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E-BOOK

COVID-19

teleatendimento
fonoaudiológico em
leitura e escrita

ORGANIZADO POR
SIMONE APARECIDA CAPELLINI
BIANCA DOS SANTOS
ALEXANDRA BEATRIZ PORTES DE CERQUEIRA-CÉSAR
978-65-87733-02-9
LABORATÓRIO DE
INVESTIGAÇÃO DOS DESVIOS
DA APRENDIZAGEM

DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA
UNESP - FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
COORDENADORA: PROFA. DRA. SIMONE APARECIDA CAPELLINI
VICE-COORDENADORA: DRA. CRISTIANE MOÇO CANHETTI DE
OLIVEIRA

MARÍLIA, 2020
sumário

SIMONE MARIA MAÍRA RENATA


CAPELLINI SAMPAIO ANELLI MORINI

ANDREA THAÍS GRAZIELE


BATISTA CHIARAMONTE KERGES

05 59
CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 4
DIRETRIZES PARA O TELEATENDIMENTO SUGESTÕES PARA A PREPARAÇÃO DE
FONOAUDIOLÓGICO EM LEITURA E MATERIAIS PARA O TELEATENDIMENTO
ESCRITA
Andrea Oliveira Batista
Simone Aparecida Capellini Thaís Contiero Chiaramonte

08 70
CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 5
ORIENTAÇÕES PARA O USO DAS ORIENTAÇÕES E ESTRATÉGIAS PARA O
PLATAFORMAS NO TELEATENDIMENTO MANEJO DO COMPORTAMENTO E
FONOAUDIOLÓGICO ANSIEDADE, E MANUTENÇÃO DE
ATENÇÃO E MOTIVAÇÃO DA CRIANÇA
Maria Nobre Sampaio E/OU ADOLESCENTE EM CONTEXTO DE
TELEATENDIMENTO

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Graziele Kerges Alcantara

CAPÍTULO 3
ESTRATÉGIAS PARA TELEATENDIMENTO
COM ENFOQUE NA LEITURA E NA
ESCRITA
Maíra Anelli Martins
Renata Graziele Morini Albrecht
apresentação
O E-book intitulado Teleatendimento Fonoaudiológico em
Leitura e Escrita é um material elaborado pelos
pesquisadores do Laboratório de Investigação dos Desvios de
Aprendizagem (LIDA) para auxiliar os fonoaudiólogos a
realizarem teleatendimento e telemonitoramento de forma
segura e estruturada.

Os atendimentos fonoaudiológicos em tempos de COVID-19


mudaram a sua configuração e deixaram de ser presenciais
para serem realizados em ambiente virtual. Sabemos que a
oferta e a disposição de tecnologias não significam
necessariamente familiaridade com as mídias eletrônicas e
com o ambiente virtual.

Em pouco tempo, o fonoaudiólogo que tinha planejamentos


terapêuticos estruturados e baseados em evidência científica
para os seus atendimentos presenciais, teve que se
reinventar para transformar e transferir os seus atendimentos
para o ambiente virtual, exigindo destes profissionais, uma
maior flexibilidade e conhecimento antes inimagináveis.

Desta forma, esperamos que durante a leitura deste E-book,


os fonoaudiólogos consigam obter informações e formações
importantes para a continuidade de seu trabalho terapêutico
em ambiente virtual com a mesma qualidade e ética
empregadas no atendimento
presencial, para isso, destacamos além da leitura deste
material com atenção, a necessidade deste profissional se
manter continuamente informados por meio de consultas ao
site do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa) e da
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), pois em
tempos de pandemia as informações devem ser e são
constantemente atualizadas e assim, devem ser acessadas,
conhecidas e reconhecidas.

Boa leitura

Simone Aparecida Capellini


Bianca dos Santos
Alexandra Cerqueira-César

04
capítulo 1
diretrizes para o teleatendimento fonoaudiológico
em leitura e escrita
Simone Aparecida Capellini

O Conselho Federal de Fonoaudiologia A R ecomendação 18-B, de 17 de março de


(CFFa), conforme as diretrizes da Resolução 2020, permite o uso da Teleconsulta e
427/2013, recomenda que em casos Telemonitoramento em Fonoaudiologia,
especiais como uma pandemia a durante os meses de março e abril de
teleconsulta e o telemonitoramento podem 2020, viabilizando a manutenção dos
ser utilizados temporariamente. serviços fonoaudiológicos para a
É importante que as tecnologias de população, frente ao distanciamento
informação e comunicação utilizadas nos social imposto pela pandemia da COVID-19.
teleatendimentos e telemonitoramentos A partir desta Recomendação, tornou-se
obedeçam os parâmetros de verificação, possível realizar a teleatendimento
confidencialidade e segurança diretamente com um paciente, englobando
considerando o que determina a Lei no. ações fonoaudiológicas de orientação,
13.853, de 8 de julho de 2019, que altera esclarecimento de dúvidas, condutas
a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 preventivas e avaliação clínica, prescrição
sobre a proteção de dados pessoais. diagnóstica ou terapêutica.
Entretanto, é imprescindível que a
Resolução CFFa nº 427/2013 legislação vigente seja cumprida, devendo
Art. 2º “Os serviços prestados (…) deverão ser consideradas:
respeitar a infraestrutura tecnológica física, - O Código de Ética da Fonoaudiologia;
recursos humanos e materiais adequados, - A Resolução nº 415 de 12 de maio de 2012,
assim como obedecer às normas técnicas que “Dispõe sobre o registro de
de guarda, manuseio e transmissão de informações e procedimentos
dados, garantindo confidencialidade, fonoaudiológicos em prontuários”
privacidade e sigilo profissional. - A Resolução nº 427 de 01 de março de
Art. 3º “O fonoaudiólogo que presta serviço 2013, que “Dispõe sobre a regulamentação
em telessaúde deve realizar procedimentos da Telessaúde em Fonoaudiologia”;
que garantam a mesma eficácia, - Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, Lei
efetividade e equivalência do atendimento Geral de Proteção de Dados Pessoais
e do ensino presencial”. (LGPD), alterada pela Lei no. 13.853, de 8 de
Art. 8º “As informações que dizem respeito julho de 2019.
Além disto, outros dispositivos e diretrizes
aos pacientes somente podem ser
que regem as boas práticas em
transmitidas a outro profissional com
Fonoaudiologia devem ser respeitadas.
autorização prévia do mesmo ou de seu
representante legal, mediante termo de
consentimento e sob normas de segurança
capazes de garantir a confidencialidade e
integridade das informações”.
ATENÇÃO!
Está prevista multa na LGDP quando ocorre o uso
O Grupo de Trabalho de Telessaúde do indevido de dados sensíveis de pacientes ou
Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), vazamento destas informações. A falta de cuidado
junto a Sociedade Brasileira de na coleta, armazenamento, uso ou descarte dos
Fonoaudiologia (SBFa) emitiram nota dados são considerados uso indevido
esclarecendo dúvidas sobre a teleconsulta
e o telemonitoramento em Fonoaudiologia.

05
O Fonoaudiólogo deve, minimamente, se informar sobre quais soluções atendem protocolos internacionais de
segurança, como o protocolo Health Insurance Portability and Accountability Act (HIPAA compliance). Esta
regulação norte americana estabelece um conjunto de padrões de segurança para proteger informações de saúde.
A American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) discorreu que muitas vezes as plataformas gratuitas
não possuem medidas de criptografia ou segurança necessárias para manter a privacidade, sugerindo plataformas
em conformidade com a HIPAA. Maiores informações podem ser obtidas no site https://blog.asha.org/2020/03/18/5-
few-steps-to-get-started-in-telepractice/
Por meio da Recomendação 18-B o Grupo de Trabalho de Telessaúde do Conselho Federal de Fonoaudiologia
(CFFa), junto a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) orientam que as versões atuais do Skype gratuito, o
Facebook Messenger, o Whatsapp e o Zoom gratuito não atendem o protocolo HIPAA e por isto não são
recomendados para serem utilizados em situação de teleatendimento e telemonitoramento.
As plataformas que atendem o protocolo HIPAA e que são recomendadas para o teleatendimento e o
telemonitoramento são descritas abaixo em ordem alfabética:

· Amazon Chime
· Cisco Webex Meetings / Webex Teams
· Doxy.me
· Google G Suite Hangouts Meet
· GoToMeeting
· HiTalk (oferecido pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, gratuitamente aos associados)
· Skype for Business
· Spruce Health Care Messenger
· Updox
· VSee
· Zoom for Healthcare

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>.Acesso em: 22 out. 2019.

CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Resolução nº 415 de 12 de maio de 2012. Dispõe sobre o registro de
informações e procedimentos fonoaudiológicos em prontuários.

CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Resolução nº 427 de 01 de março de 2013. Dispõe sobre a


regulamentação da Telessaúde em Fonoaudiologia

06
SOBRE A AUTORA
SIMONE APARECIDA CAPELLINI
Fonoaudióloga. Livre Docente em Linguagem Escrita – FFC/UNESP-Marília-SP.
Docente do Departamento de Fonoaudiologia e dos Programas de Pós-Graduação
em Educação e em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências -
FFC/UNESP - Marília-SP. Coordenadora do Laboratório de Investigação dos
Desvios da Aprendizagem (LIDA) do Departamento de Fonoaudiologia –
FFC/UNESP -Marília-SP. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Coordenadora do Departamento de Fonoaudiologia Educacional da
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) gestão 2020-2022.

07
capítulo 2
orientações práticas para o teleatendimento
fonoaudiológico
Maria Nobre Sampaio

Como funcionam as plataformas mais utilizadas para o teleatendimento?

Existem diversas plataformas que podem ser utilizadas para o telatendimento, com recursos semelhantes, que se
tornam um grande aliado a continuidade dos atendimentos fonoaudiológicos de modo virtual.
Neste capítulo serão descritas algumas plataformas que podem ser utilizadas no momento atual em contexto de
teleatendimento. As plataformas citadas podem apresentar variações devido as suas versões ou atualizações, e
podem diferir em layout, design ou ícones de comandos. Portanto, optamos por apresentar os recursos básicos de
cada plataforma.

1. ZOOM (www.zoom.us)

O Zoom é um serviço de videoconferência que você pode usar para se encontrar virtualmente com outras pessoas,
seja por vídeo, somente áudio ou ambos, durante a realização de bate-papos ao vivo. Este aplicativo de software
pode ser utilizado em computadores, tablets e/ou celulares (Android ou IOS). Possui a versão gratuita e paga.
Apenas a versão paga é indicada por atender o protocolo HIPAA
Como ferramentas utilitárias, é possível ter acesso ao chat para enviar mensagens por escrito durante a sessão,
enviar documentos, assim como compartilhar sua tela e áudio com o paciente

08
Para iniciar o compartilhamento de tela, clique no comando “share screnn”, localizado na barra de ferramentas da
reunião em andamento. Em seguida, escolha a tela que deseja compartilhar. É possível escolher um aplicativo
individual que já esteja aberto em seu computador, na área de trabalho, um quadro branco ou um
iPhone/iPad. Após a seleção, clique em “share screnn” novamente para que o compartilhamento seja iniciado.
Opcionalmente também é possível compartilhar áudio (“share computer sound”) e/ou vídeoclipe em tela cheia
(“optimize for full screen vídeo clip”). No compartilhamento de áudio, qualquer som tocado por seu computador
será compartilhado na reunião. No compartilhamento de videoclipe há a possibilidade de perda de qualidade da
imagem.

Ao iniciar o compartilhamento da sua tela, os controles da reunião irão mudar para um menu, que pode ser
arrastado pela tela para melhor posicionamento.

Por meio dos controles da reunião, é possível ligar ou desligar seu microfone (“mute”), visualizar ou gerenciar os
participantes da sessão (“manage participantes”), iniciar ou interromper seu vídeo (“pause share” ou “stop share”) e
iniciar um novo compartilhamento de tela (“new share”). No arquivo compartilhado é possível fazer anotações
(“annotate”) ou edições, por meio das ferramentas disponíveis neste comando, como mouse, selecionar (“select”),
texto (“text”), desenhar (“draw”), holofote (“spotlight”), borracha (“eraser”), formatar (“format”), desfazer (“undo”),
refazer (“redo”), limpar (“clear” e salvar (“save”).

