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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA


Campus Jequié

HUGO LEÃO SAMPAIO LEITE

RELATÓRIO TÉCNICO DE ESTÁGIO:


WAN MOTOS – HONDA
JEQUIÉ, 2016

HUGO LEÃO SAMPAIO LEITE

RELATÓRIO TÉCNICO DE ESTÁGIO:


WAN MOTOS – HONDA

Relatório técnico científico apresentado para o


Curso Técnico Integrado em Eletromecânica no
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Bahia (IFBA) – Campus Jequié,
cumprindo as exigências legais estabelecidas
como requisito parcial à obtenção do título de
Técnico em Eletromecânica.

Orientador: Prof. EBTT Fabiano Borges


JEQUIÉ, 2016
RESUMO

O presente relatório visa descrever detalhadamente as atividades práticas


executadas durante o período de estágio em concessionária veicular, na cidade
de Jequié. Neste escopo, a manutenção preventiva está associada aos
procedimentos mais importantes no plano de revisões periódicas realizados
nas motocicletas. Através dela, é possível desenvolver ações que preservam
os componentes mais sujeitos a atrito, e conseqüente desgaste, promovendo
um aumento da vida útil da máquina e, uma diminuição dos custos com
paradas não programadas. O plano de manutenção preventiva fornecido pela
HONDA propõe medidas que devem ser executadas integralmente a fim de
proporcionar uma melhor dirigibilidade da motocicleta e diminuir as possíveis
falhas emergências, aumentando a segurança do proprietário. Portanto, as
revisões periódicas devem ser preferencialmente executadas dentro da
concessionária autorizada, e os componentes substituídos ou relubrificados
carecem dos produtos desenvolvidos especialmente para aquela máquina, a
exemplo do óleo lubrificante utilizado para os motores. Entretanto, as medidas
corretivas e preditivas também se apresentam no plano de manutenção, onde
há uma substituição dos componentes danificados, em conjunto com o
acompanhamento da causa das falhas, aumentando a eficiência dos
procedimentos realizados.

Palavras-chave: Manutenção, Veicular, Prática, Estágio, Motocicleta.

2
ABSTRACT

This report aims to describe in detail the practical activities performed during the
probationary period in car dealership in Jequié. In this scope, preventive
maintenance is associated with the most important procedures in periodic
reviews plan made motorcycles. Through it, you can develop actions that
preserve more components subject to friction and consequent wear, promoting
increased machine life and lower costs with unplanned shutdowns. The
preventive maintenance plan provided by HONDA proposes measures that
should be implemented fully in order to provide a better handling motorcycle
and reduce possible emergencies failures, increasing the safety of the owner.
Therefore, regular reviews should preferably be performed within the authorized
dealer, and replaced components or relubricated lack of products specially
developed for this machine, the lubricating oil of the example used for the
engines. However, corrective and predictive measures are also present in the
maintenance plan, where there’s a replacement of damaged components,
together with the monitoring of the cause of failures, increasing the efficiency of
procedures performed.

Keywords: Maintenance, Vehicle, Practice, Stage, Motorcycle.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Itens inspecionados gratuitamente no Serviço Expresso. 13


Tabela 2- Quantificação do óleo lubrificante indicado para cada tipo de
motocicleta. 16
Tabela 3- Procedimentos realizados na Revisão de 1000 km 29

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Porca do eixo traseiro sendo desparafusada pelo estagiário. 11


Figura 2 - Esticador de corrente sendo ajustado pelo estagiário. 12
Figura 3 - Parafuso de drenagem do óleo lubrificante (bujão) sendo
desparafusado pelo estagiário. 15
Figura 4 - Reposição do óleo lubrificante pelo estagiário. 16
Figura 5 - Óleo lubrificante genuíno HONDA utilizado nas motocicletas (1L). 17
Figura 6 - Filtro de Ar velho (à esquerda) e Filtro de Ar novo (direita). 18
Figura 7 - Retirada da tampa do Cabeçote do Motor. 20
Figura 8 - Junta de vedação do cabeçote e retentores da XRE 300. 20
Figura 9 - Filtro de Combustível posicionado na Motocicleta. 21
Figura 10 - Filtro de Óleo velho (à esquerda) e Filtro de Óleo novo (à direita). 22
Figura 11 - Cabo A do acelerador sendo lubrificado pelo estagiário. 24
Figura 12 - Eixo traseiro (em cima) e eixo da balança (embaixo), ambos
ressecados. 24
Figura 13 - Retentores posicionados nas extremidades da balança. 25
Figura 14 - Eixo da balança e retentores lubrificados. 26
Figura 15 - Mesa superior da Coluna da Direção Lubrificada. 27
Figura 16 - Mesa e esferas inferiores lubrificadas. 27
Figura 17 - Utilização do torquímetro no aperto da coluna de direção. 28
Figura 19 - Manete do freio dianteiro lubrificada. 29

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 7
2 DESENVOLVIMENTO 8
2.1 Referencial Teórico 8
2.2 Caracterização da Empresa 9
2.3 Estágio Curricular 10
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 11
3.1 Check List 11
3.2 Revisão Geral 13
3.2.1 Substituições de Peças 14
3.2.1.1 Substituição do Óleo Lubrificante 15
3.2.1.2 Substituição do Elemento Filtrante de Ar 18
3.2.1.3 Substituição da Junta e Retentores do Cabeçote 19
3.2.1.4 Substituição do Filtro de Combustível 20
3.2.1.5 Substituição do Filtro de Óleo Lubrificante 21
3.2.2 Limpeza e Lubrificação de Componentes 22
3.2.2.1 Limpeza e Lubrificação dos Cabos do Acelerador, Freio Dianteiro
e Embreagem 23
3.2.2.2 Limpeza e Lubrificação de Eixos, Buchas e Retentores 24
3.2.2.3 Limpeza e Lubrificação da Coluna de Direção 26
3.2.2.4 Limpeza e Lubrificação dos Manetes 28
3.3 Revisão de 1000km 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS 31
REFERÊNCIAS 32

