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Difração

Óptica e Fı́sica Moderna

28 de outubro de 2020
Fonte

Fonte deste material: Halliday, Resnick, Walker; Fundamentos


de Fı́sica; Volume 4 - Mecânica; 8ª Edição, LTC
Sumário

Difração por uma fenda


Difração e a Teoria Ondulatória da Luz
O Ponto Claro de Fresnel
Difração por uma Fenda: Posições dos Mı́nimos

Intensidade da Luz Difratada por uma Fenda

Difração por uma Abertura Circular

Difração por Duas Fendas

Redes de Difração

Difração de Raios X
Difração e a Teoria Ondulatória da Luz

I Nas aulas anteriores,


definimos difração como
o alargamento sofrido por
um feixe luminoso ao
passar por uma fenda
estreita.
I Algo mais acontece,
porém, já que a difração,
além de alargar um feixe
luminoso, produz uma
figura de interferência
conhecida como figura de
difração.
Difração e a Teoria Ondulatória da Luz

I Há um máximo central largo e


intenso;
I Há também uma série de máximos
mais estreitos e menos intensos, os
máximos secundários ou laterais.
I Os máximos são separados por
mı́nimos.
I A luz também chega aos mı́nimos,
mas as ondas luminosas se cancelam
mutuamente.
I Essa figura não pode ser explicada
pela óptica geométrica.
Difração e a Teoria Ondulatória da Luz
O Ponto Claro de Fresnel

I O fenômeno da difração é explicado


pela teoria ondulatória da luz;
I A teoria foi proposta por Huygens no
final do século XVII;
I A teoria foi usada 123 anos mais tarde
por Young para explicar o fenômeno
na interferência nos experimentos de
dupla fenda;
I A teoria não estava de acordo com a
teoria de Newton, de que a luz é feita
de partı́culas.
O Ponto Claro de Fresnel

I A teoria de Newton dominava os


cı́rculos cientı́ficos franceses no inı́cio
do século XIX;
I Nessa época, Augustin Fresnel, um
jovem engenheiro militar, submeteu
um artigo à Academia Francesa de
Ciências no qual descrevia seus
experimentos com a luz e os explicava
usando a teoria ondulatória;
I Em 1819, a Academia promoveu um
concurso no qual seria premiado o
melhor trabalho sobre difração. O
vencedor foi Fresnel.
O Ponto Claro de Fresnel

I S. D. Poisson, chamou atenção para o


“estranho fato” de que, se a teoria de
Fresnel estivesse correta, as ondas
luminosas convergiriam para a sombra
de uma esfera ao passarem pela borda
do objeto, produzindo um ponto
luminoso no centro da sombra.
I A comissão julgadora realizou um
teste e descobriu que o ponto claro
de Fresnel realmente existia!
Difração por uma Fenda: Posições dos Mı́nimos

I Quando a luz difratada chega à


tela de observação C produz
uma série de franjas claras e
escuras.
I A franja clara central ocorre
porque as ondas secundárias
provenientes de bordas opostas
percorrem a mesma distância
para chegar ao centro.
Difração por uma Fenda: Posições dos Mı́nimos

I Para determinar a posição das


franjas escuras, dividiremos os
raios em pares.
I As ondas secundárias dos raios
r1 e r2 estão em fase ao saı́rem
da fenda, mas, para
produzirem a primeira franja
escura, chegam defasadas de
λ/2 no ponto P1 .
I Essa diferença de fase se deve
à diferença de percurso;
I Escolhemos um ponto b da
trajetória de r2 tal que a
distância de b a P1 seja igual à
distância total percorrida por
r1 .
Difração por uma Fenda: Posições dos Mı́nimos

I A diferença entre as
distâncias percorridas
pelos dois raios é igual à
distância entre b e o
centro da fenda.
I Para D  a, podemos
supor que os raios r1 e r2
são aproximadamente
paralelos e fazem um
ângulo θ com o eixo
central.
Difração por uma Fenda: Posições dos Mı́nimos

Primeiro Mı́nimo
I A diferença entre as distâncias
a
percorridas por r1 e r2 é senθ.
2
I Fazendo essa diferença igual a
λ/2 , obtemos

a λ
senθ =
2 2
que nos dá

a senθ = λ

(primeiro mı́nimo)
Difração por uma Fenda: Posições dos Mı́nimos

Estreitando a Fenda

a senθ = λ

(primeiro mı́nimo)

