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TEMA II- PROBLEMÁTICA DA FILOSOFIA AFRICANA

Introdução

Existe filosofia africana? Ou sabedoria africana?


A existência de crenças, provérbios, mitos, lendas e contos é mera cosmovisão do mundo ou
filosofia?

A Filosofia africana é sempre discutível por não possuir matéria palpável, isto é, falta de
provas que testemunhasse de forma expressa esse conhecimento. Muitos africanos e
africanistas assentaram na actividade de recolha e investigação de dados possíveis para formar
escolas para o estudo da filosofia africana.

A expressão filosofia africana é usada de múltiplas formas por diferentes filósofos. Embora
diversos filósofos africanos tenham contribuído para diversas áreas, como a metafísica,
epistemologia, moral e filosofia política, uma grande parte dos filósofos discute se a filosofia
africana de facto existe.
Um dos mais básicos motivos de discussão sobre a filosofia africana gira em torno da
aplicação do termo "africano", ou sejaː se o termo se refere ao conteúdo da filosofia ou à
identidade dos filósofos. Na primeira visão, a filosofia africana seria aquela que envolve
temas africanos ou que utiliza métodos que são distintamente africanos com toda sua
cosmovisão do mundo. Na segunda visão, a filosofia africana seria uma filosofia africana que
envolve temas africanos utilizando métodos universais e despido da sua cosmovisão. Na
terceira visão, a filosofia africana seria qualquer filosofia praticada por africanos ou pessoas
de origem africana com conteúdo e método africano.
1. Qual é o conteúdo da filosofia africana? Nele pode constar provérbios, mitos, lendas,
contos e mitos? Se constar como pode ser universal?
Estas questões divergiram os filósofos que se dedicam à actividade de recolha e investigação
de dados para o estudo da filosofia africana.

Joseph I. Omoregbe define um filósofo como "aquele que dedica boa parte de seu tempo
reflectindo sobre questões fundamentais, sobre a vida humana ou sobre o universo físico e que
faz isso de maneira habitual", e diz que não existe nenhuma filosofia africana articulada e
documentada, ainda que exista uma tradição filosófica africana. Simplificando mesmo que
não existem filósofos africanos conhecidos, a filosofia foi, de facto, praticada na África como
uma filosofia natural desde os tempos da antiguidade.
Se tomarmos a filosofia como sendo um conjunto coerente de crenças, provérbios, mitos,
lendas e contos, mas não como um sistema de explicar a unidade do entendimento de todos os
fenômenos, então praticamente todas as povos (culturas) possuem filosofia.
Entretanto, Placide Tempels afirma que negar a ontologia e a lógica para os africanos ou
qualquer grupo primitivo de pessoas é uma posição não realista e no seu entender a filosofia
africana está fundamentada sobre alguns princípios básicos que sublinham o comportamento,
a crença, os costumes, a sabedoria, a psicologia e a restauração da vida.

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A reflexão filosófica nasce do questionamento sobre a existência, das complexidades dos
fenómenos naturais, da capacidade de conhencer, do valor do homem perante os outros seres.
Não no sentido de duvidar da realidade, mas dialogar com ela. O filósofo é aquele que
procura a verdade e pensa na totalidade da verdade.

Tempels considera filosofia africana toda a sabedoria acumulada numa tradição oral,
constituida de mitos, provérbios, contos e lendas, ritos e costumes, nomes, proibições e toda
manifestação cultural.

1. HISTÓRIA DO PENSAMENTO AFRICANO

1.1. Antiguidade
A visão padrão da ascensão do pensamento filosófico (e científico) é a de que, provavelmente,
ela exigiu um certo tipo de estrutura social, mas que, mesmo dada essa condição, existiria
mais um conjunto de factores necessários.
A filosofia na África tem uma história rica e variada, que data do Egipto pré-dinástico,
continuando até o nascimento do cristianismo e do islamismo. Foi fundamental a concepção
do "Ma'at", que, traduzido, significa, aproximadamente, "justiça", "verdade" ou,
simplesmente, "o que é certo". Filósofos egípcios antigos deram contribuições extremamente
importantes para a filosofia helenística, filosofia cristã e filosofia islâmica. Na tradição
helênica, temos a influente escola filosófica do neoplatonismo fundada pelo filósofo egípcio
Plotino no século III d.C. Na tradição cristã, Agostinho de Hipona (354 a 430 d.C) foi uma
pedra angular da filosofia e da teologia cristã. Escreveu a sua obra mais conhecida De Civitate
Dei (A Cidade de Deus) em Hipona, actual cidade argelina de Annaba. Ele desafiou uma série
de ideias de sua idade incluindo o arianismo, e estabeleceu as noções básicas do pecado
original e da graça divina na filosofia e na teologia cristãs.
1.2. Época Medieval
Na tradição islâmica, Ibn Bajjah filosofou junto com linhas neoplatônicas no século XII. O
sentido da vida humana, de acordo com Bajjah, era a busca da felicidade, e essa felicidade
verdadeira só é atingida através da razão e da filosofia, até mesmo transcendendo os limites
da religião organizada. Ibn Rush filosofou segundo as linhas aristotélicas, estabelecendo a
escolástica do averroísmo. Notavelmente, ele argumentou que não havia conflitos entre a
religião e a filosofia, uma vez que existem diversos caminhos para Deus, todas igualmente
válidas, e que o filósofo está livre para tomar o caminho da razão, enquanto que as pessoas
comuns só eram capazes de tomar o caminho dos ensinamentos repassados a eles.
Ibn Sab'in (1216/1217-1271) discordou dessa ideia, alegando que os métodos da filosofia
aristotélica eram inúteis na tentativa de entender o universo, porque elas não refletiam a
unidade básica com Deus e consigo mesma, de modo que o verdadeiro entendimento
necessário requereria métodos diferentes de raciocínio.
1.3. Época Moderna
Em destaque estão os filósofos Zera Yakob (1599-1692), etíope e o ganês Anton Wilhelm
Amo (1703-1759). Este foi levado pela Companhia das Índias Orientais para a Europa, onde
adquiriu diplomas nas áreas da medicina e da filosofia, chegando a lecionar na Universidade
de Jena.