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1 INTRODUÇÃO

O estudo da manutenção ganhou espaço após a segunda guerra mundial


(1950) com o objetivo de diminuir as falhas nas máquinas e equipamentos,
reduzir os custos com quebras e paradas não programadas, além da garantia
de aumento sistemático da produção. A partir desse momento, o uso da
manutenção despertou interesse das indústrias sobretudo porque garantia uma
maior qualidade nos produtos e serviços e proporcionava confiabilidade aos
processos.
A procura por profissionais qualificados para a realização dos diversos tipos de
manutenção vem crescendo muito desde esse período, incluindo as que
possuem relação com as motocicletas, visto que as mesmas são máquinas que
estão em constante uso, sofrendo desgastes durante sua vida útil. A realização
das revisões periódicas, por exemplo, é um procedimento de suma importância
não apenas para a conservação do veículo dentro dos parâmetros
estabelecidos pelo fabricante, mas também para garantir uma maior segurança
ao piloto devido a diminuição de possíveis falhas, além de um aumento
significativo do valor de revenda. Segundo o Sindicato da indústria de
autopeças (SINDIPEÇAS, 2015) a frota de motocicletas aumentou 170% em 10
anos no Brasil, um elevado número de motocicletas em circulação que reforça
a importância da manutenção veicular.
Esse documento irá descrever as atividades desenvolvidas durante o período
de estágio na Wan Motos, vinculada à Montadora Moto Honda da Amazônia,
situada em Jequié, possuindo o objetivo de adquirir experiência prática na área
de manutenção veicular. Serão ressaltados também, os principais
procedimentos realizados pela empresa no aspecto de revisões periódicas,
como revisão de mil quilômetros e revisão geral, além dos parâmetros que
devem ser mantidos de acordo com as orientações da montadora, como o nível
do óleo lubrificante.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Referencial Teórico

A manutenção, no cenário automotivo, pode ser definida como o conjunto de


atividades e procedimentos que têm como objetivo garantir a permanência de
funcionamento de um sistema ou máquina entre parâmetros previamente
estabelecidos, como: disponibilidade, confiabilidade, qualidade e vida útil.
Apesar de haver certas divergências quanto a classificação dos tipos de
manutenção, é notória a presença dessas quatro principais: preventiva,
corretiva não planejada, corretiva planejada e preditiva.
A Manutenção Preventiva possui o objetivo de interromper um processo antes
que ocorra efetivamente uma falha, a mesma é previamente elaborada dentro
de um plano preventivo baseado na vida útil da máquina, sendo realizada em
intervalos definidos de tempo. Dessa forma, a mesma:
[...] caracteriza-se pelo trabalho sistemático para
evitar a ocorrência de falhas procurando a sua
prevenção, mantendo um controle continuo sobre
o equipamento, envolvendo tarefas sistemáticas
tais como: as inspeções, substituição de peças e
reformas (/*/*, apud PATTON JR., 1983).

Entretanto, esse tipo de manutenção deve ser aplicada em âmbito que


necessite uma produção contínua ou possua componentes caros, visto que ela
realiza substituições antes que complete a vida útil das máquinas e
equipamentos, gerando assim custos.
Em contrapartida, a Manutenção Corretiva não Planejada atua na correção
de falhas que de fato já ocorreram, sendo este um procedimento aleatório e
emergencial aplicado a um equipamento fora de ação ou parcialmente
danificado. A mesma possui o objetivo de colocar a máquina em funcionamento
no menor tempo possível, a partir de substituições ou reparos. Apesar de ser
amplamente utilizada, este tipo de manutenção provoca um custo elevado e
maiores danos ao equipamento, porque interrompe inesperadamente um
processo e danifica componentes imediatamente próximos à falha.

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A Manutenção Corretiva Planejada, por sua vez, também atua na
substituição ou reparos depois da falha de uma máquina ou equipamento que
se apresenta fora de ação ou facciosamente danificado. Entretanto, se
diferencia porque, segundo Pinto e Xavier (2001 apud MUSSAB, 2002) citado
por /*/*, “possibilita o planejamento dos recursos necessários para a
intervenção de manutenção, uma vez que a falha é esperada”. A mesma utiliza
toda a vida útil do equipamento e elimina substituições antes do tempo.
Entretanto, as paradas emergenciais ainda ocorrem, danificando os
componentese aumentando os custos, além disso, é necessário manter um
estoque de peças para as possíveis substituições.
Em compensação, a Manutenção Preditiva age dentro de um estudo prévio
da máquina através de dados obtidos com análises das peças mais sujeitas a
desgastes com a instrumentação adequada, além das possíveis variações que
possam ocorrer ao longo do tempo. Ela possui o objetivo de definir um estado
futuro para o equipamento, a fim de utilizar o máximo de vida útil que ele
proporciona, estando no meio termo entre a manutenção preventiva e corretiva,
pois não executa substituições muito antes do final da vida útil da máquina e
tampouco após a falha.

