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Porque até já é tão intensa que se não pode resumir.

Mas eu preciso
chamar a atenção para a novidade e para a atualidade de algumas
dessas textas. Por exemplo, da 10º, a educação artística. Ele dizia um
texto literário que deve ser a porta de entrada para a educação
artística.

Ele depois retoma isso num dos artigos, ou num dos capítulos que está
no livro Teoria e Muteologia Literária que ele escreveu para a
Universidade Aberta.

E que é um livro, não sei se tem, o destaque que deveria ter na obra
de Ancara e Silva.

Talvez fosse o germo da reconfeção da teoria da literatura que ele não


teve tempo de fazer. Há lá muitas pistas para lançar ideias que ele
tinha na teoria da literatura que depois não puderam ver a luz do dia.

Ou então, na Tese III, os textos económicos, o que é que devemos dar


a ler aos adolescentes na escola? Coisas seguras.

Textos económicos não podemos aplicar deles. Independentemente de


todas as controvérsias teóricas que possamos ter, possamos alimentar
sobre o canão,

quando se trata de adocentes, quando se trata de cidadãos que


frequentam a escuridão obrigatória, não podemos fugir dos textos
canónicos. Isto está na Tesa 3.

E na Tesa 2, anterior, está uma outra ideia que dá que pensar. No


português, na área disciplinar do português, há uma praça maior. Há
uma praça maior, é assim que se chama. Há um núcleo que é essa
praça maior, sabe como se chama? Literatura. É a partir da literatura
que se pode ensinar.

outras coisas, designadamente a língua. E é um erro não fazer.

É um erro considerar, como dizia o professor Villanueva a pouco, a


literatura como um tipo de discurso equiparável a outros tipos de
discurso, a literatura e a praça maior do português. Diz ele claramente
na Tese II.

Na Tese VIII fala ou adverte contra os perigos do nacionalismo, do


nacionalismo literário. Fazia -lhe impressão que uma pessoa pudesse,
um cidadão, pudesse sair na história obrigatória sem ouvir falar, pelo
menos ouvir falar,

de grandes autores do cano ocidental. Eu ouvi falar de Camões, sim,


mas não ouvi falar também de Cervantes, e não ouvi falar de Milcom, e
não ouvi falar de Montlieri. Não era ler, não era estudar desde
Montlieri, mas era fazer pontos entre Camões e os grandes nomes. Isso
era valorizar Camões e era suscitar, pelo menos nos alunos e nos
professores, um incómodo de não terem lido.

É um incómodo criativo, e é um incómodo que pode ser produtivo.

Ele diz isso com clareza na Tese oitava. Mas é que me interessa. A que
me interessa é a Tese sétima. Agora, se eu vou mesmo ver aqui...

Não vou ler até as 7h, porque o Álvaro cruelmente já me anunciou que
só tem que disponha de 5 minutos e chamo só da nossa atenção para
a ideia que os professores devem guiar os alunos com segurança e
com brincadeza.

E a brincadeza é que evoca em mim um aspecto que queria sublinhar,


a ideia de hospitalidade. Hospitalidade é um conceito muito
abrangente, que tem uma condutação moral, tem uma condutação
religiosa, tem uma condutação geopolítica cada vez maior, mas
também uma envolvência pedagógica muito forte.

Ora, a literatura é um lugar estranho para os jovens, é um lugar


crescentemente estranho para os jovens. E a hospitalidade que os
professores devem ter em relação aos alunos não pode ser outra senão
a de hospitalidade. O aluno não entende que o professor considere que
a literatura seja a praça maior do português. E para nós convencermos
os alunos de que realmente a literatura é a praça maior, temos que
usar da delicadeza que o doutor Aguiar e Silva recomendava.

A hospitalidade não é uma mera transposição de um procedimento


moral para a sala da aula, é muito mais do que isso. A hospitalidade
tornou -se imperativa, deixou de ser recomendável para ser
obrigatória.

