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DAVID V. FLEISCHER**
1. Introdução
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mudanças nos níveis de urbanização e a configuração econômica da
nação. 5
Dogan, no seu trabalho sobre deputados franceses durante a Terceira
e a Quarta Repúblicas, documenta o declínio da classe alta francesa e a
conseqüente predominância das classes médias (e mais tarde das mais
baixas) refletidas nas mudanças na composição da Assembléia Naciona1. 6
No entanto, Aron nos adverte que a aquisição do "poder político"
através de maiorias nos legislativos nacionais não foi acompanhada pela
conquista do poder econômico por parte das classes médias e baixas na
França. 7 Bottomore faz a mesma observação para a Grã-Bretanha em
termos de ascensão política das classes trabalhadoras (documentada por
Guttsman), e a sua subseqüente não-aquisição do poder econômico da
década de 20 à de 50. 8
Embora estes estudos forneçam subsídios úteis sobre mudanças nas
relações de poder e prestígio dentro de uma elite; alterações nos sistemas
social, econômico e político; e os mecanismos de promoção política nos
níveis mais altos da elite, pouca ou nenhuma inferência pode ser feita
sobre como ou por que certos atores políticos foram inicialmente recrutados
e subseqüentemente alcançaram as posições atuais dentro da elite.
Para poder fazer estes tipos de inferências, entrevistas intensivas seriam
necessárias com uma parcela ampla da elite política. Porém, além de serem
extremamente caras, metodologias desta natureza tendem a usar uma
análise transeccional (cross-seccional analysis) , em vez de longitudinal;
assim comprometendo quaisquer conclusões a respeito de mudanças no
prazo maior. 9
República Velha 11
e municipal com mudanças no sistema social, Carvalho comparou dados
para deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores e membros de
diretórios locais por rartido, com mudanças demográficas observadas entre
os censos de 1940 e 1950. 11
Mais recentemente, um questionário que foi aplicado entre deputados
estaduais mineiros eleitos em 1966 continha alguns itens sobre antece-
dentes sociais e cargos previamente ocupados; dados estes que foram
comparados com partido e atitudes sobre o desenvolvimento econômico no
estadoY Em dois trabalhos recentes, foi analisado o recrutamento de
deputados federais e estaduais mineiros eleitos após 1945. 13 O recrutamento
de elites burocráticas na nova capital de Belo Horizonte foi o enfoque
de um estudo sobre a República Velha. H
Existe um número considerável de estudos sobre o poder local em Minas
Gerais que tratam, embora perifericamente, da seleção e recrutamento
inicial de políticos em nível local. Cinco destes estudos foram comparados
criticamente por José Murilo de Carvalho. 15
Em resumo, existe um razoável grupo de trabalhos sobre elites políticas
em Minas Gerais, mas a República Velha ainda carece de um estudo mais
compreensivo da sua elite política durante seus 40 anos de existência. Ir,
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Os dados foram codificados em cartões tipo IBM e analisados por compu-
tador. 18
Para os deputados federais, a análise inclui todos os eleitos e os
suplentes que tiveram exercício durante o período. Dos 241 parlamentares
levantados, apenas 32 têm dados incompletos (13,3 % ). Como fica claro
na análise estatística apresentada, o tratamento excluiu estes para tornar
a análise mais comparativa. 19
Para os governadores e vice-governadores do estado (presidentes e vice-
presidentes de Minas Gerais na época), foram incluídas as 24 pessoas que
exerceram mandatos entre 18 de julho de 1891 até 5 de setembro de 1933.
Destes, cinco vice-governadores assumiram mandatos incompletos como
governador, e duas pessoas tiveram dois exercícios diferentes como gover-
nador.~o
Ao longo do trabalho, as operacionalizações dos vários conceitos utili-
zado~ e a construção de variáveis serão descritas quando aparecem no
texto pela primeira vez.
2. Recrutamento legislativo
República Velha 13
legislatura tivesse um mandato um pouco maior, será trrtada como tendo
três anos, como as demais, para simplificar a análise. Legislaturas regulares
de três anos foi a norma até 1930, sendo que quando a revolução de
outubro eclodiu, a 14~ legislatura estava reunida há apenas seis meses.
Outra Assembléia Nacional Constituinte reuniu-se em 15 de novembro
de 1933 e redigiu uma nova constituição no ano seguinte. Ao contrário
da Assembléia Constituinte Republicana, a de 1934 não se converteu em
legislatura regular. Novas eleições foram realizadas em 1935 para uma
legislatura que durar:i pouco mais de dois anos, vindo a ser fechada pelo
Estado Novo em novembro de 1937. Estas últimas duas legislaturas (a
Constituinte de 1934 e a Legislatura de 1935), são denominadas a 15~
e 1M legislaturas, respectivamente. Estas são consideradas como compreen-
dendo um período transicional, e estão anexadas ao período pré-1930 para
efeitos de comparação.
As 16 legislaturas a serem analisadas são estas:
P 1890-1893 9~ 1915-1917
2~ 1894-1896 1O~ 1918-1920
3~ 1897-1899 1P 1921-1923
4~ 1900-1902 12~ 1924-1926
5~ 1903-1905 13~ 1927-1929
6~ 1906-1908 14~ 1930-1932
7~ 1909-1911 15~ 1933-1934
8~ 1912-1914 16~ 1935-1937
As legislaturas (e também as coortes) são denominadas pelo ano da
primeira sessão legislatura: por exemplo, a legislatura de 1900, ou a
quarta legislatura, abrangendo um mandato de 1900 a 1902.
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Quadro 1
Ocupação principal por coorte, deputados federais, 1890-1937 (em percentagens)*
Coorte
I I I I
Média
I
Ocupação
principal
I I 2
\
3
1
4
1
5
1
6 7
1
8
1
9 10
I 11
1
12 13
/
14 15 16 geral
Indústria
e comércio 7,5 5,0 0,0 5,9 0,0 9,1 10,0 0,0 8,3 0,0 0,0 37,S 11,1 17,2 16,7 8,6
Agricultura 7,5 0,0 0,0 0,0 0,0 9,1 0,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 6,9 0,0 3,3
Advogados
e juízes 40,0 30,0 40,0 52,9 83,4 36,3 40,0 20,0 41,7 25,0 28,6 25,0 44,5 31,0 16,7 38,8
Professores 10,0 10,0 6,7 11,8 8,3 0,0 10,0 20,0 0,0 12,5 42,8 25,0 0,0 0,0 16,7 9,1
Outros
profissionais 30,0 50,0 40,0 17,6 8,3 27,3 40,0 40,0 41,7 37,5 28,6 12,5 33,3 41,4 33,2 33,3
Outros func.
