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Conceituação e Indicação do Implante Coclear

Introdução
Na audiologia a tecnologia do implante coclear (IC) permitiu que pessoas com deficiência
auditiva de grau severo e/ou profundo conseguissem ter acesso ao mundo sonoro, sendo este um
dispositivo eletrônico biomédico, biocompatível e durável, desenvolvido para realizar a função das
células ciliadas que estão danificadas ou ausentes, transformando a energia sonora em baixos níveis
de corrente elétrica, de modo a proporcionar a estimulação elétrica das fibras remanescentes do
nervo auditivo
Todos os sistemas de implante coclear são constituídos por um componente interno e um
componente externo. Basicamente, os componentes internos do implante coclear consistem em um
receptor estimulador posicionado cirurgicamente na região do osso temporal, acoplado a um feixe de
eletrodos inserido na cóclea. Os componentes usados externamente consistem em um processador
de sinal, um microfone e uma antena transmissora em posição retroauricular:
➔ O estímulo acústico é captado pelo microfone e transmitido por um cabo ao
processador de fala, o qual codifica os impulsos elétricos recebidos e envia a
informação codificada para a antena transmissora.
➔ Um ímã é colocado em ambos os componentes externo e interno (antena transmissora
e receptor estimulador, respectivamente) de modo que os dois componentes,
separados pela pele, possam ser conectados.
➔ O sinal codificado é transmitido através da pele (transcutânea) por radiofrequência. A
informação é captada pelo receptor estimulador interno, que converte os códigos em
sinais elétricos e libera os impulsos elétricos para os eletrodos intracocleares
programados separadamente, de forma a transmitir impulsos elétricos para fibras
nervosas específicas ao longo da cóclea.
➔ Após a interpretação da informação no cérebro o usuário de implante coclear poderá
ser capaz de experimentar a sensação auditiva.

 O posicionamento retroauricular favoreceu o conforto e o uso mais estético para crianças e


adultos.
 Para crianças muito pequenas há, flexibilidade de uso de componentes presos ao corpo da
criança por meio de acessórios apropriados.

A tecnologia evoluiu para componentes externos resistentes à água e componentes de peça


