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Etapa Ensino Médio

Filosofia

Identidade na
produção filosófica
1ª SÉRIE
Aula 05 – 4º Bimestre
Conteúdo Objetivos
Identidade na produção ● Identificar o eurocentrismo
filosófica. como entrave para o
reconhecimento da produção
filosófica fora da Europa;
● Reconhecer os méritos da Lei nº
11.645/2008, que torna
obrigatório o ensino de História
e Cultura Afro-brasileira e
Indígena, para o
desenvolvimento da reflexão
filosófica a partir da realidade
brasileira.
Para começar
Faça agora

Somente é possível filosofar em grego ou em


alemão (Heidegger, 1913).

Na sua opinião, qual pode ser o


efeito dessa frase?

Registre a resposta no seu caderno e


apresente-a, caso solicitado pelo seu
professor.
Imagem: Filosofias UFCA
Foca no conteúdo
Filosofia latino-americana
De forma geral, temos mais contato com a
filosofia europeia, especialmente aquela
produzida por filósofos alemães, franceses e
gregos. Entretanto, outros continentes
produzem filosofia. No Brasil e na América
Latina, é mais comum a produção de
comentários, a partir de estudos da
produção filosófica europeia. Entretanto, é
possível observar um crescente número de
produções filosóficas que buscam refletir as
nossas verdades e condições.
Foca no conteúdo
Reflexão filosófica
O olhar filosófico estranha e questiona o cotidiano, assim como
expressa inquietações acerca da produção artística, da vida política,
da economia, da sociabilidade, das tradições, da linguagem, das
possibilidades da produção de conhecimento, entre outros temas,
favorecendo a reflexão e análise crítica da cultura e da realidade
vivida, em busca de esclarecimentos. O pensamento filosófico, na sua
especificidade, é reflexivo, portanto, coloca em dúvida, estranha o
conhecido e o estabelecido, de forma a possibilitar a reflexão de
outros modos de ser, viver e compreender a vida. Essa condição
inicial do pensamento filosófico pode ser compartilhada por diferentes
povos e não apenas aqueles que falam alemão e/ ou grego.
Foca no conteúdo
A condição de centro e periferia,
Escrito da periferia para homens apontada pelo filósofo argentino
da periferia, dirige-se, contudo, Enrique Dussel, decorre da relação
também ao homem do centro [...] de dominação entre colonizadores
A filosofia, patrimônio exclusivo (centro) e colonizados (periferia),
do Mediterrâneo desde os gregos, da qual resultou um sistema de
e, na Idade Moderna, só europeia, exclusão da produção filosófica de
começa, pela primeira vez, seu “países periféricos” como uma
processo de mundialização real produção relevante para o mundo.
[...] Parte da periferia, mas ainda Segundo o filósofo, o pensamento
usa a linguagem do centro ( filosófico “periférico” tem relevância
DUSSEL, E. 1977). local e precisa ser expandida e
conhecida mundialmente.
Foca no conteúdo
Enrique Dussel, no contexto da Filosofia da Libertação, propõe que o
conhecimento produzido seja reconhecido como válido e relevante também
pelas particularidades de cada povo. Ou seja, o conhecimento deve estar
ancorado em questões reais, considerando as origens, os traços culturais do
povo que o construiu. Nesse contexto, a ideia de universalização e a
consequente a adoção de uma teoria totalizante deve ser rejeitada, pois
desconsidera a diversidade humana, assim como as diferentes condições de
existência e produção de saberes e discursos.

O respeito pela situação do outro começa pelo respeito por seu discurso
filosófico (DUSSEL, E. 1977, p. 257).
Na prática
Virem e trabalhem
Com seu colega, leia o fragmento, conversem e, em seguida,
criem um parágrafo, sobre a possibilidade de uma filosofia
brasileira.
Se exigimos da filosofia não ser apenas algo entre nós, mas
filosofia brasileira, é claro que estamos supondo uma
originalidade, a nossa. Um erro seria, portanto, apegar-se a uma
resposta estranha, que aqui não tenha nascido. Outro, confundir
originalidade com novidade [...] Uma formulação qualquer é
original [...] pelo fato de estar vinculada a determinadas origens
(GOMES, Roberto, 1979, p. 22).
Na prática Correção
Com seu colega, leia o fragmento, conversem e, em
seguida, criem um parágrafo, sobre a possibilidade
de uma filosofia brasileira.

A resposta é aberta, a depender do que foi conversado.


