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12
História
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
Ciências Biológicas
Morfologia e Anatomia
de Espermatófitas
Eliseu Marlônio Pereira de Lucena
Jeanne Barros Leal de Pontes Medeiros
Roselita Maria de Souza Mendes
Geografia
1ª edição
Reimpressão 9
12
Fortaleza - Ceará 3
História
2015
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
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Editora Filiada à
Objetivos
l Caracterizar as gimnospermas e observar as diferenças entre os seus di-
versos filos.
l Realizar a diferenciação morfológica e anatômica das duas classes que
compõem as angiospermas, Monocotyledonae e Eudicotyledonae.
1. Histórico evolutivo
O surgimento da semente foi um divisor de águas, pois possibilitou que o
homem deixasse de ser nômade para ser agricultor. Todas as plantas com
sementes possuem macrófilos e para a formação das sementes necessitam
atender os seguintes pré-requisitos: heterosporia, retenção do único megás-
poro, desenvolvimento do embrião ou do esporófito jovem dentro do megaga-
metófito e tegumentos. Todas as sementes consistem de embrião, alimento
armazenado e um envoltório derivado do tegumento. Nas gimnospermas, a
reserva armazenada é o próprio gametófito feminino haploide.
As estruturas semelhantes a sementes mais antigas ocorreram em es-
tratos do final do período Devoniano, cerca de 365 milhões de anos atrás (Fi-
gura 1.1 e Tabela 1.1). Os prováveis ancestrais das gimnospermas e das an-
giospermas são as progimnospermas, um grupo extinto de plantas vasculares
sem sementes do Paleozoico. Entre os principais grupos extintos de gimnos-
permas estão as Pteridospemales (Figura 1.2), um grupo diverso e artificial,
e as Bennettitales ou cicacoídeas, que possuem folhas semelhantes às das
cicadófitas, mas estruturas reprodutivas muito diferentes.
12 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
A B C
Figura 1.1. (a) Reconstrução de um ramo fértil de Archaeosperma arnoldii, do De-
voniano Superior, mostrando quatro óvulos. As cúpulas, que envolvem parcialmente
os óvulos, são arranjados aos pares, cada uma contendo dois óvulos com a forma de
frascos, com cerca de 4 milímetros de comprimento. O ápice de cada tegumento era
lobado. (b) Diagrama do óvulo, mostrando a posição de uma tétrade de megásporos.
Os três megásporos abortados encontram-se no topo do megásporo funcional. Os
lobos do tegumento formam uma micrópila rudimentar. Os pontos de interrogação
indicam a suposta posição da nucela. (c) Um megásporo. Este fóssil, da Pensilvânia,
é a mais antiga estrutura semelhante a uma semente - cerca de 365 milhões de anos
de idade (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 13
Tabela 1
Eras geológicas
Clima e maiores
Era* Período* Época* Formas de Vida
Eventos Físicos
Flutuação de frio suave. Mais de
Era dos seres humanos.
Quaternário Recente (0,01) duas dúzias de glaciações avan-
Extinção de muitos dos
(2) Pleistoceno (2) çam e retraem; soerguimento final
grandes mamíferose aves.
de muitas cadeias de montanhas.
Mais frio. Muito soerguimento
Aridez, formação de deser- e constituição de montanhas;
Terciário Plioceno tos; diversificação climáti- grande expansão de glaciação no
(65) (5,1) ca. Primeira ocorrência de Hemisfério Norte. Soerguimento do
humanoides. Panamá, unindo as Américas do
Norte e do Sul.
Expansão dos campos à
CENOZOICO (65) Moderado. Glaciação extensiva
Miloceno medida que as florestas se
começa novamente no Hemisfério
(24,6) contraem. Animais pastado-
Sul.
res, macacos.
Mamíferos pastadores,
Surgimento dos Alpes e Himalaia.
primatas parecidos com
Oligoceno A América do Sul se separa da
macacos; muitos gêneros
(38) Antártica.
modernos de plantas
Vulcões nas montanhas rochosas.
evoluem.
Radiação extensiva de ma- Suave a muito tropical. A Austrália
Eoceno
míferos e aves; formação se separa da Antártida; a Índia
(54,9)
inicial dos campos. colide com a Ásia.
Ameno a frio. Em grande parte,
Paleoceno Primeiros mamíferos
mares continentais largos e rasos
(65) insetívoros e primatas.
desaparecem.
As angiospermas e muitos
grupos de insetos apare-
Clima tropical a subtropical em
Cretáceo cem e tornam-se domi-
toda a parte. A África e a América
(144) nantes. Era dos répteis.
do Sul se separam.
Extinção dos dinossauros
no final do período.
*Um número seguido o nome da divisão do tempo geológico indica a era (em milhões
de anos atrás) na qual ela se iniciou. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 15
Figura 1.3. Fecundação das Cycas. Fonte: Silva Júnior e Sasson (1995).
16 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
(a) (b)
Nas plantas com sementes, a água não é mais necessária para for-
necer condições aos gametas de alcançarem a oosfera; ao invés disso, os
gametas são conduzidos para as oosferas por uma combinação de poliniza-
ção e formação do tubo polínico (Figura 1.5). A polinização nas plantas com
sementes é a transferência do pólen do microsporângio para o megasporân-
gio. Subsequentemente, um gameta do gametófito masculino (grão de pó-
len germinado) se une com a oosfera, que na maioria das gimnospermas é
localizada no arquegônio. O segundo gameta aparentemente não é funcional
(exceto talvez em Ephedra) e desintegra. Após a fecundação nas plantas com
sementes, cada óvulo se desenvolve em uma semente.
3. Gimnospermas atuais
Embora existam apenas cerca de 840 espécies de gimnospermas atuais,
comparadas a pelo menos 300.000 espécies de angiospermas, determinadas
espécies de gimnospermas são frequentemente dominantes em áreas muito
amplas, tais como, as taigas, extensas florestas temperadas do hemisfério
norte ou a mata das araucárias na Região Sul do país, onde predomina o
pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia).
O nome gimnosperma (do grego, gymnos, nu; sperma, semente), literal-
mente, significa ‘semente nua’, se referindo à presença de óvulos e sementes
expostos na superfície dos esporófilos ou de estruturas análogas. São plantas
que não dependem da água para reprodução, no entanto, as gimnospermas
inferiores (Cycadophyta e Ginkgophyta) necessitam de um líquido secretado
pelo óvulo para que os dois gametas masculinos (anterozoides) nadem em
direção às oosferas contidas nos arquegônios do gametófito feminino.
Há quatro filos de gimnospermas com representantes atuais: Cycado-
phyta, Ginkgophyta, Coniferophyta e Gnetophyta (Tabela 1.2.).
Tabela 2
Ephedra: folhas
pequenas e escami-
Estróbilos ovulados e microsporangia-
formes;
dos compostos; dispostos em plantas
Gnetum: folhas
Traqueídes e distintas, exceto em algumas espécies
Gnetophyta Ephedra, Gnetum e relativamente largas,
elementos de Não Sim de Ephedra; apresentam várias
(gnetófitas) Welwitschia coriáceas e arranja-
vasos características semelhantes às de
das aos pares;
angiospermas; folhas com distribuição
Welwitschia: duas
oposta,aos pares
folhas enormes, em
forma de fitas
(a) (b)
Figura 1.7. Cycadaceae com estróbilo masculino (a) e feminino (b).
Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 19
Originárias da Ásia, as
A folha do G. biloba é facilmente identificada por ter forma de leque (fla-
árvores de Ginkgo biloba
belada), possuindo um padrão de nervura que se ramifica dicotomicamente, apresentam folhas caducas
além de ser decídua (Figura 1.9). e atingem de 20 a 35 metros
de altura (alguns exemplares
na China, chegam a atingir
de 40 a 50 m), sendo que seu
tronco pode medir 4 metros
de diâmetro. As folhas se
assemelham a um pequeno
leque cheio de nervuras,
lembrando um pouco as
folhas do trevo. No Brasil
é conhecida popularmente
Figura 1.9. Folha flabelada de Ginkgo biloba. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
como nogueira-do-japão.
(a) (b)
Figura 1.14. Uma grande planta (a) e uma pequena planta (b) com estróbilos microsc-
porangiados de Welwitschia mirabilis. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007).
(a) (b)
Figura 1.15 Estróbilo masculino (a) e feminino (b) de Welwitschia mirabilis. Fonte:
Raven; Evert; Eichhorn (2007).
Capítulo 2
Angiospermas
1. Filo Anthophyta
Nas angiospermas surge uma estrutura própria para reprodução, a flor e uma
estrutura que garante proteção e dispersão à semente, o fruto.
As angiospermas representam a maior parte das plantas atuais do mun-
do visível, as quais constituem o filo Anthophyta, o qual inclui pelo menos
290.000 espécies e possivelmente cerca de 450.000 espécies, sendo assim,
de longe, o maior filo de organismos fotossintetizantes.
As plantas com flores lembram as gimnospermas em seus aspectos
reprodutivos essenciais, mas diferem em vários aspectos fundamentais. Nas
sementes das angiospermas, por exemplo, o alimento armazenado é prove-
niente de um tecido triploide exclusivo, chamado endosperma. Os óvulos são
envolvidos pelos megasporófilos (carpelos). A característica reprodutiva dis-
tintiva das angiospermas, a flor, é caracterizada pela presença dos carpelos.
Há, nesse grupo, os três sistemas de tecidos (dérmico, vascular e pa-
renquimatoso) presente em todos os órgãos da planta. Observamos também
crescimento primário e secundário de caules e raízes.
Os tecidos vasculares primários (xilema e floema primários), o rastro fo-
liar e a medula, se presentes, constituem o chamado cilindro central ou estelo,
seja na raiz ou no caule. Três tipos básicos de estelo podem ser reconhecidos:
protostelo, no qual observamos uma coluna central sólida de tecido xilemáti-
co, circundado pelo floema e sem medula; sifonostelo, no qual há uma colu-
na central de tecido parenquimatoso, a medula, onde os tecidos vasculares
arrumam-se de maneira aleatória em torno da medula; e eustelo, constituído
por um sistema de feixes isolados em torno de uma medula.
Figura 2.1. Um eucalipto gigante (Eucalyptus jacksonii) crescendo no Vale dos Gi-
gantes, no sudoeste da Austrália. Note o homem em pé na base queimada dessa
enorme angiosperma. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001).
(a) (b)
Figura 2.4. (a) Uma flor de lírio (Lilium longiflorum) ilustra a separação física entre o
estigma e as anteras, que é característica de muitas plantas. (b) Uma flor de Orquídea
(Orchidaceae). Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001).
Quadro 1
Síntese da Parte
As fanerógamas compreendem as gimnospermas e angiospermas. As gim-
nospermas possuem quatro filos: Cycadophyta, Ginkgophyta, Coniferophyta
e Gnetophyta. A semente desenvolve-se a partir de um óvulo. As plantas com
sementes muito provavelmente originaram-se das progimnospermas. A poli-
nização e a formação do tubo polínico eliminam a necessidade de água para
o gameta masculino alcançar a oosfera nas gimnospermas superiores (Coni-
ferophyta e Gnetophyta). Por outro lado, as angiospermas possuem apenas
um filo, Anthophyta, o qual é composto de duas classes: Monocotyledonae
(com pelo menos 90.000 espécies) e Eudicotyledonae (com cerca de 200.000
espécies). Existem diferenças marcantes entre a morfologia e anatomia das
Monocotyledonae (monocotiledôneas) e Eudicotyledonae (eudicotiledôneas).
Durante a evolução das plantas (briófitas, pteridófitas, gimnospermas e an-
giospermas) há uma redução na geração gametofítica e aumento na geração
esporofítica. As embriófitas, as plantas vasculares, as plantas com sementes
e as angiospermas são grupos monofiléticos, enquanto as briófitas, as pteridó-
fitas, as progimnospermas e as gimnospermas são grupos parafiléticos.
Atividades de avaliação
1. O que significa o termo ‘semente nua’?
2. O que promoveu a total independência da água nas gimnospermas?
3. Descreva a formação do tubo polínico nas diferentes gimnospermas.
4. Descreva as adaptações das coníferas à seca e cite o tipo de seca a que
se referem essas adaptações.
5. Porque a Araucaria angustifolia tem uma disposição morfológica da copa
diferente das demais coníferas?
6. Denomine a figura apresentada abaixo, bem como, o nome e a função da
estrutura indicada com a seta.
30 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Texto complementar
Wollemia nobilis: uma araucária com uma longa historia
Foi uma descoberta que deixou os botânicos boquiabertos. Uma planta que se julgava
há muita extinta, pertencente a uma família botânica Araucariaceae com mais de 200
milhões de anos, foi descoberta em 1994 a pouco mais de 200 Km a oeste de Sydney,
no Wollemi National Park.
A espécie em causa é a Wollemia nobilis, uma árvore assim batizada por ter sido des-
coberta no Wollemi National Park (Wollemia) por David Noble (nobilis), um funcionário
do Serviço de Parques australiano (The National Parks and Wildlife Service - NPWS).
Esta árvore, como referi anteriormente, é uma conífera da família das araucárias
(Araucariaceae), como a nossa bem conhecida araucária-de-norfolk (Araucaria hete-
rophylla (Salisb.) Franco), existindo apenas aproximadamente 100 exemplares no seu
habitat natural. Os fósseis mais antigos desta espécie terão uma idade aproximada de
90 milhões de anos.
Mas o motivo que me leva a escrever este texto foi a (re) descoberta de um artigo do
jornal Público de 14 de Março de 2007. Nesse artigo é mencionado que o único exem-
plar desta espécie na Península Ibérica se encontra no Museu Botânico da Escola Su-
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 31
perior Agrária de Beja, tendo sido adquirido, com o patrocínio da Fundação Calouste
Gulbenkian, num leilão em Outubro de 2005 em Sydney.
Wollemia nobilis, Museu Botânico da Escola Superior Agrária de Beja. Fonte: Vera Ferreira (2007).
Este artigo do Público estava esquecido num dos meus livros de árvores e dele só me re-
cordei por culpa da leitora Vera Ferreira, que teve a amabilidade de me enviar um relato
e umas fotografias da sua visita ao Museu Botânico da Escola Superior Agrária de Beja.
Com a sua autorização, publico as fotografias da “nossa” Wollemia, um bom motivo para
os amantes de árvores e da botânica, em geral, visitarem este museu da cidade de Beja.
Wollemia no seu habitat natural (Wollemi National Park - Blue Mountains, Austrália). Fonte: http://www.
wollemipine.com/photo_gal.php.
Fonte: http://sombra-verde.blogspot.com/2007/10/wollemia-nobilis-uma-araucaria-com-uma.html.
