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CURSO DE
NUTRIÇÃO CLÍNICA
Aluno:
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CURSO DE
NUTRIÇÃO CLÍNICA
MÓDULO II
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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MÓDULO II
5 INTRODUÇÃO
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Indivíduos desnutridos ou em risco de desnutrição apresentam 3,8 vezes
maior probabilidade de morte que aqueles sem risco nutricional (MEDEIROS;
MARQUES, 2007). Ainda segundo esses autores a desnutrição proteico-calórica
pode ocorrer em 19% a 80% dos pacientes hospitalizados, em diversas condições
de doença. Para Carvalho e Sales (1992), a desnutrição é um estado dinâmico que
inclui desde simples desequilíbrios da ingestão em relação às necessidades até
profundas alterações funcionais e estruturais de órgãos, tecidos e sistemas.
Esses autores mencionam que a definição de desnutrição gera conflitos,
pois pacientes com exames normais podem estar em plena evolução para a
desnutrição grave e, por outro lado, indivíduos com exames alterados, mas com o
fator desencadeante da malnutrição, controlado e tratado e, em realimentação, estão
em plena evolução para a recuperação nutricional. Em geral, um processo de
desnutrição começa quando ocorrem uma ou mais dessas condições: ingestão de
calorias e nutrientes insuficientes para atender as necessidades orgânicas diárias,
aumento das necessidades diárias e utilização incorreta.
No início do processo não existem modificações na composição corporal,
apenas alterações funcionais, nem sempre detectáveis pelos exames convencionais.
Se a situação persiste por tempo prolongado ou há estresse associado, ocorre uma
debilitação orgânica, em que os indicadores bioquímicos e, eventualmente, os
antropométricos tornam-se anormais. As alterações metabólicas impostas pela
desnutrição comprometem as reservas corporais de energia e afetam
significativamente a massa magra e reserva muscular. Mais tardiamente, se o
processo não for interrompido e corrigido, o organismo torna-se incapaz de manter
sua homeostase, resultando, definitivamente, na elevação dos índices de
morbimortalidade.
No Brasil, os dados do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional
Hospitalar (Ibranutri), estudo multicêntrico, realizado em 1996, com 4.000 pacientes
internados na rede pública hospitalar de 12 estados brasileiros e do Distrito Federal,
mostraram que 48,1% dos pacientes hospitalizados estavam desnutridos, sendo
12,6% com desnutrição grave e 35,5% com desnutrição moderada (CORREIA;
CAIAFFA; WAITZBERG, 1998). Além disso, o estudo constatou que a desnutrição
piora significativamente com a progressão do tempo de internação e se dá por vários
motivos, tais como: dor, ansiedade, ambiente e rotina diferente, mudanças
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alimentares, uso e interação de tratamentos agressivos/invasivos e medicamentos,
além da desatenção da equipe de saúde com o estado nutricional dos pacientes
(MEDEIROS; MARQUES, 2007; ROSA, 2008).
Por todo o exposto anteriormente, a avaliação do estado nutricional em
indivíduos hospitalizados torna-se fundamental para identificar distúrbios nutricionais
a fim de possibilitar uma intervenção nutricional adequada de forma a auxiliar na
recuperação e/ou manutenção do estado de saúde do indivíduo.
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em indivíduos críticos e/ou com muitas patologias associadas e os pertencentes aos
grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos.
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c) Mudanças dietéticas: redução significativa de a ingestão alimentar (<60% das
necessidades diárias) durante sete dias ou mais.
d) Presença de patologia catabólica:
- Perdas prolongadas de nutrientes em razão de: fístulas, má-absorção, hemodiálise,
abscessos, síndrome do intestino curto.
- Aumento das necessidades metabólicas devido: queimaduras extensas, cirurgias
importantes recentes, infecções, traumatismos, uso de drogas catabólicas.
- Doença prolongada: > 3 semanas.
- Outras alterações clínicas: desnutrição preexistente, neoplasia e tratamento
antineoplásico, doenças gastrointestinais, demora na cicatrização, presença de
úlceras de pressão.