Contudo, salientamos que seria desejável apontar para a
perspectiva de que uma filosofia brasileira, segundo o
fragmento, deve estar de acordo com as questões e com
a realidade brasileira. E, dessa forma, ao ser original,
não pode ignorar nossa origem, nossos conflitos, assim
como nosso processo histórico, por exemplo.
Foca no conteúdo
Eurocentrismo e Filosofia
No Brasil, devido à herança colonial, estabeleceu-se a necessidade de
alinhamento ao pensamento europeu, o que deixou em segundo plano
outras formas de pensar e refletir o mundo. Essa condição,
entretanto, tem se alterado a partir de debates e proposições para
uma educação mais próxima da nossa realidade, capaz de valorizar a
nossa diversidade original. Nesse sentido, a Lei nº 11.645/2008, que
torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e
Indígena, tem contribuído para uma abordagem mais diversa da
nossa condição no mundo.
Eurocentrismo é um termo para designar a centralidade da
cultura europeia em relação às outras culturas no mundo.
Foca no conteúdo
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá
diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação
da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o
estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos
povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o
negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas
contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à
história do Brasil (BRASIL. Lei nº 11.645/2008).
Ter acesso às nossas matrizes culturais africana e indígena contribui
para entender diferentes aspectos da nossa realidade, assim como
reconhecer os prejuízos da adoção de uma visão eurocêntrica, base para
a intolerância, o preconceito e a exclusão social, política e econômica
das populações negras e indígenas brasileiras.
Na prática
VESTIBULAR – UFRGS 2018
Leia o texto abaixo.
Linguisticamente, a Europa tornou-se o lar dos ‘arianos’, falantes de
línguas indo-europeias advindas da Ásia. A Ásia Ocidental, por outro
lado, foi o lar dos povos nativos de línguas semitas, um ramo da
família afro-asiática que inclui a língua falada pelos judeus, fenícios,
árabes, coptas, berberes e muitos outros do norte da África e Ásia.
Foi essa divisão entre arianos e outros, incorporada mais tarde nas
doutrinas nazistas, que, na história popular da Europa, tendeu a
encorajar o subsequente menosprezo das contribuições do Oriente
para o crescimento da civilização.
GOODY, Jack. O roubo da história. Como os europeus se apropriaram das
ideias e invenções do Oriente. São Paulo: Contexto, 2015. pp. 38-39.
Na prática
VESTIBULAR – UFRGS 2018
Assinale a alternativa que indica a visão de mundo aludida no
texto.

(A) Antropocentrismo
(B) Eurocentrismo
(C) Paganismo
(D) Isolacionismo
(E) Humanismo
Na prática Correção

Assinale a alternativa que indica a visão de mundo aludida


no texto.

(A) Antropocentrismo
(B) Eurocentrismo
(C) Paganismo
(D) Isolacionismo
(E) Humanismo
Aplicando
Puxe mais!
Espera-se que, com a Lei nº 11.645/08, que as
histórias dos povos africanos, afro-brasileiros e
indígenas passem a ser conhecidas e respeitadas,
para, enfim, superarmos estereótipos
construídos ao longo da colonização europeia.
A partir dessa consideração, responda a questão
que segue:

Como a Lei nº 11.645/08 pode contribuir para


a produção filosófica brasileira?
O que aprendemos hoje?

● Identificar as possibilidades de uma


produção filosófica fora da Europa,
superando o eurocentrismo;
● Reconhecer como a Lei nº 11.645/2008
pode apoiar a reflexão filosófica, a partir de
outras histórias, contadas por povos
africanos, indígenas e afrodescendentes.
Tarefa SP
Localizador: 102071

1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com


seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br.
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.

Vídeo tutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/


Referências
LEMOV, Doug. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de
audiência. Tradução: Leda Beck; consultoria e revisão técnica: Guiomar N. de
Mello e Paula Louzano. 2ª ed. São Paulo: Da Prosa/Fundação Lemann, 2011.

POR que só é possível filosofar em Grego e Alemão? Philosophia na Rede, 01


mar. 2012. Disponível em: http://philosophianarede.blogspot.com/2012/05/por-
que-so-e-possivel-filosofar-em.html. Acesso em: 03 out. 2023.

DUSSEL, E. D. Filosofia da Libertação. São Paulo: Edições Loyola; Piracicaba:


Editora UNIMEP, 1977. Disponível em:
https://enriquedussel.com/txt/Textos_Libros/29.Filosofia_da_libertacao.pdf.
Acesso em: 03 out. 2023.

GOMES, Roberto. Crítica da razão tupiniquim. Porto Alegre: Movimento,


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1979.
Referências
BRASIL. Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 03 out. 2023.

UNIVERSIDADE Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Concurso


Vestibular 2018. História, p. 03. Disponível
em: https://www.ufrgs.br/coperse/wp-content/uploads/2022/04/HIS-
MAT-1.pdf. Acesso em: 03 out. 2023.

SÃO PAULO. Currículo Paulista: etapa ensino médio. Organização:


Secretaria da Educação. Coordenadoria Pedagógica: União dos
Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo – UNDIME.
São Paulo: SEDUC, 2020
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slides 3 e 14 – Marcelo Ortega/@ortega_alemão
Slides 5 – Grupo de Pesquisa Filosofias, Artes e Estéticas da América Latina -
UFCA. Disponível em: https://sites.ufca.edu.br/filomove/filosofias-do-corpo-no-
cariri/

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