Febre do feno
A febre do feno (rinite alérgica) envolve uma reação alérgica ao pólen. Uma reação
virtualmente idêntica ocorre na alergia a mofo, a caspa animal, poeira e alérgenos
similares inalados. Os pólens que provocam a febre do feno variam de pessoa para
pessoa e de região para região. Os pólens carregados pelas abelhas de uma planta
para outra raramente são responsáveis por essa febre, pois os grãos são grandes e
possuem um revestimento seroso. Os pólens carregados pelo vento são menores e
32 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Leituras
Gimnospermas e angiospermas
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Tradução Jane
Elizabeth Kraus et al. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830 p.
Sites
Ginkgo biloba
http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A43ginkgo.htm.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 33
Referências
LOPES, S. G. B. C. Bio volume único. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1994. 560 p.
LUCENA, E. M. P.; LUCENA, F. L.; SAMPAIO, V. S. Manual prático de mor-
fologia e anatomia de espermatófitas. Fortaleza: UECE, 2008. 102 p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Tradução Jane
Elizabeth Kraus et al. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 906 p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Tradução Jane
Elizabeth Kraus et al. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830 p.
SILVA JÚNIOR, C. SASSON, S. Biologia 2. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 448 p.
Parte 2
Morfologia Vegetativa
Capítulo 3
Morfologia da raiz
Objetivos
l Reconhecer as partes de um sistema radicular e classificar os diferentes
sistemas radiculares quanto à origem, ao habitat e adaptações.
l Identificar as partes de um caule e classificar os diferentes tipos de caule quan-
to ao habitat, ramificação, desenvolvimento, consistência, forma e adaptações.
l Observar as partes constituintes da folha; identificar as características morfológi-
cas das folhas simples, compostas e recompostas; classificar as folhas quanto
à nomenclatura geral, face do limbo, nervação, consistência, superfície, forma,
borda e base, ápice do limbo, bem como, a filotaxia dos ramos e adaptações.
Estatólitos são grãos de
1. Generalidades amido da coifa que indicariam
a direção da gravidade.
A primeira estrutura a emergir da semente em germinação é a radícula, possi-
bilitando à plântula fixar-se no solo e absorver água.
Raiz é um órgão, geralmente subterrâneo e com geotropismo positivo,
que fixa a planta ao substrato, absorvendo daí a água e os minerais necessá-
rios à vida. Além disso, pode ter ainda a função de condução de substância
xilemática e floemática, de reserva nutritiva, e de aeração.
Morfologicamente a raiz apresenta corpo não segmentado em nós e en-
trenós; ausência de folhas e gemas; ausência de clorofila (geralmente), com
exceção das orquídeas e aráceas; presença de caliptra, coifa e pelos radicu-
lares; e apresenta crescimento subterminal.
É relevante perceber que o sistema radicular de uma planta oferece
importantes informações acerca do ambiente no qual ela se encontra, e da
estratégia fisiológica utilizada por ela para obter água e nutrientes essenciais
à sua sobrevivência. Essas informações são valiosas tanto economicamente
para agricultura, quanto biologicamente, no campo das pesquisas.
2. Morfologia
As porções da raiz são: coifa, uma região que reveste o cone vegetativo; zona
lisa, com tecido meristemático; zona pilífera, com pelos absorventes; zona
suberosa, região onde são formadas as raízes secundárias; e o colo, região
38 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Figura 3.2. Uma plântula de rabanete (Fonte: Raven; Evert; Eichhorn, 2007).
3. Origem
As raízes quanto à origem podem ser normais ou adventícias. As normais são
aquelas que se desenvolvem a partir da radícula, enquanto as adventícias não
se originam da radícula do embrião ou da raiz principal por ela formada.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 39
4.2. Aquáticas
Com relação às raízes aquáticas, são às que se desenvolvem na água (Figura 3.9).
4.3. Subterrâneas
Com relação às raízes subterrâneas, são classificadas como:
•• Fasciculada - está constituída por um feixe de raízes (Figura 3.10);
•• Axial ou pivotante - raiz principal bem desenvolvida (Figura 3.11);
•• Ramificada - a raiz principal logo se ramifica em secundárias (Figura 3.12);
•• Tuberosa - com acúmulo de reserva nutritiva (Figura 3.13).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 41
5. Adaptações
São modificações das raízes normais, muitas vezes como consequência das
funções que exercem ou por causa da influência do meio físico. Como exemplo,
podemos citar as raízes tuberosas e as raízes aéreas, já vistas neste capítulo.
42 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Capítulo 4
Morfologia do caule
1. Generalidades
O reconhecimento dos diversos tipos de caules é de
notável importância para entendermos a arquitetu-
ra da planta, visto que é o órgão de sustentação do
vegetal que suporta folhas, flores e frutos em uma
disposição tal qual que torne a fotossíntese mais
eficiente, incremente a polinização e a formação de
frutos, a fim de assegurar a perpetuação da espécie.
Também é importante na classificação das es-
pécies e no discernimento das funções que exercem
ou do meio físico onde se encontram inserido, isto é,
o ecossistema.
O caule é o órgão que fornece sustentação as
folhas, flores e frutos, sendo responsável pela dispo-
sição funcional adequada desses; proporciona tam-
bém a condução de seiva bruta e elaborada, além de
poder armazenar água e nutrientes.
2. Morfologia
Esse órgão tem sua origem endógena na gêmula do
caulículo do embrião da semente e exógena a partir
das gemas caulinares, sendo composto de:
•• Nó – região caulinar, em geral dilatada, donde
saem as folhas;
•• Entre-nó ou meritalo – região caulinar entre dois
nós consecutivos;
•• Gema terminal – situada no ápice, constituída por
escamas, ponto vegetativo (região meristemática,
44 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
A poda de árvores serve de forma cônica) e primórdios foliares que o recobrem. Pode produzir ramo
para corrigir um mau folhoso ou flor e promove o crescimento. Há gemas nuas, isto é, sem es-
desenvolvimento da planta
ou para dar à árvore uma
camas;
determinada forma, pode ser •• Gema lateral – de constituição semelhante à anterior e que pode produzir ramo
feita de inverno ou de verão, folhoso ou flor. Situada na axila de folhas, chama-se também gema axilar. Mui-
também designada poda em
verde. A poda de inverno nas
tas vezes, permanece dormente, isto é, não se desenvolve (Figura 4.1).
árvores de folha caduca deve
ser feita após a queda das
folhas e antes da rebentação, 3. Classificação
uma vez que, os nutrientes O caule pode ser classificado de diversas formas: quanto ao habitat, ramifica-
existentes nas folhas migram
para as raízes, portanto, ção, desenvolvimento, consistência, forma e adaptações.
essas reservas fazem com
que a rebentação seja mais 3.1. Habitat
vigorosa. A poda em verde
faz-se com a planta em Quanto ao habitat, são classificados como: aéreos, subterrâneos e aquáticos.
desenvolvimento, e tem por
objetivo, corrigir ramos mal
3.1.1. Aéreos
inseridos, ou reduzir o volume
da copa. Com relação aos aéreos classificam-se em:
•• Tronco: caule de consistência robusta, lenhoso, ramificado a partir de certa
distância da base. Observado nas gimnospermas e dicotiledôneas (Figura 4.2);
•• Haste: caule pequeno, tenro, clorofilado, pouco resistente e geralmente ra-
mificado desde a base. Exemplos: caules do cravo, do tomate, da berinjela,
do fumo, da begônia, do agrião e do feijão. Característico das dicotiledône-
as (Figura 4.3);
•• Estipe: caule que apesar de apresentar um grande desenvolvimento e certa
resistência, é desprovido de ramificações. Em seu ápice, observa-se um
capitel de folhas. O caule tipo estipe é encontrado nas palmeiras em geral
(palmito, carnaubeira, babaçu e coqueiro). Característico das monocotile-
dôneas (Figura 4.4);
•• Colmo: caule cilíndrico, que apresenta uma nítida divisão entre os nós e os
entrenós (gomos), sendo desprovido de ramificações. O colmo pode ser
oco (bambu) ou cheio (cana-de-açúcar). Característico das monocotiledô-
neas (Figura 4.5);
•• Escapo: caule que se desenvolve a partir do rizoma ou bulbo. É não rami-
ficado, afilo e sustenta flores na extremidade. Ocorre em plantas acaules
como margaridas e falsa tiririca (Figura 4.6);
•• Rastejantes: são apoiados e paralelos ao solo, com ou sem raízes, de tre-
chos em trechos. Exemplo: abóbora (Figura 4.7);
•• Estolão: broto lateral, em geral longo, apoiado no solo ou abaixo dele, que,
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 45
Figura 4.4. Estipe. Fonte: Lucena; Luce- Figura 4.5. Colmo Fonte: Lucena;
na; Sampaio (2008). Lucena; Sampaio (2008).
46 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
3.1.2. Subterrâneos
Com relação aos subterrâneos classificam-se em:
•• Rizoma: caules mais ou menos cilíndricos, que crescem horizontalmente
no interior do solo. Exemplos: bananeira e gengibre (Figura 4.10a);
•• Tubérculo: caules bastante dilatados pelas reservas nutritivas que contêm
como amido e inulina. Exemplos: batatinha (batata-inglesa) e cará-do-ar
(Figura 4.10b);
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 47
•• Bulbo: formado por um eixo cônico que constitui o prato, dotado de gema,
e rodeado por catafilos, em geral contendo acúmulo de reservas e raízes Caulobulbo é sinônimo de
fasciculadas (Figura 4.10c); pseudobulbo.
•• Pseudobulbo: dilatação bulbosa das bases caulinares e foliares adjacen-
tes. Exemplo: orquídeas (Figura 4.10d).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.10. Caules subterrâneos: (a) Rizoma; (b) Tubérculo; (c) Bulbo tunicado; (d)
Pseudobulbo. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
3.1.3. Aquáticos
Aqueles que se desenvolvem em meio líquido (Figura 4.11).
3.2. Ramificação
Quanto à ramificação classificam-se em:
•• Indivisos: não ramificados, ex.: estipe (Figura 4.12a);
•• Ramificados: com ramos laterais.
•• Monopodial: gema terminal persistente, havendo, então, predomínio do
eixo principal sobre os ramos laterais (Figura 4.12b);
•• Simpodial: gema terminal de curta duração, substituída por uma lateral
que passa a ser a principal (Figura 4.12c);
•• Em dicásio: duas gemas laterais se desenvolvem mais que a gema ter-
minal, formando ramos; depois duas gemas em cada um desses ramos,
e assim por diante (Figura 4.12d).
3.3. Desenvolvimento
Quanto ao desenvolvimento classificam-se em:
•• Erva: pouca ou nenhuma lenhificação, ex.: haste;
•• Subarbusto: arbusto de até 1 metro de altura, com base lenhosa e o res-
tante herbáceo, ex.: haste;
•• Arbusto: altura inferior a 5 metros, resistente e lenhoso inferiormente, e
tenro e suculento superiormente, ex.: tronco;
•• Árvore: altura superior a 5 metros, com tronco nítido e despido de ramos
na parte inferior, ex.: tronco;
•• Liana: cipó trepador sarmentoso.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 49
3.4. Consistência
Quanto à consistência classificam-se em:
•• Herbáceo: não lenhificado, aspecto de erva;
•• Sublenhoso: lenhificado na base e tenro no ápice. São os subarbusto e
arbustos;
•• Lenhoso: caule consistente e resistente, bastante lenhificado em todo o
seu comprimento. É o caule de árvores.
3.5. Forma
As bromélias não são
Quanto à forma classificam-se em: parasitas como muitas
pessoas pensam. Na
•• Cilíndrico, ex.: palmeira (Figura 4.13a); natureza, aparecem como
•• Cônico, ex.: árvores (Figura 4.13b); epífitas (simplesmente
apoiando-se em outro vegetal
•• Comprimido ou achatado, ex.: cipó e cactos (Figura 4.13c); para obter mais luz e mais
•• Anguloso, ex.: tiririca (Figura 4.13d); ventilação), terrestres ou
rupícolas (espécies que
•• Sulcado, ex.: cipó-do-rego (Figura 4.13e);
crescem sobre as pedras)
•• Estriado, ex.: cactos (Figura 4.13f); e compõem uma das mais
adaptáveis famílias de plantas
•• Bojudo ou barrigudo, ex.: palmeira imperial e boabá (Figura 4.13g).
do mundo. Apresentam uma
grande resistência para
sobreviver e ainda infinitas
e curiosas variedades de
formas e combinações de
cores.
(a) (b)
(f) (g)
Figura 4.13. Formas de caule: (a) Cilíndrico; (b) Cônico; (c) Comprimido; (d) Anguloso;
(e) Sulcado; ( f ) Estriado; (g) Bojudo. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
4. Adaptações
Os caules apresentam algumas adaptações que, muitas vezes, decorrem das
funções que exercem ou em razão da influência do meio físico, tais como:
•• Cladódios: caules suculentos, achatados e verdes (com clorofila), com au-
sência de folhas. Ex.: cacto (Figura 4.14a);
•• Espinhos: órgãos caulinares, endurecidos e pontiagudos (Figura 4.14b);
•• Gavinhas: ramos filamentosos aptos a enroscar-se em suportes. Presente
em trepadeiras. Ex.: maracujá (Figura 4.14c);
•• Acúleos: tricomas rígidos e pontudos presentes no eixo caulinar. Ex.: rosei-
ras (Figura 4.14d).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.14. Adaptações do caule: (a) Cladódios; (b) Espinhos; (c) Gavinhas; (d) Acú-
leos. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
Capítulo 5
Morfologia da folha
1. Generalidades
A fotossíntese é um
As variações na estrutura das folhas são em grande parte relacionadas com importante mecanismo
o habitat. Neste sentido, a disponibilidade de água é um fator especialmente fisiológico/metabólico do
importante que afeta sua forma e estrutura. vegetal. Através dele é
que ocorre a produção de
A folha do ponto de vista fisiológico é o principal órgão da planta, pois é fotoassimilados que irão
responsável pela fotossíntese, respiração, transpiração, condução e distribui- compor as substâncias
ção da seiva. orgânicas. Através da
fotossíntese, a planta absorve
Por outro lado, do ponto de vista taxonômico, a folha juntamente com o CO2 atmosférico e libera
a flor são os principais descritores nas chaves analíticas de identificação das O2, logo há uma purificação
plantas. Portanto, para que possamos identificar sistematicamente as plantas do ar. Existem alguns fatores,
tais como a forma, a posição
é necessário conhecer a sua morfologia foliar. (o ângulo foliar; distribuição
As folhas são os principais órgãos fotossintetizantes das plantas. São horizontal e vertical das folhas
expansões laterais e laminares do caule, possuem simetria bilateral e cresci- no dossel, etc.) e o tamanho
das folhas que influenciam
mento limitado. Sua estrutura achatada e fina permite que o tecido clorofiliano, para uma eficiente captação
responsável pela fotossíntese, fique próximo à superfície. da luz e absorção do CO2
Elas possuem origem endógena a partir da gêmula do embrião da se- durante a fotossíntese.
