Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURITIBA
2017
FRANCISCO ALBERT MIRANDA LOBO
CURITIBA
2017
Ministério da Educação
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus Curitiba
Diretoria de Graduação e Educação Profissional
Departamento Acadêmico de Desenho Industrial
TERMO DE APROVAÇÃO
por
Este trabalho de conclusão de curso de graduação teve como objetivo a análise grá-
fica dos cartazes do Festival Lollapalooza com sede nos EUA, entre os anos de
2004 e 2017. Esta análise se pautou na busca de atributos visuais próprios do de-
sign gráfico pós-modernista como forma de entender as tendências do design gráfico
a partir do início do séc. XXI. O pós-modernismo foi um conjunto de produções cultu-
rais que tiveram início com a sociedade pós-industrial dos anos 1950 e que se carac-
terizou por um cenário eclético e pluralista na arquitetura, artes e design. No design
gráfico, representou uma reação ao modernismo do Estilo Suiço Internacional, cujos
adeptos prezavam pelo racionalismo, a partir de meados dos anos 1960. As mani-
festações do pós-modernismo no design gráfico são várias, porém este trabalho se
concentrou no entendimento da apropriação de estilos do passado e formas verna-
culares, bem como nos layouts desconstrucionistas, pois buscou-se fazer uma asso-
ciação destas duas manifestações com os cartazes psicodélicos (meados dos anos
1960) e os cartazes punk (a partir dos anos 1970) e grunge (anos 1990), que repre-
sentam a aproximação do design pós-modernista com a música, em especial o rock.
Os cartazes do Festival Lollapalooza por sua vez são parte de um fenômeno das
artes gráficas contemporâneas de crescimento da produção de cartazes de concer-
tos. Para que fosse possível identificar as manifestações do design gráfico pós-
modernista de forma objetiva nos cartazes, foi desenvolvido um roteiro de análise,
que se baseou em levantamento bibliográfico sobre teoria e história do design gráfi-
co entre o final do séc. XIX e início do séc. XXI. A análise contemplou também a
tendência chamada Nova Simplicidade (a partir dos anos 1990) que diz respeito a
uma reação a complexidade do design gráfico pós-modernista na era digital. A ten-
dência dos designers contemporâneos para utilização de práticas artesanais em
seus trabalhos teve relevância na análise dos cartazes do Festival Lollapalooza ana-
lisados, sobretudo no que diz respeito ao uso da ilustração.
LOBO, Francisco Albert Miranda. Analysis of the Posters of the Lollapalooza Fes-
tival: graphic design and postmodernism in the century XXI. 2017. 127 p. Traba-
lho de Conclusão de Curso Tecnologia em Design Gráfico - Universidade Tecnológi-
ca Federal do Paraná. Curitiba, 2017.
This graduation work was aimed at the graphic analysis of posters of the Festival
Lollapalooza with headquarters in the USA, between the years 2004 and 2017. This
analysis was based on the search for visual attributes proper to postmodernist graph-
ic design as a way to understand the trends of graphic design from the beginning of
the century XXI. Postmodernism was a set of cultural productions that began with the
post-industrial society of the 1950s and was characterized by an eclectic and plural-
istic setting in architecture, arts and design. In graphic design, it represented a reac-
tion to the modernism of the Swiss International Style, whose adherents prized ra-
tionalism from the mid-1960s. The manifestations of postmodernism in graphic de-
sign are several, but this work focused on understanding the appropriation of styles
of the past and vernacular forms, as well as in the deconstructionist layouts, since it
was sought to make an association of these two manifestations with psychedelic
posters (mid 1960s) and punk posters (from the 1970s) and grunge (1990s), which
represent the approach of postmodernist design to music, especially rock. The post-
ers of the Lollapalooza Festival in turn are part of a phenomenon of the contempo-
rary graphic arts of growing the production of concert posters. In order to be able to
identify the manifestations of postmodernist graphic design objectively on posters, an
analysis roadmap was developed, based on a bibliographical survey on the theory
and history of graphic design between the end of the 19th century XIX and beginning
of the century XXI. The analysis also contemplated the trend called New Simplicity
(from the 1990s) which concerns a reaction to the complexity of postmodernist graph-
ic design in the digital age. The tendency of contemporary designers to use craft
practices in their works was relevant in the analysis of the posters of the Lollapalooza
Festival analyzed, especially with regard to the use of illustration.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 12
1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 12
1.1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 12
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 12
1.3 METODOLOGIA .................................................................................................. 13
1.4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 15
2 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO: CONCEITOS FUNDAMENTAIS ....................... 17
2.1 HISTÓRIA E TEORIA DO DESIGN..................................................................... 17
2.2 MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO ............................................................. 20
2.3 SÉC. XXI: DIGITAL E ARTESANAL .................................................................... 25
3 A LINGUAGEM DOS CARTAZES E OS CONCERTOS DE ROCK .................... 26
3.1 CARTAZES PSICODÉLICOS ............................................................................. 27
3.2 CARTAZES PUNK .............................................................................................. 28
3.3 CARTAZES CONTEMPORÂNEOS: A GIG POSTER SCENE (EUA) ................. 29
4 MANIFESTAÇÕES DO DESIGN GRÁFICO NO PÓS-MODERNISMO ............... 33
4.1 APROPRIAÇÃO DE ESTILOS ........................................................................... 34
4.1.1 Retrô................................................................................................................. 35
4.1.2 Apropriação de estilos ornamentais ................................................................ 37
4.2 DESCONTRUÇÃO .............................................................................................. 51
4.3 MINIMALISMO: A NOVA SIMPLICIDADE........................................................... 58
5 ROTEIRO DE ANÁLISE ...................................................................................... 62
5.1 OBJETO DE ESTUDO: FESTIVAL LOLLAPALOOZA ....................................... 64
5.1.1 Histórico do Festival ......................................................................................... 65
5.1.2 Cartazes do Festival: seleção da amostra........................................................ 66
6 ANÁLISE GRÁFICA DOS CARTAZES DO FESTIVAL LOLLAPALOOZA ......... 71
6.1 ANÁLISE DOS CARTAZES DE AUTORES ENTREVISTADOS ......................... 74
6.1.1 Cartaz de 2004, autor Lindsey Kuhn ................................................................ 74
6.1.2 Cartaz de 2007, autor Barry Ament .................................................................. 77
6.1.3 Cartaz de 2008, autor Justin Hampton ............................................................. 80
6.1.5 Cartaz de 2012-1, autor Billy Bauman .............................................................. 87
6.2 ANÁLISE DOS CARTAZES DE AUTORES NÃO ENTREVISTADOS ................ 92
6.2.1 Cartaz de 2006, autor Shepard Fairey ............................................................. 92
6.2.2 Cartaz de 2016, autor Frank Kosik ................................................................... 96
6.3 CARTAZES NÃO SELECIONADOS: BREVES COMENTÁRIOS ....................... 99
6.4 SÍNTESE E RESULTADOS .............................................................................. 104
6.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 106
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 110
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 111
APÊNDICE 1 - ROTEIRO DE ANÁLISE ................................................................ 119
APÊNDICE 2 – ROTEIRO DE ANÁLISE APLICADO AOS CARTAZES ................. 120
APÊNDICE 3 - ENTREVISTA COM OS AUTORES DOS CARTAZES .................. 121
9
1 INTRODUÇÃO
construcionista na década de 1990 que, potencializado pela era digital, assume for-
mas de representação reconhecíveis.