única, de forma a deixar a orelha livre e trazer mais conforto para usuários de implante coclear que
necessitam também do uso de óculos. Apesar de todos os sistemas de implantes cocleares
apresentarem características básicas em comum, eles diferem na forma como esses recursos são
implementados.
Nos componentes internos existem avanços importantes:
❄ Os feixes de eletrodos atuais, por exemplo, são mais flexíveis e mais macios, e favorecem
maior conservação das estruturas anatômicas cocleares, importante aspecto a ser
considerado mediante a necessidade de revisões cirúrgicas ou outras cirurgias na mesma
pessoa e no mesmo ouvido, quer seja para atualização do componente interno, por falha
eletrônica do componente interno, ou ainda por complicações médicas.
❄ Diferenças de processamento de sinal incluem algoritmos e estratégias de codificação do
sinal, como tipo e forma de onda, padrão de resolução temporal e taxa ou velocidade de
estimulação. Os processadores de implantes cocleares são também equipados com memórias
múltiplas, permitindo a utilização de diferentes programas.
Especialmente para crianças com deficiência auditiva pré-lingual de grau severo e/ou profundo
o implante coclear tem se tornado prática clínica padrão. Aliado à possibilidade da triagem auditiva
neonatal e do diagnóstico da deficiência auditiva no primeiro ano de vida, e sobretudo, à terapia
fonoaudiológica fundamentada pela abordagem aurioral desde a identificação da deficiência auditiva
e ao longo de todo o processo terapêutico, é Certamente a intervenção com implante
legítimo afirmar que o implante coclear coclear no Brasil se tornou uma prática clínica
potencializou a aquisição da linguagem oral para mais sistemática a partir da incorporação deste
as crianças. Nas crianças com deficiência tratamento no SUS. De acordo com o Cadastro
auditiva pós-lingual os benefícios já eram Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do
esperados devido à comprovação da efetividade Brasil, até o mês de dezembro do ano de 2014
do IC em adultos com deficiência auditiva pós- estavam credenciados no Ministério da Saúde o
lingual. total de 27 serviços públicos de implante coclear,
Além dos benefícios relatados para com a seguinte distribuição: um serviço na
crianças e adultos quanto a percepção auditiva Região Norte, sete serviços na Região Nordeste,
da fala e aquisição da linguagem oral é plausível 12 serviços na Região Sudeste, cinco serviços
afirmar que crianças e adultos usuários de na Região Sul e dois serviços na Região Centro-
implante coclear podem usufruir também de Oeste. Os candidatos ao implante coclear
benefícios como ouvir os sons do ambiente, a contam, ainda, com serviços de implante coclear
música, os sons de alerta e tantos outros sons privados e conveniados a planos de saúde
que fazem parte da vida, e que proporcionam particulares e empresariais. Importante salientar
conhecimento, prazer, bem-estar e segurança. que a Portaria nº 2.776/GM/MS de 18 de
No Brasil a disponibilidade desta dezembro de 2014 apresenta, em suas diretrizes
tecnologia também é uma realidade, tanto no gerais, que todos os serviços públicos que se
sistema público de saúde como no sistema encontravam habilitados para a realização do
privado. Em 1990 foi organizado o programa de implante coclear segundo as regras da Portaria
implante coclear do Centro de Pesquisas nº 1.278/GM/MS de 20 de outubro de 1999
Audiológicas (CPA) do Hospital de Reabilitação deverão se adequar às novas normas constantes
de Anomalias Craniofaciais (HRAC) da na Portaria nº 2.776/GM/MS de 18 de dezembro
Universidade de São Paulo (USP), campus de 2014.
Bauru, inicialmente com candidatos adultos. A No setor privado também tem existido um
primeira cirurgia de implante coclear realizada grande avanço e em 2010 a Agência Nacional de
em criança no CPA/HRAC/USP foi no ano de Saúde Suplementar aceitou o implante coclear
1992. como um procedimento cirúrgico obrigatório a ser
Na mesma década de 1990, grandes realizado pelos planos de saúde e no ano de
avanços nacionais ocorreram nesta área, 2011 incorporou o implante coclear bilateral.
culminando com a Portaria nº 1.278/GM/MS de Assim, se constata pleno
20 de outubro de 1999 do Ministério da Saúde. desenvolvimento da área de implante coclear em
Com certeza a sua deliberação foi essencial na nível nacional, sendo imperativa neste momento
estruturação do implante coclear no Sistema a formação de profissionais com conhecimento
Único de Saúde (SUS). Em 18 de dezembro de especializado para compor as equipes
2014 esta Portaria foi revogada e substituída interdisciplinares em implante coclear em todos
pela Portaria nº 2.776 do Ministério da Saúde os segmentos.
(MS), na qual estão aprovadas diretrizes gerais,
ampliação e incorporação de novo
procedimentos em implante coclear e próteses Candidatos que podem se beneficiar como uso do
auditivas ancoradas no osso para a Atenção implante coclear
Especializada às Pessoas com Deficiência
Auditiva no Sistema Único de Saúde. A Portaria Na perspectiva dos profissionais o
nº 2.776/GM/MS contempla o implante coclear advento do implante coclear pediátrico trouxe a
bilateral e estabelece procedimentos de promessa de percepção auditiva da fala e
manutenção dos dispositivos, estes até então aquisição da linguagem oral, e isto de fato
inexistentes no sistema público. Para melhor aconteceu. Os estudos atuais relatam
compreensão da dimensão deste tratamento cientificamente que a maioria das crianças que
disponível no SUS, desde 1992 até o mês de recebeu o implante coclear nos primeiros anos
dezembro de 2014 foram realizadas 6.144 de vida alcançou níveis compatíveis de
cirurgias de implante coclear no sistema público linguagem oral em idade equiparada aos seus
pares com audição normal .
Um dos critérios de indicação do implante coclear em crianças com deficiência auditiva prélingual
mais estudados é a idade na implantação, quanto menor o tempo de privação sensorial auditiva, mais
chance a criança implantada tem em obter melhor percepção da fala e desenvolvimento da
linguagem oral. O período ideal para implantar uma criança com deficiência auditiva prélingual está
dentro dos primeiros 3,5 anos de vida, quando as vias auditivas centrais apresentam plasticidade
neuronal máxima, com diminuição expressiva desta plasticidade neuronal auditiva após os 7 anos de
idade.
❄ crianças implantadas antes de um ano de idade que estejam em programas terapêuticos com
ênfase nas habilidades auditivas e na linguagem oral podem alcançar resultados
significativamente melhores se comparadas às crianças que receberam implante coclear entre
12 e 18 meses de idade.

Em caráter de exemplo, o Quadro 43.2 apresenta os critérios de seleção e de indicação do


implante coclear do Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA) do Hospital de Reabilitação de
Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/USP). Após 25 anos de experiência o
CPA HRAC/USP conta com mais de 1.300 cirurgias realizadas. Desde o começo do programa de
implante coclear, o CPAHRAC/USP instituiu critérios multifatoriais de indicação, tanto para crianças
como para adultos, inicialmente baseados nos critérios internacionais, somados aos critérios
propostos pela Portaria 1.278/GM em 20 de outubro de 1999 do Ministério da Saúde, e sempre
pautados na experiência clínica ao longo dos seus vinte e cinco anos de atuação da equipe
interdisciplinar em implante coclear do CPAHRAC/USP.