Processo contrário a
mente ou exógena através da superfície do meristema apical, como agrupa- fotossíntese é a respiração,
mentos localizados, chamados de primórdios foliares. pela qual a planta absorve O2
e libera CO2.
2. Morfologia
Embora apresentem grande variedade de formas e tamanhos, as folhas com-
pletas são constituídas basicamente de (Figura 5.1):
Pode ocorrer além da forma
•• Limbo - laminar e verde, comumente muito delgado, possibilitando uma em vapor, a liberação de
maior área possível para captação de luz solar; água na forma líquida pela
•• Pecíolo – a parte mais estreita e alongada da folha e serve para unir o limbo folha, e a esse processo
chama-se gutação.
ao caule através da base;
•• Bainha - também chamada de base foliar, fica situada na parte inferior do
pecíolo e serve para conectar a folha ao caule; ou
52 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
3. Nomenclatura geral
Quando falta uma das três partes constituintes diz-se que a folha é incomple-
ta, portanto, podemos classificá-la quanto à nomenclatura geral como:
Na ervilha, Pisum sativum e
na acácia, Cassia latistipula •• Peciolada: possuem limbo e pecíolo. Ex. folha de abóbora (Figura 5.2a).
(ambas da família Fabaceae),
•• Invaginante: com limbo e bainha que envolve o caule em grande extensão.
as estípulas são grandes.
Diversamente, em muitas Ex.: Gramineae (Figura 5.2b).
outras plantas elas são •• Séssil: possuem apenas limbo. O limbo insere-se diretamente no caule. As
pequenas e caducas, caindo
folhas sésseis dividem-se em:
antes do desenvolvimento
das folhas. No café, Coffea •• Amplexicaule: folha cuja base do limbo abraça o caule. Ex.: serralha
arabica (Rubiaceae), (Figura 5.2c);
elas são permanentes e
interpeciolares (esta última •• Perfolhada: quando as duas metades da base do limbo desenvolvem-
caracteriza as espécies -se, circundando o caule, de modo que este parece atravessar o limbo,
dessa família), pois essas ex: Specularia (Figura 5.2d);
plantas, as rubiáceas, têm
folhas opostas. •• Adunada: são folhas opostas, sésseis, soldadas por suas bases, apa-
rentando ser perfurada pelo caule, ex: barbasco (Figura 5.2e).
Heterofilia é o polimorfismo
das folhas normais. Como
exemplo, podemos citar
o eucalipto, o qual possui
(d) (e) folhas inferiores elípticas e
superiores falciformes.
Figura 5.2. Folha incompleta: (a) peciolada; (b) invaginante; (c) amplexicaule; (d) per-
folhada; (e) adunada. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
(a) (b)
Figura 5.3. Face do limbo: (a) inferior; (b) superior. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
5. Nervação
Quanto à nervação as folhas são classificadas como:
a) Ninérveas: com uma única nervura, ex.: cravo (Dianthus caryophyllus –
Caryophillaceae) e sagu-de-jardim (Cycas revoluta Thunb., Cycadaceae)
(Figura 5.4a).
b) Folhas paralelinérveas: com nervuras secundárias paralelas a principal,
quando esta existe, ex: capim-pé-de-galinha (E. indica (L.) Gareth) e milho
(Zea mays L.), ambos da família Poaceae (Figura 5.4b).
c) Folhas peninérveas: com nervuras secundárias ao longo da principal,
como na laranjeira (Citrus sp., Rutaceae) e vinca (Catharanthus roseus,
Apocynaceae) (Figura 5.4c).
d) Folhas palminérveas ou digitinérveas: com nervuras que saem todas
do mesmo ponto e divergindo em várias direções, ex.: mamoeiro (Carica
papaya, Caricaceae) (Figura 5.4d).
e) Folhas curvinérveas: com nervuras secundárias curvas, em relação a
principal, ex.: língua-de-vaca (Plantago hirtella H.B.K., Plantaginaceae) (Fi-
gura 5.4e).
54 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
No que concerne as folhas f) Folhas peltinérveas: típico de folhas peltadas com nervuras irradiando do
peltinérveas, uma curiosidade: pecíolo que se insere no centro ou próximo na face dorsal do limbo, ex.:
as folhas de vitória-régia
(Victoria amazonica) podem
chagas (Tropaeolum majus L., Tropaeolaceae) (Figura 5.4f).
sustentar um peso de vários
Kg, havendo menção de até
35 Kg.
6. Consistência
Quanto à consistência as folhas são classificadas como:
a) Carnosa ou suculenta: abundante em sucos, em geral, com reservas
d’água, ex.: Família Crassulaceae (Figura 5.5a).
b) Coriácea: quando a consistência do limbo lembra o couro, ex.: abacateiro
(Persea americana, Lauraceae) (Figura 5.5b).
c) Herbácea: com consistência de erva, sem lenhosidade, sem lignificação
(Figura 5.5c).
d) Membranácea: quando o limbo exibe uma consistência de membrana, su-
til e flexível (Figura 5.5d).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 5.5. Consistência da folha: (a) carnosa; (b) coriácea; (c) herbácea; (d) membra-
nácea. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 55
9. Bordo do limbo
Quanto ao bordo do limbo as folhas são classificadas como:
a) Aculeado: com pontas agudas e rígidas na margem do limbo, ex.: abacaxi
(Ananas comosus (L.) Merr., Bromeliaceae) (Figura 5.8a).
b) Crenado: com dentes obtusos ou arredondados, como na folha-da-fortuna
(Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers., Crassulaceae) (Figura 5.8b).
58 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
A bananeira possui caule c) Dentado: com dentes regulares e não-inclinados, ex.: roseira (Rosa spp.,
subterrâneo denominado Rosaceae), hibisco (H. rosa-sinensis L., Malvaceae) (Figura 5.8c).
de rizoma. Periodicamente,
ele produz folhas, cujas d) Inteiro: liso, uniforme, sem deformação ou reentrância, ex.: buxo (B. sem-
bainhas são muito amplas pervirens L., Buxaceae) (Figura 5.8d).
e se recobrem parcialmente,
formando o pseudocaule,
e) Ondulado: com ligeiras ondulações, ex.: magnólia (Michelia champaca
de onde se expandem em Linn., Magnoliaceae) (Figura 5.8e).
enormes limbos. Cada f) Serrado: com dentes como os da serra, inclinados para o ápice, ex.: beijo-
bananeira, pelo menos uma
vez durante o seu ciclo de
-de-frade (Impatiens balsamina Linn., Balsaminaceae) (Figura 5.8f).
vida, emite um ramo caulinar g) Serrilhado: serrado, porém com dentes diminutos, ex.: capim pé-de-gali-
que se desenvolve a partir nha (E. indica L., Poaceae) (Figura 5.8g).
do rizoma e, crescendo por
dentro das bainhas, faz sua h) Sinuoso: com recortes marginais com aspecto da função seno, isto é, com
aparição no exterior, em ondulações mais profundas que no tipo ondulado (Figura 5.8h).
forma de cacho de flores,
i) Lobado (< 50%): o limbo é dividido em lobos mais ou menos arredondados.
para, oportunamente, se
transformar em cacho com Os lobos são menores que a metade do semilimbo (nas folhas peninérveas)
várias pencas de bananas. ou do limbo (nas folhas palminérveas). As folhas lobadas chamam-se, se-
gundo a nervação:
•• Pinatilobadas,..ex.:..bico-de-papagaio.(Euphorbia..pulcherrima, Euphor-
biaceae) (Figura 5.8i).
•• Palmatilobadas, ex.: guaxima (Urena lobata L., Malvaceae).
O mesmo se diz em relação ao número de lobos: trilobada, quinquelobada
e multilobada. As lobadas assemelham-se as fendidas, porém têm lobos
marcantes e arredondados (Figura 5.8j).
j) Fido ou fendido (= 50%): recortes que chegam próximo ou até a metade do
semilimbo (folhas peninérveas) ou do limbo (folhas palminérveas). Quanto a
nervação, as folhas podem ser:
•• Pinatífidas, ex.: folíolo do cinamomo (Melia azedarach L., Meliaceae) (Fi-
gura 5.8k).
•• Palmatífidas, ex.: batata-doce (Ipomoea batatas, Convolvulaceae) (Figu-
ra 5.8l).
k) Partido (> 50%): recortes que alcançam além da metade do semilimbo
(folhas peninérveas) ou do limbo (folhas palminérveas), sem alcançar a ner-
vura mediana ou a base, respectivamente. Segundo a nervação, as folhas
partidas podem ser:
•• Pinatipartidas, ex: flor-de-maio, Montanoa pyramidata Sch. Bip., Astera-
ceae) (Figura 5.8m).
•• Palmatipartidas, ex: mamoeiro (Carica papaya L., Caricaceae) (Figura 5.8n).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 59
Os lobos formam
(e) (f) (g) (h) reentrâncias no limbo, e
existem quatro níveis de
reentrâncias, de acordo
com a invasão do limbo em
direção a nervura central:
<50%; =50%; >50%; e
(i) (j) (k) (l) =100%. Este último é
característico de folhas
compostas.
Figura 5.8. Bordo de limbo da folha: (a) aculeado; (b) crenado; (c) dentado; (d) inteiro;
(e) ondulado; ( f ) serrado; (g) serrilhado; (h) sinuoso; (i) pinatilobada; (j) palmatilobada;
(k) pinatífida; (l) palmatífida; (m) pinatipartida; (n) palmatipartida; (o) pinatisecta; (p)
palmatisecta. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
g) Retuso: ápice truncado e ligeiramente emarginado, as vezes com um apí- Para diferenciar uma folha
culo central. Ex.: buxo (B. sempervirens L., Buxaceae) (Figura 5.10g). simples de uma composta,
basta analisar a presença
h) Truncado: ápice parecendo ter sido cortado transversalmente. Ex.: folíolo da gema. Só haverá uma
de carrapicho (Desmodium sp., Fabaceae) (Figura 5.10) na base do pecíolo de
uma folha, pois ali é uma
região meristemática (de
multiplicação celular). Nas
bases de folíolos não há
gemas, pois eles somente
(a) (b) (c) (d) são divisões daquilo que,
antes, era uma folha simples.
Figura 5.10. Ápice do limbo da folha: (a) acuminado; (b) agudo; (c) cuspidado; (d) emar-
Folíolo: cada uma das partes
ginado; (e) mucronado; ( f ) obtuso; (g) retuso; (h) truncado. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio
laminares de uma folha
(2008).
composta.
É indispensável que a folha c) Recomposta: quando os folíolos são, por sua vez, compostos, isto é, são
se encontre na melhor folhas duplamente compostas, resultando em foliólulos. Ex.: Muitas mimo-
situação possível para
sas (Fabaceae), angico (Anadenanthera spp., Fabaceae) (Figura 15.11h).
realizar fotossíntese, e para
isso, há meios adequados.
Todas as demais partes da
planta exibem, igualmente,
mecanismos próprios a garantir
a folha uma situação vantajosa.
Mais luz pode ser recebida
por uma superfície maior,
e consequentemente, mais
fotossíntese pode ser realizada. (a) (b) (c)
Aumento de superfície implica,
porém, em aumento de perda
de água (transpiração), o que
em ambientes secos poderia
comprometer seriamente a
vida da planta, se lhe faltassem
meios de defesa. E o melhor
deles é sem dúvida, reduzir a
superfície foliar. Essa redução (d) (e) (f)
irá apenas até o ponto que
permita a planta o máximo
de economia de água, sem
lhe reduzir a fotossíntese a
um valor insuficiente a sua
subsistência. Certas espécies
dispõem de um mecanismo
interessante que lhes
possibilita aproveitar melhor a (g) (h)
luz. Formam pares de folhas
opostas, uma grande, outra Figura 5.11. Divisão do limbo da folha: (a) simples; (b)Unifoliada; (c) Bifoliada; (d) Trifo-
pequena. As folhas grandes liada; (e) Paripenada; ( f ) Imparipenada; (g) Palmaticomposta; (h) Recomposta. Fonte:
apresentam disposição alterna Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
e nos espaços existentes
entre si, insuficientes para
comportarem outras de igual 13. Filotaxia
tamanho, cabem as folhas
pequenas. Constitui-se assim, Quanto à filotaxia os ramos são classificados como:
o que se chama um mosaico
de folhas.
a) Alternas (ex.: Hibiscus, Malvaceae): quando só há uma folha em cada
nó. Se as folhas estão dispostas em um único plano são denominadas al-
ternas dísticas (Figura 5.12a). No caso, da inserção ser em vários planos
ao longo do caule é chamada alterna espiralada (Figura 5.12b).
b) Opostas: com um par de folhas em cada nó, uma em frente a outra. Se os
pares estão alternadamente superpostos em dois planos são denominadas
Caule (c), folha grande (fg) e
opostas dísticas (ex.: Lythrum sp, Lythraceae) (Figura 5.12c). Se cada
pequena (fp).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 63
par cruza-se, em ângulo reto, com o par seguinte, são chamadas opostas
cruzadas ou decussadas (ex: café, Rubiaceae, e cardeal, Lamiaceae)
(Figura 5.12d).
c) Verticilidas (ex.: espirradeira, Apocynaceae): com três ou mais folhas
em cada nó, inserindo-se em todo o seu contorno, saindo de pontos distin-
tos, formando um verticilo foliar (Figura 5.12e).
d) Rosuladas ou rosetadas (ex.: falsa tiririca, Hypoxis decumbens L., Hy-
poxidaceae): quando as folhas, dispostas na base ou no ápice do caule es-
tão muito juntas por ocorrer em entrenós muito curtos, dando a impressão
de que todas estejam no mesmo nó, com o aspecto de uma roseta. Quando
nascem na base, podem ser chamadas folhas radicais, as quais são, ina-
dequadamente, ditas como as folhas de plantas aparentemente acaules
(Figura 5.12f).
e) Geminadas (ex.: juá-de-sapo, Zizyphus joazeiro, Rhamnaceae): com
um par de folhas em cada nó, num mesmo ponto (Figura 5.12g).
f) Fasciculadas (Pinus sp., Pinaceae): com três ou mais folhas num mesmo nó,
partindo de um mesmo ponto dele, isto é, reunidas em feixes (Figura 5.12h).