Buscando entender de que forma as manifestações de apropriação de estilos e a
desconstrução têm lugar no design contemporâneo, mais precisamente a partir dos
anos 2000, procurou-se analisar os elementos de estilo e convenções visuais em um
conjunto de peças gráficas produzidas no séc. XXI, que tivessem grande notorieda-
de e valor expressivo, resultando na escolha dos cartazes do Festival Lollapalooza.
O Lollapalooza é um festival de música dos EUA que acontece anualmente desde os
anos 1990, primeiramente com bandas de rock e posteriormente outras vertentes,
como a música eletrônica (AIEX, 2015). A escolha de um festival de rock se deu pela
relação estreita que o design gráfico pós-modernista tem com a música e a cultura
jovem. Os cartazes psicodélicos são apontados por Meggs e Purvis (2009) como
uma das manifestações primeiras do pós-modernismo, ainda no final dos anos 1960
e que se caracterizavam pela apropriação de estilos ornamentais do séc. XIX, como
o estilo Art Nouveau, combinados com estéticas vanguardistas da época, como Op
Art e a contracultura. Poynor (2010) aponta a estética amadora dos artistas punk nos
anos 1970 e 1980 como influência para vários designers das décadas seguintes,
que absorveram as colagens e as composições tipográficas caóticas dos panfletos e
cartazes destes artistas. Este autor ressalta ainda, que nos anos 1990, a estética
grunge, homônimo de subgênero do rock e do design desconstrucionista populariza-
do, teve grande representatividade na década, tendo os cartazes do designer Art
Chantry sido uma das influências para os cartazistas contemporâneos. A Gig Poster
Scene nos EUA, ou o movimento dos cartazistas de concerto e festivais na atualida-
de (JONES e NUNERY, 2016) é uma combinação de influências da arte dos carta-
zes psicodélicos e da arte punk, segundo Grushkin (2004). Os cartazes do Festival
Lollapalooza são parte deste contexto de produção de cartazes contemporâneos.
Buscou-se fazer uma relação com duas manifestações do pós-modernismo equiva-
lentes, a apropriação e influência de estilos do passado (cartazes psicodélicos) e a
desconstrução (estética punk e grunge).
Para que fosse possível analisar os atributos visuais do pós-modernismo ob-
jetivamente nos cartazes do Festival Lollapalooza selecionados (2004 a 2017), bem
como dos estilos do passado apropriados, incluindo a definição dos estilos visuais
do séc. XIX e início do séc. XX (estética Vitoriana, movimento Artes e Ofícios, Art
Nouveau e Art Deco) foi desenvolvido um roteiro de análise (APÊNDICE 1), cujos
11
1.1 OBJETIVOS
1.2 JUSTIFICATIVA
1.3 METODOLOGIA
A revisão bibliográfica foi parte essencial deste trabalho, pois forneceu a ba-
se teórica para a análise gráfica e as interpretações. Ela compôs-se de duas frentes:
pesquisa em história e teoria do design e pesquisa em linguagem gráfica. Inicialmen-
te foi necessário um panorama geral da história do design gráfico a partir da segun-
da metade do séc. XIX, focando nas caracterísiticas de estilo, com especial impor-
tância para o período do pós-modernismo e das tendências posteriores ou concomi-
tantes a ele. Paralelo a isso foi realizada a pesquisa em bibliografia sobre linguagem
14
gráfica, como composição, cores, formas, texturas em paralelo aos elementos pró-
prios do design gráfico, como tipografia e grid (malha de construção). Essa pesquisa
embasou as terminologias utilizadas no roteiro de análise gráfica desenvolvido
(APÊNDICE 1). Ainda na fase 1 foi feito o levantamento de dados, que consistiu na
pesquisa sobre o Festival Lollapalooza, sua história e peculiaridades, principais ban-
das, o público, a marca e principalmente levantar dados dos cartazes, como ano,
autor e técnicas utilizadas. Em seguida foi realizada a seleção dos cartazes para
aplicação do roteiro de análise, de 2004 a 2017, e pesquisa sobre biografia e portfo-
lio (coletânea de trabalhos) dos seus autores. Além disso, foi feita uma pequena en-
trevista (duas perguntas) com estes autores (APÊNDICE 3), via email e redes soci-
ais da internet, referentes ao tema da pesquisa. Estes depoimentos trouxeram infor-
mações sobre as influências de estilos e preferências, na ilustração e na tipografia,
indiretamente revelaram algumas das delimitações de projeto (brieffing) que os de-
signers receberam para produzir os cartazes. Na fase denominada Análise foi apli-
cado o roteiro desenvolvido, nos cartazes entre 2004 e 2017 (15 cartazes), para em
seguida selecionar 7 (sete) cartazes para análise textual. A formatação do roteiro foi
resultado do estudo dos conceitos e períodos históricos levantados na revisão bibli-
ográfica e na coleta de dados do Festival Lollapalooza. Após a análise em cada car-
taz buscou-se identificar os elementos de design que pudessem dar subsídio às re-
flexões sobre a presença ou ausência de aspectos do pós-modernismo e das ten-
dências contemporâneas e os possíveis pontos de convergência ou divergência en-
tre os elementos. Por fim, na Verificação, foram feitas as reflexões e conclusões pre-
tendidas, com base na revisão bibliográfica e na análise dos cartazes, tendo em vis-
ta as respostas para a problematização propostas no trabalho.
15
Neste trabalho buscou-se, por meio de “pesquisa sobre design” uma inter-
pretação do contexto cultural das primeiras décadas do séc. XXI. Na classificação de
Frayling1 (apud NOBLE; BESTLEY, 2013) a pesquisa sobre design tem como “prin-
cipal objetivo compreender o contexto ou a história a partir de diferentes perspecti-
vas, como, por exemplo, crítica de design e pesquisa histórica”. A esta pesquisa foi
somada a análise dos cartazes do Festival Lollapalooza.
Para John Walker (apud Schneider, Sperber e Bertuol pg.11) o fulcro da his-
tória do design encontra-se nos próprios designers, no processo de design e nos
objetos de design. Considerando os designers e os objetos de design, qual seriam
as peças e autores a escolhidos ou deixadas de lado em um determinado período,
no caso deste trabalho, o período entre os anos 2000 e 2017? Na história do design,
tal como na história da arte muitas vezes opta-se pela escolha das obras-primas de
cada período (SCHNEIDER; SPERBER; BERTUOL, 2010), porém aqui não se bus-
ca trazer um panorama do design gráfico contemporâneo e sim demonstrar como
teorias e estilos estão presentes nas peças. Além disso, “a qualidade do design não
é objetivamente mensurável, nem é critério único para incorporação à história”
(SCHNEIDER; SPERBER; BERTUOL, 2010). Portanto, não foram designers consa-
grados ou peças já classificadas em algum estilo de época que foram escolhidas
para análise, mas optou-se pela observação de um conjunto de peças que, sendo
produzidas nas primeiras décadas do séc. XX fossem submetidas a um mesmo tema
e objetivo, os cartazes do Festival Lollapalooza, e feitos por diferentes designers, ou
seja, ao se considerar a continuidade periódica do festival (edições anuais), e a di-
______________________
1 Os modelos de pesquisa, para Chritopher Fraying são: pesquisa sobre design, pesquisa dentro do
design e pesquisa por meio do design. (1994 apud NOBLE; BESTLEY, 2013)
