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Etapa Ensino Médio

Filosofia

Filosofia nos países


africanos
1a SÉRIE
Aula 6 – 4o Bimestre
Conteúdo Objetivo

• Filosofia nos países • Identificar e analisar elementos


africanos. da filosofia africana Ubuntu.
Para começar
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Registre, no seu caderno, a sua compreensão sobre
a frase a seguir e apresente-a, caso solicitado pelo
seu professor.

Viemos a um mundo com obrigações


para com os outros, e esses outros têm
obrigações para conosco.
Moisés Sbardelotto, 2010, p. 23.
Foco no conteúdo
Reflexão filosófica: diversos e diferentes

Quem somos? De onde viemos?


e para onde vamos? Essas
questões aparentemente
simples são de uma grande
complexidade, pois remetem à
origem histórica de cada povo, à
sua composição étnico-cultural
e aos seus problemas sociais na
sociedade global, entre outros.
Kabengele Munanga
Foto: U. Dettmar/SCO/STF.
Jornal da USP
Foco no conteúdo
Em outros termos, elas colocam a questão da diversidade e do
reconhecimento das diferenças que hoje faz parte da pauta de
discussão de todos os países do mundo, mesmo daqueles que
antigamente se consideravam como monoculturais. [...]
Tanto as antigas migrações combinadas com o tráfico negreiro e a
colonização dos territórios invadidos, quanto as novas migrações
pós-coloniais combinadas com os efeitos perversos da globalização
econômica, criam problemas na convivência pacífica entre os
diversos e os diferentes.
(MUNANGA, Kabengele. “Por que ensinar a história da África e
do negro no Brasil de hoje?”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros,
2015, p. 21)
Na prática
Puxe mais
A partir da leitura do trecho, responda:

1. Segundo Munanga, por que as questões “Quem somos?”, “De


onde viemos” e “Para onde vamos?” são de grande complexidade?
Explique.

2. O tráfico negreiro, a colonização dos territórios invadidos e as


novas migrações pós-coloniais apresentam problemas que precisam
ser pensados a partir da própria realidade. Que problemas são esses?
Na prática Correção
A partir da leitura do trecho, responda:

1. De acordo como que foi apontado pelo autor, a complexidade


dessas questões está associada à origem histórica de cada povo, à
sua composição étnico-cultural e aos seus problemas sociais na
sociedade global, uma vez que remetem à nossa compreensão da
diversidade e do reconhecimento das diferenças, da convivência e
da empatia com o outro, e isso implica questões éticas e morais.
2. Resposta aberta, a depender da sua reflexão acerca dos
problemas herdados pelo tráfico negreiro, colonização e novas
migrações pós-coloniais.
Foco no conteúdo
Filosofia africana
De forma geral, temos mais contato com a filosofia europeia,
especialmente aquela produzida por filósofos alemães, franceses e
gregos. Entretanto, é importante reconhecer que o pensamento
filosófico não pode ser considerado como uma especificidade de um
determinado grupo humano. No contexto do continente Africano, por
exemplo, temos filósofos que, nascidos na África, contribuíram para a
filosofia ocidental, como Plotino (205–270), um dos fundadores do
neoplatonismo, e Agostinho de Hipona (354 a 430), autor da obra
De Civitate Dei (“A Cidade de Deus”) em Hipona, atual cidade
argelina de Annaba.
 A seguir, excerto de entrevista com Prof. Dr. Bas’llele Malomalo
sobre a filosofia Ubuntu.
Foco no conteúdo
Filosofia africana
IHU On-Line – O que é e quais as origens do ubuntu?
Bas’llele Malomalo – Etimologicamente, ubuntu vem de duas línguas
do povo banto, zulu e xhona, que habitam o território da República da
África do Sul [...]. Do ponto de vista filosófico e antropológico, o
ubuntu retrata a cosmovisão do mundo negro-africano. É o elemento
central da filosofia africana, que concebe o mundo como uma teia de
relações entre o divino (Oludumaré/Nzambi/Deus, Ancestrais/Orixás),
a comunidade (mundo dos seres humanos) e a natureza (composta de
seres animados e inanimados) [...] Como elemento da tradição
africana, o ubuntu é reinterpretado ao longo da história política e
cultural pelos africanos e suas diásporas.
Foco no conteúdo
Filosofia africana
Etnofilosofia: o
Mas podemos considerar, ainda, outros
estudo das
“encontros” e influências no contexto da
representações
filosofia antiga e no contexto do pensamento
coletivas dentro de
cristão. Na contemporaneidade, o pensamento
uma dada
filosófico africano apresenta uma abordagem
sociedade, ou mais
filosófica diversificada. Entre essas abordagens,
precisamente, [...]
destacamos a “etnofilosofia”, que busca refletir
o estudo da lógica
sobre a experiência humana, a partir do
das representações
conjunto de crenças, valores e pressupostos
coletivas.
que estão implícitos na linguagem e nas
HOUNTONDJI,
práticas culturais africanas. É nesse contexto
Paulin J. 2008, p. 09.
que podemos pensar a filosofia Ubuntu.
Foco no conteúdo
Filosofia africana
Nos anos que vão de 1910–1960, ele aparece em termos do
panafricanismo e da negritude. São esses dois movimentos filosóficos
que ajudaram a África a lutar contra o colonialismo e a obter suas
independências. A tradução da ideia filosófica que veicula depende de
um contexto cultural a outro, e do contexto da filosofia política de cada
agente. Na República Democrática do Congo, aprendi que ubuntu pode
ser traduzido nestes termos: “Eu só existo porque nós existimos”. E é
a partir dessa tradução que busco estabelecer minhas reflexões
filosóficas sobre a existência. Muitos outros intelectuais africanos vêm
se servindo da mesma noção para falar da “liderança coletiva” na
gestão da política e da vida social.
Entrevista IHU On-Line. Bas’llele Malomalo, 2010.
Na prática
Puxe mais
Responda:

Na sua opinião, os questionamentos


propostos pelo Prof. Munanga (“Quem
somos?”, “De onde viemos?” e “Para onde
vamos?”) têm relação com os princípios
da filosofia Ubuntu? Explique.

Desenho: Emerson Costa


Na prática Correção
Resposta aberta. Contudo, vale notar que as perguntas “Quem
somos?”, “De onde viemos?” e “Para onde vamos?” estão
contidas na filosofia Ubuntu, uma vez que essa filosofia tem
como princípio refletir sobre a experiência humana, de um
ponto de vista diverso, da experiência africana. As questões do
Prof. Munanga, ainda que no excerto não façam referências à
filosofia Ubuntu, dirigem-se para a compreensão dos
problemas da vida social e cultural, que enfrentamos,
notadamente, pela dificuldade do reconhecimento das
diferenças. As perguntas “Quem somos?”, “De onde viemos?”
e “Para onde vamos?” orientam para refletir sobre diversidade
e problemas de convivência, e “Eu só existo porque nós
existimos” é uma reflexão centrada nas experiências de
convivência e diversidade.
Foco no conteúdo
Ubuntu: o que significa essa filosofia africana
e como pode nos ajudar nos desafios do hoje?
Neste vídeo, Malu Cursino explica a origem da
filosofia e o que ela tem a nos ensinar.

BBC News
Ubuntu: o que significa essa filosofia
africana e como pode nos ajudar nos
desafios do hoje.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=KaQSIvW
V7wo
Aplicando
Virem e trabalhem
Após a leitura do excerto da entrevista de B. Malomalo
e depois de assistirem ao vídeo “O que é Ubuntu?”,
vocês podem elaborar uma tirinha explicando a filosofia
Ubuntu.
Para fazer essa tirinha, pensem antes em uma
estratégia de apresentação da filosofia Ubuntu. Não
esqueçam de criar uma situação-exemplo sobre como
esta filosofia pode nos apoiar acerca de questões
atuais.
O que aprendemos hoje?

• A base da filosofia africana Ubuntu;


• A abordagem etnofilosófica como estudo de
representações coletivas.
Tarefa SP
Localizador: 102073

1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com


seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.

Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
Referências
Slides 3, 6, 12 e 15 – LEMOV, Doug. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um
professor campeão de audiência. Tradução: Leda Beck. Consultoria e revisão
técnica: Guiomar N. de Mello e Paula Louzano. 2a ed. São Paulo: Da Prosa/Fundação
Lemann, 2011.
Slides 4 e 5 – MUNANGA, Kabengele. “Por que ensinar a história da África e do negro
no Brasil de hoje?”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 62,
dez. 2015. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rieb/a/WxGPWdcytJgSnNKJQ7dMVGz/?format=pdf&lang=pt#:
~:text=Sem%20construir%20a%20sua%20identidade,seus%20compatriotas%20de%
20outras%20ascend%C3%AAncias. Acesso em: 8 ago. 2023.
Slide 9 – HOUNTONDJI, Paulin J. “Etnofilosofia: a palavra e a coisa”. Revue Africaine
de Philosophie, n. 7, 2008, p. 9. Tradução: Mariana Batista Gomes de Sousa Braz.
Disponível em: https://filosofia-
africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/paulin_hountondji_-
_etnofilosofia._a_palavra_e_a_coisa.pdf. Acesso em: 8 ago. 2023.
Referências
Slides 09, 10 e 11 – IHU On-Line. “Entrevista por Moisés Sbardelotto”. Revista do
Instituto Humanitas Unisinos. São Leopoldo, dezembro de 2010 – edição 353.
Disponível em:
https://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao353.pdf. Acesso em:
7 ago. 2023.
SÃO PAULO. Currículo Paulista: Etapa Ensino Médio. Organização: Secretaria da
Educação. Coordenadoria Pedagógica: União dos Dirigentes Municipais de Educação
do Estado de São Paulo – UNDIME. São Paulo: SEDUC, 2020.
Referências
Lista de imagens e vídeos

Slides 3 e 16 – Marcelo Ortega/@ortega_alemão


Slide 4 – Kabengele Munanga. Foto: U. Dettmar/SCO/STF.
Jornal da USP. Disponível em:
https://jornal.usp.br/institucional/kabengele-munanga-e-o-
homenageado-no-15o-premio-usp-de-direitos-humanos/.
Slide 14 – BBC News. Ubuntu: o que significa essa filosofia africana
e como pode nos ajudar nos desafios do hoje. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=KaQSIvWV7wo.
Slide 12 – Emerson Costa/2021.
Material
Digital

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