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Laura Susana Santos Silva Garrido

Vinho verde: A importância da sub-região local no momento da escolha

Trabalho desenvolvido no âmbito da


Unidade Curricular de Gastronomia,
Enologia e Cultura, sob orientação do Prof.
Doutor Gonçalo Maia Marques, do Mestrado
de Turismo, Património e Desenvolvimento

Instituto Universitário da Maia


Junho de 2017
Índice

Introdução ......................................................................................................................... 2

Nota metodológica............................................................................................................ 4

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes ........................................................................ 5

O enoturismo em Portugal: a Região dos Vinhos Verdes .............................................. 13

A Rota dos Vinhos Verdes ......................................................................................... 19

Vila do Conde na sub-região dos vinhos verdes e a escolhas vínicas nos restaurantes: um
estudo de caso ................................................................................................................. 22

Considerações finais ....................................................................................................... 28

Referências ..................................................................................................................... 30

Anexos ............................................................................................................................ 33

1
Introdução

O presente trabalho, elaborado no âmbito do seminário de Enologia, Gastronomia e


Cultura, irá desenvolver-se em torno da Região Demarcada dos Vinhos Verdes e sua
potencial influência na escolha dos vinhos na restauração, tendo por base a localização
geográfica de Vila do Conde na sub-região do Ave. É nosso objetivo procurar perceber
de que forma esta localização poderá influir os clientes dos restaurantes da zona ribeirinha
de Vila do Conde, no momento de optar pela escolha de vinho como acompanhamento
das suas refeições, assim como é, igualmente, nosso objetivo procurar perceber o papel
dos restaurantes e a sua importância na promoção deste produto regional.

Da análise bibliográfica desenvolvida, e pese embora se reconheça o interesse da


harmonização dos vinhos com as ementas sugeridas na restauração, verifica-se a
existência de um reduzido número de estudos neste âmbito. Paralelemente, sentimos
dificuldade em encontrar consenso em torno das principais motivações para a escolha do
vinho no momento da compra, sendo esta temática muito atual no campo da investigação,
quer do ponto de vista teórico, quer no que concerne às suas potencialidades e aplicação
prática no sector vitivinícola, turístico e económico. Esta questão tem particular interesse
para o caso português, onde quase não existem trabalhos nesta área.

A nossa análise relaciona-se com o interesse e a importância crescente dos Vinhos Verdes
no setor vitivinícola português, assim como, com a afirmação que o enoturismo
desempenha no setor turístico, sendo que, no caso português, é considerado, pelo Plano
Estratégico Nacional do Turismo (PENT), bem como pela Região Turística Porto e Norte
de Portugal, onde a região demarcada se integra, como um produto estratégico. De
assinalar que em 2014, num estudo desenvolvido pelo IPDT, Instituto de Turismo, o
enoturismo destronou o turismo sol e mar como o principal produto turístico de Portugal.

No âmbito da União Europeia, Portugal é o quinto maior produtor de vinho e pertence ao


grupo dos maiores consumidores (apesar do consumo ter vindo a diminuir nos últimos
anos), a par da França e de Itália, ocupando, ainda, lugar de destaque no comércio
internacional, quer a nível europeu, quer a nível mundial. A nível interno, a procura pelos
produtos nacionais denota a preferência dos consumidores, que buscam produtos de
melhor qualidade e com valor acrescentado, o que tem, por seu turno, potenciado o
desenvolvimento do enoturismo (Simões, 2008; Guia, Mota, & Marques, 2017).

2
Considerada uma das maiores e mais antigas regiões vitivinícolas do mundo, a Região
dos Vinhos Verdes tem, igualmente, um importante papel na economia da região e do
país, pelo número de postos de trabalho que potencia, não só na atividade vínica, mas
também no seu interface com o setor turístico, revelando-se ainda veículo de promoção
da marca Portugal, pelos elevados níveis de exportação que apresenta, desde a época
moderna.

3
Nota metodológica

Como dissemos, é objetivo do nosso trabalho procurar perceber se a localização


geográfica de Vila do Conde na sub-região dos Vinhos Verdes do Ave, tem reflexos na
escolha dos vinhos pelos clientes dos restaurantes, ou na sugestão dos funcionários da
restauração.

Assim, o nosso trabalho empírico envolveu a aplicação de um questionário presencial


estruturado aos 12 restaurantes que se localizam na designada zona ribeirinha de Vila do
Conde (conforme o mapa que se encontra em anexo) que, na sua maioria, servem
sobretudo peixe, nomeadamente peixe grelhado, indo de encontro à promoção do produto
regional “o nosso peixe”1. Desenvolvemos e aplicamos um inquérito junto dos
responsáveis / proprietários desses restaurantes, no sentido de perceber quais são as
principais escolhas vínicas dos consumidores (regiões), se o facto de Vila do Conde se
localizar na sub-região do Ave dos Vinhos Verdes tem, ou não, impacto na escolha dos
consumidores, qual o papel dos funcionários na promoção desse produto regional, de que
forma o vinho verde poderá harmonizar com os pratos regionais de Vila do Conde e, por
fim, se consideram importante a promoção desses mesmos produtos endógenos.

Previamente à aplicação dos questionários, começamos por proceder à indispensável


revisão bibliográfica para a contextualização do trabalho em desenvolvimento, assim
como procuramos encontrar trabalhos análogos que de alguma forma pudessem
enriquecer o nosso estudo e a sua pertinência. Paralelamente, desenvolvemos uma revisão
de literatura em torno da temática que nos permite estabelecer uma caracterização da
Região Demarcada dos Vinhos Verdes, assim como procuramos abordar a importância
do enoturismo em Portugal e, nomeadamente, na região em estudo.

1
O projeto foi implementado em 2016, pela Câmara Municipal de Vila do Conde e Junta de Freguesia e
desafia os restaurantes de Vila do Conde a apresentarem os seus melhores pratos de peixe, entendendo-o
como uma oferta turística (Câmara Municipal de Vila do Conde, 2017).

4
A Região Demarcada dos Vinhos Verdes

O território português dispõe de condições altamente vantajosas para a produção de vinho,


surgindo já como região vinhateira quer durante a ocupação romana, quer também durante
a ocupação árabe. Durante o reinado de D. Afonso Henriques, o primeiro monarca
português, foram criadas as condições para os monges de Cister se instalarem no nosso
território, chegando com eles todo o seu conhecimento agrícola (Johnson's, 1999).

Acredita-se, contudo, que a produção e os negócios relacionados com o vinho tenham


iniciado no reinado de D. Afonso IV, em 1353, com vinhos de Monção e da Ribeira de
Lima (Inácio, 2008). Na segunda metade do século XVII, havia em Portugal três
entrepostos comerciais ingleses em Lisboa, Porto e Viana do Castelo. A firma inglesa
Roope, fundada em 1654, visava o estabelecimento de um triângulo comercial entre
Inglaterra, Portugal e a Terra Nova, onde se adquiria bacalhau, trocando-o depois em
Viana, por vinho tinto do Minho, que era levado para Inglaterra, onde era utilizado para
aquisição de tecidos ingleses, destinados a Portugal. Aqui voltavam a adquirir novamente
vinho, que se destinava igualmente à Terra Nova. Também escravos negros eram trocados
em Viana do Castelo por vinho (Johnson's, 1999). Terá sido a partir da segunda metade
do século XVII que os vinhos desta região assistiram ao declínio do seu comércio, em
face da concorrência que os vinhos do Douro começaram a imprimir, impondo-se como
escolha principal, a que não terá sido alheio o Tratado de Methuen, assinado entre
Portugal e Inglaterra em 1703.

Da região vinícola do Minho, localizada na costa a norte do Douro, os vinhos preferidos


eram os de Monção, onde se cultivava a melhor casta de vinhos brancos, a casta
Alvarinho2. A forma de condução das cepas dava origem a um vinho mais estável do que
os outros vinhos mais leves do Minho. No século XVII o vinho desta região era visto
como uma alternativa ao palhete. A maior produção era de tinto, classificado como pouco
encorpado e alguma adstringência. Contudo, o Porto viria a ganhar influência em

2
Diz-se que teriam sido os ingleses a introduzir nesta região esta casta, vinda da Grécia (Johnson's, 1999).
Atualmente, a Portaria 333/2016, vem reconhecer a menção “Origem do Alvarinho”, como menção
tradicional facultativa mas de uso exclusivo, para os vinhos com direito à utilização na rotulagem da
indicação da casta Alvarinho, produzidos na sub-região de Monção e Melgaço, cujos mostos devem
apresentar um título alcoométrico volúmico natural mínimo de 11,5 % vol. (Diário da República Eletrónico,
2017) .

5
detrimento de Viana do Castelo, com o aumento do comércio com a cidade e,
paralelamente, como o assoreamento do porto de Viana (Johnson's, 1999).

Em Portugal existem catorze regiões vitivinícolas - Vinho Verde, Douro e Porto, Trás-
os-Montes, Távora-Varoza, Dão, Bairrada, Beira Interior, Tejo, Lisboa, Península de
Setúbal, Alentejo e Algarve e as regiões das ilhas dos Açores e Madeira ( Instituto da
Vinha e do Vinho I.P, 2017) sendo a vitivinicultura um dos setores mais ativos da
agricultura portuguesa, representando cerca de 0,6% de todos os produtos e vinhos
exportados (Vieira & Serra, 2010).