A triagem nutricional deve ser uma tarefa simples e rápida, passível de ser
executada por profissionais capacitados para tal, no momento da admissão do
paciente ou até 48 horas da aceitação hospitalar; pois após este período as próprias
alterações impostas pelo tratamento clínico (jejuns, exames, cirurgias, suportes
invasivos como sondas, cateteres, etc.) associadas a mudanças dietéticas e
ambientais, passam a interferir no estado nutricional.
A maioria das ferramentas de rastreamento nutricional contempla quatro
questões básicas: história recente de perda de peso sem intenção, ingestão
alimentar recente, índice de massa corporal e gravidade da doença. A European
Society for Parenteral and Enteral Nutrition (ESPEN), recomendou, em 2002, que
para rastreamento nutricional em indivíduos adultos hospitalizados fosse aplicado o
instrumento intitulado Nutritional Risk Screening (NRS, 2002) ou Rastreamento de
Risco Nutricional (KONDRUP et al., 2002).
O mesmo tem como vantagens: poder ser aplicado em qualquer indivíduo
adulto independente da doença ou da idade, não agregar custo adicional ao serviço
e ser utilizado por diferentes profissionais. Os pacientes identificados na categoria
de risco nutricional, a partir da triagem nutricional, devem ser submetidos à
avaliação nutricional completa para classificar seu estado nutricional e fazer a
intervenção dietética mais adequada.
A avaliação nutricional completa identifica o estado nutricional do paciente,
mas vai além; detecta a gravidade dos estados de desnutrição e permite a coleta de
informações que auxiliem no tratamento nutricional (RASLAN, et al., 2008). Para
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Soares (2007) a avaliação nutricional completa inclui, na maioria das vezes, a
obtenção das seguintes informações:
Dados demográficos: sexo idade, endereço, ocupação e renda.
Dados da história clínica: doenças, sintomas gastrointestinais, presença de
febre, tabagismo ou etilismo, perda ou ganho de peso, uso de medicamentos e
suplementos, nível de atividade física, estado psicossocial.
Dados de a história alimentar: recordatório alimentar habitual, registro e
frequência alimentar.
Dados de a ingestão alimentar: mudanças alimentares e dietéticas recentes?
O que mudou? Há intolerâncias? Efeitos adversos? Alergias? Apetite?
Dados do exame físico: antropometria, sinais físicos de alterações
nutricionais, saúde bucal.
Dados sobre a capacidade funcional: autocuidado e atividades diárias.
Dados laboratoriais: hemograma completo, proteínas plasmáticas, ureia
urinária, creatinina sérica e urinária, glicose e lipídios séricos, ácido úrico,
sensibilidade cutânea, etc.
O monitoramento nutricional envolve os mesmos parâmetros utilizados no
rastreamento e na avaliação completa e consiste no acompanhamento da evolução
dos dados nutricionais coletados com o intuito de manter o tratamento quando tiver
obtendo êxito e rever condutas quando se identificarem involuções ou falhas no
tratamento.
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Não há um único método, disponível atualmente, que seja, ao mesmo
tempo, sensível e específico o suficiente na detecção dessas alterações. Mesmo
que houvesse um método “padrão-ouro”, as condições clínicas que ocorrem durante
a hospitalização podem alterar significativamente os dados utilizados na avaliação
nutricional, reforçando-se mais uma vez a necessidade de se utilizar o maior número
possível de parâmetros subjetivos e objetivos na avaliação nutricional em ambiente
hospitalar em virtude das condições específicas desse local.
De acordo com Bastos et al., (2008), os métodos de avaliação nutricional
podem ser divididos em: não convencionais e convencionais. Os métodos não
convencionais são, geralmente, mais sensíveis em detectar o estado nutricional do
que os convencionais, entretanto, utilizam equipamentos de alto custo e possuem
dificuldades técnicas para sua execução, ficando, seu uso, destinado a centros de
pesquisa. Incluem: provas funcionais para avaliar a capacidade funcional e a
imunidade celular, densitometria computadorizada, pesagem hidrostática ou
hidrodensitometria, análise da ativação de nêutrons in vivo, ressonância magnética,
isótopos marcados pela medição da água corporal total, estudos de excreção de
metabólitos.
