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ESCOLA SECUNDÁRIA DE NAMPULA

Trabalho em Grupo de Filosofia

Turma: B/4 C1 - 12ª Classe

Tema: A existência ou não da Filosofia africana

Docente:______________

Nampula, Setembro de 2023


ESCOLA SECUNDÁRIA DE NAMPULA

Trabalho em grupo de Filosofia

Nome dos elementos: Turma: B4 /C1 - 12ª Classe

Amarinho Jorge Nº 07

Cristiano Braison Paulo

Idelson Castro Rosário Nº 57

Mapessa Iancubo Saíde Nº 78

Miro Mário Mussa Nº 81

Molde Abu Omar nº 83

Selemane Emiliano José Nº 110

Nampula, Setembro de 2023


Introdução
A filosofia Africana é um campo de estudo que envolve diversas formas de pensamento e
expressão dos povos do continente africano e da diáspora africana. No entanto, a existência e a
definição da filosofia africana são temas controversos, que geram debates entre os próprios
filósofos africanos e entre eles e os filósofos de outras regiões do mundo.

É óbvio que existe filosofia africana, ou seja, o africano apresenta um pensamento sistemático e
organizado. Apesar de existir certos críticos que não acceita ou dúvida a filosofia africana,
alegando que o mesmo não existe. Pois, a filosofia não tem só caracteristicas eurocentrica, mais
também possue aspectos afrocentriticas.

Desde do Temples buscou-se uma identidade ou afirmação da filosofia africana, apesar


houveram muitas mentes preconceituosas, que não aceitaram o pensamento dos africanos como
um pensamento racional, por exemplo, Hegel através da sua dialética trialógica colocava os
africanos no estágio de infantilidade, cujo o seu desenvolvimento está estagnado. Também Levy-
Bhrul na sua mente, os africanos são povo pré-lógica. Perante tudo isto o povo Bantu estava bem
longe de ser considerada como Ser pensante.

Assim sendo, surge algumas inquietações de forma muito explicitas: o que é filosofia? Quando
que se considera o pensamento é filósofico ? existe pensamento ou filosofia africana?

Porquê a insistência da filosofia africana?

Nas bases destas questões iremos desenvolver o nosso temas, referindo a dualidade entre a
filosfica ocidental e filosofia africana. Isto analisando paulatinamente o pensamntos dos
pensadores africanos e sua influência na afirmação da filosofia africana.
O que é filosofia?
O termo filosofia deriva do grego phílos que vai significar "amigo" ou "amante" e sophía que
também sifignifica "conhecimento" ou "saber", assim sendo, a filosofia terá muitas e tantas
definições quantas são as correntes filosóficas. Por exemplo, Aristóteles definiu a filosofia como
a totalidade do saber possível que não tenha de abranger todos os objetos tomados em particular;
os estóicos, como uma norma para a ação; Descartes, como o saber que averigua os princípios de
todas as ciências; Locke, como uma reflexão crítica sobre a experiência; os positivistas, como
um compêndio geral dos resultados da ciência, o que tornaria o filósofo um especialista em
idéias gerais. Já se propuseram outras definições mais irreverentes e menos taxativas. Por
exemplo, a do britânico Samuel Alexander, para quem a filosofia se ocupa "daqueles temas que a
ninguém, a não ser a um filósofo, ocorreria estudar.

Marilena Chaui, dá algumas definições de filosofia, onde ela (filosofia) é definida como visão
do mundo de um povo, de uma cultura ou mesmo duma civilização, isto é, a “filosofia
corresponde, de modo vago e geral, ao conjunto de idéias, valores e práticas pelos quais uma
sociedade apreende e compreende o mundo e a si mesma, definindo para si o tempo e o espaço, o
sagrado e o profano, o bom e o mau, o justo e o injusto, o belo e o feio, o verdadeiro e o falso, o
possível e o impossível, o contingente e o necessário”. E ainda define a como sabedoria de vida,
em que é relacionada com ação de algumas pessoas que pensam

“Para Hountodji a filosofia é um conjunto de textos e de discursos explicitos, literatura de


intenção filosófica. Esta definição é contestável, pois a intenção não faz filosofia.”

Filosofia Africana
É “inegável a expectativa do conhecimento do africano, não se trata de colocar perguntas se o
africano é um ser pensante ou tornar às categorias filosóficas e literaturas que outrora domiram o
as mentes preconceittuosas do ocidente”. Desde modo o ocidente não via ou mesmo vê com bons
olhos a filosofia africana, pois, Hegel coloca o pensamento africano no estágio de infantilidade,
também Levy-Bhru classifica o povo africano como pré-logico e estático.