Figura 1- Regiões vitivinícolas portuguesas

Fonte: ( Instituto da Vinha e do Vinho I.P, 2017)

Depois da integração de Portugal na União Europeia, assistiu-se à adoção de uma


estratégia de qualidade na produção vínica, bem como ao aparecimento de atividades
complementares, como é o caso do enoturismo. O setor foi reorganizado, criando-se

6
novas denominações de origem. “À data da adesão comunitária existiam em Portugal 11
denominações de origem, 8 desde o início do século XX e 3 desde o início dos anos 80,
existindo hoje 33 denominações” (Simões, 2008, p. 270). À semelhança da maioria dos
países produtores europeus, em Portugal a produção de vinho tem sido substancialmente
maior que o consumo e os vinhos do “Novo Mundo”, cada vez mais presentes nos
mercados europeus têm contribuído para aumentar o desequilíbrio entre a oferta e a
procura dos vinhos portugueses (Madureira & Nunes, 2013).

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes, criada em 1908, durante o reinado de D. Carlos
e regulamentada em 1926, localiza-se no noroeste de Portugal, tendo como limite norte o
rio Minho, que marca parte da fronteira com a Espanha, como limite sul o rio Douro e as
serras da Freita, Arada e Montemuro, a este as serras da Peneda, Gerês, Cabreira e Marão
e a oeste o oceano Atlântico, ocupando as vinhas uma área de cerca de 21 mil hectares,
sob diversas formas de condução, fazendo desta região a maior Região Demarcada
Portuguesa e uma das maiores da Europa. É, de resto, o oceano Atlântico que contribui
com um conjunto de fatores que imprimem características únicas aos vinhos Verdes,
assim como a presença dos rios Minho, Lima, Cávado, Ave, Homem e Tâmega. A região
demarcada, em face de um conjunto de fatores de ordem cultural, dos diferentes
microclimas, das variações na tipologia dos solos, dos diversos tipos de castas e da forma
de condução das vinhas, está dividida em nove sub-regiões recomendadas à produção de
vinhos, espumantes e aguardentes sendo que Vila do Conde se localiza na sub-região do
Ave (Almeida, 2016):

- Amarante3

- Ave

- Baião4

3
Integra os concelhos de Amarante e Marco de Canaveses. Face à sua localização no interior, o clima
apresenta grandes amplitudes térmicas, promovendo verões mais quentes, favoráveis a castas de maturação
mais tardia, como Azal e Avesso (brancas), Amaral e Espadeiro (tintas). Os vinhos brancos caracterizam-
se por aromas frutados e um título alcoométrico superior à média da Região. É dos tintos que vem a fama
da sub-região de Amarante, sobretudo da casta Vinhão (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos
Verdes, 2017).
4
Integra os concelhos de Baião, Resende e Cinfães. A sua localização no interior da região, a uma altitude
intermédia, crias as condições para um clima menos temperado, com invernos mais frios e menos chuvosos,
e meses de verão mais quentes e secos, tornando-se favoráveis para o correto amadurecimento das castas
de maturação mais tardia, como o Azal e o Avesso (brancas) e o Amaral (tintas) (Comissão de Viticultura
da Região dos Vinhos Verdes, 2017).

7
- Basto5

- Cávado6

- Lima7

- Monção /Melgaço8

- Paiva9

- Sousa10

A região do Minho apresenta grande densidade populacional, é muito fértil e bastante


cultivada, sendo que a vinha é produzida a par com outros produtos, muitas vezes
cultivada em ramadas altas em redor dos campos, tal como faziam os romanos. As

5
Integra os concelhos de Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Ribeira de Pena.
Localizada numa altitude mais acentuada, o clima é mais agreste, com invernos frios e muito chuvosos e
verões bastante quentes e secos, criando boas condições para as castas de maturação tardia como o Azal
(branca), o Espadeiro e o Rabo-de-anho (tintas). Aqui a casta Azal apresenta-se com o máximo potencial e
dando origem a vinhos muito particulares, com aroma a limão e maçã verde, muito frescos. Existe ainda
uma considerável produção de Vinhos Verdes tintos que apresentam muita vinosidade e boca cheia e fresca
(Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, 2017).
6
Integra os concelhos de Esposende, Barcelos, Braga, Vila Verde, Amares e Terras de Bouro. Localizada
um pouco por toda a bacia hidrográfica do Cávado, está bastante exposta aos ventos marítimos, o que
provoca um clima ameno, sem grandes amplitudes térmicas e com uma pluviosidade média anual
intermédia, originando um clima adequado à produção de vinhos brancos, sobretudo das castas Arinto,
Loureiro e Trajadura (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, 2017).
7
Integra os concelhos de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez. Neste
território verificam-se índices mais elevados de precipitação. O relevo irregular origina alguns microclimas.
A casta Loureiro dá origem aos vinhos brancos mais afamados desta sub-região, com aromas finos e
elegantes. As castas Arinto e Trajadura também se encontram nesta sub-região. Os vinhos tintos são
produzidos sobretudo das castas Vinhão e Borraçal (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes,
2017).
8
Integra os concelhos de Monção e Melgaço. Esta sub-região apresenta um microclima muito particular, o
que potencia a sua exclusividade nas castas Alvarinho (branca) e Pedral (tinta) e a par com sub-região de
Baião detém a recomendação para o Alvarelhão (tinta), três castas de maturação precoce. Nesta sub-região
os invernos são frios, com precipitação intermédia, ao passo que os verões são bastante quentes e secos. Os
vinhos da casta Alvarinho são o ex-libris da sub-região de Monção e Melgaço (Comissão de Viticultura da
Região dos Vinhos Verdes, 2017).
9
Integra o concelho de Castelo de Paiva, e, no concelho de Cinfães, as freguesias de Travanca e Souselo.
Face às condições climatéricas intermédias, as castas tintas Amaral e, sobretudo, Vinhão, atingem
excelentes estados de maturação e produzem alguns dos vinhos verdes tintos mais prestigiados de toda a
Região. Também aqui se encontram as castas Arinto, Loureiro e Trajadura, adaptadas a climas temperados,
quase comuns a todas as sub-regiões, (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, 2017).
10
Integra os concelhos de Paços de Ferreira, Paredes, Lousada, Felgueiras, Penafiel e, no concelho de
Vizela, as freguesias de Vizela (Santo Adrião) e Barrosas (Santa Eulália). O clima desta sub-região é ameno,
com baixas amplitudes térmicas e com poucos dias de forte calor durante o verão. As castas principais são
as típicas dos locais mais amenos, como Arinto, Loureiro e Trajadura, e o Azal e Avesso com uma
maturação mais exigente. Também estão presentes as castas Borraçal e Vinhão, que dão origem aos verdes
tintos, assim como o Amaral e o Espadeiro, este último muito utilizado para a produção de vinhos rosados
(Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, 2017).

8
explorações caraterizam-se, sobretudo, por minifúndios, embora se possam encontrar
algumas explorações de grandes áreas. Hoje a qualidade do seu vinho é reconhecida pela
sua frescura e leve acidez, sendo sobretudo o branco, bastante exportado (Johnson's,
1999; Inácio, 2008). É frutado, tem baixo teor alcoólico, apresentando-se como um ótimo
aperitivo e excelente acompanhamento de refeições leves, consumindo-se
preferencialmente no verão (Sá, 2013).

Figura 2 - A Região Demarcada dos vinhos Verdes

Fonte: (Riobom, 2017)

Do ponto de vista patrimonial localizam-se, nesta região, importantes centros históricos


e mosteiros, inúmeras casas senhoriais, brasonadas e solares, muitas delas transformadas
em Turismo de Habitação e Turismo Rural, sendo o Minho o berço do TER (Turismo em
Espaço Rural) (Inácio, 2008).

9
A sub-região do Ave é composta pelos concelhos de Fafe, Guimarães, Póvoa de Lanhoso,
Póvoa de Varzim, Santo Tirso, Trofa, Vieira do Minho, Vila do Conde, Vila Nova de
Famalicão e Vizela. Esta sub-região produz essencialmente vinhos brancos, frescos, com
notas florais e citrinas, com forte presença das castas Arinto11, Loureiro12 e Trajadura13
adequadas ao clima ameno da sub-região, onde se encontra vinha um pouco por toda a
bacia hidrográfica do Ave (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, 2017).

