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HISTÓRIA DO DESIGN
CAPÍTULO 4 - EXISTE UMA DISTINÇÃ O ENTRE
DESIGN MODERNO E DESIGN PÓ S-MODERNO?
COMO O DESIGN FOI IMPLANTADO NO
BRASIL?
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Introdução
O período de transição entre o design moderno e o design pó s-moderno é marcado por seis eventos: o fim da
Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que gerou uma onda de otimismo e a aplicação de toda tecnologia de
guerra no desenvolvimento de produtos e serviços para o uso civil; o período da Guerra Fria (1945-1991) que
marcou no início o medo do confronto atô mico entre as grandes potências mundiais e no final o começo da
abertura política do Leste Europeu e a ascensão do multiculturalismo no ocidente.
Por outro lado, o movimento Flower Power (poder das flores) (1965-1975), liderado pelos hippies, pregava a
ideologia da não-violência e o repú dio às guerras, extremamente ligados à contracultura das drogas, da mú sica
e ao movimento psicodélico; os Événements de Mai 68 (eventos de maio de 1968) que apelavam para a
revisão dos costumes, a revisão do processo educacional, a liberdade sexual, a importância do prazer e o fim
do controle e do autoritarismo praticado pelo estado contra os cidadãos, na esfera da vida pú blica e privada,
que questionavam ainda o autoritarismo do mercado que incorpora todas as manifestaçõ es da vida no ciclo
do capital, se apropriando e promovendo autoritariamente uma imagem estandardizada do estilo de vida a ser
seguido.
Na economia, a Crise do Petró leo (1967-1980) revelava a necessidade de se repensar racionalmente a
dinâmica de uso dos recursos naturais e a sustentabilidade do sistema sociocultural, de produção e de
consumo, político e econô mico; e a consolidação da Revolução Eletrô nico-Digital (1936-1984) que introduziu
em quase todos os campos de atuação o uso dos computadores e dos softwares.
Neste contexto, entre as mudanças globais, regionais e locais cabem algumas perguntas. Como a distinção
entre o que seria o design moderno e o que seria o design pó s-moderno pode ajudar a compreender o
desenvolvimento do campo de saber do design? As diferenças seriam teó ricas e/ou práticas? Os objetos
culturais registram mudanças abruptas ou lentas? Existe oposição entre os princípios do design moderno e do
design pó s-moderno? Existe uma relação entre as mudanças no design e o uso de novas tecnologias?
A demarcação de um período de design moderno e um período de design pó s-moderno cria uma falácia
histó rica que não considera o fluxo de ideias e formas de pensar que precedem ou sucedem o ápice da
presença histó rica de um movimento, com sua teoria e/ou prática. A histó ria do design é marcada por
rupturas, fragmentação, aglutinação e continuidade, algo bem longe de qualquer ideia de homogeneidade e
unidade cultural, pois o que prevalece registrado nos museus e livros são a pluralidade e a diversidade
cultural que emergem da prática do design.
No entanto, a promoção da propensa diminuição das ideias de solidez, fixação e pureza, típicas da máquina e
do início do modernismo, passam a dar lugar às ideias de fluidez, flexibilidade e hibridização, características
da circulação da informação. Mais do que isso, definiram o princípio “do que é produtivo não é sedentário,
mas nô made” (HARVEY, 2005, p. 49). O aumento da circulação das formas emocionais e simbó licas motiva a
mudança de comportamento na sociedade e fomenta a transformação de alguns aspectos do modernismo,
possibilitando a implantação da pó s-modernidade.
O modernismo pode ser acusado, em certa medida, “de reduzir a noção de função aos aspectos físicos,
técnicos e práticos, o que levou a centralizar-se nas exigências ‘mecânicas’ e descuidar-se dos aspectos
psicoló gicos e emocionais, caindo na monotonia” (VENTURI, apud TORRENT; MARÍN, 2005, p. 356). Torrent
e Marín (2005, p. 354-356) acrescentam ainda que se deve agradecer ao pó s-modernismo, com o intuito de
revitalizar o design e de valorizar “a variedade, a complexidade e a ambiguidade” por “reduzir toda a
profundidade a favor do deslizamento sobre a superfície das coisas”.