2.2 Caracterização da Empresa

A Wan Motos é uma concessionária autorizada Honda (Moto Honda da


Amazônia), que está situada na cidade de Jequié, Bahia, desde 1998, na
Avenida Landulfo Caribé, n.º 609, Jequiezinho, possuindo também uma filial na
cidade de Ipiaú. Essas concessionárias atuam no ramo de comércio e varejo
de motocicletas novas e usadas, além de oferecer serviços de manutenção.
Esses serviços são realizados em dois setores da empresa: A oficina e serviço
expresso. O primeiro setor realiza procedimentos que necessitam de um prazo
longo para execução, como revisão geral e regulagens no motor ou
embreagem, por isso possui os profissionais com maior experiência na área da
mecânica dentro da empresa. O Serviço Expresso, por sua vez, realiza

9
procedimentos de maior simplicidade, como substituição de óleo, revisão dos
mil quilômetros e check list. Segundo a montadora HONDA (2012):
[...] o grande diferencial deste serviço está na
possibilidade de ofertar um atendimento rápido, de
qualidade, neste caso, os reparos são executados
em boxes exclusivos, no período máximo de uma
(1) hora, com todo processo sendo acompanhado
pelo cliente (HONDA, 2012).

Os procedimentos são executados, em ambos os setores, pelos profissionais


da mecânica através de Ordens de Serviço (OS’s). O consultor é o responsável
por gerar as OS’s e expressar nelas os dados pessoais do proprietário como
nome, endereço e telefone. Além disso, nestes documentos, a motocicleta é
descrita e todas as ações que deverão ser integralmente realizadas na mesma
são constadas. Somente através dele, o profissional poderá solicitar os
componentes demandados e executar os procedimentos.

2.3 Estágio Curricular

O estágio supervisionado, desenvolvido para a conclusão do Curso Técnico em


Eletromecânica no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Bahia - campus Jequié, foi realizado em uma concessionária autorizada de
motocicletas Honda (Moto Honda da Amazônia), a Wan Motos, nos setores ora
mencionados anteriormente, possuindo uma carga horária total do estágio
curricular de 240 horas, aproximadamente três meses.
Através dessa experiência, é possível associar os conteúdos vistos em sala de
aula de forma teórica com aplicações práticas, tornando-os fáceis de serem
absorvidos e, consequentemente, o aprendizado muito mais interessante. Além
da importância que o estágio proporciona na formação curricular e
complementar do aluno do curso de Eletromecânica, ele tem a função de
capacitá-lo para o mercado de trabalho, visto que, o mesmo é considerado um
funcionário para a empresa e, por isso, possui grandes responsabilidades.
O estágio também possibilita a criação de uma capacidade de relacionamento
com colegas de trabalho e gera uma maturidade para lidar com os diversos
tipos de problemas, inclusive humanísticos. Não podemos esquecer que este

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tipo de atividade desenvolve no aluno uma responsabilidade indireta com bens
materiais de clientes, além de torná-lo organizado, se tratando de insumos ou
de cumprimento dos prazos e metas estabelecidos pela empresa.

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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

3.1 Check List

O Check List é um procedimento executado dentro do Serviço Expresso e


possui o objetivo de manter a motocicleta em perfeitas condições de uso,
através do ajuste de alguns parâmetros pré-determinados, muito importantes
para o funcionamento adequado da mesma, tais como: calibragem dos pneus,
aperto e lubrificação da corrente de transmissão, alem de ajuste dos sistemas
de freio dianteiro e traseiro.
Antes de a motocicleta ser encaminhada para os boxes do Serviço Expresso, é
necessário anotar todas as suas informações, como placa, quilometragem, ano
de fabricação e as últimas revisões executadas, para informar ao cliente a
próxima manutenção prevista. Além disso, uma série de inspeções elétricas
são realizadas na motocicleta antes de ser deslocada ao boxe, tudo à vista do
cliente, como: verificação de todos os sinalizadores de direção, acionamento
dos freios dianteiro e traseiro para análise da lâmpada do bloco óptico traseiro,
buzina, sistema de partida elétrica (caso necessário) e luzes do painel de
instrumentos.

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Figura 1 - Porca do eixo traseiro sendo desparafusada pelo estagiário.

Para a realização dos ajustes mecânicos é necessário o deslocamento da


motocicleta para o elevador pneumático, para sua suspensão. Após isso, a
depender do modelo do veículo, são selecionadas as ferramentas que serão
utilizadas para este serviço, visto que elas podem variar dependendo do
veículo. O aperto de corrente das motocicletas de maior cilindrada, por
exemplo, necessita de chaves combinadas de maiores dimensões, porque os
seus respectivos eixos são mais robustos e de maior diâmetro, por isso os
parafusos e porcas variam de tamanho. Os modelos que possuem 300
cilindradas, como XRE300 e CB300R, possuem eixos traseiros que carecem
de chaves combinadas com 24,0mm e 17,0mm em ambas as extremidades
para sua folga, e o ajuste de corrente é executado com o mesmo tipo de
ferramenta, porém com tamanhos de 14,0mm e 12,0mm. Motocicletas que
possuem 125, 150 ou 160 cilindradas, como CG Titan, CG Fan e CG Start,
possuem o eixo traseiro que demandam chaves combinadas de 22,0mm e
17,0mm, sendo o componente esticador de corrente acionado por ferramentas
similares, porém de 12,0mm e 10,0mm. As NXR’s Bros 150 e 160 cilindradas
são uma exceção por possuírem suspensão central traseira e serem mais
robustas, por isso seus eixos traseiros possuem as mesmas especificações

13
dos modelos com 300 cilindradas. As chaves combinadas 19,0mm e 14,0mm
são utilizadas para folgar o eixo traseiro dos modelos Biz 100 e 125 cilindradas
e Pop 100 e 110 cilindradas, possuindo o esticador de corrente com as
mesmas especificações das motocicletas com 125, 150 e 160 cilindradas.

