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XVII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS

DA UNAERP - CAMPUS GUARUJÁ

DOR E LESÃO EM PEREGRINOS APÓS CAMINHADA DE LONGA DISTÂNCIA

Dayana Aparecida Machado de Lima¹; Nazareti Pereira Ferreira Alves²; César Augusto
Calonego³

¹ Faculdade do Clube Náutico Mogiano (FCNM). Mogi das Cruzes, São Paulo, Brasil. Pesquisador e
Discente. dayana.mlima@yahoo.com.br
² Universidade Ribeirão Preto e Faculdade do Clube Náutico Mogiano (FCNM). Mogi das Cruzes, São
Paulo, Brasil. Pesquisadora e Docente. Mestre em semiótica, tecnologia da informação e educação,
Doutoranda em Engenharia Biomédica. profanazarealves@gmail.com
³ Faculdade do Clube Náutico Mogiano (FCNM). Mogi das Cruzes, São Paulo, Brasil. Docente. Mestre
em fisioterapia. cesarcalonego@hotmail.com

Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee

Linha de pesquisa: Fisioterapia - Epidemiologia em saúde

Formato: artigo

Apresentação: Oral (Google Meet)

RESUMO

Introdução: A peregrinação caracteriza-se como uma longa caminhada com o


objetivo de ir há algum lugar de significado espiritual, e tem ganhado um expressivo
crescimento dentro do turismo religioso, contudo, os peregrinos que decidem realizar
uma longa caminhada estão suscetíveis a uma série de intercorrências assim como
os atletas de corrida de rua. Podemos comparar então, esses peregrinos como atletas
amadores de corrida de rua, em que as lesões são comuns, principalmente em
membros inferiores. Objetivos: Portanto, o objetivo desse trabalho foi quantificar a
intensidade e identificar o local de dor e lesão das pessoas que fizeram a peregrinação
ao Santuário Nacional de Aparecida do Norte. Método: Participaram dessa pesquisa
42 romeiros, que terminaram a Romaria a Aparecida do Norte (média de 137,3 km de
caminhada), sendo 26 do sexo masculino e 16 do sexo feminino e com média de idade
de 46 ± 12 anos, com exclusão daqueles que relataram histórico de lesão em
membros inferiores e coluna. Foi aplicado um questionário responsivo adaptado,
imediatamente após termino da caminhada pelos peregrinos com questões abertas e
fechadas sobre dor e lesão. Resultados: Os resultados desse estudo evidenciaram

1
que a maioria (91%) dos voluntários apresentaram dores de grau moderado a intenso
e também relataram lesões visíveis principalmente em membros inferiores, como por
exemplo lesões bolhosas nos pés. Conclusão: Conclui-se então com a presente
pesquisa que há grande prevalência de dores de graduação moderada e intensa e
predominância de lesões bolhosas em membros inferiores de peregrinos de
caminhadas de longa distância.

Palavras-chave: Caminhada, Dor, Lesão, Peregrinos.

ABSTRACT
Introduction: Pilgrimage is characterized as a long walk with the goal of going
somewhere of spiritual significance, and has gained significant growth within religious
tourism; however, pilgrims who decide to go for a long walk are susceptible to a number
of complications as well as street race athletes. We can then compare these pilgrims
as amateur street race athletes, where injuries are common, especially in the lower
limbs. Objectives: Therefore, the objective of this study was to quantify the intensity
and identify the place of pain and injury of people who made the pilgrimage to the
National Shrine of Aparecida do Norte. Method: Participated in this research 42
pilgrims, who finished the Pilgrimage to Aparecida do Norte (average of 137.3 km of
walking), being 26 males and 16 females, with an average age of 46 ± 12 years,
excluding those who reported a history of lower limb and spine injury. An adapted
responsive questionnaire was applied immediately after the pilgrims' walk with open
and closed questions about pain and injury. Results: The results of this study showed
that the majority (91%) of the volunteers presented moderate to severe pain and also
reported visible lesions mainly in the lower limbs, such as bullous foot injuries.
Conclusion: It is concluded with the present study that there is a high prevalence of
moderate and severe pain and predominance of bullous lesions in lower limbs of long-
distance walking pilgrims.

Key-words: Walking, Pain, Lesion, Pilgrims.

