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O Anel de Jade
Deolinda do Carmo da Conceição nasceu em Macau, num período marcado pelas guerras,
tendo-se destacado como jornalista, escritora, professora e tradutora. Viveu em Macau, é uma
autora macaense do século 20 e escreve sobre a sociedade macaense durante os anos 50. Está
relacionada com Hong-Kong e Shangai, fala do período de guerra entre China e Japão, de
pobreza e os que querem fugir na misera. Conhecida pelos seus contos narrativos que se
reuniam num livro que é a sua obra de vida A Cabaia, se refere a uma literatura próxima do
Neorrealismo, uma literatura socialista. A obra A Cabaia foi traduzida para chinês. Ela vê na
sociedade problemas entre homens e mulheres. Em A Cabaia encontramos, textos narrativos,
textos que surpreendem o leitor, tratam sobre os efeitos nefastos da guerra, ciúmes,
competição, hipocrisia da sociedade, tendo sempre Macau e a China como contexto das
situações narradas, e também a temática da condição da mulher como iremos ver no conto O
Anel de Jade.
O Anel de Jade
O Anel é uma figura de circularidade, ele é oval, que podemos ler como uma evolução que
lhe mete ao ponto de partida. A personagem volta pelo ponto de partido, como por exemplo,
podemos referir ao ciclo das estações do ano. Existe um círculo na vida da menina, um
círculo que parte do mundo natural segue pelo mundo social e depois regressa ao mundo
natural no momento em que ela morra.
A criança é uma chinesa, frágil o que suscita a campação do leitor, ela é inocente, mas não
deixa de ser ambiciosa. Ela não tem acesso a escola e tem o papel subalterno. Ninguém sabe
quando ela faz anos, só ela é que sabe. A jovem vai encontrar um homem rico o que lhe vai
dar esperanças de uma vida melhor, o que vai depois lhe meter na tragédia. O homem, que é
pintor, lhe dá uma imagem de vida ‘pintada’, tipo de artificio que pode ser a vida da criança.
Ela foge de casa para ir viver com o homem, ela vai continuar de viver num espaço fixo,
isolado (circularidade), a casa é caracterizada como a “gaiola dourada”.
Ela acaba por descobrir que o homem vai se casar com a mulher a qual ela serviu-lhe. Ela
imaginou-se a sua vida numa pintura e acaba por ver a realidade no jornal, é o jornal que lhe
mostra a realidade, que lhe mostra que estava segue. Quando ela compreenda, ela cai (morre
simbolicamente). O homem, lhe oferece o anel, porque quer guardar uma ligação com ela e
então lhe transmite o anel de Jade, em segredo. Ela pensa, e não o quer mais ouvir e deixa o
anel o qual ela o queria tanto, ela reconhece o que se passa. Ela entra na casa de noite e foge
também de noite, o que mostra mais uma representação circular. O cabelo é atado em trança,
não tem rebelião.
O texto conta que o cadáver foi encontrado, mas não temos descrição de sua morte. A
verdadeira tragédia esconde estas cenas. O homem lhe dá o anel quando ela está morta no
caixão. A única liberdade que ela teve era de rejeitar o anel, e mesmo morte ela vai ter de
guardar este anel que o homem lhe-mete. A estrutura de tragédia encontraremos em todos os
textos de Deolinda da Conceição.