No entanto, segundo Latour (1994, p. 16) jamais chegamos a ser modernos ou pó s-modernos, pois para
atingir-se o modernismo se deveria ser capaz de articular, ao mesmo tempo e de forma consciente, os
processos de “purificação” e de “sincretismo ou hibridização” sem deixar que nenhuma das duas formas
prevaleça. A prática da “desconstrução” e do “retrô ” evidenciam, no presente momento, os princípios de
“purificação” e de “hibridização”, utilizados como forma de recompor a realidade: pela desagregação das
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partes em unidades simples, para em seguida reordená-las; e pela mistura de vários estilos do passado num
processo de ressignificação emocional simbó lica. Contudo, ambos os métodos foram usados tanto pelo
modernismo quanto pelo pó s-modernismo.
Dessa forma, trataremos neste capítulo, permeado pelo pensamento moderno e pó s-moderno, os eventos
relacionados ao campo do design que marcaram a transição dos movimentos estéticos modernos para os pó s-
modernos, influenciados pela ascensão da teoria do design universal para o design multicultural.
O início do período foi marcado pelo tensionamento das ideias modernas na arte, na arquitetura e no design, o
que levou à reflexão sobre o racionalismo científico, o funcionalismo técnico produtivo e o funcionalismo
social ao seu ponto extremo, sendo então discutido pela primeira vez no campo do design, o design como um
campo teó rico e prático regido pelos métodos científicos. Teve como principal espaço de discussão a
Hochschule für Gestaltung – HfG – Ulm (1953-1968), na qual foram formuladas as bases da maioria dos
projetos pedagó gicos das escolas de design que se disseminaram pelo mundo na segunda metade do século
XX.
Apó s a consolidação dos princípios do design de Ulm, que levaram ao extremo a prática do Estilo
Internacional (1920-1965), o campo do design sofre uma reviravolta marcada pela crítica fervorosa ao
racionalismo científico, ao funcionalismo técnico produtivo, ao funcionalismo social e a sociedade de
consumo de massa que havia se estabelecido. Surgem os movimentos Pop Art (1952-1972), Radical Design
(1961-1980) e New Wave (1979-1995).
Por fim, a implantação da prática e do ensino de design no Brasil é outra questão que será abordada neste
capítulo. Acredita-se que as primeiras práticas do design gráfico e do design do produto tenham se
desenvolvido ainda no primeiro surto de industrialização nacional, na segunda metade do século XIX, que foi
registrado em diferentes províncias e nos livros de registro de marcas e patentes da Biblioteca Nacional, nos
quais se pode observar uma intensa atividade econô mica industrial e comercial.
Mas quais foram as dificuldades enfrentadas para a implantação da prática e do ensino de design no Brasil? As
elites brasileiras investiram no desenvolvimento do campo do design sob que circunstâncias? O projeto de
desenvolvimento e de industrialização do país estava alinhado com um projeto de desenvolvimento do design
e um programa de ensino de design?
Sabe-se que as primeiras tentativas para a implantação do ensino de design no Brasil foram desenvolvidas a
partir da criação dos liceus no século XIX, e que a tentativa de implantação do design moderno no Brasil, só foi
realizada com a fundação do Instituto de Arte Contemporânea (IAC), de 1951 a 1953, e a fundação, nos moldes
da Hochschule für Gestaltung – Ulm, do projeto pedagó gico da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) na
metade do século XX.
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VOCÊ SABIA?