As paredes dos ascídios a) Catafilos: são folhas reduzidas situadas nas partes inferiores na sucessão
têm coloração muito vistosa foliar do caule, em geral aclorofiladas, simples e escamiformes; são, mais
e, nas bordas, encontram-
se muitos pelos e glândulas
ou menos, intermediárias entre os cotilédones e as folhas propriamente
que secretam substâncias ditas. Compreendem as escamas e, para alguns, também os cotilédones
odoríferas que atraem (Figura 5.13a).
insetos. Internamente as
paredes desenvolvem muitos
b) Escamas: quaisquer órgãos foliáceos de forma e consistência parecidas
pelos voltados para baixo. As com as escamas de animais. Encontram-se nos caules subterrâneos, nos
glândulas existentes na parte aéreos e nas gemas (Figura 5.13b).
inferior do ascídio secretam
enzimas proteolíticas.
c) Cotilédones: é a primeira ou cada uma das primeiras folhas do embrião,
Essas substâncias podem também chamado folha primordial ou embrionária ou seminal. Em geral,
digerir os pequenos animais em número de dois, nas Eudicotyledonae, e um, nas Monocotyledonae
aprisionados, que chegam (Figura 5.13c).
ao interior da jarra, voando
ou andando pela parede, d) Hipsofilos: são folhas reduzidas situadas entre as folhas e as flores na
atraídos pelos odores que parte superior da planta, especialmente as brácteas e as bractéolas (Figura
ela produz. No fundo do 5.13d).
ascídio molham suas asas
e não mais podem escapar e) Estípula: é cada um dos apêndices, em geral laminares e em número de
voando; nem caminhando dois, que se formam de cada lado da base foliar (Figura 5.13e).
pela parede, por causa dos
f) Estipelas ou estipélulas: são as estípulas dos folíolos. Ex: carrapicho (Des-
pelos voltados para baixo.
Então morrem e as enzimas modium sp., Fabaceae) (Figura 5.13e).
entram em ação, digerindo- g) Lígula: é o tipo de apêndice, quase sempre membranoso, de natureza
os. A tampa inclinada sobre
estipular, que se acha entre o limbo e a bainha nas gramíneas, tal como o
a abertura do ascídio é fixa,
não apresenta qualquer milho (Zea mays, Poaceae). Usualmente ocorre como um prolongamento
mobilidade. Representa adaxial da bainha, nessa família (Figura 5.13f).
o limbo da folha. Pode-
h) Ócrea: é o conjunto de duas estípulas axilares membranosas e concres-
se imaginar que seja útil
a planta, por impedir que centes (aderidas, fundidas em uma única estrutura) totalmente, por ambos
parte da chuva penetre no os bordos, circundando o caule como uma bainha, e ultrapassando o ponto
interior do ascídio e vá diluir aparente de inserção da folha. Bem característico em poligonáceas. Ex: er-
em demasia a solução aí
va-de-bicho (Polygonum acuminatum H.B.K., Polygonaceae) (Figura 5.13g).
existente, reduzindo-lhe o
poder digestivo.
Figura 5.13. Folhas reduzidas: (a) catafilos; (b) escamas; (c) cotilédones; (d) hipsofilos;
(e) estípula e estipela; ( f ) lígula; (g) ócrea. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 65
Síntese da Parte
Embrionariamente, as raízes originam-se a partir da radícula do embrião. Mor-
fologicamente não possuem coifa, pelos absorventes e radicelas de origem
endógena. Também não contêm gemas terminais e laterais, nem folhas, flores
e frutos, além de não haver divisão em nós e entrenós. Fisiologicamente, é
responsável pela absorção da seiva, possui crescimento subterminal, geotro-
pismo positivo, fototropismo negativo e raramente é fotossintetizante, embora,
sejam responsáveis pela fixação da planta ao solo. Por outro lado, os caules
embrionariamente originam-se a partir da gêmula do caulículo do embrião.
Morfologicamente não possuem coifa e pelos absorventes, mas têm gemas
terminais e laterais, folhas, flores e frutos, bem como, contem corpo dividido
em nós e entrenós e ramos de origem exógena (nas gemas axilares). Fisiolo-
gicamente, é responsável pela condução da seiva e possui crescimento termi-
nal, geotropismo negativo e fototropismo positivo, podendo ser fotossintetizan-
tes ou não, também é responsável pela sustentação de todos os elementos
provenientes da gêmula. As folhas são os principais órgãos fotossintetizantes
das plantas. São expansões laterais e laminares do caule, possuem simetria
bilateral e crescimento limitado. Sua estrutura achatada e fina permite que o
tecido clorofiliano, responsável pela fotossíntese, fique próximo à superfície.
Possuem origem endógena a partir da gêmula do embrião da semente ou
exógena através da superfície do meristema apical, como agrupamentos lo-
calizados, chamados de primórdios foliares.
Atividades de avaliação
1. Denomine e descreva as estruturas numeradas na figura abaixo, explicitan-
do suas funções.
11. Classifique as folhas abaixo quanto à nervação, forma, bordo, base, ápice do
limbo e cite exemplo de uma espécie que possua folha com essa classificação.
•• Nervação:
•• Forma:
•• Bordo:
•• Base:
•• Ápice:
•• Exemplo:
12. Relacione as adaptações especiais das folhas, desenhe-as e dê exemplos.
13. Justifique a existência de brácteas coloridas em certas plantas.
14. Escolha uma espécie de planta carnívora e explique como elas capturam
e digerem seu alimento.
Texto complementar
Quem são e onde vivem as perigosas plantas carnívoras?
As plantas carnívoras sempre despertaram interesse do público em geral. A criativi-
dade de alguns cartunistas criou um grande mito a respeito da existência de plantas
carnívoras. Alimentados pela presença destas “feras” em quadrinhos, desenhos ani-
mados e filmes de terror, fez com que a imagem de um monstro se materializasse no
imaginário popular.
Quem são e onde vivem as perigosas plantas carnívoras?
Em primeiro lugar é preciso dizer que elas não são monstros devoradores de animais.
Pelo contrário, a grande maioria das espécies é pequena e delicada, e captura pe-
quenos insetos e microcrustáceos aquáticos. Por isso, não é correto a denominação
insetívoras, que muitos autores utilizam, uma vez que essas plantas não capturam
apenas insetos.
As plantas carnívoras são exemplos notáveis de adaptação à ambientes inóspitos. Ao
longo do processo evolutivo desenvolveram a capacidade de sobreviver sob condi-
ções de estresse que a maioria das outras plantas não suportaria.
Como qualquer outra planta, as carnívoras são autotróficas, ou seja, produzem o pró-
prio alimento transformando a energia da radiação solar em energia química, arma-
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 69
zenada sob a forma de açúcar. Na fotossíntese, gás carbônico (CO2) e água (H2O) se
decompõem para formar moléculas de carboidratos (C6H12O6) e oxigênio (O2).
Para que uma planta seja considerada carnívora ela deve, além de atrair e capturar,
ter capacidade de digerir formas de vida animal. Entretanto, esta última característica
pode gerar alguma confusão, pois as plantas não possuem sistema digestivo.
Então, se as plantas carnívoras são organismos autotróficos fotossintetizantes, qual o
objetivo de possuir mecanismos para capturar pequenos animais? Seria algum tipo
de hobby?
Todos os seres vivos possuem mecanismos de adaptação ao ambiente em que vivem.
De todas as adaptações, talvez as mais curiosas sejam às usadas pelas plantas para
atrair polinizadores. Essas modificações vão desde a emissão de odores específicos,
coloração atraente ou flores com formato que lembram insetos. Essa capacidade de
atrair insetos é uma das características das plantas carnívoras, mas a mais impres-
sionante é, com certeza, a capacidade de capturar suas “presas”. Plantas carnívoras
possuem folhas modificadas que são verdadeiras armadilhas.
Como as plantas carnívoras capturam suas presas?
Existem armadilhas (folhas modificadas) das mais variadas formas e funcionamentos.
A mais conhecida é a Dionea sp. Suas folhas formam uma espécie de “jaula” que se
fecham rapidamente quando um pêlo muito fino é pressionado, agindo como um
gatilho.
A Drosera, além de liberar um odor atrativo aos insetos, secreta uma gotícula de gli-
cose, fazendo com que a presa fique grudada em seus tentáculos.
É importante lembrar que os insetos “capturados” não foram “caçados”, eles aproxi-
mam-se da planta por livre e espontânea vontade.
Algumas plantas carnívoras secretam enzimas digestivas que aceleram o processo de
decomposição do animal.
Outras plantas carnívoras possuem folhas modificadas formando uma espécie de ân-
fora, ou ascídio, como a belíssima Nephentes. Os ascídios possuem uma tampa, e ao
contrário do que pode parecer a primeira vista, elas são imóveis e não servem para
prender o inseto em seu interior, mas sim para proteger a armadilha impedindo que
ela transborde com as chuvas e se quebre.
Com uma armadilha semelhante à Nephentes, a Sarracenia sp. possui folhas modi-
ficadas que armazenam uma certa quantidade de água e enzimas digestivas onde
pequenos insetos que entram na armadilha ficam presos. Os insetos que entram nos
ascídios acabam morrendo, pois se molham no líquido contido no interior da armadi-
lha e não conseguem sair por conta da parede interna dos ascídios serem muito lisa.
Dentre todas as carnívoras, a Utricularia é que possui a armadilha mais fantástica.
Esta espécie é bastante comum no litoral paulista e possui um mecanismo muito en-
genhoso capaz de capturar micro-crustáceos. Estruturas muito pequenas chamadas
utrículos, com cerca de 2 milímetros, funcionam como uma bomba de sucção, e cap-
turam pequenos animais que encostam em estruturas semelhantes a gatilhos.
Atualmente, são conhecidas mais de 500 espécies de plantas carnívoras, espalhadas
pelo mundo todo (exceto a Antártida). Podem ser encontradas em regiões desde as
quentes e úmidas florestas tropicais, até as tundras gélidas da Sibéria, ou os desertos
esturricantes da Austrália.
No Brasil, existem mais de 80 espécies diferentes (exceto pela Austrália, o Brasil é o
país que mais tem espécies carnívoras no mundo). Elas crescem principalmente nas
serras e chapadas, e podem ser encontradas em quase todos os estados. A maioria,
em solos encharcados (como brejos), de pH baixo (ácido), às vezes pedregosos.
Com essas folhas modificadas as plantas carnívoras desenvolveram a capacidade de
sobreviver em solos extremamente pobres em nutrientes. Embora o nitrogênio seja
70 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Leituras
Morfologia vegetal
FERRI, M. G. Botânica: morfologia externa das plantas. 15 ed. São Paulo:
Nobel, 1983. 149 p.
OLIVEIRA, D. M. T. Morfologia comparada de plântulas e plantas jovens de
leguminosas arbóreas nativas: espécies de Phaseoleae, Sophoreae, Swart-
zieae e Tephrosieae. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 24, p. 85-
97, 2001. http://www.ceunes.ufes.br/downloads/2/adrianalobao-aula_folha.pdf
http://www.sbfv.org.br/materialdidatico/download/plantas%20carnivoras.pdf
Fisiologia vegetal
MAIA, E.; SIQUEIRA, D. L. de; FERNANDES, A. R. Formação de ramos ad-
ventícios a partir de espinhos em limoeiro ‘Volkameriano’ tratados com ácido
giberélico. Bragantia, Campinas, v. 68, p. 183-185, 2009.
RICKLEFS, R. E. Equilíbrio de água e sal em organismos terrestres. In: RI-
CKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003. cap. 3, p. 57-59.
Adaptações vegetais
RICKLEFS, R. E. As adaptações aos ambientes áridos controlam a perda de
água das folhas. In: RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. cap. 3, p. 50.
RICKLEFS, R. E. As plantas têm adaptações estruturais e químicas para se
defenderem dos herbívoros. In: RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. cap. 17, p. 314-316.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 71
Sites
Só biologia
http:// www.sobiologia.com.br/ conteudos/ Morfofisiologia_vegetal/ morfovege-
tal2.php
A Folha
http://www.atelierdobonsai.com.br/folha.html
Artigos científicos
http://www. scielo.br
Referências
FERRI, M. G. Botânica: morfologia externa das plantas. 15 ed. São Paulo:
Nobel, 1983. 149 p.
LUCENA, E. M. P.; LUCENA, F. L.; SAMPAIO, V. S. Manual prático de mor-
fologia e anatomia de espermatófitas. Fortaleza: UECE, 2008. 102 p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Tradução Jane
Elizabeth Kraus et al. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830 p.
VIDAL, W. N.; VIDAL, M. R. R. Botânica-organografia: quadros sinóticos
ilustrados de fanerógamos. 3. ed. Viçosa: UFV, Imprensa Universitária,
1995. 114 p.
Parte 3
Morfologia Reprodutiva
Capítulo 6
Morfologia da flor
Objetivos
l Identificar as partes da flor, estabelecendo a sua classificação morfológica O néctar é todo e qualquer
líquido açucarado produzido
e compreendendo a importância desta classificação na identificação taxo- pelas plantas em estruturas
nômica das plantas. denominadas nectários e
l Reconhecer as principais diferenças entre as classes de angiospermas. que são capazes de atrair
animais. Usualmente, o
l Diferenciar os diversos tipos de sementes e frutos a partir de sua morfologia. néctar é produzido nas flores
ou próximos a elas, para
atrair polinizadores.
1. Generalidades Nectário é uma região
glandular da planta com
A importância das flores caracteriza-se por sua função reprodutiva, permitindo morfologia e/ou anatomia
vasta expansão territorial aos vegetais superiores; pelos interesses humanos: específica para produzir e
alimentar, comercial, industrial; além de ser imprescindível para a taxonomia. fornecer néctar. Podem ser
de diversos tipos: superfície
A flor é a parte reprodutiva de uma angiosperma, uma aquisição muito epidérmica, conjunto de
valiosa da evolução. Com ela obteve-se maior sucesso na conquista do meio, tricomas – célula ou conjunto
visto que sua estrutura viabiliza diversos meios de polinização, possibilitando de células diferenciadas da
maior variabilidade genética e, portanto, mais chances de adaptação. epiderme que usualmente
projetam-se, como se
A flor começa o seu desenvolvimento da mesma forma que as folhas, fossem pelos – bolsa, partes
a partir de divisões de células meristemáticas situadas abaixo das camadas de órgãos transformados,
externas do ápice da gema. Ela se constitui de um eixo caulinar de crescimen- protuberâncias de diversas
formas. Normalmente, os
to limitado (receptáculo), que porta apêndices estéreis (sépalas e pétalas) e nectários estão relativamente
férteis (estames e pistilo), sendo sustentada pelo pedicelo, eixo caulinar que próximos das flores
nasce na axila de uma ou mais brácteas. (usualmente dentro delas),
mas nectários extraflorais são
também comuns.
