Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
em associação com o
passado pré-hispânico:
o caso do Campus
Universitário da
Universidade Nacional
Autônoma de México
(UNAM)
TRABALHO MONOGRÁFICO
2022
TRABALHO MONOGRÁFICO | Macarena A. Albarenque
Índice
Índice .......………………………………………………………………………..………...02
Introdução ……………………………………………………………….…….…………...03
Implantação do CU ...……………………………………………………………………...05
. .......…………………………………………………………………...06
........…………………………………………………………………...07
Análises do CU .....………………………………………………………………………...09
.…………………………………………………………………………...10
.........……………………………………………………………………...11
.........……………………………………………………………………...12
.........……………………………………………………………………...13
.........……………………………………………………………………...14
Conclusão .................……………………………………………………………………...15
Introdução
Latina em meados do século XX, excluiu não apenas a ornamentação, mas também a
continuidade histórica e a linguagem simbólica da arquitetura. Com o orgulho do racionalismo
radical, procurou estabelecer uma nova arquitetura, distanciada do contexto e da tradição, mas
a produção arquitetônica do México mostra que a história não pode ser abolida por decreto,
nem é possível banir a dimensão simbólica da arte. Neste sentido, a procura de identidade na
arquitetura mexicana em meados do século XX é visionária ao conseguir uma síntese entre a
modernidade e o caráter nacional da arquitetura que pode ser exemplificado com o Campus
da Universidade Nacional Autônoma de México, edificado entre 1949 e 1952 e situado no sul
da capital mexicana, o qual, integra edifícios académicos, administrativos, foros e instalações
esportivas distribuídos entre espaços abertos.
O projeto para o Campus Universitário, como Eggener o vê, "foi um esquema utópico
do Movimento Moderno: arquitetura e planejamento urbano destinados a acomodar e alcançar
mudanças sociais fundamentais e, neste caso, ajudar a preparar o novo mexicano" (Eggener,
2014, p.73). Isto porque, quando foi projetado, o México estava em uma fase de
desenvolvimento econômico consolidado e em aumento, graças à solidez de suas instituições
e a os fundamentos de sua revolução social. Assim, o governo mexicano procurou expressar
este momento através de projetos de modernização do país após a revolução, que retomariam
os elementos de identidade latentes na cultura mexicana e os integrariam à arquitetura da
época.
Nesta monografia será analisado então desde o mais geral até o particular, o Campus
Universitário da UNAM projetado no contexto mencionado e considerado um ícone do
modernismo na América Latina, tentando verificar como está relacionado com as formas
arquitetônicas e urbanísticas do Movimento Moderno e das culturas pré-hispânicas. Analisar
o contexto socioeconômico e político do país no ajudará a entender as ideias que estavam
circulado na época que foi projetado o caso de estudo, e como estas influenciaram na eleição
da localização, os princípios construtivos e formas estéticas que levaram a demostrar como se
produze no conjunto do Campus Universitário uma mistura entre arquitetura internacional e
nacional.
TRABALHO MONOGRÁFICO | Macarena A. Albarenque
Figura 1. Desenvolvimento urbano da Cidade de México 1870-1980. [Gráfico], por Arq Araceli García Parra, 2006,
TDX (Tesis Doctorals en Xarxa (https://www.tdx.cat/handle/10803/6961#page=1) Anexo 1.
TRABALHO MONOGRÁFICO | Macarena A. Albarenque
Figura 2. Vista aérea da Cidade Universitária no Pedregal de San Angel [Fotografia], por CIA Mexicana Aerofotos,
S.A., 1951, Acervo Histórico Fundación ICA
TRABALHO MONOGRÁFICO | Macarena A. Albarenque
hispânica. Em quanto as primeiras, e possível controle, era uma solução frente à ameaça de
mencionar que, a origem vulcânica do solo manifestações, protestas e distúrbios no
havia impedido o desenvolvimento urbano da centro da cidade, tradicionalmente
área assim como também, sua utilização para encabeçadas pelos estudantes.