públicos 2,5 0,0 13,3 11,8 0,0 18,2 0,0 0,0 0,0 12,5 0,0 0,0 0,0 3,4 0,0 4,3
Finanças
e bancos 2,5 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8,3 12,5 0,0 0,0 11,1 0,0 16,7 2,9
Total % 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100.0 100,0 100,0 100,0 100,0
Total (N) (40) (20) (15) (17) (12) (11) (10) (5) (12) (8) (7) (8) (9) (29) (6) (209)
Ocupação NA (2) (2) (O) (2) (I) (O) (O) (2) (1 ) (3) (7) (2) (8) (O) (3) (32)
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Quadro 2
Ocupação principal por legislatura, deputados federais, 1890-1937
Legislatura
Ocupação
principal 2 3 4 5 6 7 8 I 9 I 10 I 11 I 12 I 13 I 14 I 15 I 16
Indústria
e comércio 5,0 8,1 8,1 7,7 2,6 5,3 2,5 0,0 2,7 2,5 3,2 7,7 11,1 7,7 17,4 11,4
Agricultura 7,5 2,8 0,0 0,0 0,0 2,6 0,0 2,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,3 2,9
Advogados
e juízes 42,5 30,7 29,7 43,6 57,9 47,3 35,0 25,7 40,5 37,5 35,4 30,8 22,3 34,6 28,3 34,3
Professores 10,0 11,1 10,8 12,8 13,2 10,5 15,0 20,0 10,8 15,0 19,4 26,9 29,6 11,5 4,3 8,6
Outras
profissões 30,0 38,9 40,6 25,6 15,8 21,1 35,0 37,1 35,2 32,5 32,3 26,9 29,6 38,6 39,2 37,0
Outros
func. púb. 2,5 2,8 8,1 7,7 7,9 13,2 12,5 14,3 8,1 7,5 9,7 7,7 7,4 3,8 6,5 2,9
Finanças
e bancos 2,5 5,6 2,7 2,6 2,6 0,0 0,0 0,0 2,7 5,0 0,0 0,0 0,0 3,8 0,0 2,9
Total % 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Total (N) (40) (36) (37) (39) (38) (38) (40) (35) (37) (40) (31) (26) (27) (26) (45) (35)
Ocupação
N.A. CN) (2) (3) (2) (4) (2) (2) (2) (3) (2) (5) (lO) (11) (lO) (lI) (O) (3)
149- legislaturas.~7 No período de 1933 a 1937 o sistema de representação
proporcional profissional foi adotado. A figura 1 mostra a regionalização
geográfica utilizada neste trabalho.
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18 R.C.P. 4/77
Distrito de primeira eleição fornece a base operacional para determinar
a região de base (ou apoio) política no quadro 3. Em certos casos, depu-
tados federais foram "trocados" temporariamente pela Comissão Executiva
do Partido Republicano Mineiro (PRM) para acomodar alguns chefes
regionais, e foram "e!eitos" por distritos completamente estranhos. Subse-
qüentemente voltaram a representar o distrito que abrangia a sua base
política.
As regiões Mata, Metalúrgica e Sul contavam com a maior parte da
população do estado e dos seus recursos econômicos, mas durante a
República Velha esta~ proporções estavam se mudando. A Metalúrgica,
que recebeu o impulso da nova capital (inaugurada em 1897), e do
crescimento da indústria siderúrgica após 1900, apresenta maior repre-
sentação geral (30,3 9é ). Porém, foi superada ou igualada pela Mata em
quatro legislaturas (lO~, 12~, 13~ e 16~). A representação da Zona da
Mata é mais ou menos consistente ao longo do período, após seu ponto
mais baixo na 1~ legislatura.~~ Após um declínio na 2~ legislatura, o Sul
te\'e um pequeno aumento na 9 a legislatura, e voltou à sua posição de
destaque na 13'.l legislatura em diante.
Das regiões periféricas, apenas cabe-nos citar o caso do Oeste que entrou
em declínio permanente após a 6'.l legislatura (com o remanejamento dos
distritos), e o Norte, com a sua representação considerável até a 9 a
legislatura.
Região de base política não é um indicador totalmente adequado para
analisar padrões regionais de recrutamento, sendo que tende a representar
uma situação ex post jacto (isto é, posterior à carreira pré-Câmara Federal,
neste caso). Foi uma distribuição um tanto arbitrária fixada rigidamente
pela divisão distrital e manipulada pela Comissão Executiva do PRM. Se
conjugamos este indicador com o de região de nascimento, o resultado é
muito mais esclarecedor com relação à mobilidade geográfica dos políticos
mineiros da época (migração política), O quadro 4 apresenta estes dados.
A mobilidade inter-regional indica a diferença percentual de deputados
nascidos na região que representam, com os nascidos em outras regiões
(ou estados). Desta maneira as regiões podem ser comparadas em termos
de "entradas" e "saídas" de futuros deputados. Uma percentagem positiva
significa que mais deputados (daquela coorte) de fora chegaram a fazer
desta região a sua base política do que os próprios nativos, e assim a
região pode ser chamada de "importadora" ou "atraente" de aspirantes
políticos. Por outro lado, uma percentagem negativa indica o inverso, e a
região é chamada de "exportadora" de futuros deputados que migraram
para outras regiões para estabelecer as suas bases políticas.
República Velha 19
Quadro 3
Região de base política, por legislatura, deputados federais, 1890-1937
Legislatura
I I Média
Região 2 3 4 5 6 I 7 I 8 9 10 11 12 13 14 15 16
I I I
geral
Norte 7,1 10,3 12,8 16,3 7,5 10,0 9,5 10,5 5,1 6,7 7,3 8,1 8,1 8,1 4,3 2,6 7,5
Jequitin, 4,8 5,1 5,1 4,7 7,5 7,5 7,1 7,9 5,1 6,7 4,9 2,7 2,7 0,0 2,2 2,6 3,7
Rio Doce 2,4 2,6 0,0 4,7 0,0 0,0 2,4 2,6 2,6 2,2 2,4 0,0 0,0 0,0 4,3 2,6 2,9
Mata 14,3 20,5 20,5 18,6 22,5 27,5 23,8 26,3 25,6 31,1 24,4 29,7 32,4 27,0 19,6 28,9 24,1
Metalúrgica 28,6 25,6 38,5 30,2 37,5 32,5 33,3 28,9 28,2 26,7 29,3 29,7 27,0 '2),7 37,0 26,3 30,3
Sul 23,8 17,9 10,3 14,0 12,5 12,5 14,3 18,4 23,1 17,8 19,5 18,9 24,3 29,7 21,7 21,1 19,1
Oeste 11,9 15,4 12,8 11,6 12,5 7,5 4,8 2,6 5,1 4,4 7,3 8,1 2,7 2,7 8,7 5,3 6,6
Triângulo 0,0 2,6 0,0 0,0 0,0 2,5 4,8 2,6 2,6 2,2 2,4 0,0 2,7 2,7 0,0 2,6 2,1
Região N.A. 7,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,6 2,2 0,0 0,0 0,0 0,0 2,2 7,9 3,7
Total % 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,00 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Total (N) (42) (39) (39) (43) (40) (40) (42) (38) (39) (45) (41) (37) (37) (37) (46) (38) (241)
Quadro 4
Mobilidade inter-regional de deputados federais em Minas
Gerais (região de base versus região de nascimento)
por coorte, 1890-1937*
Coorte
I I I I I I
Região I I I I I
1 I 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12/13 14 15 16
__L I
I I
I
I _J_ --- ----
Norte + 2,1 3,3 +13,3 5,3 + 7,7 -11,8 -22,2 3,3 ** - 9,1 - 7,7 0,0 +15,9 3,4 -11,1
Jequitin. 0,2 1,1 1,0 5,3 0,0 0,9 .. .. .. * .. + 9,1 .. .. * .. .... 3,4 ....
Rio Doce 0,2 + 4,8 .. * 0,0 7,7 .. +10,0 .. . .... - 9,1 .. . -10,0 - 5,9 + 3,4 ....
Mata -12,3 +15,7 - 3,1 0,0 0,0 +17,3 - 3,3 3,3 -11,7 +27,3 +20,0 +23,5 + 3,4 + 3,4 +",1
Metalúrg. + 0,2 - 5,6 +24,6 +15,8 +15,4 +27,3 +20,0 -16,7 +11,7 +18,2 + 7,5 +20,0 +17,6 +17,2 +22,2
Sul 5,0 + 2,3 - 1,0 5,2 7,7 -20,9 - 2,2 -10,0 1,7 + 9,1 +15,3 0,0 +29,4 3,4 -22,2
Oeste + 1,7 - 1,1 + 5,6 + 5,3 .. .. * .... .... 1,7 .. + 7,7 -10,0 -11,8 3,4 ....
Triângulo .. * + 4,8 * .. .. .... + 9,1 .. .. + 9,9 .. * .. . .. .... .. . * .. +11,1
Observa-se que: + % = Uma entrada líquida de deputados nascidos em outras reglOes. - % = Uma saída líquida de deputados para
outras regiões. 0,0 % = Entrada igual saída. * .. = Ambas as percentagens são zero (0,0 % menos 0,0%).