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Por fim, no último comando localizado a direita (“more ...”), você visualizará demais opções, como abrir janela de
bate-papo, convidar outras pessoas, iniciar gravação, desabilitar anotações por parte dos participantes, opções de
áudio e configurações de vídeo.

2. Google Hangouts (www.hangouts.google.com)

Trata-se de uma plataforma de comunicação por videoconferência do Google e compatível com os principais
navegadores, como Chrome, Safari, Firerfox e Mozzila, bem como para os sistemas Android e IOS. A utilização do
Hangouts não requer instalação de programas, pois permite reuniões online direto no próprio browser de forma
intuitiva. A plataforma permite trocar mensagens online (“message”), efetuar ligações telefônicas (“phone call”) e
fazer vídeochamadas (“vídeo call”) com até 25 pessoas. Para utilizá-la é necessário ter uma conta no Google.
Faça login ou crie sua conta para ter acesso a plataforma. Na própria página inicial do Google é possível acessar o
Hangouts por meio do ícone “google apps” localizado no canto superior direito.

Para iniciar uma sessão online por vídeo, basta acessar a plataforma e clicar no ícone “Vídeochamada”, permitir o
acesso que será solicitado ao microfone e câmera do computador. Em seguida, você deverá informar o endereço
de e-mail do seu paciente para convidar ao encontro online e enviar solicitação. Outra opção para convidar alguém
para a vídeochamada é pelo link da sessão. Basta clicar em “copie o link para compartilhar” e enviar por outros app
de conversa instantânea, como whatsapp, messenger, entre outros ou por e-mail. A pessoa receberá o link e, ao
clicar, entrará automaticament na vídeochamada.

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Durante a vídeochamada é possível enviar mensagens escritas, ativar ou desativar áudio e câmera, bem como
compartilhar sua tela. O compartilhamento de tela só é possível usando-se o computador e no IOS (Iphone e iPad),
indisponível ainda para dispositivo móvel Android.
Para conseguir compartilhar a tela é necessário, após início da vídeochamada, clicar no ícone opções, representado
por três pontos em vertical, no canto superior direito. Selecione a opção “compartilhar tela”.

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Abrirá uma janela com opções para selecionar o que deseja compartilhar. É possível também selecionar
compartilhamento de tela inteira (“tela cheia”) ou uma janela específica. Caso você queira compartilhar algum
arquivo que tenha preparado para o paciente (por exemplo no PowerPoint) ou algum site específico, é necessário
que previamente já deixe o arquivo ou site aberto e minimizado na sua barra de tarefas da área de trabalho. Isso é
importante para que, quando você iniciar o compartilhamento de tela, a opção do que deseja compartilhar esteja
disponível.

É sempre indicado que você permita notificações quando solicitado, pois, desta forma, você conseguirá visualizar
enquanto sua tela está sendo compartilhada ou não, visando resguardar a sua privacidade ou possíveis
esquecimentos. Para encerrar o compartilhamento, basta clicar no comando “parar” (“stop”).

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3. Skype (www.skype.com/pt-br)

O Skype é um software da Microsoft muito conhecido e utilizado para fazer chamadas de vídeo e voz, enviar
mensagens instantâneas e compartilhar arquivos com outras pessoas. Pode ser utilizado nos principais
navegadores, bem como compatível ao sistema Android e IOS. Para utilizar o recurso, é necessário que todos
tenham cadastro na plataforma. Possui a versão gratuita e paga. Apenas a versão paga é indicada por atender o
protocolo HIPAA.
Para utilizá-lo, inicialmente, é necessário entrar no site para realizar o download e a instalação do programa em seu
dispositivo. Em seguida, deve-se criar uma conta no item “cadastrar”. A partir do cadastro realizado você terá um
“nome skype" que pode ser utilizado para seus pacientes te adicionarem. Para descobrir qual o seu “nome Skype”,
clique no ícone “mais opções”, representado por “...” que se localiza na barra de ferramentas (lado esquerdo, canto
direto). Depois, clicar em “configurações”. Abrirá uma janela com diversas opções. Em “conta e perfil” é possível
verificar seu “nome Skype”.

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Para adicionar contatos, basta clicar no ícone “contatos” (lado esquerdo, superior). Depois, logo abaixo, em “novo
contato”. Abrirá uma janela com três opções: “localizar contatos”, “convidar para o skype” e “adicionar um número
de telefone”. Insira umas das opções acima sobre do seu paciente em “localizar contatos” e clique em “adicionar”. A
outra pessoa receberá uma solicitação para “aceitar contato mútuo” entre vocês.

O Skype permite trocar mensagens online, efetuar ligações telefônicas e fazer vídeochamada com várias pessoas ao
mesmo tempo (em modo “Reunião”).
Para iniciar o teleatendimento com seu paciente é necessário adicioná-lo aos seus contatos, procurar o contato
adicionado no menu localizado a esquerda e clicar. Abrirá, em tela maior, o “chat” relacionado a este contato. No
canto superior a direita, você verá três opções de comunicação: vídeochamada (ícone filmadora), chamada de
áudio (ícone telefone) e adicionar pessoas para a mesma chamada. Para iniciar a vídeochamada, clique no ícone da
filmadora e assim que o paciente aceitar, a chamada em vídeo é iniciada.

Durante a vídeochamada, na barra inferior aparecerá alguns comandos. É possível ativar ou desativar o áudio e
vídeo, encerrar a chamada (ícone de telefone vermelho), trocar mensagens escrita (ícone chat), compartilhar tela e
áudio (ícone de quadradinhos sobrepostos), mandar reações (ícone coração) e “mais opções”, representado por três
pontos.

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Para compartilhamento de tela, clique no ícone de quadradinhos sobrepostos, ou também é possível em “mais
opções”, clicando em “compartilhar tela”. Abrirá uma janela para confirmação da ação. Para somente compartilhar
a tela do seu computador, clique em “iniciar compartilhamento”. Caso deseje compartilhar a tela e também o
áudio do seu computador, antes mova a bolinha para a direita para ativar o “compartilhar som do computador” e,
em seguida, clique em “iniciar compartilhamento”. Esta janela se fechará e o paciente começará a ver tudo que
optar por abrir em seu computador (como arquivos, sites apps, etc).

Ainda em “mais opções”, o Skype também permite que arquivos sejam anexados e enviados, pessoas sejam
adicionadas, foto instantânea e gravação da chamada sejam realizados. Tanto a foto instantânea, quanto a
gravação, quando utilizados, ambas as pessoas da chamada recebem o arquivo automaticamente no chat, que
ficará disponível por até 30 dias. Ao acionar a opção “gravação”, a outra pessoa da chamada é notificada com
relação a isso e o ícone representante fica disponível para ambos no canto superior esquerdo, indicando também o
tempo de gravação e o botão para encerrar a gravação.

Outra ferramenta interessante do Skype que auxilia na organização do teleatendimento é a possibilidade de


“agendar chamada”. Você pode previamente agendar uma chamada para a data e hora estipulado para todos os
pacientes. Ambos receberão um lembrete do compromisso agendado. Para tanto, basta entrar no chat referente
ao seu paciente e, na barra de ferramentas localizada no inferior da tela, clicar em “mais opções”.

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Selecione “agendar uma chamada” e uma janela se abrirá para preenchimento dos dados referente a esta
chamada futura, como data, hora e tempo de lembrete. Após preenchimento, clique em “enviar”.

Vale ressaltar que é possível utilizar o Skype sem necessariamente baixar o programa/app, como acima
mencionado. É possível realizar ou aceitar uma vídeochamada diretamente do site oficial do Skype. No entanto,
esclareço que nesta opção, sem o uso do programa específico, não há a possibilidade de compartilhar a sua tela
com a outra pessoa.
Outro ponto a destacar é sobre o compartilhamento de áudio. Nas opções de plataformas apresentadas, todas
apresentam a opção de compartilhamento de som. Este recurso é muito auxiliador durante os atendimentos
fonoaudiológicos, pois possibilita que estratégias que utilizem estimulação auditiva possam ser realizadas. No
entanto, é preciso compreender que este recurso nem sempre será eficaz, uma vez que depende da qualidade do
sistema de som do computador que está compartilhando, para que se reproduza com qualidade até o paciente.
Muitas vezes o áudio compartilhado pode ficar baixo, mesmo estando, para ambos, em volume máximo. Para
contornar possíveis imprevistos como esses, uma sugestão é usar caixa de som externa conectadas ao computador
e/ou então recomendar que o paciente use fones de ouvido.

Quais recursos posso utilizar para elaborar minhas sessões de terapia?

Diante da impossibilidade do atendimento presencial, onde podemos contar com o auxílio de recursos concretos
(livros, jogos, etc) para o nosso manejo clínico, para o teleatendimento é necessário nos “reiventarmos” enquanto
fonoaudiólogos para conseguirmos elaborar nossas sessões, sendo fiel ao objetivo terapêutico e recursos
tecnológicos disponíveis para garantir a qualidade do nosso atendimento.

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Muitas vezes a maior dificuldade está em entender e manusear as ferramentas mais tecnológicas, uma vez que não
fazia parte do cotidiano da maioria dos fonoaudiólogos (pelo menos até o presente momento) elaborar suas
estratégias utilizando recursos digitais. Tais recursos sempre foram presentes na nossa área de aprendizagem,
leitura e escrita, mas geralmente mais utilizados como uma estratégia extra ou complementar ao trabalho
realizado de forma presencial.
Frente ao novo desafio imposto pela pandemia, precisamos ir além com o nosso raciocínio clínico, pois nossas
estratégias e manejo terapêutico online devem ser capazes de atingir ao paciente de forma responsável, atrativa e
motivadora e garantir o cumprimento do planejamento terapêutico de forma ética e eficaz.
Desta forma, a seguir serão descritos alguns recursos digitais que podem ser nossos aliados na elaboração das
sessões de teleatendimento.

1 - WordWall (https://wordwall.net/pt)

Refere-se a um site educacional criado para auxiliar professores a elaborar estratégias educacionais, em formato de
jogos, que possam ser impressas e/ou executadas em computadores, tablets ou smartphone.
O site tem a versão gratuita ou paga. Na versão gratuita, é disponibilizado ao usuário (mediante cadastro) a
elaboração de até 5 atividades, porém, nem todos os modelos estão disponíveis nesta opção.

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Após cadastro no site (optando ou não pela versão paga), a criação de uma estratégia exige um clicque em “criar
atividade”, localizado na barra superior. Em seguida, o terapeuta deve escolher qual o modelo de jogo que quer
utilizar.

Para ficar mais didática nossa explicação, descreveremos o passo-a-passo necessários para elaborar uma estratégia
utilizando o modelo “Estouro de Balão”.

Após a escolha do modelo, uma janela se abrirá para preenchimento do estímulo (palavra-chave) a ser utilizado. É
possível inserir palavras escritas com letras minuscúlas ou maicúsculas, assim como inserir imagem.

Para inserir, basta clicar no ícone representado como foto e uma nova janela se abrirá com opções de busca, que
poderão ser online (navegador Bing) ou do seu proprio arquivos. Para usar a opção de busca, escreva o “nome da
figura” e clique na “lupa”. Para inserir figuras salvas no seu computador, clique em “carregar”.

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Ainda nesta fase da elaboração, é possível inserir palavras, trocar a ordem das colunas, a ordem de apresentação ou
excluir algum item. Terminado o preenchimento, clique em “feito” para que sua atividade seja salva.

Em seguida, será aberta uma nova janela. Neste momento, você ainda consegue modificar outros padrões, como
velocidade, cronometro, tempo extra, pontuação e mostrar respostas ao final. Caso algo tenha saído errado ou
queira incluir/excluir algum item, basta clicar em “editar conteúdo”. Para utilizar a estratégia criada, basta expandir
a tela e clicar em “começar”.
Outro opção interessante e prática do Wordwall é a possibilidade de utilizar os mesmos estímulos (palavras-chaves
e figuras) em outro modelos, sem ter a necessidade de digitar tudo novamente. Para isso basta clicar em “alternar
modelo” que a nova estratégia interativa se abrirá.

Há também a opção de compartilhar a estratégia elaborada. Para isso, clique em “compartilhar” e uma janela com
duas opções de compartilhamento será aberta.