I A difração (espalhamento da
luz) é maior para fendas mais
estreitas.
I Quando a = λ, o ângulo
correspondente à primeira
franja escura é 90◦ .
I Nessas condições, toda a tela
de observação é iluminada.
Difração por uma Fenda: Posições dos Mı́nimos

Segundo Mı́nimo
I Dividimos a fenda em quatro
regiões de mesma largura a/4.
I Traçamos raios r1 , r2 , r3 e r4
da extremidade superior de
cada uma dessas regiões até o
ponto P2 (segundo mı́nimo).
I É preciso que as diferenças
entre as distâncias percorridas
pelos raios sejam iguais a λ/2.
Difração por uma Fenda: Posições dos Mı́nimos

Segundo Mı́nimo
I Para D  a, os raios são
aproximadamente paralelos e fazem
um ângulo θ com o eixo central;
I Traçamos perpendiculares que vão da
extremidade superior de cada região
até o raio mais próximo;
I A diferença entre as distâncias
percorridas por dois raios vizinhos é
a
sempre senθ;
4
I Fazendo essa diferença igual a λ/2,
obtemos
a λ
senθ =
4 2
que nos dá

a senθ = 2λ
Difração por uma Fenda: Posições dos Mı́nimos

Todos os Mı́nimos
I Se continuássemos dividindo a fenda em um número cada vez maior de
regiões, chegarı́amos à equação geral:
a senθ = mλ, para m = 1, 2, 3, ...
Intensidade da Luz Difratada por uma Fenda

I É possı́vel calcular (demonstração no livro-texto) a intensidade I da figura


de difração em função de θ:
!
senα 2
I (θ) = Im
α

em que

1 πa
α= φ= senθ
2 λ
onde
I Im é o valor máximo da intensidade, que ocorre no máximo central (ou
seja, para θ = 0);
I φ é a diferença de fase (em radianos) entre os raios provenientes da
extremidade superior e inferior da fenda;
I a é a largura da fenda.
Intensidade da Luz Difratada por uma Fenda

!
senα 2
I (θ) = Im
α

em que

1 πa
α= φ= senθ
2 λ
os mı́nimos de intensidade ocorrem quando

α = m π, para m = 1, 2, 3, ...

ou

a senθ = mλ para m = 1, 2, 3, ...


Difração por uma Abertura Circular

I A figura mostra a imagem


formada pela luz de um laser
após passar por uma abertura
circular de diâmetro muito
pequeno.
I A imagem é um disco luminoso
cercado por anéis claros e
escuros.
I A abertura é um cı́rculo de
diâmetro d.
Difração por uma Abertura Circular

I A análise do problema mostra


que a posição do primeiro
mı́nimo da figura de difração de
uma abertura circular de
diâmetro d é dada por
λ
senθ = 1, 22
d
θ é o ângulo entre o eixo central e a
reta que liga o centro do anel à
posição do mı́nimo.
Resolução

I As imagens produzidas por lentes são figuras de difração;


I Isto é importante para se resolver (distinguir) dois objetos pontuais
distantes cuja separação angular é pequena;
I A figura mostra, em três casos diferentes, o aspecto visual e o gráfico de
intensidade correspondente de dois objetos pontuais distantes com
pequena separação angular.
Critério de Rayleigh para a resolução
I Na figura central, a separação angular das duas fontes pontuais é tal que
o máximo central da figura de difração de uma das fontes coincide com o
primeiro mı́nimo da figura de difração da outra.
I Dois objetos que mal podem ser distinguidos, segundo esse critério, têm
uma separação angular θR dada por
1, 22 λ
θR = sen−1
d
como os ângulos são pequenos:
λ
θR = 1, 22
d
Pontilhismo
I O critério de Rayleigh pode explicar o que acontece com as cores no estilo
de pintura conhecido como pontilhismo.
I Quando examinamos o quadro de perto, a separação angular θ entre
pontos vizinhos é maior que θR e, portanto, os pontos podem ser vistos
separadamente.
I À distância normal, por outro lado, a separação angular θ entre pontos
vizinhos é menor que θR e os pontos não podem ser distinguidos.
Difração por Duas Fendas

I Nos experimentos com duas fendas, supusemos implicitamente


que a  λ.
I Na prática, a condição a  λ nem sempre é satisfeita.
I Quando as fendas são relativamente largas, a interferência da
luz proveniente das duas fendas produz franjas claras de
diferentes intensidades.
I Isso acontece porque a intensidade das franjas é modificada
pela difração sofrida pela luz.
Difração por Duas Fendas