1 INTRODUÇÃO

O turismo religioso se apresenta como um dos segmentos que mais crescem


atualmente no Brasil; segundo dados da Embratur, 15 milhões de brasileiros se
dirigem anualmente a destinos religiosos. Por peregrino entende-se aquele que
caminha por lugares desconhecidos. Nesse sentido, a peregrinação passa a ser
compreendida como uma caminhada difícil, normalmente em busca de um lugar
sagrado. Hoje, as caminhadas de longas distâncias e significado espiritual são pré-
organizadas em têm um itinerário turístico, como a Rota Caminho da Fé, com 415 km,
entre Tambaú (SP) e Aparecida do Norte (SP); o Caminho do Sol, com 209 km, entre
Santana do Parnaíba e São Pedro (SP); e o Caminho da Luz, com 201 km, entre Mogi
das Cruzes (SP) e Aparecida do Norte (SP). (MAIO, 2013)

2
Fazendo uma correlação entre corridas mistas e caminhadas de longa distância,
conforme o estudo de Pereira et al., (2017), podemos analisar as duas modalidades
de maneira equiparadas, pois há uma similaridade no perfil dos participantes.
Nas últimas décadas há relatos de um crescimento elevado no número de provas
e de participantes no segmento de corrida de rua principalmente nas corridas de longa
distância, a maratona é uma modalidade de corrida realizada por participantes com
diferentes níveis de condicionamento, ampla distribuição por idade e com a presença
de diversas comorbidades. (SIERRA et al, 2015)
Segundo Araújo et al., (2015), as lesões físicas em pessoas praticantes de
corridas amadoras são maiores que em trabalhadores que exercem movimentos
repetitivos. E pode acarretar em lesões principalmente lesões em membros inferiores
como em joelhos, tornozelos e pés, prejudicando sua qualidade de vida, seja de forma
temporária ou definitiva.
Ainda de acordo com Araújo et al. (2015), as lesões mais comumente são
entorses, lesões bolhosas e escoriações como mostra quadro abaixo:

Quadro 1: Tipos de lesão decorrentes de corridas de rua


Tipo de lesão Percentual (%)

Entorses 29,9
Lesão bolhosa 19,9
Escoriações 19,9
Distensão 9,9
Contusão 7,9
Eczema Flexural 5,3
Luxação 2,0
Fratura 1,3
Outras 3,9
Total 100
Fonte: Adaptado de Araújo et. al., (2015).

A prática esportiva requer adaptações neuro-imuno-endócrinas para manter a


homeostase, durante o repouso e principalmente durante o exercício. Essas
adaptações influenciam a atividade do sistema cardiovascular, respiratório e
musculoesquelético. (SIERRA et al, 2015). No estudo de Gabilan (2014), concluiu-se
a importância do treinamento para atletas amadores de corridas de longa distância, a
fim de melhorar a força, flexibilidade e desempenho.
Diante dessas analises, surgiu o interesse da autora em verificar se havia
estudos sobre dados quantitativos de dor e lesões que os peregrinos estão
submetidos durante caminhadas de longa distância.

3
Socialmente, a pesquisa tem o intuito de esclarecer para a comunidade
envolvida, os comprometimentos de que as lesões durante a peregrinação podem
causar, favorecendo com isso, estratégias de prevenção.
Institucionalmente, tende a acrescentar ao acervo de pesquisas, incentivando o
desenvolvimento de novos estudos, tanto na área da fisioterapia, quanto na área da
educação física.
Para a ciência esta pesquisa poderá trazer dados inéditos de um público pouco
explorado, pois há uma escassez de dados para esse tema, incentivando assim novas
pesquisas.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar prevalência de dor e lesão nos peregrinos após caminhadas de longa


distância.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar a presença de dor leve, moderada ou intensa, imediatamente após


término da caminhada;
 Verificar se há prevalência nas lesões possíveis;
 Identificar tipos de lesões possíveis.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa observacional, transversal de abordagem


quantitativa.