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1.4. Época contemporânea
Em termos de filosofia política, a independência da Etiópia e o exercício da independência
dos nativos africanos frente ao colonialismo europeu serviram como gritos de guerra no final
do século XIX e início do século XX, e foram determinantes para os movimentos de
independência de grande parte dos países africanos durante o século XX.
O filósofo queniano Henry Odera Oruka (1944-1995) distinguiu o que ele chama de quatro
tendências (correntes) na filosofia africana contemporânea: etnofilosofia, sagacidade
filosófica, filosofia ideológica nacionalista e filosofia profissional. Mais tarde, Oruka
adicionaria mais duas categorias: a filosofia literária/artística, que teve representantes como
Ngugi wa Thiongo, Wole Soyinka, Chinua Achebe, Okot p'Bitek, e Taban Lo Liyong; e a
filosofia hermenêutica. Maulana Karenga (1941) é um dos principais filósofos.

No nosso estudo vamos analisar as correntes do pensamento filosófico, nomeadamente: a


etnofilosofia e a sagacidade filosófica, as Filosofias ideológicas nacionalistas (Negritude,
Panafricanismo, Socialismo africano e Autenticidade africano), Filosofia da Libertação e a
Hermenêutica e Crítica da Filosofia Africana.

2. Principais correntes do Pensamento Filosófico Africano na época


contemporânea (Etnofilosofia e Sagacidade filosófica, correntes das filosofias ideológicas
nacionalistas, Filosofia da Libertação e a Hermenêutica e Crítica da Filosofia Africana)

2.1. CORRENTE DA ETNOFILOSOFIA E SAGACIDADE FILOSÓFICA


O termo "etnofilosofia" tem sido usado para designar as crenças encontradas nas culturas
africanas. Tal abordagem trata a filosofia africana como consistindo em um conjunto de
crenças, valores e pressupostos que estão implícitos na linguagem, práticas e crenças da
cultura africana. Um dos defensores desta proposta é Placide Tempels, que argumenta que a
metafísica do povo Bantu está refletida em sua linguagem. Segundo essa visão, a filosofia
africana pode ser melhor compreendida a partir a realidade refletida nas línguas da África. Por
exemplo:
a) Em ioruba (lingua africana) ni significa ser; mo, significa conhencer e ofifo significa
nada.
b) Em bantu (outra lingua africana) ntu expressa a ideia de ser. Dele deriva quatro
categorias de tudo que se pode conhencer.
 Muntu, conceitua ser-de-inteligência (pessoa humana),
 Kintu significa ser-sem-inteligência (as coisas),
 Hantu - expressa o ser-localizador (tempo-lugar),
 E o ser-modal, (ser modificação do ser)- mobilidade.

Para os bantu a ideia de lugar e tempo são concomitantes, baseados na localização dos
existentes, uma vez que qualquer existente assim que surge supõe necessariamente o antes e o
depois. Ao lado disso, a diferença entre existir e o viver se faz na filosofia bantu, da seguinte
forma: o existir é abrangente, geral, universal, enquanto que viver é uma particuladridade do
existir.

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Tambem podemos observar que alguns pensadores africanos entendem que os conceitos
filosoficos chegam a eles através da música, da precussão, da dança e da religião.

A sagacidade filosófica (Sage Philosophy, literalmente "filosofia do sábio") é uma espécie de


visão individualista da etnofilosofia. Foi criada na década de 1970 por Henry Odera Oruka e
consiste no registro das crenças dos "sábios" das comunidades tradicionais africanas. A
premissa aqui é que, embora a maioria das sociedades exija algum grau de conformidade de
crença e comportamento de seus membros, alguns desses membros (os sábios) chegam a
níveis superiores de conhecimento e entendimento de suas culturas e visão de mundo. Em
alguns casos, o sábio vai além do mero conhecimento e compreensão, atingindo a reflexão e o
questionamento - tornando-se, então, exemplo de sagacidade filosófica.
Como exemplo deste tipo de abordagem, temos E. J. Algoa, da universidade nigeriana de
Port Harcourt, que defende a existência de uma filosofia da história decorrente dos provérbios
tradicionais do Delta do Níger, em seu artigo "Uma Filosofia da História Africana na
Tradição Oral". Algoa argumenta que o factor primordial na obtenção de sabedoria e de
interpretação do passado na filosofia africana é a idade.
Em apoio dessa tese, ele cita provérbios como:
a) "Mais dias, mais sabedoria";
b) "O que um velho vê sentado, o jovem não vê em pé".
c) A verdade é vista como eterna e imutável ("A verdade nunca apodrece"), mas as
pessoas estão sujeitas ao erro;
d) "Mesmo um cavalo de quatro patas tropeça e cai"
O passado não é visto como fundamentalmente diferente do momento actual; a história é
vista como sendo de importância vital para o presente e são inseparáveis.
a) "Um ignorante sobre sua origem não é um humano"
Assim os historiadores conhecidos como "filhos da terra" são altamente respeitados. ("Um
contador de histórias não fala de épocas diferentes" – O passado está ligado ao presente.
Contudo, dos mesmos provérbios, o futuro vai além do conhecimento:
a) "Mesmo um pássaro com um longo pescoço não poderá prever o futuro"
b) "Deus vai sobreviver à eternidade".