Para que foi usado o termo “funcionalismo utilitarista” no design? Definia
exatamente o que, e em que período? O termo foi desenvolvido para descrever a
prá tica do design voltada à produçã o de objetos culturais que atendam à s
necessidades prá ticas funcionais, a fim de otimizar a usabilidade dos objetos,“ o
valor de uso de um objeto é definido unicamente por sua utilidade para o usuá rio,
e a utilidade é condicionada apenas pelas características do objeto” (SCHNEIDER,
2010, p. 207).
Propunha unir no campo do design os fundamentos da engenharia, arquitetura e ciência, mas trabalhando
conjuntamente com esses especialistas para completar o escopo de saberes necessários à qualificação dos
projetos (LINDINGER, 1991, p. 94). Promovia as ideias do funcionalismo utilitarista e da boa forma, mas
rejeitava abertamente todos os estilos orgânicos e os estilos histó ricos restaurados (SCHNEIDER, 2010, p.
113), e ainda rejeitava amplamente qualquer tipo de aproximação do projeto pedagó gico com o artesanato.
A Hochschule für Gestaltung tornou-se uma referência no ensino de design do século XX por ter conseguido
aproximar a teoria e a prática do design com a implantação e produção dos seus modelos industriais.
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Nesse sentido, seus integrantes propuseram uma teoria social do design na qual declaravam que
sua principal função era contribuir para o progresso no âmbito humano, social e cultural.
Contudo, não haviam percebido, pelo menos no início da proposição, que o valor social de uso de
um produto ou serviço tinha um papel secundário nas mercadorias de massa, pois o objetivo do
sistema capitalista continuava o mesmo: a obtenção do máximo lucro econô mico.
No entanto, a Hochschule für Gestaltung, ao adotar a divisão em especialidades, que gerou um novo paradigma
no campo de ensino do design ao estabelecer um novo patamar de eficiência na formação de designers, que
ativamente conseguiram se inserir e transformar o mercado, fez com que a escola virasse uma referência
mundial neste campo de ensino. Curiosamente, a escola foi fechada, em 1968, durante o governo de Hans
Filbinger (1913-2007), um antigo membro do Partido Nacional Socialista (Nazista).
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Figura 1 - Bancos da Hochschule fü r Gestaltung, de 1954, de Max Bill e Hans Gugelot; louça empilhável para
hotel TC100 da Rosenthal, de 1958-1959, de Hans Roericht; marca da companhia aérea Lufthansa de 1962,
de Otl Aicher.
Fonte: LINDINGER, 1991, p. 142-192.
Teve como alunos reconhecidos pela contribuição em diferentes áreas: Mary Bauermeister (1934-), Bernhard
E. Bü rdek (1947-), Hans G. Conrad (1926-2003), Gerhard Curdes (1933-) e Heinz Wäger. Lá também estudaram
os brasileiros Maria Viera (1927-2001), Almir Mavignier (1925-2018) e Alexandre Wollner (1928-2018).
Figura 2 - Barbeador elétrico SM31 Braun, de 1961, de Hans Gugelot; rádio de bolso modelo T3 Braun, de
1958, e rádio de bolso modelo TP1 Braun, de 1959, ambos de Dieter Rams.
Fonte: LINDINGER, 1991, p. 142-223.
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Contudo, o trabalho desenvolvido com a Braun foi o que marcou a escola internacionalmente. Durante o
período de cooperação técnica foi desenvolvido o design de cafeteiras, torradeiras, batedeiras,
liquidificadores, espremedores, centrifugadores, barbeadores, rádios, rádios-reló gios, rádios de bolso, toca-
discos, câmeras, filmadoras, projetores e televisores.
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Na segunda metade do século XX, houve a radicalização desse processo, e o design começou a ser pensado
enquanto um campo científico, ao ponto de a Hochschule für Gestaltung – Ulm teorizar e propor o afastamento
dos seus cursos do campo das artes e do artesanato.