O clima desta região do norte litoral é temperado marítimo, naturalmente muito


influenciado pelo oceano Atlântico, com temperaturas moderadas. Apresenta baixas
amplitudes térmicas anuais e elevados níveis de pluviosidade, sobretudo no inverno.
Como nos diz Orlando Ribeiro, “o traço comum às regiões do noroeste é a abundância de
chuvas” (Ribeiro, Lautensach, & Daveau, 1991, p. 1243). Os verões são suaves,
influenciados pela brisa marítima característica da costa ocidental de Portugal. O relevo
irregular e de baixa altitude torna a região permeável aos ventos do quadrante de sudoeste,
provenientes de correntes meridionais do Atlântico, responsáveis por dias de elevada
pluviosidade e temperaturas amenas, no inverno. Os ventos do quadrante noroeste
provenientes da frente polar fria traduzem-se em dias frios. Este clima ameno, de
influência atlântica, associado aos solos maioritariamente de origem granítica, concorrem
para a frescura, leveza e elegância dos vinhos desta região, de elevada qualidade e com
baixo teor alcoólico, assim como são ideais produção de espumantes e aguardentes.
Paralelemente, “o teor em acidez natural dos bagaços e vinhos da Região, bem como as
suas características organoléticas, mostram condições técnicas excelentes para a produção
de grandes aguardentes bagaceiras, a partir da destilação dos bagaços, e de excelentes

11
Para além da sub-região do Ave, é uma casta cultivada por toda a região, embora não seja recomendada
na sub-região de Monção e Melgaço. Conhecida como Arinto de Bucelas, é no interior da região que atinge
mais qualidade, exigindo um nível médio de maturação. Os vinhos apresentam cor citrina a palha, com
aroma rico, do frutado dos citrinos, maçã madura e pêra ao floral. O sabor é fresco, harmonioso e persistente
(Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, 2017).
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Presente em quase toda a região, adapta-se melhor às zonas do litoral, não sendo recomendada apenas
nas sub-regiões mais interiores como Amarante, Basto e Baião. Antiga e de alta qualidade exige igualmente
um nível de maturação médio e produz vinhos de cor citrina, com aroma elegante e frutado (citrinos, foral,
melado), com ligeiro acídulo, fresco, harmonioso, encorpado e persistente (Comissão de Viticultura da
Região dos Vinhos Verdes, 2017).
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Cultivada por toda a região (não recomendada na sub-região de Baião) é uma casta de boa qualidade.
Amadurece precocemente, sendo mais macia, complementando com as castas Arinto e Loureiro. Produz
vinhos de cor e aroma intensos, a frutos maduros, como maçã, pera e pêssego, quente, redondo e com
tendência, em determinadas condições, a baixa acidez (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos
Verdes, 2017).

10
aguardentes de vinho, fruto da destilação dos vinhos” (Comissão de Viticultura da Região
dos Vinhos Verdes, 2017).

Face ao investimento da Região dos Vinhos Verdes em novas vinhas, a par com novos
sistemas de condução da vinha, a profissionalização da atividade e os novos enólogos
ligados às quintas, os vinhos Verdes viram potenciadas as suas qualidades e níveis
competitivos, tendo como corolário o seu reconhecimento através da conquista de
prémios em concursos nacionais e internacionais. “A região do vinho Verde soube
coletivamente apostar numa renovação, tendo sido iniciada uma revolução de qualidade
tanto na produção como no marketing e comercialização, tornando os vinhos Verdes um
dos maiores casos de sucesso no atual panorama dos vinhos portugueses” (Sá, 2013, p.
8).

Entre os segundo e terceiro quarteis do século passado, a produção do vinho Verde


destinava-se sobretudo ao mercado regional e autoconsumo, com uma produção irregular
e frequentemente com excedentes, tendo-se adotado, no início dos anos sessenta o Selo
de Origem para certificação dos vinhos da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos
Verdes14 (CVRVV), em paralelo com a melhoria da qualidade de produção e comércio
das Adegas Cooperativas. A modernização e reconversão das vinhas, através da melhoria
das técnicas de cultivo e promoção da monocultura foi também um fator da maior
importância para a evolução da qualidade da produção vinícola da região, a par da redução
do número de produtores e predominância das castas brancas de maior qualidade. Nos
anos oitenta os vinhos verdes brancos frutados e frescos passaram a ser uma tendência.
Em 1985 fundou-se a Associação dos Produtores Engarrafadores de Vinho Verde, embora
o sucesso não tenha sido o esperado. Não obstante, verificou-se a valorização das casas
solarengas associadas às quintas produtoras de vinhos mais notáveis. Em 1995 foi criada
a Rota dos Vinhos Verdes, com maior número de aderentes a nível nacional, propriedade
da CVRVV (Inácio, 2008).

A ligação da atividade vitivinícola a par do turismo da região do Minho foi potenciada


neste território, assistindo-se hoje à sua capacidade de atração de visitantes, que procuram
conhecer o vinho Verde em paralelo com as caraterísticas endógenas da região, deixando-

14
Organismo privado fiscalizador e certificador dos vinhos, espumantes, aguardentes e vinagres da região
(Inácio, 2008).

11
se atrair pelas suas particularidades únicas, pela hospitalidade das suas gentes e pela
riqueza do seu património, em suma por toda a riqueza do seu terroir. É, pois, neste
âmbito que vamos procurar, de seguida, conhecer e caraterizar a importância do setor
turístico da região do Minho, em particular no contexto do enoturismo em Portugal.

12
O enoturismo em Portugal: a Região dos Vinhos Verdes

Há séculos que a atividade vitivinícola representa um importante papel na economia e na


sociedade, designadamente a partir dos Descobrimentos, com o vinho a ser utilizado
como produto de troca, como já tivemos oportunidade de anteriormente referir. O seu
consumo era habitual, sendo que, com a descoberta de novos continentes e com o seu
processo de aculturação, também a vinha foi levada e cultivada, desde o “Velho Mundo”
até ao “Novo Mundo”, criando novos produtos, com características distintas,
naturalmente em consequência do terroir que o acolheu. Já quanto às viagens de lazer,
em torno do produto, elas eram inexistentes. Quando em finais do século XVII surge o
Grand Tour, existiriam então viagens organizadas às vinhas, mas apenas praticadas por
um grupo restrito de elementos pertencentes às classes privilegiadas (Inácio, 2008).
“Visits to vineyards have been a part of organized travel at least since the time of the
Grand Tour, and likely even since the times of ancient Greece and Rome. However,it as
not until the mid-nineteenth century that wine began to appear as a specific travel interest”
(Hall, Sharples, Cambourne, & Macionis, 2002, p. 2).

Potenciados pela Revolução Industrial, quer o turismo quer a viticultura sofreram


transformações a que não foram alheias a facilidade de transporte de pessoas e bens. “No
caso do enoturismo, ainda que as suas reminiscências sejam bem anteriores ao seu efetivo
aparecimento, só após a industrialização este veio a retomar alguma expressão, com um
crescimento de início bem mais discreto do que o de outras formas de Turismo que se
desenvolveram neste mesmo período. O seu pleno desenvolvimento deu-se
fundamentalmente a partir dos finais do século XX, inícios do século XXI. E apenas em
contexto de sociedade de consumo, no seu pleno funcionamento, se conseguem
reconhecer as práticas enoturísticas a que nos referimos devido ao volume de visitantes
nelas implicados (Inácio, 2008, p. 138).

Michael Hall, em 1996, num artigo sobre a atividade turística ligada à viticultura, na Nova
Zelândia, é o primeiro autor a sugerir uma definição para enoturismo, entendendo-o como
“visitation to vineyards, wineries, wine festivals and wine shows for which grape wine
tasting and /or experiencing the attributes of a grape wine region are the prime motivating
factors for visitors” (Hall, Sharples, Cambourne, & Macionis, 2002, p. 3), o que nos

13
mostra as diferentes propostas que esta forma de turismo engloba. Sendo o vinho a
principal motivação, existe em seu torno um conjunto de prováveis interesses, como os
eventos, as visitas às quintas e adegas, as provas de vinhos, ou os festivais, o que torna
importante não só o conhecimento do produto, o vinho, mas também toda a região de
origem e de produção do mesmo (Inácio, 2008).

Em linha com o anteriormente referido, o enoturismo em Portugal é um produto


relativamente recente, quando comparado com o turismo sol e mar, por exemplo, cujo
crescimento se verificou exponencialmente na segunda metade do século XX, “apesar de
nos anos noventa ter perdido então o monopólio turístico e ter conhecido novas formas
de Turismo que lhe são complementares, sobretudo ligadas ao mundo rural, às atividades
desenvolvidas em contacto com a natureza, ao Turismo cultural, entre outras. Estas
práticas não substituem o Turismo balnear, que continua a aumentar, mas constituem
novas formas de oferta de produtos a um maior número de indivíduos” (Inácio, 2008, p.
45), encontrando-se novas formas de instalar os turistas, em unidades de enoturismo, ou
turismo em espaço rural, onde os turistas se integram no meio que os acolhem (por
oposição aos resorts, que cresceram nos anos oitenta) procurando experiências únicas,
onde o conhecimento e a partilha com a região que os recebe se torna numa experiência
enriquecedora e ímpar, tendo por base premissas de um turismo responsável (Inácio,
2008). “É quase inevitável a interação entre a cultura de quem reside e a de quem visita”
(Marques & Marques, 2017, p. 114). Em 2014, num inquérito realizado pelo IPDT,
Instituto de Turismo, o vinho era, para 37% dos inquiridos, o principal produto turístico
associado a Portugal, destronando assim, o sol e mar, para segundo lugar, com 17% de
respostas dos especialistas (Silva, 2014).

O Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT) reconhece na Gastronomia e Vinhos


um dos produtos estratégicos para o desenvolvimento do Turismo em Portugal, sendo o
seu importante papel atestado nos inquéritos de satisfação do turista, pelo crescente
número de referências à Gastronomia e Vinhos como aspeto diferenciador e positivo na
avaliação da estada em Portugal. Tendo em consideração esta premissa, o Turismo de
Portugal apresentou, em 2014, o primeiro inquérito que visa conhecer o enoturismo em
Portugal, sob o ponto da vista da oferta e da procura. Entenderam por unidades de
enoturismo aquelas onde se produz e vende vinho e onde se realizam visitas (com ou sem
marcação). Foram ainda consideradas as caves de vinhos do Porto e adegas cooperativas

14
que integram o universo do enoturismo. Para a difusão do inquérito foram utilizadas como
fontes de informação as Comissões Vitivinícolas, as Rotas de Vinhos e o Guia Técnico
de Enoturismo do Turismo de Portugal, apurando-se uma base de dados constituída por
339 unidades no Continente e Ilhas.

O norte apresenta uma posição preponderante com 35% do total da base de dados,
seguindo-se o Centro e Alentejo com, respetivamente, 29% e 26%. As questões relativas
à procura reportam-se à atividade desenvolvida pelas unidades de enoturismo durante o
ano de 2013. Do lado da oferta, objetivando conhecer o que está disponível, o inquérito
contemplou um conjunto diversificado de atividades passíveis de serem realizadas em
unidades de enoturismo (tiveram em consideração aspetos como a exigência de marcação
prévia ou número mínimo de clientes).

Assim, 97% das unidades de enoturismo realizam provas de vinhos (necessária marcação
prévia para 74% destas unidades). Em cerca de 81% destas unidades, esta é uma atividade
com custos para o cliente e em 26% dos casos, exigem número mínimo. 93% das unidades
promovem também visitas guiadas às instalações, sendo que em 76% dos casos é
necessário marcação prévia. Do total de unidades que desenvolvem esta atividade, em
55% dos casos as visitas são pagas e em 13% exigem número mínimo de clientes. No que
diz respeito às vinhas, cerca de 79% das unidades inquiridas realizam visitas guiadas, das
quais 85% com marcação prévia; em 61% tem custos para o cliente e 22% exigem um
número mínimo. 31% das unidades de enoturismo deduzem o custo da visita (à vinha ou
às instalações), total ou parcialmente, na compra de vinho da propriedade. Quanto a
atividades mais sazonais, são referidas a vindima (43%), a pisa da uva (26%) e a poda da
vinha (21%).

As unidades de enoturismo disponibilizam ainda outras atividades como:


 30% das unidades de enoturismo realizam cursos de vinhos (72% exige número
mínimo de participantes)
 48% das unidades realizam refeições temáticas;
 27% realizam provas de outros produtos (destas 71% imputam custo para o
cliente);
 27% disponibilizam a visualização de vídeos;

15
 26% das unidades realizam exposições (mais de 50% com marcação prévia e em
38% dos casos a visita é cobrada).
 cerca de 88% das unidades tem loja e um local próprio para provas de vinho.
O equipamento “sala para eventos” é referido em 66% das unidades de enoturismo, em
que 60% tem capacidade máxima até 100 pessoas (sendo que pode variar entre 20 e 700
lugares).
Apenas 31% das unidades de enoturismo possuem alojamento, sendo que 76% têm até
10 quartos, inclusive. Quanto à existência de restaurante, esta só se verifica para 16% das
unidades de enoturismo. Nos equipamentos complementares, 26% das unidades refere
possuir “núcleo museológico”.

Cerca de 57% das unidades afirmam ter parcerias com outras empresas e entidades, como
empresas de animação turística (30% dos casos) e agências de viagens (29% dos casos).

Do inquérito também se afere que existe uma colaboração regular entre as unidades de
enoturismo e as Rotas do Vinho (52%), as Comissões Vitivinícolas Regionais (49%) e as
entidades municipais (45%).

Das entidades com quem as unidades estabelecem colaboração pontual destacam-se as


Entidades Regionais de Turismo, o Turismo de Portugal, as Escolas de Hotelaria e Turismo
e Associações gastronómicas. 50% das unidades referem não colaborar com as Agências
Regionais de Promoção Turística, 38% com o Turismo de Portugal e 34% com as Entidades
Regionais de Turismo (Seguro & Sarmento, 2017). Com esta informação pretende-se deixar
um quadro que caracteriza o enoturismo em Portugal, no que concerne à oferta, e de que
forma as diversas entidades entendem a promoção do vinho através de produtos e ofertas
complementares e a importância para o trabalho em rede que pode e dever ser feito,
alavancado e melhorado.

Atualmente os turistas procuram experiências autênticas e de valor acrescentado, com


interesses específicos e diferentes motivações. “Estas alterações refletem, uma vez mais,
as efetivas mudanças tecnológicas, económicas, políticas, sociais e culturais que se tem
vindo a operar a uma escala e velocidade crescentes no mundo em que vivemos” (Inácio,
2008, p. 48), reflexo de turistas mais exigentes e mais conhecedores. “O turista do século
XXI é um tipo de turista que pretende mais do que sol e mar, ele pretende desfrutar

16
experiências, sentimentos e estímulos gratificantes com base em atividades alternativas,
que não as dos tradicionais produtos turísticos” (Lameiras, 2015, p. 8) e que
proporcionem novos conhecimentos.

É neste contexto que se compreende o enoturismo. “O enoturismo é uma forma de turismo


que pressupõe uma vasta gama de experiências construídas em torno de visita turística a
produtores, adegas e regiões vinícolas, incluindo a degustação de vinhos, experiências de
vinho e gastronomia, a fruição do entorno regional e da paisagem, uma viagem de lazer
de um dia ou mais e a experiência de uma gama de atividades complementares de caráter
cultural e natural disponíveis nas regiões vinícolas” (Marques & Marques, 2017, pp. 109-
110).

As diferentes regiões vitivinícolas, já referidas, identificadas em Portugal, deram origem


a uma diversificada oferta enoturística que, em articulação com o vinho e a vinha, surge
como uma atividade complementar para apreciação do vinho, na sua região de origem,
em paralelo com a história, tradições e cultura (Expresso, 2016). Para Simões, o
enoturismo é visto como “o conjunto de atividades associadas à visita a empresas
vitivinícolas, visita a museus e outros estabelecimentos ligados ao setor, participação em
eventos ou centros de interesse vitivinícola, tendo como objetivo principal e mais
frequente o conhecimento e a prova dos vinhos das regiões visitadas. (…) pelo lado da
procura (…) pressupõe o contacto direto do turista com as atividades vitivinícolas, com
os produtos resultantes dessas atividades e com todo o património paisagístico e
arquitetónico relacionados com a cultura da vinha e a produção do vinho” (Simões, 2008,
p. 270). A posição que ocupa nas últimas tendências revelam as suas diversificadas
potencialidades quer ao nível de experiências e atividades, “como também por ser um
produto de sensações mobilizando o sabor, o odor, o tato, a vista e o som, permitindo que o
turista passe de um mero espectador a um ator: o sabor dos vinhos, da uva, da comida regional
e de outros produtos da região; o cheiro da terra, das uvas, da adega, do ar do campo, da
fermentação; o toque da apanha de uvas, do cozinhar com vinho, dos copos, da temperatura
das garrafas; a vista das vinhas, das cores das uvas, das festas tradicionais, da arquitetura
regional e o som de uma rolha a sair de um gargalo, do engarrafar, do equipamento, da
música” (Lameiras, 2015, p. 39).

17
Na Europa, a oferta enoturística tem-se planificado e desenvolvido predominantemente
através das rotas do vinho, que se apresentam como um produto estruturado, que integra
percursos sinalizados nas regiões vitivinícolas (denominadas regiões de denominação de
origem controlada) e a sua promoção, organizados em rede e que envolve explorações
agrícolas e outros estabelecimentos (Simões, 2008).

As rotas consistem, normalmente, num conjunto de itinerários, devidamente sinalizados,


que se estabelecem nas regiões vinícolas, ao longo de vias de comunicação, com início
em determinado ponto, onde a entidade organizadora deverá fornecer aos participantes a
informação necessária, como locais de interesse e atividades disponíveis. O seu sucesso
depende do incremento de um trabalho em rede entre as diferentes empresas produtoras
de vinho, sendo que partilham o objetivo comum de promover o comércio e a divulgação
da sua região e das empresas aí existentes. Não é suficiente a existência de potencial, não
só a nível da qualidade do vinho produzido, mas também do terroir que o acolhe, sendo
fundamental o estabelecimento de sinergias e parcerias entre os diversos intervenientes
(Lameiras, 2015)

As rotas do vinho foram criadas, em Portugal, em 199315, no âmbito do programa


Dyonisios, promovido pela União Europeia e foram dinamizadas, sobretudo, pelas
Comissões Vitivinícolas Regionais e pelas Regiões de Turismo, entrando em
funcionamento entre 1996 e 1998, visando a potenciação do turismo das regiões de
origem e a promoção do seu património. Às rotas aderiram sobretudo adegas
cooperativas, associações de viticultores, armazenistas, enotecas, museus, casas de TER
e outros centros de interesse vitivinícola. A rota dos Vinhos Verdes, em 2007, era a que
se apresentava com maior número de aderentes (67) (Simões, 2008). Atualmente é
fundamental apostar na dinamização e no desenvolvimento do projeto, potenciando a
revitalização e dinamização das idiossincrasias e das especificidades mais tradicionais de
cada região, sendo que o bom funcionamento deste projeto permite o estabelecimento de
uma rede de contactos entre as diversas entidades que o integram, e destas com os turistas,
contribuindo não só para a promoção e dinamização das atividades ligadas à vinha e ao
vinho, mas também para a preservação do património material e imaterial, arquitetónico

15
Regulamentado o apoio financeiro pelo Fundo de Turismo com a publicação do Despacho Normativo n.º
669/94, de 22 de setembro.