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Ao escolher a opção “tornar público”, sua estratégia ficará disponível no site e pode ser localizado em “comunidade”.
Inclusive, em meio a essa pandemia em que vivemos, ocorre um movimento colaborativo de compartilhamento de
estratégias para teleatendimento fonoaudiológico e o site do Wordwall é um dos recursos onde os profissionais
estão disponibilizando suas criações já prontas para acesso público.
Ao escolher a opção “definir atribuição”, é possível compartilhar a estrategia elaborada diretamente, por meio de
um link que é criado. Uma janela será aberta para definir o título, opção de entrada (anônimo ou por nome) e prazo
disponível para a estratégia ficar disponível. Finalizado este preenchimento, clique em “continuar”. Na janela
seguinte está disponível um link referente a estratégia. Você pode encaminhar este link para alguém por e-mail,
whatsapp, messenger, entre outros. A pessoa receberá e ao clicar no link, a estratégia se abre automaticamente
para ser realizada em computador, tablet ou smartphone.

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2 - StoryboardThat (www.storyboardthat.com)

Este é um site educacional cujo um dos recursos é a criação de estórias, semelhante ao formato de estórias em
quadrinhos. O site é pago e sua demonstração gratuita é bem reduzida. Apesar do site todo estar em inglês (sem
opção de mudança de idioma), podemos criar estórias em português.
Para ter acesso é preciso realizar o cadastro. Após isso (selecionando ou não a opção paga), na página inicial clique
em “create a storyboard” para criar uma estória. Uma janela será aberta com diversas opções de número de
quadros, de cenários (“scenes”), pessoas (“characters”), balões de fala (“textables”), formas (“shapes”), infográficos
(“infographics”) entre tanto outros. Para inserir é só selecionar e arrastar até um dos quadros abaixo.

Finalizada a criação da estória, você deve salvar clicando em “save”, que está na barra inferior da tela, uma janela
será aberta e então, será solicito um título (“title”) e uma descrição opcional da esstória (“description”) e, em seguida,
o terapeuta deverá clicar em “save storyboard”. A próxima janela se abrirá com sua estória na íntegra, bem como
opções de comando abaixo, onde destacamos a possibilidade de editar (“edit”), imprimir (“print”), download (em
imagem ou PDF) e apresentação (“slide show”).

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3 - Make it (aplicativo disponível em Android e IOS)

Este aplicativo educacional se destina a auxiliar na elaboração de jogos, testes, atividades e estórias. É possível jogar
e compartilhar suas criações. O aplicativo é pago e sua versão gratuita é bem reduzida, onde somente duas
criações é permitida.
O aplicativo já dispõe de opções de temas, modelos de atividades, bem como recursos de inserir figuras do próprio
armazenamento do aplicativo ou por busca online.

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Após finalizada a criação da sua estratégia, é possível compartilhar por meio de um código de acesso ou link
disponibilizado. No ícone “compartilhar” é possível enviar diretamente por e-mail, whatsapp, messenger, entre
outros. Para que a outra pessoa possa ter acesso a sua estratégia, é necessário que ela também tenha o app
instalado.

4 - PowerPoint (Pacote Office)

O Microsoft PowerPoint é um programa amplamente conhecido e utilizado para criação/edição e exibição de


apresentações gráficas. Atualmente é o recurso mais utilizado entre os fonoaudiólogos para elaborar suas sessões
de terapia, justamente pela possibilidade de deixá-la mais dinâmica, atrativa e motivadora para o paciente
durante o teleatendimento.
As apresentações no PowerPoint são realizadas por slides onde podem ser incluídos conteúdos, da mesma forma
que podem ser editados ou aprimorados. Para tanto, na barra acima no programa é destinada a inúmeras
ferramentas para melhorar a edição e a criação da sua apresentação em slides.
O programa PowerPoint pode variar em recursos disponíveis em função da versão instalada. Para compreender
isso, é necessário esclarecer que Microsoft Office é um grupo de aplicações utilizado em computadores com
sistema operacional Windows.
O pacote é constituído por planilha de cálculos (Excel), editor de textos (Word), apresentações gráficas
(PowerPoint), banco de dados (Access), e-mail (Outlook) e outros. O pacote é constantemente atualizado e
também conta com uma versão paga. Basicamente, as versões diferem em mais ou menos recursos disponíveis,
como também em layout e design. Portanto, apresentaremos aqui as ferramentas básicas pertencentes a todas as
versões. No entanto, poderá haver algumas diferenças nos ícones de comando ou sua localização, pois os print
abaixo foram tirados da versão Office 365 Personal.
A barra é dividida por categorias de ferramentas para compor a apresentação em slides, as quais são: arquivo,
inicial, inserir, desenhar, design, transições, animações, apresentação de slides, revisão, exibir e ajuda.

Em Arquivo você consegue abrir um novo modelo em branco (“novo”), abrir um modelo já existente e salvo no seu
computador (“abrir”), salvar sua apresentação (“salvar” e “salvar como”), bem como imprimir (em slides),
compartilhar (geralmente por e-mail) ou exportar para formatos diferentes (pdf, gif, vídeos, entre outros).
Para uma apresentação básica de slides, em página Inicial você consegue inserir novos slides sempre que
necessário, bem como, definir o layout, ou seja, a forma como você quer apresentar os slides.

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Após a escolha do layout e design dos slides, insira imagem ou texto clicando em “inserir”. Para imagens, você terá a
opção de selecionar alguma imagem salva no seu computador, imagens do próprio programa do PowerPoint ou
por busca online. Outra forma prática e mais rápida de inserir uma imagem no slide é copiá-la anteriormente
(Ctrl+C) e depois colar (Ctrl+V) no slide. Pode-se usar também os comandos do mouse para a mesma finalidade.

Em Design é possível, modificar o slide com modelos disponíveis pelo programa, modificar algumas tonalidades
(“variantes”) definir o tamanho do slide, modificar o fundo do slide (“formatar tela de fundo”) e em algumas versões,
a ferramenta “ideias de design” apresenta alguma opção a escolher.

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Após escolha do layout e design dos slides, para inserir imagem ou texto basta clicar em “inserir”. Para imagens,
você terá a opção de selecionar alguma imagem salva no seu computador, imagens do próprio programa do
PowerPoint ou por busca online. Outra forma prática e mais rápida de inserir uma imagem no slide é copiá-la
anteriormente (Ctrl+C) e depois colar (Ctrl+V) no slide. Pode-se usar também os comandos do mouse para a mesma
finalidade.

Para inserir texto, ainda na ferramenta “inserir”, clique em “caixa de texto”. Com essa ferramenta selecionada, vá
para o slide e com o auxílio do mouse você vai abrir uma caixa onde poderá digitar nela. Após digitar o conteúdo,
selecione a caixa de texto e volte para a ferramenta “página inicial”. Será possível modificar o tipo de letra, tamanho,
cor, direção, usar negrito, itálico, sublinhado, grifo colorido, entre tantas outras opções.

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É possível que os slides tenham efeitos ao serem passados. Para isso, basta clicar na ferramenta “transições” e
escolher o tipo de efeito que deseja e ele será aplicado para a transição de todos os slides.

Para inserir efeitos de animações em figuras ou textos inseridos no slide, selecione o objeto a colocar o efeito e
clique na ferramenta “animações”. As animações podem ser de entrada (aparecer), ênfase (dar destaque) ou saída
(tirar o objeto animado). Escolha e selecione o efeito de animação desejado e automaticamente a animação será
inserida.

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Caso você queira que o mesmo objeto (figura ou texto) tenha mais de uma animação, como por exemplo
“aparecer” ao clicar e depois “sair” no próximo clique, você deve selecionar a ferramenta “adicionar animação”, ainda
dentro da ferramenta “animações”. Selecione o objeto, escolha a primeira animação (como explicado
anteriormente), depois clique em “adicionar animação” e escolha a próxima animação que será colocada no
mesmo objeto.

Você perceberá que no objeto selecionado aparecerão dois quadradinhos com números indicando que está com
animações. Para definir a ordem que as animações devem ocorrer, clique em “painel de animações”. Irá abrir, ao
lado direito, todos os itens selecionados para animação. Selecione a animação que queira no painel e depois clique
em “disparar”. Esta ferramenta irá te auxiliar para definir a ordem e os comandos que deseja para que aquela
animação ocorra.
Ainda em “animações” é possível definir se o objeto animado (seja ele com uma animação só ou com demais
incluídas) irá “iniciar”, que pode ser ao “clicar” na tela ou “com o anterior” ou “pós o anterior”. Também é possível
definir o tempo de duração da animação.

27
Após elaborar os slides da sua sessão, use o modo “apresentação” para que todos os efeitos sejam possíveis de
ocorrer. Para isso, há três opções de comando que iniciam sua apresentação em tela cheia. Pode ser localizado na
barra superior ao lado esquerdo, na ferramenta “apresentação de slides” e depois clicar em “do começo” ou
localizado na barra inferior ao lado direito.

Em modo apresentação, ao passar o mouse próximo ao canto inferior esquerdo, aparecerá algumas opções de
ferramentas que você pode utilizar durante o modo de apresentação. As ferramentas disponíveis são “setas” (para
avançar ou voltar os slides), “caneta”, “modo de apresentação” (mostrará todos os slides em menor tamanho ao
mesmo tempo) “lupa” (para aumentar e conseguir dar destaque a algo específico do slide), “legenda” e “mais
opções” representado por três pontos.

Dentre estas ferramentas, destacamos a “caneta” por apresentar diversas opções de recursos e cores para ser usado
durante a sessão. A opção “legenda” funciona por meio do microfone do seu computador, onde irá transcrever a
fala à medida que as pessoas forem falando. Apesar desta ferramenta ser muito interessante por propiciar
diferentes formas de estimulação, vale ressaltar aqui que ela não funciona perfeitamente ou de modo natural.
Muitas vezes a legenda capta todos os sons além da sua fala, resultando em escritas errôneas ou com atraso. Para
que ela ocorra de modo mais satisfatório, o uso de microfone específico conectado ao computador (ou fones de
ouvido com microfone) pode ajudar, além de uma fala mais pausada, o que pode comprometer a naturalidade da
comunicação. Por fim, em “mais opções” é possível modificar alguns comandos anteriores, bem como encerrar a
apresentação.

28
O PowerPoint ainda fornece outros recursos interessantes e bastante úteis para a nossa prática, como as
ferramentas relacionadas a formas e ícones (em “inserir”), canetas, marcadores, lápis e borracha em diversas cores e
tamanhos (em “desenhar”), assim como a possibilidade de incluir vídeos salvos ou online, áudio salvo ou gravação
com a sua própria voz e gravação da tela (todos em “inserir” e depois “mídia”)

Em suma, é evidente que o programa PowerPoint é um recurso rico em ferramentas auxiliadoras e que ainda
proporciona inúmeros recursos não mencionados. Para conseguir compreender toda a funcionalidade do
PowerPoint seria necessário um e-book somente para este tema. Recomendo, aos interessados, que procurem
aprimorar sua habilidade em utilizar o Powerpoint para cada vez mais melhorar a qualidade dos teleatendimentos.
Para isso, a internet conta com diversos sites de orientação e tutoriais no Youtube de fácil acesso.

5 - Compartilhar a tela do celular

Outro interessantíssimo recurso que podemos lançar mão é a possibilidade de compartilhar a tela do seu celular
com o computador/notebook. Dessa forma, você conseguirá utilizar os aplicativos instalados com seus pacientes.
No entanto, vale lembrar que o paciente não conseguirá manipular os comandos, mas não deixa de ser um recurso
rico em oportunidades.
Para compartilhar a tela do seu celular (Android ou IOS) primeiro você deve localizar no seu computador/notebook
o programa “conectar” ou similar. Para encontrá-lo, basta digitar o espaço de busca, localizado no canto inferior
esquerdo. Ao clicar em “conectar”, uma tela abrirá automaticamente informando o código a ser localizado pelo seu
celular.

29
Agora você deve procurar no seu celular o comando referente ao compartilhamento, que geralmente é o mesmo
para computadores ou aparelhos de TV. Para o sistema Android pode ser nomeado, por exemplo, como “playTo” ou
“Smart View” e no Iphone como “espelhar a tela”.

