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FLÁVIO TAVARES RODRIGUES

A INTERNACIONALIZAÇÃO DO BANCO AFRICANO DE INVESTIMENTOS

À LUZ DA TEORIA DE UPSALA

LUANDA 2010

Todos direitos reservados a Flávio Tavares Rodrigues, Bacharel em Relações Internacionais,


Contactos: flaviodiplomata1@hotmail.com ou 918743003
FLÁVIO TAVARES RODRIGUES

Flávio Tavares Rodrigues “Bacharel em Relações Internacionais”

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FLÁVIO TAVARES RODRIGUES

Resumo:

Este artigo procura compreender o processo de internacionalização do Banco BAI a medida em


que analisa a sua inserção no contexto das transformações estruturais ocorridas no sistema
bancário angolano, nas últimas décadas a partir do início da década de 1990. Visando atingir
esses objectivos, o texto se estrutura da seguinte forma: introdução, Desenvolvimento,
conclusão. Foi então possível confirmar que no processo de internacionalização do Banco
Africano de Investimentos (BAI) estiveram na base para além de razões produtivas e rentáveis,
razoes políticas.

Palavras-chaves: Teoria de Upsala; Internacionalização

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FLÁVIO TAVARES RODRIGUES

Introdução

A 14 de Novembro de 1996, foi criado o BAI, Banco Africano de Investimento, emergindo no


mercado como o primeiro banco privado angolano. A Petrolífera Sonangol com cerca de 17%
era no momento da sua criação o maior accionista.

Com o rótulo de banco de investimento o BAI apresentou uma postura de grande capacidade
perante um contexto de instabilidade política e económica que grassava o sistema financeiro
angolano maioritariamente construído por bancos estrangeiro sendo que os outros eram
estatais (BPC, BCI e Caixa Agropecuária CAP CAB).

No seu segundo ano de existência o Banco BAI estendeu a sua actividade para o exterior
(Portugal) e conforme o tempo abriram-se outras representações em Cabo Verde com o BAI
Cabo Verde e com parcerias que asseguram negócios BAI em S.Tomé e Príncipe, Brasil e África
do Sul.

No âmbito de uma visão governamental de criação de instituições privadas fortes de direito


nacional o BAI assumiu esse compromisso na sua visão transformando-se, poucos anos depois
num dos maiores representantes do sistema financeiro Angolano.

O presente artigo representa um objectivo de compreender a internacionalização do BAI a luz


da teoria de Upsala. De facto, contextualizar a teoria de Upsala no processo de
internacionalização do BAI e demonstrar a relevância da questão psíquica no processo de
internacionalização representam no específico a intenção porque escrevemos este artigo cujas
hipóteses criadas são as seguintes:

H1 – No processo de internacionalização do BAI as questões rendistas suplantaram as psíquicas.

H2 – No processo de internacionalização do BAI as questões psíquicas suplantaram as rentistas.

H3 – No processo de internacionalização do BAI convergiram factores psíquicos e rentistas.

Estamos conscientes de que este e um exercício de grande responsabilidade porquanto


achamos que nos interessa a todos e por isso temos certeza das limitações e talvez lacunas, se
preferirem pois ele representa uma interpretação subjectiva dos factos por não se tratar de uma
aplicação da teoria de Upsala as politicas do BAI mais sim de uma interpretação analógica sobre
como de forma consciente ou inconsciente esteve presente a teoria de Upsala no processo de
internacionalização do BAI.

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As dificuldades para sua elaboração foram de varias índoles com forte menção para a
bibliografia e o factor tempo de elaboração, todavia satisfaz-nos o facto de ser um modesto
contributo a divulgação e compreensão desta organização que a todos nos orgulha.

A Internacionalização do Banco Africano de Investimentos a luz da Teoria de Upsala

Quando pela primeira vez defrontei a teoria de Upsala sobre a internacionalização das
empresas, num contexto em que buscava elementos para responder as questões sobre a
internacionalização das instituições financeiras, em pleno período de crise internacional,
pareceu-me do ponto de vista de conhecimentos ter atingido uma satisfação coperniciana. A
razão para tal sentimento se deve ao facto de que para uma organização financeira os conceitos
lucro, perda, risco, contenção de custo, salários, etc.… são mais frequente perante uma
aventura psíquica como o sugerido pela teoria de Upsala.