18
______________________
2 Teoria filosófica de Jacques Derrida que trata das distinções entre fala e escrita.
(NOBLE; BESTLEY, 2013)
20
______________________
3 No contexto de arte e design, o termo vanguarda é geralmente empregado para descrever os
pioneiros ou inovadores de um período ou movimento específico, muitas vezes em oposição à cor-
rente dominante ou ao status quo. (NOBLE; BESTLEY, 2013)
22
Com isso ele quer dizer que o modernismo se tornou “estéril”, que seu proje-
to inicial de universalismo, absorvidos por grandes corporações se tornou uma fór-
mula replicável. Rahde e Cauduro (2005) definem a visualidade no pós-modernismo
afirmando que ela recuperou
valores, como inclusividade, emoção, os estereótipos e símbolos históricos,
o ecletismo, a ironia, o jogo, a relatividade das interpretações. Possibilida-
des consideradas aberrantes e irracionais pelos modernistas.
O pós-modernismo teve na Pop Art dos anos 1960 (Figura 4), um dos princi-
pais movimentos artísticos, que influenciaram o design nas décadas seguintes. San-
tos (2000), afirma que a Pop Art se inspirou nos objetos do consumo de massa, as-
similável pelo público, desprezando o hermetismo e subjetivismo da arte moderna
(vanguardas modernistas do início do séc. XX) e valorizando a banalidade cotidiana.
O autor comenta que a Pop Art foi possível porque a realidade social já estava este-
tizada pelo design e dominada pela comunicação de massa.
Nos anos 1970: a New Wave (Nova Onda) na tipografia e o design inspi-
rado na visualidade punk.
Nos anos 1980: a Escolas de Memphis e San Francisco, o retrô, o verna-
cular.
Nos anos 1990, as experimentações tipográficas, a desconstrução e as
representações neofuturistas. Na figura 5, exemplos de produções das di-
versas manifestações do design gráfico no pós-modernismo.
Figura 6 - Cartazes
Fonte: Adaptado de Hollis, 2010
De acordo com Rodrigues (2017) o movimento punk surgiu nos anos 1970,
nos Estados Unidos. A expressão é usada para um grupo urbano que se opunha
aos dos padrões de conduta da sociedade. A cultura punk era baseada no pessi-
mismo, no antiautoritarismo e na ideologia anárquica. O movimento musical punk
rock fez uso dos cartazes, panfletos (flyers) e fanzines (revistas de fãs das bandas),
impressos em litografia e fotocopiadoras, para divulgarem e cultuarem suas bandas.
Para produzi-los usavam letras tiradas de jornais e revistas, texto escritos à mão ou
com máquina de escrever e faziam colagens (HOLLIS, 2010 pg. 203). Era, portanto,
______________________
5 Off-set é o principal processo de impressão desde a metade do séc. XX. É um aperfeiçoamento da
técnica litográfica, que permitiu impressão em larga escala a baixo custo. (VILLAS BOAS,2010)
29
uma estética que se afastou do virtuosismo dos artistas dos cartazes psicodélicos,
criando uma nova linguagem, baseada na espontaneidade e no humor irreverente.
Alguns designers foram logo influenciados pela estética punk, quando do seu surgi-
mento, porém na sua maioria os artistas que compunham estes cartazes e panfletos
eram amadores (POYNOR, 2010 pg. 38). As ilustrações eram compostas por ima-
gens cheias de humor sarcástico e agressivo, por vezes eróticas, macabras ou poli-
tizadas (Figura 8).
Nos EUA, segundo Jones e Nunery (2016), foi na casa de espetáculos Fill-
more, nos anos 1970, na cidade de San Francisco, que havia se estabelecido os
cartazes psicodélicos, tornado-se esta casa de espetáculos um símbolo da contra-
cultura musical. O autor explica que na Fillmore proliferou a prática de produzir car-
tazes para concertos, o que levou a cidade a desenvolver um grande movimento de
cartazistas e colecionadores. Nos anos 1980 teria havido um “esfriamento” pela no
gosto pelos cartazes, havendo uma retomada a partir dos anos 1990, com a influên-
cia dos cartazes do designer Art Chantry, na cidade de Seattle. Segundo Lasky
30
(2017), os cartazes de Art Chantry eram marcados por uma nova estética, chamada
grunge. Lemos (2011) explica que o termo significa sujeira ou imundície, mas tam-
bém nomeia o estilo musical surgido em Seatle nos anos 1990, fruto da mistura do
punk e do heavy metal. Os adeptos do estilo se caracterizam por usar o cabelo des-
grenhado, roupas velhas e folgadas, além de terem uma atitude pessimista e melan-
cólica perante a vida.
A partir dos anos 2000, ocorreu um fenômeno nos EUA, conhecido como
Gig Poster Scene (panorama dos cartazes de concertos) (Figura 9). Trata-se da pro-
liferação de artistas e designers que passaram a se dedicar a fazer cartazes exclusi-
vamente para apresentações, turnês ou festivais de bandas e músicos, sobretudo de
rock, influenciados pelos cartazes psicodélicos, punk e grunge (JONES; NUNERY,
2016). Os artistas deste movimento se diferenciam por não usar muitos processos
digitais, preferindo técnicas de ilustração artística manual e técnicas de impressão
não mecanizadas, como a serigrafia manual (GRUSHKIN, 2004). Além disso, muitas
vezes usam as letras customizadas (letterings) integradas à ilustração.
As raízes deste fenômeno estão nas cidades de Austin, onde se verificou um
primeiro movimento de revalorização da serigrafia (GRUSHKIN, 2004). Esta técnica,
definida como “um sistema de impressão que utiliza matriz de tecido vazada, para
aplicação em tecidos, plásticos, metal e papel” (SEMAN, 2010), é técnica que carac-
teriza por “não necessitar de muito investimento, sendo perfeita para pequenas tira-
gens” (VILLAS BOAS, 2010). Usar a serigrafia proporcionava aos artistas uma forma
de produção artesanal que os diferenciavam. A serigrafia também permitia o barate-
amento dos custos da produção, sendo o cartazista o próprio impressor do seu tra-
balho, o que levava a edição limitada de cópias, assinadas e comercializadas pelo
próprio autor (HASTED, 2012).
31
______________________
6 A expressão "politicamente correto" significava ser "inclusivo". É a tentativa de fazer com que o indi-
vídou ou grupo (social ou cultural) não seja excluído, ofendido ou diminuído (WIKIHOW, 2017)
34
Figura 11 - Apropriação
Fonte: Poynor, 2010 pg. 80
35
4.1.1 Retrô
A palavra retrô “sugere o termo retrógrado” (MEGG; PURVIS, 2009 pg. 617).
