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Este é o caso dos pronomes neutros. Para uma breve introdução ao tema,
Magalhães fornece a definição de “linguista" e explica que ele é um profissional que
não prescreve, edita ou dita nada, mas apenas observa e analisa fenômenos linguísticos.
Essas afirmações são necessárias para esclarecer algumas questões: a discussão está
longe de estar ligada a qualquer juízo de valor, opinião pessoal ou crença. Não se trata
da importância da representação linguística ou do quão necessária ela é para refletir a
realidade plural presente na linguagem hoje. Essas perguntas são feitas separadamente.
Schwindt deixa claro que sua intenção também não é discutir a busca pela
representação feminina na linguagem ou o privilégio de uma forma em detrimento de
outra. No entanto, o exemplo dado parece conduzir harmoniosamente às questões de
porquê a implementação do pronome neutro é justificada.
Antes de nos aprofundarmos nesta questão, vale a pena fazer algumas reflexões
sobre o que diz Schwindt sobre as intenções de uso na fala. O autor, ainda utilizando o
exemplo “todos e todas”, afirma que se a intenção do locutor não é marcar
deliberadamente essa distinção para provocar reflexão, então não adianta utilizá-la fora
desse contexto. Isto pode ser discutível.
Dito isso, entre as sugestões para utilização de marcação neutra estão x e @, que
surgiram principalmente por meio da linguagem virtual. Embora existam formas válidas
e aparentemente funcionais neste ambiente, se considerarmos as questões que acabamos
de discutir a respeito dos processos de institucionalização de uma nova forma na língua,
logo é possível constatar que seu uso não dura muito. Não é possível incorporá-los ao
discurso oral, o que dificulta ainda mais sua divulgação e gramática efetivas.
Por outro lado, o português já neste sentido apresenta problemas que acabaram
por se normalizar e obrigaram os falantes a procurar outras construções que lhes
permitam comunicar o conteúdo desejado. Um linguista usa o seguinte exemplo para o
caso de referência:
“João insistiu com Pedro que o problema era dele, não dele.”
“Ana insistiu com Maria que o problema era dela, não dela.”
Mesmo sem considerar esses pontos, o linguista ainda diz que as chances são
mais favoráveis para essa(s) alternativa(s) se forem considerados os ajustes apropriados.
Por fim, finaliza dizendo que a neutralização é uma forma de inclusão que precisa ser
feita por meio da linguagem, mas não é necessariamente a única.