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Cálculo de Esforços em Lajes (Placas finas)

Características Gerais:

• Estruturas de superfície (placas)


• Bidimensional: duas dimensões prevalecem sobre a terceira
(espessura << comprimento e largura)
• Cargas perpendiculares ao plano: Cargas concentradas, distribuídas em linha ou por
uma área.
• Utilizadas como pisos, pavimentos, coberturas, etc.
• Descarregam suas cargas em vigas ou pilares que servem de apoio.
• Podem ser maciças, nervuradas, mistas (pré-moldadas), etc.
Deslocamentos:

• Translação em Z ou flecha (w)


• Rotação em X (θx)
• Rotação em Y (θy)
Esforços internos:

• Momento fletor em X (Mx)


• Momento fletor em Y (My)
• Momento torçor em X (Txy)
• Momento torços em Y (Yyx)
• Cortante em X (Vxz)
• Cortante em Y (Vyz)
Equação diferencial das placas:

𝜕4𝑤 𝜕4𝑤 𝜕 4 𝑤 −𝑞
+ 2 + =
𝜕𝑥 4 𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑦 4 𝐷
𝐸ℎ3
Onde 𝑤 = 𝑤(𝑥, 𝑦) é a solução dos deslocamentos e 𝐷 = é a rigidez da placa.
12(1−𝜈2 )

Os esforços internos podem ser determinados por:


𝜕2𝑤 𝜕2𝑤
𝑀𝑥 = −𝐷 ( + 𝜈 )
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2

𝜕2𝑤 𝜕2𝑤
𝑀𝑦 = −𝐷 ( 2 + 𝜈 2 )
𝜕𝑦 𝜕𝑥

𝜕2𝑤
𝑀𝑥𝑦 = 𝑀𝑦𝑥 = −𝐷(1 − 𝜈) ( )
𝜕𝑥𝜕𝑦

𝜕 𝜕2𝑤 𝜕2𝑤
𝑉𝑥 = −𝐷 ( 2 + 𝜈 2)
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦

𝜕 𝜕2𝑤 𝜕2𝑤
𝑉𝑦 = −𝐷 ( 2 + 𝜈 2)
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑥

Entretanto a solução desta equação só é possível para alguns casos particulares,


geralmente em forma de séries.
Para alguns casos mais comuns recorremos a soluções aproximadas e para casos mais
complexos utilizamos métodos numéricos como, por exemplo, o método dos elementos finitos
(MEF).
SOLUÇÃO DE NAVIER
Para placa retangular, simplesmente apoiada nas bordas, submetida a
carga uniformemente distribuída q(x,y)=q0 constante e =0. A solução foi proposta por
Navier em 1820 empregando uma serie dupla de Fourier para a carga e a deflexão,
temos:
 
16q0 sin(mx a) sin(ny b)
q( x, y)   (m,n=1,3,...)
m n 2 mn

16q0   sin(mx a) sin(ny b)


w  
 6 D m n mn (m / a) 2  (n / b) 2 2 
(m,n=1,3,...)

 2 w 16q0  
( m a ) 2   ( n b) 2 mx ny
Mx  D 2  4 
 
sin sin
x  m n mn (m / a)  (n / b)
2 2 2 a b

 2 w 16q0  
 ( m a ) 2  ( n b) 2 mx ny
My  D  4 
 
sin sin
y 2  m n mn (m / a)  (n / b)
2 2 2 a b

2w 16q0 (1  )   1 mx ny


M xy  D  
 
cos cos
xy  ab
4
m n ( m / a )  ( n / b)
2 2 2
a b

Para uma placa retangular a máxima deflexão ocorre no meio da placa, para x=a/2
y=b/2, então
m n
( ) 1
16q   (1) 2
 6 0 
 
wmáx
 D m n mn (m / a) 2  (n / b) 2 2
Aplicação: Para uma placa quadrada a=b, utilizando os quatro primeiros termos (m=1,3
e n=1,3) o que dá a solução quase exata, temos no meio da placa:
wmax=0,004055q0a4/D

Mx,máx=My,máx=0,0361q0a2

TEORIA DE GRASHOF (1878)

• Teoria das grelhas


• Teoria dos quinhões de carga
Consiste em assumirmos que a laje é formada por uma grelha de largura unitária
e igualarmos a flecha máxima da laje.