Em seguida, o seu celular irá buscar conexão disponível e localizará seu computador, identificando o mesmo
código de acesso para ambos. Conexão feita, automaticamente a tela do seu celular já aparecerá no seu
computador. Caso queira usar demais recursos do computador, basta minimizar a janela do “conectar” e, da
mesma forma, ao clicar na janela (localizada na barra inferior de ferramentas) você volta a visualizar seu celular pela
tela do computador.
Todo o comando deve ser feito pelo celular, ou seja, para abrir aplicativos ou digitar, você deve manusear o seu
celular e não o mouse do computador.

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Este recurso acaba sendo de grande valia por proporcionar a utilização de aplicativos não disponíveis no sistema
Windows, bem como em deixar nossa terapia mais atraente ao paciente (com a tela expandida e cheia de recursos
visuais e de animação), como no exemplos abaixo utilizando os aplicativos “domdislexia”, “craque de leitura” e
“stop”, respectivamente.

Portanto, para conseguir realizar uma sessão utilizando o compartilhamento de tela do celular, basta seguir as
instruções iniciais deste capítulo. Sugiro que, previamente você já conecte o seu celular com o computador e
selecione o aplicativo que queira usar naquela sessão. Minimize a janela, abra a plataforma de vídeochamada de
sua preferência (como Skype, Zoom, etc), inicie a chamada de vídeo com seu paciente e compartilhe a tela do seu
computador. Em seguida, clique na janela “conectar” e o seu paciente conseguirá visualizar o seu celular durante o
atendimento.

31
Lembre-se que nem sempre o som do seu computador alcançará plenamente o seu paciente, portanto aqui
também sugiro o uso de caixa de som externa ou que seu paciente use fone de ouvido.
Para desconectar o seu celular do computador, basta clicar novamente no comando referente ao
compartilhamento no celular (“playTo”, “Smart view”, “espelhar a tela”, etc) e desativar (ou desconectar). A partir
desse momento, você deixa de compartilhar a tela do seu celular com o computador.

É importante lembrar também que, dependendo da marca e/ou modelo dos aparelhos eletrônicos envolvidos,
pode haver diferenças em alguns comandos citados ou até mesmo a impossibilidade de compartilhamento da tela
do celular com o computador. Caso seu computador/notebook não tenha essa acessibilidade, você pode instalar
programas ou aplicativos específicos (gratuitos ou não) que consigam executar. Como exemplo, cito o aplicativo
pago “X-Mirage” que conta com uma versão de teste gratuito por sete dias e foi bastante funciona para esta
finalidade.

Considerações finais

Neste novo cenário que estamos vivenciando de isolamento físico e social, a proposta deste capítulo foi auxiliar
com orientações básicas e práticas sobre a implementação e continuidade dos teleatendimentos para que você,
assim como eu, também se “reinvente” enquanto fonoaudióloga(o) visando sempre o bem estar dos nossos
pacientes.

32
Agradecimentos: Gostaria de agradecer as valiosas contribuições das fonoaudiólogas Anna Alice dos
Santos Leite e Gabriela Borges Paiva.

SOBRE A AUTORA
maria nobre sampaio
Fonoaudióloga. Mestra e Doutora em Educação. Pós-Doutoranda em
Fonoaudiologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
FFC/UNESP – Marília – SP. Bolsista de Pós-Doutorado do CNPq. Especialista em
Linguagem e em Fonoaudiologia Educacional pele Conselho Federal de
Fonoaudiologia. Membro do grupo de pesquisa do CNPq "Linguagem,
Aprendizagem, Escolaridade" da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade
Estadual Paulista – FFC/UNESP.

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capítulo 3
estratégias para teleatendimento com enfoque na
leitura e na escrita
Maíra Anelli Martins
Renata Graziele Morini Albrecht

Neste capítulo serão abordadas estratégias para serem utilizadas no teleatendimento com escolares com
dificuldades na leitura e na escrita.
Iniciamos com a reflexão de que intervir com crianças e adolescentes na área da aprendizagem,
independentemente de ser na modalidade presencial ou online, exige do profissional uma etapa imprescindível
para atingir o sucesso — o planejamento. Embora o foco deste capítulo não seja discorrer a respeito do processo de
avaliação, reforça-se que esta etapa é determinante para o planejamento terapêutico e é a partir dela que as metas
serão traçadas a curto, médio e longo prazo.
Ressalta-se também a importância do planejamento, pois se as habilidades adequadas ou alteradas forem
avaliadas adequadamente e observadas pelo profissional com cuidado, as estratégias e os meios se tornarão
secundários e, com alguns ajustes e manejos, os objetivos serão alcançados eficientemente.
A escolha da plataforma para o teleatendimento deve ser realizada com base na Health Insurance Portability and
Accountability Act – HIPPA (Department of Health and Human Services, 1996), uma organização que fornece
padrões de privacidade e segurança para proteger a confidencialidade das informações de saúde do paciente. Por
isto, ao escolher a ferramenta para o teleatendimento, escolher de preferência produtos de comunicação por vídeo
compatíveis com a HIPAA. Além disso, sugere-se que com a ferramenta escolhida seja possível o
compartilhamento de tela, de preferência que contenha a opção de interação do terapeuta e do paciente, ou seja,
as duas partes poderão efetuar ações na tela simultaneamente.
A seguir descreveremos estratégias e ferramentas tecnológicas que poderão ser utilizadas com um exemplo de
objetivo terapêutico para cada. Obviamente as ferramentas permitem trabalhar outros objetivos e podem se
modificar dependendo da necessidade.
Cada estratégia será apresentada na sequência com o objetivo, a ferramenta tecnológica utilizada e o passo a
passo incluindo as etapas a serem realizadas antes do uso da ferramenta tecnológica propriamente dita, durante o
uso e posteriormente com atividades complementares, a fim de visualizá-las didaticamente e obter a melhor
aplicação e ampliação de estratégias por meio da ferramenta.

1 - RESUMOS E VÍDEOS ANIMADOS

a) Objetivo: compreender textos por meio da estratégia de resumir com auxílio de vídeos animados.
b) Ferramenta: https://www.animaker.co/
c) Passo a passo: este site permite a criação de diversos tipos de vídeos com opções gratuitas e disponibiliza um
tutorial completo de como produzi-los. Após fazer o cadastro, selecione “comece agora”. Escolha o plano, a
categoria desejada e um modelo de vídeo, como nas imagens a seguir:

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1 - Acesse o site e clique em “comece agora”, conforme Figura 1

Figura 1 - Tela inicial do site Animaker

2 - Selecione qual plano deseja e categoria, de acordo com a Figura 2

Figura 2 - Site Animaker e suas opções de planos e categorias

O exemplo a seguir será com um vídeo na categoria “Educação” e com o vídeo “Os dez principais fatos”, utilizando o
Texto “O planeta Marte” do Programa de intervenção gratuito de fluência para escolares brasileiros (HELPS-PB)
(Begeny, Capellini & Martins, 2018). Como visualizado no exemplo abaixo (Figura 3 e Figura 4), pode-se ir
selecionando os itens que deseja modificar. O site é intuitivo e montar o vídeo pode ser um momento prazeroso
para o paciente, motivando-o na atividade.

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Figura 3 - Tela do site mostrando indicação de configurações sendo aplicadas a construção de um vídeo

Figura 4 - Tela do site mostrando configurações sendo aplicadas em um vídeo

Ao final, o terapeuta publica o vídeo no YOUTUBE (opção gratuita) e o escolar pode acessar e compartilhar com os
familiares ou colegas. O vídeo feito no exemplo você encontra no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?
v=DFTwTkR9rs4

d) Encaminhamento da Atividade

ANTES: fazer a leitura do texto e trabalhar com a compreensão do texto, solicitando ao paciente para dizer se
entendeu o texto, fazendo questionamentos e ajudando-o caso seja necessário. Se o paciente apresentar dúvidas é
possível realizar uma busca na internet para que haja uma boa compreensão do texto. Após a discussão, propor
fazer o resumo em um vídeo, selecionando as informações mais importantes e relevantes.

DURANTE: desenvolver o vídeo com o escolar, experimentando as funções e jeitos que facilitem a compreensão e
leitura.

DEPOIS: conversar a respeito da experiência, levantando pontos positivos e negativos. Solicitar ao paciente que
mostre o vídeo para algum familiar e pergunte o que ele entendeu a partir do vídeo.

36
2 - LEITURA DE ENDEREÇOS (RUAS, CIDADES, ESTADOS, PAÍSES) E USO DO GOOGLE MAPS

a) Objetivo: realizar a leitura de nomes de ruas/cidades e estado de lugares onde moram os familiares e/ou artistas.
Esta atividade tem por objetivo trabalhar com a leitura dentro do contexto de atividade necessária para o dia a dia
do indivíduo letrado, que tem a necessidade de localizar-se e saber localizar as pessoas ao qual convive.
A localização por meio de endereços permitirá no futuro que o paciente se locomova sozinho, o que será facilitado
pelo uso do GPS, a partir da ferramenta “google maps”.

b) Ferramenta: Google Maps

c) Passo a passo: acesse o site https://www.google.com.br/maps/ e digite o endereço que deseja procurar e
explorar. Selecionar as opções “satélite” e colocar o boneco amarelo que se encontra no canto inferior direito da tela
no lugar onde aponta o endereço digitado (Figura 5 e 6).

Figura 5 - Página do google maps mostrando endereço pesquisado, e destacando opções oferecidas pelo site

37
Figura 6 - Página do google maps destacando opções de visualizações oferecidas pelo site

Observar a rua e discutir com o paciente se as imagens são atuais, conforme Figura 7.

Figura 7 - Página do google maps mostrando imagem da rua

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d) Encaminhamento da Atividade

ANTES: inicialmente pode-se questionar a criança se ela sabe o endereço dela e se já usou esse tipo de ferramenta.
Fazer uma lista de lugares que o paciente costuma frequentar e/ou lugares favoritos para que possa localizar. Pode
iniciar a lista com lugares na cidade em que reside, e posteriormente cidades ou países que costuma visitar, ou que
já esteve em viagens, colocando a cidade e o respectivo estado caso não sejam do mesmo estado que reside o
paciente. Para buscar o endereço de lugares favoritos por exemplo, utilizar a ferramenta de pesquisa do Google,
podendo fazer a busca pelo nome do estabelecimento comercial, como “Sorveteria América”.

DURANTE: iniciar a atividade pesquisando o endereço da criança no mapa, e posteriormente trabalhar com a lista
de endereços dos lugares frequentados e/ou favoritos, explorando a cidade em que vive. Por fim, ainda pode-se
utilizar a lista de residência dos parentes e amigos próximos, ou até mesmo de artistas.

DEPOIS: solicitar que pesquise endereços de familiares e ou amigos para poder procurar no mapa, como tarefa ou
em uma próxima sessão.

3 - ATIVIDADE DE ESCRITA – TEXTO E ORTOGRAFIA

a) Objetivo: produzir textos e corrigir a escrita ortográfica de palavras, a coesão e coerência do texto com auxílio de
ferramenta tecnológica

b) Ferramenta: Word do pacote Office da Microsoft

c) Encaminhamento da Atividade

ANTES: o paciente deve realizar uma produção textual com uma temática já trabalhada oralmente, tirar uma foto
e encaminhar à terapeuta, a qual deverá digitar o texto conforme ortografia e pontuação do paciente.

DURANTE: o paciente terá acesso ao texto digitado em word, e verá as marcações automáticas em vermelho que
estão indicadas, devendo reescrever as palavras escritas incorretamente, observando os sinais de pontuação,
concordância verbal e nominal que podem estar indicadas, ou serem indicadas pela terapeuta. Para utilizar a
ferramenta do word, pasta deixar ativado na aba Revisão, o item de “Verificar Documento”, responsável por verificar
problemas de escrita, gramática e ortografia. Após a correção, realizar a releitura do texto.

DEPOIS: deixar salva uma versão anterior do texto, e compará-la com a reescrita, por meio de duas janelas abertas
(uma com cada versão).

4 - RESUMOS E MAPA MENTAL

a) Objetivo: resumir e estudar textos por meio do mapa mental

b) Ferramenta: https://coggle.it/

c) Passo a passo: várias ferramentas gratuitas podem ser encontradas com o objetivo de construir mapas mentais
de forma on-line e colaborativa entre duas ou mais pessoas. A ferramenta “Coggle” foi escolhida por sua
simplicidade e facilidade para aprender os recursos.

