologia- UNIR

GONÇALVES, E. N. Evapotranspiração de Referência básicas e climas do Brasil. São Paulo: Ed. Oficina de Textos,
Estimada por Métodos Empíricos em Dois Diferentes 2007.
Ecossistemas no Sudoeste da Amazônia. Ji-Paraná: UNIR,
2014. Monografia (Bacharelado em Engenharia Ambiental), OMETTO, J. C. Bioclimatologia vegetal. São Paulo:
Departamento de Engenharia Ambiental, Universidade Agronômica Ceres, 1981.
Federal de Rondônia - Campus de Ji-Paraná, 2014.
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Referências Referências

PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P. C.


Agrometeorologia: fundamentos e aplicações. Guaíba: SENTELHAS, P. C.; ANGELOCCI, L. R. Notas de aula de
Agropecuária, 2002. Meteorologia Agrícola, 2007.

SANTOS, D. J. Determinação e Validação do Coeficiente de VAREJÃO-SILVA, M. A. Meteorologia e climatologia. Versão


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Cultura e Estimativa da Evapotranspiração para gramínea digital 2, Recife, 2006.
Brachiaria brizantha no Estado de Rondônia. Ji-Paraná,
UNIR, 2010. Monografia (Licenciatura Plena em Matemática) VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia Básica e
Departamento de Matemática e Estatística, Universidade Aplicações. 2. ed. Viçosa: Editora UFV, 2012.
Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná, 2010.

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