2. Morfologia
Uma flor completa apresenta as seguintes partes gerais: brácteas, pedúnculo,
receptáculo e verticilos florais (Figura 6.1).
76 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
3. Nomenclatura floral
3.1. Pedúnculo
No tocante ao desenvolvimento do pedúnculo, a flor pode ser:
a) Pedunculada: quando tem pedúnculo, ex: quaresma (Tibouchina sellowia-
na, Melastomataceae) e lírio (Lilium sp., Liliaceae) (Figura 6.2a).
b) Séssil: quando não apresenta pedúnculo, ex: flores que integram os capí-
tulos das plantas da família Asteraceae (Figura 6.2b).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 77
(a) (b)
Figura 6.2. Quanto ao pedúnculo: (a) Pedunculada; (b) Séssil. Fonte: Lucena; Lucena; Sam-
paio (2008).
(a) (b)
Figura 6.3. Disposição das peças florais: (a) Cíclica; (b) Acíclica. Fonte: Vidal e Vidal (1995).
Andróforo é o
prolongamento, usualmente,
tubular, do eixo floral, situado
dentro do perianto, e que
ergue e suporta os estames
que se situam acima deste.
Aplica-se comumente,
(a) (b) (c)
também, para definir a coluna
formada pela fusão dos filetes Figura 6.4. Número de peças do perianto: (a) Aclamídea; (b) Monoclamídea; (c) Dicla-
dos estames em Malvaceae. mídea. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
A inflorescência de A.
maculatum é uma espádice
com flores femininas na sua
base, masculinas na parte
intermediária e estéreis ou
neutras mais acima. Essas
últimas possuem espessas
cerdas orientadas para baixo.
A parte apical da espádice
forma o osmóforo, estrutura
que produz odor fétido e atrai
(a) (b)
insetos, os quais ao caírem
na urna formada pela bráctea
espata, não conseguem sair
logo, impedidos pelas cerdas.
(c) (d)
Figura 6.6. Sexo: (a) Unissexual feminina; (b) Unissexual masculina; (c) Hermafrodita;
(d) Estéril. Fonte: Vidal e Vidal (1995); Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
4. Brácteas
As brácteas podem assumir diferentes tipos ou feições, como os seguintes:
a) Férteis: são brácteas com flores nas axilas. Ex: três-marias (Bougainvillea
glabra, Nyctaginaceae) e lírio (Lilium sp., Liliaceae) (Figura 6.9a).
b) Vazias: sem flores nas axilas; são também chamadas estéreis ou não férteis.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 81
5. Cálice
O cálice é o conjunto de sépalas de uma flor. Geralmente é verde e quando é
da mesma cor que a da corola, ele é chamado petaloide, ex: lírio (Lilium sp.,
Liliaceae). Na flor jovem que se encontra na fase de botão as sépalas envol-
vem as outras partes do botão floral. O cálice pode ser classificado quanto: à
soldadura e ao número de sépalas, à duração e à simetria.
82 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
(a) (b)
Figura 6.10. Soldadura das sépalas: (a) Gamossépalo; (b) Dialissépalo. Fonte: Lucena;
Lucena; Sampaio (2008).
(a) (b)
Figura 6.11. Número de sépalas: (a) Trímero; (b) Pentâmero. Fonte: Lucena; Lucena; Sam-
paio (2008).
5.3. Duração
Quanto à duração, o cálice pode ser:
a) Caduco: quando cai antes da flor ser fecundada.
b) Persistente: quando persiste no fruto. Ex: laranja (Citrus aurantium, Ruta-
ceae) (Figura 6.12a).
c) Marcescente: quando é persistente, porém murcha. Ex: goiaba (Psidium
guajava, Myrtaceae) (Figura 6.12b).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 83
5.4. Simetria
Quanto à simetria, o cálice pode ser:
a) Actinomorfo ou radial: com vários planos de simetria (Figura 6.13a).
b) Zigomorfo ou bilateral: com um só plano de simetria (Figura 6.13b).
c) Assimétrico: sem plano de simetria.
(a) (b)
Figura 6.13. Simetria do cálice: (a) Actinomorfo; (b) Zigomorfo. Fonte: Lucena; Lucena; Sam-
paio (2008).
6. Corola
A corola situada internamente no cálice é o conjunto de pétalas de uma flor e
geralmente tem textura bem mais delicada que aquele. A sua coloração, branca
ou diversamente colorida, e forma, são muito variáveis. Quando possui colora-
ção verde se diz que a corola é sepaloide. A corola pode ser classificada quanto:
à soldadura, ao número, à duração, à simetria e à morfologia das pétalas.
84 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
(a) (b)
Figura 6.14. Soldadura das pétalas: (a) Gamopétala; (b) Dialipétala. Fonte: Lucena; Luce-
na; Sampaio (2008).
(a) (b)
Figura 6.15. Soldadura das pétalas: (a) Trímera; (b) Pentâmera. Fonte: Lucena; Lucena;
Sampaio (2008).
6.3. Duração
Quanto à duração, a corola pode ser:
a) Caduca: quando cai após a flor ser fecundada.
b) Marcescente: quando é persistente, porém murcha. De rara ocorrência.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 85
6.4. Simetria
Quanto à simetria, a corola pode ser:
a) Actinomorfa ou radial: com vários planos de simetria. Ex: rosa (Rosa sp.,
Rosaceae) (Figura 6.16a).
b) Zigomorfa ou bilateral: com um só plano de simetria. Ex: ervilha (Pisum
sativum, Fabaceae) (Figura 6.16b).
c) Assimétrica: sem plano de simetria. Ex: Canna indica, Cannaceae (Figura 6.16c).
6.6. Tipos
Existem diversas denominações para as flores, de acordo com os tipos de
corolas que apresentam como as seguintes:
a) Flores dialipétalas e actinomorfas
•• Crucífera ou cruciforme: com pétalas em cruz, opostas duas a duas,
como na couve. Ex: flor-de-couve (Brassica oleracea L., Brassicaceae)
(Figura 6.18a).
•• Rosácea: com 5 pétalas de unha curta e bordos do limbo arredondados.
Ex: rosa (Rosa sp., Rosaceae) (Figura 6.18b).
86 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
(a) (b)
Figura 6.19. Flores dialipétalas e zigomorfas: (a) Orquidácea; (b) Papilionácea. Fonte:
Vidal e Vidal (1995).
7. Androceu
O androceu compreende o conjunto de estames da flor. Os estames estão
frequentemente diferenciados em anteras (porção dilatada, geralmente com
duas tecas, onde são formados os grãos de pólen) e filetes (haste geralmente
88 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
8. Estames
Os estames são os órgãos masculinos produtores de grãos de pólen, de onde
se originam os gametas masculinos (núcleos espermáticos). Os estames po-
dem ser classificados de algumas maneiras, como será descrito:
a) Quanto à ramificação do filete
•• Simples: quando o filete não é ramificado (Figura 6.26a).
•• Composto (meristêmone): filete ramificado, terminando cada ramo em
uma antera. Ex: mamona (R. communis, Euphorbiaceae) (Figura 6.26b).
(a) (b)
Figura 6.26. Ramificação do filete: (a) Simples; (b) Composto. Fonte: Vidal e Vidal (1995).
9. Antera
Como já foi dito, a antera é a porção dilatada do estame e geralmente com
duas tecas, cada uma com dois sacos polínicos. A antera pode ser classificada
quanto: à inserção no filete, tipo e posição da deiscência, e ao número de tecas.
a) Quanto à inserção da antera no filete
•• Apicefixa: inserção do filete no ápice da antera (Figura 6.29a).
•• Dorsifixa: quando a inserção do filete se dá na região dorsal da antera
(Figura 6.29b).
•• Basifixa: quando o filete insere-se na base da antera. Ex: fedegoso (Cassia
sp., Fabaceae) (Figura 6.29c).
92 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
(a) (b)
Figura 6.31. Posição de acordo com a deiscência: (a) Introrsa; (b) Extrorsa. Fonte: Luce-
na; Lucena; Sampaio (2008).
10. Pólen
O grão de pólen é um corpúsculo de coloração, geralmente, amarelada que
apresenta número haploide de cromossomos. Ele dará origem aos gametas
masculinos. Seu tamanho pode variar consideravelmente, existindo grãos com
menos de 10 micrômetros e outros muito maiores, como os da abóbora que
chegam a 230 micrômetros. Da mesma maneira, a forma, mas esta, no geral,
é arredondada ou ovoide. Ele pode variar quanto à forma de agrupamento:
a) Isolado ou simples: é o mais comum (Figura 6.33a).
b) Em massas chamadas políneos ou políneas: políneas são massas de
grãos de pólen aglutinados, coesos, que é bem característico na família Or-
chidaceae e na subfamília Asclepiadoideae da família Apocynaceae sensu
94 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
(a) (b)
Figura 6.34. (a) Estrutura do grão de pólen; (b) Biodiversidade. Fonte: Vidal e Vidal
(1995);http://www.topazio1950.blogs.sapo.pt
11. Gineceu
O gineceu é a parte feminina da flor constituída por um conjunto de carpelos,
órgãos femininos que formam um ou mais pistilos. Os carpelos são folhas
férteis modificadas, que possui óvulos na margem. Na formação do gineceu
as margens da folha carpelar dobraram-se pra dentro e uniram-se entre si ou
com as margens de outras folhas carpelares. Desse modo os óvulos ficaram
encerrados e protegidos no lóculo que é o espaço no interior do carpelo. Mor-
fologicamente o pistilo consta do ovário, que é a parte basilar dilatada, delimi-
tando um ou mais lóculos, onde se acham os óvulos; estilete, parte tubular,
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 95
(a) (b)
Figura 6.35. Soldadura dos carpelos: (a) Dialicarpelar; (b) Gamocarpelar. Fonte: Vidal e
Vidal (1995).
12. Estilete
Como já foi previamente dito, é a porção tubular do pistilo por onde passa
o tubo polínico. Quanto a sua forma, ele é variável, mas o que ocorre mais
Estigma capitado é um comumente é o cilíndrico. Pode ser classificado quanto à inserção no ovário,
estigma bem desenvolvido e como se segue:
intumescido, formando uma
a) Terminal: quando sai do ápice do ovário. É a configuração mais comum.
estrutura hemisférica, esférica
ou mesmo levemente Ex: alamanda (A. cathartica, Apocynaceae) (Figura 6.37a).
cilíndrica. Estigmas capitados b) Lateral: quando sai lateralmente ao ovário, usualmente na porção mediana
representam uma das formas deste. É muito raro. Ex: Zanthoxylum piperitum, Rutaceae (Figura 6.37b).
de aumentar a superfície de
captação de pólen (Figura c) Ginobásico: quando sai, aparentemente, da base do ovário, próxima a
6.38a). esta. A ocorrência de tal estrutura parece restrita a um pequeno número de
famílias botânicas como Lamiaceae. Ex: cardeal (S. splendens, Lamiaceae)
(Figura 6.37c).
6.13. Estigma
O estigma é a porção apical do pistilo. Ele possui papilas que recebem o pólen.
Pode ter uma forma variável, como, por exemplo: globosa, ovoide e foliácea.
Quanto à divisão, ele pode ser indiviso, com estigma único, ou ramificado,
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 97
(d) (e)
Figura 6.38. Divisão: (a) Indiviso; (b) Bífido; (c) Bipartido; (d) Pentapartido; (e) Cabelei-
ra. Fonte: Vidal e Vidal (1995); Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
14. Ovário
O ovário é a parte basilar dilatada do pistilo que encerra os óvulos no interior
de cavidades, chamadas lóculos. O ovário pode ser classificado:
a) Quanto ao número de lóculos (cavidades)
•• Unilocular: com um só lóculo, vindo de um carpelo (Ex: guizo-de-casca-
vel: Crotalaria sp., Fabaceae) ou de mais de um (Ex: cravina: D. chinensis,
Caryophyllaceae) (Figura 6.36a).
•• Bilocular: com 2 lóculos. Ex: espatódea (S. campanulata, Bignoniaceae)
(Figura 6.36b).
98 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
(a1) (a2)
(b) (c)
Figura 6.39. Posição: (a1) Súpero e perígina; (a2) Súpero e hipógina; (b) Ínfero e epígi-
na; (c) Semi-infero e perígina. Fonte: Vidal e Vidal (1995).
15. Óvulo
O óvulo é o corpúsculo onde se forma o gameta feminino que é a oosfera.
Após ocorrer a fecundação, ele cresce e forma a semente. A sua morfologia,
bem como os tipos que ocorrem, serão descritos a seguir:
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 99
a) Morfologia
•• Funículo: é o cordão que liga o óvulo à placenta.
•• Hilo: inserção do funículo ao óvulo.
•• Integumentos: geralmente dois tegumentos, primina (mais externo) e
secundina (mais interno), que envolvem a nucela, deixando entre si uma
abertura, a micrópila (orifício canalicular pelo qual o tubo polínico penetra
para efetuar a fecundação).
•• Nucela: tecido sem vasos, com função nutritiva, cuja base unida aos inte-
gumentos chama-se calaza (onde o feixe vascular do funículo termina). No
seu interior, está o saco embrionário com 7 células: 1 oosfera, 2 sinérgi-
des, 3 antípodas e 1 célula central com 2 núcleos, os núcleos polares,
que geralmente fundem-se em um só, chamado mesocisto ou núcleo se-
cundário do saco embrionário, que vai originar o albume. A oosfera é o
gameta feminino que após a fecundação vai formar o embrião da semente
(Figura 6.40).
b) Tipos
•• Ortótropo: a micrópila, o saco embrionário, o hilo e a calaza acham-se no
prolongamento da mesma linha reta e tem a micrópila voltada para cima
(Figura 6.41a).
•• Campilótropo: neste tipo, o eixo da nucela e integumentos curvam-se em
ferradura; assim a micrópila aproxima-se do hilo e da calaza (Figura 6.41b).
•• Anátropo: neste tipo, a micrópila se aproxima da placenta, fican-
do no extremo oposto ao da calaza; o funículo, um pouco alongado,
tem grande curvatura e une-se aos integumentos, formando uma linha
de soldadura, a rafe; a micrópila é voltada para baixo (Figura 6.41c).
•• Anfítropo: neste tipo, o eixo é reto, mas paralelo a placenta; o funículo,
encurvado junto ao óvulo, parece inserido na sua parte média; a micrópila
fica voltada para o lado (Figura 6.41d).
100 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
16. Placentação
Placenta é a região interna de tecido do ovário onde se inserem os óvulos.