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1 - Acesse o site e realize um cadastro, clicando em "Registre-se agora" (Figura 8).

Figura 8 - Página inicial do Coggle

2 - Realizar o registro a partir de um e-mail do google ou do outlook (hotmail) (Ver Figura 9).

Figura 9 - Página de login do site Coggle

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3 - Feito o login com seu e-mail e senha, clicar em "Create Diagram", conforme a Figura 10 abaixo.

Figura 10 - Página de construção de mapa mental

4 - Construa seu diagrama clicando no símbolo “+” (que aparece para cada nova palavra-chave ou conteúdo
inserido) para adicionar linhas que ligam o conceito central às demais palavras-chave ou outros conceitos. Dentro
da caixa em que você escrever o novo conceito, pode editar a fonte da escrita, inserir imagens ou símbolos,
conforme pode ser visualizado na Figura 11.

Figura 11 - Site Coggle com indicações e configurações no mapa mental

41
5 - Para aumentar a caixa e consequentemente o tamanho da fonte, basta arrastar com o mouse os dois tracinhos
que aparecem na caixa no canto inferior direito, conforme Figura 12 abaixo:

Figura 12 - Site demonstrando edições nas palavras-chave do mapa mental

d) Encaminhamento da Atividade

ANTES: explorar o que o paciente sabe sobre um mapa mental e quais recursos podem ser utilizados para sua
construção. Explicitar as vantagens de se utilizar o mapa mental para resumir conteúdos e ajudar na memorização.
Realizar a leitura de um texto e trabalhar em conjunto com o paciente na construção de um mapa mental com
ajuda da ferramenta tecnológica proposta.

DURANTE: Abrir o site https://coggle.it/. Explicar para o paciente que um mapa mental segue algumas regras para
sua construção, que irão auxiliar para que o mapa seja efetivo em seus objetivos, ou seja, ajudar na fixação de
conteúdo, além de gerenciar grandes quantidades de informações que precisam ser aprendidas.

Um mapa mental trabalha com palavras-chave, desenhos, cores e símbolos. Com o uso desta técnica de registro
visual e conceitual de informações, se estimulará novas conexões e descobertas sobre a temática enquanto temos
uma percepção geral sobre o texto. Trabalha-se assim nesta atividade informações tanto de macro quanto de
microestrutura textual.
A utilização de palavras-chave e de recursos de vinculação de informações torna os mapas mentais uma estratégia
simples e prática, principalmente quando o indivíduo ainda não domina totalmente a sintaxe da linguagem de
textos e a habilidade de interpretá-los. Sendo assim os mapas mentais tornam-se importantes aliados na educação
especial, como no caso de disléxicos, surdos ou escolares com transtornos de aprendizagem.
Assim, de acordo as dicas e estratégias adaptadas da proposta dos autores Bovo e Hermann (2005), sugere-se os
passos abaixo para a construção de um mapa mental:

· Iniciar pela utilização de um conceito central, e sempre que possível escolher um conceito que possa ser
representado por uma foto, figura ou imagem;
· Utilizar a menor quantidade possível de palavras; dando preferência às palavras-chave, símbolos, códigos ou
ilustrações, ligando-se os termos ou palavras-chaves por linhas, de acordo com sua relação. Também é importante
utilizar diferentes cores para realçar diferentes conexões ou categorizar informações. Outras estratégias como
realces, caixas de texto, setas também ajudam nos agrupamentos de informações. O importante é que o terapeuta
ajude o paciente a planejar o espaço visual, de maneira que se estruture da melhor maneira possível a
compreensão das ideias e a hierarquização da importância das informações, de modo que informações mais gerais
de macroestrutura (conteúdo do texto/tema) fiquem dispostas mais próximas do centro do mapa e os detalhes, ou
informações de microestrutura (as informações a nível local do texto – enunciados constitutivos do texto) sejam
apresentados à medida que se desenha para a parte periférica do mapa;

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· Organizar e reorganizar as conexões no mapa mental de acordo com o espaço e com a estrutura de ideias
que o texto apresenta. Assim poderá selecionar cores para cada estrutura. Por exemplo, para textos informativos —
descritivos (Oakhill, Cain & Elbro, 2017) como o texto “O abacate” do Programa HELPS-PB utilizado neste exemplo
(Begeny, Martins & Capellini, 2018) podemos utilizar as cores para categorizar os diversos aspectos descritivos do
texto, seguindo a estrutura de hierarquia, que melhor se relaciona com a estrutura descritiva do texto informativo,
conforme Figura 13 abaixo.

Figura 13 - Diagrama mostrando exemplo de hierarquia de textos descritivos

[texto]
[texto]
[texto] [texto]
[texto] [texto]

DEPOIS: Retomar o texto a partir do Mapa Mental construído (Figura 14), podendo se realizar uma gravação com
narrativas que descrevem o resumo construído a partir do mapa mental.

Figura 14 - Exemplo de mapa mental do texto "O abacate"

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5 - ESCRITA DE CARTAS NA ERA DIGITAL

a) Objetivo: incentivar a escrita e uso do e-mail como ferramenta de comunicação, aprendendo dessa forma, as
funções de um e-mail, seus recursos e como enviá-lo.

b) Ferramenta: e-mail

c) Passo a passo: acessar um site que ofereça o serviço de e-mail gratuito, como www.gmail.com.

d) Encaminhamento da Atividade

ANTES: explicar ao escolar como funcionam os e-mails, iniciando por como fazer uma conta; funções mais
importantes nos dias de hoje, vantagem de se enviar mensagens para várias pessoas ao mesmo tempo e enviar
arquivos anexados. Esclareça as diferenças de normas ao escrever um e-mail pessoal e profissional, e que a
utilização em empresas é intensa, pois é uma maneira confiável de registrar a comunicação no trabalho. Explique
ainda que este recurso pode servir como um instrumento importante para o exercício da cidadania para cobrar
atitudes de representantes políticos, fazer denúncias ou reclamações em órgãos de defesa do consumidor, entre
outros.

DURANTE: Escrever um e-mail sobre a rotina na quarentena e as diferenças da rotina normal, contando como tem
se sentindo à um parente que mantinha contato físico com frequência, mas que devido ao isolamento social não
estão se encontrando mais. Para ampliar o repertório, mostre sites que possibilitam comunicações por e-mail,
explorando o significado das palavras de uso comum nesse meio, como: usuário, senha, enviar, receber, responder e
anexar.

DEPOIS: para aprender trocar mensagens, a terapeuta pode combinar com os responsáveis pelo paciente para que
escolham um parente ou amigo que esteja disposto a ler e responder ao e-mail dele. Assim, após a resposta do
destinatário, o paciente poderá na próxima sessão escrever mais um e-mail resposta para seu interlocutor.

6 - BILHETES NO WORD

a) Objetivo: trabalhar noção de palavra com alunos pré-silábicos e silábicos alfabéticos com dificuldades em
segmentação.

b) Ferramenta: Word do pacote Office da Microsoft

c) Passo a passo: digite um bilhete sem separar as palavras e peça ao paciente que reescrevam o texto
(EducaRede & Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, 2006). Como no exemplo da Figura 15.

Figura 15 - Exemplo de bilhete da atividade

OiSofia,

Ontemeulembreidevocê!Passeinapadariaeviumadeliciosabolachinadenata.
Trouxealgumaparavocê,poisseiqueésuapreferida!

Esperoquegoste!

UmbeijocarinhodasuaamidaLuísa.

Figura 15. UM BILHETE MUITO ESTRANHO

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7 - ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES PRESENCIAIS PARA ATIVIDADES ON-LINE NO TELEATENDIMENTO

a) Objetivo: transpor atividades realizadas no atendimento presencial para o on-line.

b) Ferramenta: PowerPoint

c) Passo a passo: selecionar o material que estava sendo utilizado com o escolar, digitalizá-lo e fazer uma
apresentação no PowerPoint. Sugere-se colocar atrativos para chamar a atenção do escolar, como sons, gifs e
desenhos temáticos da preferência da criança.

d) Encaminhamento da Atividade

ANTES: retomar o que estava sendo realizado e como era desenvolvida a atividade e que será dada a continuidade.

DURANTE: as respostas das atividades realizadas podem ser orais ou escrita, dependendo da atividade. A escrita
pode ser realizada pelo escolar no próprio PowerPoint, se estiver utilizando uma plataforma que permita a
interação. Caso não seja possível, o paciente pode escrever no caderno.

DEPOIS: as respostas escritas no caderno podem ser enviadas por foto para correção ou o terapeuta pode escrever
no PowerPoint para o escolar se autocorrigir.

Segue um exemplo de uma sequência de atividades preparadas para um paciente do 1º ano, conforme a Figura 16.

45
Figura 16 - Sequência de slides do powerpoint da atividade sugerida

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8 - TÉCNICA DE CLOZE ON-LINE

a) Objetivo: desenvolver compreensão de leitura por meio da Técnica de Cloze.

b) Ferramenta: https://wordwall.net/pt

c) Passo a passo: o site é simples e intuitivo, para iniciar basta fazer um cadastro e, a partir dos modelos
disponíveis, é possível fazer todas as edições necessárias.

1 - Abra o site https://wordwall.net/pt e acesse “Comunidade” e em “Busca por atividades públicas” escreva “palavra
faltante”, conforme Figura 17.

Figura 17 - Página inicial do site wordwall e indicativos para selecionar configurações

2 - Selecione qualquer modelo existente (ver Figura 18).

47
Figura 18 - Site indicando configurações

3 - Selecione “Editar conteúdo” (ver Figura 19).

Figura 19 - Site indicando configurações para editar conteúdo

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4 - Nesta etapa é possível modificar toda a atividade:

- Coloque o título da história desejada.


- Delete o texto da atividade original.
- Insira o texto novo.
- Selecione as palavras que serão omitidas. Para isto basta clicar duas vezes na palavra do próprio texto (Figura 20).

Figura 20 - Site com indicações de configurações para construção da atividade

5 - Depois de todas as modificações, clique em “Feito” para salvar suas alterações, conforme Figura 21.

Figura 21 - Site com indicações de configurações para construção da atividade

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d) Encaminhamento da Atividade

ANTES: apresentar o texto na íntegra para o paciente ler. Pode-se enviar o arquivo por Word para ser impresso em
casa, por exemplo. Orientar que após a leitura, ele fará uma atividade com o mesmo texto, no qual algumas
palavras foram retiradas e ele deverá completá-lo.

DURANTE: compartilhar a tela com o paciente para ele responder oralmente e o terapeuta insere a resposta ou
pode-se optar por dar o controle da ação ao escolar e ele mesmo insere a resposta.

DEPOIS: fazer a correção com o paciente e contabilizar os erros e acertos.

9- ATIVIDADE DE LEITURA REPETIDA

a) Objetivo: construir uma apresentação neural mais precisa de palavras para auxiliar no desenvolvimento da
fluência de leitura por meio da estratégia da leitura repetida.

b) Ferramenta: PowerPoint do pacote Office da Microsoft

c) Passo a passo: utilizar o tema pré-definido do PowerPoint “Temporizadores de sala de aula (ampulhetas)”,
conforme demonstrado nas telas abaixo:

1 - Abra o PowerPoint, clique em “Mais temas”, conforme Figura 22 abaixo.

Figura 22 - Tela da ferramenta Powerpoint com as indicações para encontrar tema da atividade

2 - A seguir digite no campo em branco para buscas a palavra “Educação” e clique na lupa para realizar a busca (ver
Figura 23).

Figura 23 - Tela da ferramenta Powerpoint com as indicações para encontrar tema da atividade

50
3 - Vá descendo os temas disponíveis até encontrar o tema “Temporizadores de sala de aula (ampulhetas)” (ver
Figura 24).

Figura 24 - Tela da ferramenta Powerpoint com as indicações para encontrar tema da atividade

4- Ao selecionar o tema, clicando em “Criar”, será possível configurar o PowerPoint. Comece excluindo todos os
slides e sessões que contêm outras cronometragens, e deixe apenas a referente à “1 minuto”. Ao clicar em “INICIAR
TEMPORIZADOR” (ver Figura 25), começará a ser cronometrado o tempo, e ao final de exatamente 1 minuto, um
alerta sonoro será emitido, indicando que o tempo se finalizou.

