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Introdução:
Atualismo: Boa tarde a todos, hoje iremos falar sobre o movimento literário e artístico designado
como Romantismo e faremos a análise de uma pintura do romantismo escolhida por nós.
E quem mais indicado para vos falar desse tema que: Almeida Garrett, autor de “Frei Luís de Sousa”
e Camilo Castelo Branco autor de “Amor de Perdição”, ambos representantes do Romantismo e
hoje aqui connosco?
Comecemos então por falar desta corrente literária e artística chamada Romantismo.
Dou a palavra agora ao meu amigo e caro percursor do Romantismo, Almeida Garrett
Almeida Garrett: Bem, o que vos posso dizer desta época literária? Caracteriza-se pelo gosto de
exaltar a pátria, pela defesa de valores patrióticos; pelo exagerado sentimentalismo em que
sentimento amoroso está sempre envolto, ou seja, na paixão e desgosto intensos. Mas atenção, o
Romantismo não é lamechice, o Romantismo incentiva à mudança na sociedade.
Não é assim, meu caro Camilo?
Camilo Castelo Branco: Claro, meu caro Garrett, se pensarmos bem o meu herói romântico,
Simão, é tal e qual o teu Manuel Sousa Coutinho:
É nobre de caráter, luta sempre em defesa da honra, da liberdade, da igualdade entre todos, mas
acima de tudo tem um comportamento rebelde, não viste a rapidez com que partiu uns vasos na
cabeças de uns idiotas com a mania da superioridade uns tolos que pensavam que poderiam tratar
mal uns trabalhadores só porque eram pessoas do povo?
Almeida Garrett: faz-me mesmo lembrar o meu Manuel Sousa Coutinho, nos seus gestos, não viste a
forma como incendiou o palácio só para que os Castelhanos não o ocupassem? Um verdadeiro
Senhor…
Camilo Castelo Branco: Tal e qual o meu Simão, sempre a lutar pela justiça e igualdade entre os
homens. O meu Simão é uma força anímica na superação de barreiras…
Tem imensa energia, luta por um mundo melhor, rejeita os valores instituídos pela sociedade, vive
uma crise interior por não conseguir alcançar os seus objetivos, é atormentado pela insatisfação,
torna-se melancólico e morre, pronto.
Mas o meu Simão é pura determinação, não vês como se move pelo ideal do Amor, tudo aquilo é o
Amor paixão na sua plenitude:
O meu Simão e a minha Teresa estão dispostos a abdicar da liberdade e até da própria vida, em
nome do seu amor. A morte não os intimida, se o seu amor não for vivido na Terra, será concretizado
no Céu. É o carácter eterno da paixão, que não se revê na mesquinhez de uma sociedade movida por
valores materiais e terrenos.
Pronto, é assim o amor Paixão: é um sentimentalismo vivido com tamanha obsessão que essa paixão
acaba sempre em sofrimento ou desgraça.
At: Bem, então… Romeu e Julieta pertencem a este movimento, certo??
Al: Sim. Romeu e Julieta é de facto uma obra do movimento Romântico, mas não porque se
centra numa relação amorosa, mas sim porque enfatiza os sentimentos extremos e o poder
que a nossa própria imaginação e obsessão tem sobre nós. É o tal Amor-Paixão de que já
falou o nosso Camilo. Mas analisemos agora uma obra que tem também uma grande carga
emocional, mas que não é romântica no sentido amoroso do termo.
Diálogo
Atualidade: Ai ai o Romantismo? Isso soa-me a filmes como “O Diário da nossa paixão”,
“Como perder um homem em 10 dias”, “Viver depois de ti”.
Almeida Garrett: mmm não. Não é bem nisso que o movimento do Romantismo consiste. O
Romantismo foi um movimento artístico e literário que, como já expliquei, se insurgiu
contra valores instituídos e que revolucionou a sociedade dos séculos XVIII e XIX, deu início
à modernidade nas artes, deixando um legado de valores clássicos que permanece até hoje.
Analisemos agora esta obra-prima do Romantismo que nos poderá ajudar a
entender melhor o que acabei de explicar.
Data: 1814
Biografia do artista:
Goya tornou-se um pintor da corte da Coroa Espanhola em 1786. Até aos dias de
hoje é considerado o artista espanhol mais importante entre o final do século XVIII e o início
do século XIX.