Em termos de uma estrutura de oportunidade política!!!! isto significa
que as regiões "exportadoras" têm mais aspirantes políticos do que a sua
estrutura de oportunidades políticas comporta, e que as "importadoras"
são carentes de aspirontes nativos em menor número do que as oportuni-
dades existentes.
As regiões Norte e Jequitinhonha, muito subdesenvolvidas e com pouca
densidade demográfica na época, embora variassem um pouco, tenderam
a ser "exportadoras", como também foi o caso do Rio Doce. O Triângulo,
estando ainda na fase de colonização e desenvolvimento agrícola, estava
representado apenas ocasionalmente na República Velha (ver quadro 3),
mas nestes casos era classificado como "importador"'. O Oeste foi coloni-
zado numa fase anterior, e teve uma representação esparsa, mas seu papel
tendeu a alternar entre "importador" e "exportador" até 1924 quando
firmou-se como "exportador".
As mudanças mais interessantes ocorreram nas três regiões mais desen-
volvidas e populosas. Uma vez estabelecidas as atividades siderúrgicas e a
nova capital (após a 3'.1 coorte), a Metalúrgica foi uma grande e consistente
"importadora" de futuros deputados federais. A Mata ficou menos atraente
após a 2'.1 coorte (quando a capital se mudou de Ouro Preto para Belo
Horizonte), e tornou-se uma região "exportadora" até 1918, quando
Arthur Bernardes foi eleito governador. Da 10'.1 coorte em diante, tornou-se
"importadora" novamente.
O caso do Sul é também interessante. Uma região densamente povoada,
de intensa produção agrícola (café com leite), e na época mais ligada
econômica e culturalmente às cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, o
Sul parece ter produzido mais futuros deputados (20% nascidos na região)
do que as outras regiões. Porém, a estrutura de oportunidades políticas da
região não podia oferecer carreiras políticas a todos os seus aspirantes
nativos. Por outro lado, a proximidade desta região às universidades de
São Paulo e Rio de Janeiro provavelmente facilitou a aquisição de carac-
terísticas preferidas como critérios para recrutamento pelo "sistema" do
PRM. Finalmente, cabe-nos mencionar que as regiões Sul e Mata foram
sempre as mais bem representadas dentro da Comissão Executiva do PRM.
22 R.C.P. 4/77
Quadro 5
Resumo das mudanças longitudinais, indicadoras de recrutamento por coorte, deputados federais, 1890-1937
(médias e percentagens) *
Coorte
~-I-l-~I-~I ~I-
I - l I- - Médi'l
I 2 I 3 I 4 I 6 I 7 8 9 I 10 11 12/13 I 14 15 I 16 geral
I I I I I I I
Idade do primo
cargo político 30,00 27.(,7 24,90 24,(,0 23,15 29,64 25,89 32,80 '5,29 36,80 30,00 22,20 22,80 25,77 20,60 26,81
Carreira pré-
Clmara (anos) 4,67 4,36 5,20 12,11 17,15 10,27 16,90 13,00 14,15 18,83 18,29 13,00 17,33 16,11 17,50 11,51
N° de cargos
pré-Cúmara 1,42 1,27 2,13 3,79 tI.08 3,00 3,20 3,50 2,84 4,91 6,29 3,90 6Yi 2.41 3,78 2S1
Idade entrada
na Câmara 39,00 37,88 32,00 39,49 40,39 40,82 44,56 42,80 45,20 43,80 42,17 38,17 ~3,43 43,38 39.67 40,70
% educação
universitária 86,00 72,08 100,00 73,07 84,06 72,07 100,00 33,03 (,1,06 63,07 50,00 70,00 47,00 93.01 66,07 85.rR
% com parentes
na política 35,08 45,06 20,00 31,06 53,09 9,01 60,00 28,06 30,08 27,04 14,03 20,00 17,07 38,01 44,05 32,08
% mobilidade
geográfica 26,02 36,04 60,00 26,04 38,05 45,05 50,00 42,08 23,01 18,02 7,02 20,00 17,07 38,01 44,05 37.01
2.3.1 Institucionalização
30 Nota-se que além de ser a mais jovem, esta coorte é a mais alta em educação
(100% com curso superior), e a mais baixa em termos de parentesco político (20%).
31 Observa-se que os àeputados sempre tomavam posse no ano seguinte, após li
sua eleição.
24 R.C.P. 4/77
Quadro 6
Resumo das mudanças longitudinais, indicadores de recrutamento por legislatura, deputados federais, 1890-1937
(médias e percentagens) *
Legislatura
Indicadores
de recruta- 2 3 4 5 6 I 7 I 8 9 10 11 12 13 14
I 15 I 16
mento
I I I I
Idade 1.0
cargo pol. 30,00 29,56 28,32 27,23 25,42 26,69 27,26 27,51 25,77 28,78 29,56 29,30 27,50 27,16 27,47 27,89
Carreira
pré-Câmara 4,67 5,13 5,31 9,00 12,53 11,46 11,88 13,84 12,87 13,60 13,60 13,54 12,08 12,27 15,47 16,22
N.O cargos
pré-Câmara 1,42 1,51 1,85 2,62 3,46 3,50 3,12 3,05 2,87 3,17 3,16 3,29 3,25 2,88 2,75 2,97
Idade
atual 39,00 42,29 40,18 43,03 43,34 44,00 47,54 49,95 48,80 52,06 50,74 49,65 49,21 48,59 47,96 49,00
% educação
universit. 86,00 71,01 76,09 71,04 79,05 76,09 82,09 74,04 71,08 86,01 96,05 96,02 96,02 92,01 95,06 92,01
% parentes
na política 33,04 46,03 33,03 32,06 30,01 30,01 38,02 36,09 36,00 31,02 22,06 19,03 22,03 34,06 39,02 51,06
% com mob.
geográfica 25,00 33,03 41,00 26,01 35,00 32,05 38,01 36,08 34,05 38,04 32,02 23,01 19,02 30,04 35,08 32,04
Renovação
% de novos 42,09 56,04 38,05 44,02 32,05 27,05 23,08 18,04 33,03 24,04 34,01 8,01 18,09 45,09 63,00 23,07
Senado mineiro tivesse um número mencr e raandatos bem maiores (fatores
que contribuiriam para uma baixa renovação), freqüentemente teve maior
circulação do que a bancada federal (mas nunca maior do que a Câmara
estadual) .3~
Não obstante as diferenças de tamanho, distritos eleitorais e ano de
eleição, as taxas de renovação destes três grupos são bastante paralelas,
indicando que as causas das flutuações observadas estavam surtindo efeitos
iguais dentro do recrutamento feito pelo PRM. Este paralelismo é de se
esperar em sistemas de partido único, mas também pode indicar que as
estruturas de oportunidade política destes três cargos estavam estritamente
interligadas. Se os dados de carreira política para os deputados e senadores
estaduais fossem disponíveis, a verificação de uma hipótese comparativa
deste tipo seria viável.
26 R.C.P. 4/77
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tudo, a chapa "oficial" foi responsável por 90% dos deputados eleitos
em 1890, e o Partido Católico não conseguiu recrutar novos deputados
depois da 2l;l coorte. 38
Mesmo antes de ser nomeado interventor provisório (pelo Presidente
Deodoro), Cesário Alvim começou a "punir" politicamente os dissidentes
de longe, no seu cargo de Ministro do Interior e Justiça no Rio. 39
As eleições para a Assembléia Constituinte Estadual deveriam ter sido
realizadas só após a Assembléia Nacional ter promulgado a nova Constitui-
ção Republicana (como foi o caso em 1935 e 1947). Porém, Alvim, já na
qualidade de interventor, apressou o processo e marcou o pleito para 25 de
janeiro de 1891. Para os dissidentes, a política de Alvim estava em oposição
direta à autoridade do Congresso Nacional. 40 As eleições foram realizadas
com abstenção considerável, e Cesário Alvim foi eleito e empossado como
o primeiro governador constitucional em 18 de julho de 1891. Mas seu
declínio começou em novembro do mesmo ano com seu apoio dado ao
golpe de Deodoro no Rio. Depois de uma abortada revolução separatista
no sul do estado, Alvim renunciou a seu mandato em fevereiro de 1892.