Dessa maneira, intensificou a aproximação com os métodos científicos e as novas tecnologias da época –
como a cibernética – e com a indú stria. A escola passou a ver o design como um campo científico da
configuração da estrutura e da forma, e deste modo acabou produzindo uma análise crítica muito rica deste
campo do saber. Renovou a teoria do design e a prática do fazer design, mas acabou criando um abismo
afetivo, emocional e simbó lico nos objetos de design.
Por isso, busca uma fundamentação da prática projetiva a fim de compreender o comportamento
do usuário, individual ou em grupo, a relação do usuário com o cenário de uso e o processo de
inter-relação do usuário com os objetos. Para embasar a prática projetual, utilizava as disciplinas
de histó ria, antropologia, sociologia, economia, teoria política, teoria da técnica e, ainda, as
tecnologias e a ergonomia.
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Contudo, tanto a teoria quanto a prática do design universal, de 1955 até meados de 1980,
negligenciavam os aspectos sensoriais, emocionais, afetivos e simbó licos dos objetos culturais,
o que fazia com que recomendassem sempre o desenvolvimento de formas neutras racionais,
livres da presença de qualquer tipo de elemento que representasse uma cultura, livres da
presença de elementos emocionais e afetivos, pois esses aspectos não podiam atrapalhar o uso
das formas racionais ló gicas (LIDWELL, 2010).
No entanto, essa teoria, apesar de melhorar a organização das funçõ es práticas do objeto cultural,
produzia outro efeito indesejado, o de desenvolver objetos frios sem alma, a chamada estética
da caixa preta, que só foi ser combatida com o desenvolvimento da crítica do design moderno e
que, por sua vez, deu origem ao design pó s-moderno. Mas, somente a partir de 1980, o design
universal incorporou os estudos de psicologia para fundamentar a inter-relação psíquica e
psicossocial do usuário com o cenário e o objeto.
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CASO
Na segunda metade do sé culo XX, a capacidade produtiva tinha avançado muito e
as indú strias tinham a capacidade de produzir quantidades massivas de
produtos. No entanto, para que fosse promovida a expansã o comercial necessá ria
ao consumo, nã o bastava baixar os custos de produçã o e levar esses produtos aos
quatro cantos do mundo; era necessá rio superar as barreiras funcionais
cognitivas e culturais. A cultura de massa já era uma realidade, mas o consumo de
massa dependia da assimilaçã o do mesmo produto em diferentes culturas. Sem,
naquela é poca, a tecnologia necessá ria para produzir produtos personalizados ou
customizados, a fim de adequar e promover a comercializaçã o em diferentes
culturas, só restava elaborar uma nova estraté gia para introduzir, nos mais
diversos países, os produtos fabricados.
Hans Gugelot (1920-1965) arquiteto, designer e professor de design na
Hochschule für Gestaltung, reuniu-se aos donos da empresa de elé trica e
eletrônicos Braun, Erwin Braun (1921-1999), empresá rio e administrador, e
Artur Braun (1925-2013), empresá rio e engenheiro. Considerando as questões
de adaptaçã o a produçã o, da produçã o massiva em larga escala, das funções
cognitivas necessá rias ao funcionamento do produto e das barreiras cultuais
como a língua, eles estudaram como o design universal poderia ser utilizado para
promover o consumo de massa em diferentes nações.
Entã o, desenvolveram uma linguagem formal coesa, capaz de ajudar a simplificar
os processos de produçã o e, ao mesmo tempo, atender à s necessidades cognitivas
pertinentes ao ato do uso, suprimindo os aspectos emocionais e simbólicos dos
produtos. A linguagem foi utilizada em todos os produtos da empresa e
demonstrou uma imensa capacidade de cativar consumidores em diversos países.
O rá dio-toca-discos modelo SK 4/10, de 1956, e o barbeador elé trico SM31, de
1961, se tornaram ícones da qualidade industrial alemã e do consumo de massa.