Mais com Placide Tempels, o pensamento africano começa ser divulgado com uma certa
claridade, apesar de receber muita preconceituasidade pela parte do ocidente. Assim sendo, é
errôneo pensar que ou dizer a priori que os africanos não têm idéias sobre as coisas, eles não têm
ontologia. Placide ainda acrescenta, que a “etnologia, a lingüística, a psicanálise, a ciência do
direito, sociologia e estudos religiosos não podem fornecer conclusões definitivas, após a
filosofia e a ontologia do primitivo foram totalmente estudados e descritos. De fato, se os
primitivos têm uma visão particular de ser e do universo, a "ontologia" vontade própria a um
caractere especial, a cor local, suas crenças e práticas religiosas, seus costumes ao seu direito ,
suas instituições e costumes, suas reações psicológicas e, mais genericamente a qualquer
comportamento.

O pensamento africano é também sistemático, reflexivo e ingador, pois através da linguagem, da


religião, dos provébios sobresai o pensar do africano. Se a filosofia é definido como pensamento
sistenático, reflexivo e que cria mecanismo para o bem estar, o pensamento africano não esta
isanta destes pressupostos. É dai que surge a etnofilosofia, que busca clarificar o pensamento do
povo primitivo, arcaicos ou tradicionais.

“A afirmação da existência da filosofia africana encontra uma elaboração sistemática”, pois o


simples facto de afirmar que o africano é um homen, logicamente é racional e sendo racional ele
possue um pensamento sistemático e possuindo este princípio de racionalidade, o seu
pensamento também é racional. No agir e no pensar do africano existe uma filosofia. Desde
modo, aquilo que africano produz é a filosofia. Pois para Mbiti a compreensão é uma filosofia, e
africano possue esta compreensão da vida, da natureza e das coisas lhe que circunda.

Na formação da civilização grega que deu origem a filosofia, as cultutras africanas deram grande
contributo para sua formação. “...os textos disponíveis sobre o antigo Egipto permitem afirmar a
existência de uma autêntica filosofia que floresceu nas margens do Nilo”[6]. Desde modo o
Egipto abriu caminhos para surgimento da filosofia, os antigos gregos roubaram (legado
roubado, 1945 de George G. M. James) suas principais realizações culturais dos egípcios negros,
a filosofia grega e as religiões misteriosas da Grécia e de Roma foram roubadas do Egipto. Pois,
para George James, os gregos antigos não tinham a habilidade inata para desenvolver a filosofia.

Um dos grandes pensadores moçambicano, Castiano, faz uma crítica aos critica, ou os que dizem
a não existência da filosofia africana, pois para ele, “a filosofia dos críticos parece ser uma
filosofia envergonhada”. Pois, eles recusam os textos orais, e esqueceram que “à boa maneira
platónica que, graças a isso, conseguimos saber o que Sócrates andava a apregoar pelos
mercados de Atenas”. Para Anta Diop a origem da filosofia deve ser procurada em África,
especial na civilização egípcia, ou seja, o lugar que a Grécia ocupa na história do pensamento
científico filosófico, deveria ser ocupado pelo Egipto antigo. “O que a Grécia explorou mais do
Egipto foi porém o campo de ideias, particularmente o das ideias filosóficas. Começa-se, por
exemplo, pelos nomes dos deuses gregos que foram emprestados do Egipto, seguindo-se também
os conceitos, as conexões entre os conceitos e até ambiente”.

Castiano na sua obra referenciais da filosofia africana, salienta que é preciso desmitificar por
exemplo, o mito de que Grécia é o berço do saber universal mostrando como muitos gregos
tiveram ímpeto de viajar para o Egipto porque consideravam, naquela altura, este território como
a fonte do saber e do conhecimento.

Se nós falamos dum pensamento racional dos antigos egípcios, concluímos que sempre existiram
os pensadores africanos com um certo nível de desenvolvimento reflexivo como
o logos helénico, isto em diversos campos de saber e de ser.

A existência ou não da Filosofia africana

Esta discussão tem lugar pelo facto de alguns estudiosos africanos e não africanos terem
apresentado ao mundo estudos sobre etnias africanas, denominando-os «Filosofia africana». Este
grupo é composto por Anyanw, Placide Iémpels, Alexis Kagame, Mbiti, entre outros.

