Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Ciências Econômicas

História do Pensamento Econômico
Professor: Lucas Rech
Aluno: Silas Bandeira

Economia Política
O termo “economia política” como referência ao campo de estudos da economia, em
grande medida caiu em desuso fora da francofonia. Usado majoritariamente por pensadores
teóricos marxistas, que em grande parte o utilizam corretamente. Na verdade, o termo
realmente nasceu como “economia política”, justamente para se diferenciar da economia
doméstica que está imbuído na própria etimologia da palavra “economia”.
Existe, sim, um motivo pela mudança do termo. Durante a revolução marginalista, o
termo “economia política” é substituído apenas pela economia, a intenção, claramente, de
tratar o estudo da economia como ciência pura, dotá-la de caráter técnico, indiferente ao
pensamento político, surge então a distinção entre “economia”, que se vende como ciência
pura, livre de ideologia, e “economia política”, está primariamente ideológica.
Outro caráter da distinção está na forma de ação para com o estudo da economia,
enquanto sua versão que se vende como ciência pura, se preocupa com o “entendimento” e
aceitação do modo de vida contemporâneo, quase que se fundindo com o estudo da história, a
versão “política” tem como característica a transformação da sociedade.
A perspectiva do estudo da economia simplesmente como análise de um dos processos
históricos anda de acordo com o caráter histórico da área de estudo. Até o século XVIII, a
economia não havia sido estudada de maneira específica, mas sim como parte da moral, do
direito, da filosofia etc. Segundo o autor do livro “nem se concebia no plano teorético que que
os processos econômicos pudessem gerar os próprios imperativos” (Hunt, p.: 13). Da forma
como era analisado, a economia era subordinada a outras áreas da gestão. Principalmente ao
poder, que era principal força ativa da produção e consumo, estes que estavam
intrinsecamente ligados nas sociedades pré-capitalistas.
A análise econômica primordial, parte do consumo. Num mundo anterior ao
capitalismo, “a produção está em absoluto subordinada ao consumo” (Hunt, p.: 13), o
consumo era a base de todo processo econômico, até mesmo as relações que tinham como
objetivo acúmulo de excedente, esse se dava pela circulação, como ocorria com o
aproveitamento das diferenças de preços aproveitadas pelos mercadores medievais. Um
processo de acumulação desconectado da produção. Com o surgimento do capitalismo, da
mesma forma como a produção era ligada ao consumo, num momento anterior a ele, a
produção passa a ser interligada com a troca. E a análise da Economia Política moderna, que
surge com Adam Smith, centra seu estudo na produção e no crescimento econômico.
Sobretudo, a Economia Política surge como base teórica para sustentar a ascensão da
burguesia. “Uma crítica empenhada em acabar com as sobrevivências feudais e em
transformar a sociedade e a economia no sentido que correspondia, então, não só aos
interesses da burguesia, mas também às necessidades do desenvolvimento econômico e social
da Inglaterra” (Hunt, p.: 21). A metamorfose da Economia Política de compreensão e
alteração da realidade, muda apenas quando a burguesia se estabelece como novo grupo
dominante. A partir desse momento, torna-se “instrumento de defesa dos interesses da classe
dominante na sociedade capitalista” (Hunt, p.: 22). Não de forma rápida, Hunt nos mostra
quatro distintos períodos que podemos observar nessa mudança: “Um período de análise
científica da realidade econômica”, quando a economia serve para pavimentar o caminho da
ascensão burguesa, e luta por uma alteração da vida em sociedade; “Um período de
controvérsia e cisão”, já após a ascensão, o início da luta de classe entre burguesia e
proletariado; “Um período de caráter apologético”, a economia torna-se instrumento de defesa
dos interesses burgueses frente aos interesses proletários; “Período de pragmatismo”,
economia ortodoxa, perde seu caráter de busca por melhora nas relações humanas, e busca tão
somente entender a realidade como ela é.