Apesar de poucos dos deputados "oficiais" conseguirem ser reeleitos para
a 2l;l legislatura de 1893 (por causa da saída de Alvim), os novos apre-
sentaram características de recrutamento quase iguais.
O período de 1897 pode ser considerado neutro, pois os governadores
Affonso Pena e Bias Fortes eram mais austeros e menos sectários politica-
mente do que Cesário Alvim. Este período foi de equilíbrio político, refle-
tido nos baixos índices de circulação nas bancadas (figura 2) e nas
mudanças nas idades e ocupações dos deputados federais observadas ante-
riormente.H Neste ambiente, surgiu um novo partido político instituciona-
lizado - o Partido Republicano Mineiro (PRM) e um novo estilo político
que durará até a década de 30.
Esta nova agremiação reuniu-se em Belo Horizonte em 1938 para a sua
fundação oficial. Entre os fundadores estavam: Bias Fortes, Francisco
Bressane, Bernardo Pinto Monteiro, Bueno Brandão, Delfim Moreira,
Wenceslau Braz, Silviano Brandão, Francisco Sales, Henrique Diniz e
Francisco Ferreira Alves. 42 Como foi observada anteriormente, a institu-
cionalização do recrutamento em Minas deu-se a partir da 4l;l coorte, dois
anos depois do estabelecimento oficial do PRM.
1!8 Veja quadro 11 em Fleischer, D. V. Political recruitmellt ... op. cit. p. 47.
39 Lobo, H. op. cit. p. 51. Isto traduziu-se em demissão de certos funcionários
públicos e conseqüente substituição por elementos "oficiais".
40 Id. ibid. p. 62.
41 Outra razão para este "equilíbrio" foi a concentração de recursos políticos e
econômicos na construção de Belo Horizonte. Talvez este possa ser comparado ao
período 60 anos mais tarde, quando outro mineiro baseou seu programa de metas na
construção da nova capital nacional.
42 Coelho, Levindo. Depoimento de um velho político mineiro. Rev. Bras. de Esf.
Pai., v. 2, p. 117, 1957. Coelho retirou-se do Senado Federal em 1954, depois de
40 anos de política mineira. Ele foi trazido para a Comissão Executiva do PRM
como substituto de Raul Soares em 1914, e como membro permanente com a morte
deste em 1924.
28 R.C.P. 4/77
o PRM tomou-se a mais importante estrutura de recrutamento até 1934,
e a sua Comissão Executiva, ou "Tarasca", como era vulgarmente cha-
mada,43 funcionou como um seleto conselho ou convenção partidária para
a escolha de candidatos. Como era confeccionada uma "lista oficial" pela
Tarasca? Levindo Coelho descreve o processo:
"A Executiva reunia-se preliminarmente em Palácio, com o presidente
do estado. O chefe do governo, que era sempre do PRM, sugeria o nome
ou nomes dos candidatos. O presidente tinha o cuidado de, escolhendo os
nomes de influência política no estado, organizar uma lista desses nomes
e, na reunião, analisava um por um, levando em consideração não apenas
o valor político dos mesmos, mas, principalmente, a idoneidade, o grau
de cultura, os predicados morais, os serviços que já houvessem apresentado
e as atividades por eles desenvolvidas, estas de real valor público. Nestas
condições, os membros da Comissão Diretora do PRM se retiravam para
a sede do partido, onde procediam a uma acurada apreciação dos nomes
indicados e, quase sempre, por unanimidade, eram escolhidos os candidatos
às eleições de presidente do estado, vice-presidente, senadores e deputados.
Lavrava-se a ata e os nomes dos candidatos seguiam para a publicação
no jornal do PRM, o Diário de Minas."44
Na prática, três homens dominavam a Tarasca durante 20 anos: Silviano
Brandão, Bias Fortes e Francisco Sales. Explicando as diferenças entre
doutores e coronéis durante o período, Francisco de Assis Barbosa descreve
estes três como representantes típicos do coronelismo. 45 O compromisso
coronelista funcionava desta maneira: "O presidente do estado atendia aos
pedidos de nomeação ou de força do chefe local - e este fazia as eleições
de acordo com o presidente."46
Torres nos dá uma idéia dos critérios usados pelo PRM no recrutamento
de deputados federais: "Dada a lei eleitoral de cinco deputados por distrito,
adotava-se a seguinte orientação: alguns candidatos, pessoas da terra, de
confiança dos chefes locais, representavam os interesses regionais - outros,
República Velha 29
indicados pelo governo, homens de talento e cultura, mas sem prestígio,
compunham as chapas. H
Observa-se, assim, que certos políticos com excelentes dotes profissionais
e intelectuais, mas sem a base política local e os critérios tradicionais
(com exceção dos serviços prestados à administração estadual) - tais
como João Pandiá Calógeras, David Campista, Carlos Peixoto, Afrânio
de Melo Franco e Gastão da Cunha - foram recrutados, diretamente e
em idade muito jovem, para o Legislativo estadual e a bancada federal.
Desta maneira os líderes intelectuais da bancada mineira puderam dominar
a Câmara do Rio; por exemplo, a presidência da Câmara e a das mais
importantes comissões sempre foram ocupadas por mineiros.
Embora estes intelectuais prestassem serviços inestimáveis ao estado, na
bancada federal, como secretários e ministros de estado, nunca foram
escolhidos governadores. O caso de David Campista exemplifica bem.
Secretário de estado, brilhante ministro das Finanças, arquiteto do Acordo
de Taubaté, e candidato preferido de Affonso Penna, foi sempre preterido
em sua aspiração de ser governador de Minas (e mesmo presidem: da
República).4'
Embora o sistema funcionasse relativamente bem, não era sem confliLOs
internos, tanto horizontal (na cúpula) como verticalmente. A questão da
sucessão (para presidente estadual) de Silviano Brandão dividiu o PR\1
entre aqueles que eram a favor de Bernardo Monteiro e os que apoia\am
Francisco Sales. 4v
Sales era um polft;co maneiroso que desde 1888 tinha cuidadosamen,e
organizado clubes republicanos no Sul e pelo estado a fora, e havia culti-
vado os chefes regionais e membros da Tarasca; assim ganhou a eleição
facilmente.:;o Contudo, a sua própria sucessão não foi tão fácil de se
"fazer", pois a clÍpula estadual estava dividida em duas facções novamente:
os silvianistas e os biJ~tas. Agindo como árbitro entre as duas forças, Sales
conservou seu próprio prestígio e escolheu uma terceira força (considerada
neutra) na pessoa de João Pinheiro, e, ao mesmo tempo, pôde assegurar
seu domínio e influência no futuro com a inclusão de Bueno Brandão na
chapa oficial, como vice-governador. 51
A importância do papel de Sales no processo de recrutamento em l\linas
é revelada na seleção do seu secretariado (1902 a 1906): Delfim Moreira,
Antonio Carlos, Francisco Bressane, Olinto de Azevedo, Carlos Peixoto,
Afrânio de Melo Franco e João Luiz Alves. Sales continuou como figura
de ampla influência política até o governo de Delfim Moreira (1914-1918),
cuja sucessão tornou-se ponto de rebelião para os "renovadores" Raul
Soares e Arthur Bernardes.