Considerações na indicação do implante coclear bilateral


Adultos e crianças usuários de implante coclear unilateral apresentam resultados
impressionantes quanto às habilidades auditivas de percepção da fala, com uso mínimo da leitura
orofacial em situações de comunicação, e muitos alcançam a habilidade máxima de compreensão
auditiva. Crianças adquirem a linguagem oral por meio da via auditiva usando implante coclear
unilateralmente, e alcançam níveis satisfatórios de aprendizagem em escolas regulares junto aos
seus pares ouvintes.

Critérios de seleção e de indicação do implante coclear do Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA) do Hospital de
Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/USP)
Crianças
❄ Deficiência auditiva neurossensorial de grau severo e ou profundo bilateral
 Idade mínima de 6 meses para deficiência auditiva profunda ou18 meses para deficiência
auditiva de grau severo
 Idade máximapreferencial de trinta e seis meses para deficiência auditiva pré-lingual,
considerando-se o período de maior plasticidade neuronal
 Permeabilidade coclear para a inserção cirúrgica dos eletrodos
 Limiares auditivos tonais iguais ou superiores a70dBNA a partir da frequência de 1.000 Hz
 Benefício limitado das habilidades auditivas com o uso de aparelhos de amplificação sonora
individuais
 Baixo índice de reconhecimento auditivo em testes de percepção da fala com amplificação
 Comprometimentos de natureza intelectual ou emocional, múltiplas deficiências e casos
especiais são avaliados e a indicação do IC dependerá da gravidade dos comprometimentos
adicionais, com análise cuidadosa do quanto estes comprometimentos podem reduzir a
chance de a pessoa aproveitar ao máximo os benefícios do implante coclear, afim de evitar o
não uso do implante coclear em longo prazo
 Motivação da família para o uso do implante coclear e para o desenvolvimento de atitudes de
comunicação favoráveis pela criança
 Expectativas familiares adequadas quanto ao resultado do implante coclear
 Participação da criança em terapia fonoaudiológica na cidade de origem

Adultos
 Deficiência auditiva sensorioneural de grau severo a profundo ou profundo pós-lingual bilateral
❄ Surdez pré-lingual com código linguístico oral estabelecido
❄ Ausência de benefício com aparelhos de amplificação sonora individuais: limiares auditivos
com aparelhos de amplificação sonora individuais ≥ 60dBNA nas frequências da fala, escore
de percepção de fala ≤ 60% para sentenças em conjunto aberto no melhor ouvido e ≤ 50% no
ouvido a ser implantado
❄ Deficiência auditiva progressiva
❄ Deficiência auditiva súbita, preferencialmente com tempo de surdez inferior à metade do
tempo de vida sem deficiência auditiva
❄ Adequação psicológica e motivação para o uso do IC

Critérios de contraindicação
 Comprometimentos neurológicos graves associados à deficiência auditiva
 Condições médicas ou psicológicas que contraindiquem acirurgia
 Deficiência auditiva causada por agenesia da cóclea, de nervo auditivo ou lesões centrais
 Infecção ativa da orelha média
 Expectativas irreais quanto aos benefícios, resultados e limitações do implante coclear por
parte da família ou do paciente

No entanto, há uma variação quanto ao desempenho e ao sucesso com o uso do implante