Literatura pertinente a esses métodos já está disponível e acessível,
inclusive em livros de nutrição, onde se encontram detalhes sobre os métodos,
vantagens e desvantagens no uso. Os métodos convencionais são aqueles usados
habitualmente e que apresentam utilização validada tanto na prática clínica quanto
em estudos epidemiológicos. Apresentam as seguintes vantagens: praticidade, custo
aceitável e são precisos em identificar o estado nutricional do indivíduo. São
apontados como métodos convencionais:
a) História Clínica e Nutricional;
b) Exame Físico (detectar sinais de carências nutricionais);
c) Antropometria: peso, altura, combinações de altura e peso, medidas de dobras
cutâneas, circunferências corporais, largura óssea, compleição física;
d) Exames Laboratoriais: hematócrito, hemoglobina, linfócitos totais, proteínas
séricas, índice creatinina-altura, colesterol sérico, balanço nitrogenado;
e) Índices Prognósticos;
f) Impedância Bioelétrica.
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A discussão que se segue mostrará os métodos convencionais que são
utilizados com maior frequência em ambiente hospitalar; destacando-se que a
escolha do método depende de condições estruturais (disponibilidade de recursos
humanos e materiais) e, principalmente, das condições em que se encontra o
indivíduo hospitalizado (se está totalmente acamado, se deambula, se consegue
sentar-se, se está consciente e orientado, etc.).
9 HISTÓRIA CLÍNICA
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c) Alterações do padrão alimentar: investiga-se a duração da mudança e
o tipo de mudança alimentar (se na quantidade, qualidade dos alimentos ou em
ambas). Por exemplo, o paciente pode relatar que nos últimos dias antes da
internação não fazia mais refeições sólidas, tolerando melhor apenas refeições
pastosas e apresentando aversão à carne bovina.
d) Uso de medicamentos que podem afetar o estado nutricional
interferindo na absorção e utilização dos nutrientes como: furosemida,
hidroclorotiazida, digitálicos (reduzem o apetite), ácido acetilsalicílico, anfetaminas
(alteram ou diminuem o paladar), anti-histamínicos, corticosteroides, psicotrópicos
(aumentam o apetite), anticoncepcionais orais, suplementos de ferro e vitamina C
(alteram a absorção de outros nutrientes).
e) Antecedentes médicos pessoais e familiares: presença de doenças
crônicas, internações e/ou cirurgias prévias e motivo e investigação do caráter
hereditário e genético da(s) patologia(s). Com relação aos antecedentes familiares
sugere-se indagar apenas as condições de saúde de parentes de primeiro grau
(pais, irmãos e avós).
f) Aspectos da história social, econômica e cultural: alguns dados sobre
estes questionamentos podem interferir na adesão ao tratamento como ocupação,
escolaridade, estado civil, religião, condições de moradia, renda familiar e/ou
individual, presença de etilismo, tabagismo e/ou uso de substâncias ilícitas.
Os pontos acima descritos estão em uma ordem de apresentação
puramente didática, ficando a critério de o profissional elaborar seus formulários a
partir das questões que considerar mais relevantes, de acordo com os casos
atendidos. Também é importante ressaltar que durante a entrevista o roteiro de
perguntas não deve seguir uma rotina sequencial rígida, podendo o nutricionista
concluir a entrevista em outros momentos durante o acompanhamento, pois
algumas vezes não é possível colher todas as informações necessárias no primeiro
atendimento, por vários motivos como: a recusa do paciente por cansaço,
sonolência, etc., procedimentos de urgência a serem executados imediatamente,
horário para realização de exames, etc.
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10 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL
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Verificar dificuldades de cicatrização.
Observar como se dá a locomoção do indivíduo pelo quarto hospitalar (se
rápida, com agilidade, com dificuldade, “arrastada”, com necessidade de apoio, etc.).
Avaliar a força como ele aperta o indicador e o dedo médio do examinador
quando solicitado; que o faça fortemente por 10 segundos, ou mesmo avaliar a força
do aperto de mão.
Solicitar que o paciente sopre uma tira de papel para mantê-la cerca de 10
cm dos lábios.
Observar o fôlego do paciente durante a conversação, em repouso e ao
realizar as refeições.
Uma piora funcional grave é observada quando essas atividades são feitas
com dificuldade ou não são feitas. Não se esquecer de associar essas condições à
idade, sexo, hábitos corporais e presença de enfermidades motoras, musculares,
nervosas ou respiratórias.