30 R.C.P. 4,'77
o conflito interno durante este período num sentido vertical é evidente
em termos de deputados eleitos extrachapa, com índices bastante altos na
2l!-, 3l!- e 4l!- coortes, e maior ainda nas 7l!- e 8l!- coortes, justamente nos anos
de "funcionamento suave", de 1909 a 1915.5~
A tranqüila operação da Tarasca na distribuição de poder e de proteção
política foi temporariamente interrompida em 1918; indicações prévias
desta ruptura foram notadas na análise da 9~ coorte. O eixo do poder
deslocava-se do Sul em direção à Zona da Mata. Esse movimento foi
chefiado por dois membros da classe de 1900 da Faculdade de Direito de
São Paulo: Raul Soares, de Ubá, e Arthur Bernardes, de Viçosa. Este foi
recrutado para a política do PRM com grande facilidade, e Barbosa afirma
que os dominantes da Tarasca congratulavam-se com a entrada de uma
nova e hábil geração de políticos.o 3
Paulo Amora, o biógrafo de Bernardes, e Assis Barbosa divergem quanto
à extensão e os efeitos dos "renovadores" sobre o coronelismo em Minas.
O primeiro afirma que "a guerra contra o coronelismo foi limitada, afe-
tando somente aqueles que se mostravam insensíveis ao progresso',,~4 en-
quanto o último sustenta que, com "Bernardes na governança, começou
uma transformação radical na ação dos políticos mineiros, com a queda
dos coronéis, o que pôs o todo-poderoso Sales no ostracisI110".35
O novo regime alterou a estrutura do partido: o recrutamento da admi-
nistração pública foi suspenso, e os ex-governadores passaram a ser mem-
bros não-volantes (honorários) da Tarasca. Não se cumpria o compromisso
coronelista para com os chefes regionais dentro do "novo modelo" político
vigente.
Diante dos dados apresentados anteriormente, podemos avaliar os efeitos
do novo "modelo político" adotado por Arthur Bernardes, e verificar se de
fato "combateu-se" o coronelismo ou não.
Em primeiro lugar, parece que a norma de proibir o recrutamento
(legislativo) do funcionalismo pL'blico te\e um efeito fulminante: 12,5 %
da 10l!- coorte (eleita em 1917) foram funcionários, mas não se recrutou
nenhum funcionário nas quatro coortes seguintes. Notam-se, também,
menores índices de deputados originários das profissões jurídicas (muitos
destes juízes, promotores e procuradores) nas 10l!-, 1 H, 12~ e 13~ coortes.
Em contrapartida, o maior contingente da 11 l!- coorte (a primeira na qual
o Bernardes realmente influiu) compunha-se de professores (42,8 % ).
A política de Arthur Bernardes parece ter favorecido a sua região de
origem, a Zona da Mata, que apresentou um certo ressurgimento: a partir
da 10l!- coorte torna-se novamente uma "importadora" de talentos políticos.
e a sua representação na bancada federal aumenta consideravelmente da
1O~ legislatura em diante. 36 Por outro lado, o Sul (região de Francisco
República Velha 31
Sales, Bueno Brandão e outras figuras tradicionais) viu a sua represen-
tação diminuída nas 10l!-, 1 H e 12l!- legislaturas.
Até aí parece que os efeitos do Governo Bernardes foram de "renova-
ção", mas se verificarmos as coortes por ele recrutadas, veremos que.
embora as IH, 12l!- e 13l!- coortes fossem as mais jovens, a 10l!- e a lll!-
passaram pelas carreiras mais institucionalizadas de todas, ao passo que a
12l!- e a 13l!- foram bem menos. Em termos de bancada de modo geral,
isto surtiu pouco efeito, pois as 10l!-, 11l!- e 12l!- legislaturas foram as mais
velhas.
Em termos de renovação dos quadros políticos (legislativos) em Minas,
a ação de Bernardes se fez sentir logo no início do seu governo. Os
maiores índices de renovação no Legislativo mineiro (Câmara e Senado)
ocorreram em 1919 {68% e 50%, respectivamente). A bancada federal
também teve logo seu mais alto índice de renovação desde 1900 na 11l!-
legislatura (eleita em 1921), 33,3%. Após estes pontos altos, os índices
de renovação são bem menores.
Finalmente, verificamos que a partir da 11l!- coorte os indicadores de
educação e parentesco político são bem mais baixos, e que o de localismo
é mais alto.
O secretariado recrutado por Bernardes foi o mais velho e com as
carreiras mais institccionalizadas de todos os governos no período 1891
a 1930 - 43 anos e 4,8 cargos em média, respectivamente. Coube a
Antonio Carlos fazer este tipo de "renovação" em 1926 com um secreta-
riado de 38 anos e com 3,1 cargos, em média. 51
A carreira política de Bernardes seguiu diretamente até a presidência
da República em 1922. A "política dos governadores" (de Minas Gerais
e São Paulo) continuou funcionando e Bernardes conseguiu "fazer" a
eleição de Washington Luiz, ex-governador de São Paulo, em 1926.
Contudo, sua posição de liderança dentro do PRM tornara-se precária.
A inesperada morte, em 1924, do sucessor de Bernardes no Palácio da
Liberdade, Raul Soares, facilitou o reaparecimento de forças opostas a
Bernardes e seus "renovadores". Fernando Mello Viana, que fora secretário
do Interior de Raul Soares, foi eleito para completar o mandato deste.
Junto com Antonio Carlos, que era líder da bancada mineira na Câmara,
Melo Viana pôde controlar a maioria da Tarasca. 58 Esta mudança, ou
melhor, esta volta ao funcionamento normal do sistema está refletida nos
indicadores de recrutamento para a 13l!- e a 14l!- coortes mencionadas.
Assim, o período final da Primeira República em Minas Gerais repre-
senta um retorno ao primitivo estilo do coronelismo, com Antonio Carlos
sucedendo a Mello Viana, como governador. Uma indicação da mudança
no estilo foi o reaparecimento de Francisco Sales que, segundo consta, foi
recebido em Palácio por Mello Viana no dia seguinte ao em que a Tarasca
32 R.C.P. 4/77
nomeara Antonio Carlos, terminando assim seus oito anos de "ostra-
cismo".1i9
Durante este período, 1923 a 1930, apareceram os nomes de algumas
figuras recém-recrutadas e que iriam destacar-se na política mineira e
nacional na era pós-1930, tais como: Francisco Campos, Gabriel Passos,
Israel Pinheiro, José Maria AIkmim, Francisco Negrão de Lima, Juscelinl\
Kubitschek, Pedro Aleixo e Gustavo Capanema.
4. Padrões de carreira
59 A Gazeta. São Paulo, 9 set. 1925; citada em Barbosa, F. A. op. cito p. 313.
nota 28.
60 O cargo-base é definido em termos de padrões comuns de experiência política,
que seja não necessariamente o primeiro nem o último cargo da seqüência analisada.
O cargo portal, por sua vez, é o trampolim imediatamente anterior ao cargo sob
análise. Schlesinger, 1. A. Ambition and politics . .. op. cit. p. 70-3.
61 Para uma avaliação da eficácia destes "trampolins", aos olhos dos políticos
mineiros (já na década de 60), veja Fleischer, D. V. O trampolim político ... op. cito
62 Para uma operacionalização e análise desta conceitualização do "compromisso
coronelista", veja Fleischer, D. V. A bancada federal mineira. op. cit.; e A rede mo-
cratização em Minas. op. cito Para uma versão à guisa de romance de tais negociações
entre o Ce!. Chico Belo e o Dr. Carvalho de Meneses, o Secretário do Interior),
veja Palmério, Mário A. A vila dos confins. Rio, José Olímpio, 1960. Outro exemplo
de coronelismo e suas relações com a política local encontra-se em Corrêa Dias.
Oscar. Brasílio. Rio, Editora Gráfica Record, 1968.
