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INTRODUGAO

,
A prédica e caracteristica do cristianismo. Nenhuma outra reli-
gifio jamais tomara a reuniao freqiiente e regular d-e masses humanas
para se o-uvir a instrugao religiosa e a exortagao c-omo parte integrante
do cult-o divino. O judaismo tivera algo semelhante a isso no tempo
dos profetas, e posteriormente na época dos leitores e dis-cursadores
da sinagoga. Mas, a prédica em si nao era coisa essencial nos exer-
cicio-s religiosos do templo.
No mundo greco-romano do p-rimeiro século d-e nossa era, 0 £116-
sofo predicador, que se valia do instrumento mais que finamente po-
lido da. retérica grega, era figura conhecida e familiar,1 mas nem a
religiao dos judeus, nem a filosofia dos gregos imprimiram a prédica o
significado que ela possui no cristianismo, em cujo seio ela constitui
a fungi-o primaria. Anotando os sucessos da prédica crista, especial—
'ment-e os dos filtimos tempos, outras religifies e seitas hao adotado a
prédica em gran limitad-o; mas permanece como verdadeiro 'o fato de
que, como servigo basico da igreja em sua histéria e significado, é a
prédica uma instituigao peculiarme-nte cristafl‘
I. 0 LUGAR E O PODER DA PREDICA
No ministério de Jesus, a prédica ocupou o lugar central. Embo-
ra fort-emente tentado a dar primazia a outros métodos de abordar
0 130170, Jesus “veio pregando”. Na sinagoga de Nazaré, o Mestre Se
descreveu a Si mesmo como divinamente enviado “a pregar boas novas
ao pobre. .. a proclamar liberdade aos cativos. .. a anunciar o ano
aceitavel do Senhor” (Lucas 4:16-21). E os evangelhos nos apresen-
tam quadros. inesqueciveis do Pregador itinerant-e, nas sinagogas, nos
mont-es, a beira-mar, indo de Vila em Vila, arrastando apés Si multi-
d6es quase incontaveis, deixando o povo abismado e eletrizado com
Suas palavras de graga e com a autoridade do Seu ensino. Joao, es—
crevendo muitos anos depois, lembrou de modo vivido a pregagao do
seu Senhor no templo por ocasiao duma das grandes festas do judais-
mo. Ele nos relata que certo dia “Jesus clamou no templo, ensinan-
do e dizendo. . .” doutra feita, no ultimo dia da festa, diz Joao que
Jesus “se pés de pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem séde, venha a
mim e beba” (J0510 7 :28,37). A prédica de Jesus era um clamor, mui
insistente por Sua compaixao, e poderoso por sua urgéncia.
O fato, tantas vézes referid-o por educadores modernos; de que o
ministério oral de Jesus é mais constantemente apelidado de ensino
que de prédica, é facilmente mal-interpretado e da base a distingé’es
1 Angus -—— The Early Environment of Christéwn'ity, pg. 74 em diante.
2 H. H. Farmer —— The Servant of the Word, cap. I.

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