Figura 2 - Esticador de corrente sendo ajustado pelo estagiário.

As marcações presentes no esticador de corrente e na balança devem


permanecer alinhadas entre si e iguais em ambos os lados do eixo traseiro,
para que a corrente não seja acionada com empeno.
Tabela 1 - Itens inspecionados gratuitamente no Serviço Expresso.
Lista de Itens Inspeção Recomendada pela Honda Inspeção Realizada
Buzina X
Farol (Alto e Baixo) X X
Sinalizadores Dianteiro/Traseiro X X
Escapamento X
Folga Cabo do Acelerador X
Luzes do Painel de Instrumentos X X
Nível de Óleo do motor X
Sistema de Transmissão X X
Cavalete Lateral X X
Amortecedor Dianteiro X
Amortecedor Traseiro X
Pneu Dianteiro X X
Pneu Traseiro X X
Luz de Freio (Manete/Pedal) X X
Freio Traseiro X X
Freio Dianteiro X X
Retrovisores X
Fluido de Radiador X

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Manete de Embreagem X X
Manete de Freio X X
Fluido de Freio X
FONTE: O Autor.
Segundo a HONDA (2012) “essa inspeção é gratuita e deve ser realizada
periodicamente a fim de preservar os elementos das motocicletas que estão
mais sujeitos a folgas, empenos e falhas, garantindo assim uma condução
regular e segura”. Além disso, esses procedimentos não apenas aumentam a
vida útil da máquina, mas também garantem uma maior segurança ao piloto,
visto que as paradas emergenciais são diminuídas e, por consequência, os
acidentes também.

3.2 Revisão Geral

A Revisão Geral é um conjunto de procedimentos executados nas


motocicletas, que possui o objetivo de conservação de peças e manutenção
sob as condições regulares de uso das mesmas. O nome Geral é atribuído às
revisões periódicas que são realizadas a partir de doze mil quilômetros
rodados, incluindo esta, sobretudo porque cumpre uma série de ações
específicas não realizadas dentro das revisões anteriores, como de mil e oito
mil quilômetros. Os procedimentos executados são importantes para
inspecionar os componentes mais sujeitos às falhas nas motocicletas, além de
aumentar a vida útil dos elementos através de substituições de peças, limpezas
e lubrificações, percebe-se neste momento a execução de planos de
manutenção preditiva, preventiva e corretiva sendo realizados
simultaneamente.
Portanto, esse tipo de revisão será sempre realizado no ambiente da Oficina,
sobretudo porque demanda um prazo longo para concretização. É importante
frisar que as substituições serão realizadas apenas com a autorização do
cliente, porém as limpezas e lubrificações serão integralmente cumpridas. As
observações adicionais alertadas pelos proprietários das motocicletas serão
constadas dentro da Ordem de Serviço, e posteriormente analisadas e

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corrigidas ao decorrer da revisão. Os procedimentos obrigatórios executados
dentro dessa revisão serão descritos abaixo.

3.2.1 Substituições de Peças

Dentro dos serviços realizados na Revisão Geral, um dos mais importantes é a


substituição de componentes da motocicleta previamente estabelecidos. Esse
procedimento é realizado geralmente como uma manutenção preventiva, pois
reduz bastante a possibilidade de parada repentina da máquina. Porém, alguns
aspectos podem ser observados como uma operação de manutenção corretiva,
principalmente no quesito substituição, visto que os clientes optam por esta
modalidade depois que a vida útil dos componentes acaba. A princípio, deve
ser realizada uma análise dos elementos que mais se desgastam com o uso,
como o filtro de ar e filtro de óleo lubrificante.
Nas motocicletas até 300 cilindradas, a primeira
revisão deve ser realizada aos 1000km ou 6
meses da data da compra (o que ocorrer primeiro).
As revisões devem ser realizadas aos 4000km,
8000km, 12000km, e assim por diante (HONDA,
2012).

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3.2.1.1 Substituição do Óleo Lubrificante

A substituição do óleo lubrificante é um procedimento realizado periodicamente


de acordo com a quilometragem da motocicleta, e possui o objetivo de
substituir o lubrificante desgastado e cheio de partículas, pelo novo. Apesar da
simplicidade desse procedimento, o mesmo não perde a devida importância,
visto que esse óleo é responsável por diminuir o desgaste e o atrito entre os
componentes móveis e estacionários internos da máquina, aumentando sua
vida útil e prevenindo possíveis falhas. Além disso, o óleo ajuda a manter a
temperatura ideal de funcionamento do motor e previne paradas emergenciais.

Figura 3 - Parafuso de drenagem do óleo lubrificante (bujão) sendo desparafusado pelo


estagiário.

Para a realização da substituição do óleo lubrificante do motor, a motocicleta


deve ser posicionada sobre o elevador pneumático, e erguida, para uma maior
facilidade de acesso ao cárter. Em seguida, deve ser selecionada a ferramenta
demandada para a retirada do parafuso, posicionando sempre debaixo do
cárter um recipiente para a coleta do óleo antigo, porque o mesmo pode causar

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degradação do ambiente e sujar o local de trabalho. O instrumento utilizado
para a folga do parafuso de drenagem (denominado bujão) é a chave tipo biela
(“L”) 12,0mm, que auxilia no torque e não danifica o elemento de vedação.
É importante frisar que o óleo lubrificante utilizado nas motocicletas Honda
varia de quantidade proporcionalmente com a cilindrada da mesma. Por isso, é
necessária a identificação do modelo da motocicleta, para que este não seja
colocado de forma excessiva ou reduzida, prejudicando o funcionamento geral
dela.