No entanto a intenção dos designers que se valeram do retrô era fazer “uma reinter-
pretação atual de características históricas do design” (SCHNEIDER; SPERBER,
BERTUOLS, 2010), Para Jamenson (1983 apud POYNOR, 2010 pag.71) “a inova-
ção estilística já não é mais possível (...), tudo que resta é imitar estilo mortos”. Para
Poynor, (2010), o retrô tornou-se um dos estilos definidores da década, graças ao
trabalho de designers como Paula Scher e Terry Koppel, que se tornaram influências
para outros designers de Nova Iorque. A produção destes designers era “baseada
num interesse deslavadamente eclético pelo design europeu modernista da primeria
métade do séc. XX (...) praticamente esquecidos após a Segunda Guerra Mundial”
(MEGGS; PURVIS, 2009 pg. 616). O construtivismo russo foi um dos estilos deste
período usados por Paula Scher, apesar de designer inglês Malcolm Garret (Figura
12) ter se apropriado do mesmo estilo (POYNOR, 2010 pg. 75). O Construtivismo
Russo fora um estilo surgido na URSS após a Revolução Comunista de 1917 e tinha
um forte cunho político e social. Como características visuais fazia uso de formas
geométricas puras, composições diagonais, tipos em negrito e fios grossos. Teve
como um de seus expoentes El Lissitzky (MEGGS; PURVIS, 2009).
Para Heller (1999 pg. 20) o termo “arquitetônico”, referindo-se à aplicação de estilo
no design gráfico do período não era meramente usado como metáfora, pois esse
design de fato se apropriava dos apectos decorativos das fachadas e monumentos.
______________________
7 Historicismo refere-se a uma tendência generalizada de readotar estilos de períodos passados. No
sentido mais concreto, foi uma corrente do séc. XIX, que perdurou até o fim da Primeira Guerra
Mundial” (SCHNEIDER; SPERBER; BERTUOL, 2010 pg. 19)
41
Conforme explica Hurlburt (2002 pg. 16), as linhas sinuosas e as formas cur-
vilíneas definem muito do Art Nouveau, sendo uma manifestação típica do séc. XIX,
somado aos “contornos firmes e as cores uniformes das xilogravuras japonesas, cu-
jos trabalhos foram exibidos nas feiras mundiais de Paris em 1867 e 1879, exerce-
ram influência” (HOLLIS, 2010 pg. 6). Conforme seu nome, o Art Nouveau teve ori-
gem na França, apesar de tomar forma em diferentes lugares e décadas. Além dis-
______________________
8 Estrutura filiforme proveniente da transformação de ramos ou de folhas, por meio do qual elas se
agarram a outras plantas ou mesmo a estruturas próximas. (MICHAELLIS, 2017)
42
so, Aphonse Mucha, cujo “temas dominates era uma figura central feminina, cercada
de formas estilizadas, cercadas de plantas e flores” (MEGGS; PURVIS, 2009 pg.
260) foi um representante dos cartazes Art Nouveau francês, assim com Eugéner
Grasset (Figura 19).
ção alemã foi representativa também na tipografia. O designer Otto Eckman, que
reinterpretou as letras góticas germânicas contribui para a representação tipográfica
do estilo em designs para a fábrica AEG (HOLLIS, 2010 pg. 23). Na Bélgica também
houve uma aproximação com a indústria. Nos cartazes de Henry Van der Velde é
possível ver “padrões rítmicos lineares” (HOLLIS, 2010 pg. 23). Na Escócia, os de-
signers da Escola de Glasgow “inventaram um estilo geométrico de composição,
temperando elementos florais e curvilíneos, com forte estrutura retilínea” (MEGGS;
PURVIS, 2009 pg. 286). As irmãs Margaret e Frances McDonald deram a este estilo
um forte caráter simbolista. A combinação de “singeleza e funcionalidade” nas pro-
duções deste grupo e de marcou a transição destes estilos para padrões modernis-
tas, superando o Art Nouveau decorativo (SCHNEIDER; SPERBER; BERTUOL,
2010 pg 40).
travagância da burguesia (HURLBURT, 2002 pg. 33). No design gráfico o Art Deco
pode se caracteriza pela “simetria bilateral, molduras decorativas, com áreas escu-
ras de tonalidade ou cor” (CLAIR; BUSIC-SNYDER, 2009 pg. 97). Em Paris, o estilo
Art Deco, cujo grande expoente são os cartazes de A. M. Cassandre (Figura 21),
ficou conhecido como moderne, onde se verificava “o apelo romântico dos automó-
veis, das locomotivas e dos navios de cruzeiro” com preferência para “linhas retas,
frequentemente diagonais, e círculos” (HOLLIS, 2010).
A apropriação do estilo Art Deco pode ser vista em trabalhos do artista Barry
Zaid, que integrou o Push Pin Studio, sendo este designer uma importante referên-
cia no revivalismo deste estilo nos anos 1970 (MEGGS; PURVIS, 2009 pg. 560), as-
sim como a designer Paula Scher nos anos 1980, designer responsável por reviver
vários estilos das vanguardas modernistas. Na figura 26, produções destes dois de-
signers.
Outro importante designer foi Art Chantry (Figura 28), que “criou centenas de
cartazes de rua e capas de discos embebidos na linguagem visual descartável e de-
sinibida dos antigos anúncios de jornais, revistas, catálogos de peças e clip art, que
ele acumulava em seu estúdio” (POYNOR, 2010 pg.85). Sua contribuição foi particu-
larmente importante para a cultura musical rock dos anos 1990. As velhas
propagandas que colecionava eram usadas para promover bandas de rock grunge,
por meio de cartazes espalhados nas ruas da cidade de Seattle, onde atuou. Em
meio a era digital consolidada, se destacou por preferir meios não digitais na
produção de suas peças (CREW KOOS, 2017).
50
4.2 DESCONTRUÇÃO
Figura 30 – Desconstrução
Fonte: Meggs; Purvis, 2009
O design punk era em geral uma arte de amadores, apesar de ter sido “ime-
diatamente acolhido pelos designers desiludidos com o modernismo” (HOLLIS, 2010
pg. 203). Os artistas gráfcos do movimento punk promoveram “um ataque aos méto-
dos organizados e às convenções polidas do design profissional, deleitando-se em
divergência e caos” (POYNOR, 2010 pg. 38). A composições gráficas do punk
(Fig.34), como já visto no capítulo anterior, eram produzidos a partir de colagens e
letras improvisadas. Na Inglaterra, Jamie Redie produziu peças que se tornaram
ícones. Já nos EUA, os cartazes de rua significavam um importante meio de divulga-
ção da cena alternativa (POYNOR, 2010 pg.39).
As técnicas usadas pelos artistas punks eram semelhantes àquelas dos da-
daístas e futuristas do início do séc. XX (Figura 32). Hollis (2010 pg. 203) comenta
que o dadaísmo fora contra a arte assim como o punk foi o antidesign. O Dadaísmo
foi um movimento de escritores e artistas “com forte apelo negativo e destrutivo” que
protestava contra os horrores da Primeira Guerra Mundial, “interessados no choque
e no absurdo” (MEGGS; PURVIS, 2009 pg. 325). Em comum estes movimentos
usavam composições tipográficas caóticas. Os dadaístas (e os pós-modernistas)
usavam as letras como arranjos visuais (SAMARA, 2007 pg. 113). Essa característi-
ca se assemelha às composições do Futurismo onde se “usavam padrões repetidos
de letras e uma escala de distribuição dinâmica para passar ideias sobre, o som, o
movimento e a força violenta das máquinas” (SAMARA, 2007 pg. 113). O “neo-
dadaísmo e neo-futurismo” obervados no punk não eram, contudo, uma apropriação
deliberada (POYNOR, 2010 pg.96), por isso não será tratado neste trabalho como
apropriação de estilo, fazendo-se menção a eles muito mais pela referência históri-
ca.