Figura 25- Tela da ferramenta Powerpoint com tela do temporizador de 1 minuto

A técnica da leitura repetida consiste em reler em voz alta um mesmo texto relativamente curto e significativo por
um número apropriado de repetições (usualmente de 3 a 4 vezes) até que se alcance um nível satisfatório de
fluência (Condemarín, 1994; Samuels, 1979). Assim para se realizar esta atividade deve-se inserir no próximo slide
um texto de material adequado para leituras repetidas. No slide seguinte pode-se também montar gráficos para
monitoramento da fluência ou quadros para autoavaliação (que podem conter imagens que deverão ser
selecionadas conforme o critério de avaliação do paciente referente a sua leitura — como emoticons), conforme
Figura 26 abaixo.

51
Figura 26 - Tela da ferramenta Powerpoint com configurações do tema escolhido

d) Encaminhamento da Atividade

ANTES: Combinar com o paciente que será feito um treino de leitura com o objetivo de se atingir uma meta pré-
determinada pela avaliação da fluência de leitura. Pode-se iniciar o treino com a modelação da fluência por meio
da leitura do terapeuta, que poderá ler o texto inteiro para que o paciente também compreenda melhor o
conteúdo. Deve-se disponibilizar um arquivo dos slides para o paciente, enquanto o terapeuta realizará a marcação
no seu arquivo. Após a realização da atividade, o terapeuta irá compartilhar o seu arquivo ou tela para que o
paciente observe os seus erros, conforme exemplos de marcações na tela do PowerPoint da Figura 27 abaixo:

Figura 27 - Tela da ferramenta Powerpoint com indicações de construção da atividade proposta

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Os colchetes desenhados em vermelho delimitam a primeira parada em um minuto e a última parada (última
leitura) também em um minuto.

DURANTE: O paciente deve realizar a primeira leitura durante o minuto cronometrado pela terapeuta com a ajuda
do slide temporizador do PowerPoint, que soará um aviso sonoro assim que finalizar os 60 segundos. Enquanto o
paciente lê, o terapeuta deverá marcar em seu slide quais foram os erros cometidos pelo paciente, e o momento
exato em que parou de ler a última palavra nos exatos 60 segundos. A cronometragem e marcação dos erros deve
ser realizada mais duas vezes.

DEPOIS: Após as leituras repetidas poderá ser trabalhado o feedback corretivo dos erros realizados, e ser conduzida
a autoavaliação com o quadro exemplificado no PowerPoint, devendo o paciente avaliar a evolução da sua leitura
da primeira para a terceira (Figura 26).

10 - COMPREENSÃO DE LEITURA DE LIVROS DIGITAIS

a) Objetivo: promover o desenvolvimento da compreensão de leitura utilizando livro digital.

b) Ferramentas: livro digital e PowerPoint do pacote Office da Microsoft

c) Passo a passo: escolha um livro em uma plataforma digital cujo tema é de interesse do paciente e prepare as
estratégias de intervenção em PowerPoint. No exemplo a seguir, foi utilizado o livro “O sétimo gato” do site
www.euleioparaumacrianca.com.br e feito uma sequência de atividades interativas para promover o engajamento
da criança. Será demonstrado como foram realizadas as estratégias na ferramenta, a fim de auxiliar o terapeuta a
construir outras apresentações.

1 - Para fazer o slide inicial, copie a imagem do livro e cole no PowerPoint e escreva o nome do autor e ilustrador.
Há algumas opções na ferramenta para colocar movimento e efeitos nas opções (Figura 28):
a. Em Transições é possível inserir efeito entre um slide e outro;
b. Já Animações possibilita colocar movimento em imagens e textos, para isto basta clicar na imagem ou texto
desejado;

Figura 28 - Tela da ferramenta Powerpoint com indicações de configurações de efeitos especiais

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c. Em Link, opção que está dentro da aba Inserir, é possível colocar o endereço do próprio livro digital, para o
paciente clicar e ir direto para o site do livro (ver Figura 29).

Figura 29 - Tela da ferramenta Powerpoint com indicações de configurações para inserir o link do livro

d. Ainda em Inserir, existe a opção Ação que possibilita colocar hiperlink, ou seja, fazer um botão que ao clicar
vai para o slide seguinte ou para qual slide você desejar e programar (ver Figura 30). Possibilita ainda inserir som
que é muito útil para criar atividades de perguntas e respostas, para a criança clicar e saber se acertou ou errou
pelo som, por exemplo.

Figura 30 - Tela da ferramenta Powerpoint com indicações de configurações de ações especiais

54
d) Encaminhamento da Atividade

ANTES: combinar com a criança que vocês realizarão a leitura de um livro e que você fez algo muito especial para
isso. A preparação para leitura foi inserida na própria apresentação, e para elucidar melhor esta parte, será utilizado
o exemplo descrito acima e o porquê das estratégias realizadas. Primeiramente foi colocado um efeito de cortina
na transição do slide para chamar a atenção da criança, veja abaixo na Figura 31.

Figura 31 - Slide demonstrando efeito cortina

Para dar movimento, foram inseridos efeitos no texto e na imagem. Para preparar o paciente para iniciar os
processos da compreensão de leitura e auxiliar na criação do modelo mental (Kintsch, 1998), ou seja, uma
representação mental que se cria a partir de informações do mundo real ou imaginado (Oakhill et al., 2017),
colocou-se uma estratégia de atenção ao título e questionamento a respeito do tema (ver Figura 32), para
posteriormente direcionar para o link do livro e iniciar a leitura.

Figura 32 - Slides do Powerpoint com sequência de atividade apresentada

55
DURANTE: fazer a leitura do livro com o paciente. Sugere-se que auxilie na compreensão leitora dependendo da
fase de leitura que o paciente está e do trabalho que já está sendo realizado com ele. Verificar em cada página se a
criança conseguiu entender o que está ali e se está conseguindo integrar com as partes anteriores do livro,
certificando-se que o modelo mental está sendo construído corretamente. Explorar o vocabulário, imagens e sons
que aparecem no livro para aumentar o repertório da criança.

DEPOIS: voltar para apresentação do Powerpoint para iniciar as atividades preparadas. Seguiremos com o exemplo
com o mesmo texto mencionado. Trabalhar com a motivação é essencial durante a intervenção da compreensão
de leitura (Santos, Moraes & Lima, 2018). Conforme Figura 33 as estratégias foram inseridas no formato de um
desafio, em que a cada acerto o paciente ganha pontos.

Figura 33 - Slide do Powerpoint apresentando desafio da leitura

É necessário que se desenvolvam questões que permitam construir ideias das frases (proposições), integrar as
ideias das mesmas, construir uma ideia global, e integrar todas as ideias formando relações causais inferências,
para dessa forma, auxiliar a criança alcançar uma compreensão mais profunda (Sánchez, 2002). Alguns exemplos
de questões do texto selecionado no exemplo podem ser visualizados na Figura 34.

Figura 34 - Slides da atividade do Powerpoint com questões sobre a história digital

56
Por fim, poderá ser criado um ranking, no qual o paciente coloca seu nome e sua pontuação para poder interagir
com outros pacientes, conforme a Figura 35.

Figura 35 - Slide da atividade do Powerpoint com exemplo de ranking de pontuação

Para esta atividade de leitura e compreensão, diversos livros digitais ou audiolivros (livros em que há um narrador
realizando a leitura em voz alta) são sugeridos nas listas abaixo:

· Livros digitais:

- livros interativos: https://www.euleioparaumacrianca.com.br


- livros interativos: https://www.storymax.me
- livros para download: http://www.educardpaschoal.org.br/projeto.php?id=4&page=74

· Audiolivros e sites com atividades sobre as leituras:

https://fundamental.luzdosaber.virtual.ufc.br
http://www.opequenoleitor.com.br/
http://espacodeleitura.labedu.org.br/

CONSIDERAÇÃO FINAL

Esperamos que com as atividades apresentadas novas ideias possam surgir para motivar os pacientes com a ajuda
de ferramentas que podem ser utilizadas pelo fonoaudiólogo e outros profissionais interessados na área no
teleatendimento de crianças e adolescentes com dificuldades de leitura e escrita.

REFERÊNCIAS

Begeny, J. C., Capellini, S. A., & Martins, M. A (2018). Histórias para uso com o programa de fluência de leitura HELPS-
PB. (English translation: Reading curriculum for the HELPS reading fluency program in Brazilian Portuguese).
Durham, NC: Helps Education Fund. http://www.helpsprogram.org/

Bovo, V. & Hermann, W. (2005). MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências. Campinas: IDPH.
https://wp.idph.com.br/produto/livro-mapas-mentais-enriquecendo-inteligencias/

Condemarín, M. (1994). Leitura Corretiva e Remedial. Campinas: Editorial Psy II, 1994. Department of Health and
Human Services (HHS) (1996). Notification of Enforcement Discretion for Telehealth Remote Communications
During the COVID-19 Nationwide Public Health Emergency. https://www.hhs.gov/hipaa/for-professionals/special-
topics/emergency-preparedness/notification-enforcement-discretion-telehealth/index.html

EducaRede & Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (2006). Caderno de Orientações Didáticas – Ler e
Escrever – Tecnologias na Educação. http://www.educarede.org.br

Kintsch, W. (1993). Information accretion and reduction in text processing: Inferences. Discourse Processes, 16, 193-
202.
57
Oakhill, J., Cain, K., & Elbro C. (2017). Compreensão de leitura: teoria e prática. 1ed. São Paulo: Hogrefe CETEPP.

Santos, A. A. A. dos, Moraes, M. S., & Lima, T. H. (2018). Compreensão de leitura e motivação para aprendizagem de
alunos do ensino fundamental. Psicologia Escolar e Educacional, 22(1), 93-101. https://dx.doi.org/10.1590/2175-
35392018012208

Sánchez, C. (2002). A escola, o fracasso escolar e a leitura. In A. C. B. Lodi et al., Letramento e minorias. Porto Alegre:
Mediação.

Samuels, S. J. (1979). The method of repeated readings. The Reading Teacher, 32, 403-408.

SOBRE As AUTORAs
maíra anelli martins
Fonoaudióloga. Mestra e Doutora em Educação. Pós-Doutoranda em
Fonoaudiologia pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" -
UNESP - Marília-SP. Bolsista de Pós-Doutorado do CNPq. Especialista em
Fonoaudiologia Educacional pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. Membro do
Grupo de Pesquisa do CNPq "Linguagem, Aprendizagem e Escolaridade" da
Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – FFC/UNESP.

renata graziele morini albrecht

Fonoaudióloga. Mestra e Doutoranda em Fonoaudiologia pela Universidade


Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP - Marília-SP. Membro do Grupo
de Pesquisa do CNPq "Linguagem, Aprendizagem e Escolaridade" da Faculdade de
Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – FFC/UNESP.

58
capítulo 4
sugestões para a preparação de materiais para o
teleatendimento
Andrea Oliveira Batista
Thaís Contiero Chiaramonte

Neste capítulo serão apresentados os “passo a passos” para a montagem e realização das sessões de terapia
fonoaudiológica na conjuntura do teleatendimento, visando a continuidade dos tratamentos realizados nas clínicas
de atendimento presencial. Nossa realidade exige novas dinâmicas para que os acompanhamentos não sejam
suspensos e prejudiquem a evolução de nossos pacientes.
Embora, a tecnologia esteja disponível para todos há muito tempo, isto nem de longe significa facilidade no acesso
e no manuseio das ferramentas digitais. Dessa forma, nosso objetivo é mostrar como podemos preparar e realizar o
teleatendimento, em duas situações específicas em que não foram utilizados nenhum aplicativo disponível na
internet, primeiramente, por meio da apresentação de dois casos, Criança A e Criança B, e para finalizar
mostraremos como o fonoaudiólogo pode criar atividades usando alguns aplicativos.

Teleatendimento 1

Caso Criança A

Contextualização: Criança cursando o último ano do Ensino Infantil. O tratamento presencial, na fase da
interrupção, tinha como objetivo estimular as habilidades metafonológicas no nível silábico e fonêmico, e
conhecimento do alfabeto.