Figura 4 - Reposição do óleo lubrificante pelo estagiário.

Tabela 2- Quantificação do óleo lubrificante indicado para cada tipo de motocicleta.


Modelo Quantidade de óleo lubrificante (ml)
Pop 100 700
Pop 110 800
Biz 100 700
Biz 125 900
CG Fan 125 1000
CG Titan 160 1000
NXR Bros 160 1000
CB 300 1500
XRE 300 1500
Fonte: O Autor.
A drenagem e a reposição do óleo lubrificante devem ser realizadas quando o
mesmo está quente porque, nessa situação, o lubrificante está menos viscoso,
facilitando seu escoamento. Em contrapartida, as medições do nível do óleo

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devem ser executadas quando ele está frio, garantindo que todo o volume
desse elemento esteja no cárter.
O avanço da tecnologia permitiu o desenvolvimento de óleos lubrificantes com
viscosidades mais estáveis em temperaturas altas e baixas. Os multiviscosos
admitem que essa propriedade não apresente altas variações durante o uso da
motocicleta ou com a mudança das estações do ano. Com isso, a Society of
Automotive Engineers (SAE), estabeleceu classificações para os óleos
lubrificantes, como ocorre no qual é utilizado nos modelos Honda: SAE 10W30.
O “W” significa Winter (inverno), indicando um elemento tratado para mais alta
fluidez em baixas temperaturas. Segundo a POTENCIAL (2013) “outra forma
de entender os óleos multiviscosos é pensar em 20W40 como se fosse um óleo
monoviscoso 20 (na partida) que não se afinará mais do que um 40 quando
aquecido pelo trabalho do motor”.
O óleo lubrificante SAE 10W30 semi-sintético é o utilizado para qualquer
modelo entre as motocicletas Honda. Segundo a HONDA (2012), esse óleo foi
“especialmente desenvolvido para sua linha de motores, pois possui
característica de lubrificação, viscosidade, entre outras, que são compatíveis
com as motocicletas”. A primeira substituição deve ser realizada aos 1000km, e
as demais executadas a cada 4000km nas revisões periódicas em modelos
com até 300 cilindradas, porém aqueles que ultrapassarem esse valor, a
reposição deve ser realizada a cada 6000km, obedecendo também a primeira
substituição com 1000km.

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Figura 5 - Óleo lubrificante genuíno HONDA utilizado nas motocicletas (1L).

3.2.1.2 Substituição do Elemento Filtrante de Ar

A substituição do elemento filtrante de ar é um procedimento simples, mas de


suma importância para a preservação da motocicleta. Esse elemento é
responsável por reter as impurezas presentes no ar que é admitido para o
motor, evitando assim que areia, poeira, pedras ou até folhas se infiltrem na
câmara de combustão, prevenindo danos que possam ocorrer no mesmo. A
limpeza ou substituição do filtro deve ser realizada periodicamente dentro do
plano de manutenção preventiva, a fim de evitar que o mesmo torne-se muito
sujo e consequentemente diminua a eficiência do motor e aumente o consumo
de combustível. A reposição do filtro deve ser realizada a cada 12000km
rodados em consonância com os outros elementos filtrantes, dentro do plano
de revisões periódicas.
O filtro de ar deve ser limpo e trocado
periodicamente. Este componente é fundamental
para que impurezas do ar não cheguem até a
câmara de combustão, podendo danificar o
cilindro, por exemplo, o que pode gerar um grande
prejuízo. (HONDA, 2012)

Outra prática comum além da substituição do filtro de ar é a realização da


limpeza do mesmo. Esse procedimento deve ser realizado a cada 4000km,
pois permite a retirada de parte das partículas que permanecem retidas no

20
filtro. É aplicado sobre esse elemento, jatos de ar comprimido que retiram as
impurezas mais superficiais, ajudando a preservar suas propriedades filtrantes.
A utilização da motocicleta em estradas com alto teor de partículas, como areia
e poeira, acelera o desgaste do elemento filtrante, por isso, o mesmo deve ser
substituído em prazos mais curtos.

Figura 6 - Filtro de Ar velho (à esquerda) e Filtro de Ar novo (direita).

O filtro de ar mais utilizado atualmente nas motocicletas HONDA, são os do


tipo seco, que retém as impurezas através do papel filtrante componente do
mesmo. Porém, houve o desenvolvimento de outro tipo de filtro mais eficiente
que o anterior, chamado de filtro de ar viscoso ou úmido, que além de conter o
papel filtrante convencional, possui uma camada externa com um produto
químico especial que ajuda a reter as partículas. Porém, esse filtro não pode
ser limpo, visto que danificará a camada de proteção, devendo seguir também
o plano de substituição presente na manutenção preventiva.
O procedimento para a substituição do elemento filtrante de ar depende do
modelo da motocicleta, sendo que na NXR Bros 150, 160, por exemplo, é
necessária a retirada das carenagens laterais e do assento, a fim de que a
carcaça e tampa sejam acessadas. Em modelos como CG Titan 160, CG Fan
150 e CG Start 125 é apenas retirada a carenagem lateral direita.
Apesar da diferença, o procedimento é similar, onde o elemento filtrante velho é
desmontado da tampa e substituído pelo novo, sendo necessária a limpeza do
local onde o filtro é posicionado, ou seja, toda a carcaça. Em alguns casos, há
uma tela filtrante entre o filtro e o duto, porém ela não é substituída, a mesma
apenas é limpa com ar comprimido.