Assim, Hans Gugelot, Erwin Braun e Artur Braun atingiram o seu objetivo: por
meio da linguagem formal e da qualidade das funções cognitivas, tornaram a
empresa reconhecida internacionalmente pelos seus produtos. O sucesso
estrondoso da organizaçã o alemã , na é poca com mais de 5.700 funcioná rios,
despertou o interesse da empresa americana The Gillete Company que, em 1967,
acabou adquirindo a Braun. Os princípios de design se tornaram referê ncia no
ramo de eletrodomé sticos até meados de 1980 (ART DIRECTORY, s/d).
No tó pico a seguir, vamos entender melhor as origens e as características que promoveram outros
movimentos artísticos, baseados no desenvolvimento crítico que marcou o contexto cultural que promoveu a
pó s-modernidade.
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•
Space age Design (1960-1969)
•
Design Psicodélico (1965-1975)
•
Punk (1975-1980)
•
Radical Design (1961-1980)
•
High-tech (1973-1980)
•
New Wave Design (1979-1995)
Ao longo deste tó pico, abordaremos os principais aspectos das manifestaçõ es artísticas mais expressivas.
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O Pop Design foi baseado, principalmente, no interesse pela cultura popular de massa americana, na estética
das mídias publicitárias de rua, nos anú ncios publicitários de produtos e preços, nos cartazes de anú ncio de
partes e circos, nos volantes e cartazes de festas populares, no cinema, na ficção científica, na cultura das
histó rias em quadrinhos, na estrutura dos meios e das mídias de comunicação de massa, no design de
produtos e nas novas tecnologias que percorriam todo o ocidente. Os artistas pop usavam imagens extraídas
de objetos da vida cotidiana, buscando inspiração nas artes populares voltadas às massas, que eram, na sua
maioria, consideradas inferiores.
Dessa maneira, o movimento foi especialmente direcionado à população jovem – os chamados baby boomers
–, de recursos limitados, fácil estímulo emocional e cheios de energia, imaginação, sonhos e fantasias. Com a
finalidade de aumentar o alcance do movimento e estimular o consumo dessa população, de poucos recursos,
foi desenvolvido o slogan use hoje, jogue fora amanhã para promover uma série de produtos de baixo custo,
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que acabavam tendo qualidade duvidosa. Assim, trataram como uma questão de estilo de vida, o consumo de
produtos descartáveis e efêmeros, que se afastavam dos produtos propostos como atemporais pelo Estilo
Internacional e pelo design universal. Assim, a efemeridade e a obsolescência eram consideradas como parte
do atrativo (ou encanto) dos produtos do Pop Design.
Figura 3 - Colagem Just What Is It that Makes Today’s Homes So Different, So Appealing?, de 1956, de
Richard Hamilton; capa do disco Sgt. Pepper’s Hearts Club Band, de 1967, de Jann Howarth; capa do disco
Velvet Underground, de 1967, de Andy Warhol.
Fonte: TORRENT, MARÍN, 2005, p. 340-343.
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VOCÊ SABIA?
Para que foi usado o termo “funcionalismo sensório-emocional” no design? Em
que momentos da história do design o termo foi usado? Definia exatamente o que,
e em que período? O termo foi desenvolvido para descrever a prá tica do design
voltada à produçã o de objetos culturais com funções simbólicas e emocionais,
expressivas, comunicativas e significativas, com o intuito de atender aos diferentes
estilos de vida (FARIA, 2017).
O movimento perdeu força no início da década de 1970, com a crise gerada pela pressão dos preços dos
derivados de petró leo, quando se voltou a discutir o uso racional dos recursos naturais.
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Também acreditavam que deveria ser explorado com mais entusiasmo o que chamaram de
“segunda era da máquina”, pois as novas tecnologias da época podiam ser usadas para libertar a
população nô made dos vínculos constrangedores ao trabalho remunerado.
Figura 4 - The Plug-in City, de 1964, de Peter Cook; espreguiçadeira Pratone da Gufram, de 1971, do Gruppo
Strum; poltrona Proust, de 1976, de Alessandro Mendini.