República Velha 33
As seqüências de carreira dos 19 governadores são delineadas na figura
4. Foram usados apenas três cargos "portais" - o Congresso Nacional,
Legislativo Estadual e secretário de estado, e este último com maior fre-
qüência. 63
Existe intensa circulação entre a burocracia federal e os legislativos
(estadual e federal); secretário de estado e os legislativos; a prefeitura e o
legislativo estadual; e a burocracia e o legislativo estaduais. Além do
mais, o padrão de alternações entre cargos eletivos e burocráticos está
mais acentuado do que no caso dos deputados federais. Governador do
estado é um cargo apside da cúpula estadual, e como vimos, muito cobiçado
e disputado pelas facções regionais. Por isso, aspirantes a esta posição
teriam que maximizar o uso do compromisso coronelista para estreitar as
relações com os chefes regionais e assegurar a sua eleição. Em decorrência,
observa-se que os futuros governadores na República Velha tiveram consi-
derável convívio com cargos políticos municipais.
Um padrão bem diferente revela-se para os vice-governadores na figura
5 . Nenhum dos futuros vice-governadores foram secretários estaduais,
enquanto sete dos futuros governadores passaram por este cargo. A grande
maioria dos vices vieram dos legislativos, principalmente do estadual, e
houve muito menos circulação e alternações, como foi observado no caso
dos governadores. No quadro 7 verificamos que realmente os vices ocupa-
vam bem menos cargos prévios (3,83 em média) do que os governadores
(6,21), embora a duração das carreiras fosse quase igual (23,15 e 34,30
anos em média).
Em termos de indicadores do recrutamento (ainda no quadro 7), veri-
ficamos que existem poucas diferenças em idade e nível educacional, mas
que os governadores exibem maiores índices de parentesco político e
localismo.
Uma possível conclusão diante destes fatos é que houve tendência a fazer
um certo balanceamento de forças regionais na composição de chapas para
governador e vice. Durante a República Velha os vice-governadores em
sua maioria foram recrutados da liderança do Legislativo estadual, o que
reflete o propósito de cooptar líderes que já haviam mobilizado o apoio
da maioria dos representantes das várias regiões estaduais. Basta lembrar
que apenas dois dos vices (Bueno Brandão e Olegário Maciel) consegui-
ram eleger-se diretamente para o cargo de governador durante o período.
Este balanceamento das chapas é confirmado pelas bases regionais dos
governadores e vices no quadro 7; enquanto o recrutamento daqueles con-
centrou-se no Sul, Mata e Metalúrgica, a distribuição dos vices foi mais
equilibrada entre sete das oito regiões estaduais, com certa concentração
na Mata e no Sul. Finalmente, cabe-nos salientar que três dos cinco vice-
governadores que assumiram mandatos incompletos como governador
foram obrigados pela liderança estadual a ceder o cargo, através de eleições
63 Júlio Bueno Brandão e Olegário Dias Maciel tiveram dois mandatos diferentes
como governador. Em primeiro lugar, como vice-governadores em exercício, e poste-
riormente como governadores eleitos. As figuras 4 e 5 representam as carreiras de
19 governadores, embora sejam 17 pessoas.
34 R.C.P. 4/77
Figura 3
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Burocracia federal
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Secretário de e"lado
8 (inclui vicql:overnaJor)
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ou vice- Burocracia estadual
prefe110 I Burocracia
municipal 3
3
I
• 2
~ J
Figura 5
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Burocraciã feJerat
Congresso
Naçional
Vereador
Quadro 7
Perfil comparativo da elite política mineira: governadores, vice-governadores
e deputados federais
Perfil
I Gov.
1890-1933
I
Vice-gov.
1890-1933
I Dep. fedo
1890-1937
% % %
Região de base política
Norte 0,0 10,0 7,8
Jequitinhonha 0,0 10,0 3,9
Rio Doce 5,6 10,0 3,0
Mata 22,2 30,0 25,0
Metalúrgica 22,2 10,0 31,5
Sul 38,9 20,0 19,8
Oeste 11,1 10,0 6,9
Triângulo 0,0 0,0 2,1
Ocupação principal
Indústria e comércio 5,3 8,3 8,6
Agricultura 5,3 0,0 3,3
Advogados e juízes 47,3 25,0 38,8
Professores 15,8 41,7 9,1
Outros profissionais 26,3 25,0 33,3
Outros func. públicos 0,0 0,0 4,3
Finanças e bancos 0,0 0,0 2,9
Cargo "portal"
Burocracia federal 0,0 16,7 5,8
Legislatura federal 15,8 16,7 5,0
Secretário de estado 47,4 0,0 12,4
Burocracia estadual 0,0 0,0 14,1
Legislatura estadua! 36,8 58,3 30,3
Prefeito ou vice-pref. 0,0 8,3 5,0
Vereador 0,0 0,0 2,5
Burocracia municipal 0,0 0,0 3,3
Sem cargo prévio 0,0 0,0 21,6
Variáveis de recrutamento
Idade 1~ cargo 24,21 27,76 26,81
Carreira prévia (anos) 24,30 23,15 11,51
N~ de cargos prévios 6,21 3,83 2,50
Idade eleito gov'; dep. 50,26 51,64 40,70
% com educação univ. 78,09 75,00 85,08
% com parentes na política 73,07 50,00 32,08
% com mobilidade geográfica 5,03 16,06 37,01
(N) (19) (12) (241)
espeCIaIS, para outra pessoa (provavelmente considerada mais "fiel" pela
cúpula estadual) terminar o mandato-tampão.
Durante a República Velha em Minas, com seu todo-poderoso PRM,
esta técnica de chapas balanceadas, além de acomodar as aspirações regio-
nais, era uma combinação invencível. Porém, no período multipartidário
com a sua maior competição eleitoral (1947-1965), precisaria comparar
as várias chapas concorrentes nestas cinco eleições para comprovar a
continuação ej ou a eficácia deste critério no ambiente pós-1945.
5. Conclusões
República Velha 39
nanos públicos lotados na capital em 1900, 38 % foram identificados
com estas linhagens. Até 1913, o funcionalismo havia crescido em mais
de 60% (até 4.096), mas a proporção com parentesco político havia dimi-
nuído para 21 % .65 Isto talvez reflita um declínio do papel de parentesco
no recrutamento político (pelo menos burocrático) em Minas neste período.
Foram os fatores da instalação da nova capital e da indústria siderúrgica
que contribuíram para a maior atratividade da região Metalúrgica como
"importadora" de futuros deputados. A produção pelo Sul de um grande
número de vocações políticas nas Universidades de São Paulo e do Rio
(20% dos deputados), bem acima das possibilidades de absorção local,
motivou grande êxodo desta região "exportadora" para as demais regiões.
A menor atratividade da Zona da Mata após a mudança da capital foi
notada, até a ascendência da "dupla renovadora" - Arthur Bernardes e
Raul Soares, em 1918 e 1922 - quando esta região voltou à condição de
"importadora" .
Após as três primeiras coortes, o recrutamento de deputados abrupta-
mente se tomou "institucionalizado", ou seja, a seleção e eleição pelo
recém-criado P~\1 de novos deputados cujas carreiras foram mais longas,
tanto em termos de anos quanto de número de cargos ocupados.
Isto contrasta com o período pós-1945, quando este fenômeno não se
repetiu e as primeiras coortes (1946/47 e 1951) foram justamente as mais
institucionalizadas, devido ao fator de "represamento" do Estado Novo.
Em 1889 não houve uma interrupção na atividade política e eleitoral,
como houve de 1937 a 1945. Assim, quando se abriram as comportas
em 1945, muita gente que havia iniciado a carreira política nas décadas
de 1920 e 1930 foi eleita deputado. 66
Verificou-se um recrutamento de uma bancada federal bem diferenciado
em termos da capacidade intelectual e ligações com a política regional!
local. Enquanto mais ou menos 1/3 da bancada federal era composto de
intelectuais sem base eleitoral local, o resto fora escolhido para representar
lealmente os interesses interioranos.