As teorias tradicionais de internacionalização foram desenvolvidas por vários autores com


diferentes perspectivas. Revisões mais recentes da literatura (ANDERSEN;BUVIK, 2002;
RÄISÄNEN, 2003) as classificam em duas linhas de pesquisa:

• Abordagens da internacionalização com base em critérios económicos – dentro desse


enfoque, prevaleceriam soluções (pseudo) racionais para as questões advindas do processo de
internacionalização, que seria orientado para um caminho de decisões que trouxessem a
maximização dos retornos económicos;

• Abordagem da internacionalização com base na evolução comportamental – nesse enfoque, o


processo de internacionalização dependeria das atitudes, percepções e comportamento dos
tomadores de decisão, que seriam orientados pela busca da redução de risco nas decisões sobre
onde e como expandir.

Estas duas perspectivas desenvolveram várias teorias entre as quais a Teoria do Poder do
Mercado, a Teoria da Internacionalização, a Teoria Eclética, O modelo de Uppsala, as Network e
a empreendedorismo internacional.

“Na tentativa de explicar o processo de internacionalização surgem algumas teorias, as quais


considera-se pioneira a Teoria de Uppsala. Segundo o modelo de Uppsala, é provável que a
empresa inicie suas vendas externas via exportação e com um comprometimento limitado
frente a estes mercados, normalmente geograficamente próximos ao país sede da empresa
(Hilal e Hemais, 2001). Na medida em que a empresa vai ganhando experiência vai aumentando
seu comprometimento com o mercado externo, dando um passo a frente no seu processo de
internacionalização (Johanson e Wiedersheim-Paul, 1975). O factor chave na Teoria de Uppsala
é referente à percepção da distância psíquica. Conforme Johanson e Wiedersheim-Paul (1975), a
distância psíquica estabelece a relação entre as empresas e o mundo; em uma distância
subjectiva que depende da forma de como cada gestor vê o mundo, da sua percepção da

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realidade. Em outra vertente, oposta a Teoria de Uppsala, surge a abordagem contingencial,


onde as decisões sobre o modo de entrada são feitas de maneira racional, baseadas nos custos
relativos a internacionalização (Whitelock, 2002). A intenção desta abordagem é identificar e
estimar a significância dos factores que influenciam o início de actividades de produção em um
país estrangeiro para empresa, assim como o aumento das actividades de produção neste
(Dunnig, 1998).”1 Ou seja a de colocarmos a questão:

Porquê um banco se internacionaliza?

Para responder a esta pergunta Krugma e obstifield elegem o crescimento do comércio


internacional e a natureza multinacional da actividade produtiva como os fortes factores da
internacionalização da actividade bancária. Entretanto, obviamente que não são os únicos,
entram também no conjunto de factores o desejo dos bancos de escapar das regulamentações
governamentais doméstica e o desejo de alguns depositantes de manter moedas fora da
jurisdição dos países que as emitem. Todavia, subjaz nestes factores duas ideias principais: A
primeira é o desejo do banco estar a altura das exigências dos seus clientes (particularmente
empresas) e o segundo é a maximização do lucro. Para estas duas realidades a aversão ao risco
é na verdade o factor principal.

Na grande vontade de internacionalização subjaz um outro grande motivo: a aversão ao risco. O


aumento dos lucros está fortemente ligado com o investimento em territórios onde o risco de
perdas é sempre inferior as possibilidades de ganhos. Um grande exemplo de diversificação está
no grande adágio sobre a “separação dos ovos em várias cesta” o que permite contar sempre
com mais uma oportunidade. Todavia, sem nos opor a Krugma e Obstifield a somar a estes
factores por eles apresentado esta questão psíquica de que nos fala o modelo de Upsala. Na
verdade a percepção do decisor tem grande relevância em relação ao local onde intervir pois
que a intervenção num mercado significa um grau de relacionamento afectivo do decisor que o
traduz na presença da sua empresa naquele local.

Podemos desta forma enquadrar e reflectir sobre o processo de internacionalização do BAI


sobre o olhar do modelo de Upsala.

Para o caso do Banco BAI o modelo de Upsala parece encontrar enquadramento em dois
factores: A sua estrutura de sócios e a grande ambição dos seus executivos que procuram a todo
custo materializar uma grande visão que e a de fazer do BAI uma referencia em África e no
mundo.