Equação de equilíbrio:
qx+qy=q (1)

Equação de compatibilidade:
fx=fy (2)

sabemos que para uma viga simplesmente apoiada com carga uniforme a flecha
máxima no meio do vão é dada por f=5ql4/384EI, assim obtém-se:
4
5q x a 4 5q y b
fx    fy
384 EI 384 EI
A solução é dada por:

qb 4 q qa 4 q4
qx   4 = qy   onde =a/b
a b
4 4
 1 a 4  b 4 4  1
Os momentos são dados por:

qx a 2 qa 2 q yb2 qb 2 4 qa 2 2
M x , max   M y ,max   
8 8( 4  1) 8 8(4  1) 8(4  1)
5qa 4
fm  

384 EI 4  1 
Aplicação 1: Para uma placa quadrada, temos:

a=b e =1

q q
qx    qy
 1 2
4

5q x a 4 5qa 4 qa 4
fx    0,00651
384 EI 768EI EI

q x a 2 qa 2
M x ,max  M y ,max    0,0625qa 2
8 16
Aplicação 2: Para uma placa retangular com b=2a, temos:

= a/b = a/2a = 1/2

b=2a

5qa 4 5qa 4 16
fx  
 
384 EI 4  1 384 EI 17

q q
qx    0,941q
  1 1/ 24  1
4

q4 q1/ 2
4
qy    0,059q
  1 1/ 24  1
4

Conclusão: ~94% da carga atua na menor direção da laje.


TEORIA DE MARCUS (1925)

Propõe corretores á teoria de Grashoff , para levar em conta a rigidez à torção, que
reduz a flecha e os momentos.

M xM,max  M xG,max (1   x ) M yM,max  M yG,max (1   y )

Onde:
G G
5 M x ,max a 2 5 M y ,max b 2
x  y 
6 M x0,max b 2 6 M y0,max a 2

onde

qa 2 qb 2
M x0,max  M y0,max 
8 8
momento máximo quando toda a carga age na direção do momento que e esta
calculando e as bordas são supostas apoiadas:

A flecha é corrigida por

qx a 4
f x  1   x 
72 EI
Para uma placa com todos os bordos apoiados, temos:

qa 2 qa 2 2
5 8(4  1) a 2 5 2 5 8(4  1) b 2 5 2
x   y  
6 qa 2 b 2 6 4  1   6 qb 2 a 2 6 4  1 
8 8

Aplicação: Para uma placa quadrada, temos:

1
5 16 5
x  
6 1 / 8 12
qa 2 7 7
M xM,max  M xG,max (1  5 )   qa 2  0,0365qa 2
12 16 12 192

 5  q / 2a 4 7 qa 4 qa 2
f x  1     0,00405
 12  72 EI 1728 EI EI
MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

DISCRETIZA A LAJE EM PEQUENOS ELEMENTOS RETANGULARES

• Assume funções para representar a variação dos deslocamentos ao longo do


elemento.
• Impõe condições de compatibilidade e equilíbrio nos nós.

APLICAÇÃO
Para uma laje retangular com todos os bordos apoiados, complete o quadro abaixo:
Dados: Lx=4,0m; Ly=5,0m; h=0,10m; E=2,4e7; =0,2; kN/m2; q= 10 kN/m2.

Eh 3
2
qLx = 160,00 4
(qLx /D) = 1,229 D =2083,33
12(1  2 )

QUADRO COMPARATIVO

TEORIA wmax/(mm) Mxm Mym


Grashoff 11,82 14,19 9,08
Marcus 7,84 8,82 5,65
Navier (4 termos) 7,40 10,04 7,14
MEF 2x2
MEF 4x4
MEF 8x8
MEF 16x16

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