coclear. Em parte, e não exclusivamente, isso pode ocorrer devido às dificuldades e desafios
impostos aos usuários de IC na compreensão da fala em ambientes ruidosos. O ruído na situação de
comunicação impõe aos usuários de implante coclear maior esforço e a necessidade de encontrar
mecanismos adicionais nas interações comunicativas para aumentar a compreensão da fala e
exercer com melhor desempenho suas rotinas sociais, acadêmicas e profissionais. Para as crianças,
em especial, as mesmas questões são aplicáveis em ambientes de aprendizagem, em especial nas
salas de aula, que são comumente ruidosas, com reverberação e com vários sons simultâneos
concorrentes à voz do professor.
Além disso, a maioria dos usuários de IC relatam que eles não podem localizar a posição e a
origem das fontes sonoras, causando insegurança ou situações de simples constrangimento. E ainda,
há os casos de crianças e adultos implantados unilateralmente com visão subnormal, que dependem
daaudição bilateral.
Mediante o exposto e enfatizando as dificuldades de percepção da fala nos ambientes
ruidosos e na localização sonora, muitos investimentos clínicos, tecnológicos e científicos têm
ocorrido. Destaca-se, neste sentido, a indicação do implante coclear bilateral para adultos e crianças.
A indicação do IC bilateral pode ocorrer sequencialmente, quando as cirurgias dos dois ouvidos são
realizadas com intervalo de meses ou de anos entre elas, ou simultaneamente, quando as cirurgias
dos dois ouvidos são realizadas no mesmo ato cirúrgico. Na indicação bilateral do implante coclear
em crianças a habilidade do fonoaudiólogo nos testes comportamentais de avaliação audiológica e de
percepção da fala é fundamental, uma vez que não é recomendada a cirurgia em bebês e em
crianças com limiar tonal inferior a 70 dB nas frequências acima de 1.000 Hz. Fazse necessário
considerar que, embora o implante coclear seja efetivo para a percepção dos sons da fala, ele não
oferecerá todos os recursos e algoritmos que a alta tecnologia atual dos AASIs oferece em perdas
auditivas inferiores a 70 dB nas frequências médias e agudas.
Importante considerar que a opção pelo termo cirúrgico ou se deve ser realizado em cirurgias
bilateral ao invés de binaural se deve ao fato de sequenciais. Na implantação coclear bilateral
que o termo bilateral referese a ter dois ouvidos sequencial ainda há a discussão se o intervalo
funcionais. Já o termo binaural implica uma de tempo entre a primeira e a segunda cirurgia
função adicional que assegura a existência de exerce alguma influência sobre o resultado, e
um mecanismo para coordenar as entradas que estudos apontam que o desenvolvimento de
chegam aos dois ouvidos, de forma que o habilidades auditivas no segundo ouvido
processamento auditivo central seja capaz de implantado depende do intervalo de tempo entre
integrar e de utilizar a informação proveniente as duas cirurgias, do uso do aparelho de
dos dois ouvidos. No caso de pessoas usuárias amplificação sonora individual e do tempo de uso
de implante coclear bilateral estes termos devem do segundo implante coclear.
ser diferenciados porque os dois processadores As considerações anteriores não
ligados em cada ouvido atuam de forma significam que crianças mais velhas implantadas
independente, ao contrário do sistema auditivo unilateralmente no período sensível de
normal, no qual os dois ouvidos funcionam em plasticidade neuronal não possam se beneficiar
sincronia. da implantação bilateral sequencial com intervalo
Evidências sugerem que a audição mais longo. Uma das questões fundamentais é o
binaural pode ser alcançada com a realização do preparo das expectativas tanto da criança como
implante coclear bilateral simultâneo ou da família, uma vez que resultados mais
sequencial com intervalo mínimo de tempo, limitados são esperados se comparados aos
considerando o período sensível de plasticidade resultados das crianças implantadas
neuronal. Esforços devem ser empenhados para bilateralmente antes dos quatro anos de idade.
que as crianças possam receber o primeiro e o Além disso, fazse imprescindível avaliar se a
segundo implante coclear no melhor período de criança apresenta linguagem oral estabelecida
plasticidade neuronal, que ocorre antes dos 4 ou em desenvolvimento, no segundo caso
anos incompletos. A declaração quanto ao necessariamente com a presença de indicadores
consenso sobre a indicação do implante coclear favoráveis para o desenvolvimento de linguagem
para crianças durante o Fórum Europeu de oral, uma vez que a aquisição da linguagem oral
Implante Coclear Pediátrico apresentou que destas crianças já era possível com a realização
bebês e crianças comprovadamente com do implante coclear unilateral nos primeiros anos
diagnóstico de deficiência auditiva e com de vida.
indicação inequívoca de implante coclear devem No que se refere à indicação do implante
receber implantes cocleares bilaterais coclear bilateral para crianças com perda auditiva
simultaneamente o mais rápido possível após o progressiva e/ou pós-lingual não há limite de
diagnóstico definitivo da surdez para permitir o idade, e o critério quanto à percepção auditiva da
desenvolvimento auditivo ideal. fala preconizado na Portaria nº 2.776/GM/MS
No Brasil, a Portaria nº 2.776/GM/MS apresenta que a criança deverá ter resultado
preconiza nos serviços públicos que para as igual ou menor que 50% de reconhecimento de
crianças com quatro anos incompletos com sentenças em conjunto aberto com uso efetivo e
perda auditiva sensorioneural severa bilateral ou contínuo de aparelho de amplificação sonora
severa em uma das orelhas, a implantação dos individual (AASI) desde o diagnóstico da perda
dispositivos deve ser obrigatoriamente auditiva. E ainda, que a criança esteja inserida
sequencial. Para adolescentes e adultos com no ensino regular com desempenho acadêmico
perda auditiva póslingual a Portaria nº compatível a sua faixa etária. Na
2.776/GM/MS preconiza que o implante coclear Portaria nº 2.776/GM/MS as
bilateral deverá ser realizado sequencialmente, recomendações para adolescentes e adultos
com intervalo mínimo de um ano de uso efetivo com perda auditiva póslingual seguem os
do implante. mesmos critérios de percepção da fala
Embora algumas recomendações e mencionados para crianças com perda auditiva
resoluções como as acima apresentadas já progressiva e/ou póslingual, mas acrescentam
estejam vigentes, ainda há discussões se o que nestes casos o implante coclear bilateral
implante coclear bilateral, quando indicado, deve deverá ser realizadosequencialmente com
ser realizado simultaneamente em um tempo
intervalo de no mínuma ano de uso efetivo do implante.
E, por fim, independentemente da idade e da indicação do implante coclear bilateral ser
simultânea ou sequencial, são critérios de indicação preconizados na Portaria nº 2.776/GM/MS a
adequação psicológica e a motivação do paciente e de sua família (no caso de crianças) para o uso
do implante coclear bilateral, além do compromisso em zelar os componentes externos dos implantes
cocleares e realizar o processo de reabilitação fonoaudiológica. Especialmente em crianças a terapia
fonoaudiológica com ênfase nas habilidades auditivas e na aquisição da linguagem oral é fator
decisivo na obtenção do melhor desempenho.