Não podemos descurar que o Banco BAI surge numa altura em que o protocolo de Lusaka é
ultrapassado pela oficialização da retoma ao soar das armas em Angola o que aumentou as
possibilidades de risco de perdas paras as instituições financeiras nacionais em termos de
negócios. Igualmente, travava-se uma grande batalha dentro do sistema financeiro angolano no

1
http://209.85.229.132/search?q=cache%3Aqb9YHU9vNZsJ%3Awww.inovates.com.br%2Fadmin%2Ffile
s%2Fartigo%2Fartigo_enead_empri.pdf+conceito+de+internacionaliza%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-
PT&gl=br

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sentido de se controlar a inflação que na ocasião ameaçava atingir níveis desproporcionais.


Perante tal quadro a necessidade de se encontrar mercados mais seguros ao investimento era
cada vez mais forte para a jovem instituição angolana. Durante os seus primeiros anos de vida as
acções do BAI foram sempre de forma inibida, centrada sobretudo no investimento cautelar do
empresariado local enquanto se esperava por um ambiente mais afável para uma intervenção
desinibida. A necessidade de se encontrar mercados que proporcionassem maiores seguranças
ao investimento era grande e urgente. E aqui onde se encontra Krugma e Upsala. Se por um lado
estão a aversão ao risco e a maximização dos lucros a questão é porque primeiro Portugal?...

A resposta não parece difícil a medida em que temos conhecimento do postulado teórico de
Uppsala. De facto, no caso BAI-Portugal a distância geográfica é superada pela proximidade
psíquica que abarca a história, a cultura, a política e toda a riqueza intelectiva que junta Portugal
a Angola. E neste sentido, Portugal está mais próximo de Angola do que qualquer outro país.

Por outro lado está a questão rentável. Penetrar no mercado português significa para o BAI
atingir o mercado europeu e numa altura em que Portugal merecia maior atenção pela União
Europeia devido a sua inserção, não existia ocasião melhor para o BAI realizar tal aventura.
Curioso é que o BAI entrou com toda a sua força, controlando 99,9% das acções do BAI-Europa.
E curiosa a sua forca reflectida ate mesmo no nome “BAI-Europa” o que mantém a fidelidade na
sua visão de se tornar uma referência internacional. Portugal transmite para os decisores e
sócios do BAI um ambiente de familiaridade de confiança e um certo sentimento de estar no
mesmo território. E uma realidade subjectiva que relaciona com a percepção do local onde
intervir. Todavia, o BAI não parou em Portugal e novamente ao abrigo do modelo de Upsala
abriu o BAI Cabo Verde, criou representações em S. Tome Brasil e mais recentemente em
Johanesburg, na África do Sul.

O modelo de Upsala parece complementar as outras teorias de internacionalização. Ela


representa a humanização da selvajaria nas teorias defensoras do lucro dando-lhe um cunho
ético em detrimento da corrida exacerbada para o lucro como advogam as demais teorias. Ao
colocar a subjectividade psíquica do gestor no processo de internacionalização, fortemente
ligada as questões culturais, a teoria Upsala impõe ao gestor para alem da sua racionalidade o
aspecto relacional como factor fundamental no processo de internacionalização.

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Conclusão

O presente artigo nos permite confirmar a terceira hipótese. Uma vez que como constatamos,
motivações produtivas e rentáveis, consubstanciadas às psiques estiveram na base da
internacionalização do Banco Africano de Investimentos.

Senão vejamos:

- Existe uma real distinção entre a internacionalização da instituição (em que esta mantém a sua
marca no plano exterior) e a internacionalização do capital da instituição (em que este apenas
aplica o seu capital sobre uma outra marca). Do primeiro ponto de vista subjaz a intenção
produtiva e no segundo simplesmente a rentista. No caso Banco BAI, mantém o produto com o
BAI Europa e BAI Cabo Verde sendo que para os outros espaços internacionais o BAI
simplesmente aplica a disposição o seu capital.

- Por outra, e evidente que as relações históricas e culturais tenham exercido grande
preponderância nas decisões de internacionalização do BAI pelo mercado europeu e pelo resto
da lusofonia.

Portanto, o modelo de Upsala em nosso entender adecua-se a realidade internacional do BAI


porquanto esteve e ainda se mantém nas mais variadas actuações internacionais em eu este se
colocar. Por outra, o BAI representa hoje o orgulho do sistema financeiro angolano; três vezes
consecutiva erguendo a bandeira de melhor banco de Angola, referencia em África e entre os
mil melhores banco do Mundo.

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