2.2. CORRENTES DAS FILOSOFIAS IDEOLÓGICAS NACIONALISTAS

As correntes ideologicas com raizes no final do século XIX, e a sua actuação começou a
observar-se nos anos de 30 do seculo XX, quando se propõe como negação da negação, isto é
a recusa radical dos preconceitos consolidados historicamente em relação aos negros,opondo-
se à escravatura e ao colonialismo.
No sentido estrito, ideologia é a forma particular de conhencer os valores ou interesses
comuns de uma classe. Por exemplo, a ideologia do mpla, única , ad-coligaçao, fnla, etc…
No sentido amplo, entende-se por ideologia o conjunto de concepções ou ideias concernentes
aos projectos de uma sociedade.

2.2.1. NEGRITUDE
A Negritude tem a sua origem nos movimentos culturais protagonizados por negros, brancos,
mestiços que, desde as décadas de 10, 20, 30 (século XIX), vinham lutando por renascimento

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negro (busca e revalorização das raízes culturais africanas, crioulas e populares)
principalmente em três países das Américas, Haiti, Cuba e Estados Unidos da América, mas
também um pouco por todo o lado.
A ideia de renascimento, indigenismo e negrismo surge como consequência das luzes e do
romantismo, que levaram à abolição da escravatura e finalmente à possibilidade de, após a
Revolução Francesa de 1789, os povos supostamente poderem assumir a liberdade e
igualdade. Considera-se que foi Rene Maran, autor de batouala, o primeiro a usar o termo.
Entretanto, o termo "Negritude" aparece pela primeira vez escrito por Aimé Césaire, em 1938,
no seu livro de poemas, está intimamente associado ao trabalho reivindicativo de um grupo
de estudantes africanos em Paris, nos princípios da década de 30, de que se destacam como
principais responsáveis e dinamizadores Léopold Sédar Senghor (1906) senegalês, Aimé
Césaire (1913), martinicano, e Leon Damas (1912), ganês. Estes autores da Negritude
legaram-nos uma obra literária da máxima importância, mas foi Senghor que, com a
Presidência do seu País (Senegal) e uma larga aceitação Ocidental (política, literária e
académica) contribuiu decisivamente para a divulgação da Negritude.
É a Senghor que são atribuídas as primeiras tentativas de definição do conceito de Negritude:
"Conjunto dos valores culturais do mundo negro”.
Eis alguns valores característicos do homem negro:
- o homem negro é essencialmente religioso e cultural, ritual e celebrante, porque para ele
existe um ente supremo, o "sagrado", que é o verdadeiro real.
- o homem negro é simbólico, porque o seu mundo é o mundo das imagens e do concreto;
todas as realidades materiais, visíveis e imediatas são anunciadoras e portadoras de outras
realidades.
- o homem negro é o homem de coração, porque, para além do corpo, da força vital, da
habilidade, do entendimento e de todas as outras qualidades humanas, é ainda pelo coração
que o homem se define, que o homem vale e é julgado; para usar a categoria de um provérbio
africano: "o coração do homem é o seu rei".

Com a Negritude pretendia-se em primeiro lugar reivindicar a identidade negra e a sua


cultura perante a cultura ocidente dominante e opressora. Por outro, a Negritude é o
movimento de exaltação dos valores culturais dos povos negros. Torna-se a base ideológica
que vai impulsionar o movimento independentista na África.
 Para Leopold Sedar Senghor a Negritude é o conjunto de valores culturais da África
negra.
 Para Amée Cesaire a Negritude é a repulsa ante a assimilação da cultura negra, repulsa
por uma determinada imagem do negro tranquilo e incapaz de construir uma
civilização.

A criação da revista présence africaine em 1947 de forma simultânea em Dakar e Paris teve
um efeito explosivo para o movimento Negritude. Este movimento reuniu jovens intelectuais
negros de toda parte do mundo. Em 1955, o termo aparece no n.º 3 da revista L´étudiant Noir
(O estudante negro).
Importa revelar ainda que chegou mesmo a haver grandes figuras Ocidentais afirmando que a
negritude era um movimento racista. Mas isso não corresponde à verdade, porque se para
Césaire a "Negritude", no início, se fez racista simplesmente para realçar os seus valores, a

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sua dignidade e afirmá-los, para Senghor era ainda algo mais do que isso: a "Negritude" é um
humanismo, porque todas as raças tinham lugar neste universo civilizacional de inspiração do
homem.

A decadência deste movimento é dada pela carga pejorativa do termo, segundo alguns
escritores negros e mestiços e outros como Jean Paul Sartre que o define como a negação da
negação do homem negro, bem como o conjunto dos valores culturais negros criticaram
veementemente o conceito, aao considerarem demasiado simplificador. Pois, o tigre não
declara a sua tigridade, mas salta sobre a sua presa e a devora.

2.2.2. PAN-AFRICANISMO OU PANAFRICANISMO


O panafricanismo ou pan-africanismo vem do grego: pan= toda, africanismo, referindo-se a
elementos africanos. O pan-africanismo é uma ideologia que propõe a união de todos os
povos da África como forma de potenciar a voz do continente no contexto internacional.
Relativamente popular entre as elites africanas ao longo das lutas pela independência da
segunda metade do século XX, em parte responsável pelo surgimento da Organização de
Unidade Africana, o pan-africanismo tem sido mais defendido fora de África, entre os
descendentes dos escravos africanos que foram levados para as Américas até ao século XIX e
dos emigrantes mais recentes.

a) Antecedentes
Este movimento não nasceu em África, mas nos Estados Unidos da América. A palavra foi
inventada por Henry Silvester Trindade que exercia advogacia na inglaterra no final do seculo
XIX e princípios do XX. O panafricanismo indicava a solidadriedade com os colonizados
africanos.