18
e paisagístico das regiões, das suas tradições, do artesanato, promovendo o seu
crescimento sustentável.

A Rota dos Vinhos Verdes

O facto de a região do Minho ser a única no país que produz vinho Verde, associada ao
facto de ter sido esta região a primeira no país a potenciar o desenvolvimento do TER 16,
faz com que hoje se apresente com características singulares, como altamente
diferenciada do restante território nacional. Assim, o enoturismo da Região do Vinho
Verde assenta sobretudo na estadia nestas unidades rurais, onde os turistas podem
instalar-se e conhecer a região, participando em provas de vinhos integrando-se na rica
tradição cultural e patrimonial do Minho (Inácio, 2008).

Do ponto de vista económico Inácio diz-nos que a região do Minho soube tirar partido da
criação da Rota dos Vinhos Verdes e que todos os intervenientes lucraram com este
produto turístico. As unidades hoteleiras e a restauração porque vêm o seu negócio com
atividade, os produtores e comerciantes porque assistem à promoção e procura do seu
produto, a nível nacional e internacional, pelo que todo este ciclo potencia atividade
económica e gera emprego, quer a nível direto, quer indiretamente. “Grandes casas,
apalaçadas, brasonadas, com forte pujança na produção de Alvarinho, em particular na
região de Melgaço e Monção, e sobretudo os solares de Ponte de Lima foram e são um
importante potencial para aproveitamento turístico. Por outro lado, infra-estruturas de
mais fácil acesso e com características únicas, como é o caso da Aveleda, vencem em
ambos os universos de atividade, do vinho e do turismo, ainda que não tenham
desenvolvido a vertente alojamento no seu negócio. Servem para a região em que se
situam como local de atração de visitantes, sendo solicitadas visitas aos seus jardins e
quintas pelos hotéis da região, pelas comissões organizadoras de eventos ou pelos turistas
itinerantes” (Inácio, 2008, p. 492). De facto, o Minho possui uma riqueza patrimonial,
que associado à paisagem vinhateira faz desta região um “embrião notável da

16
Fruto da existência de um vastíssimo conjunto de casas solarengas, brasonadas, muitas vezes com geridas
por gente descendente de famílias nobres.

19
portugalidade, cheio de pujança demográfica, dinamismo agrícola, e sentido rentista na
gestão dos ativos” (Marques & Marques, 2017, p. 109).

A Rota dos Vinhos Verdes, criada pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos
Verdes é atualizada numa plataforma digital (Marques & Marques, 2017) e integra os
principais produtores e engarrafadores registados pela CVRVV, “num conjunto de
itinerários culturais e patrimoniais pelas várias sub-regiões que constituem a centenária
região demarcada” (Marques G. M., 2017, p. 65). Este conjunto de rotas, que tem como
base comum o vinho Verde, organiza-se nas várias sub-regiões da região dos vinhos
Verdes e visa um conjunto de objetivos, como o conhecimento dos principais produtores
do vinho Verde, as visitas às quintas mais emblemáticas e com mais tradição de produção,
promoção de provas de vinhos e visitas guiadas às quintas e adegas, visitas aos principais
elementos patrimoniais e históricos da região, estímulo às provas da gastronomia
tradicional, nos restaurantes e adegas típicas, conferindo visibilidade ao vinho Verde,
quer a nível nacional, quer internacionalmente (Marques G. M., 2017).

Ainda no âmbito da Rota do Vinho Verde a Comissão criou, conforme referido, um


conjunto de rotas temáticas, que procuram percorrer os 49 concelhos que abrangem a
região, onde a cultura, património e tradição se conjugam para oferecer um produto
diferenciado neste vasto território:

- Guimarães - Cidade de Memória e Vida


- Braga - Culto dos Deuses e das Gentes
- De Melgaço a Ponte de Lima - Rota dos Fortes e dos Prazeres
- De Ponte de Lima a Ponte da Barca - da paisagem emblemática à natureza profunda
- De Valença a Monção - com a vinha por companhia
- De Mondim ao Marco - Tesouros do sagrado e da natureza
- De Amarante a Celorico de Basto - os encantos do Tâmega
- Do Porto a Baião - Entre o Porto e o Verde
- De Resende a Castelo de Paiva - o doce da cereja e o esplendor duriense
- De Felgueiras a Paredes - Terras do culto e do cultivo
- Cidades e Vilas
- Rotas das Serras
- Rota do Alvarinho

20
- Rota das Quintas
- Rota dos Mosteiros
- Rota das Praias (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, 2017)

A criação das rotas dá origem a um conjunto de produtos turísticos, com valor


acrescentado na promoção do vinho Verde, indo de encontro a um turista que se apresenta
cada vez mais exigente, conhecedor, com espírito crítico e que procura novas
experiências, personalizadas, capazes de lhe proporcionar diversão e mais saber. Neste
âmbito, genericamente, os enoturistas são caracterizados, na bibliografia sobre o tema,
como pessoas que apresentam níveis superiores de educação e formação, com interesse
pelo turismo rural, pela gastronomia local, que procuram autenticidade, denotam o gosto
por momentos de paz e tranquilidade, com atividades de ar livre ligadas à saúde e bem-
estar (Lameiras, 2015).

Como é possível depreender da informação recolhida sobre a Rota dos Vinhos Verdes,
percebemos que esta região tem todo o potencial para se apresentar como um produto
forte e atrativo no mundo do turismo vínico. Para Ana Inácio, a região apresenta uma
identidade forte e com elevados níveis de qualidade quanto à sua oferta turística. No que
concerne aos gastos, o indicador médio, por visitante, é elevado. Não obstante, a autora
considera que a “actividade enoturística ainda não terá alcançado o estágio ou estado
possível, nomeadamente por falta de coordenação das entidades operantes no terreno, em
particular os agentes” (Inácio, 2008, pp. 493-494) com base no trabalho de investigação
que desenvolveu nas diferentes regiões vitivinícolas.

21
Vila do Conde na sub-região dos vinhos verdes e a escolhas vínicas
nos restaurantes: um estudo de caso

Como se disse, na sub-região do Ave a vinha acompanha a bacia do rio que lhe confere a
designação, numa zona onde o relevo é irregular e de baixa altitude, o que deixa a sub-
região mais exposta a ventos marítimos, dando origem a um clima que se caracteriza por
baixas amplitudes térmicas e índices médios de precipitação, tornando a sub-região
favorável à produção de vinhos brancos, com uma frescura viva e notas florais e de fruta
citrina. Nesta sub-região encontram-se as castas Arinto e Loureiro, adequadas ao clima
ameno, em face da sua maturação média, assim como a casta Trajadura que, por
amadurecer precocemente, é mais macia, completando na perfeição um lote de vinho com
Arinto e Loureiro (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, 2017).

Em face da produção vínica que ocorre na sub-região do Ave, procuramos pois perceber,
de que forma a existência desse produto regional se traduz na escolha dos clientes dos
restaurantes da zona ribeirinha de Vila do Conde, e que papel os chefes de mesa têm, ou
podem, ter no momento da decisão, associando-se a esta questão a promoção dos produtos
regionais. De facto, nos restaurantes os clientes só têm uma de duas opções, quando o
consumo de vinho se impõe. Considerando que o cliente não pode provar os vinhos antes
da sua escolha, ou pede conselho ao restaurante, ou em face de uma lista razoável de
vinhos faz a sua escolha (Paulino, 2009).

Tendo em conta que só após a experimentação se pode avaliar a escolha do vinho


efetuada, a marca, as castas e a região podem contribuir para uma escolha mais orientada
por parte do consumidor. “Assim, o vinho é um bem com atributos, como aroma, cor e
sabor, bastante variáveis, já que fatores como o modo de produção, a cultura da vinha, a
casta, a região de origem, entre outros, podem tornar cada vinho num produto único. Esta
potencial unicidade do vinho torna o processo de decisão do consumidor mais complexo
e motivo de análise com vista à compreensão dos fatores que condicionam esse mesmo
processo decisório”. (Guia, Mota, & Marques, 2017, p. 2). A relação preço qualidade é
também um aspeto importante, quando outros aspetos só podem ser avaliados depois do
vinho experimentado e alguns estudos relativamente recentes mostram que os
consumidores parecem ser leais aos preços (Vieira & Serra, 2010).