Procedeu-se a uma avaliação empírica dos efeitos dos "renovadores",
Arthur Bernardes e Raul Soares, sobre o recrutamento. Embora estacasse
o recrutamento (1918-1924) de funcionários públicos a cargos eletivos
reduzindo-se a influência dos coronéis na Tarasca, e se efetivasse um
ressurgimento político da Zona da Mata e um conseqüente declínio do
Sul, o recrutamento "renovador", tanto da bancada federal quanto do
secretariado, foi o mais institucionalizado da República Velha.
Após a curta duração destas "reformas", em 1926 os dados acusam um
retorno à normalidade política no estado, isto é, atendimento do compro-
misso coronelista.
Observou-se um proposital balanceamento regional das chapas para
governador e vice-governador. Este cargo, mais ligado ao Legislativo
Estadual, teve um recrutamento mais disperso regionalmente e nenhum
65 Siqueira, Moema M. op. cit. p. 179.
66 Para maior detalhamento do fenômeno de "represamento" no caso dos deputados
federais eleitos pós-1945, veja Fleischer, D. V. A bancada federal mineira. op. cito
40 R.c.P. 4{77
dos seus ocupantes passou pelo carbo-base de maior importância (em
termos de confiança da cúpula e de treinamento político) no recrutamento
de governadores - secretário de Estado. Por isso, quando porventura um
vice assumia a presidência do estado, logo a cúpula tratava de substituí-lo
através de eleições suplementares para preencher o mandato-tampão.
O recrutamento político em Minas durante a República Velha funcionou
dentro do que podemos chamar de um "tácito acordo de cavalheiros".
Embora existissem rivalidades (na sua maioria regionais) na cúpula polí-
tica estadual, estas diferenças sempre foram resolvidas "em casa", com a
premissa de preterição para então "esperar a sua vez", assim, Minas
apresentou-se unida externamente (após 1898) dentro do jogo político
nacional, o que foi também o caso de São Paulo. Em razão disto, estes
dois estados compartilharam tranqüilamente o mando nacional (até 1929)
no esquema da "política dos governadores café-com-Ieite".67
Finalmente, podemos consubstanciar, com esta investigação sobre a
República Velha em Minas, a utilidade do conceito de recrutamento político
e a análise de antecedentes socioeconômicos de elites políticas. Ficaram
claramente demonstradas as estreitas ligações entre as mudanças políticas,
sociais e econômicas no sistema estadual, e o processo de recrutamento
político. Recrutamento este que, por sua vez, surtiu certo efeito sobre o
próprio sistema estadual e o recrutamento posterior - dentro do padrão
cíclico descrito no início do presente trabalho.
67 Para uma análise dos papéis de Minas Gerais e São Paulo na política nacional
desta época, veja Wirth, lohn D. Minas e a nação: um estudo de poder e dependência
regional, 1889-1937. In: Fausto, B., ed. op. cit. p. 76-99; Love, l. L. Autonomia e
interdependência: São Paulo e a federação brasileira, 1889-1937. Fausto, B., ed. op.
cito p. 53-76, respectivamente. Em contraste, os estados da Bahia e Pernambuco
tinham a tradição e a força eleitoral de compartilhar o jogo político nacional, mas
por não apresentar uma união interna (para efeitos externos, pelo menos), foram
facilmente dominados e até intervencionados pelo poder central. Veja Pang, Ene-Soo.
op. cit. e Levine, Robert. Pernambuco e a federação brasileira, 1889-1937. In: Fausto,
B. op. cito p. 122-51. Para o caso mais sui generis do Rio Grande do Sul, veja Love,
I. L. O regionalismo gaúcho e as origens da Revolução de 1930. São Paulo, Perspec-
tiva, 1975; - - - o O Rio Grande do Sul como fator de instabilidade na República
Velha. In: Fausto, B., ed. op. cito p. 99-122. Um bom estudo do caso de um "estado
periférico" encontra-se em Campos, Francisco Itami. Coronelismo em estado perifé-
rico: Goiás na Primeira República. Tese de mestrado apresentada ao Departamento
de Ciência Política/UFMG, 1975.
República Velha 41
Apêndice 1
Legislatura
Nome do deputado federal O O O O O O O O O 1 1 1 1 1 1 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 O 1 2 3 4 5 6
Adalberto Dias Ferraz da Luz X X *
Adélio Dias Maciel X X
Affonso Penna Júnior * S
Afrânio de Mello Franco X X X X * X X S
Agenor de Senna X
Agenor Ludgero Alves X
Alaor Prata Soares X X X X * X X
Albertino Ferreira Drumond X X
Alberto Surek X
Aleixo Paraguassu X S
Alexander Stokler Pinto de Menezes X
Alfredo Pinto Vieira de Mello X X
Álvaro Augusto de Andrade Botelho X X X X X X
Américo Ferreira Lopes X
Américo Gomes Ribeiro da Luz X
Anthero de Andrade Botelho X X X X X X X X * S
Antônio Affonso Lamounier Godofredo X X X X X X X X X X
Antônio Augusto de Lima * X X X X X S *
Antônio Augusto Ribeiro de Almeida X
Antônio Belfort Ribeiro Arantes * X
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada * X X * X X
Antônio da Silveira Brum X X X
Antônio de Pádua Assis Rezende X X X
Antônio Dias Ferraz Júnior X
Antônio do Prado Lopes Pereira X
Antônio Dutra Nicácio X
Antônio Esperidião Gomes da Silva X
Antônio Garcia Adjuto X
Antônio Gomes Lima X X S
Antônio Gonçalves Chaves X
Antônio Jacob da Paixão X
Antônio Luiz Monteiro da Silveira X
Antônio Martins Ferreira da Silva X *
Antônio Máximo Nogueira Penido X
Antônio Olyntho dos Santos Pires X *
Antônio Pinto da Fonseca X
Antônio Torquato Fortes Junqueira * X
Antônio Zacharias da Silva X X X
Aristides de Araújo Maia X
Arthur Bernardes Filho X
Arthur da Silva Bernardes * X * X
Arthur Ferreira Torres X X X *
Astolpho Dutra Nicácio X X X X X *
Astolpho Pio da Silva Pinto *
Augusto Clementino da Silva X
Augusto das Chagas Viegas X X
Augusto Glória Ferreira Alves X X
Augusto Mário Caldeira Brant * X S
Augusto Viana do Castelo X X X X
Basílio de Magalhães X
Belmiro de Medeiros Silva X S
Benedicto Cordeiro Campos Valladares * X
Benedito Valladares Ribeiro *
Legislatura
Nome do deputado federal O O O O O O O O O 1 1 1 1 1 1 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 O 1 2 3 4 5 6
Bernardino de Senna Figueiredo X X
Bernardo Pinto Monteiro X X *
Camillo Felintho Prates * X X X X X X X
Camillo Soares de Moura Filho X X
Carlos Coimbra da Luz X
Carlos Honório Benedicto Ottoni * X
Carlos Justiniano das Chagas X X
Carlos Peixoto de Melo Filho * X X X X
Carlos Pinheiro Chagas X
Carlos Vaz de Melo X X X *
Celso Porfírio de Araújo Machado X X
Christiano Monteiro Machado X X X