Para Bento et al. (2008), o exame físico geral é parte integrante da avaliação
do estado nutricional e se aplica para identificar sinais e sintomas clínicos de
malnutrição, principalmente desnutrição. O contato inicial com o paciente
hospitalizado é feito por meio do exame físico e em alguns momentos será o único
elemento a ser usado na avaliação nutricional desses indivíduos. Destaca-se que
para a realização do exame físico é necessário o uso das seguintes técnicas:
inspeção, palpação e ausculta. Na inspeção usam-se os sentidos da visão, olfato e
audição para observação da cor, formato, textura e tamanho das estruturas
corporais. A palpação complementa a inspeção e também verifica, pelo exame tátil,
pulsações e vibrações nas estruturas corporais. Por fim, os “sons” corporais podem
ser auscultados com, ou sem, o uso do estetoscópio. É necessário treinamento e
experiência clínica para avaliação física correta.
Quando se direcionam alguns aspectos do exame físico para identificar
sinais de carências nutricionais específicas chama-se exame físico nutricional. Esta
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avaliação busca perceber sinais de depleção das reservas corporais de tecido
subcutâneo (adiposo e muscular), sinais sugestivos de hipoalbuminemia (presença
de edema e ascite) e alterações estruturais da pele, mucosas, olhos, cabelos e
unhas.
A avaliação das reservas adiposas subcutâneas pode se iniciar pelo exame
do tríceps, subescapular e tórax, por serem regiões onde essas perdas são mais
perceptíveis (TEIXEIRA, 2003). Para avaliação da redução de tecido muscular pode-
se examinar a região do deltoide, temporal, masseter, quadríceps e panturrilha.
Convém ressaltar que o repouso prolongado leva à atrofia muscular (ACUÑA;
CRUZ, 2004).
A pesquisa de edema se faz com uma pressão suave e contínua do polegar
ou dos dedos indicador e médio na região a ser examinada; na qual a presença de
edema é verificada quando, após esta pressão, ao retirar o dedo, fica uma
depressão no tecido que demora voltar ao normal, chamado de Teste do Cacifo ou
Sinal de Godet (DUARTE; CASTELLANI, 2002). A presença de edema nutricional
pode ser examinada na região sacral e nos tornozelos, devendo seguir a pesquisa
do edema por toda a perna para identificar até onde vai o edema (fazer
bilateralmente). Quando o edema é generalizado (corpo inteiro) é chamado de
anasarca.
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exame físico. Para Rosa (2008), a ASG “seria um instrumento tanto para o
prognóstico quanto para o diagnóstico nutricional”.
A ASG contempla os seguintes pontos (KAMIMURA et al., 2002, BORGES
et al., 2007, ROSA, 2008):
Alterações no peso corporal: considera-se o percentual de perda de peso
e relaciona-se com o tempo de perda.
Modificações na ingestão alimentar: pode ser quantitativa ou qualitativa e
avalia-se o tipo e duração da modificação, bem como se descarta qualquer
intencionalidade.
Presença de sinais e sintomas gastrointestinais: consideram-se essas
alterações significativas quando ocorrem diariamente por mais de duas semanas.
Capacidade funcional: relata alterações na duração e intensidade das
atividades diárias.
Demanda metabólica resultante de doença catabólica (queimadura, sepse,
neoplasia, etc.).
A avaliação subjetiva global tem sido amplamente estudada e, atualmente,
encontram-se adaptações validadas para atender situações clínicas diversas como
nefropatias, oncologia, hepatopatia, HIV/AIDS e pacientes geriátricos.
13 ANTROPOMETRIA
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Fazem parte da avaliação antropométrica os seguintes itens:
a) Peso Corporal
É um padrão antropométrico global. É a soma de todos os compartimentos
corporais e é o parâmetro mais adotado na prática clínica. O peso deve ser aferido
em uma balança calibrada com o paciente de pé, descalço, após urinar e, de
preferência, em jejum. Entretanto, segundo Barendregt et al. (2008), nem todo
paciente internado é pesado, devido à ausência de equipamentos, incapacidade do
paciente em deambular e até mesmo negligência ou indiferença da equipe de saúde.