A questão que os críticos colocam é se se pode falar de Física ou Química africanas da mesma
forma que eles falam da Filosofia africana. Como obviamente a resposta é não, eles negam a
ideia da existência de uma Filosofia africana. Figuram na lista dos críticos: Hountondji, Franz
Chahay, E. Boulaga, M. Towa, Oruka, Weredu, entre outros. O problema fundamental do debate
é mais o objecto de estudo do que a designação em si. Até certo ponto, os críticos abrem a
possibilidade da existência da Filosofia africana, apresentando em que moldes tal Filosofia
deverá ser concebida para que possa ser designada Filosofia africana.

A expressão filosofia africana é usada de múltiplas formas por diferentes filósofos. Embora
diversos filósofos africanos tenham contribuído para diversas áreas, com
a metafísica, epistemologia, filosofia moral e filosofia política, uma grande parte dos filósofos
discute se a filosofia africana de fato existe, embora o registro de pensamento africano remonte a
pelo menos cinco milênios atrás na filosofia egípcia antiga. Um dos mais básicos motivos de
discussão sobre a filosofia africana gira em torno da aplicação do termo "africano", ou sejaː se o
termo se refere ao conteúdo da filosofia ou à identidade dos filósofos. Na primeira visão, a
filosofia africana seria aquela que envolve temas africanos ou que utiliza métodos que são
distintamente africanos. Na segunda visão, a filosofia africana seria qualquer filosofia praticada
por africanos ou pessoas de origem africana.

A elaboração e definição da ideia de filosofia africana tem tido uma trajetória revestida de
problemáticas, algumas dessas herdadas da dificuldade de definição da própria filosofia, e da sua
polissêmia de sentidos., outras, porém, derivam-se da história própria da África e das
especificidades de uma filosofia contextual. Nesse sentido, a ideia de filosofia africana foi sujeita
a muitas formas de questionamento - como o de que não existe nenhuma filosofia comum
à todos os africanos, ou que não há nada de propriamente africano na filosofia feita na África,
atribuindo à filosofia um sentido estritamente universal. Outras questões surgem em relação às
formas escritas e orais de registro e transmissão do pensamento, diante das quais a África se
caracteriza principalmente pela oralidade. Muitos pensadores contemporâneas propuseram
esquemas e distinções a fim de acomodar essas diferentes formas de fazer e transmitir o
pensamento filosófico, como também os diferentes sentidos de filosofia - dividida
principalmente entre a concepção de um sistema de ideias e valores que orientam a vida prática e
contemplativa, e um disciplina e tradição autoconsciente cuja execução é regulada por modelos e
instituições. Essas propostas se diversificaram, recebendo, cada uma, maior ou menor adesão, na
sua tentativa de capturar a polissêmia de sentidos e suas interações. São exemplos - filosofia
universalista/filosofia culturalista (Odera Oruka); filosofia popular/filosofia (Kwasi
Wiredu); etnofilosofia/filosofia (Paulin Hountondji); filosofia tradicional/filosofia crítica (T.U.
Nwala); pensamento/filosofia; filosofia implícita/filosofia explícita, entre outras.

A existência ou não da Filosofia africana é um tema que tem gerado muita discussão entre os
estudiosos, tanto africanos como não africanos. Há diferentes formas de entender o que significa
Filosofia africana e quais são os seus critérios e métodos. Alguns defendem que a Filosofia
africana é aquela que trata de temas africanos ou que utiliza formas de pensamento distintamente
africanas. Outros argumentam que a Filosofia africana é qualquer filosofia feita por africanos ou
pessoas de origem africana, independentemente do conteúdo ou do estilo. Há ainda quem negue
a existência de uma Filosofia africana, alegando que não há nada de especificamente africano na
filosofia, ou que a filosofia é uma tradição exclusivamente ocidental.

Para compreender melhor este debate, podemos analisar algumas das principais correntes da
Filosofia africana, que se distinguem pela forma como concebem e praticam a filosofia no
contexto africano.

Segundo alguns autores, estas correntes podem ser classificadas em quatro categorias:

 Etnofilosofia;
 Filosofia sagrada;
 Filosofia ideológica; e
 Filosofia profissional.

A etnofilosofia é a corrente que procura identificar e sistematizar os valores, as crenças e as


visões de mundo das diversas culturas e etnias africanas, considerando-as como expressões da
Filosofia africana. Alguns dos representantes desta corrente são Placide Tempels, Alexis
Kagame, John Mbiti e Marcel Griaule. A etnofilosofia é criticada por alguns filósofos por ser
demasiado generalizadora, acrítica e etnocêntrica, ignorando a diversidade e a complexidade do
pensamento africano

A filosofia sagrada é a corrente que se baseia nas tradições religiosas e espirituais africanas,
especialmente nas formas de conhecimento transmitidas pelos sábios, pelos iniciados e pelos
líderes religiosos. Alguns dos representantes desta corrente são Cheikh Anta Diop, Théophile
Obenga, Kwame Nkrumah e Julius Nyerere. A filosofia sagrada é criticada por alguns filósofos
por ser demasiado dogmática, mística e politizada, misturando fé e razão, religião e política.