Silvester, filho da diáspora, assumiu o papel de conselheiro de vários representantes chefes


africanos que visitavam o reino unido junto do Colom Office. As frequências visitas às
colonias dos três continentes fez-lhe compreender o carácter agressivo dos colonizadores.
Para organizar a resistêncio a convocou em 1900 a conferência que ficou baptizado por
panafricanismo, transmitindo a concepçao de uma unidade geopolítica africana.

b) Objectivo
O movimento pan-africanista visava unir os negros para os libertar das diversas formas de
opressão e organizar as resistências para as independências.

c) AUTORES E PENSAMENTOS

1. Marcus Mosiah Garvey


Nascido na Jamaica em 1887, fundou a LICA, Liga Imperial das Comunidades Africanas,
com objectivo de organizar o regresso massivo dos emigrantes para a África.
Em 1920, criou o império negro em Nova York que reuniu seu primeiro parlamento no dia 01
de Agosto de 1920. Nele, Garvey foi eleito presidente provisório da LIGA e presidente geral

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da associaçao Universal para o progresso dos negros. Seu pensamento assenta com “Back to
África”. Regresso dos africanos da diáspora.
Do ponto de vista político, ele defende que os africanos da diáspora deveriam assumir os
destinos da África tendo eles uma vasta experiência, cultura e convivência com os brancos,
excluindo os africanos residentes.
Do ponto de vista económico ele tinha uma visão capitalista. Seu slogan “Africa para os
africanos”. A economia deve ser dirigido pelos africanos e beneficiar os mesmos.

Crítica

Segundo Manila o projecto de Garvey continha uma intenção racista da descolonização da


África, que conduziria a neocolonização pelos africanos da diáspora ou afro-americanos. Isto
se observou na Libéria em que a situação acabou com a revolta dos autóctones numa data
mais recente.

2. Willian Edward Burghardt du Bois


a) vida
Nascido em Massachusetts, a 23 de Fevereiro de 1868 e morreu em Acra aos 27 de Agosto de
1963. Foi filósofo e sociólogo que compilou uma enciclopédia africana. Fez estudos em
Harvard e em Berlin e foi membro do Instituto das Artes e Letras nos EUA.
Iniciou por volta de 1909 o movimento ideológico actualmente denominado pan-africanismo.
É considerado o pai do pan-africanismo, ao pôr-se a pensar sobre a solidariedade afro-
americana e ao Garveismo (Back to África). Du Bois extirpa do Pan-africanismo o seu
aspecto neocolonialista rompendo com a corrente Back to África.
b) Seu Pensamento
Suas premissas:
a) Os negros americanos eram americanos e deviam permanecer como tais, a sua
contribuição ao pan-africanismo devia constituir solidariedade;
b) Esvaziou a conotação com a cor, para ele o panafricanismo é continental e não deve
existir África negra e África branca;
c) Rompeu com o garveismo e com o seu capitalismo. A autonomia económica da África
concebeu-.a na base duma organização cooperativa e socialista que não deixaria lugar
para os milionários.

Em 1919, convocou um congresso pan-africanista com o precioso contributo de Blaise


Diagné, um senegalês e um representante Francês no Governo de Clemenceau, primeiro
Ministro na altura. Neste congresso se emitiu a declaração do mundo “Declaration to world
1919)” que define – a igualdade absoluta das raças do ponto de vista físico, político e social
sendo pedra angular da humanidade.

Du Bois lançava as bases de harmonia social na honesta colaboração entre negros e brancos
assente na liberdade e na igualdade.

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3. Francis Nwia Kofie Kweme Nkrumah - NKWAME NKRUMAN

a) Vida
Pensador, político e Estadista africano, Francis Nwi Kofie Kweme Nkrumah, ou simplismente
Nkrumah, nasceu aos 21 de Sentembro de 1909 em Nkroful, actual Gana. Aos 6 de Março de
1957, sob o grito Independência já Kwame Nkrumah fez da então colónia Britânica da Costa
do Ouro, o primeiro país africano negro a conquistar a independencia. Kwame Nkrumah é por
alguns considerado o verdadeiro Fundador do Panafricanismo.
O círculo acadâmico e político de Nkrumah é extremamente digno de referencia: em 1935,
terminada a sua formação inicial numa escola/Colégio em Acra e tendo trabalhado durante
alguns anos como professor, Nkrumah ruma para os Estados Unidos de América, graças ajuda
de um parente enriquecido com o comércio de ouro e de diamante. Aqui passa 10 anos
estudando Ciências Económicas, Sociologia, Pedagogia, Teologia e Filosofia. A partir de
1945 é estudante da Escola Superior de Economia e Ciências Políticas de Londres, onde se
doutora em Filosofia e Direito. Cá em Londres Nkrumah compromete-se fortemente com a
Política junto com seu amigo W.E.B. Du Bois organizam em 1945 em Manchester o 5.º
Congresso panafricanista. De regresso ao Gana, em 1947, integra e torna-se Secretário Geral
da Convenção Unida da Costa do Ouro (United Gold Cost Conventiopn – UGCC), partido
recentemente fundado e na altura ainda dirigido por Joseph Boakye Danquah. Em 1948 é
preso pela primeira vez pelas autoridade coloniais Britânicas.
Posto em liberdade funda no ano seguinte o seu próprio Partido, mais radical, o Partido
Convenção do Povo (Conention Peoples Party – CPP ). Em 1952, na sequência da
esmagadora vitória nas eleções do parlamento colonial da Costa do Ouro, é eleito Primeiro
Ministro, e é nessa condição que em 1957 proclama a independência da Colónia,
rebaptizando-a com o nome de Gana. Só com uma mudança da Constituição em 1960 se
tornará República de Gana e adoptando uma orientação acirradamente marxista, que
acarretará graves prejuízos à economia nacional.

