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Macau e a escrita
A professora Ana Paula Laborinho interrogou-se sobre o que é a literatura de Macau e como
defini-la. Realizou-se na Universidade de Lisboa o coloquio internacional “Macau na Escrita,
Escritas de Macau”, onde reuniu-se vários investigadores que também trabalham sobre o
conceito “Escrever Macau / Writing Macao”. Para ajudar-se a encontrar uma definição que
caracteriza melhor a escrita de Macau, Ana Paula Laborinho vai recolher as diferentes
opiniões e definições de outros autores, como podemos ver na sua obra, autores de várias
proveniências, mas que continuam a ter Macau como objeto de escrita.
Este estudo baseia se no volume de Macau na Escrita, Escritas de Macau e tem como objetivo
investigar a reflexão e refletir sobre o assunto, destacando a sua complexidade. De facto,
pretendemos mudar a perspetiva de Macau, que não seja vista como apenas um território
geográfico, mas como um lugar simbólico com conteúdos literários. Como mesmo também é
mencionado no texto: “Escrever (em) Macau é desta forma, um acto que constitui parte
integrante daquilo que Macau sempre foi e continua a ser”. De certo modo, essa frase
responde à questão sobre a escrita de Macau.
Os autores citados, para identificar a literatura de Macau, recorreram à história do território, a
linguagem utilizada ou ainda à identidade de um macaense. Podemos já notar ao princípio da
introdução, Monica Simas na sua obra intitulada Margens do Destino, que ela fala da história
como o facto que Macau fiz parte das descobertas portuguesas, das relações interculturais ou
ainda do colonialismo, que se refere a integração de Macau na República Popular da China.
Encontramos também, João de Pina Cabral e Nelson Lourenço que se referem também ao
poder colonial, a presença de portugueses em Macau e a relação que tem com “os filhos da
terra”. Também David Brookshaw que relaciona a escrita de Macau com o pós-colonialismo.
No entanto, Edward Said, na sua obra Orientalism, cujo título indica, interessa-se pela
questão do orientalismo, é ele pela primeiro vez que vai questionando cientificamente a
forma como o olhar oriental está contaminado com o olhar europeu.
Depois vemos que a definição da literatura macaense é baseada na nacionalidade e
identidade, com Wong Chon, cujo para ele a literatura macaense seria a literatura sobre
Macau. Continuamos com o mesmo critério da nacionalidade com Cheng Wai-Ming que
acrescenta a questão política e considera que a literatura de Macau seria aberta às todas as
línguas. Porém, limita com os que “tratem da vida do Território” e aqueles que “nascem e
vivem aqui em Macau”.
Ana Paula Laborinho propõe-nos então, um exemplo da situação com o de Hong Kong, com
a sua expressão “Writing Hong Kong” proposto por Ackbar Abbas com a qual inspira-se e
usa “Escritas de Macau”. No entanto, fica evidente que os autores mencionados enfrentam
dificuldades em estabelecer uma definição concreta. Para concluir, é importante ressaltar a
complexidade desta questão, ela tenta então de ter uma definição abrangente, temos uma
pluralidade de opções.