54
Além dos cartazes punks, o “estilo grunge” foi uma importante manifestação
do desconstrucionismo espontâneo, não acadêmico (SAMARA, 2007 pg. 118).
Poynor (2010 pg. 65) afirma que a influência do grunge vem dos grafismos sujos do
punk e as origens na subcultura. Sobre os meios que eram produzidos o autor
comenta que
os grafismos do movimento punk eram feitos de forma barata, à mão, com
caneta esferográfica, com fotocópias, recortes de tipos impressos, tesouras
e cola, o grunge, apesar de sua aparência degradada, fragmentada e pouco
tecnológica, era produto de poderosas ferramentas digitais . (POYNOR,
2010)
Esta mudança foi fruto da revolução digital que eclodiua na década de 1980,
e que proporcionou mudanças profundas na comunicação gráfica. A “aparição e po-
pularização do computador pessoal Machintosh da Apple e o uso da linguagem pos-
tscript da Adobe” (MEGGS; PURVIS, 2009 pg. 627) que permitiram que muitos de-
signers pudessem fazer experiências, sobretudo na tipografia, que antes não eram
possíveis (HELLER; CHWAST, 2000 pg. 235). A revolução digital, segundo Schnei-
der, Sperber e Bertuol (2010 pg. 182) se deu com o crescente desempenho dos mi-
croprocessadores (com a queda dos preçoas) e a rede de comunicação descentrali-
zada (internet).
Heller e Chwast (2000 pg. 235) afirmam que o meio digital incentivou os
designers a se aventurarem em um território comparativamente inexplorado,
incluindo movimento e som: seqüências de títulos de filmes e TV, vídeos de música,
animações e sites. Por outro lado com “a mudança da habilidade manual para a pro-
55
dução digital expandiu a edição e a composição para um enorme público que pas-
sou a praticar o ofício de design sem formação na área” (SAMARA, 2007 pg.118). O
designer David Carson representa muito bem o grunge dos anos 1990, por seus la-
youts em revistas de música e comportamento como a Ray Gun (POYNOR, 2010
pg. 61) (Figura 33). Os layouts de David Carson eram “uma reminiscência da pintura
cubista e futurista do início do século XX, porém resolutamente contemporâneos”
(HELLER; CHWAST, 2000 pg. 235). Como estética visual o grunge faz uso da “so-
breposição de linhas e letras espelhadas ou de ponta cabeça, texturas densas de
tipos e imagens, colunas de textos sem contornos paralelos, ou sem linhas retas”
(SAMARA, 2007 pg. 119) e da “composição em camadas (layering) e distorção da
tipografia” (HELLER, 1999 pg. 186)
A desconstrução ficou marcada, nos anos 1980 pelo viés teórico e nos anos
1990 pela sua popularização, graças a tecnologia digital. Nesta última década o
"estilo” grunge representou muito da cultural musical rock do período. Apesar disso,
designers como Art Chantry, não fizeram uso da tecnologia digital com tanto afinco
como David Carson, por exemplo, apesar de terem seus nomes ligados a cultura
musica rock grunge dos anos 1990. Art Chantry, já citado como designer que
resgatou formas vernaculares, foi um importante nome para os cartazes de rock e
influenciou as gerações de cartazistas contemporâneos (CREW KOOS, 2017). Seus
cartazes (Figura 35) não tem influência dos cartazes de rock psicodélico, guardando
mais aproximação com a estética punk.
57
______________________
9 Serifa é a leve extensão no início e fim do traço de uma letra (CLAIR; BUSIC-SNYDER, 2009
pg.160)
60
______________________
10No texto original o autor usa a expressão pleasing pastels (cores agradáveis). A partir das figuras
ficou claro que o autor se refere a cores com adição de branco. Lupton ( 2011 pg.74) traz o concei-
to de Intensidade da cor, que é o enfraquecimento pela adição de preto ou branco.
61
5 ROTEIRO DE ANÁLISE
Twyman (1982 apud SCHONS, 2015 pg. 24) aponta características próprias
da linguagem gráfica verbal, relativos ao modo como são produzidos, se à mão ou
por meio de máquinas. Neste caminho adaptou-se para o roteiro uma subdivisão das
letras nos cartazes entre lettering (customização, desenho de letras) e tipo (fontes
tipográficas digitais), sabido que letras customizadas são desenhadas e não neces-
sariamente escritas. Na tipografia dos cartazes procurou-se identicar a ocorrência do
desenho das letras customizadas ou preferência pelo uso de tipos. Shaw (2015) ex-
plica as terminologias tipo e lettering, quanto à utilização pelos designers num layout
e que serão consideradas no roteiro:
63
Em alguns cartazes não fica claro se os tipos usados no bloco de texto são
escolhas do autor do cartaz ou se foi introduzido após sua finalização. Quando isso
ocorrer serão desconsiderados a tipografia do bloco de texto. Na imagem abaixo
(Fig. 40) o esquema de Twyman ao lado da classificação proposta para análise.
O festival surgiu nos EUA tendo sua primeira edição em 1991, primeiramen-
te no formato itinerante, percorrendo cidades daquele país e do Canadá. Foi funda-
do pelo músico Perry Farrel, líder da banda de rock Janes’s Addction, que na época
queria agregar à turnê de despedida de sua banda outros grupos que fizessem parte
da cena “alternativa” (AIEX, 2015). “Rock alternativo” é um termo genérico para os
estilos de bandas independentes, ou seja, aquelas que não se adaptavam ao mode-
lo comercial das grandes gravadoras, apesar de muitas delas terem alcançado su-
cesso comercial nos anos 1990, como as bandas Nirvana e R.E.M, por exemplo. Em
geral são grupos que trazem um discurso mais politizado ou uma atitude incorformis-
ta diante da indústria da música (HUNTER, 2013). As informações históricas do fes-
tival foram em grande parte retiradas do site da banda Jannes Addiction (2017). Se-
gundo esta fonte o projeto inicial do festival era fazer uma junção de vários estilos de
música de contracultura, como o rap, o heavy metal e o hip-hop, na tentativa de uma
integração das culturas dos EUA. Além disso, o festival deveria se notabilizar pela
adição de manifestações artísticas não musicais, como a parceria com o circo Jim
Rose, além de foruns para debates políticos. Até o ano de 1994 o festival alcançou
grande sucesso nesta idealização inicial, apesar de ir se descaracterizando ano a
ano pela prevalência do estilo de bandas grunge no festival. Em 1995, o fundador
Perry Farrel resolve vender os direitos para outra companhia. Em 1996, com a esca-
lação da banda Metallica, consagrada banda de estilo heavy metal como atração
principal daquele trouxe insatisfação dos fãs. Em 1997, a escalação de astros da
música eletrônica trouxe ainda mais insatisfação, levando ao cancelamento da edi-
ção de 1998. De 1999 a 2002 não houve edições do festival, mas em 2003, foi reto-
mado, novamente por iniciativa de seu fundador Perry Farrel, que optou por manter
o formato itinerante, apesar de ter o sucesso comercial espeado. Em 2004 houve o
cancelamento por motivo de baixa procura dos ingressos nas diversas cidades onde
o festival teria edições, com exceção da cidade de Chicago. Em 2005 o Loolapaloo-
za retorna definitivamente, com a compra total dos direitos por parte de Perry Farrel,
em associação com a produtora Capital Sports & Entertainmentdes, desta vez sem o
formato itinerante, fixando o evento no Grant Park (parque municipal) da cidade de
66
Chicago, inspirado pelo sucesso da cidade mantendo este formato até o presente
ano, de 2017, e vindo a tornar-se um festival de grande sucesso comercial desde
então. Segundo o site oficial do evento, a partir de 2011 o festival começou a ter
edições fora dos EUA, em países da América do Sul, como Santiago no Chile, 2012
em São Paulo no Brasil, 2014 em Buenos Aires na Argentina, 2015 e na Europa em
Berlim na Alemanha e 2017 em Paris na França (LOLAPALOOZA, 2017).