Christiano Pereira Brazil X X X X *
Clemente de Faria X
Clemente Medrado Fernandes X X
Constantino Luiz Palleta X
Cornélio Vaz de Melo * X X S
Daniel Serapião de Carvalho X X X X
Dario Magalhães * S
David Moretzsohn Campista X *
Delfim Moreira Jr. X S
Delphim Moreira da Costa Ribeiro •
Djalma Pinheiro Chagas X
Dolor de Brito Franco X
Domingos da Silva Pôrto X
Domingos de Figueiredo X
Domingos José da Rocha *
Domingos Moreira dos Santos Penna * X
Duarte de Abreu X
Edgar da Cunha Pereira *
Eduardo Carlos Vilhena do Amaral * X S
Eduardo Pimentel Barboza X X X
Elpídio Martins Cannabrava X X
Emílio Jardim de Rezende * X X S
Epaminondas Estêves Ottoni X X X X *
Estevão Lôbo Leite Pereira X X
Eugênio da Cunha Mello X S
Euler de Salles Coelho X
Eustáquio Garção Stockler X
Euvaldo Lodi X
Fausto Dias Ferraz X X
Feliciano Augusto de Oliveira Penna *
Feliciano Lima Duarte X
Fidélis Reis X X X
Francisco Alvaro Bueno de Paiva * X X X *
Francisco Antônio de Salles X
Francisco Bernardino Rodrigues da Silva X X
Francisco Bressane de Azevedo X X X X X
Francisco Campos Valladares X X X X
Francisco Coelho Duarte Badaró X X
Francisco Correia Ferreira Rabello *
Francisco de Paula Amaral *
Francisco de Paula Mayrink E X X X P
Francisco Honório Ferreira Brandão X
Francisco Luiz da Silva Campos X
Francisco Luiz da Veiga X X X * X X X X
Francisco Manuel Paraizo Cavalcanti X
Legislatura
Nome do deputado federal O O O O O O O O O 1 1 1 1 1 1 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 O 1 2 3 4 5 6
Francisco Mendes Pimentel *
Francisco Negrão de Lima X X
Francisco Paoliello X X X
Francisco Peixoto Soares de Moura X X X S
Francisco Rodrigues Pereira Jr. X
Frederico de Oliveira Campos X
Gabriel de Paula Almeida Magalhães X
Gabriel de Rezende Passos X X
Garibaldi de Castro Mello X X S S
Gastão da Cunha X X
Gomes Freire de Andrade X
Henrique Cézar de Souza Vaz *
Henrique de Magalhães Sales X X X X
Herculano César Pereira da Silva X
Honorato José Alves X X X X X X X S
Ildefonso Moreira de Faria Alvim X X
lrineu de Mello Machado E E E E E X P
Jaime Gomes de Souza Lemos X X X
Jefferson de Oliveira X
João Antônio de Avellar X
João Baeta Neves X X S
João da Matta Machado * X X *
João das Chagas Lobato X *
João de Almeida Lisboa X S
João Henrique Sampaio Vieira da Silva X
João Jacques Montandon * S
João José Alves *
João Luiz Alves X •
João Luiz de Campos X X X X X X X X
João Nogueira Penido X X
João Nogueira Penido Filho X X X X X X * X X X X
João Pandiá Calógeras X X X X X X *
João Pinheiro da Silva X
João Pinheiro Filho X
João Quintino Teixeira X
João Rezende Tostes X
João Tavares Corrêa Beraldo X X
Joaquim Baptista de Melo X
Joaquim Domingues Leite de Castro X X
Joaquim Ferreira de Salles * X X X
Joaquim Furtado de Menezes X X
Joaquim Gonçalves Ramos X X X
Joaquim Leonel de Rezende Filho X X X X X
Joaquim Thomas de Carvalhaes *
José Alves Ferreira e Mello X X X
José Antônio da Silveira Drummond *
José Bento Nogueira X X X *
José Bento Nogueira Júnior X *
José Bernardes de Faria * X X
José Bonifácio de Andrada e Silva * X X X X X X X X X X
José Braz Pereira Gomes X X X X
José Bernardino Alves Jr. X
José Caetano da Silva Campolina * X
José Caetano de Almeida Gomes X X
José Cândido da Costa Sena X
José Carlos Ferreira Pires X X X
José Carneiro de Rezende X X X X X X X * X
Legislatura
Nome do deputado federal O O O O O O O O O 1 1 1 1 1 1 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 O 1 2 3 4 5 6
José Cupertino de Siqueira X X
José da Costa Machado e Souza X X
José Francisco Bias Forte X X X
José Gonçalves de Souza X X X
José Joaquim Ferreira Rabello X
José Joaquim Monteiro da Silva X
José Maria de Alkmim X X
José Martins de Carvalho Mourão X X
José Monteiro Ribeiro Junqueira X X X X X X X X X X X
José Moreira Brandão Castelo-Branco F. * X X X *
José Raymundo Telles de Menezes X
José Vieira Marques X X
Josino Alcântara de Araújo * X X X X X
Juarez Ferreira Lopes X
Júlio Bueno Brandão * X X
Júlio Bueno Brandão Filho X X S X S
Juscelino Kubitschek de Oliveira X
Lamartine Ribeiro Guimarães X X X
Landulpho Machado Magalhães X X X X * X
Lauro de Oliveira J acques X
Leopoldo de Oliveira *
Levindo Eduardo Coelho X X X
Lindolpho Caetano de Souza e Silva X X X X X *
Luiz Arthur Detzi X *
Luiz Eugênio Monteiro de Barros X X X
Luiz Martins Soares X X
Lycurgo Leite X S
Manoel Alves da Silva *
Manoel Fulgêncio Alves Pereira X X X X X X X X X X X X
Manoel Thomáz de Carvalho Britto X * X
Mário Gonçalves Mattos X X
Múcio Continentino X
Necésio José Tavares * *
Nelson Coelho de Senna * X S S
Noraldino Lima X
Octaviano Ferreira de Brito X X
Octávio Campos do Amaral X S
Octávio Estêves Ottoni ...
Odilon Barros Martins de Andrade X X
Odilon Duarte Braga X X
Olavo Tostes X
Olegário Dias Maciel X X X X X X
Olintho Augusto Ribeiro
Olintho Máximo de Magalhães
'" X
Pacífico Gonçalves Silva Mascarenhas X
Paulo Pinheiro da Silva X
Pedro Aleixo X X
Pedro Luiz de Oliveira
Pedro Macário de Almeida
'" X
Pedro Matta Machado X * X X
Pedro Rache X
Polycarpo de Magalhães Viotti X X
Polycarpo Rodrigues Viotti X
Raul de Faria X X X
Raul Noronha Sá * X X X X X
Raul Soares de Moura
Rodolpho Custódio Ferreira X '"
Legislatura
Nome do deputado federal O O O O O O O O O 1 1 1 1 1 1 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 O 1 2 3 4 5 6
Rodolpho Ernesto de Abreu * X X *
Rodolpho Gustavo da PaixJo X X X X X X
Sabino Barrozo * X X X X * *
Salvador FeIício dos Santos *
Sandoval Soares de Azevêdo X X
Sebastião Gonçalves Mascarenhas X X X
Simão da Cunha Alves Pereira X
Simão da Cunha Pereira X X
Theodomiro Carneiro Santiago X X X X
Theóphilo Benedicto Ottoni X
Theotônio de Magalhães Castro X X
Virgílio de Melo Franco X S
Viriato Dinis Mascarenhas X X X
Waldomiro de Barros Magalhães X X X X X X X
Washington Ferreira Pires X X
Wenceslau Bráz Pereira Gomes X X
Zorasto Rodrigues Alvarenga X X
Mandato
Nome do governador
Entrou Saiu
• Vice-governador em exercício.
Apêndice 3
Mandato
Nome do vice-governador
Entrou Saiu
Sedes distritais
1. Ouro Preto
2. Barbacena
3. Leopoldina
4. Juiz de Fora
5. Baependi
6. Campanha
7. Formiga
8. Sabará
9. Diamantina
10. Minas Novas
11. Montes Claros
12. Uberaba
Sedes distritais
1. Belo Horizonte
2. Leopoldina
3. Barbacena
4. Lavras
5. Pouso Alegre
6. Uberaba
7. Grão Mogol