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3.2.1.3 Substituição da Junta e Retentores do Cabeçote

Em toda revisão geral, é necessária a retirada da tampa do cabeçote para que


seja realizada a regulagem das válvulas. A HONDA recomenda a substituição
da junta e dos retentores logo após a realização desse procedimento anterior,
visto que a recolocação desses elementos implicará em um posicionamento
diferente do anterior, diminuindo assim, sua vedação. Além disso, as altas
temperaturas produzidas pelo motor provocam nesses componentes um
desgaste contínuo durante sua vida útil, gerando assim uma deformação.
A vedação que esses elementos produzem é de suma importância para que
não haja penetração de fluídos pelo cabeçote do motor, e tampouco que o óleo
lubrificante que circula dentro do mesmo, vaze para o exterior. A substituição é
obrigatória em toda revisão, mesmo que não seja necessário o ajuste das
válvulas, visto que, esse procedimento já está previsto dentro do plano de
manutenção preventiva, e deve ser executado em todas as revisões periódicas,
como 1000km, 6000km, 12000km e assim sucessivamente.

Figura 7 - Retirada da tampa do Cabeçote do Motor.

A junta de vedação poderá variar de tamanho e forma dependendo do modelo


da motocicleta, pois motores com maior cilindrada possuem uma junta maior.
Os retentores se apresentam acoplados nos parafusos de fixação do cabeçote,
evitando contato com agentes externos.

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Figura 8 - Junta de vedação do cabeçote e retentores da XRE 300.

3.2.1.4 Substituição do Filtro de Combustível

O filtro de combustível é um elemento presente na moto que faz parte do


sistema de injeção.
Fica entre o tanque e o motor para evitar que
partículas acumuladas durante o transporte e
armazenamento, como pó, ferrugem, água e
sujeira presentes no tanque do veículo cheguem à
bomba de combustível e ao bico injetor.
(MOTOBEST, 2014)

O filtro deve ser substituído a cada 12000km dentro das revisões periódicas,
pois a sua vida útil tende a diminuir após esse prazo, prejudicando suas
propriedades filtrantes. Além disso, ele atua em conjunto com o filtro de ar
garantindo o funcionamento adequado do motor, através da retenção de
partículas indesejadas e bloqueio de impurezas dentro do cilindro, gerando
aumento da potência da motocicleta e vida útil do motor.

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Figura 9 - Filtro de Combustível posicionado na Motocicleta.

Para a substituição do filtro de combustível é necessária a retirada da


carenagem lateral esquerda da moto, a fim de ter acesso a esse elemento.
Logo após, é necessário desacoplar o filtro das mangueiras. É importante o uso
de uma flanela durante a remoção, para que não haja vazamento de gasolina
para o local de trabalho.

3.2.1.5 Substituição do Filtro de Óleo Lubrificante

Assim como é de extrema importância a substituição do óleo lubrificante do


motor, a substituição do seu filtro também é imprescindível. Segundo a FRAM
(2013) “o filtro de óleo permite uma purificação contínua do óleo, retendo
partículas abrasivas resultantes do desgaste normal, bem como resíduos de
sujeira e combustão”.
O desgaste entre as partes móveis e estacionárias do motor sempre ocorrerá,
e por isso, partículas irão se depositar no óleo, sendo necessária a filtragem
contínua do mesmo, visto que ele estará sempre em circulação.
O óleo do motor é mantido limpo pelo filtro de
óleo, que retém as impurezas e contaminantes,
sendo assim, é necessário substituí-lo nas
manutenções periódicas, para garantir sua
eficiência e a do motor. Alguns motores possuem
filtros de óleo do tipo centrífugo e de tela que

24
necessitam apenas limpeza conforme o plano de
manutenção preventiva. (HONDA, 2012)
A recomendação é que seja realizada a substituição do Filtro de Óleo a cada
12000 km, pois mesmo que seja reposto um novo óleo lubrificante, caso o Filtro
esteja fora da sua vida útil, ele não executará a purificação de maneira
adequada, prejudicando o motor.

Figura 10 - Filtro de Óleo velho (à esquerda) e Filtro de Óleo novo (à direita).

O procedimento para a remoção do filtro de óleo varia de acordo com a


motocicleta. No modelo XRE 300, por exemplo, é necessária apenas a retirada
da tampa do filtro. Entretanto, em modelos como CG Titan, CG Fan e Biz, a
tampa de embreagem deve ser removida para ter acesso a esse elemento. Em
ambos os casos, é importante manter um recipiente abaixo, porque haverá
uma drenagem do óleo acumulado no local.

3.2.2 Limpeza e Lubrificação de Componentes

Um dos mais importantes procedimentos realizados dentro do plano de


manutenção periódica das motocicletas é a limpeza e lubrificação das peças. A
partir dele é possível realizar uma melhor conservação e aumento da vida útil
dos componentes, como buchas e eixos, além de diminuir desgastes entre
peças móveis, reduzindo vibrações e falhas.
Ao longo do tempo, o uso da motocicleta provoca acúmulos de partículas em
seus elementos, isso deve-se ao fato da movimentação e exposição aos mais
variados agentes, como poeira e areia. Além disso, o lubrificante utilizado, seja
óleo ou graxa, possui uma vida útil, visto que está sujeito a intensos atritos que
geram partículas, e que por sua vez, diminuem suas propriedades lubrificantes.
Portanto, como será exposto a seguir, antes de qualquer reposição de
lubrificante nesses elementos, é necessária a realização de uma limpeza

25
prévia, através de solventes como gasolina e querosene, além do uso de
pincéis, que aumentam a eficiência da limpeza.