O que determina o sucesso do implante coclear?


Vários aspectos interferem nos resultados obtidos com o implante coclear, tanto em adultos
como em crianças. Os aspectos mais relevantes comentados na literatura nacional e internacional
são:
❄ O tempo de privação sensorial auditiva
❄ Quanto maior o tempo da deficiência auditiva, mais esforços deverão ser empregados para
que o cérebro se ajuste a
❄ nova informação proveniente da estimulação elétrica das fibras do nervo auditivo resultando
em uma sensação de
❄ audição
❄ A idade da instalação da deficiência auditiva
❄ Na deficiência auditiva pré-lingual os resultados são melhores quando o implante coclear é
realizado nos primeiros
❄ anos de vida. Resultados excelentes podem também ser obtidos em crianças e em adultos
com deficiência auditiva
❄ pós-ingual, ou seja, quando a linguagem oral já está estabelecida
❄ O número de células ganglionares remanescentes
❄ As alterações decorrentes da deficiência auditiva neurossensorial e a consequente privação
sensorial incluem a redução significativa dos neurônios ganglionares espirais e a
desmielinização do corpo celular reduzem a atividade espontânea ao longo das vias auditivas.
❄ A estimulação elétrica dos eletrodos intracocleares pode promover a sobrevivência das células
ganglionares
❄ A permeabilidade coclear para a inserção cirúrgica dos eletrodos (ausência de fibrose ou de
ossificação) deve ser comprovada antes da cirurgia. O diagnóstico por imagem dos temporais,
realizado por meio da tomografia computadorizada e da ressonância magnética, possibilita a
avaliação précirúrgica da cóclea, dos canais semicirculares e da mastoide. Este procedimento
é obrigatório em todos os candidatos ao implante coclear.
❄ O tempo de uso do implante coclear
❄ O desenvolvimento cognitivo, determinando a velocidade de aprendizagem da criança
❄ A terapia fonoaudiológica especializada

Principalmente a criança com deficiência auditiva pré-lingual precisará de todo o incentivo dos
pais e dos cuidadores, e sobretudo do fonoaudiólogo, para desenvolver as habilidades auditivas e a
linguagem oral com o implante coclear. A terapia fonoaudiológica aurioral é regida por princípios para
que as habilidades auditivas da criança sejam o foco do processo terapêutico, conduzindo os pais
para que todo o ambiente educacional da criança seja preparado e modificado para este objetivo.

O envolvimento familiar no processo terapêutico


Essencialmente na criança, a família é parte integrante do processo terapêutico. Os membros
da família são o modelo linguístico primário da criança, e o desenvolvimento linguístico está
relacionado à personalidade dos pais, à estrutura familiar e à qualidade de interação. É fundamental
que os pais estejam preparados e capacitados a enriquecer a rotina da criança com situações que
privilegiam a atitude de escuta, sempre permeadas com conteúdos linguísticos ricos, melodias
prazerosas e uso de linguagem apropriada

 O acompanhamento pós-cirúrgico pela equipe interdisciplinar, essencialmente pelo médico


otologista e pelo fonoaudiólogo
 Tanto em crianças como em adultos será necessária a avaliação clínica médica periódica. As
complicações cirúrgicas são raras, e a experiência dos cirurgiões tem sido determinante para
a não ocorrência das mesmas.
 Existem poucas complicações não cirúrgicas, como por exemplo, eventual falha do
componente interno, mas havendo ou não complicações o médico otologista deverá
acompanhar os pacientes no mínimo uma vez ao ano
 A avaliação do funcionamento do implante coclear deve ser feita periodicamente pelo
fonoaudiólogo, em intervalos bimestrais e trimestrais nos primeiros anos de uso do dispositivo,
e em intervalos maiores no decorrer dos anos de uso do implante coclear. O mapeamento e o
balanceamento dos eletrodos, a telemetria de respostas neurais são procedimentos
necessários para a programação do processador de fala, e permitirão o melhor uso do
implante coclear
 A manutenção constante do componente externo do implante coclear (cabos, antena
transmissora e processador de fala).

