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Quando estiver a ler este texto já poderá ter participado no encontro promovido pela Câmara
Municipal de Loulé, dia 11 de Janeiro, subordinado ao tema: «Existe uma escrita do sul?». Também
eu espero poder lá ter estado, mas, entretanto, aqui vos deixo a minha reflexão, que não versa sobre
nenhum dos intervenientes – que muito aprecio – do referido encontro, mas sobre outro: Rogério
Silva. Isto, porque já uma vez me tive de pôr a pergunta «o que é um escritor regional?».
Tudo aconteceu há uns anos, quando procurava o último livro de José Carlos Fernandes,
(insigne autor de banda desenhada que, por acaso, é de Loulé, e de quem hei-de falar neste espaço).
A situação foi a seguinte: tinha-me dirigido a uma livraria em Faro, daquelas que pertencem
a uma cadeia de livrarias, e perguntei se tinham o referido livro (devia ser um dos volume de A Pior
Banda do Mundo). Como a funcionária não estivesse a localizar o autor, eu acrescentei «ele até é
daqui, de Loulé». Foi então que ouvi a resposta mais espantosa: «Ah, então não temos. Nós não
temos escritores regionais».
Diziam os antigos
São puros mentirosos todos os que pretendem fazer crer que, se não se entregam ao estudo, é por
causa dos seus inúmeros afazeres. Na realidade, tais afazeres são um pretexto, sãai afazeres
empolado por gente que se quer fingir ocupada! Eu sou um homem livre, inteiramente livre, e ond
quer que esteja, tenho todo o tempo à minha disposição. Não me entrego aos afazeres, presto-me a
eles, quanto muito, e não me ponho à procura de ocasiões para perder tempo.
Séneca, Cartas a Lucílio, 62. Edição da Fundação Calouste Gulbenkian.