Franjas de interferência em um sistema real de duas fendas

Figura de difração de uma única fenda


Difração por Duas Fendas

Intensidade - duas
fendas com difração

!
senα
I (θ) = Im cos2 β 2

α

em que

πd
β= senθ
λ
πa
α= senθ
λ

I d é a distância entre os
centros das fendas;
I a é a largura das
fendas.
Redes de Difração

I Um dos dispositivos mais usados para


estudar a luz e os objetos que emitem
e absorvem luz é a rede de difração;
I O número de fendas, também
chamadas de ranhuras, pode chegar a
milhares por milı́metro;
I Quando as fendas são iluminadas com
luz monocromática, aparecem franjas
de interferência cuja análise permite
determinar o comprimento de onda da
luz.
Redes de Difração
Redes de Difração

I Supomos que a tela está


afastada da rede para que os
raios que chegam a um ponto P
da tela sejam aproximadamente
paralelos ao deixarem a rede de
difração.
I A distância d entre ranhuras
vizinhas é chamada de
espaçamento da rede.
I A diferença entre as distâncias
percorridas por raios vizinhos é
d senθ.
I Haverá uma linha em P se

d senθ = m λ
Redes de Difração

I Pode-se escrever a equação d senθ = m λ


na forma:
!
−1
λ
θ = sen m
d

I Assim, a medida da posição das linhas


pode ser usada para determinar um
comprimento de onda desconhecido.
I Até mesmo uma luz que contém uma
mistura de comprimentos de onda pode
ser analisada.
I As redes de difração são usadas para
determinar os comprimentos de onda
emitidos por fontes luminosas de todos os
tipos, de lâmpadas a estrelas.
Espectroscópio de Rede de Difração

I A luz da fonte S é focalizada pela


lente L1 em uma fenda S1 que está no
plano focal da lente L2 .
I A luz que emerge do colimador
C incide na rede G , onde é difratada,
produzindo uma figura de difração.
I Podemos observar a linha de difração
orientando o telescópio T para o
ângulo θ correspondente.
I Mudando o ângulo θ do telescópio,
podemos observar toda a figura de
difração.
Espectroscópio de Rede de Difração

I Uma lâmpada de hidrogênio, que contém hidrogênio gasoso, emite


radiação com quatro comprimentos de onda na faixa visı́vel.
I Quando nossos olhos interceptam essa radiação, temos a impressão
de que se trata de luz branca.
I Quando observamos a luz através de um espectroscópio, podemos
distinguir, em várias ordens, as linhas das quatro cores.
Difração de Raios X

I Os raios X são ondas


eletromagnéticas com
comprimento de onda da ordem
de 1 Å (10−10 m).
I Para comparação, o
comprimento de onda no centro
do espectro visı́vel é 550 nm
(5, 50 × 10−7 m).
I Raios X são produzidos quando
os elétrons que escapam de um
filamento aquecido F são
acelerados por uma diferença de
potencial V e se chocam com
um alvo metálico T .
Difração de Raios X

I Uma rede de difração comum não pode ser usada para separar
raios X de diferentes comprimentos de onda.
I Para λ = 1 Å (0,1 nm) e d = 3000 nm, por exemplo, o
máximo de primeira ordem ocorre para

mλ (1) (0, 1 nm)


θ = sen−1 = sen−1 = 0, 0019◦
d 3000 nm
I o primeiro máximo está próximo demais do máximo principal
para que as duas linhas possam ser resolvidas.
I O ideal seria usar uma rede com d ≈ λ, mas, como λ é da
mesma ordem que os diâmetros atômicos, é tecnicamente
impossı́vel construir essa rede.
Difração de Raios X

I Em 1912, ocorreu ao fı́sico


alemão Max von Laue que um
sólido cristalino poderia ser uma
“rede de difração” para os raios
X.
I Em um sólido cristalino como o
cloreto de sódio (NaCl), um
conjunto de átomos (conhecido
como célula unitária) se repete
em todo o material.
Lei de Bragg

I Pode-se ver que a diferença de


percurso entre os raios 1 e 2 é
2 d senθ.
I Essa diferença é a mesma para
qualquer par de planos vizinhos
pertencentes à famı́lia de planos.
I Assim, temos, como critério para
que a intensidade da difração seja
máxima (lei de Bragg):

2 d senθ = m λ

em que m é o número de ordem de um


dos máximos de intensidade.
I θ é denominado ângulo de Bragg.

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