A indicação do implante coclear emcasos especiais


Com os implantes cocleares podem-se prever benefícios na (re)habilitação auditiva de
crianças e adultos com deficiência auditiva neurossensorial de grau severo e profundo, que não se
beneficiam com os aparelhos de amplificação sonora individuais. No momento atual está ocorrendo a
expansão dos critérios e um número crescente de estudos revelou vários casos desafiadores no que
diz respeito aos aspectos cirúrgicos e não cirúrgicos. Assim, atenção especial de uma equipe
interdisciplinar em implante coclear deve estar voltada para os casos especiais, ou seja, para os
casos mais complexos nos quais os indicadores de bons resultados não são tão evidentes, e o
prognóstico muitas vezes pode não ser animador.

Consideram-se como casos especiais quando há a presença de:


 Cócleas ossificadas
 Malformações cocleares
❄ Hipoplasia do nervo auditivo
❄ Desordem do espectro da neuropatia auditiva
❄ Síndromes
❄ Múltiplas deficiências.

Nestes casos devem ser consideradas as possibilidades cirúrgicas, as limitações decorrentes


de cada problema, os possíveis resultados, a possibilidade de melhora na qualidade de vida e,
sobretudo, as expectativas do paciente e/ou de sua família em relação aos benefícios alcançados.
Indiscutivelmente, a reabilitação deverá ser ainda mais criteriosa, e técnicas específicas deverão ser
utilizadas.
Devido aos desafios inerentes a cada caso especial recomenda-se que a indicação e a
realização do implante coclear na presença de uma ou mais circunstâncias mencionadas acima seja
feita por equipe com ampla experiência anterior em serviços de implante coclear. A experiência do
cirurgião, a experiência do fonoaudiólogo na orientação e no aconselhamento do paciente e de sua
família e nos procedimentos pós-cirúrgicos, aliadas à experiência dos outros profissionais nas
avaliações complementares é decisiva para o sucesso da cirurgia e dos benefícios, ainda que
limitados, com o uso do dispositivo.
O diagnóstico por imagem dos temporais tem considerável poder para subsidiar o cirurgião
com informações fundamentais sobre as condições cirúrgicas. A tomografia computadorizada de alta
resolução provê uma imagem de varredura do osso temporal e fornece informações ao cirurgião
sobre a anatomia cirúrgica, sobretudo sobre alterações cocleares importantes para o planejamento
cirúrgico e o aconselhamento do paciente quanto às expectativas realistas dos resultados que o
implante coclear poderá oferecer. Embora a tomografia computadorizada seja um procedimento
padrão para a avaliação da maioria dos aspectos do osso temporal, ela tem limitações
particularmente na avaliação da permeabilidade da cóclea. A aparência radiográfica da cóclea deve
ser considerada à luz das informações clínicas. Desta forma, a ressonância magnética também é
utilizada para subsidiar o diagnóstico por imagem dos temporais, provendo informações das
estruturas de tecido mole, tais como as membranas labirínticas e as estruturas neurais, importante
informação sobre a sobrevivência de elementos neurais necessários para a estimulação elétrica.
Em cócleas ossificadas o grau de ossificação está intimamente relacionado com os resultados
pós-cirúrgicos. As possíveis causas da ossificação coclear estão apresentadas abaixo:
 Meningite
 Ototóxicos
 Deficiência auditiva idiopática
 Doença autoimune
 Deficiência auditiva congênita
 Trauma
 Infecções virais
 Otosclerose
 Otite média crônica.

As possibilidades cirúrgicas na presença de ossificação vão desde a inserção parcial dos


eletrodos, a inserção de eletrodos na escala vestibular até a utilização de modelos de componente
interno com feixe de eletrodos mais curto. Deve-se considerar que, com a ossificação coclear, nos
testes objetivos os níveis máximos de estimulação podem não ser suficientes para desencadear o
reflexo elétrico e as respostas neurais, e na programação do processador de fala talvez seja
necessário usar pulso de maior duração, diminuir a velocidade de estimulação e/ou diminuir o número
de canais ativos.
Similarmente, em casos de otosclerose, as dificuldades cirúrgicas podem ser semelhantes,
com a mesma possibilidade de inserção parcial dos eletrodos na cóclea. Poderá haver necessidade
de aumento da estimulação elétrica com a progressão da doença, e estudos relatam casos de
pacientes com otosclerose com estimulação do nervo facial, sendo necessário o desligamento de
eletrodos que eventualmente possam estar originando a estimulação não auditiva. Entre os casos de
maior desafio para as equipes interdisciplinares em implante coclear destacase também a síndrome
CHARGE. As características inerentes desta síndrome incluem alterações auditivas, visuais e
cardíacas, alterações no sistema nervoso central, além de atresia de coanas, atraso no
desenvolvimento global e alterações de genitália. A perda auditiva sensorioneural de grau severo ou
profundo pode estar presente em 34 a 38% dos casos. O diagnóstico diferencial por imagem dos
temporais é incisivo também nestes casos, devido à possibilidade de malformação do osso temporal.
Na síndrome CHARGE existe maior risco cirúrgico de lesão do nervo facial, e deve-se considerar que
este paciente terá necessidade de outras intervenções cirúrgicas ao longo da vida devido à variedade
de alterações presentes nesta síndrome.