Fonte: COOK, 1999, p. 34-66; SCHNEIDER, 2010, p. 140-142; DEMPSEY, 2010, p. 255.
Os grupos trabalhavam em laborató rios desenvolvendo e explorando as suas ideias em projetos utó picos,
protó tipos, instalaçõ es e exposiçõ es. Diante da crise do petró leo, propunham debates e soluçõ es projetuais
para as questõ es ambientais, a preservação de recursos naturais e o manejo social do design. Questionavam os
modos de consumo, as formas de reciclagem, a mobilidade, a portabilidade e os processos de livre escolha
individual. Além disso, desenvolveram planos para cidades flexíveis do futuro, e deram ênfase ao
desenvolvimento das funçõ es emocionais e simbó licas dos objetos, propondo uma transformação dos objetos
de consumo de massa em objetos de contemplação estética.
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VOCÊ SABIA?
A Global Tools foi uma escola de design fundada por membros do Radical Design
de Milã o, em 1973, que realizou uma sé rie de seminá rios entre Milã o, Florença e
Ná poles. Tinha um programa experimental de ensino de design, o qual buscava
resgatar té cnicas rudimentares de produçã o (BORGONUOVO; FRANCESCHINI,
2015). Para saber mais, acesse:
<http://saltonline.org/media/files/globaltools_scrd.pdf
(http://saltonline.org/media/files/globaltools_scrd.pdf )>.
Os grupos se dissolveram durante o período de recessão econô mica provocada pela crise do petró leo,
desiludidos com o uso limitado das novas tecnologias. O Radical Design foi considerado o primeiro
movimento estético pó s-moderno.
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Figura 5 - Três trabalhos de Wolfgang Weingart: Typographic Process Nr. 4, de 1971-1972; cartaz The Swiss
Poster, de 1984, e capa do Warum und wie, de 1973.
Fonte: MEGGS; PURVIS, 2009, p. 610-632.
Assim, além dos artistas já mencionados, destacam-se também no design gráfico: Jan van Toorn (1932-), Rudy
Vander Lans (1955-), Zuzana Licko (1961-), Paula Scher (1948-) e Kenneth Hiebert (1930).
VOCÊ SABIA?
Para que, e em quais momentos da história do design foi usado o termo
“funcionalismo experimental”? O termo foi desenvolvido para descrever a prá tica
do design voltada à produçã o de objetos culturais que considerem a situaçã o de
experiê ncia como parte integrante do objeto. O objeto cultural, atravé s do seu
conjunto de funções, deve ser capaz de exercer, acima de tudo, a sua funçã o de
mediador da realidade e coprodutor das experiê ncias sensoriais e simbólicas que
serã o inseridas no cotidiano (FARIA, 2017).
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Em 1853, quando o imperador ficou conhecendo a proposta de Manuel Araujo Porto-Alegre, de criar escolas
industriais com a finalidade de educar operários, encomendou um projeto para a reforma da Academia
Imperial de Belas Artes.
Porto-Alegre apresentou dois textos no final do ano, os quais geraram sua nomeação a diretor da AIBA, para
participar ativamente da Reforma Pedreira.
VOCÊ O CONHECE?
Manuel José de Araujo Porto-Alegre (1806-1879) foi escritor, político e jornalista,
pintor, arquiteto, professor e diplomata. Foi diretor da Academia Imperial de Belas
Artes de 1854 até 1857, quando promoveu uma sé rie de reformas nos currículos e
nos mé todos de ensino, criando a primeira disciplina de desenho industrial no Brasil.
Contudo, suas medidas foram duramente combatidas, e as mudanças propostas foram
rapidamente anuladas para se voltar a privilegiar a chamada “arte de cavalete”
(KOVENSKY; SKEFF, 2014).