Descrição da Obra: (tema; tempo; espaço; planos; figuras/postura; cores)
Nesta obra, uma das mais impressionantes da carreira de Francisco Goya, retrata-se a
execução de cidadãos espanhóis que se revoltaram contra a ocupação francesa liderada por
Napoleão Bonaparte em 1808. Sendo assim, revelou-se essencial transmitir o máximo
possível de drama e terror associados a este episódio histórico. O três de maio de 1808,
representa os horrores da guerra, revelando-se esta uma das melhores pinturas para
demonstrar a natureza realista da guerra.
O objetivo deste quadro, segundo Goya, é “perpetuar no pincel as ações mais heroicas e
notáveis da nossa gloriosa insurreição contra a tirania”.
Descrição do quadro:
- Objetiva
No plano de fundo é possível observar uma vila, cuja arquitetura nos transporta para a
cidade de Príncipe Pío, em Espanha, envolvida por um céu noturno, não azul, mas sim um
preto contrastante. A passagem para o plano principal sugere que elementos da população
foram trazidos para longe da cidade para serem fuzilados pelos soldados. No canto mais à
esquerda do quadro, pode ser visto um paredão de terra na qual se apoiam as vítimas do
massacre, contrastando com a vastidão da noite para lá do centro da vila, sugere o
encurralamento dos homens e exacerba o sentimento de terror e impotência.
À direita está uma imponente fileira de soldados cujos rostos não são visíveis e a postura se
assemelha à de uma máquina, de espingardas erguidas prontas a aniquilar o grupo de
cativos aterrorizados. À sua volta, encontram-se os cadáveres de vítimas anteriores,
cobertos de sangue. No centro do plano principal, a cena é iluminada dramaticamente por
uma lanterna quadrada, que nos permite ver em particular o rosto assustado da figura
principal - um simples operário com uma camisa branca rugosa ajoelhado no meio dos
condenados, com os braços bem abertos numa pose que lembra a Crucificação de Jesus
Cristo, aguardando sem relutância o seu destino final. Na palma da sua mão direita
podemos ver as marcas dos estigmas. Outros rebeldes à espera de serem fuzilados incluem
um monge em oração e um homem que está demasiado assustado para sequer olhar para o
que está a acontecer, as suas expressões revelam emoções extremas que vão do desafio até
ao desespero. O horror da cena acentua a coragem dos homens condenados e a
bestialidade dos soldados. Assim, Goya sacrifica a representação naturalista da cena a fim
de criar uma tensão dramática, característica do Romantismo.
Escolhemos este quadro de Goya por ser um símbolo, mundialmente conhecido, de uma
obra de arte que denuncia os horrores e injustiças da guerra contras os quais faz todo o
sentido lutar, pois ainda é um terror que nos é contemporâneo.
atualismo: É triste perceber o quão pouco a sociedade mudou, apesar de tanto tempo
decorrido… Hoje em dia, podemos viajar para o outro lado do mundo em menos de 12
horas, temos acesso a uma infinita quantidade de conhecimentos, por exemplo, os
progressos da medicina permitiram a descida exponencial da mortalidade em todo o
mundo. Contudo, as mesmas guerras que aterrorizavam as pessoas há 200 anos, continuam
a ser nossas contemporâneas. Deixaram de ser as doenças e o envelhecimento o nosso
maior inimigo, os nossos preconceitos, materialismo e desumanidade são agora a maior
afronta à sobrevivência humana. É de notar que guerras, qualquer que seja o seu propósito
(descriminação, princípios nacionalistas, etc), continuam a ser uma realidade atual. Os
massacres no Irão, levados a cabo pelas próprias autoridades do país, com o objetivo de
implementar um regime de terror e submissão dos seus habitantes, são o exemplo perfeito
dos horrores de que o homem é capaz de cometer contra o seu semelhante, tratando-se por
isso de factos universais e intemporais.
“Francisco de Goya”. Wikipedia, 2022. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Goya. Acesso em: 5 de abril de 2023
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PAULINO, Roseli. “O TRÊS DE MAIO DE 1808 – FRANCISCO DE GOYA”; Arte e Artistas, 2017. Disponível em: https://arteeartistas.com.br/o-tres-de-
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