Usualmente, a placenta é diferenciada do revestimento regular do ovário,
apresentando tricomas. Placentação designa as várias formas pelas quais os
óvulos e suas respectivas placentas podem estar inseridas na parede interna
do ovário. Existem os seguintes tipos de placentação:
a) Central: óvulos presos em uma coluna central em ovário unilocular. Ex:
cravina (D. chinensis, Caryophyllaceae) (Figura 6.42a).
b) Apical: óvulos presos no ápice do ovário. Ex: abacate (P. americana, Lau-
raceae) (Figura 6.42b).
c) Basilar: óvulos presos na base do ovário. Ex: girassol (Helianthus annuus,
Asteraceae) (Figura 6.42c).
d) Axial: óvulos presos ao eixo central em ovário septado. Ex: lírio (Lilium sp,,
Liliaceae) (Figura 6.42d).
e) Parietal: óvulos presos na parede ovariana. Ex: guizo-de-cascavel (Crota-
laria sp., Fabaceae) (Figura 6.42e1,e2).
17. Inflorescência
A ocorrência de uma única flor em cada ramo ou eixo, como, por exemplo, a
violeta, o cravo, a tulipa ou a hibisco, é um evento pouco comum na nature-
za. Na maioria dos vegetais, as flores encontram-se agrupadas, formando as
chamadas inflorescências. Elas, muitas vezes, podem ter caráter diagnóstico
importante para uso na taxonomia e sistemática, pois muitas famílias distin-
guem-se facilmente pelo seu tipo de inflorescência, como a espádice da famí-
lia Araceae, as umbelas da Apiaceae ou os capítulos da Asteraceae.
Inflorescência é a disposição dos ramos florais e das flores sobre eles.
Quanto à posição, podem ser axilares, quando as inflorescências estão na
axila de folhas, como podem ser terminais, quando as inflorescências estão
no fim do ramo. Quanto ao número podem ser unifloras (Figura 6.43a) ou
isoladas (ex: tulipa: Tulipa sp., Liliaceae), quando apresentam uma flor única
na extremidade do pedúnculo; ou plurifloras (Figura 6.43b) ou agregadas
(ex: uva: Vitis sp., Vitaceae), quando do eixo principal partem outros ramos
secundários, que terminam em uma flor, tendo assim, várias flores em um
mesmo pedúnculo. E as inflorescências plurifloras têm dois tipos: as simples
(Figura 6.43c), quando o pedúnculo principal produz pedicelos com uma flor, e
as compostas (Figura 6.43d), quando o pedúnculo principal produz pedicelos
que se ramificam.
(a) (b)
Figura 6.44. Tipos de inflorescências simples: (a) Indefinida; (b) Definida. Fonte: Vidal e
Vidal (1995).
(d) (e)
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 105
(f) (g)
Figura 6.46. Inflorescências definidas: (a) Escorpioide; (b) Helicoide; (c) Dicásio; (d)
Pleiocásio; (e) Glomérulo; ( f ) Ciátio; (g) Sicônio. Fonte: Vidal e Vidal (1995); Lucena; Lucena;
Sampaio (2008).
17.3. Compostas
a) Homogêneas: ramificação da racimosa, porém, do mesmo tipo. Ex: umbe-
la de umbelas, cacho de cachos (panícula) (Figura 6.47a).
b) Heterogêneas: ramificação racimosa ou cimosa, porém, entre diferentes
tipos, ex.: dicásio de ciátios, como na coroa-de-cristo (E. splendens ou E.
milii, Euphorbiaceae) (Figura 6.47b).
c) Mistas: mistura entre racimosa e cimosa, ex.: dicásio de capítulos, como no
botão-de-ouro (Figura 6.47c).
(g) (h)
Figura 6.48. Tipos de prefloração: (a) Valvar simples; (b) Valvar induplicada; (c) Valvar
reduplicada; (d) Espiralada; (e) Imbricada; (f) Quincuncial; (g) Coclear vexilar; (h) Co-
clear carenal. Fonte: Vidal e Vidal (1995).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 107
Figura 6.49. Exemplos de diagramas e fórmulas florais. Fonte: Vidal e Vidal (1995).
Capítulo 7
Morfologia da semente
1. Introdução
Uma noção sobre formação, estrutura e composição das sementes deve ser
pré-requisito para o estudo sobre a fisiologia das mesmas, pois permite a com-
preensão de como as sementes funcionam, isto é, de que modo capturam e
transformam a energia e como elas germinam e se desenvolvem originando
novas plantas e novas sementes, renovando o ciclo a cada geração.
Vale salientar também que, a variabilidade estrutural da semente das
angiospermas e a sua relativa constância em grupos menores permitem utili-
zar os seus caracteres na classificação das plantas.
2. Formação
Geralmente os produtos finais imediatos de meiose não são esporos plenamen-
te desenvolvidos. Comumente após a meiose segue-se um período de matura-
ção. Nas plantas, uma ou mais divisões mitóticas são necessárias para produzir
os esporos. O processo total de produção de esporos maduros, dos quais a
divisão meiótica é a parte mais importante, é denominada gametogênese.
2.1.1. Microsporogênese
A microsporogênese é o processo de gametogênese na parte masculina da
flor (antera, Figura 7.1) resultando em esporos reprodutivos denominados
grãos de pólen.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 109
2.1.2. Megasporogênese
A megasporogênese (Figura 7.3) é o processo de gametogênese na parte
feminina da flor (ovário, Figura 7.1), resultando nas células reprodutivas deno-
minadas sacos embrionários.
Uma célula-mãe de megásporo, diploide (megasporócito), divide-se no
ovário por meiose, formando, na primeira divisão, um par de células haploides.
A segunda divisão meiótica produz um grupo linear de quatro megásporos
haploides. Após esta meiose, três dos megásporos degeneram-se. O megás-
poro restante passa por três divisões mitóticas dos cromossomos sem que
haja citocinese (cariocinese), produzindo uma célula grande com oito núcleos
haploides (saco embrionário imaturo).
O saco é circundado por tecido materno do ovário, denominado integu-
mento (invólucro) e pelo megasporângio (nucela). Em uma das extremidades
do saco, existe uma abertura nos integumentos (micrópila) através da qual
penetrará o tubo polínico.
Três núcleos do saco embrionário orientar-se-ão para a extremidade
micropilar e dois dos três (sinérgides) degeneram-se. O terceiro núcleo desen-
volve-se na oosfera. Outro grupo de três núcleos movimenta-se para a outra
extremidade do saco e degenera-se (antípodas). Os dois núcleos restantes
(núcleos polares) reúnem-se no centro do saco, formando, por fusão, um úni-
co núcleo diploide (núcleo secundário).
Finalmente, o saco embrionário atinge a sua maturação, tornando-se
adulto (megaprótalo), portanto, está preparado para a fecundação.
3. Estrutura e funções
As sementes das Angiospermas (Monocotiledôneas - milho, arroz, trigo etc;
Eudicotiledôneas - soja, feijão, café etc.) são formadas basicamente pelo
tegumento e embrião (cotilédones e eixo embrionário), além de um terceiro
componente denominado endosperma, algumas vezes ausente. Do ponto de
vista funcional, as sementes são compostas de uma cobertura protetora (te-
gumento), um tecido meristemático (eixo embrionário) e um tecido de reserva
(endospermático, cotiledonar ou perispermático), cada parte exercendo fun-
ções específicas.
Figura 7.7. Diagrama mostrando a fertilização dupla. Fonte: Lucena e Silva (1995).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 115
Quadro 2
Composição química aproximada das sementes de algumas espécies de interesse econômico
Espécie Carboidratos (%) Lipídios (%) Proteínas (%)
Algodão 15 33 39
Amendoim 12 48 30
Arroz 65 2 7
A soja pode ser utilizada
economicamente tanto como Feijão 57 1 23
fonte lipídica como protéica. Milho 64 5 10
Soja 25 18 38
Trigo 70 2 11
4. Tipos de germinação
Dependendo se os cotilédones são postos acima ou não do solo durante o
processo germinativo, classificamos os seguintes tipos de germinação:
•• Epígea:
•• Eudicotiledôneas – cotilédones acima do solo, protegendo epicótilo-plúmula.
•• Hipógea
•• Monocotiledôneas – plúmula posta acima do solo envolvida pelo coleóptilo;
•• Eudicotiledôneas – plúmula posta acima do solo colada ao epicótilo (Fi-
gura 7.9 e Quadro 7.2).
(a) (b)
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 117
(c)
Figura 7.9. Germinação epigeal (a), hipogeal em monocotiledônea (b) e em eudicoti-
ledônea (c).
Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007)
Quadro 3
1. Generalidades
Atualmente existe uma área de estudo chamada de Fisiologia e Tecnologia
Pós-colheita de Frutas e Hortaliças, na qual os cursos de graduação das áre-
as de Ciências Biológicas e Ciências Agrárias têm abordado os seguintes te-
mas no conteúdo programático das disciplinas afins: aspecto fisiológico do
desenvolvimento de frutos; formação e crescimento, maturação, amadureci-
mento e senescência dos frutos; morfologia do fruto; padrões de atividade res-
piratória; quociente respiratório; fatores de influência na respiração; climatério
respiratório; critérios para colheita; métodos físicos e químicos utilizados para
determinar o ponto de colheita; ponto de colheita e colheita de frutas regionais,
tais como: abacate, abacaxi, banana, caju, coco, ata, goiaba, mamão, manga
e maracujá; e finalmente, pós-colheita propriamente dita.
A magnitude da importância da tecnologia pós-colheita nos últimos 10
anos tem aumentado em função do crescimento na produção dos alimentos,
do grande percentual de perda pós-colheita, da ordem de 40%, do baixo con-
sumo per capta de 1Kg/ano de frutas e hortaliças, da carência de dados de
pesquisa, carência de recursos humanos e carência de geração de tecnolo-
gia. Portanto, a tendência atual do ensino, da pesquisa e da extensão nesta
área é de minimizar as perdas e aumentar o consumo per capta.
A observação da classificação das partes da planta, tais como os frutos
ou do seu estádio de desenvolvimento, permite o entendimento da natureza
e a previsão do comportamento do produto colhido, além de sua importância
taxonômica na classificação das espécies vegetais.
Na realidade, a classificação é um sistema estabelecido pelos cientis-
tas, visando a agrupar produtos com características em comum, para facilitar
o desenvolvimento das pesquisas com um determinado objetivo. A classifica-
ção das partes do fruto e o conhecimento de suas características facilitam o
entendimento dos processos tecnológicos em uso ou potenciais, que podem
ser operantes durante o período pós-colheita, visando a manter a qualidade e
a prolongar a vida útil das frutas e hortaliças.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 119
Figura 8.1. Partes das plantas utilizadas pelo homem para consumo.
Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
120 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Figura 8.3. Secções dos frutos de diferentes espécies, mostrando a origem da polpa
a partir de tecidos diversos (Adaptado de COOMBE, 1976).
Etileno é um hormônio
vegetal presente em todos
os órgãos vegetais e em
alguns fungos. Sintetizado
a partir da metionina, o
gás etileno (C2H4) atua
em concentrações baixas,
participando da regulação de
quase todos os processos de
desenvolvimento das plantas.
A produção de etileno, um
hormônio de maturação e
envelhecimento de vegetais,
ocorre naturalmente durante
a fase de amadurecimento
dos frutos, principalmente dos
climatéricos. O gás etileno
também é utilizado pelo
homem quando se deseja
Figura 8.4. Crescimento do fruto em curva sigmoidal dupla (volume x tempo), expres-
estimular o amadurecimento
sa em termos de base e cumulativa: (a) Método clássico; (b) Designação de uma
de frutos como a banana, o
fase preliminar; (c) Divisão de fase “lag” em duas etapas; e (d) Alocação das fases de
mamão, entre outros.
acordo com os picos e através do crescimento. Fonte: Coombe (1976).
2.3.2. Maturação
A maturação ocorre, na vida do fruto, quando ele atinge o seu completo desen-
volvimento, independentemente da planta mãe, sendo que, após essa fase,
não há mais aumento no seu tamanho. Os frutos são colhidos, normalmen-
te, neste estádio, sendo que, após o mesmo, passam a utilizar os substratos
acumulados. As principais mudanças que ocorrem durante a maturação são:
a) Desenvolvimento das sementes;
b) Mudanças na cor;
c) Mudanças na taxa respiratória;
d) Produção de etileno;
e) Mudanças na permeabilidade dos tecidos;
f) Mudanças na textura;
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 123
2.3.3. Amadurecimento
O amadurecimento corresponde à etapa na qual o fruto torna-se mais pa-
latável, pois sabores e odores específicos desenvolveram-se, em conjunto,
com o aumento da doçura e da acidez. Nessa fase, a clorofila decresce e os
pigmentos carotenoides e antocianinas, responsáveis pela coloração e pelo
amaciamento dos frutos, crescem. No amadurecimento ocorrem, ainda, ativi-
dades anabólicas e catabólicas, que conduzem ao envelhecimento.
2.3.4. Senescência
A senescência é definida como o conjunto dos processos que se seguem à
maturidade fisiológica ou horticultural e que conduzem à morte dos tecidos. A
separação entre a maturação e a senescência não é muito nítida.
Durante a senescência ocorrem mudanças, tais como: aumento na per-
meabilidade das membranas celulares, desidratação, amolecimento avança-
do e aumento da susceptibilidade à invasão de microrganismos, mudanças
essas que conduzem ao término da vida do fruto (Figura 8.5).
Figura 8.6. Relação entre o crescimento (-□-) e a respiração de frutos climatéricos (-Δ-)
e não-climatéricos (-o-). A = Pré-climatérico; B = Máximo climatérico; C = Pós-climaté-
rico. Fonte: Biale (1960).
3. Frutos
Os frutos verdadeiros são originados do desenvolvimento de um só ovário.
Eles podem ser classificados em:
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 125
(a) (b)
Figura 8.7. Frutos carnosos: (a) Baga; (b) Drupa. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
4. Pseudofrutos
Pseudofrutos são estruturas carnosas, contendo reservas nutritivas de forma
semelhante aos frutos. Desenvolvem-se, no entanto, de outras partes da flor
que não o ovário. Os pseudofrutos podem ser:
•• Simples: provenientes do desenvolvimento do pedúnculo ou do receptácu-
lo de uma só flor. Exemplos: caju (pedicelo) (Figura 8.9a1) e maçã (receptá-
culo) (Figura 8.9a2).
•• Compostos: provenientes do desenvolvimento de receptáculos de uma
única flor, com muitos ovários. Exemplo: morango (Figura 8.9b).
•• Múltiplos ou infrutescências: resultam da concrescência dos ovários de
inflorescências plurifloras (várias flores no mesmo pedúnculo).Exemplos:
amora, abacaxi e figo (Figura 8.9c).
Figura 8.9. Pseudofrutos: (a) Simples; (b) Composto; (c) Múltiplo. Fonte: Lucena; Lucena;
Sampaio (2008).