22
Existem diversos fatores que condicionam o processo de escolha do vinho num
restaurante como “os locais (de degustação, compra ou oferta de vinhos e cuja invocação
reaviva lembranças que acarretam uma diversidade de pensamentos e sentimentos); os
julgamentos de valor (baseados em fatores técnicos, simbólicos e emocionais); os rituais
(observados através do protocolo de uma refeição, de um evento de degustação de vinhos,
de uma demonstração, de uma experimentação, de uma celebração, de uma viagem ou de
uma visita); as sensações (intimamente ligadas ao vinho como a visão, o cheiro ou o
sabor); a atmosfera (calor, frio, ruído, silêncio); as regiões vinícolas (denominação de
origem e, por vezes, quintas ou proprietários - referências que por si só podem gerar
emoções ou sentimentos); as castas (como componentes intrínsecas de produtos a serem
provados e que através das suas características objetivas podem ser associados a certos
sentimentos); as marcas (caracterizadas, nomeadamente, pela sua capacidade de disparar,
instantaneamente ou progressivamente, uma reação emocional associada a um universo
simbólico e imaginário)” (Guia, Mota, & Marques, 2017, p. 9). Para Madureira & Nunes,
a região de origem dos vinhos é um dos atributos mais importantes na escolha de um
vinho, uma vez que é um dos primeiros aspetos considerados pelos consumidores no
momento da compra. “The origin of the wine region is one of the most important extrinsic
attributes in the process of choosing a wine, as it is one of the major factors used by
consumers in their purchasing process and is often the first criterion to be evaluated”
(Madureira & Nunes, 2013, p. 76). No estudo empírico que levaram a cabo concluíram
que o atributo extrínseco mais valorizado é a região de origem, sobretudo para os
consumidores ocasionais. No caso de especialistas, embora esse aspeto seja muito
importante, não é o mais importante, na mesma linha de opinião, de resto, de Lockshin,
Jarvis, d´Hauteville, & Perrouty.

Em face do exposto somos levados a pensar que o facto de um turista estar em visita e ter
o objetivo de conhecer uma região, procurando envolver-se com o local que o acolhe,
esse aspeto poderá influenciar a sua escolha, levando-o a optar pelo consumo de produtos
regionais, não só no que concerne a vinhos, mas também no âmbito da experiência
gastronómica.

Por outro lado, as vendas de vinho nos restaurantes podem depender dos conhecimentos
vínicos dos empregados de mesa, já que, de alguma forma, podem sugerir o vinho
existente no restaurante ao consumidor, sendo, para tal, determinante deter

23
conhecimentos indispensáveis, influenciando os clientes a optar por marcas de vinhos
locais em detrimento de vinhos já conhecidos. Na restauração, os clientes procuram,
normalmente, um vinho que harmonize com o prato selecionado e que tenha um preço
aceitável face à qualidade, pelo que é expectável que os restaurantes consigam
proporcionar uma experiência gastronómica positiva. “O termo suggestive selling ou
venda sugerida descrita por Dodd (1997), é frequentemente usada na indústria da
restauração. A ideia simplesmente sugere que os empregados da restauração deveriam
tentar aumentar as vendas atraindo a atenção do cliente para certos produtos” (Paulino,
2009, p. 43).

Assinale-se ainda a importância da carta de vinhos do restaurante. “Ela é o cartão de


visitas e também um meio de publicidade que o estabelecimento tem para oferecer ao
cliente. É um documento que reflete a essência do restaurante” (Cordeiro, p. 88) e onde
se procura uma harmonização entre os pratos oferecidos e os vinhos sugeridos. Apesar da
importância da temática parece-nos que a investigação sobre o assunto não está
suficientemente desenvolvida.

Choen, d’Hauteville, & Sirieix, defendem que a forma de escolha dos vinhos nos
restaurantes é variável: em França, por exemplo a recomendação do chefe de mesa parece
ser um fator importante, enquanto que nos países de língua inglesa a escolha é
normalmente do cliente. Nos EUA, por exemplo, o primeiro fator que determina a escolha
do vinho nos restaurantes é o menu, sendo a interação com o funcionário pouco frequente
(Cohen, d’Hauteville, & Sirieix, 2009).

Em Portugal há uma considerável falta de conhecimento sobre os consumidores de vinho,


as suas atitudes, perceções e comportamentos. Num estudo desenvolvido em 2008, Vieira
e Serra levaram a cabo a aplicação de um questionário junto de 2044 indivíduos
portugueses (homens e mulheres), entre os 18 e os 65 anos, obtendo cerca de 1203
respostas válidas acerca dos hábitos de consumo de vinho. Assim, os dados mostram que
os homens portugueses consomem vinho mais frequentemente do que as mulheres: 45%
afirmam beber vinho diariamente; já no universos feminino, cerca de 21% afirmam beber
vinho 2-3 vezes por mês ou menos. Quando questionados sobre as circunstâncias mais
prováveis em que o vinho seria consumido, os resultados demonstram que os
consumidores portugueses na faixa etária de 45 ou mais anos bebiam vinho regularmente,

24
nas suas refeições diárias. O consumo de vinho não acompanhado de alimentos não tem
expressão, mas o consumo social - em grupos, ocasiões especiais e em refeições de
restaurantes - é uma situação em desenvolvimento entre a faixa etária mais jovem (18-34
anos).

A decisão do consumidor português de comprar vinho depende da sua mais recente


experiência de consumo, de querer beber com amigos, do tipo de alimentos que irá
consumir e a questão da importância da marca (o facto de ser conhecida e premiada).
Consideram ainda alguns fatores de qualidade intrínseca, como o ano da colheita, a idade
do vinho, a cor, o aroma e a sua estrutura. Os aspetos exteriores mais valorizadas são o
design da garrafa, o conhecimento da marca e o preço. Para refeições quotidianas, os
consumidores portugueses participantes no estudo afirmam comprar vinho numa faixa de
preço entre 2€ e 3.99€. No fim-de-semana "com amigos em bares ou em ocasiões
informais em restaurantes", o valor aumenta até 4€ - 5,99€. No caso do uso do vinho para
"ocasiões especiais", "presentes", "refeições de negócios" ou quando jantam em
"restaurantes de prestígio" o preço que os consumidores estão dispostos a pagar está
posicionado numa faixa de valor entre 6€ - 9,99€. Os resultados sugerem ainda que a
maioria dos inquiridos não estão predispostos a pagar mais de 10€ em qualquer situação
de consumo de vinho. Em face desta análise percebe-se que a falta de conhecimento sobre
atributos intrínsecos e extrínsecos dificulta a aceitação de preços mais elevados (Vieira
& Serra, 2010).

No âmbito da sua dissertação de mestrado, Teresa de Sá levou a cabo a aplicação de


inquérito junto de 193 inquiridos, com vista à identificação dos atributos mais importantes
para a compra de vinho Verde, procurando identificar os hábitos de compra e de consumo,
assim como procurou calcular a utilidade dos atributos chave na escolha do vinho Verde.
A investigadora desenvolveu o seu trabalho através de ferramentas online que estiveram
disponíveis aproximadamente três semanas para o efeito. A técnica de análise utilizada
na dissertação foi a análise conjunta, agrupando em combinações os atributos
identificados como importantes: Preço, Sabor, Recomendação, Indicação de Casta e
Notoriedade da Marca. O estudo concluiu que o consumidor tipo é maioritariamente do
género feminino, com idades compreendidas entre os "25 aos 34 anos", possuidor de grau
académico e com um rendimento mensal líquido inferior a 2.000€; consome o produto

25
ocasionalmente em e festas/eventos; é o próprio consumidor que adquire o produto e a
sua escolha é determinada pela recomendação de amigos e familiares.

No que concerne aos atributos mais valorizados pelos inquiridos foram identificados o
preço, o sabor do vinho, a recomendação de terceiros, a boa ligação com comidas leves,
ter já comprado o vinho anteriormente e a identificação do produtor. No que toca aos
atributos menos valorizados estão a marca conhecida, o facto de serem sobretudo vinhos
jovens, a cor e o design da garrafa e baixo teor alcoólico (Sá, 2013).

Socorremo-nos desta análise uma vez que para Vila do Conde não localizamos qualquer
estudo que pudesse, de alguma forma, apoiar o estudo que desenvolvemos com vista a
procurar perceber se a sub-região e a oferta de produtos regionais concorrem, de alguma
forma, para a escolha ou sugestão dos vinhos nos restaurantes inquiridos. Ao longo da
análise bibliográfica levada a cabo, apesar da existência de poucos estudos neste sentido,
genericamente ficou claro que a informação consultada considera que os funcionários dos
restaurantes podem desempenhar um importante papel na sugestão dos vinhos clientes.