A filosofia ideológica é a corrente que se inspira nas ideologias políticas e sociais que
emergiram na África no século XX, especialmente nas lutas pela independência, pela libertação e
pelo desenvolvimento. Alguns dos representantes desta corrente são Léopold Sédar Senghor,
Aimé Césaire, Frantz Fanon e Steve Biko. A filosofia ideológica é criticada por alguns filósofos
por ser demasiado pragmática, militante e utópica, subordinando a reflexão filosófica aos
interesses e às necessidades históricas. A filosofia ideológica nacionalista pode ser vista como
um caso especial de sagacidade filosófica. Ela também pode ser vista como uma forma
de filosofia política. Em ambos os casos, o mesmo tipo de problema surge: é preciso manter uma
distinção entre ideologia e filosofia, entre conjuntos de ideias e uma maneira especial de
raciocínio. Muitos filósofos africanos se destacaram nesta área, como Kwame Anthony
Appiah, Kwame Gyekye, Kwasi Wiredu, Oshita O. Oshita, Lansana Keita, Peter
Bodunrin e Chukwudum B. Okolo.

A filosofia profissional é a corrente que se caracteriza pela prática da filosofia como uma
disciplina acadêmica, seguindo os padrões e os métodos da tradição filosófica ocidental. Alguns
dos representantes desta corrente são Paulin Hountondji, Kwasi Wiredu, Odera Oruka e Valentin
Mudimbe. A filosofia profissional é criticada por alguns filósofos por ser demasiado elitista,
alienada e imitativa, desconsiderando ou negando as especificidades e as contribuições do
pensamento africano. A filosofia profissional, segundo a maioria dos filósofos ocidentais, seria
uma forma originalmente europeia de pensar, refletir e raciocinar, sendo, tal forma, relativamente
nova na maior parte da África. No entanto, tal abordagem da filosofia tende a crescer no
continente africano.e não só.

Estas quatro correntes não esgotam a diversidade e a riqueza da Filosofia africana, mas ilustram
algumas das principais tendências e perspectivas que têm marcado o seu desenvolvimento
histórico e contemporâneo. Cada uma delas tem os seus méritos e os seus limites, os seus pontos
fortes e os seus pontos fracos. O desafio para os filósofos africanos é encontrar formas de
dialogar entre si e com outras tradições filosóficas, reconhecendo as diferenças e as semelhanças,
as convergências e as divergências, as continuidades e as rupturas. A Filosofia africana é, assim,
um campo dinâmico e plural, que reflete a complexidade e a criatividade do pensamento
africano.
Conclusão

A filosofia africana é um campo de estudo rico e complexo, que envolve diversas questões
teóricas e práticas sobre a natureza, a origem, o método e o objetivo da filosofia na África.

A existência da filosofia africana é dado bem adquerido, não há dúvidas da afirmação do povo
africano como um posso que possue um pensamento bem sistematizado e desenvolvido, onde o
nivel e intelectual e discursivo é bastante elevado.

A filosofia africana tem os mesmo estatutos epistemológicos tal como da filosofia helenica, já
referia Ferrreira na sua análise sobre o pensamento do africano. A filosofia africana de ser vista
como as outras filosofias, isto é, do filosfia ocidental.

O pensamento africano tem uma referência subjectiva e objectiva, pois é preciso desmitizar que
africa não possue filosofia ou negação da filosofia africana. E este é o tempo de colocar as ideias
africanas no centro de qualquer análise que envolve a cultura e o comportamento africano,
(afrocentrismo).

A filosofia africana apresenta caracteristicas bem explícita e analítica, desde modo é erroneo
considera-la como pré-lógica, sem fundamento ou sem referências, no agir ou na acção do
africano existe bem patente o aspecto da filosfia

Devemos lutar para validação da oralidade, pois este marco é muito relevante na filosofia
africana, pois existe grandes conhecimento no na filosofia helenica, que fora passado através da
oralidade.
Bibliografias
CASTIANO, José P. .(2010) Referenciais da filosofia africana: em busca da intersubjectivação.
Ed. Ndjira, 1a ed. Maputo.

CHAUI, Marilena.(2005). Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo.

FERREIRA, Alberto João. Texto de apoio, História do pensamento africano moderno.

SEVERINO, Elias Ngoenha. (1993). Das independências às liberdades, Ed. Paulistas, Maputo.

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