O festival teve duas marcas símbolo, que definiram a identidade visual. A
primeira usada nos anos 1990 e a marca atual, que está em uso desde 2005. Foi
possível a comprovação do uso da marca nova por meio da verificação da página
web do festival. O site archive web (2017), que permite acesso em datas retroativas
foi usado para este fim. A marca dos anos 1990 não foi recorrente nas páginas web
antes de 1996, sendo confirmado seu uso nos próprios cartazes dos anos 1990, as-
sim cmo em impressos da época como panfletos no site da Banda Jannes Addiction
(Figura 41).
ção do roteiro de análise gráfica (APÊNDICE 1). Optou-se por apresentar apenas
alguns cartazes das edições dos anos 1990 (Figura 42), sobretudo aqueles que
trouxessem informações da identidade do festival. Foram verificadas representações
da psicoldelia, por exemplo, o que aproxima o festival desta estética nos seus pri-
meiros anos. Tal representação ocorre na marca antiga do festival, cujo símbolo é
uma espécie de personagem mitológico ou indígena, que segura um pirulito (Lolla-
palooza), presentes nos cartazes de 1992 e 1997, na representação do pirulito em
espiral cinético do cartaz de 1991 e no desenho de um guru envolvido neste mesmo
tipo de espiral cinético, no cartaz de 1995.
O cartaz de 1996, do artista Emek, traz referências mais explícitas aos car-
tazes psicodélicos dos anos 1960 ao usar lettering pouco legível no cabeçalho (título
do cartaz) e no desenho das letras que trazem o nome das bandas, bem como no
entrelaçamento entre a ilustração e as letras. Os cartazes de 1993 e 1994, são de
autoria do grupo TAZ, que segundo Grushkin (2004), era o nome de um grupo for-
mado por Jim Evans, Gebran Evans e Rolo Castillo e referência para o movimento
de cartazes de concertos nos anos 1990. Seus cartazes traziam influências dos
quadrinhos underground dos anos 1960 e da cultura japonesa. Outro dado sobre
esses cartazes diz respeito à identificação da autoria, o que não foi precisado na
maioria dos cartazes dos anos 1990. Na figura 43 os cartazes de 1993, 1994 e 1996.
68
xilogravura (woodcut). O autor não soube precisar a origem da imagem, mas acredi-
ta ser do séc. XIX. A apropriação de uma peça antiga de origem não definida, ladea-
da dos elementos de Pop Art, Op Art e Punk, são manifestações claras do pós-
modernismo neste cartaz, pois combina códigos de diferentes procedências.
O cartaz de 2007 (Figura 49) foi encomendado ao estúdio Ames Bros (Hie-
ggelke, 2017). Por meio do contato com o estúdio, confirmou-se a autoria do cartaz,
atribuída a Barry Ament. Este cartaz apresenta elementos de apropriação de estilos
do passado visíveis numa primeira observação. Seu formato é mais alongado que os
demais, uma característica dos cartazes Art Nouveau da Secessão Vienense e Es-
cola de Glasgow. Ao contrário do cartaz de 2004, o autor deste cartaz prezou por
uma composição com poucas cores (vermelho, preto, cinza) e valorização do dese-
nho.
______________________
11 Abraham Lincoln (1809- 1865) foi o 16º Presidente dos Estados Unidos, entre março de 1861 até
seu assassinato em 1865. Em 1 de Janeiro de 1863, emitiu a Proclamação da Emancipação, que
declarava livres os escravos. (SANTIAGO, 2017)
79
______________________
12Stêncil é uma técnica de pintura utilizada para aplicar um desenho sobre qualquer superfície, com o
uso de tinta, sendo aerosol o principal meio utilizado. (ARTE URBANA, 2017)
13Sociedade entre os circos de Phineas Barnum e James Bailey em 1881. O circo se caracterizou por
uma identidade publicitária própria. (CIRCUSES AND SLIDE SHOWS, 2017)
80
análise no cartaz, onde é possível fazer uma melhor visualização dos elementos que
foram comentados.
O mês de agosto, verão nos EUA, é o mês que acontece o Festival Lollapalooza em
Chicago.
A apropriação de estilos do séc. XIX verificada nos ornamentos e tipografia,
confirmadas pelo autor como referência direta aos cartazes psicodélicos, somada a
referências locais, como o Summer Love e o Dog Day (EUA), confirmam manifesta-
ções do pós-modernismo no cartaz de 2008, pois se combina retórica de estilos pas-
sados com informações e códigos visuais contemporâneos. Na figura 55 a aplicação
do roteiro de análise no cartaz de 2008.
O cartaz de 2010 (Figura 56) apresenta uma estética bem particular. A qua-
lidade tonal da pintura traz noções de brilho e volume nos objetos, criando a atmos-
fera realista. A representação arquitetetura clássica está em perspectiva linear, o
que reforça este tratamento realista. Por outro lado, os elementos estranhos à reali-
dade, como os moluscos em escala aumentada, configuram a arte surrealista. Para
Hurlburt (2002) o surrealismo adota símbolos e imprevisíveis imagens do inconscien-
te, tais como acontecem nos sonhos.
Segundo Meggs e Purvis (2009 pg. 199) o estilo utilizado pela família Bufford
no período Vitoriano dos EUA se caracterizou pela litografia tonal semifotográfica,
que foi bastante copiado na época, como nas campanhas políticas, onde havia re-
presentações de bandeiras como ornamento das figuras. No cartaz do Lollapalooza
de 2010 a ilustração tonal e a presença das bandeiras como ornamento do cabeça-
lho estão dispostas de forma semelhante aos do séc. XIX (Figura 57). Este cabeça-
lho é composto por um lettering que confirma o uso de letras vitorianas, haja visto a
ornamentação complexa, com prolongamentos das extremidades das letras, deta-
lhes rococós (caracóis), bifurcações das serifas e esporas. O lettering também apre-
senta representações de variação tonal, brilho, volume e textura, percebidos na ilus-
tração. Os tons neutros e amarelos (dourados) que predominam na ilustração tam-
bém contribuem para a aparência mais austera, que remete às gravuras da família
Bufford.