Passo 1 – Preparação do material

O material foi preparado em folhas sulfites, com diversas figuras selecionadas e coladas, de acordo com o objetivo
de cada estratégia. Para cada atividade, uma folha foi separada, porém sem o nome ou a explicação do que ser
realizado (Fig. 1). As atividades contemplaram habilidades de identificação de sílabas, separação e contagem
silábica, manipulação silábica, identificação fonêmica, associação fonema-grafema, nome das letras, nomeação das
figuras (vocabulário semântico), produção oral de palavras (memória operacional fonológica e acesso ao léxico).
Por isso, as folhas foram organizadas em uma pasta com dois furos com grampo trilho plástico, para que não se
perdessem e também para facilitar o manuseio do material. O material foi retirado na clínica pela família.

*Orientação importante do Passo 1: Fundamental que o fonoaudiólogo tenha uma cópia exata do material
enviado para cada paciente, para que sirva de “Folha de Resposta”.

59
Figura 1 - Folha da Criança A, sem uso

Passo 2 – Orientação aos pais

Foi realizada uma vídeo-chamada pelo Whatsapp com os pais, para definição de datas, horários e plataformas
para os teleatendimentos. Nessa oportunidade foi explicado que os teleatendimentos deveriam ser
supervisionados por um dos pais, com a pasta em mãos e com materiais de escrever e pintar disponíveis. Foi
explicado que no teleatendimento teria o registro das respostas orais e o desempenho da criança na pasta do
fonoaudiólogo, mas que também poderia ser registrado pela criança em sua própria folha de atividade, conforme
vontade e condição para tal. Neste momento foram dadas orientações importantes para o adequado
desenvolvimento do teleatendimento, tais como:
- Avisar a criança com alguma antecedência do seu compromisso com a fonoaudióloga;
- Não iniciar alguma brincadeira ou momento de descontração com familiares faltando pouco tempo para o início
do teleatendimento;
- A criança deve estar alimentada e descansada;
- O local para o teleatendimento deve ser livre de distratores, como televisão ou pessoas em reunião familiar

*Orientação importante do Passo 2: Caso a mãe não esteja familiarizada com alguma plataforma, o
fonoaudiólogo deverá passar os sites de suporte da plataforma escolhida.

Passo 3 - Teleatendimento

Alguns minutos antes do início, na data e hora agendados para o teleatendimento, o fonoaudiólogo deve entrar
em contato com a mãe, por ligação telefônica ou WhatsApp, para evitar dificuldades ou atrasos e não gerar
expectativas ou frustrações que possam comprometer o rendimento da criança.
Com todos, criança, mãe e fonoaudiólogo, podendo se ver e se ouvir, o profissional vai conduzindo a sessão,
conversando e explicando sobre como fazer e a sequência da atividade, dando exemplos orais e mostrando o
lugar da folha no seu próprio material. A criança utilizara o seu material, auxiliada pela mãe para seus registros, de
acordo com suas possibilidades e orientações para escrever, circular, ligar, marcar com X, entre outras ações
(Figura 2).

60
Figura 2 - Folha da Criança A, após teleatendimento

*Orientação importante do Passo 3: O fonoaudiólogo dever usar a “Folha de Resposta” (Figura 3) durante o
teleatendimento, para que seja anotado o dia, a hora do início e a hora do término, além das observações acerca
da facilidade, ou dificuldade, necessidade de muita ou pouca mediação, motivação e atenção da criança para a
realização das atividades. Esse monitoramento registrado serve para organizar o teleatendimento de forma mais
sistemática, para que não seja esquecida nenhuma informação, acerca do que está sendo feito durante as
atividades.

Figura 3 – Folha de Resposta do fonoaudiólogo, com as anotações do teleatendimento da Criança A.

61
Teleatendimento 2
Caso Criança B

Contextualização: Criança cursando o 3º ano do Ensino Fundamental. O tratamento presencial, na fase da


interrupção, tinha como objetivo estimular o discurso oral e escrito.

Passos 1 e 2 seguiram as mesmas diretrizes do Caso Criança A.

Passo 3 – Teleatendimento

Utilizado um material preparado com atividades formadas por uma figura representado um problema e algumas
perguntas diretivas, para o debate oral entre o paciente e a fonoaudióloga. A cada resposta discutida, frente a
pergunta lida pela criança, era registrado na Folha de Resposta do fonoaudiólogo (Figura 4). Ao término dessa fase,
o fonoaudiólogo ditou para a criança as palavras chaves de cada resposta da discussão oral, que escreveu em seu
material (Figura 5). O teleatendimento foi finalizado, deixando uma tarefa para ser realizada posteriormente
(Figura 6). A cada início do teleatendimento subsequente, foi realizada a correção da tarefa com a criança.

Figura 4 – Folha de Resposta do fonoaudiólogo, com as anotações do teleatendimento da Criança B.

62
Figura 5 – Folha da Criança B, durante o teleatendimento

Figura 6 – Folha da Criança B, com a tarefa realizada após o teleatendimento

63
Criação de atividades para o Teleatendimento a partir de aplicativos

1ª Atividade – Palavra Cruzada

Esta estratégia já é bastante usada em diversas intervenções, mas aqui vamos mostrar como montar uma palavra
cruzada de forma rápida e com a dificuldade específica para cada paciente. O site apresentado a seguir é gratuito
com algumas ferramentas que podem ser utilizadas no momento da terapia.

Passo 1: Acesse o link: https://nicecross.herokuapp.com.


Passo 2: Na página inicial do site, clique no canto esquerdo em “Crie a sua”.

Passo 3: Em seguida, entre na página onde você irá montar a sua palavra cruzada. Existe a opção de colocar título,
subtítulo e os campos para preenchimento com as palavras e as dicas.

Passo 4: Após escrever as palavras e as descrições, ao final da página tem o botão “Gerar”, para finalizar a palavra
cruzada.

64
Passo 5: A sua palavra cruzada será montada e será possível compartilhar com o seu paciente ou salvar no
formato PDF e enviar via e-mail para o teleatendimento.

2ª Atividade – Caça Palavras

Esta estratégia já é bastante usada em diversas intervenções, mas aqui vamos mostrar como montar um caça
palavras de forma rápida e com a dificuldade específica para cada paciente. O site apresentado a seguir é gratuito
com algumas ferramentas que podem ser utilizadas no momento da terapia.

Passo 1: Acesse o link: https://www.geniol.com.br/palavras/caca-palavras/criador/.

Passo 2: Nesta página já é possível colocar o nome do caça palavras e escolher o nível de dificuldades, sendo:
Fácil para palavras escondidas na horizontal e vertical, sem palavras ao contrário; Médio para palavras escondidas
na horizontal, vertical e diagonal, sem palavras ao contrário; Difícil para palavras escondidas na horizontal, vertical
e diagonal, com palavras ao contrário. No canto inferior esquerdo deve-se fazer uma lista com as palavras a serem
inseridas no caça palavras, uma palavra por linha.

65
Passo 3: Após digitar as palavras, clique em “Criar!” e pronto! Seu caça palavras estará pronto para salvar em PDF e
ser utilizado no teleatendimento.

CONSIDERAÇÃO FINAL

As estratégias aqui descritas objetivaram contribuir para um maior entendimento e engajamento do profissional
fonoaudiólogo no teleatendimento e telemonitoramento.

66
SOBRE As AUTORAs
andrea oliveira batista
Fonoaudióloga. Mestra em Educação e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação
em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual
Paulista – FFC/UNESP-Marília. Especialista em Fonoaudiologia Educacional pelo
Conselho Federal de Fonoaudiologia. Psicopedagoga. Membro do Grupo de
Pesquisa do CNPq “Linguagem, Aprendizagem, Escolaridade” da Faculdade de
Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – FFC/UNESP-Marília.
Fundadora do CERH - Centro de Estudos e Reabilitação Humana, Londrina - PR.

thaís contiero chiaramonte

Fonoaudióloga. Mestra em Fonoaudiologia e Doutoranda em Educação pela


Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – FFC/UNESP – Marília – SP.
Bolsista CAPES. Membro do Laboratório de Investigação dos Desvios da
Aprendizagem (LIDA) do Departamento de Fonoaudiologia – FFC/UNESP. Membro
do Grupo de Pesquisa do CNPq “Linguagem, Aprendizagem, Escolaridade” da
Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – FFC/UNESP.

67
VOCÊ SABE O
QUE É
GAMEFICAÇÃO
?
Gameficação é um termo
que se refere a criação de dinâmicas de
games em sala de aula, ou
seja, basear-se em jogos digitais para o
desenvolvimento de atividades que
visam a maior fixação dos conteúdos
para estimular o engajamento dos
escolares ao aproximar as práticas
acadêmicas do universo dos jovens.
ESTE CONCEITO PODE E DEVE SER UTILIZADO
NO TELEATENDIMENTO EM LEITURA E ESCRITA

NÃO SE ESQUEÇAM!!

Crianças com dislexia


podem se beneficiar de tecnologias assistivas

Evernote App
Evernote Web
Conhecido como
Segundo Cérebro: digita, grava, faz foto.
Capacidade limitada.

Dragon Dictation: Reconhece a voz e


transforma em texto

Live Scribe: Caneta


inteligente com gravador
digital incorporado
Transforma a notação
em documento.

ClaroRead Windows
Software para
auxiliar na leitura de texto.
Auxilia na velocidade
e controle de leitura.
capítulo 5
orientações e estratégias para o manejo do
comportamento e da ansiedade, e manutenção de
atenção e motivação da criança e/ou adolescente
em contexto de teleatendimento
Graziele Kerges Alcantara
Segundo a literatura as dificuldades no aprendizado podem abranger diversos domínios acadêmicos incluindo
leitura, escrita e matemática. Além de preditoras de baixo desempenho escolar, podem causar problemas para
além deste ambiente (Vannest, Reynolds & Kamphaus, 2016; Breslau et al., 2009).
Essas dificuldades no aprendizado podem ser duradouras ou passageiras e mais ou menos intensas (Smith & Strick,
2001; Trevisan, Coppede & Capellini, 2008). Estudos revelaram que crianças com dificuldades de aprendizagem
podem apresentar maior risco de desenvolver transtornos mentais (Biederman et al., 2008), em consequência do
auto-conceito rebaixado, de serem menos aceitas socialmente e mais ansiosas do que seus pares sem dificuldade
no aprendizado (Soares, Alcantara & Capellini, 2019; Margalit & Shulman, 1986; Mammarella et al., 2016).
As dificuldades atencionais por sua vez podem ser definidas como uma alteração na capacidade de manter e
regular a concentração em tarefas mais longas (Barkley, 1997). A partir da perspectiva neuropsicológica, a atenção
pode ser entendida como base fundamental para as demais funções cognitivas como memória, controle motor,
entre outras, estando envolvida nos processos de funções executivas, ao selecionar e sustentar a atenção em tarefas
que envolvem seus componentes (Diamond, 2013; Mattos, 2019).
Encontramos na literatura pesquisas e achados clínicos que apontam a alta prevalência de problemas atencionais
relacionados a diferentes condições clínicas como no transtorno do déficit de atenção, depressão (American
Psychiatric Association, 2014), ansiedade, estresse agudo, assim como em crianças típicas quando sua presença
como sintoma precede desencadeantes psicossociais (Rohde et al.,2000). As dificuldades atencionais,
frequentemente associadas aos problemas de aprendizagem, atuam alterando o desempenho do indivíduo,
podendo rebaixar os escores em vários testes ou tarefas como cálculo e compreensão auditivo-verbal de tarefas
complexas (Mattos, 2019; Rotta, Ohlweiler & Riesgo, 2015; Barkley, 2009; Capellini et al., 2007).
Embora pesquisas tenham demonstrado não haver uma única causa para as dificuldades atencionais, as
intervenções comportamentais e cognitivo-comportamentais baseadas em evidências buscam reduzí-las, assim
como sintomas de baixa autoestima, problemas interpessoais, receio ou relutância em se envolver em tarefas
acadêmicas, dificuldade de aprender, dificuldade em se organizar e planejar as tarefas (Pereira & Mattos, 2011).
A seguir são descritas algumas orientações e estratégias para o manejo do comportamento e da e ansiedade, bem
como a manutenção de atenção e motivação da criança e/ou adolescente em contexto de teleatendimento.