Quanto aos benefícios esperados, a literatura orientação familiar quanto aos riscos cirúrgicos e
descreve resultados variados do aos resultados pós-cirúrgicos.
desenvolvimento das habilidades auditivas e da Ênfase também é dada quanto à
linguagem oral, sendo de especial valor a indicação do implante coclear para pessoas com
a desordem do espectro da neuropatia auditiva
(DENA), cujo diagnóstico clínico é relativamente estimulação elétrica proporcionada pelo implante
recente. Trata-se de indivíduos com distúrbios coclear, e os resultados são considerados
auditivos, devido à disfunção nas sinapses das heterogêneos. Diferentemente da desordem do
células ciliadas internas e nervo auditivo e/ou no espectro da neuropatia auditiva, a informação do
nervo auditivo em si. Caracteriza-se clinicamente diagnóstico por imagem será crucial na predição
desde limiares auditivos tonais dentro da dos resultados, fundamentalmente as
normalidade até perda auditiva bilateral de grau informações incididas da ressonância magnética.
severo ou profundo ou variável, em que há o Em casos de múltipla deficiência a
acometimento do nervo auditivo, que gera uma indicação do implante coclear requer o
dessincronia na condução nervosa. A DENA conhecimento pleno das restrições impostas
pode ser constatada em pacientes com idades pelas circunstâncias clínicas e patológicas.
variadas. O desafio na indicação do implante Vários aspectos são ponderados quando, além
coclear em casos de DENA não é desencadeado da deficiência auditiva, outros comprometimentos
pelas mesmas preocupações anteriormente estão presentes na pessoa candidata ao
descritas, como a malformação e/ou a implante coclear. Cada alteração adicional à
ossificação coclear, mas, sobretudo pela surdez caracterizará um quadro clínico distinto,
precisão do topodiagnóstico e pela variedade de que influenciará o desempenho das habilidades
resultados quanto à percepção auditiva da fala. auditivas e da linguagem oral receptiva e/ou
Sabese que o indivíduo com a desordem do expressiva. Os aspectos mais listados pelos
espectro da neuropatia auditiva apresenta o pesquisadores internacionais sobre os benefícios
funcionamento das células ciliadas externas do IC em crianças com múltipla deficiência foram
compatíveis com a normalidade, mas a função a melhora na qualidade de vida, a possibilidade
neural ao nível do nervo vestibulococlear (VIII par de comunicação através da linguagem oral,
craniano) alterada. No entanto, a literatura maior independência nas relações sociais e
aponta que 30% das pessoas com a desordem familiares, e melhora no desempenho de tarefas
do espectro da neuropatia auditiva podem e atos de vida diária de um modo geral.
apresentar comprometimento das células ciliadas Consideram ainda que os fatores mais
externas e consequente perda das emissões importantes para que esses benefícios sejam
otoacústicas. Nestes casos a ausência das alcançados são o envolvimento da família
emissões otoacústicas não exclui o diagnóstico durante todo o processo e a regularidade da
da DENA, sendo fundamental a presença do terapia fonoaudiológica e do acompanhamento
microfonismo coclear registrado nos potenciais após a cirurgia de implante coclear.
evocados auditivos de tronco encefálico para o Especificamente na paralisia cerebral,
diagnóstico. definida como sequela de lesão encefálica, de
A habilitação e a reabilitação auditiva base etiológica não evolutiva, com sinais e
nesses indivíduos é um desafio, pois a alteração sintomas variáveis, pelo menos 12% das
no nervo auditivo leva ao comprometimento da crianças apresentam perda auditiva de caráter
percepção auditiva da fala, e os limiares tonais sensorioneural, e o implante coclear vem sendo
podem variar de normais até severamente apresentado como uma alternativa de tratamento
prejudicados. O implante coclear indicado para estes casos. A paralisia cerebral
criteriosamente na desordem do espectro da caracterizase por ser o transtorno motor mais
neuropatia auditiva pode ser uma eficiente frequente na infância, podendo estar presentes
alternativa de tratamento para estes casos, e os alterações visuais, mentais, emocionais e
resultados alcançados podem ser potencialmente auditivas. Portanto, as condições multifatoriais
melhores se consideradas as características desta patologia se apresentam potencialmente
desta alteração nos procedimentos pós- como possíveis variáveis nos resultados pós-
cirúrgicos e na escolha e nos ajustes dos cirúrgicos.
parâmetros de programação do dispositivo. Estudo nacional com oito crianças com