O fim de Nkrumah acontece em Fevereiro de 1966, quando durante uma viagem à China, é
deposto por um golpe de estado, liderado pelo pró ocidental Conselho Nacional de Libertação
(Nacional Liberation Council NLC). O antigo herói nacional é exilado na Guiné Konacri,
acolhido por Sekou Touré, antes de morrer em Bucareste, na Roménia, aos 27 de Abril de
1972.

b) Pensamento

 Nkrumah foi iniciador de uma política e filosofia panafricanista extremamente


radicais, cujo cavalo de batalha eram a libertação e a unidade de África. A sua
filosofia jogará em 1963 um papel fundamental na criação da OUA – Organização da
Unidade Africana.
 A Teoria do Consciêncismo: partindo do estado actual da consciência africana indica
por que via se vai ao progresso e será resolvido o conflito que agita actualmente esta
consciência.

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Desta feita, o seu pensamento de Kwame Nkrumah, quanto a África, é caracterizado por uma
ruptura fundamental, que pode ser resumida em dois pontos:

Primeiro: No primeiro momento, nkrumah exalta o idealismo da África pré-colonial e se


declara seguidor de Gandhi com a revolução de não violência, No segundo plano entendeu
que esse modelo não seria universal para toda Áfria e por isso, a seguir Nkrumah defende a
necessidade de uma ruptura violenta contra o neo-colonialismo, contra o imperialismo e os
seus aliados africanos, onde for necessário a luta deve acontecer.
Para ele a África deixa então de ser um mundo especial e afirma que uma revolução africana
tem de ser entendida no conjunto de uma revolução mundial que estava em curso. As
sociedades africanas estavam sujeitas às mesmas leis que as outras sociedades do mundo.
Segundo: se no seu livro Africa must unit (A África tem de se unir) Nkrumah defende e
quase exige a formção urgente de um Governo african, mas tarde porém Nkrumah vai
sustentar não poder haver em África unidade entre os governos anti-imperialistas e os
regimes marionetes ao serviço do Ocidente imperialista.
Para Nkrumah, a constituição da unidade devia começar imediatamente após a independência
para evitar a balconização e propõe que não se espere pela descolonização de todos os
territórios. Os primeiros a serem independentes deveriam a funcionar a fim de que cada novo
território liberto reganhe ou se junte ao conjunto continental já existente.

Aspecto do projecto
 Unidade política Africana, superação das barreiras e fronteiras arbitrárias impostas,
unidade das povoações, a unidade estatal e as independências.
 Desburocratização para Integração, concedia um papel chave as instituições centrais
que deviam conduzir a unidade dos governos locais com certos poderes.

Para concretização, Propõe:


 Parlamento Continental: Câmara baixa e alta
 Gabinete Continental de planificação económica
 Defesa comum
 Diplomacia comum

Teoria do Consciencismo: partindo do estado actual da consciência africana indica porque


via se vai ao progresso e será resolvido o conflito que agita actualmente esta consciência.

Esta teoria fundamenta-se no materialismo. Afirmando que a consciência é independente da


matéria, não naquele que afirma apenas a existência absoluta da matéria. Esta não nega a o
espírito, mas o declara irredutível à matéria. O consciencismo é uma filosofia ideológica para
a descolonização e desenvolvimento da África.

A obra “consciencism philophy and ideology for the de-colonization. New yok and London.
Moder Reader, Paper Backs, 1970. Pag. 124”. O título desta obra sugere bastante clara a
intenção de tomar a peito o presente, mas subsiste a nostalogia a cada passo da necessidade da
prática de reencontrar a harmonia, o humanismo e a igualdade perdidas na colonização.

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 Na Política, o Consciencismo é a passagem do sonho para acção que se opera pela
prática política que procura coordenar as forças sociais de maneira a mobilizá-las com
vista a um desenvolvimento autenticamente igualitária.
O passado entra no presente através da planificação, uma planificação que tem de fazer
coincidir a justiça prática e a justiça teórica, naquilo que Nkrumah chama de autenticidade.

Nkrumah cita os males de África, como: o colonialismo, o neocolonialismo e a falta de


vigilância por parte dos africanos. A política deve se entregar a resolver as contradições
internas visto que a sociedade é um feixe de forças em oposição. Nisto, John Rawls, na sua
obra “Teoria da Justiça” diz; toda sociedade é conflitual e consensual.

 No Conhecimento (ciência), o consciencismo é o conjunto de forças que permitirão as


sociedades africanas de assimilar os elementos ocidentais, muçulmanos, e euro
cristãos presentes na personalidade africana. Pois, o africano se define pelo conjunto
de princípios e traços humanistas sobre os quais repousa a sociedade tradicional
africana.
Na mesma óptica, mais tarde Osagyefo afirmará que “ a teoria sem prática é vã e o
consciencismo apresenta cada instante aplicações práticas”.

No consciencismo há duas acções


1. Acção Positiva
É a soma das forças que tendem realizar a justiça conforme os princípios da africanidade. É
reaccionária e tendente a pôr fim a alienação que subsiste em África. A prática política deve
resolver as contradições.
2. Acçao Negativa
É a soma de forças que tendem prolongar a divisão e a sujecçao da África. Na situação
colonial a reacção triunfa abertamente. Na situação neo-colonial é mais complexa. Aqui a
reacção finge estar vencida. Ela simula para neutralizar a acção transformadora da sociedade.