No texto que vou enviar para as atas, desenvolverei mais este conceito
de hospitalidade e a sua aplicação à sala de aula. No caso do
português, mas com especial incidência, nas matérias que causam
mais estranheza nos alunos.
E a literatura causa muita estranheza nos adolescentes. E um
professor que não tenha consciência disso corre muitos riscos de
ineficácia.

E concluo dizendo que os textos que a Cary Silva escreveu sobre o


nascido da literatura não podem ser desligados dos textos que a Cary
Silva escreveu sobre as humanidades.

E esta é talvez a dimensão mais inovadora que encontro nos ensaios


que o doutor Agaricila consagrou diretamente ao vencido da literatura.

Os estudos sobre as humanidades que o doutor Agaricila integrou


neste volume são, em fundamental, em termos de disposição e a
principal conclusão que eu encontro e que posso interligar com o
ensino da literatura é esta.

é que sempre que as humanidades deixaram de ser hospitaleiras


fecharam -se sobre si próprias e foram objeto de crítica e de menos
preso. Desde logo, sempre que as humanidades sempre que os
estudos literários, vou agora limitar -me deixaram de presar a
contiguidade com as outras áreas humanísticas.

Sempre que um estudioso da literatura começou a escrever


independentemente da utilidade que a sua escrita pudesse ter para
um estudeador como filósofo. Vou falar de um ensino de esmamento
dos estudos literários nos últimos anos.

Doutor Hegaris Silva dizia isso sobre as humanidades e sobre os


estudos literários. Hospitalidade, o doutor Dario Villanueva citava há
pouco o Ortega de Gasset, la claridad es la cortesia del filósofo. Isto
aplica só os estudos literários dos últimos 20 anos, de uma maneira
que nos deveria fazer pensar a todos.

Por último, depois de relacionar os textos que o doutor Hegaris Silva


escreveu sobre ensino da literatura, com aqueles que escreveu sobre
as humanidades, uma última chamada de atenção para a nota
preambular deste livro.

São 22 línguas.

em que cada uma é pesada e ponderada. Porque ele dizia -lhe que
pesava a palavra de uma forma especial. E há um momento, o
penúltimo parágrafo, em que ele diz que houve tempo em que
acreditou na ciência da literatura. E hoje, em 2010, deixou de acreditar
na ciência da literatura. Mas não deixou de acreditar nos estudos sobre
a literatura. É uma reconversão que parece radical, mas é apenas
gradual. Ele dizia -lhe que não paguei nunca portagem à ortodoxia
estruturalista.

E por isso deixei de acreditar na literatura ou nos estudos literários


como ciência. Mas nunca deixei de acreditar nos estudos literários. E a
conclusão é que quem ensina a literatura precisa de quem? O conselho
indireto dele é que precisa primeiro de acreditar nela. Há um trabalho
de proclamação a fazer sobre o valor da literatura. Há um
argumentário a desenvolver sobre isso. O argumentário de
conhecimento convencional não é hoje o seu argumento convencente.
Lê que pedras, lê que creches, lê que isso não basta para um jovem de
15 ou 16 anos.

É necessário acreditar na literatura, nas suas potencialidades


formativas.

Há coisas que se podem aprender com a literatura, mas há muitas que


não se podem aprender sem ela.

Então é preciso acreditar nela. O doutor Aguiarizilo até ao fim dos seus
dias foi um crente na literatura e naquilo que com a literatura se pode
aprender. Mas estes seis ensaios vão mais longe. E dizem que a
vocação central da literatura é a de acolher. Por isso ele diz que o
professor deve conduzir com delicadez aos seus alunos. Estão a ouvir o
doutor Aguiarizilo a referir -se nestes termos aos professores?

Hoje, aqui, com uma lincadeza, para acolher, para promover e, por
último, para resistir. A literatura tem uma vocação de resistência
insustentível. Muito obrigado.

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