3.2.2.1 Limpeza e Lubrificação dos Cabos do Acelerador, Freio Dianteiro e


Embreagem

Os cabos possuem uma função muito importante para o funcionamento das


motocicletas, visto que, através deles, é possível produzir comandos para que
haja uma mudança de marcha, uma aceleração ou redução de velocidade.
Entretanto, com uso da motocicleta, há o acúmulo de resíduos no interior dos
cabos, o que dificulta o acionamento destes, os deixando mais ressecados e,
por consequência, sujeitos a maiores desgastes.
O procedimento de limpeza ocorre na própria motocicleta, sem a necessidade
de retirada dos componentes. Os cabos A e B do acelerador são desacoplados
do punho e do corpo de borboleta, os referentes ao freio dianteiro e à
embreagem são removidos dos manetes. Esse procedimento é realizado para
que seja possível o acesso ao início e ao fim dos cabos, visto que, eles
encontram-se vinculados ao seu respectivo acionamento. A princípio é
introduzida gasolina nos cabos de maneira contínua, fazendo movimentos
cíclicos alternados, para que não acumule solvente. Após isso, é adicionado ar
comprimido no mesmo, a fim de que toda a sujeita seja expelida na saída do
cabo, garantindo uma limpeza mais eficiente. O óleo lubrificante é colocado
pelo mesmo local da gasolina, sendo que os movimentos de alternados
continuam, para que o óleo possa percorrer todo o corpo do componente.
É importante ressaltar que os punhos também são lubrificados, para que
deslize mais suavemente sobre o guidão. As motocicletas que possuem freio à
disco na dianteira, não possuem cabo de ligação do freio, visto que o mesmo é
acionado por um fluido hidráulico, portanto esse procedimento não se inclui.

26
Figura 11 - Cabo A do acelerador sendo lubrificado pelo estagiário.

3.2.2.2 Limpeza e Lubrificação de Eixos, Buchas e Retentores

Os eixos nas motocicletas possuem a função de guiar o movimento de rotação


e unir as peças.Os mesmos são componentes mecânicos que sustentam os
elementos de máquina, garantindo uma trajetória com poucas
variações.Porém, por estar em contato com componentes móveis e
estacionários, sofre um desgaste em decorrência do atrito.

Figura 12 - Eixo traseiro (em cima) e eixo da balança (embaixo), ambos ressecados.

Segundo Renato Branco (2012), “uma bucha mecânica é um revestimento em


forma de manga utilizada para reduzir o atrito e o desgaste entre as partes
mecânicas, ou para limitar ou restringir o movimento das peças”. Nas

27
motocicletas, as buchas possuem o papel de sacrifício, pois conserva as partes
mais importantes enquanto se desgasta. Isso pode ser observado nas
extremidades dos eixos ou elementos de fixação.
Os retentores por sua vez, são elementos de vedação nas motocicletas. Eles
possuem o papel de vedar as peças da motocicleta, para que fluidos não
penetrem e tampouco saiam, além de evitar a contaminação por agentes
externos, como poeira. São utilizados em conjunto com parafusos e nas
extremidades das peças lubrificadas, como as buchas da balança.

Figura 13 - Retentores posicionados nas extremidades da balança.

Os três componentes citados carecem de lubrificação, pois estão sujeitos a


desgastes diariamente através do contato. Por isso, dentro do plano de
manutenção preventiva, a lubrificação dessas peças é obrigatória em toda
revisão geral. Porém, antes que um novo lubrificante seja reposto, é necessária
a retirada do antigo, visto que apresenta diversos contaminantes. Portanto, há
a retirada dessas peças da motocicleta para que sejam limpas em um local
específico com querosene, de acordo com as recomendações da HONDA.
A limpeza é executada com o auxílio de pincéis, visto os contaminantes
presentes no lubrificante antigo precisam ser eliminados integralmente. Logo
após, esses elementos são lavados com água e secos com ar comprimido. O

28
local onde as peças são posicionadas também é limpo, porém com o uso de
gasolina e estopas, garantindo uma eliminação total de contaminantes.

Figura 14 - Eixo da balança e retentores lubrificados.

3.2.2.3 Limpeza e Lubrificação da Coluna de Direção

O sistema de direção é um composto da motocicleta que possui a função de


transferir os movimentos fornecidos pelo piloto ao guidão para a coluna de
direção, e posteriormente, à roda dianteira. Nesse conjunto há elementos que
precisam ser lubrificados periodicamente, para que o deslocamento seja suave
e diminua a chance de empeno, provocando uma condução mais confortável.
“Sua função é facilitar o movimento da coluna quando direcionada pelo
condutor” (FDR, 2012). As mesas, superior e inferior, que ficam acopladas na
coluna de direção possuem esferas que atuam como rolamentos, ajudando no
deslizamento. Por isso, os conjuntos, superior e inferior, que fazem parte do
sistema de direção, precisam estar devidamente lubrificados para o alojamento
das esferas.

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Figura 15 - Mesa superior da Coluna da Direção Lubrificada.

Para que seja possível o acesso aos conjuntos, superior e inferior, é necessário
que seja desmontada a suspensão dianteira, mancais de fixação do guidão,
arruela, retentor de pó e o parafuso da coluna de direção. A motocicleta deve
permanecer devidamente fixada através de cavaletes, visto que, essas
retiradas provocam instabilidade na mesma. A princípio, as esferas presentes
nos conjuntos devem ser retiradas com o auxílio de imãs, e limpas com
gasolina. As mesas são lubrificadas com graxa, e as esferas colocadas a
seguir.

Figura 16 - Mesa e esferas inferiores lubrificadas.