3.1 PARTICIPANTES

Participaram da pesquisa 42 peregrinos que completaram a romaria ao


Santuário de Aparecida do Norte com idade média de 46 ± 12 anos (20 a 72 anos),
16 do sexo feminino e 26 do sexo masculino.
Em relação a identificação do perfil dos romeiros, observou-se que 2 pessoas
(5,0%) possuem mestrado, 12 pessoas (29,0%) possuem ensino superior, 23 pessoas
(55,0%) possuem ensino médio e 5 pessoas (12,0%) possuem ensino fundamental,
evidenciando a heterogeneidade da amostra.
Quanto a cidade de início da romaria, a grande maioria da amostra, 40 pessoas
(95,0%) teve início em Mogi das Cruzes-SP, 1 pessoa teve início em Suzano- SP

4
(2,0%) e 1 pessoa em Lagoinha- SP (2,0%), obtendo a média de 137,3 quilômetros
andados por peregrino. A quilometragem percorrida pelos peregrinos está descrita no
quadro 2 abaixo:

Quadro 2: Distância entre cidade de início da romaria a Aparecida do Norte- SP e média de


quilometragem.
Local de início da romaria Quilometragem (km)
Mogi das Cruzes* 201,0
Suzano 154,7
Lagoinha 56,1
Média 137,3
*Quilometragem da romaria feita pela Rota da Luz.
Fonte: google maps

3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Como critério de inclusão foi estabelecido: ser maior de idade e ter completado
a caminhada ao Santuário de Aparecida do Norte.
Como critério de exclusão foi estabelecido: apresentar histórico prévio de lesão
em membros inferiores e coluna vertebral.
Sendo assim, dos 42 participantes, 8 relataram terem histórico de lesão
conforme mostra tabela 2, ficando então impedidos de responder o questionário
responsivo.

Tabela 1: Distribuição de lesão anteriores a caminhada.


Distribuição de lesão anteriores a caminhada, número e percentagem
Variável Nº %
Perna 3 38
Tornozelo 2 25
Joelho 1 13
Não especificado 1 13
Quadril 1 13
Total 8 100

3.3 MATERIAIS

 Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE);


 Questionário para caracterização do perfil da amostra;
 Questionário responsivo adaptado.

5
3.4 PROCEDIMENTOS

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em pesquisa (CEP) e, após


aprovação sob o parecer nº 3.524.072, deu-se início a organização para a coleta de
dados.
A abordagem dos peregrinos foi realizada na entrada do Santuário Nacional de
Aparecida do Norte, por se tratar de um local público e também um ponto de descanso
dos romeiros. Foi respeitado um tempo de descaso da romaria e após isso a
pesquisadora os convidou a participar da pesquisa. A entrevista se deu em duas
etapas: na primeira etapa efetuou-se a entrevista para seleção de população. Após
isso, os participantes selecionados preencheram o Termo de consentimento livre e
esclarecido – TCLE. Na segunda etapa foi entregue ao voluntário um questionário
adaptado dos questionários Q-ADOM e MIR-Q, e foi orientado ao mesmo que
respondesse o questionário com maior clareza e veracidade possível, com devolução
imediata após respostas dadas para não haver contaminação dos dados.
Com base nas respostas do questionário, foi mensurado a prevalência de dor
e lesão. A Pesquisa foi realizada durante o mês de setembro do corrente ano, devido
à proximidade de datas comemorativas e possível aumento das romarias durante esse
período.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Estudo transversal, sendo que após tabulação dos dados foi utilizada
estatística descritiva por meio de média, desvio padrão e porcentagem.
Os dados foram organizados em tabelas e gráficos e para verificar a
distribuição da amostra foi usado o teste D’Agostinho e por obter resultados não
paramétricos foi utilizado o teste de Qui-Quadrado, adotando p ≤ 0,05.

4 RESULTADOS

O gráfico 1, está relacionado a presença de dor durante a caminhada de longa


distância. Houve grande diferença estatística (p < 0,001) onde 94% (32 pessoas) dos
participantes relataram algum tipo de dor leve, moderada ou intensa no decorrer da
peregrinação e 6% (2 pessoas) disseram que não tiveram dores durante a caminhada.

6
Gráfico 1: Existência de dor durante a caminhada

94%
100

80
Sim
60
Não
40

20 6%

0
Sim Não

Quanto aos seguimentos anatômicos onde os peregrinos relataram que sentiram


dores durante a romaria, 83,5% dos acometimentos foram em membros inferiores,
com predomínio em pés (24,2%) e coxas (15,8%); 6,3% em membros superiores e
5,3% em coluna vertebral. A tabela 3 apresenta todas as localizações anatômica
dessas dores relatadas.