Entre as diversas formas que a reacção toma, podemos citar: a assistência técnica, ajuda
interessada, o apoio a certos líderes corruptos, o emprego de políticas com duplo jogo, a
sugestão de formas fechadas, etc… É a situação equilibrio-instável, uma situação ambígua.

Julgamento sobre a Teoria de Nkrumah

ADJUVANTES
Figuram personagens como:
 Marcien Towa, faz um julgamento positivo da filosofia de Nkrumah, considerado
que, de facto o consciencismo se identifica com o africanismo.
 Osegyefo, considera que toda a teoria necessita de prática, por isso afirma: “a teoria
sem prãtica é vá e o consciencismo apresenta cada instante aplicações práticas”. É
uma filosofia da praxis que bem orientada está baseada na emancipação da
comunidade africana.
OPOSITORES

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Destacam-se:
 Kwame Anthony Akroma-Ampim Kusi Appiah, nascido em Gana em 1954, doutorou-
se em filosofia pela Univercidade de Cambridge em 1982. Construiu desde então
impressionante carreira acadêmica, leccionando nas Universidade Cornell e Duke,
antes de assumir sua posição actual, como titular de estudos afro-americanos e de
filosofia na Univercidade Havard. Para este autor, criticando Okolo diz que o
problema não é unir a África, mas como instituir novas solidariedades numa África
divergente? Como manter a exigência da liberdade e a paz numa sociedade
motivada? O panfricanismo deve ser, a curto prazo, a vontade para os negros se
apreciarem, se sentarem, se olharem e se escutarem. São estas as esperanças
decepcionadas pelo consciencismo.
 Paul Odhiambo Houtundji faz um julgamento negativo da filosofia de Nkrumah,
considerando que, de facto, o consciencismo não se identifica com o africanismo ao
apregoar o prossusposto pelo qual que a África não teria necessidade de uma filosofia
colectiva que deve refazer a unidade da consciência africana.

2.2.3. SOCIALISMO AFRICANO

O termo Socialismo refere-se a qualquer uma das várias teorias de organização econômica
que advogam a administração e propriedade pública ou coletiva dos meios de produção e
distribuição de bens, propondo-se a construir uma sociedade caracterizada pela igualdade de
oportunidades e meios para todos os indivíduos, com um método isonômico de compensação.

O socialismo moderno surgiu no final do século XVIII tendo origem na classe intelectual e
nos movimentos políticos da classe trabalhadora que criticavam os efeitos da industrialização
e da sociedade sobre a propriedade privada.
As diferentes teorias socialistas surgiram como reacção ao quadro de desigualdade, opressão e
exploração que enxergavam na sociedade capitalista do século XIX, e tinham a proposta de
buscar uma nova harmonia social por meio de drásticas mudanças, como a transferência dos
meios de produção das classes proprietárias para os trabalhadores. Uma consequência dessa
transformação seria o fim do trabalho assalariado e a substituição do mercado por uma gestão
socializada ou planejada, com o objectivo de distribuir a produção econômica e todo tipo de
serviço segundo as necessidades da população.
Actualmente, as teorias socialistas são partes de posições da esquerda política, relacionadas
com as actuações de Estado de bem-estar social.

Socialismo africano é a “opinião” na doutrina de compartilhar de recursos econômicos em


uma maneira africana "tradicional", em comparação a classical. Muitos políticos africanos dos
1950 e 1960 até 1970 professaram uma opinião no socialismo africano.
O socialismo era popular entre líderes africanos porque representou uma ruptura do
capitalismo. Os seguidores africanos do socialismo reivindicaram-no, apelando a uma
identidade africana que fosse mesmo mais forte do que o anti-capitalismo. A identidade e o
socialismo africanos interligam-se frequentemente. Alguns líderes reivindicaram que África

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tinha sido sempre "socialista," e apelado ao socialismo como um elemento cultural e
unificadora dos africanos.
 Proponentes do socialismo africano
- Amílcar Cabral (Guiné-Bissau e Cabo Verde), (Zâmbia), Modibo Keita (Mali),
(Mozambique) ANC (África do Sul), Albert Luthuli (África do Sul), (Burundi), Eduardo
Mondlane (Mozambique), (Zimbabwe), (Namíbia), (Tanzânia), Oginga Odinga (Kenya),
Didier Ratsiraka (Madagascar), (Ghana), (Burkina Faso), Agostinho Neto (Angola):
 Organizações envolvidas em Socialismo africano
- O mais notavelmente o ANC e o PAC, Congress Da Bandeja-Africanist. O ANC era para a
igualdade racial, mas o PAC disse ' África para os africanos!'. Estas organizações operaram-se
dentro , durante Aparteid.