1) Orientações quanto ao ambiente

- Durante o teleatendimento é fundamental atentarmos para o ambiente físico, o qual deverá ser bem iluminado,
silencioso, livre de distrações e de interrupções buscando minimizar distrações para que a criança e/ou adolescente
não perca o foco nas tarefas que serão propostas ao longo da sessão.

- Realizar o atendimento com a criança posicionada de costas para janelas e portas, acomodada em mesa
confortável e apropriada ao seu tamanho, de modo que as crianças pequenas possam ficar com os pés no chão ou
no máximo apoiá-los em um suporte para os pés, isto facilitará seu engajamento no trabalho proposto. Orientar
previamente os pais e/ou cuidadores a respeito do posicionamento da criança será útil (Wechsler, 2013).

- O material utilizado deve ser apresentado permitindo boa visibilidade para a criança, assim como deve estar de
fácil acesso para o terapeuta. Caso haja a necessidade de registar respostas ou realizar anotações durante o
teleatendimento é relevante que a criança seja informada, com o objetivo de diminuir a sua ansiedade.

- É importante conhecer bem os materiais e procedimentos que serão utilizados durante o atendimento.

- Os materiais que não estiverem sendo utilizados no momento devem ficar fora do campo de visão da criança.

70
2) Orientações quanto as estratégias

- Psicoeducação: com o objetivo de estimular a participação da criança e estabelecer regras, assim como promover
administração do tempo durante a execução das atividades, deve ser estabelecido e mantido o rapport, isto é de
fundamental importância para despertar o interesse e a cooperação da criança, de modo que a mesma se esforce
durante a aplicação e desenvolvimento das tarefas propostas em uma sessão. O processo de engajamento da
criança é particularmente complexo, as quais muitas vezes podem inicialmente estar relutantes, ansiosas,
desmotivadas, desinteressadas ou aborrecidas, sendo, portanto, necessário prestarmos atenção ao processo de
engajamento inicial como um ponto de partida para o teleatendimento (Graham et al., 2005; Stallard, 2007).

- Instrução assistida por computador: A instrução assistida por computador já tem sido utilizada há algum tempo
para o manejo das dificuldades atencionais, onde o conteúdo acadêmico é apesentado através de mídias
eletrônicas representando uma forma eficaz de aumentar a atenção e interesse da criança. Segundo Reynolds,
Kamphaus, & Vannest (2015) as atividades apresentadas a partir de softwares e aplicativos oferecem uma
oportunidade de controlar e manter a frequência de feedback assim como o nível de engajamento e motivação
pois fornecem fonte constante de atividade e estímulo sendo adequadas para intervenção com dificuldades
atencionais em tarefas rotineiras de memorização, sínteses e criação de novos conhecimentos. Porém nunca se
esqueça: antes de propor uma ferramenta certifique-se que esteja alinhada com os objetivos do plano terapêutico
definido para o teleatendimento.

- Manejo de contigências: o manejo de contingências é uma estratégia que utiliza consequências positivas e/ou
negativas para a manutenção da atenção em tarefas. Tal manejo tem como objetivo adaptar o comportamento
existente ou possibilitar uma oportunidade para que o novo comportamento torne-se parte da rotina da criança
(Alcantara & Capellini, 2019; Wolery, Bailey, & Sugai,1988, Reynolds, Kamphaus, & Vannest, 2015). Há possiblidade de
ser utilizado em situações onde o objetivo é aumentar a duração da atenção, diminuir de ocorrência de
desatenção, diminuir o tempo de resposta da criança ao pedido do mediador e reduzir o número de prompts
necessários para receber a atenção da criança.

Escolha apenas um ou dois comportamentos como meta. A faixa etária e o nível de desenvolvimento devem ser
considerados. O comportamento deve ser definido de maneira clara. Ao definir os reforçadores certifique-se que
seja significativo para a criança. O comportamento inadequado irá resultar na perda de um ponto ou ficha. Revise
as regras para o fornecimento de reforçadores, certificando-se de foi compreendido pela criança. Peça para que ela
as repita e demonstre entendimento de quando as contingências ocorreram e para quê. Com o objetivo de
facilitar a compreensão da criança e permitir que a mesma acompanhe o próprio progresso e os comportamentos
específicos planejados e esperados, utilize um recurso visual, como o exemplo oferecido na figura 1.

Figura 1 - Exemplo de recurso visual para o teleatendimento

71
A proporção de 1:1 deverá ser utilizada, ou seja, toda vez que a criança apresentar o comportamento adequado ela
deverá ser reforçada. Utilize uma linha de base com cada indivíduo para definir os comportamentos. Não fornecer
o reforçador se a meta não for atingida.
Estabeleça um sistema de custo-resposta em que todos os reforçadores (pontos/fichas) são dados no início da
sessão, com o objetivo de no final a criança possua um número mínimo de fichas para ganhar uma recompensa.
Após atingir efeitos consistentes dilua e abrande o cronograma de reforço para não criar dependência em relação
as recompensas para se obter o comportamento adequado.

ATENÇÃO!!

Dificuldades de atenção frequentemente estão associadas a presença de baixos níveis de tolerância à frustração,
sendo o reforçamento positivo contínuo extremamente eficaz.

- Automonitoramento: crianças com desatenção podem apresentar dificuldade em prestar atenção ao próprio
comportamento e as suas consequências. Estratégias que visem o desenvolvimento do autocontrole auxiliam o
desenvolvimento de uma maior consciência sobre o próprio comportamento. A seguir estão descritas algumas
sugestões que podem servir como exemplos para colocar a estratégia de automonitoramento em prática (Stallard,
2007).

- Fazer uma lista dos comportamentos impulsivos e solicitar que este seja o foco da semana.

- Informe a criança que ela pode apenas repetir as informações uma ou no máximo duas vezes e que
não é possível repetir as informações três ou mais vezes. Utilize um mediador externo para auxiliar a
criança a se recordar e controlar este seu comportamento. Utilize um cartão com a figura de uma
criança levantando a mão como mediador. Oriente a criança a apresentar o cartão quando precisar
se comunicar. Não de esqueça de inicialmente oferecer modelo!

- Ensine a criança a identificar pensamentos sobre assuntos que não são pertinentes a tarefa
proposta em atendimento. Combine com a criança de levantar a placa de PARE todas as vezes que
isso acontecer. Inicialmente a criança poderá apresentar dificuldade em reconhece-los, levante então
a placa de PARE e peça para que a criança também a apresente.

- Incentive a criança a elogiar a si mesmo por tentar, não importa se não tenha alcançado os
resultados pretendidos, afinal nem sempre teremos sucesso, então, é fundamental valorizar aquilo
que já foi conquistado e a iniciativa e/ou tentativa de realizar algo. Desenvolver uma fala interna
positiva também auxilia em situações que envolvam ansiedade, medos e ou preocupações.

Por exemplo: “Eu vou voltar a tentar. Eu já consegui identificar as rimas e agora vou
conseguir criá-las”.

- Explique para a criança que existem situações em que nos sentimos aborrecidos, irritados ou tristes
e as vezes esses sentimentos podem durar por mais tempo fazendo com que se sinta com
dificuldade de tentar, pois algo pode parecer difícil ou muito cansativo. Iniciar pode ser um passo
muito difícil. Comece preparando a criança para falar aos outros que irá tentar. Lembre-se que assim
que a criança der a largada esse sentimento pode mudar. Não desista!
3) Orientações quanto a ansiedade

Crianças que se preocupam excessivamente, além de apresentarem comportamento de esquiva a situações


relacionadas, costumam repetir as mesmas perguntas quando as vivenciam. Por essa razão frequentemente pais
e/ou cuidadores dedicam muito tempo tranquilizando-as, convencendo-as, buscando minimizar seu sofrimento,
entretanto, não há muito êxito. Baseado em princípios cognitivos-comportamentais utilizados para a redução da
ansiedade, o desenvolvermos de ações que visem a contenção, a externalização e as demandas competitivas
apresentam maior êxito (Huebner, 2009).

72
- Contenção: crie um momento em que a criança possa dizer o que a preocupa. Auxilie a criança a perceber como
suas preocupações começam e descrever como se sente (suando, com dor de estomago, dor de cabeça,
desmotivada, etc). Se a criança e/ou adolescente tem apresentado ansiedade durante os teleatendimentos crie
uma caixinha das preocupações onde ele irá escrever e depositar o que mais os preocupa e determine a hora da
conversa quando poderá falar a respeito destas preocupação.

- Externalização: auxilie a criança a entender a ansiedade como algo separado e não como parte de si mesma.
Peça para que a criança imagine a ansiedade e a desenhe. Em seguida incentive a criança a criar palavras de
ordem para responder a ela: Fora! Desapareça! Você não manda em mim!

- Demandas competitivas: não é possível estarmos ao mesmo tempo relaxados e ansiosos, portanto, envolver a
criança em algo divertido durante o teleatendimento pode auxiliar no mecanismo de contenção da ansiedade,
utilizando a distração como ferramenta. Quanto mais a criança estiver envolvida em uma tarefa, menor são os
riscos de manifestar ansiedade.

REFERÊNCIAS

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed
Editora.

Barkley, R. A. (1997). ADHD and the nature of self-control. Guilford Press.

Barkley, R. A. (2009). Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: manual para diagnóstico e tratamento.


Artmed Editora.

Biederman, J., Petty, C. R., Dolan, C., Hughes, S., Mick, E., Monuteaux, M. C., & Faraone, S. V. (2008). The long-term
longitudinal course of oppositional defiant disorder and conduct disorder in ADHD boys: findings from a controlled
10-year prospective longitudinal follow-up study. Psychological medicine, 38(7), 1027-1036.

Breslau, J., Miller, E., Breslau, N., Bohnert, K., Lucia, V., & Schweitzer, J. (2009). The impact of early behavior
disturbances on academic achievement in high school. Pediatrics, 123(6), 1472-1476.

Capellini, S. A., Ferreira, T. D. L., Salgado, C. A., & Ciasca, S. M. (2007). Desempenho de escolares bons leitores, com
dislexia e com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade em nomeação automática rápida. Revista da
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 12(2), 114-119.

Diamond, A. (2013). Executive functions. Annual review of psychology, 64, 135-168.

Graham, S., Harris, K. R., & Mason, L. (2005). Improving the writing performance, knowledge, and self-efficacy of
struggling young writers: The effects of self-regulated strategy development. Contemporary Educational
Psychology, 30(2), 207-241.

Huebner, D. (2009). O que fazer quando você se preocupa demais. Porto Alegre: Artmed.

Mammarella, I. C., Ghisi, M., Bomba, M., Bottesi, G., Caviola, S., Broggi, F., & Nacinovich, R. (2016). Anxiety and
depression in children with nonverbal learning disabilities, reading disabilities, or typical development. Journal of
learning disabilities, 49(2), 130-139.

Margalit, M., & Shulman, S. (1986). Autonomy Perceptions and Anxiety Expressions of Learning Disabled
Adolescents. Journal of Learning Disabilities, 19(5), 291–293.

Mattos, P. (2019). Tavis-4: teste de atenção visual. 4ª edição. São Paulo : Hogrefe

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SOBRE As AUTORAs
graziele kerges alcantara
Psicóloga. Mestra em Fonoaudiologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” – FFC/UNESP – Marília – SP. Especialista em Neuropsicologia pelo
Instituto de Psicologia e Saúde Ampliatta de Bauru/SP e em Reabilitação
Neuropsicológica pelo Centro de Estudos de Neurologia Prof. Antônio Branco
Lefèvre HC-FMUSP. Formada em Terapia Cognitiva-Comportamental pelo Instituto
de Neurociência e Comportamento de São Paulo (2009), e treinamento em
Aplicação e Interpretação de Testes Neuropsicológicos pelo CEPSIC/HC-FMUSP.
Neuropsicóloga pesquisadora do Laboratório de Investigação dos Desvios da
Aprendizagem - LIDA do Departamento de Fonoaudiologia FFC/UNESP-Marília-SP.

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ORGANIZADO POR
SIMONE APARECIDA CAPELLINI
BIANCA DOS SANTOS
ALEXANDRA BEATRIZ PORTES DE CERQUEIRA-CÉSAR

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