No que concerne então a Vila do Conde, com o questionário aplicado (todas as respostas
estão apresentadas em anexo, com uma designação alfabética em substituição do nome
do restaurante) procurou-se perceber qual a sensibilidade dos inquiridos para as escolhas
dos clientes, designadamente no que concerne à região de origem preferencial, que
critérios estiveram subjacentes à criação da carta de vinhos, que tipo de cozinha
apresentam no seu restaurante e qual a predominância da escolha (carne ou peixe), que
vinhos costumam recomendar aos seus clientes e se lhes parece importante promover os
vinhos verdes da sub-região do Ave em que Vila do Conde se localiza.

Embora 7 dos 12 inquiridos tenham referido que o vinho Verde também é pedido, a
grande maioria refere que os vinhos da região do Douro são os mais solicitados. Quanto
aos critérios considerados para a elaboração das cartas de vinho, os aspetos mais referidos
são a variedade (procurando alguma oferta de cada uma das principais regiões
portuguesas), a qualidade e o preço. Apenas 3 restaurantes inquiridos referiram a
preocupação em harmonizar a carta de vinhos com o menu de que dispõem, sendo que a
maioria é de cozinha tradicional, com predomínio do peixe grelhado, embora entre os
inquiridos exista uma pizzaria, um restaurante de sushi e uma hamburgueria gourmet.

26
Quanto às especialidades vilacondenses (essencialmente o peixe grelhado), 7 dos
restaurantes referem que por vezes sugerem os vinhos verdes para acompanhamento do
peixe. Dois deles referiram especificamente a época do ano em que servem sardinhas
assadas e em que sugerem vinho Verde (branco e tinto), sendo que verificam também
uma maior procura. Por fim, embora todos reconheçam a importância de promover os
produtos regionais, apenas 9 assumem que promovem o vinho Verde junto dos seus
clientes.

Considerando a oportunidade de estabelecer um diálogo em torno do questionário


apresentado, na maioria dos espaços a conversa foi agradável e permitiu-nos aferir
algumas questões paralelas às perguntas efetuadas. Percebemos que o fator variedade e
preço pesam e percebemos sobretudo que a maioria dos inquiridos acaba por sugerir os
vinhos que pessoalmente mais lhe agrada, não detendo conhecimentos mais aprofundados
e que seriam importantes para os proprietários de um restaurante. Nenhum dos
restaurantes tem um escansão ou sommelier (também não seria expectável face ao
caracter popular que todos eles, genericamente apresentam), à exceção do restaurante de
sushi que, pertencendo ao grupo Romando, tem um funcionário especializado no
desenvolvimento das cartas de vinhos para os diferentes restaurantes do grupo.

27
Considerações finais

A diferenciação social a que o ato de beber vinho desde sempre esteve associado, em
conjunto com a capacidade de alterar o estado de consciência de quem o bebe, acrescido
do caráter simbólico que o ritual cristão lhe imprimiu, são aspetos que trouxeram ao vinho
uma “dimensão imaterial” e singular (Simões, 2008). Por seu turno, a associação do vinho
à gastronomia e ao património cultural, às idiossincrasias da sua região de origem, fazem
deste produto um elemento incontornável de afirmação territorial e potenciador de
promoção turística da região que o produz e o promove.

Sendo Portugal um país de tradição vitivinícola, produtor e consumidor de vinhos,


compreende-se a sua importância na produção e no comércio das diferentes regiões
demarcadas que o país reúne, sendo capaz de oferecer aos mercados nacionais e
internacionais produtos distintos, de referência e com qualidade.

A criação das rotas de enoturismo vieram potenciaram a ligação e a troca de sinergias


com vista à promoção do turismo, da produção e do comércio de vinho, na divulgação do
património, das tradições e das singularidades das regiões, identificando-se a capacidade
de funcionar como elemento de coesão de entidades, muitas delas concorrentes entre si,
mas com vista à promoção e divulgação do turismo regional.

Na região dos vinhos verdes, a gastronomia e vinhos formam o “casamento perfeito” em


conjunto com a história, com a oferta hoteleira e com a hospitalidade minhota (Marques
G. M., 2017), tendo permitido a criação de um diversificado número de itinerários, no
âmbito da Rota da Região dos Vinhos Verdes.

Assim, tendo por base a Região Demarcada dos Vinhos Verdes e a sub-região do Ave,
bem como sustentados por um conjunto de leituras bibliográficas que nos deram conta da
importância da região no momento da escolha dos vinhos no restaurante, desenvolvemos
um trabalho empírico, com a aplicação de um questionário aos 12 restaurantes localizados
na zona ribeirinha de Vila do Conde. Conclui-se que genericamente a informação que os
proprietários e /ou responsáveis de sala que connosco dialogaram têm um conhecimento
aquém do que seria expectável para a prestação de um serviço de qualidade no que

28
concerne à sugestão de vinhos. Paralelamente, apesar de todos reconhecerem a
importância da promoção dos produtos regionais junto dos seus clientes e turistas, no
momento de apresentarem uma sugestão de vinhos para acompanhamento da refeição, a
maioria reconhece que os vinhos do Douro são os mais sugeridos e solicitados.

Embora este trabalho constitua uma pequena amostra, uma vez que se confina a uma
percentagem pouco significativa da restauração em Vila do Conde, estamos em crer que
num trabalho de natureza mais lata, seria interessante o desenvolvimento do estudo de
forma mais abrangente, senão à totalidade, pelo menos à maioria das unidades de
restauração do concelho, sendo possível, pensar na implementação de um projeto de
promoção dos vinhos verdes da região nos restaurantes do concelho.

29
Referências

Almeida, M. J. ( 2016). Guia de enoturismo, 2ªed. Zest - Books for life.


Câmara Municipal de Vila do Conde. (30 de maio de 2017). O nosso peixe. Obtido de
Câmara Municipal de Vila do Conde: http://www.cm-
viladoconde.pt/frontoffice/pages/899
Cohen, E., d’Hauteville, F., & Sirieix, L. (2009). A cross-cultural comparison of choice
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31
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32
Anexos

33
Figura 3 - Localização dos restaurantes da zona ribeirinha de Vila do Conde

Fonte: produção própria

34
Restaurante A

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim, e têm como preferência Douro, Alentejo, região do vinho verde e
internacionais.

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


Ao longo dos anos adquiriu-se vinhos de qualidade, com o critério, de "admitir
como possibilidade" atingir o expoente máximo de uma carta de vinhos.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Tendencialmente, servimos carne, peixe e marisco, apostando nos pratos de
gastronomia tradicional, internacional e nipônico.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Para acompanhar especialidades gastronómicas vilacondenses, recomendo
alvarinho e brancos maduros.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Escolher o vinho ideal para acompanhar uma refeição parece ser uma tarefa difícil,
daí termos critérios definidos como:
- O ano da colheita
- O grau de álcool mais adequado
- O gosto
- A ocasião;
e depois há outra regra universalmente definida. O vinho tinto acompanha pratos
de carne, queijos e enchidos, enquanto os pratos de peixe e marisco são
acompanhados com vinho branco, verde ou rosé. Não se esqueça de que as regras
servem para ser quebradas. Se quiser inovar, pode e deve fazê-lo.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Sim, nos últimos 5 anos os vinhos regionais de denominação de origem controlada
do vinho verde evoluíram muito.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?

35
Sim, temos esse fator em consideração e recomendamos o vinho verde aos nossos
clientes.

36
Restaurante B

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim, sobretudo Douro (quer maduros brancos, quer tintos), mas também se
vendem muito bem os vinhos verdes.

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


A satisfação do cliente, procurando ter vinhos um pouco de cada uma das regiões
portuguesas, exceto dos arquipélagos.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Cozinha internacional e de autor. Diria que as percentagens entre carne e peixe
estão equilibradas.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Genericamente os portugueses sabem o que querem, mas procuramos oferecer os
vinhos regionais. Os estrangeiros pedem sobretudo Douro, mas também pedem o
vinho verde e perguntam qual o mais aconselhado, sobretudo os franceses.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
A sugestão é dada em função do prato, sendo que para peixe sugerimos brancos
(maduro ou verde) e para as carnes os tintos, mas, genericamente, sugerimos mais
os vinhos do Douro.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
sim.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Sim, embora sinta que as pessoas tem algum estigma relativamente ao vinho
verde.

37
Restaurante C

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim. Os pedidos são muito variados, mas os vinhos do Douro são os mais pedidos.
Sentimos que hoje já não uma clara associação dos brancos com o peixe e dos
tintos com a carne.

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


Procuramos ter alguns rótulos de cada região demarcada portuguesa,
nomeadamente Douro e Alentejo.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Servimos mais carne e é cozinha tradicional portuguesa.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Dependendo do cliente preferir branco ou tinto, mas não temos em conta as
regiões. Para jantares / almoços de grupo ou menu executivo, sugerimos mais
vinhos do Douro e vinho verde, sendo que o preço é um fator muito importante.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Não. Dependendo do cliente preferir um vinho mais estruturado sugerimos Douro
e se pretender mais leve e consensual sugerimos Alentejo.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Sim, particularmente junto dos turistas. Se pedirem vinhos da região sugerimos
os vinhos verdes.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Sim.

38
Restaurante D

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim. Pedem muito os vinhos verdes, sobretudo os franceses.