Jones (2017) revela que o tema principal do seu cartaz foi a Exposição Uni-
versal de 1893, o que confirma as referências visuais do séc. XIX. Gimenes (2017)
afirma que essa exposição foi um grande evento internacional sediado na cidade de
Chicago e que apresentava os avanços da indústria dos EUA no período, além de
comemorar os quatrocentos anos da chegada de Cristóvão Colombo à América nas
expedições marítimas, o que explica a representação do cenário ao fundo (litoral) e
as figuras dos moluscos. A figura feminina empunha uma guitarra, instrumento ícone
do rock e a única representação da contemporaneidade no cartaz. O cenário arquite-
tônico neoclássico é uma referência aos valores arquitetônicos historicistas da épo-
ca, que resgatavam os padrões greco-romanos antigos, como explica Gimenes
(2017). Na figura 59 é possível ver a concentração dos elementos de estilo vitoriano
no roteiro de análise proposto.
87
O ano de 2012, onde foram levantados dois cartazes, optou-se pela análise
daquele cujo autor concedeu a entrevista solicitada, que foi chamado 2012-1 (Figura
59). Hieggelke (2017) atrbui a autoria do cartaz ao estúdio Delicious Design League.
Após contato com o estúdio para obtenção da entrevista, foi possível precisar a auto-
ria de Billy Bauman, integrante do estúdio.
88
______________________
14 Vaudeville foi uma forma de drama musical leve, com o diálogo falado intercalado com músicas,
popular na Europa e EUA entre o final do séc. XIX e começo do séc. XX. (ENCYCLOPAEDIA
BRITANNICA, 2017)
90
Na análise dos 2 cartazes a seguir não tiveram o auxíio das informações co-
lhidas nas entrevistas. Optou-se por incluí-los neste critério por entender que seria
importante analisar os cartazes somente usando o roteiro de análise, para perceber
a sua eficácia sem os dados adicionais. Para selecionar 2 autores entre os 6 não
entrevistados usou-se o critério da relevância dos autores para as artes gráficas con-
temporâneas.
______________________
15 Arte não convencional criada (muitas vezes anonimamente) em espaços públicos, geralmente
social ou política; arte de rua. (Oxford Dictionaire, 2017)
94
fato vai de encontro ao comentário de Coelho (1990) quando afirma ser a palavra
“convivência” definidora do pós-modernismo. Neste sentido aceita-se a afirmação de
Rahde e Cauduro (2005) de que o pós-modernismo não é um estilo, por não encer-
rar cânones ou regras. No entanto, considerando Poynor (2010), que afirma haver
um desinteresse pela desconstrução já no final dos anos 1990, buscou-se entender,
se não o panorama do design gráfico, as motivações culturais que levaram a prefe-
rência por algumas manifestações do pós-modernismo em detrimento de outras.
Heller (2010) afirma que a primeira década do séc. XXI foi marcada pela
busca de práticas artesanais como forma de diferenciação individual no trabalho do
designer, considerando que na era digital, o computador se tornara a ferramenta
dominante no ofício do design gráfico. O autor defende que o interesse pela ilustra-
ção de letras, lettering manual (hand lettering), seja por traços imperfeitos e espon-
tâneos ou por rebuscados e virtuosos motivos ornamamentais, se colocou como
uma tendência na contemporaneidade. Gruendeler (2013) por sua vez associa a
tendência do desenho de letras e ornamentos no design gráfico contemporâneo a
apropriação de estilos do séc. XIX. Um trecho do debate da autora com a tipógrafa
Tiffany Ward resume o argumento:
Gruendeler: Você vê a abordagem vitoriana como uma tendência? Ou talvez
devêssemos defini-lo como mais de uma abordagem de tipos ilustrados?
Tiffany: Eu acho que você definitivamente poderia chamá-lo de uma
tendência crescente. As pessoas usam o passado para dar seu trabalho -
restaurante, convite de casamento, capa de livro - uma sensação de viagem
no tempo. Mas agora eu acho que as pessoas estão escapando do pastiche
e estão fazendo algum trabalho muito interessante e moderno, embora em
um estilo bem usado. Talvez para criar uma atmosfera mais artesanal.
(GRUENDLER, 2013)
No trecho acima, o pastiche foi citado como algo que está sendo evitado na
revivescência dos estilos tipográficos ornamentais do séc. XIX na contemporaneida-
de. Em alguns dos cartazes do Festival Lollalooza onde foram verificados os ele-
mentos vitorianos na ilustração e na tipografia, o tratamento de letras e ornamentos
foram customizados, apontando para esta tendência do lettering manual na tipogra-
fia. Nestes cartazes o pastiche foi considerado como uma estratégia visual, contrari-
ando o argumento da tipógrafa Tiffany de Sousa, já que os elementos foram apropri-
108
ados de forma deliberada, conforme apontou a análise. No entanto a paródia não foi
identificada nas apropriações de estilo.
A utilização de letterings a partir da escrita espontânea, obtidas a partir da
digitalização de traços de pincéis e rotuladores, por exemplo, foram utilizadas em
alguns cartazes. A análise conseguiu levantar que na maioria dos cartazes houve
preferência pelo uso de fontes digitais, sendo em alguns deles utilizados tipos que
remetiam a épocas passadas, para compor um layout desta natureza, e em outros
os tipos foram alterados, formando um lettering digital, conforme depoimento de al-
guns autores (APÊNDICE 3). Para Heller (2010) ao usar o computador para digitali-
zar as criações produzidas em ferramentas artesanais, os designers gráficos assu-
mem essa contradição posta pela era digital.
A ilustração artística, elemento comum a todos os cartazes analisados, é
uma evidência da valorização das práticas artesanais referidas. Meggs e Purvis
(2009) apontam os cartazes psicodélicos e as ilustrações conceituais do Push Pin
Studio como ícones da revivescência da ilustração no design pós-modernista, desde
os anos 1960. No pós-modernismo da era digital, as ilustrações neofuturistas apon-
tadas por Poynor (2010) são referências de um tratamento tecnológico hiper-realista
ou abstrato no pós-modernismo dos anos 1990. As ilustrações dos cartazes do Fes-
tival Lollapalooza têm em sua maioria um tratamento bidimensional (sem represen-
tação de volume) e figurativo (não abstrato), o que as diferenciam destas represen-
tações neofuturistas comentadas no capítulo 2.3. Outro aspecto importante é o en-
trelaçamento entre a tipografia e a ilustração em muitas das composições, em parte
pela peculiaridade dos cartazes do festival, onde uma longa programação de bandas
tem que ser apresentada.
Apesar de não ter acesso aos cartazes fisicamente, foi possível por meio de
levantamento na loja virtual do Festival Lollapalooza (2017) a confirmação dos da-
dos referentes a impressão serigráfica, dimensões e número de limitado de edições
de alguns dos cartazes analisados. Conforme Grushkin (2004) a Gig Poster Scene
dos EUA, na qual os cartazes do Lollapalooza são exemplos, prezou pela valoriza-
ção da impressão em serigrafia, em detrimento a impressão digital ou off-set. Este
dado vai de encontro com a tendência comentada sobre a valorização das práticas
artesanais, que aponta a disposição dos designers contemporâneos em participar de
todas as etapas da produção de seu material, conforme explica Melo (2003).