Esses mesmos autores referem que o peso é indispensável sempre que se deseja
estimar o gasto energético, a prescrição nutricional e a dosagem de medicamentos.
Na prática clínica podemos obter três diferentes tipos de peso: peso atual,
peso habitual ou usual e peso ideal ou desejável. Peso atual se refere ao peso
obtido no momento da avaliação nutricional em balança calibrada, plataforma ou
mecânica. O peso habitual ou usual é aquele peso referido pelo paciente como
sendo o peso médio mantido por ele (investigar quando e como foi obtido este peso
e há quanto tempo), sendo usado como referência na avaliação de mudanças
recentes de peso. Já o peso ideal ou desejável é aquele obtido por meio de diversos
cálculos, sendo mais comum e prático o cálculo desse peso por meio da relação
inversa do índice de massa corporal (IMC), onde:
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BIOTIPO HOMENS (VARIAÇÃO PESO) MULHERES (VARIAÇÃO PESO)
Brevilíneo h-100 até (h-100)-5% (h-100)-5% até (h-100)-10%
Normolíneo (h-100)-5% até (h-100)-10% (h-100)-10% até (h-100)-15%
Longilíneo (h-100)-10% até (h-100)-15% (h-100)-15% até (h-100)-20%
FONTE: Augusto, 2002.
Onde h = altura (cm).
Com os dados de peso ideal e peso atual podemos fazer o cálculo para
conhecer a adequação de peso do paciente. Esta adequação mostrará o quanto
adequado ou inadequado o peso atual do indivíduo está em relação ao que deveria
ser (ideal ou desejável). A fórmula para o cálculo da adequação de peso e o valor de
referência mais utilizado está logo abaixo.
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Quando o resultado da adequação de peso for < 95% e > 115%, pode-se
corrigir o peso para a determinação das necessidades energéticas. Esta correção é
chamada peso corrigido ou peso ajustado. Obtém-se por meio da seguinte fórmula:
FONTE: Winkler; Lysen, 1993; Pronsky, 1997, apud Kamimura, Sampaio e Cuppari, 2009.
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Perda de peso (%) = (peso habitual – peso atual) / peso habitual x 100
b) Altura
Representa o maior indicador do tamanho corporal e do comprimento dos
ossos. Adultos geralmente são medidos em pé utilizando-se um antropômetro; onde
o indivíduo deve ficar em pé, descalço, com os calcanhares juntos, costas retas e
braços estendidos ao longo do corpo. De acordo com Acuña e Cruz (2004), quando
a altura não pode ser medida, por dificuldade de o paciente permanecer em pé ou
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devido sérios problemas de coluna; no adulto jovem, pode ser realizada a medida da
envergadura dos braços ou extensão dos braços ou “medida da braçada” (os braços
ficam estendidos formando um ângulo de 90° com o corpo e mede-se a distância
entre os dedos médios das mãos) que equivale à estimativa da altura do indivíduo.
Para simplificar esta técnica pode-se medir apenas a meia envergadura, que
consiste em aferir com fita métrica inelástica a extensão do osso esterno à ponta do
dedo médio da mão estendida de qualquer um dos membros superiores. O valor
obtido é multiplicado por 2 e têm-se a estimativa de altura do indivíduo. Já em idosos
recomenda-se a medida da altura do joelho como forma de estimar a altura desses
pacientes sem as interferências típicas do envelhecimento (curvatura da coluna
afeta a medida de altura). O resultado é acrescentado à fórmula abaixo,
considerando-se o sexo e a idade.
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atendimento nutricional de grupos específicos, neste texto apresentaremos apenas
os valores para adultos, inclusive de outros parâmetros antropométricos e de
composição corporal.
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14 COMPOSIÇÃO CORPORAL
Dobras Cutâneas
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subcutânea de gordura. Serve para avaliar a reserva de gordura corpórea. Pode ser
avaliada de forma isolada ou em combinação com a circunferência do braço (CB)
para obtenção da área de gordura do braço (AGB), área muscular do braço (AMB) e
circunferência muscular do braço (CMB).
Essas últimas medidas serão tratadas adiante. O resultado isolado da DCT
pode ser comparado segundo as referências abaixo (na literatura pertinente existem
outras citações que podem ser utilizadas conforme a necessidade de cada serviço).