1. SOCIALISMO DE JULIUS NYERERE

a) Vida
JULIUS KAMBARAGE NYERERE, nasceu aos 13 de abril de 1922 em Butiama, no
Tanganyika, filho de um chefe Zanaki e ficou conhecido pelo cognome Mwalimu (professor,
em KiSwahili), da sua anterior profissão antes de se tornar activo na política, mas também
pela sua forma de dirigir. Estudou para professor na Universidade Makerere, em Kampala
(Uganda) história e economia política na Universidade de Edimburgo. Foi o primeiro
tanzaniano a estudar numa universidade britânica e o segundo a completar um grau
universitário (“Master of Arts”) fora de África.
Ele foi presidente do Tanganyika, desde a independência deste território em 1962 e,
posteriormente, da Tanzânia até se retirar da política em 1985. Em (1985-86) foi-lhe atribuído
o Prêmio Lênin da Paz.
Lançou-se na política em 1954, quando era professor e foi co-fundador, em Julho desse ano
do partido Tanganyika African National Union (TANU), que levou o seu país à
independência da Grã-Bretanha em 13 de Dezembro de 1962. Entretanto, na sequência das
conversações com a potência colonizadora e de novas eleições no partido, Nyerere tinha sido
nomeado, em 1959, Primeiro Ministro do território semi-independente do Tanganica e, com a
independência, tornou-se o seu primeiro Presidente.
Um dirigente que trabalhava pela justiça social, unidade nacional e boas relações raciais,
Nyerere conduziu a união política entre o Tanganica e Zanzibar, que levou à constiuição da
República Unida da Tanzânia em 1964. Em 1977, lidera a fusão do seu partido com o Partido
Afro-Shirazi de Zanzibar para formar o Chama cha Mapinduzi (CCM) ou “Partido da
Revolução”, em KiSwahili. Morreu aos 14 de outubro de 1999 – Londres, Inglaterra.
b) Pensamento
O seu pensamento política é denominado por "Socialismo Africano", internamente
designada "Ujamaa", ou “comunitarismo familair”que significa "unidade" ou
"família", em Ki Swahili. O ideal de ujumaa é o espírito de fraternidade típico das
sociedades africanas. A Ujamaa foi concebido para promover desenvolvimento social e
econômico da Tanzânia. Em 1967, como líder maior da Tanzânia publica o projeto intitulado
Declaração Arusha, expondo os objetivos da Ujamaa. Através da Ujamaa a Tanzânia
conseguiria estabelecer um caminho para o crescimento econômico e desenvolvimento social
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e foi aplicada em um modelo de gestão político-econômica definida por três pontos
fundamentais:
1° A criação de um sistema de partido único sob a liderança do Chama Cha Mapinduzi
(CCM), a fim de ajudar a solidificar a coesão política da Tanzânia e evitar disputas
desestabilizadoras. Único Chefe.
2° A institucionalização da política, económica e social para promoção da igualdade e criação
de assembleias populares para participação da classe trabalhadora além de nacionalizar
sectores chave da economia – Cooperativismo e socialismo.
3° A formatação da auto-suficiência por meio da transformação de hábitos e costumes
culturais. Para Nyerere seria necessário implementar mudanças de comportamento para se
alcançar a implantação do socialismo Africano – Educação para o socialismo.
Estabeleceu laços com a República Popular da China, que financiou a construção da linha de
caminhos de ferro entre o porto de Dar es Salaam e a Zâmbia e participou ainda noutros
projetos industriais.

Infelizmente e, apesar do imenso esforço em termos de educação, que fez com que a
Universidade de Dar es Salaam, e principalmente o seu Instituto de Ciências Marinhas, sejam
actualmente um “centro de excelência”, a política “Ujamaa” não deu os resultados
pretendidos e foi abandonada gradualmente pelos governantes que o sucederam.
Nyerere foi também um dos fundadores da Organização da Unidade Africana (OUA) em 1963
e da SADC, liderou o seu Comité de Descolonização da OUA, deu sempre um grande apoio à
FRELIMO, na sua luta pela independência de Moçambique e a Milton Obote do Uganda, que
conseguiu depor pelas armas o ditador Idi Amin.
Em 1985, demitiu-se do cargo de Presidente da República, permanecendo até 1990 como
presidente do Partido para a Unidade CCM (Partido Revolucionário) e exercendo influência
decisiva nas eleições presidenciais de 1995 a favor do candidato Benjamin William Mkepa.
Continuou activo na política internacional, principalmente como Presidente do
Intergovernmental South Centre e teve um papel central como mediador do conflito no
Burundi, em 1996.

2.2.4. AUTENTICIDADE AFRICANO

a) Vida
JOSEPH DÉSIRÉ MOBUTU, nome de baptismo, nasce em Lisala, Congo Belga, aos 14
de Outubro de 1930 e morre em Rabat, Marrocos, 7 de Setembro de 1997). Foi o presidente
do Zaire (actual República Democrática do Congo) entre 1965 e 1997. Com uma imagem
marcada pelo uso de um barrete de pele de leopardo e uma bengala, fica para a história
contemporânea de África como um dos mais poderosos governantes do continente.
Mobutu alistou-se em 1949 no exército, como sargento da Força Pública congolesa.
Envolveu-se na luta pela independência, que foi conseguida em 1960, exercendo então o
cargo de secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.
Cinco anos mais tarde, lidera um golpe que derruba o presidente Moise Tshombe e
assume o governo. Na política externa, sua principal atitude é incentivar os investimentos
estrangeiros, o que lhe vale o apoio norte-americano.

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Mobutu governava um dos países mais ricos do continente (entre outras potencialidades
económicas, merece destaque a exploração de metais e pedras preciosas, mas o seu povo vivia
cada vez mais abaixo do limiar da pobreza. A dívida externa chegava a atingir os 12 bilhões
de dólares. Em simultâneo, a fortuna pessoal de Mobutu, quase toda no estrangeiro, subia para
índices estimados até a sua morte em cerca de 7 bilhões de dólares. O presidente concentrava
nas suas mãos uma grande parte do Produto Nacional Bruto do país.
Perante a comunidade internacional, alegou ser o único garante da unidade de um país
multiétnico e, apesar da sua política ditatorial, foi apoiado pelos países ocidentais, que não
queriam ver instalado um regime comunista em tão importante região africana.

b) Pensamento
Em 1971 lança sua política de "retorno à autenticidade africana", mudando o importante
rio internacional, ambos Congo, para Zaire e o seu próprio nome para Mobutu Sese Seko
Nkuku Ngbendu wa Za Banga, que significa em português: “O Todo Poderoso Guerreiro
que, Por Sua Força e Inabalável Vontade de Vencer, Vai de Conquista em Conquista,
Deixando Fogo em Seu Rastro”.
Com essa projecto Mobutu dá um passo ao regresso e valorização da tradição e cultura
africana. A título exemplar: as mulheres não podem vestir calças, priorizar a comida da terra,
valorizar as línguas nacionais, mormente o Lingala como língua Nacional.