De acordo com Cardoso (2008a, s. p.), a reforma da Academia Imperial de Belas Artes, pelos seus estatutos,
previa “a criação de um programa de ‘ensino industrial’, contando com aulas não somente de desenho
geométrico, desenho de ornatos, escultura de ornatos e matemáticas aplicadas, mas também de desenho
industrial”, esta ú ltima criada em 1856.
A reforma não durou muito, e os conservadores promoveram a exoneração de Porto-Alegre em 1857, mas
mantiveram ainda o programa de ensino industrial por três décadas. Só que, em 1859, dividiram em curso
diurno para os artistas das Belas Artes e curso noturno para os artífices das artes aplicadas. O curso noturno
acabou em 1888, quando o professor da disciplina de desenho industrial, Ernesto Gomes Moreira Maia, foi
nomeado diretor da escola.
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No Brasil, pode-se destacar o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, fundado em 1856, pela Sociedade
Propagadora das Belas Artes, por iniciativa de Francisco Joaquim Bethencourt da Silva (1831-1911). Apesar da
fundação, o Liceu só iria ter uma sede pró pria em 1878, e por insuficiência de recursos as suas oficinas
seriam abertas somente em 1889.
Foram professores do Liceu: Francisco Antonio Nery (1828-1866), Victor Meirelles (1832-1903), José Maria
de Medeiros (1849-1925), Oscar Pereira da Silva (1867-1939) e Carlos Oswald (1882-1971). Dentre os alunos,
podemos destacar Rodolfo Amoedo (1857-1941), Eliseu D’Angelo Visconti (1866-1944) e Adalberto Matos.
Figura 6 - Obras de Eliseu D’Angelo Visconti: estudos das capas da Revue, de 1897, e do catálogo da
exposição da Escola de Bellas Artes, de 1901, e cartaz da Companhia Antarctica, de 1920.
Fonte: VISCONTI, 2012, p. 14-67.
O Liceu de Artes e Ofícios do Recife foi fundado, em 1871, pela Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais
de Pernambuco, mas a sede foi inaugurada somente em 1880. Em 1930, o Museu do Estado de Pernambuco
adquiriu, por doação, a biblioteca e a coleção de obras do Liceu, que seria extinto em 1950. Assim, só acabou
sobrando o belíssimo prédio projetado por José Tibú rcio Pereira de Magalhães (1831-1886), em estilo
Neoclássico.
Já o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo foi fundado, em 1873, pela Sociedade Propagadora da Instrução
Popular, por iniciativa de Carlos Leô ncio da Silva Carvalho (1847-1912), com a proposta levar ao povo o
ensino técnico de artes, de artes aplicadas, de comércio, de técnicas agrícolas e de princípios industriais. Em
1895, sob a direção do engenheiro Ramos de Azevedo (1851-1928) foram implantados: o curso de Desenho
com aplicação às artes e à indú stria; o curso de Modelagem em Gesso e Barro; o curso de Instrução
Profissional; e as aulas de pintura, carpintaria, marcenaria, serralheria, álgebra, geometria, contabilidade,
comércio e agricultura.
O liceu de SP foi reconhecido pelos trabalhos em marcenaria, serralheria, ebanisteria, escultura em madeira,
caldeiraria, fundição em bronze e de metais finos, e modelagem. A partir de 1905, passou a comercializar os
seus produtos a fim de manter uma fonte pró pria de recursos para a manutenção dos cursos gratuitos. Abriu a
empresa LAO Indú stria Ltda., que atualmente é líder no mercado nacional de hidrô metros e medidores de gás.
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Síntese
Concluímos o estudo que apresentou, de forma sucinta, o debate no início da segunda metade do século XX
sobre o racionalismo científico, o funcionalismo e a ciência no campo do design. Também abordou o projeto
pedagó gico alemão da Hochschule für Gestaltung, o debate crítico sobre o desenvolvimento do modernismo e
da pó s-modernidade, os movimentos estéticos PopArt/Pop Design, Radical Design e New Wave, e as principais
iniciativas no Brasil para consolidar o campo do design durante os séculos XIX e XX.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
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