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FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO DO PONTO ANATÔMICO PARA MEDIDA DA DCB
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FIGURA 4 - LOCALIZAÇÃO DO PONTO ANATÔMICO PARA MEDIDA DA
DCS
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Para desenvolver habilidade como avaliador de dobras cutâneas é preciso
prática e aplicação adequada das técnicas padronizadas, além de uso de
equipamentos devidamente calibrados.
Circunferências ou Perímetros Corporais
À medida que se torna necessária uma avaliação nutricional mais completa,
dados adicionais devem ser obtidos. Nesse caso, as circunferências corporais, que
são afetadas pela massa gorda, massa muscular e tamanho ósseo, são utilizadas na
prática clínica, pois podem indicar o estado nutricional e o padrão de gordura
corporal. As mais usadas na rotina clínica são: a circunferência do braço (CB), área
de gordura do braço (AGB), área muscular do braço (AMB), circunferência muscular
do braço (CMB), circunferência da panturrilha (CP), circunferência da cintura (CC) e
circunferência do quadril (CQ).
a) Circunferência do Braço (CB): representa a soma das áreas constituídas
pelos tecidos ósseo, muscular e adiposo do braço. É muito utilizada na prática
clínica, tanto a medida isolada, quanto em combinação com o valor de PCT para
diagnosticar alterações da massa muscular corporal total. Existem outros padrões de
referência para esta medida isolada, mas abaixo apresentaremos a faixa
simplificada de normalidade para CB e o padrão de referência mais utilizado.
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FIGURA 5 - LOCALIZAÇÃO DO PONTO ANATÔMICO PARA MEDIDA DA CB
HOMEM MULHER
25,3 cm 23,2 cm
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c) Área Muscular do Braço Corrigida (AMBc): determina a reserva de tecido
muscular, corrigindo a área óssea. É encontrada por meio de fórmulas específicas
para cada sexo.
Homem:
AMBc (cm2) = CB (cm) - x PCT (mm) 102 - 10
4
Mulher:
AMBc (cm2) = CB (cm) - x PCT (mm) 102 - 6,5
4
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e) Circunferência da Panturrilha (CP): é a medida mais sensível para medir a
massa muscular, além de seu valor ser usado para cálculo de estimativa de altura e
peso. Não há um padrão de referência que indique valor normal, acima ou abaixo
para a panturrilha. O que se recomenda é que esta medida pode ser usada para
acompanhamento nutricional (verificar ganho ou perda de reserva muscular).
HOMENS MULHERES
RISCO AUMENTADO > 1,0 > 0,8
> 0,95 > 0,85
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Pode-se usar o valor isolado da medida da circunferência da cintura (alguns
autores a chamam, neste caso, de circunferência abdominal), para inferir sobre o
risco aumentado de complicações metabólicas associadas à obesidade. Estudos
recentes têm apontado que a medida isolada da CC ou CA independe da altura e
correlaciona-se fortemente com o IMC (KAMIMURA, et al., 2002).
Os pontos de corte são mostrados abaixo, mas Kamimura, Sampaio e
Cuppari (2009) chamam atenção para a realização de estudos na nossa população,
separando por sexo e idade, pois esses valores provêm de um estudo feito com
população holandesa.
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nutricional ou já em situação de malnutrição (escassez e/ou excesso de calorias e
nutrientes), além de, também, podermos conhecer o hábito alimentar para adequá-lo
às condições dietéticas exigidas durante a hospitalização e fornecermos subsídios
importantes para elaboração da orientação de alta nutricional.
Os métodos utilizados para a avaliação do consumo alimentar são
chamados de inquéritos dietéticos ou alimentares, podendo sua aplicação ser feita
mediante entrevista pessoal ou ser autoadministrada. Em ambiente hospitalar
convém o nutricionista realizar a entrevista, pois o paciente, pela sua condição
clínica, pode não estar apto a responder questionários investigativos.
Os inquéritos alimentares podem ser retrospectivos (registram informações
de um passado imediato ou de longo prazo) e prospectivos (registram a informação
presente) e sua escolha depende das condições clínicas em que o paciente se
encontra, bem como dos objetivos do atendimento nutricional (JUZWIAK, 2007).