Tabela 2: localização das dores durante a caminhada.

Locais acometidos por dores durante a caminhada, número, percentual


Variável Nº %
Pés 23 24,2
Coxas 15 15,8
Joelhos 13 13,7
Pernas 11 11,6
Panturrilhas 10 10,5
Tornozelos 7 7,4
Ombros 6 6,3
Quadris 5 5,3
Coluna 5 5,3
Total 95 100

O Peregrino especificou qual foi a dor mais importante dele e pela escala visual
analógica (EVA), classificou essa dor mais importante em leve, moderada e intensa.
Conforme exposto no gráfico 2, obtivemos os seguintes resultados: 2 pessoas
classificaram dores leves nos pés e 1 pessoa classificou dor leve em joelhos; 9
pessoas classificaram dores moderadas em pés, 2 em joelhos, 3 em panturrilhas, 1

7
em pernas, 1 em tornozelos, 1 em quadril e 1 em outros*; 5 pessoas classificaram dor
intensa em pés, 1 pessoas em coxas, 3 pessoas em joelhos, 1 pessoa em panturrilhas
e 1 em pernas. Sendo assim, obtivemos um percentual maior em dores moderadas a
intensas – 50% das amostras relataram dores moderadas e 34,4% relataram dores
intensas (p < 0,001).

Gráfico 2: localização e classificação de intensidade (leve, moderada ou intensa) de dores


durante a caminhada.

10 9

6 5 Leve

3 3 Moderada
4
2 2 Intensa
2 1 1 1 1 1 1 1 1

* um romeiro relatou dores de cabeça devido insolação.

O gráfico três é pertinente a presença de sinais visíveis de lesão, onde 84% (27
pessoas) descreveram que tinham sinais visíveis de lesão e 16% (5 pessoas)
disseram que não tinham sinais visíveis de lesão. Houve diferença estatística
relevante (p > 0,001).

Gráfico 3. Sinais visíveis de lesão durante a caminhada

95 84%

80
Sim
65
Não
50
35
16%
20
5
Sim Não

8
Os segmentos anatômicos mais frequentemente acometido por lesões,
conforme mostra a tabela 5, teve prevalência em os Pés (69,0%), seguido por joelhos
(10,3%), coxas (6,9%), tornozelos (6,9%), panturrilhas (3,4%) e quadris (3,4%).

Tabela 3: Localização das lesões durante a caminhada.


Localização de lesões durante a caminhada, número e percentual
Variável Nº %
Pés 20 69,0
Joelhos 3 10,3
Coxas 2 6,9
Tornozelos 2 6,9
Panturrilhas 1 3,4
Quadris 1 3,4
Total 29 100

Os tipos de lesões prevalentes na caminhada de longa distância, expressa na


tabela 4, obteve grande predominância em Lesões bolhosas (50,0% - p < 0,000),
prosseguido de entorses (13,0%), edemas (13,0%), insolações (8,7%), luxações
(6,5%), hematomas (4,3%), escoriações (2,2%) e distensões (2,2%) que não tiveram
grande significância estatística.

Tabela 4: Predominância de lesões durante a romaria.


Prevalência de lesões durante a caminhada, número, percentual e grau de
significância
Variável Nº % p
Lesões bolhosas 23 50,0 0,000
Entorses 6 13,0 -
Edemas 6 13,0
Insolações 4 8,7 -
Luxações 3 6,5 -
Hematomas 2 4,3 -
Escoriações 1 2,2 -
Distensões 1 2,2 -
Total 29 100 -

