O QUE GUIA ALIMENTAR BRASILEIRO FALA SOBRE SUPLEMENTAÇÃO.
A primeira publicação, um comentário publicado por dois pesquisadores da
Universidade de Harvard na revista da Associação Médica Americana, descreve as limitações de se olhar a relação alimentação–saúde com base apenas na composição nutricional dos alimentos, em particular quando o perfil epidemiológico é dominado por doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, câncer e outras doenças crônicas. Destaca os efeitos protetores da alimentação que dependem da estrutura intacta dos alimentos e de interações entre nutrientes, explica por que a suplementação medicamentosa de nutrientes não reproduz os mesmos benefícios da alimentação e defende a necessidade de um novo enfoque para a formulação de guias alimentares que privilegie alimentos intactos ou minimamente processados e que desencoraje o consumo de produtos altamente processados. Este enfoque, adotado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, está presente na segunda publicação (também oriunda da Universidade de Harvard), que apresenta recomendações sobre alimentação saudável dirigidas particularmente à população americana. LUDWIG, D. Technology, diet, and the burden of chronic disease. JAMA, [S.l.], v. 305, p. 1352-1353, 2011. Disponível em: <http://jama.jamanetwork.com/article. aspx?articleid=896031>.
Entretanto, o efeito de nutrientes individuais foi se mostrando progressivamente
insuficiente para explicar a relação entre alimentação e saúde. Vários estudos mostram, por exemplo, que a proteção que o consumo de frutas ou de legumes e verduras confere contra doenças do coração e certos tipos de câncer não se repete com intervenções baseadas no fornecimento de medicamentos ou suplementos que contêm os nutrientes individuais presentes naqueles alimentos. Esses estudos indicam que o efeito benéfico sobre a prevenção de doenças advém do alimento em si e das combinações de nutrientes e outros compostos químicos que fazem parte da matriz do alimento, mais do que de nutrientes isolados.