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


O preço, a qualidade e a diversidade. Procuramos ter um pouco de cada uma das
regiões portuguesas.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Servimos gastronomia tradicional e sobretudo peixe.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Procuramos evitar os vinhos mais divulgados, dando a conhecer novos rótulos.
Procuramos conhecer o gosto dos clientes para poder sugerir um vinho que vá de
encontro as características enumeradas pelos clientes (mais frutado ou mais seco,
mais leve ou mais encorpado, etc).

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Procuro sugerir vinhos que acompanhem bem peixe e carne, para ocasiões em que
os clientes escolham dois pratos, podendo assim manter o vinho. Nesse sentido
sugiro vinhos verdes como o Séquito, ou rosés.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Sim, tem esse cuidado até mesmo no menu diário.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Sim.

39
Restaurante E

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim. Pedem sobretudo vinhos do Douro e verdes

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


Procuramos diversificar as regiões com vista a satisfazer todos os tipos de clientes.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Servimos mais carne, e apostamos na gastronomia internacional e nacional de
fusão.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Sobretudo vinhos do Douro.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Se o pedido for peixe, sugerimos sempre branco, especialmente do Douro ou
Alvarinho, e se for carne, sugerimos um tinto, ou branco mais encorpado.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Sim.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Sim, embora o Douro seja a preferência da maioria dos clientes.

40
Restaurante F

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim, os meus clientes costumam pedir vinho na sua maioria. Normalmente a
região mais pedida é Douro.

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


A nossa carta de vinhos é concebida com a principal influência dos pratos servidos
ou da carta (menu). Tendo especial atenção aos pedidos e sugestões dos clientes
tendo a localização geográfica uma influência menor.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Influenciado também pelas estações do ano em que nos encontramos, sendo sem
dúvida os pratos de peixe os mais procurados, o que influência na hora de escolher
o tipo de gastronomia a criar que, na sua maioria, é gastronomia tradicional.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
No inverno a tendência são os vinhos maduros tinto. Com pratos de peixe o mais
comum são os maduros brancos de diferentes características tendo também
influência da estação do ano em curso. Numa percentagem menor os vinhos
verdes brancos e verdes tinto em pratos específicos. Ex: sardinha

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Os vinhos que normalmente recomendamos têm a influência da refeição
pretendida tendo especial atenção ao tipo de vinho que vá ao encontro do perfil e
gosto do cliente.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
A importância deste tipo de promoção existe por uma questão de indentidade, para
divulgar o que a região produz de uma forma específica mas sem esquecer nunca
a refeição.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Mesmo estando em Vila do Conde inseridos na região demarcada do vinho verde
não é esse o factor mais importante no momento de recomendar,

41
comparativamente com a sugestão de um prato em que a tendência vai para peixe,
porque estamos junto ao mar e temos uma tradição a defender.

42
Restaurante G

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim. Sobretudo vinhos do Douro (brancos e tintos)

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


Procurei que os vinhos ligassem bem com as propostas gastronómicas sugeridas
no menu, considerando um equilíbrio entre Douro e Alentejo, embora também
tenha vinhos do Dão, Setúbal, vinhos franceses, da Nova Zelândia

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Internacional e cozinha de autor

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Não temos especialidades vilacondenses.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Gosto pessoal e a qualidade em que acredita

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Sim, é importante promover os produtos regionais

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Consideramos que esse fator não tem muita importância nesta sub-região.
Sugerimos pouco os vinhos verdes e se o fizermos será sobretudo o Alvarinho.

43
Restaurante H

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim. A maior parte dos clientes preferem Douro.

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


Procuramos ter alguns rótulos de cada região demarcada portuguesa.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
É um restaurante com cozinha de fusão com sabores tradicionais e grelhados na
chapa. Entre peixe e carne a escolha é equilibrada.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Sugerimos sobretudo vinhos do Douro, sobretudo com peixe, embora os clientes
estrangeiros gostem de vinho verde, particularmente no verão, assim como os
portugueses.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Depende dos pratos pedidos. Para carne sugerimos sobretudo vinhos tintos e para
o peixe, sugerimos brancos e champanhe, apropriado para o efeito.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Sim.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Não.

44
Restaurante I

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim. A maior parte dos clientes tem pouco conhecimento sobre vinhos, no
entanto, podemos associar os franceses ao rosé, e os espanhóis pedem alguns
verdes, nomeadamente Muralhas. Mas o que vende mais é o Alentejo.

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


Procuramos ter uma oferta que vá de encontro ao que os clientes procuram, pelo
que temos alguns rótulos mais conhecidos das 3 principais regiões, tendo em
consideração o preço.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Servem sobretudo peixe grelhado, embora também tenha alguns pratos de carne
na ementa.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Sugerimos sobretudo vinhos do Alentejo, ou alguns verdes de Ponte de Lima, por
exemplo, se perceber que os clientes procuram vinhos mais leves.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Normalmente procuramos sugerir vinhos brancos para o peixe, mas de acordo
com a época do ano, muitas vezes mesmo com peixe os clientes pedem tintos.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Sim, e muitas vezes os clientes pedem o vinho da região.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Sim, pelo que sugere com frequência Muralhas, vinhos de Ponte de Lima e de
Ponte da Barca e Alvarinho.

45
Restaurante J

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim. Há um consumo variado, mas, sobretudo no verão, vendemos mais verdes
brancos e maduros brancos (Douro e Alentejo, mas sobretudo Douro).

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


Tivemos a colaboração do comercial da garrafeira. Consideramos a harmonização
com os pratos que servimos, que são sobretudo grelhados (peixe e carne).
Consideramos ainda o preço dos vinhos, que procuramos que sejam coerentes com
os preços dos pratos (segmento médio: custo médio para duas pessoas 40€).
Temos uma ou duas reservas para clientes mais exigentes.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Servimos gastronomia tradicional, sobretudo peixe.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Normalmente aconselhamos vinhos verdes brancos.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Procuramos que seja o cliente a efetuar a escolha. Em caso de sugestão,
promovemos os verdes para o peixe. No caso das carnes, sugerimos os tintos,
verdes ou maduros. Sendo maduros, a região mais solicitada é Douro.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Sim e procuramos faze-lo.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Sim. Procuramos sempre promover os vinhos verdes, nomeadamente de Ponte de
Lima e Monção.

46
Restaurante K

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular? Maioritariamente não, optam por sangria ou cerveja artesanal. No entanto
os que pedem preferem os vinhos da região do Douro.

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios? Sim, trabalhamos
apenas com um vinho branco e um tinto, ambos da região do Douro.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na gastronomia


tradicional, internacional ou de fusão?
Servimos 80% carne, seja hambúrguer de novilho ou Prego, sendo os restantes 20%
estão divididos entre 15% carne branca bife de peru e hambúrguer de frango e os
restantes 5% peixe e vegetariano. A cozinha que apostamos é de fusão.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
As nossas especialidades não são vilacondenses, mas servimos sempre Douro por
opção.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os pratos
pedidos pelos seus clientes?
Sim, maduro tinto para carnes e maduro branco para os peixes e carnes brancas.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Sim, efetivamente é de toda a importância promover os vinhos com a gastronomia uma
vez que estes acrescentam diferentes toques de sabores e sensações que permitem uma
degustação muito mais completa e prazerosa.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse fator
em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus clientes?
Não, uma vez que apenas servimos Vinhos do Douro.

47
Restaurante L

1. Os seus clientes costumam pedir vinho? E preferem alguma região em


particular?
Sim. Verifica-se um equilíbrio entre os vinhos da região do Douro e do Alentejo,
sendo que também pedem bastante Muralhas (vinho verde) e Alvarinho.

2. Concebeu a sua carta de vinhos tendo em conta que critérios?


A carta foi concebida tendo em conta a qualidade do vinho, o preço, procurando
ter alguns rótulos de cada uma das principais regiões portuguesas: Douro,
Alentejo e Minho.

3. Tendencialmente, servem mais carne ou peixe? Apostam mais na


gastronomia tradicional, internacional ou de fusão?
Servimos gastronomia tradicional e sobretudo peixe.

4. Que vinhos costuma recomendar para acompanhamento das especialidades


gastronómicas vilacondenses?
Depende se o cliente prefere vinho verde ou vinho maduro. Se preferirem da
região do Minho recomendam normalmente Alvarinho, mas genericamente
sugerimos mais vinhos do Douro.

5. Tem algum critério definido para sugestão de vinhos de acordo com os


pratos pedidos pelos seus clientes?
Depende da época do ano. Normalmente no inverno são mais vendidos os tintos,
sendo que em muitos casos os clientes já não respeitam o princípio dos vinhos
brancos para peixe e tintos para carne.

6. Parece-lhe importante promover os vinhos regionais juntamente com a


gastronomia típica?
Embora reconheça que sim, o que mais sugerimos são os vinhos do Douro. No
entanto, quando é a época das sardinhas procura ter sempre vinho verde, mesmo
o tinto, porque os clientes apreciam essa harmonização.

7. Pertencendo Vila do Conde à região demarcada do vinho verde, tem esse


fator em consideração no momento de recomendar o vinho aos seus
clientes?
Recomendamos mais Douro, pois sentimos que essa também é a preferência dos
clientes.

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