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O aperto da direção é realizado através de uma ferramenta denominada
torquímetro, que possui a função de medir o torque que está sendo aplicado ao
elemento de fixação. Esse aperto varia entre as motocicletas, no modelo XRE
300, por exemplo, o torque aplicado sobre o parafuso da coluna de direção é
de 4,0N.m, sendo que no modelo CB 300, o torque ideal é de 29,0N.m.

Figura 17 - Utilização do torquímetro no aperto da coluna de direção.

3.2.2.4 Limpeza e Lubrificação dos Manetes

Os manetes possuem a função de acionamento dos cabos do freio dianteiro e


embreagem. Porém, realizam atrito com o suporte de alavanca, devido ao
movimento que existe entre essas peças. Portanto, esses componentes devem
permanecer lubrificados não apenas para diminuir o desgaste e folgas, mas
também proporcionar conforto no acionamento.
Assim, como todos os procedimentos de lubrificação, no princípio deve-se
realizar uma limpeza no suporte de alavanca e nos manetes. Essa limpeza é

32
executada com o uso de estopas, havendo o uso da gasolina quando o
lubrificante antigo encontra-se muito contaminado.

Figura 19 - Manete do freio dianteiro lubrificada.

O procedimento para que haja essa lubrificação é bastante simples: é retirado


o parafuso de fixação do suporte de alavanca juntamente com a porca, não
havendo necessidade da retirada dos manetes para um local específico.

3.3 Revisão de 1000km

A primeira revisão periódica realizada em todos os modelos HONDA, ocorre


com a chegada dos 1000km da motocicleta ou 6 meses da data de compra. Há
um conjunto de procedimentos que buscam garantir o funcionamento
adequado da máquina, que está na fase de amaciamento e, por isso, falhas
estão mais propensas a acontecer. Todos os serviços são executados no
serviço expresso, por demandar um prazo curto para realização.
Tabela 3- Procedimentos realizados na Revisão de 1000 km
Itens Vistoriados Inspeção Recomendada pela Honda Inspeção Realizada
Coluna de Direção X
Porcas, Parafusos e Fixações X
Sistema de Freio X X
Embreagem X X
Filtro de Óleo X
Marcha Lenta X
Substituição do Óleo do motor X X
Lubrificação dos Eixos X
Lubrificação dos Manetes X
Calibragem dos pneus X X

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Aperto da Corrente X X
Lubrificação da Corrente X X
FONTE: O Autor.
Na revisão dos 1000km, há também a inspeção do sistema elétrico da
motocicleta, similar ao Check List. Porém, alguns procedimentos são
dispensáveis, de acordo com os mecânicos, e outros são acrescidos a essa
revisão periódica, como exposto na Tabela 3.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência profissional adquirida durante o estágio foi, sem dúvida, a melhor


forma de capacitar o aluno sobre a manutenção prática das motocicletas. O
contato com equipamentos sofisticados para a realização dos mais diversos
serviços, bem como o acompanhamento dos profissionais presentes na
empresa, garantiu que o aprendizado se tornasse bastante proveitoso.
Portanto, há um grande diferencial dentro da concessionária autorizada, que
executa planos de manutenção dentro dos padrões HONDA. Além disso, o
aluno pode mostrar o seu diferencial no mercado de trabalho, visto que atuou
dentro de uma empresa especializada na manutenção de motocicletas há mais
de quinze anos.

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REFERÊNCIAS

BRANCO, Renata. O que é uma bucha mecânica. Manutenção &


Suprimentos, 2012. Disponível em:
<http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/conteudo/7123-o-que-e-uma-buc
ha-mecanica/>. Acesso em 07 de Julho de 2016.
CAMPOS JÚNIOR, Estevam.Elpídio. Planejamento e Programação da
Manutenção. São Luís/MA: UFMA, 2006. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAABGGUAK/planejamento-programacao-
manutencao>. Acesso em 06 de Julho de 2016.
FERNANDES, João Candido; SOUZA, Alien VIganô de; GOMES, Jonas
Canesin; FERNANDES, Rodrigo Sorbo. Qualidade da mão de obra na
Manutenção. Bauru/SP: UNESP. Disponível em:
<http://wwwp.feb.unesp.br/jcandido/manutencao/Grupo_5.pdf>. Acesso em 06
de Julho de 2016.
FRAM. Filtros de óleo. Jarinu/SP: FRAM. Disponível em:
<http://www.fram.com.br/br/produtos/produtos.html>. Acesso em 07 de Julho de
2016.
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA. Sistema de Direção. Fortaleza/CE: FDR,
2012. Disponível em:
<http://fdr.com.br/formacao/2013/mecanica-de-motos-1/sistema-de-direcao/>.
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GRUPO POTENCIAL. Você sabe o significado das siglas nas embalagens
de lubrificantes (SAE, API, ACEA, JASO)?.GRUPO POTENCIAL, 2013.
Disponível em:
<http://www.potencialpetroleo.com.br/noticia/voce-sabe-o-significado-das-siglas
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MOTO HONDA DA AMAZÔNIA. Plano de Manutenção Preventiva.
Manaus/AM: MOTO HONDA DA AMAZÔNIA, 2012. Disponível em:

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MOTOBEST. Filtro de Combustível. Betim/MG: MOTOBEST, 2014. Disponível
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ROCHA, Gionei da. Componentes do Sistema de Direção. Blumenau/SC:
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VICENTE, Antenor. Elementos de Vedação. Mundo Mecânico, 2012.
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XAVIER, Elson Ítalo Vieira. Elemento de Máquinas 03: Eixos e Árvores.
Recife/PE. OFICINA BRASIL VIRTUAL, 2010. Disponível em:
<http://oficinabrasilvirtual.blogspot.com.br/2010/10/elementos-de-maquinas-eix
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