9
5 DISCUSSÃO

Nesse estudo foram excluídos indivíduos que possuíam histórico de lesão


anteriores a caminhada, pois como relata o estudo de Saragiotto et al. (2015), a
prevalência de dores e reincidência de lesão durante atividade física em quem já
possui um histórico de lesão está diretamente associada. Portanto, a abordagem feita
com o peregrino logo após o termino da romaria, respeitando apenas um breve
intervalo de descanso, permitiu analisar a prevalência de dor com uma precisão maior,
evitando um resultado contaminado por fatores externos. O mesmo vale para a análise
de lesões pré-existentes, pois o objetivo desse estudo considera apenas lesões
ocorridas durante a peregrinação.
Em relação aos dados encontrados na presente pesquisa, no gráfico 1 referente
a dor durante a caminhada, pode- se observar que houve predominância nas pessoas
que referiram dor durante algum momento da caminhada (96%). Saragiotto et al.
(2015) descreveram na sua pesquisa realizada com corredores amadores que, 25%
da amostra relatou dores; na pesquisa de Yamato, Saragiotto e Lopes (2011) que
realizaram pesquisa com praticantes de caminhada, relatou 8% da prevalência de dor.
Essa diferença se deu, provavelmente, porque ambos os estudos foram feitos no início
da atividade física, diferente do presente estudo que aplicou o questionário no final da
caminhada. Porém, é falado no estudo de Fredericson e Misra (2007), que acima de
aproximadamente 60 km, existe um aumento significativo de lesão e
consequentemente de dores, que vai ao encontro com o resultado desse estudo.
Quanto classificação da dor, temos que considerar que a dor é uma experiência
sensorial (ou emocional) desagradável e que ocorre em diferentes intensidades para
cada indivíduo, sendo assim é uma sensação subjetiva e inquestionável. A tabela 2
descreveu significante prevalência de dores em membros inferiores, e relacionado
com a intensidade (gráfico 2), as dores foram classificadas de moderada a intensa,
mensuradas pela escala visual analógica (EVA) também prevalentes em membros
inferiores, confirmando a hipótese que os acometimentos mais importantes seriam
nesses segmentos corporais.
O terceiro gráfico relata a presença de lesões visíveis, e como pode ser
observado 84% das amostras relataram que tinham lesão visível em algum segmento
anatômico. Corroborando com o estudo de Laurino et al (2000), que em sua análise
obteve 75,7% de relatos de lesões visíveis, e de Ferreira et al (2012) que relatou
79,3% de incidentes, entretanto, quanto a localização das lesões, o estudo de Laurino
et al (2000) teve maior incidência em coxas e o de Ferreira et al (2012) em joelhos, o
presente estudo mostrou os pés como os maiores acometidos por lesões.
Laurino et al (2000) dizem que as amplas variedades de eventos e
características individuais biomecânicas propiciam o aparecimento de lesões comuns
e por vezes especificas da modalidade praticada. O que significa que mesmo se
tratando de um grupo com biótipos diferentes, por se tratar da pratica de uma

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caminhada de longa distância a probabilidade de um tipo comum de lesão é
expressiva.
Por fim, o estudo de Purim et al. (2014) analisou os tipos de lesões que acometeu
um grupo de corredores de longa distância, e assim como encontrado nesse estudo,
as lesões bolhosas tiveram um resultado expressivo, interferindo até no desempenho
da pratica do caminhar. Isso se deu devido ao tipo de calçado utilizado pelo voluntario
e os diferentes tipos de solo percorridos, fazendo que o peregrino não tivesse um
sinergismo na pisada, causando pressão inadequada nos pés.

6 CONCLUSÃO

Averiguando os dados da pesquisa, em relação as dores, nota-se uma


expressiva diferença em quem sentiu dor e em quem não sentiu dor. Assim como
houve diferença relacionada as lesões, mostrando maioria em pessoas que relataram
algum tipo de lesão durante a caminhada.
Houve também predominância em dores classificadas de moderadas e intensas,
sugerindo que o peregrino não teve uma preparação física adequada para a
caminhada.
Quanto a localização anatômica das dores e das lesões, os pés, as coxas e os
joelhos foram os principais acometidos concordando com o que descreve a literatura.
E os tipos de lesões também vão ao encontro com o já descrito, por se tratar de uma
caminhada de mais de 100km, as lesões bolhosas foram prevalência.
Com base nessas informações, sugere-se que novas pesquisas sejam feitas
correlacionando dor e lesão com a idade e/ou sexo do peregrino, assim como
relacionando a preparação física para a caminhada.
A fisioterapia pode atuar na sua atenção primaria, auxiliar na prescrição
especifica de um treinamento preventivo a lesões e oferecer orientações para o
peregrino.

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