109
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AMENT, Barry. Entrevista concedida via e-mail a Francisco Albert Miranda Lo-
bo. Curitiba, 19 de jul. 2017. [A entrevista encontra-se transcrita no Apêndice "3"
deste Trabalho de Conclusão de Curso].
ARMSTRONG, Hellen (org.). Teoria do design gráfico. São Paulo: Cosac Naify,
2015.
BAUMAN, Billy. Entrevista concedida via e-mail a Francisco Albert Miranda Lo-
bo. Curitiba, 24 de jul. 2017. [A entrevista encontra-se transcrita no Apêndice "3"
deste Trabalho de Conclusão de Curso]
<http://cultura.estadao.com.br/blogs/combate-rock/1967-no-rock-o-verao-do-amor-e-
climax-psicodelico/> Acesso em: 12 de nov. de 2017.
CIRCUSES AND SLIDE SHOWS. Circo Barnum e Bailey. Barnum and Bailey Cir-
cus 1841-1919: (s/d). Disponível em: <
http://www.circusesandsideshows.com/circuses/barnumandbaileycircus.html> Aces-
so em: 10 de nov. de 2017.
COELHO, Teixeira. Moderno pós-moderno. 2. ed. São Paulo: L&PM, c1986, 1990.
GRUSHKIN, Paul; KING, Dennis (Coautor). Art of modern rock: the poster explo-
sion. San Francisco, California: Chronicle Books, 2004.
HASTED, Nick. Ultimate pop art - Why gig posters are a sound investiment. In-
dependent: 08/06/2012 Disponível em <http://www.independent.co.uk/arts-
entertainment/art/features/ultimate-pop-art-why-gig-posters-are-a-sound-investment-
7827640.html>. Acesso em: 20 de jul. 2017
HISTÓRIA DAS ARTES. Artistas da Pop Art. Pop Art: (s/d). Disponível em
<https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-20/pop-art/>. Acesso em:
10 de jul. de 2017.
HELLER, Steven; CHWAST Seymour. Graphic style: from Victorian to digital. No-
va Iorque: H. N. Abrams, 2000.
114
HELLER, Steven. Pop: how graphic design shapes popular culture. New York
City: Allworth Press, 2010.
HELLER, Steven; FILI, Louise (Coautor). Typology: type design from the Victori-
an era to the digital age. San Francisco: Chronicle Books, 1999.
HOLLIS, Richard. Design gráfico: uma história concisa. 2ª ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2010. (Coleção o mundo da arte)
HURLBURT, Allen. Layout: o design da página impressa. São Paulo, SP: Nobel,
2002. 159 p.
JONES, Path; NUNERY, Ben. Show Posters: the art and practice of making gig
posters. Cincinnati, Ohio: Print Books, 2016.
KOPP, Rudinei. Design gráfico cambiante. 2. ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC,
2004. 134 p.
LASKY, Julie. Art Chantry. AIGA The professional association for design:
20/03/2017. Disponível em <http://www.aiga.org/2017-aiga-medalist-art-chantry>.
Acesso em: 18/11/2017
MAINE, Sammy. Cartazes da Gig Poster Scene. Creative Bloq, 25 inspiring gig
posters: 10/07/2014. Disponível em: < http://www.creativebloq.com/design/inspiring-
gig-posters-1212720> Acesso em 18/07/2017.
MEGGS, Philip; PURVIS, Alston W. História do design gráfico. São Paulo: Cosac
Naif, 2009.
MELO, Chico Homem de. Os desafios do designer & outros textos sobre design
gráfico . São Paulo: Rosari, 2003. (Textos design)
NATIONAL DOG DAY. Dia do cão. About National Dog Day: (s/d). Disponível em
<http://chloechadwick.co.uk/> Acesso em: 19 de nov. de 2017.
PANCHO, Pixel. Entrevista concedida via e-mail a Francisco Albert Miranda Lo-
bo. Curitiba, 21 de jul. 2017. [A entrevista encontra-se transcrita no Apêndice "3"
deste Trabalho de Conclusão de Curso]
PENNEY, Margaret. Fontes Art Deco. Notes on design, Type in history, Cassan-
dre’s Art Deco Type: 12/08/2016. Disponível em <https://www.sessions.edu/notes-
on-design/type-in-history-cassandres-art-deco-type/> Acesso em: 18/11/2017.
RAHDE, Maria Beatriz F.; CAUDURO, Flávio V. Algumas Características das Ima-
gens Contemporâneas. Revista Fronteiras – estudos midiáticos. Caxias do Sul,
Vol. VII Nº 3, set/dez de 2005. Disponível em <
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/4807>
RODRIGUES, Lucas de Oliveira. Estilo punk, Brasil Escola, Sociologia: (s/d). Dis-
ponível em <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/estilo-punk.htm>. Acesso em:
02 de nov. de 2017.
SCHNEIDER, Beat; SPERBER, George B.; BERTUOL, Sonali. Design - uma intro-
dução: O design no contexto social, cultural e econômico. São Paulo, SP: Blu-
cher, 2010.
SILVEIRA, Luciana Martha. Introdução à teoria da cor. 2. ed. Curitiba, PR: Ed. UT-
FPR, 2015. 169 p. (Novos autores da educação profissional e tecnológica).
SHAW, Paul. Why handlettering is not type. Revista Print: 02/10/2015. Disponível
em <http://www.printmag.com/imprint/why-handlettering-is-not-type/>. Acesso em: 19
de nov. de 2015.
SMITH, David Adrian. Estilo Vitoriano no séc. XXI. Portfolio do designer: (s/d). Dis-
ponível em < http://davidadriansmith.com/portfolio/> Acesso em 18 de nov. de 2017.
SCHONS, Adriana Ramos. A mensagem além das palavras: uma análise formal
do hand lettering na produção de sentidos no anúncio publicitário. Trabalho de
Conclusão de Curso de graduação - Curso de Comunicação Social, Publicidade e
Propaganda. Porto Alegre, 2015. Disponível em <
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/135447>
VILLAS-BOAS, André. O que é [e o que nunca foi] design gráfico. 5ª. ed. Rio de
Janeiro, RJ: 2AB, 2003. 73 p.
VILLAS-BOAS, André. Produção gráfica para designers. 3ª ed. rev. atual. e ampl.
Rio de Janeiro, RJ: 2AB, 2010. 191 p. (Série Oficina).
ENTREVISTA 1
Lindsey Kuhn - Cartaz 2004
Via facebook messenger em 14/08 de 2017
ENTREVISTA 2
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ENTREVISTA 3
Justin Hampton - cartaz 2008
Por facebook messenger em 20 de julho de 2017
Fonte do contato - www.justinhampton.com
ENTREVISTA 4
Phibeas X. Jones - cartaz 2010
Por facebook messenger em 18 de junho de 2017
Fonte – www.octophant.us
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ENTREVISTA 5
Billy Bauman do estúdio Delicious Design League – Cartaz 2012 - 1
Por email em 24 de julho de 2017
Fonte do contato: www.deliciousdesignleague.com
taken up with type that is just stuck at the bottom, so coming up with an idea where
all the copy could be included into the illustration was important to me.
ENTREVISTA 6
ENTREVISTA 7
ENTREVISTA 8
ENTREVISTA 9
My real name is Jack and that's why you are getting this reply from me and this email
address, and not Billy - which is my other art style so I go by the name Billy Tokyo for
that style.