Você está na página 1de 3

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto de História

Disciplina: Discursos e práticas de “demonização” nas conquistas e colônias europeias

Prof. Dr. Jorge Victor de Araújo Souza


Terças-feiras – 8:40 às 12:00 h
Ementa:

Em diversos corpus mitológicos, ao longo da história, há a presença de um opositor de Deus, ou dos


Deuses, com sentido negativizado quanto às suas atuações no mundo. No entanto, mesmo sob
designações diversas, é no universo cristão que tal “ser” ganhou suas imagens mais conhecidas,
sobretudo, por conta, da circulação de obras demonológicas e de crenças populares. Foram muitos
os agentes sociais que tiveram suas práticas e crenças “demonizadas”, ou seja, que sofreram um
processo de estigmatização que incluiu o amalgama de, pelo menos, um aspecto demonológico.
Abarcaremos um amplo espectro de sujeitos históricos, representações e estudos de casos, tanto por
meio de bibliografia pertinente ao tema, quanto por documentos históricos impressos.

Unidade I: Surgimento e desdobramentos do gênero demonológico

1. As condições de produção do conhecimento demonológico;


2. Principais conceitos e categorias;
3. Principais querelas teológicas acerca do assunto;
4. Máquinas de demonização: criação de imagens e identidades.

Textos básicos para debate:

a) BOUREAU, Alain. Satã herético: O nascimento da demonologia na Europa Medieval (1280-


1350). Campinas: Editora Unicamp, 2016.
b) CLARK, Stuart. Pensando com demônios. A Idéia de Bruxaria no Princípio da Europa
Moderna. São Paulo: EDUSP, 2006.
c) DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente. 1300 – 1800. São Paulo: Companhia das
Letras, 2001.

Unidade II: “Agentes de satã na Europa”: a invenção de inimigos

1. Bruxos (as), feiticeiros (as);


2. Curandeiros (as);
3. Idolatrias;
4. Católicos e Protestantes.

Textos básicos para debate:

a) BETHENCOURT, Francisco. O imaginário da magia. Feiticeiras, adivinhos e curandeiros em


Portugal no século XVI. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
b)CARO BAROJA, Julio. Las brujas y su mundo. Madrid: Alianza Editorial, 1995.
c)CLARK, Stuart. Pensando com demônios. A Idéia de Bruxaria no Princípio da Europa Moderna.
São Paulo: EDUSP, 2006.
d)DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente. 1300 – 1800. São Paulo: Companhia das
Letras, 2001.
e) GINZBURG, Carlo. História noturna. Decifrando o Sabá. São Paulo: Companhia das Letras,
1991.
f) _____. Andarilhos do bem. Feitiçarias e cultos agrários nos séculos XVI e XVII. São Paulo:
Companhia das Letras, 2001.
g) MANDROU, Robert. Magistrados e feiticeiros na França do século XVII. Uma análise da
psicologia histórica. São Paulo: Editora Perspetiva, 1979.
h)MONDZAIN, Marie-José. Imagem, ícone, economia. As fontes bizantinas do imaginário
contemporâneo. Rio de Janeiro: Contraponto, MAR, 2013. p. 231-267.
i) ROSSI, Paolo. A ciência e a filosofia dos modernos. Aspectos da Revolução Científica. São
Paulo: Editora UNESP, 1992.
j) SCHMITT, Jean-Claude. Os vivos e os mortos na Sociedade Medieval. São Paulo: Companhia
das Letras, 1999. p. 113-142.
l) THOMAS, Keith. Religião e o declínio da magia. Crenças populares na Inglaterra – Séculos
XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

Unidade III: “O Mal” no Atlântico: demonização e perseguição

1. Demônios nas naus;


2. Idolatrias atlânticas;
3. Sujeitos demonizados: Mulheres, judeus, índios e africanos.

Textos básicos para debate:

a)CAÑIZARES-ESGUERRA, Jorge. Católicos y puritanos en la colonización de América. Madrid:


Marcial Pons, 2008.
b)FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo:
Elefante, 2017.
c)GRUZINSKI, Serge. A colonização do imaginário. Sociedades indígenas e ocidentalização no
México espanhol. Séculos XVI-XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 218-270.
d)____. A guerra das imagens. De Cristóvão Colombo a Blade Runner (1492-2019). São Paulo:
Companhia das Letras, 2006. p. 54-94.
e)LINK, Luther. O diabo. A máscara sem rosto. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
f)MELLO E SOUZA, Laura de. Inferno Atlântico. Demonologia e colonização. Séculos XVI-
XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
g)____. O Diabo e a Terra de Santa Cruz. Feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial. São
Paulo: Companhia das Letras, 1987.
h)MELLO E SOUZA, Marina de. Além do visível. Poder, catolicismo e comércio no Congo e
Angola (séculos XVI e XVIII). EDUSP: São Paulo, 2018. p. 225-287.
i)SCHIFF, Stacy. As bruxas: Intriga, traição e histeria em Salem. Rio de Janeiro: Zahar, 2019.
j)SCHWARTZ, Stuart B. Tolerância religiosa e salvação no mundo ibérico. São Paulo: Companhia
das Letras; Bauru: EDUSC, 2009.
l)TAUSSIG, Michael T. O diabo e o fetichismo da mercadoria na América do Sul. São Paulo:
Editora UNESP, 2010.
m)VAINFAS, Ronaldo. A heresia dos índios. Catolicismo e rebeldia no Brasil colonial. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
n)VARELLA. Alexandre C. A embriaguez na conquista da América. Medicina, idolatria e vício no
México e Peru, séculos XVI e XVII. São Paulo: Alameda, 2013.
o)WACHTEL, Nathan. Deuses e vampiros: de volta a Chipaya. São Paulo: EDUSP, 1996.
Fontes primárias básicas

a)ALIGHIERI, Dante. Divina Comédia. Campinas: Editora Unicamp, 2012.


b)Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Editora Paulus, 2019.
c)Brognolo recopilado, e substanciado com additamentos de gravissimos authores. Por frei José de
d)Jesus Maria, Lisboa: Oficina de Miguel Menescal da Costa, 1753.
Loc. OR. V-419-1,2.
e)Compendium rarissimum totius Artis Magicae sistematisatae per celeberrimos Artis hujus
Magistros, 1775.
f)MARLOWE, Christopher. A trágica história do Doutor Fausto e a história do Doutor João
Fausto de 1587: o nascimento de uma tradição literária. Campinas: Editora Unicamp, 2018.
g)ONDEGARDO Y ZÁRATE, Juan Polo de. Tratado y averiguación sobre los errores y
_____.supersticiones de los indios (1559). Revista Histórica. Órgano del Instituto Histórico del
Perú. Dirigida por Carlos Alberto Romero. Volumen 1, Lima, 1906, páginas 192-203.
h)____.Instrucción sobre las ceremonias y ritos que usan los indios conforme al tiempo de su
gentilidad 6 capítulos (1567). Revista Histórica. Órgano del Instituto Histórico del Perú. Dirigida
por Carlos Alberto Romero. Volumen 1, Lima, 1906, páginas 207-231.
i)SPRENGER, James; KRAMER, Heinrich. O martelo das feiticeiras (Malleus Maleficarum). Rio
de Janeiro: Edições Bestbolso, 2018.

Para consulta:

LEVACK, Brian (Edit.) The Oxford Handbook of Witchcraft in Early Modern Europe and Colonial
America. Oxford: Oxford University Press, 2013.

Filmografia:

1. A Bruxa (The Witch). Direção: Robert Eggers, EUA, CAN, UK, 2015.
2. As Bruxas de Salém (The Crucible). Direção: Nicolas Hytner. EUA, 1996.
3. Bruxa – A face do demônio (The Witches). Direção: Cyril Frankel, UK,1966.
4. Häxan (A Feitiçaria Através dos Tempos). Direção: Benjamin Christensen, Suécia;
Dinamarca, 1922.

Você também pode gostar