a agricultura; mas, sua localização ao sul, Em quanto as razões ideológicas,
7
para onde a cidade estava sendo expandida e seguindo ao autor Eggener, o sitio era rico em
novos bairros estavam nascendo, como o associações históricas, principalmente pré-
fraccionamento dos Jardins do Pedregal de hispânicas, por ser uma paisagem vulcânica
Luís Barragán, despertou o interesse nessa. num país onde os vulcões tinham há muito
Nesse sentido, era um local grande, tempo um profundo significado cosmológico
disponível, acessível, económico e e cultural. Era também onde viviam espécies
sismicamente estável, atravessada por uma pouco comuns de plantas e animais; onde
das principais artérias da cidade, a Avenida antigos mexicas haviam vivido e construído
Insurgentes. Além disso, era um sitio que casas, tumbas e templos, como a pirâmide de
servia de refúgio para criminosos por estar Cuicuilco (Figura 3), onde também, geração
longe da cidade, que, baixo os ideais mais recente de mexicanos nativos havia
modernos do governo federal que tinha o procurado refúgio dos espanhóis, e era um
controle -das formas e da sociedade- como dos poucos lugares que não foram intervindos
centro, era necessário povoar para poder pelo imperialismo europeu. Assim, em
assim controla-lo; e baixo a mesma ideia de meados do século XX, o Pedregal era visto
Figura 3. Pirâmide de Cuicuilco [Fotografia], por Instituto Nacional de Antropología e Historia, ano unknown,
Mediateca INAH
TRABALHO MONOGRÁFICO | Macarena A. Albarenque
presentados como uma descontinuidade na jeito, são geradas três zonas principais dentro
trama urbana da zona metropolitana, espaços do anel periférico que ficam encriptas dentro
de cultura, diversidade, tolerância e de circuitos de circulação veicular de único
relaxação; a consideração da topografia, o sentido também (Figura 4). "Em resumo, as
clima e o isolamento; a diferenciação das ruas diferentes grandes zonas da Cidade
de acordo com o uso, já seja habitação, Universitária são definidas pela disposição
passeio, trânsito veicular ou pedestre, livre da lava que as limita, bem como pelos
incorporando diferenças de níveis para que o circuitos fechados de circulação dos veículos,
pedestre possa tomar caminhos diferentes sem que nada impeça os pedestres de
que os automóveis. intercomunicarem livremente de zona para
Retomando esses princípios, o projeto do zona, já que as passagens a diferente nível
CU, tem em conta a topografia na maneira, necessárias, estão localizadas nos lugares
em que os "espaços irregulares bem definidos mais convenientes” (AA.VV, 1952, p.211).
isentos (da capa de lava), sugeriram o partido Mas, além da conveniência, as diferenças de
adotado, ao permitir nestes espaços livres, a níveis e as grandes extensões de pavimentos
classificação e localização dos principais de pedra junto a escadas entre plataformas,
elementos da composição arquitetônica" lembram também, à morfologia dos sítios
(AA.VV, 1952, p.211). Assim, o projeto pré-hispânicos, de acordo com o explicado
iniciou com o traço dum anel periférico de por Godoy Patiño.
todo o conjunto que serve de circulação
Figura 4. Desenhos da implantação do CU no campo de lava do sitio [Croquis], por Mario Pani e Enrique Del
Moral., 1952, Revista Arquitectura México No. 39
TRABALHO MONOGRÁFICO | Macarena A. Albarenque
Fica então uma composição que, tradicionais do sitio, como pedra vulcânica e
respondendo ao programa funcional geral, é metais como o ónix. Da mesma maneira, as
dividida nas seguintes áreas: 1. Escolar, com formas de algumas estruturas sugiram
a plataforma e praça de acesso principal em vulcões como o Estádio Olímpico ou
torno à qual são dispostos os prédios da construções pré-hispânicas como os
11
uma ênfase expressiva. Resulta assim claro, a que incluíram, como explica Eggener, temas
concordância entre formas arquitetônica como: "O Direito de Aprender", "A
mesoamericanas e modernidade, mas Conquista da Energia", "A História das Ideias
também, detrás de essa associação lógica, no México", "Esporte Pré-Hispânico".
existe um motivo ideológico para as A Reitoria, tanto em termos de sua
12
Figura 5. A Reitoria e a Biblioteca articuladas por espaços abertos [Fotografia], autor anónimo, 2009, Site Web
Flickr
TRABALHO MONOGRÁFICO | Macarena A. Albarenque
A Biblioteca, por outro lado, ícone da Atenas e a procura do arraigo local. Por outro
Universidade, consiste na sala de leitura lado, o tema geral do mural está relacionado,
horizontal e num prisma, quase cúbico, donde segundo Solís Ávila, à evolução da cultura
se encontra o acervo. Ao igual que a Reitoria, mexicana, destacando e aproveitando um
sua composição volumétrica, materialidade elemento raramente utilizado na arquitetura
construtiva, e planta completamente moderna: a ornamentação. O'Gorman toma,
funcionalista, adscreve à arquitetura as raízes da cultura mexicana em todos seus
internacional. E, sua disposição isenta no períodos transcendentais (o período pré-
conjunto articulada com espaços abertos hispânico, a Conquista, o Virreynato, a
permite que seja vista de todos os ângulos, Independência e a Revolução, até o momento
sem qualquer obstáculo que obstruísse a histórico em que o CU foi criado) para
visão, dando-lhe importância dentro do capturá-los na fachada do edifício.