A hipoplasia do nervo auditivo também se paralisia cerebral implantadas apontou que todas
constitui como uma condição adversa na as crianças apresentaram evolução com o
indicação do implante coclear. A diminuição do implante coclear, quanto aos aspectos de
número de fibras do nervo auditivo terá audição, linguagem e comunicação, porém com
repercussões diretas no aproveitamento da ritmos diferentes. Em geral a linguagem receptiva
tende a ser melhor que a linguagem expressiva, O benefício do sistema FM possibilita
importante aspecto na orientação aos pais, os melhores condições de compreensão da
quais geralmente esperam a expressão da linguagem oral e de aprendizagem no ambiente
linguagem oral com o uso do IC. escolar, ocasionando um ganho adicional pelo
Considerações similares devem ser fato de as crianças não ficarem tão cansadas nas
estimadas em casos de alterações de natureza situações de comunicação na presença do ruído,
cognitiva e/ou comportamentais, e, sobretudo, favorecendo a atenção e a concentração no
em casos de autismo. ambiente acadêmico.
Já em casos de deficiência visual Considerando a inclusão, regida pelo
associada à deficiência auditiva o IC é altamente princípio básico de inserir a criança com
recomendado, principalmente nos primeiros anos deficiência no ensino regular, faz-se necessário o
de vida ou nos casos de deficiência visual uso deste tipo de dispositivo na deficiência
adquirida e progressiva. Assim, embora a auditiva, uma vez que, no Brasil, os índices de
múltipla deficiência não se constitua como ruído nas escolas estão muito acima das
contraindicação para o implante coclear, ressalta- condições previstas para um ambiente ideal de
se o valor da composição da equipe de forma aprendizagem, com o agravante de não ser
interdisciplinar para avaliação multifatorial e comum a existência de tratamento acústico nas
ponderação do estado de saúde geral atreladas salas de aula. Nos países desenvolvidos, os
à orientação e ao aconselhamento familiar sistemas FM para crianças com deficiência
quanto aos resultados e expectativas auditiva são considerados essenciais e fazem
decorrentes deste processo. parte dos programas de terapêuticos. Todos os
grandes profissionais que trabalham com
audiologia pediátrica recomendam o sistema FM
Os sistemas de frequência modulada (FM) podem ser como a melhor tecnologia disponível para
usados como implante coclear? aprimorar a percepção da fala em ambientes
com acústica desfavorável. No Brasil a Portaria
O implante coclear, assim como os nº 1.274, de 25 de junho de 2013, assegura a
aparelhos de amplificação sonora individuais concessão do sistema FM para crianças e
(AASI), também amplifica o ruído ambiental e a jovens, com critérios estabelecidos.
percepção auditiva sofre a influência da
reverberação dos sons e da distância entre a
fonte sonora e o microfone do dispositivo. O uso Conclusão
dos sistemas de frequência modulada (FM) pode
minimizar estes efeitos nocivos à percepção O momento atual é de desafio às equipes
auditiva da fala. Os sistemas FM podem ser interdisciplinares em implante coclear no sentido
acoplados ao implante coclear, e recomenda-se de estudar os novos rumos do implante coclear,
a sua utilização em crianças e em adultos, em especial no que se refere à diminuição da
principalmente nas situações de aprendizagem. idade, à indicação em casos mais complexos, e,
O ambiente ruidoso é um dos principais sobretudo, à estruturação dos serviços para
motivos de baixo desempenho na percepção receber os candidatos ao implante coclear
auditiva de indivíduos com perda auditiva bilateral e atender às diretrizes
sensorioneural. A insatisfação dos mesmos nesta pertinentes.
situação pode desencadear a rejeição da Estudos avançados em implante coclear,
amplificação. Similarmente, crianças com tanto em crianças como em adultos, certamente
implante coclear geralmente apresentam uma auxiliarão as equipes e os órgãos
redução no reconhecimento da fala no ruído. governamentais a planejarem e a empregarem
Contudo, crianças usuárias de implante coclear e esta tecnologia a favor da qualidade de vida das
sistemas FM apresentam melhoras de até 20 dB pessoas com deficiência auditiva, assim como
no limiar de reconhecimento de fala no ruído e poderão contribuir para o aperfeiçoamento dos
diferença de 16 dB na relação sinal/ruído com o critérios de indicação do implante coclear em
uso do sistema FM. diferentes populações, com expansão dos
critérios de indicação progressivamente.

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