Apresentaremos as principais características dos inquéritos alimentares mais usados
na prática clínica (KAMIMURA; SAMPAIO; CUPPARI, 2009, PEREIRA; UEHARA,
2008; JUZWIAK, 2007):
a) Anamnese ou História Alimentar
Normalmente é utilizada na primeira consulta com o objetivo de obter
informações sobre os hábitos alimentares atuais e passados. Inclui informações
similares às obtidas pelo recordatório de 24 horas e frequência alimentar. Exige um
entrevistador altamente treinado, preferencialmente o nutricionista. Investiga-se
sobre: tratamento dietético anterior, uso de moderadores do apetite e/ou
suplementos nutricionais, presença de intolerâncias, aversões e tabus alimentares,
situação do apetite, características das refeições consumidas (número, frequência,
horário e local de realização).
b) Recordatório de 24 Horas (R24h)
Obtêm informações sobre todos os alimentos e bebidas ingeridos no período
anterior de 24 horas. É utilizado para avaliar a dieta atual, mas a ingestão prévia
pode ter sido atípica (feriado, final de semana, aniversário, festa, etc.). Os autores
alertam que esse método só representará a dieta habitual se for aplicado de forma
seriada e em dias não consecutivos (preferencialmente dois dias de semana e um
de fim de semana). Assim, em ambiente hospitalar, tem um uso restrito devido às
limitações do próprio método.
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c) Questionário de Frequência Alimentar (QFA)
Consiste em uma lista definida de alimentos ou grupos alimentares para os
quais o entrevistado indica a frequência de consumo em um período de tempo
determinado (diário, semanal, quinzenal, mensal ou anual). A lista de alimentos pode
ser previamente elaborada de acordo com o objetivo do atendimento e contendo
fontes alimentares de nutrientes específicos que se deseja investigar (ex: carnes são
boas fontes de ferro tipo heme e o paciente apresenta anemia ferropriva e relata
consumir carne apenas 1 vez/semana). Este método possui a capacidade de
caracterizar a dieta habitual e captar as mudanças recentes. É um instrumento
adequado para verificar o consumo pregresso.
d) Diário ou Registro Alimentar
Consiste no registro diário de todos os alimentos e bebidas ingeridas ao
longo do dia, feito pelo próprio paciente ou seu acompanhante, durante um período
determinado (1 a 7 dias). Considera-se adequado um período de três dias
alternados. Como esse método exige a participação ativa do paciente é possível que
em ambiente hospitalar sua utilização também seja limitada, mas é um método
importante para avaliar a aceitação da dieta hospitalar.
Na aplicação de qualquer um desses métodos é importante que o
nutricionista não induza o paciente nas suas respostas, podendo seguir as
recomendações propostas por Juzwiak (2007):
Evitar questionar sobre um determinado alimento;
Não demonstrar surpresa, aprovação ou desagrado diante do que o
paciente expor;
Abordar com detalhes sobre a forma de preparo dos alimentos;
Questionar sobre o hábito de ingestão de bebidas alcoólicas e
alimentos “extras” ou guloseimas, bem como uso de suplementos nutricionais.
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16 EXAMES BIOQUÍMICOS
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NORMAL DEPLEÇÃO DEPLEÇÃO DEPLEÇÃO
LEVE MODERADA GRAVE
ALBUMINA (g/dL) 4a6 2,8 a 3,5 2,1 a 2,7 < 2,1
FONTE: Oliveira, 2007.
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ICA(%) = creatinina urinária 24 horas (mg)/creatinina urinária ideal (mg) x 100
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Para maior fidedignidade das informações o indivíduo responsável pela
obtenção dos dados deve ser adequadamente treinado e constantemente
capacitado.
A avaliação nutricional deve ser feita com periodicidade definida em
curto intervalo de tempo. Para adultos: controle antropométrico 2-3 vezes/semana e
bioquímicos na admissão e alta; para crianças: controle antropométrico semanal
(com exceção do peso que deve ser diário) e bioquímico com maior frequência que
adultos.
A avaliação do estado nutricional, qualquer que seja o método e o
grupo etário ou situação de injúria, deve ser realizada no máximo até 48 horas da
admissão hospitalar.
FIM DO MÓDULO II
AN02FREV001/REV 4.0
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