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Sabrina Université Paris Nanterre

CARNEIRO UFR LCE M1 étude romane portugais


n. 40009360 Recherches langue littérature et civilisation

Macau e a escrita

Ana Paula Laborinho, doutorada em Estudos Literários pela Faculdade de Letras da


Universidade de Lisboa (FLUL), onde é professora desde 1983. Foi requisitada pelo Governo
de Macau para exercer funções no Instituto Cultural de Macau e foi professora na
Universidade. Também foi Presidente do Instituto Português do Oriente (IPOR), responsável
pelo ensino da língua e divulgação da cultura portuguesas na Ásia. Acompanhou o período de
transferência da administração de Macau de Portugal para a República Popular da China, e
foi nomeada Presidente do Instituto Camões, I.P. e, mais tarde Presidente do Conselho
Diretivo do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua.
É atualmente diretora da representação em Portugal da Organização dos Estados Ibero-
americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), organização intergovernamental
que congrega 23 países, entre os quais Portugal, Espanha e Brasil. É ainda investigadora do
Centro de Estudos Comparatistas da FLUL, tendo também integrado a sua Comissão
Executiva. As suas áreas de investigação são Literatura de Viagens, Orientalismo Português,
Políticas de Língua, Políticas Culturais.

A professora Ana Paula Laborinho interrogou-se sobre o que é a literatura de Macau e como
defini-la. Realizou-se na Universidade de Lisboa o coloquio internacional “Macau na Escrita,
Escritas de Macau”, onde reuniu-se vários investigadores que também trabalham sobre o
conceito “Escrever Macau / Writing Macao”. Para ajudar-se a encontrar uma definição que
caracteriza melhor a escrita de Macau, Ana Paula Laborinho vai recolher as diferentes
opiniões e definições de outros autores, como podemos ver na sua obra, autores de várias
proveniências, mas que continuam a ter Macau como objeto de escrita.
Este estudo baseia se no volume de Macau na Escrita, Escritas de Macau e tem como objetivo
investigar a reflexão e refletir sobre o assunto, destacando a sua complexidade. De facto,
pretendemos mudar a perspetiva de Macau, que não seja vista como apenas um território
geográfico, mas como um lugar simbólico com conteúdos literários. Como mesmo também é
mencionado no texto: “Escrever (em) Macau é desta forma, um acto que constitui parte
integrante daquilo que Macau sempre foi e continua a ser”. De certo modo, essa frase
responde à questão sobre a escrita de Macau.
Os autores citados, para identificar a literatura de Macau, recorreram à história do território, a
linguagem utilizada ou ainda à identidade de um macaense. Podemos já notar ao princípio da
introdução, Monica Simas na sua obra intitulada Margens do Destino, que ela fala da história
como o facto que Macau fiz parte das descobertas portuguesas, das relações interculturais ou
ainda do colonialismo, que se refere a integração de Macau na República Popular da China.
Encontramos também, João de Pina Cabral e Nelson Lourenço que se referem também ao
poder colonial, a presença de portugueses em Macau e a relação que tem com “os filhos da
terra”. Também David Brookshaw que relaciona a escrita de Macau com o pós-colonialismo.
No entanto, Edward Said, na sua obra Orientalism, cujo título indica, interessa-se pela
questão do orientalismo, é ele pela primeiro vez que vai questionando cientificamente a
forma como o olhar oriental está contaminado com o olhar europeu.
Depois vemos que a definição da literatura macaense é baseada na nacionalidade e
identidade, com Wong Chon, cujo para ele a literatura macaense seria a literatura sobre
Macau. Continuamos com o mesmo critério da nacionalidade com Cheng Wai-Ming que
acrescenta a questão política e considera que a literatura de Macau seria aberta às todas as
línguas. Porém, limita com os que “tratem da vida do Território” e aqueles que “nascem e
vivem aqui em Macau”.

Ana Paula Laborinho propõe-nos então, um exemplo da situação com o de Hong Kong, com
a sua expressão “Writing Hong Kong” proposto por Ackbar Abbas com a qual inspira-se e
usa “Escritas de Macau”. No entanto, fica evidente que os autores mencionados enfrentam
dificuldades em estabelecer uma definição concreta. Para concluir, é importante ressaltar a
complexidade desta questão, ela tenta então de ter uma definição abrangente, temos uma
pluralidade de opções.

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