O amendoim, Arachis
hypogaea, é uma leguminosa
de sementes muito nutritivas,
(a) (b) oleosas e de largo consumo
Figura 8.10. Frutos partenocárpicos: (a) Banana; (b) Limão Taiti. Fonte: Lucena; Lucena; mundial. Ela é uma planta
Sampaio (2008). herbácea, cujas flores, após
a polinização, crescem
enterrando-se no solo, de
6. Importância econômica modo que os frutos secos
(legumes), de parede
O Brasil possui uma posição de destaque na produção de frutos no mundo,
dura, desenvolvem-se
pois é o 3º colocado, enquanto o menor produtor é o Irã (Figura 8.11). subterraneamente, sendo a
colheita trabalhosa, havendo
perdas pós-colheita.
Figura 8.11. Fruticultura no mundo: produção dos principais países. Fonte: FAO, 2006.
Figura 8.12. Fruticultura no mundo: produção dos principais frutos. Fonte: FAO, 2006.
Tabela 3
Síntese da Parte
As flores surgem das transformações das folhas, e possuem partes de susten-
tação: pedúnculo e receptáculos; os verticilos são quatro, dois protetores (cáli-
ce e corola) e dois reprodutores (androceu e gineceu). O cálice é formado de
sépalas, a corola de pétalas, o androceu por estames e o gineceu de carpelos.
Semente é o ovulo desenvolvido após a fecundação e que, germinando, dará
origem à planta. A semente é construída de tegumento, embrião e tecido de
reserva (endosperma, cotilédones e perisperma). As sementes de monocoti-
ledôneas possuem apenas um cotilédone, enquanto as de eudicotiledôneas
possuem dois cotilédones. Quanto à substância armazenada no albúmen as
sementes podem ser oleaginosas, amiláceas ou protéicas e quanto à germi-
nação hipógeas ou epígeas. O fruto é o ovário fecundado e desenvolvido; é
formado de pericarpo e semente. O pericarpo compreende epicarpo, meso-
carpo e endocarpo. Os frutos podem ser: simples, compostos ou múltiplos e
infrutescências, enquanto que os frutos simples são classificados em carno-
sos e secos, os quais podem ser indeiscentes ou deiscentes.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 131
Atividades de avaliação
a.
b.
c.
d.
e.
f.
g.
h.
i.
E D R U P A T E N B E Á
C A Q U Ê N I O P A P C
U G L U R Õ Á Z S C I A
N T Ó V U L O C E A C R
D P Ã O R J D O D X A O
A D E A N T E U A I R Ç
Ç F J B G Ã I C O U P O
à O L I N I S A Ç Ã O A
O V M E S O C A R P O M
M Á Ó K D Í E S Õ Ç P A
G R X U M B N A R P O R
N I K G T W T B H M L H
Á O I Õ P L E M I L H O
T P S E U D O F R U T O
16. Faça uma lista com exemplos de diferentes tipos de frutos e suas particu-
laridades, citando as vantagens e desvantagens de suas adaptações para
a dispersão de suas sementes.
134 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Texto complementar
Ricina
A ricina é uma proteína encontrada exclusivamente no endosperma das sementes de
mamona, não sendo detectada em nenhuma outra parte da planta. A concentração
dessa proteína na semente pode variar entre diferentes genótipos, tendo sido detecta-
dos teores de 1,5 a 9,7 mg/g em 18 acessos de um banco de germoplasma dos Estados.
Ela é a principal responsável pela toxidez da torta de mamona e está entre as proteínas
de maior toxidez conhecida pelo homem. Trata-se de uma proteína com duas subuni-
dades de aproximadamente 34 kDa que biologicamente possuem diferentes funções.
A ricina se classifica como uma lectina, ou seja, uma proteína que tem um sítio receptor
específico para um açúcar ou uma unidade de oligossacarídeo; pertence à família das
lectinas A-B, isto é, composta por duas subunidades, uma delas com atividade enzimá-
tica e a outra com um sítio de ligação específica ao açúcar galactose, exercendo seu
mecanismo de toxidez através da inativação dos ribossomos.
A unidade A da ricina pertence a uma classe de enzimas conhecida como proteínas
inativadoras do ribossomo (RIC, em inglês). Normalmente essas proteínas não apresen-
tam toxidez, pela incapacidade de penetrarem na célula e atingir os ribossomos; estão
presentes em produtos largamente ingeridos na alimentação humana, como gérmen
de trigo e cevada. No caso da ricina, esta subunidade A se encontra ligada à subunidade
B, que se liga à parede celular e permite a entrada da subunidade A por endocitose para
o citossol e promove a morte da célula por inibição da síntese proteica.
Na área médica a ricina tem se destacado entre um grupo de proteínas tóxicas que vêm
sendo usadas com o objetivo de matar células indesejadas (células cancerígenas). Para
chegar ao alvo, a toxina é ligada a um anticorpo que reconhece especificamente a célula
que se deseja eliminar, possibilitando que a ricina penetre a célula e provoque a toxidez.
Esta toxina também chamou a atenção ao ser usada criminosamente para o assassinato
do jornalista búlgaro Georgi Markov, em 1978, na cidade de Londres.
O óleo de mamona não possui ricina, pois toda a proteína da semente permanece na
torta após o processo de extração, até mesmo porque essa proteína é insolúvel em óleo.
Em fevereiro deste ano, uma carta contendo ricina foi encontrada no Senado dos Esta-
dos Unidos. A ricina, um veneno mortal que causa problemas respiratórios, febre e náu-
sea, é uma proteína inativadora de ribossomos, ou RIP, sigla em inglês para ribosome-
inactivating protein. Da mesma forma que a abrina e a pulchellina, a ricina é estudada
como possível substância ativa de medicamentos, mas também pode ser usada como
arma química. Em 1978, durante a Guerra Fria, Georgi Markov, escritor e jornalista búl-
garo que vivia em Londres, morreu após ser atacado por um homem que injetou ricina
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 135
em seu organismo. Há relatos de que a substância também foi usada na Guerra Irã-
Iraque, durante os anos 80.
Fonte: http://www.biodieselbr.com/plantas/mamona/ricina.htm
Leituras
FREITAS NETO, F. R. A floricultura no Ceará. Fortaleza: Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará, 2006. 36 p. Disponível em:
<http:// www.biblioteca.sebrae.com.br/>
MARTINEZ, C. M. T. Introdução de novas cultivares de rosas no Brasil. Revis-
ta Brasileira de Horticultura Ornamental, v. 12, n. 2, p. 71-74, 2007.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Polinose ou febre do feno. In: Bio-
logia vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. cap. 19, p. 465.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. A evolução da flor. In: Biologia
vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. cap. 20, p. 474-484.
136 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Sites
Flor
http://www.ibraflor.org
http:// www.flortec.com.br
Sociedade Brasileira de Floricultura e Plantas Ornamentais
http:// www.sbfpo.com.br/ revista
Pós-colheita
http://www.planetaorganico.com.br/poscolh1.htm
Sistemática vegetal
http://www.plantsystematics.org/index.html
Semente
http://www.biodieselbr.com/plantas/mamona/ricina.htm
Morfologia vegetal
http://www.hiperbotanica.net/print/Tema23.pdf
Referências
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nation. 2. ed. New York: Plenum Press, 1994. 445 p.
BIALE, J. B. The postharvest biochemistry of tropical and subtropical
fruits. Advances in Food Research, New York, v. 10, p. 293-354, 1960.
CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e pro-
dução. 3. ed. Campinas: Fundação Cargill, 1988. 424 p.
CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutas e hortaliças:
fisiologia e manuseio. 2. ed. rev. e ampl. Lavras: UFLA, 2005. 785 p.
COOMBE, B. G. The development of fleshy fruits. Annual Review of Plant
Physiology, Palo Alto, v. 27, p. 507-528, 1976.
ESAU, K. Anatomia das plantas com sementes. São Paulo: Edgard Blücher,
1974. 293 p.
FERRI, M. G. Botânica: morfologia externa das plantas. 15 ed. São Paulo:
Nobel, 1983. 149 p.
FERRI, M. G.; MENEZES, N. L.; MONTEIRO, W. R. Glossário ilustrado de
botânica. São Paulo: Nobel, 1981. 196 p.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 137
2. Gimnospermas
2.1. Estróbilos
As gimnospermas, na maturidade, formam ramos especializados para a repro-
dução, os estróbilos. Um estróbilo pode ser considerado uma flor, que, por defini-
ção, é um ramo modificado, que contém folhas férteis, formadoras de gametas.
Os gametófitos masculinos desenvolvem-se como grãos de pólen
(Figuras 9.1a e 9.1b). Os anterídios estão ausentes em todas as plantas com
sementes. Nas gimnospermas, os gametas masculinos aparecem direta-
142 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
(a) (b)
(a) (b)
Figura 9.2. Estróbilo feminino: (a) Externamente; (b) Corte longitudinal. Fonte: Raven;
Evert; Eichhorn (2007).
meristema apical
gametófito feminino
coifa
Figura 9.4. Pinus. Seção longitudinal de uma semente. O envoltório rígido que pro-
tege a semente (aqui removido) e o embrião representam sucessivas gerações es-
porofíticas (2n), com uma geração gametofítica entre elas. Um resíduo de nucelo
(megasporângio) forma um envoltório papiráceo em torno do gametófito. Fonte: Raven;
Evert; Eichhorn (2007).
Figura 9.5. Ciclo de vida de Pinus. Fonte: Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007).
O fruto é o ovário
desenvolvido.
3. Angiospermas
Os gametófitos das angiospermas são de tamanho muito reduzido, muito
mais do que em qualquer uma das plantas heterosporadas, incluindo as gim-
nospermas. O microgametófito maduro, que fica retido durante toda sua exis-
tência nos tecidos do esporófito, consiste em apenas sete células na maioria
das espécies. Anterídios e arquegônios estão ausentes. A polinização é direta:
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 145
o pólen é depositado no estigma. Depois disso, o tubo polínico conduz dois Os óvulos das
núcleos espermáticos não móveis ao gametófito feminino. Após a dupla fe- angiospermas, assim como
os das gimnospermas,
cundação (fusão da oosfera com o gameta masculino e a fusão simultânea
correspondem ao
do outro gameta masculino com os núcleos polares), que é uma exclusividade megasporângio delimitado
das angiospermas, o óvulo desenvolve-se em semente, a qual está inclusa no por tegumentos. Portanto,
ovário. Ao mesmo tempo, o ovário (e algumas vezes estruturas associadas) nas fanerógamas, eles não
são os gametas femininos.
se desenvolve no fruto (Figura 9.6). Maiores detalhes sobre fecundação, for-
mação da semente ou do fruto podem ser vistos na Unidade 3.
Figura 9.6 Ciclo de vida da soja. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007).
Capítulo 10
Reprodução das
fanerógamas
1. Generalidades
O conhecimento dos diferentes modos de reprodução das plantas é de extre-
ma importância para seu cultivo. Foi a partir desse conhecimento que o homem
pré-histórico conseguiu se fixar a uma terra, deixando de ser nômade. Além da
importância científica, que possibilita a melhor caracterização do vegetal.
A reprodução é o meio pelo qual há a perpetuação das espécies. Nas
fanerógamas, a reprodução envolve processos assexuados e sexuados. O
processo sexuado envolve fusão de gametas, gerando variabilidade genética,
o que propicia adaptação das espécies aos diversos ambientes. O processo
assexuado, por outro lado, geram clones, indivíduos geneticamente iguais aos
parentais, o que pode ser vantajoso em ambientes estáveis, onde as espécies
já estiverem bem adaptadas.
2. Reprodução sexuada
A reprodução sexuada, nas angiospermas é composta pelos seguintes fenômenos:
a) Esporogênese;
b) Gametogênese;
c) Polinização;
d) Fertilização;
e) Embriogênese;
f) Desenvolvimento da semente e do fruto;
g) Formas de dispersão.
Veremos a seguir, polinização e formas de dispersão, uma vez que es-
porogênese, gametogênese, fertilização, embriogênese e desenvolvimento
da semente e do fruto, foram estudados na Unidade 3, onde podem ser vistos
com detalhes.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 147
(a) (b)
Figura 10.1. Polinização: (a) Direta; (b) Cruzada. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 10.3. Formas de transporte de pólen: (a) Entomofilia; (b) Quiropterofilia; (c) Or-
nitofilia; (d) Malacofilia. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 149
Figura 10.4. Esquema das formas de dispersão. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
3. Reprodução assexuada
Em certas espécies a reprodução sexuada é impossibilitada devido ao bai-
xo poder germinativo das sementes ou sua atrofia, como ocorre em banana
(Musa paradisiaca) e caqui (Diospyrus kaki).
Esse tipo de reprodução é bastante vantajoso do ponto vista econômico
por não exigir muito tempo para o desenvolvimento dos indivíduos, além de man-
ter as potencialidades genéticas das plantas parentais. A hortifruticultura e a flori-
cultura têm desenvolvido algumas técnicas especiais de propagação vegetativa.
Processos naturais de propagação vegetativa (Figura 10.5):
•• Segmentação;
•• Caules e gemas;
•• Raízes;
•• Folhas;
•• Flores.
150 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
(a) (b)
Figura 10.5. Reprodução assexuada: (a) Segmentação; (b) Diversos tipos. Fonte: Santos;
Bonilla (2003).
(a) (b)
Figura 10.6. Técnica de reprodução assexuada: (a) Mergulhia; (b) Alporquia. Fonte: Lu-
cena; Lucena; Sampaio (2008).
Figura 10.7. Técnica de reprodução assexuada: Estaquia. Fonte: Santos; Bonilla (2003) e
Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
(a)
152 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Porta-enxerto ou cavalo é a
parte da enxertia que fornece
as raízes.
Enxerto ou cavaleiro é a
parte superior da enxertia que (b)
fornece a copa. Figura 10.8. Enxertia: (a) Junção cavalo-cavaleiro; (b) Diferentes técnicas de enxertia.
Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008).
Síntese da Parte
Todas as gimnospermas possuem o mesmo ciclo de vida básico. Os estróbi-
los são unissexuados, por isto o vento é indispensável à polinização. O óvulo
fecundado se transformará na semente, que não será envolvida por um fruto,
pois nesta não há ovário. Por outro lado, em angiospermas, a polinização é
seguida pela dupla fecundação. O óvulo se desenvolve na semente e o ová-
rio, no fruto. Polinização é o percurso do grão de pólen da antera ate encontrar
o ovulo, que se processa artificial ou naturalmente. A polinização natural pode
ser direta, indireta ou cruzada e recebe influência dos agentes polinizadores:
vento, água, inseto, aves, morcego e moluscos. Fecundação é a fusão do
154 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Atividades de avaliação
1. Qual a diferença entre os ciclos reprodutivos das gimnospermas e angios-
permas? Desenhe as estruturas reprodutivas de cada ciclo.