2.3. CORRENTE DA FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO

O que é filosofia da libertação? onde surgiu? Quais são seus principais expoentes?
Resposta: A primeira tarefa da filosofia da libertação é a de esclarecer e justificar, na sua
originalidade, esta tomada de posição fundamental, que é também uma escolha de vida. A
Filosofia de libertação coloca no coração da pesquisa filosófica uma escolha de justiça e de
solidariedade humanas; na busca de libertar o homem de tudo aquilo que o oprime e
reprime.
Tem suas bases nas ideias do humanismo renascentista do século iluminista dos filósofos
Thomas Hobbes, John Locke, Montesquieu, Jean Jacques Rousseau e Voltaire, na
constituição liberal americana e Revolução Francesa no século XIX. Mais tarde, no século
XX, com os pensadores ideólogos como Karl Marx e Friedrich Engels e a Carta Universal dos
Direitos Humanos. O intercâmbio entre o pensamento africano e o pensamento latino
aconteceu apenas nos anos 60 e70 do século XX. Nesse entrosamento de pensamento o
objetivo é de libertar o homem da opressão.
Ainda no século XX, temos a grande a influência do pensador Emmanuel Lévinas - a
alteridade negada - antagônica à organização da sociedade e do mundo actual onde o outro
não existe. Ela se coloca numa sociedade onde o povo não é sujeito de sua história e num
mundo onde, a maioria dos povos ainda não alcançaram a condição de sujeitos libertos e
autônomos.
Ainda outros: Enrique Dussel, Paul Ricouer, Charles Tylor, Richard Roth, Martin Bubber e
Karl Marx a filosofia da Libertação critica a ideologia de exclusão do outro.

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A filosofia da libertação, foi primeiro movimento que nasceu na américa-latina e que
problematizou a possibilidade de uma filosofia latino-americana, a semelhança da Filosofia
africana, a sua legitimidade era questionada. Leopold Zea, em defesa da filosofia latino-
Americana contextualizava como filosofia da libertação. Em sua oposição, August Salazar
Bondy, publica o seu escrito na obra: existe uma filosofia latino-americana? Em suas teses
defende a inexistência da filosofia latino-americana pelo facto de ser local nas suas
abordagens semelhantes a história. Em reação, Zea publica em 1969 a Filosofia Latino
Americana como filosofia simples e Pura, defendendo a existência de uma filosofia Latino-
Americana, visto que os Latino-americanos propõem soluções universais dos problemas
vigentes.

FILOSOFIA DE LIBERTAÇÃO EM ÁFRICA

De acordo com o abordado, deve-se perceber que a filosofia da libertação pretende uma
justiça que leve em consideração o outro e não apenas o outro na sua condição de ser
interpelado como oprimido, portanto, a filosofia de liberação em África deve jogar o seu
papel com vista a romper com a ordem totalizante, rompendo com o grito da libertação.
Portanto, a África deve-se opor as tendências de pretender conceber ela como uma periferia,
pois o sistema mundo deve ser combatido numa política de alteridade (Eu e o Outro),
procurando potenciar a sua realidade e construir a sua história sem que a interferência alheia
jogue o papel mais importante.
FANON, SENGHOR e CHEIT ANTA DIOP disseram “ Senhores europeus, vamos
libertar o homem e a vocês também, dos vossos esquemas de dominação”.
Os movimentos de libertação nacional, UPA-FNLA, MPLA e a UNITA, liderados pelos
nacionalistas Álvaro Holden Roberto, Dr. António Agostinho Neto e Dr. Jonas Malheiro
Savimbi, respectivamente, foram na verdade os grandes obreiros e artífices da libertação e das
aspirações mais profundas do Povo angolano.

Agostinho Neto, na sua obra Sagrada Esperança, procura difundir o espirito da libertação
e fazer acreditar o futuro pela libertação, a esperança, a igualdade e a unidade nacional-
Poema havemos de Voltar.
Jonas Savimbi, nos seus discursos preconizava a liberdade da Pátria e dos seus cidadãos
como uma propriedade politica activa que devia designar o espaço geográfico e a vida prática
dos Angolanos.

2.4. CORRENTE HERMENÊUTICA E CRÍTICA DA FILOSOFIA AFRICANA

1.4.1. CORRENTE DA HERMENÊUTICA


Seguindo um modelo universal, mas que parte da intrínseca ser africano e este tornar-se
objecto do seu pensamento, além de que quer responder tantos outros problemas que
inquietam o ser africano no mundo; a sua ligação com os antepassados, com Deus e consigo
mesmo.
Máximos expoentes: Okere, Bimwenyi, Nkombe, Tshiamalenga, Laleye, maurier e S.
Ngoenha

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Problesmas:- A sabedoria africana (sagistica).

1.4.2. CORRENTE DA CRÍTICA


A Crítica da Filosofia, tal corrente aceita a existência da filosofia africana, mas rejeita um
particular modo de filosofia que não pode ser um pensamento particular, coletivo e mítico.
Ela deve ter as categorias rigorosas e universalmente objetivos. Um filosofar africano deve
seguir princípios universais, isto é. como tal ter as características aceites seja no Ocidente, na
África e no mundo em geral.
Máximos expoentes: F.Crahay, Eboulang,M.Towa,P.Houtondji
Problemas:-Criticam a filosofia etnológica iniciada por Temples
- Discussão sobre a existência ou não da filosofia africana.

FIM

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