conjunto e lembrando à configuração No Estádio Olímpico, por sua parte, a
espacial mesoamericana. Além disso, como mistura entre formas pré-hispânicas e
explica Solís Ávila, o pátio menor do modernas é mais evidente. Como remate do
edifício, está rodeado por um muro sólido de eixo de composição principal, é uma das
pedra com figuras esculpidas em relevo, que obras mais modernas, atemporais, funcionais
contrasta com o mural multicolorido do e belas da arquitetura universal moderna,
volume que sobe, mas ao mesmo tempo enquanto em suas texturas, materiais e
reflete a intenção do projetista responsável formas resultantes encontramos claras
Figura 6. O Estádio Olímpico [Fotografia], autor anónimo, Figura 7. Frontões [Fotografia], autor anónimo, 2009,
ano unknown, Jornal “El Heraldo de México” Site Web Flickr
TRABALHO MONOGRÁFICO | Macarena A. Albarenque
arquitetura mesoamericana, com uma planta ginásios da área esportiva conhecidos como
circular rodeada por espaços abertos, como a os “Frontões” (Figura 7). Esses, abertos e
pirâmide de Cuicuilco próxima à área, parece fechados, mostram uma completa
emergir da terra como um vulcão, por meio sensibilidade para resolver um programa
de taludes de pedra, que gradualmente e com bastante elemental e meramente funcional.
fluidez chegam à altura necessária (Figura 6). Sua forma de pirâmide truncada e o
“O estádio representa um entendimento tratamento de uma plataforma que serve de
completo do programa arquitetônico, com base para o volume principal, resolvido à
uma solução estrutural original, cujo maneira de uma plataforma com taludes de
resultado é a integração na paisagem do sul pedra ao igual que as paredes, de acordo com
da Cidade do México, num diálogo natural López Padilla, remetem a imagens de
com uma tradição milenar” (Godoy Patiño, pirâmides e quadras pré-hispânicas, dando a
2011, p.19). Funcionalmente, os projetistas sensação de estar realmente numa das antigas
tiveram em conta a circulação de grandes cidades mesoamericanas.
TRABALHO MONOGRÁFICO | Macarena A. Albarenque
15
Conclusão
Referência bibliográficas
EGGENER, K. L. (2014) "Escenarios para la historia y el olvido en el México moderno 1942-1958." Bitácora Arquitectura,
No 27, p. 68-83.
GODOY PATIÑO, I. (2011). “Identidad y reciclaje formal en Ciudad Universitaria”. Academia XXII, No 1(1), p. 11-23.
NOELLE, L. (2011) “La Ciudad Universitaria y sus arquitectos”. Bitácora Arquitectura, No 11(2004), p. 4-9.
MOLINAR, E. (2011) “Testimonio sobre el Plan Maestro de CU”. Bitácora Arquitectura, No 11(2004), p. 26-29.
LÓPEZ PADILLA, S. (2011) “Significados y aportaciones del proyecto de Ciudad Universitaria”. Bitácora Arquitectura,
No 11(2004), p. 20-25.
SOLÍS ÁVILA, L. F. (2001) “El pasado, el presente y el futuro arquitectónico de la Biblioteca Central de la UNAM”.
Biblioteca Universitaria [Digital], No 4(1), p. 35-43.
GARRIDO, I. (1952). “El Destino de la Ciudad Universitaria”. Arquitectura México, No 39, p. 197-198.
ACEVEDO ESCOBEDO, A. (1952). “Los Edificios de la Antigua Universidad”. Arquitectura México, No 39, p. 199-202.
DE ROBINA, R. (1952). “El Pedregal de San Ángel”. Arquitectura México, No 39, p. 337-340.
AA.VV. (1952). “La ciudad universitaria de México”. Arquitectura México, No 39, p. 203-336.