2. Diferencie reprodução sexuada e assexuada, e cite vantagens e desvanta-
gens de cada uma.
3. Conceitue planta monoica e planta dioica.
4. Cite exemplos de plantas que utilizam: a dicogamia, a monoicia, a dioicia e
a autoesterilidade como métodos de impedir a autofecundação.
5. Descreva processos naturais de propagação vegetativa nas fanerógamas.
6. Explique a utilidade econômica dos métodos de propagação vegetativa arti-
ficial, e cite exemplos de culturas que utilizam esses processos.
7. Explique os procedimentos básicos de uma Alporquia.
8. Em que consiste o processo de Mergulhia?
Texto complementar
Cultivo in vitro de vegetais
Profa. Lilia Willadino e Profa. Terezinha Câmara
A cultura de tecidos vegetais tem várias aplicações práticas utilizadas amplamente na
agricultura. Dentre elas podem ser destacadas a clonagem de vegetais, o melhora-
mento genético e a produção de mudas sadias.
A cultura de tecidos in vitro consiste, basicamente, em cultivar segmentos de plantas,
em tubos de ensaio contendo meio de cultura adequado. A partir desses segmentos
que podem ser gemas, fragmentos de folhas ou raízes, ápices caulinares entre outros,
podem ser obtidas centenas a milhares de plantas idênticas. Essas plantas são, poste-
riormente, retiradas dos tubos de ensaio, aclimatadas, e levadas ao campo, onde se
desenvolvem normalmente.
A clonagem vegetal refere-se à produção de indivíduos idênticos a partir de células ou
segmentos de vegetais. A palavra clone deriva etmologicamente do grego klón, que
significa ‘broto’, o que pressupõe, portanto, a existência de um indivíduo gerador e a
ocorrência de reprodução assexuada.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 155
Sites
http:// www.ceplac.gov.br/ radar/ semfaz/ producaodemudas.htm.
http:// www.coladaweb.com/ biologia/ botanica/ reproducao-nas-plantas
http:// www2.uol.com.br/ aprendiz/ n_simulado/ revisao/ revisao03/ er010003.pdf
http:// www.colegioweb.com.br/ biologia/ reproducao-nas-plantas
http:// www.portalsaofrancisco.com.br/ alfa/ reino-plantae/ reproducao-das-plan-
tas-3.php
http:// www.dq.ufrpe.br/ culttec.htm
http://www.cefetbambui.edu.br/str/artigos_aprovados/Ci%C3%AAncias%20
Agrarias/14-PT-12.pdf
156 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Referências
FERRI, M. G. Botânica: morfologia externa das plantas. 15 ed. São Paulo:
Nobel, 1983. 149 p.
LUCENA, E. M. P.; LUCENA, F. L.; SAMPAIO, V. S. Manual prático de mor-
fologia e anatomia de espermatófitas. Fortaleza: UECE, 2008. 102 p.
PAIXÃO, G. C. (Org); LUCENA, E. M. P.; MEDEIROS, J. B. L. P.; BONILLA,
O. H. Práticas de biologia: da origem da vida à biotecnologia. Fortaleza:
Secretaria da Educação, 2009. 152 p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Tradução Jane
Elizabeth Kraus et al. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830 p.
SANTOS, J. H. R.; BONILLA, O. H. Organografia das fanerógamas. Forta-
leza: UECE, 2003. 147 p.
Parte 5
Fundamentos de Anatomia
Capítulo 11
Meristemas e tecidos
Objetivos
l Identificar os meristemas e os tecidos vegetais.
l Compreender a organização interna da folha, do caule e da raiz dos vegetais.
1. Meristemas
O crescimento dos tecidos e órgãos dos vegetais é concentrado em regiões
de divisão celular conhecidas como meristemas. Estes meristemas podem
ser classificados em:
(a)
(b)
Figura 11.1. Meristemas primários: (a) Seção longitudinal do ápice caulinar de lilás
(Syringa vulgaris), mostrando o meristema apical, primórdios foliares e gemas axi-
lares; (b) Ápice de raiz de rabanete (Raphanus sativus), em seção longitudinal,
mostrando o meristema apical revestido pela coifa. Note as fileiras ou linhagens de
células situadas atrás do meristema apical do rabanete. A protoderme, o procâmbio e
o meristema fundamental são tecidos parcialmente diferenciados, conhecidos como
meristemas primários. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 11.2. Elementos traqueais e suas interconexões: (a) Traqueídes; (b) Seção lon-
gitudinal dos elementos de vaso; (c) Morfologia do elemento de vaso; (d) Demonstra-
ção do fluxo no xilema através da pontoação areolada. Fonte: Taiz; Zeiger (2004).
1. Folha
As folhas são estruturas tipicamente laminares, presas aos caules através do
pecíolo, sendo o principal órgão fotossintetizante. Os locais de inserção de
folhas no caule são conhecidos como nó e a região entre dois nós é conhe- As folhas não apresentam
cida como entrenó. A lâmina foliar, também conhecida como limbo, possui crescimento secundário.
uma epiderme superior (adaxial) e uma epiderme inferior (abaxial). Entre Assim, não encontramos
nelas tecidos meristemáticos
as duas epidermes é que se localiza o tecido fotossintético, conhecido como
como os câmbios e felogênio.
mesofilo, que significa meio da folha (Figura 12.1a). Uma cutícula cerosa
cobrindo as duas epidermes, principalmente adaxial, também é observada.
O mesofilo é constituído de células de parênquima, podendo ser dis-
tinguido, na maioria das eudicotiledôneas, o parênquima paliçádico, uma a
três camadas de células alongadas localizadas abaixo da epiderme adaxial,
e o parênquima esponjoso, células com formatos irregulares e que permitem
A forma e a anatomia das
a formação de grandes espaços intercelulares (Figura 12.1a). Nas folhas de
folhas estão relacionadas
monocotiledôneas, não se observa essa distinção. às duas funções básicas
As folhas também possuem uma rede de feixes vasculares (Figura que exercem: fotossíntese e
12.1a), contendo xilema e floema, que são contínuos, através do pecíolo, com transpiração.
Figura 12.2. Trajetória da água pela folha. A água é puxada do xilema para as paredes
celulares do mesofilo, de onde evapora para os espaços intercelulares dentro da fo-
lha. O vapor d’água difunde-se, então, pelos espaços intercelulares da folha, através
do poro estomático e da camada limítrofe de ar parado situada junto à superfície foliar.
O CO2 difunde-se na direção oposta, ao longo de seu gradiente de concentração
(baixa no interior, mais alta no exterior). Fonte: Taiz; Zeiger (2009).
166 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
2. Caule
O caule funciona principalmente como suporte, podendo realizar fotossíntese
em muitas espécies.
Em caules jovens de eudicotiledôneas, os feixes vasculares são bem
organizados, formando um anel concêntrico em torno de uma medula paren-
quimática (Figuras 12.1b e 12.3). Na maioria das eudicotiledôneas, o xilema
fica para dentro e o floema para fora. O córtex, também constituído de células
parenquimáticas, se localiza externamente aos feixes vasculares e a epider-
me é a camada mais externa.
(a) (b)
Na maioria dos caules, não Figura 12.3. Diagrama mostrando uma seção transversal de um caule de monocotile-
existe endoderme e periciclo, dônea (a) e de caule jovem de uma eudicotiledônea (b) Fonte: Hopkins (2000).
e não se forma um cilindro
vascular, como ocorre nas
raízes. No entanto, o arranjo dos tecidos em caules pode variar consideravel-
mente, dependendo da idade do órgão e se a espécie é monocotiledônea ou
eudicotiledônea. Diferente do caule de eudicotiledôneas, caules da maioria
das monocotiledôneas apresentam os tecidos vasculares arranjados em fei-
xes mais ou menos dispersos entre os tecidos de preenchimento (Figura 12.3).
Nestas plantas, torna-se difícil distinguir claramente os limites entre o córtex,
os cilindros vasculares e a medula. Os feixes usualmente contêm fibras (es-
clerênquima), as quais contribuem para a resistência mecânica destes caules.
Por outro lado, em caules mais velhos de eudicotiledôneas, que apresentam
crescimento secundário, ocorre formação de floema secundário para fora e
xilema secundário para dentro (Figura 12.4d), a partir do câmbio vascular. Nes-
tes caules, a epiderme é substituída pela periderme (Figura 12.4e).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 167
3. Raiz
As raízes ancoram a planta no solo e absorvem água e minerais do solo. Nas
raízes de eudicotiledôneas podemos distinguir a raiz principal e inúmeras ra-
ízes laterais.
Um diagrama de uma seção transversal de uma raiz primária (raiz que
apresenta crescimento primário) mostra uma disposição bem diferente da-
quela observada em caules (Figuras 12.1c, 12.5, 12.6 e 12.7). Neste diagrama
podemos distinguir, de fora para dentro, as seguintes camadas de células:
epiderme, córtex, endoderme e cilindro central (estelo). No cilindro central é
que são encontrados os feixes vasculares, sendo que o xilema se localiza
mais internamente e o floema mais externamente. Também se observa uma
camada de células abaixo da endoderme, conhecida com periciclo, a parir da
qual se desenvolvem as raízes laterais.
168 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Figura 12.6. Diagrama de um corte transversal de uma raiz típica. Fonte: Hopkins (2000).
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 169
A condução extrafascicular
da água por vezes também
é chamada parenquimatosa,
horizontal, direta ou ainda de
pequena distância (Figura
12.8).
Via apoplástica: realiza-se
através do apoplasto que
representa a ligação de
todas as paredes celulares e
espaços intercelulares.
Via simplástica: realiza-se
através do simplasto que
representa a ligação de todas
as células do corpo através
dos plasmodesmos (Figura
12.9). Estes atravessam as
paredes celulares de células
contíguas, permitindo que
exista uma continuidade
citoplásmica entre as células
Figura 12.7. Diagrama simplificado de uma raiz primária, mostrando a coifa, a zona adjacentes.
meristemática, a zona de alongamento e a zona de maturação. As células na zona Via transcelular: passagem
meristemática têm vacúolos pequenos, expandem-se e dividem-se rapidamente, ge- de célula para célula. A água
rando muitas fileiras de células. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). ao movimentar-se através do
apoplasto ou do simplasto
não tem de atravessar
nenhuma membrana. Mas
na via transcelular tem de
atravessar duas membranas
plasmáticas por camada de
células. A via transcelular é
usada especialmente pela
água, uma vez que graças às
aquaporinas as membranas
são muito permeáveis à
água. No entanto, esta via é
negligível para solutos.
Figura 12.8. Rotas para a absorção de água pelas raízes. Através do córtex, a água
pode movimentar-se pelas rotas apoplástica, transmembrana e simplástica. Na rota
simplástica, a água flui entre células pelos plasmodesmas, sem atravessar a mem-
brana plasmática. Na rota transmembrana, a água move-se através das membranas
plasmáticas, com uma curta permanência no espaço da parede celular. Na endoder-
me, a rota apoplástica é bloqueada pela estria de Caspary. Fonte: Taiz; Zeiger (2004).
170 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Síntese da Parte
O precursor de todos os tecidos vegetais é o meristema primário, responsável
pelo crescimento longitudinal da planta; enquanto o meristema secundário,
pelo crescimento em espessura. As células meristemáticas vão se diferen-
ciando e adquirindo características específicas de cada tecido. Este tecido é
constituído por um grupo de células idênticas e encarregadas de desempe-
nhar a mesma função. Folhas, Caules e raízes são constituídos de tecidos
dérmico, fundamental e vascular. De uma maneira geral, anatomicamente o
corpo vegetativo primário de uma folha pode ser composto de cutículas adaxial
e abaxial, epidermes superior e inferior, parênquimas paliçádico, esponjoso e
da bainha do feixe, xilema e floema primários; já o caule pode ser constituído
de epiderme, córtex, medula, câmbio vascular e xilema e floema primários;
finalmente a raiz pode conter epiderme, córtex, endoderme, periciclo, câmbio
vascular, xilema e floema primários. Quanto ao corpo vegetativo secundário,
ele não é observado em folhas, no entanto, em caules e raízes ocorre através
da substituição da epiderme pela periderme e da formação de xilema e floema
secundários. As variações nas estruturas dos órgãos vegetativos, em especial
na folha, são em grande parte relacionadas com o habitat.
Atividades de avaliação
1. Qual a função dos estômatos?
2. Descreva e desenhe os variados tipos de estômatos e diga em que orga-
nismos eles ocorrem.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 171
Texto complementar
Linhas prioritárias de pesquisa: morfologia vegetal
Beatriz Appezzato-da-Glória
Depto. Ciências Biológicas, ESALQ/USP
Como disciplina científica, a Morfologia Vegetal tem 211 anos, originada por Goe-
the em 1790 quando publicou o livro “Versuch die Metamorphose der Pflanzen zu
erklären” - “Uma tentativa de explicar a Metamorfose de Plantas”. Não está claro
para muitos estudiosos que a Morfologia Vegetal ela própria representa uma discipli-
na científica válida com seus próprios princípios a partir dos quais previsões podem
ser feitas sobre o desconhecido. Isto talvez ocorra pela interface que a Morfologia
Vegetal apresenta com outras áreas do conhecimento como a Sistemática, Ecologia,
Genética, Fisiologia de Plantas e Evolução, porém os seus princípios transcendem os
limites com as disciplinas relacionadas. Além disso, tem havido uma tendência em
confundir Morfologia Vegetal com Fitografia. A Fitografia refere-se à denominação de
nomes de plantas e/ou partes das plantas, ou seja, “botânica descritiva”. Por exem-
plo, a aplicação dos termos descritivos a cada folha ou tipo de lâmina é que compre-
ende a Fitografia. Ao contrário, a Morfologia Vegetal procura compreender o denomi-
nador comum ou o fator que liga estas formas não relacionadas. Desta forma, na sua
essência a Morfologia Vegetal é uma disciplina comparativa voltada para a conexão
ou ligação entre características e não na expressão isolada das mesmas. A disciplina
da Morfologia Vegetal engloba a planta toda, desde o nível de órgão de organização.
Ocasionalmente o nível anatômico de organização é utilizado como marcador mor-
fológico e isto somente é feito de forma legítima com as características histológicas
172 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Livros
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Tradução Jane
Elizabeth Kraus et al. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830 p.
Sites
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http:// mundodasplantas.blogs.sapo.pt/
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talaulapr_tica.pdf
174 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M.
Referências
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TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Tradução Eliane Romanato Santa-
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TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Tradução Eliane Romanato Santa-
rém et al. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 848 p.
Morfologia e Anatomia de Espermatófitas 175
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