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JULIA ALVES REINALDI

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MEDICINA


VETERINÁRIA
LASERTERAPIA COMO AUXÍLIO NA CICATRIZAÇÃO DE
FERIDAS EM EQUINOS - REVISÃO DE LITERATURA

Londrina – PR
2022
JULIA ALVES REINALDI

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MEDICINA


VETERINÁRIA
A LASERTERAPIA COMO AUXÍLIO NA CICATRIZAÇÃO DE
FERIDAS EM EQUINOS - REVISÃO DE LITERATURA

Relatório de estágio supervisionado


apresentado ao Curso de Medicina Veterinária
do Centro Universitário Filadélfia de Londrina -
UniFil, como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Medicina Veterinária.
Orientadora: Profa. Dra. Camila Regina Basso.

Londrina – PR
2022
JULIA ALVES REINALDI

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MEDICINA


VETERINÁRIA
LASERTERAPIA COMO AUXÍLIO NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS
EM EQUINOS - REVISÃO DE LITERATURA

BANCA EXAMINADORA

________________________________
____
Orientadora: Profa. Dra. Camila Regina
Basso
Centro Universitário Filadélfia - UniFil

________________________________
____
Prof. Me. José Victor Pronievicz Barreto
Centro Universitário Filadélfia - UniFil

________________________________
____
Médica Veterinária Dra. Daniela Bortoti
Becegatto
Londrina, 01 de dezembro de 2022.
Dedico este trabalho aos meus pais que sempre acreditaram em mim quando
nem eu mesma acreditava e sempre me apoiaram em tudo.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que sempre foi minha base, principalmente


nos dias difíceis aonde eu não sabia de onde tirar forças para seguir. Agradeço a
minha família, principalmente aos meus pais por terem me proporcionado uma criação
tão humana e com valores, e por terem sempre acreditado na minha capacidade e
nos meus sonhos, me proporcionando o prazer imenso de ter feito esse curso tão
especial que será a minha base durante a vida.
Agradeço a todos os meus professores por terem acrescentado tanto na minha
formação, com ensinamentos únicos que guardarei e levarei comigo eternamente.
Agradeço em especial a minha professora orientadora Camila Regina Basso, por
sempre ter me auxiliado e me dado apoio, e por ter sido para mim desde o começo
um exemplo de profissional que se dedica ao que faz com a alma.
Agradeço à coordenação do curso por todo o trabalho desempenhado durante
a graduação e também agradeço aos membros da banca Dra. Daniela Bortoli
Becegatto e ao Dr. José Victor Pronievicz Barreto por me auxiliarem e acrescentarem
tanto nessa etapa tão importante.
Também gostaria de agradecer aos meus amigos que estiveram ao meu lado
me proporcionando diversos momentos especiais durante essa jornada, que sempre
estarão guardados com carinho dentro do meu coração, em especial aos meus
amigos: Julia Tonani Rossi, Julia Eugenio Barbosa e Carlos Henrique Magri que foram
meus maiores aliados durante o curso, e com quem até agora eu dividi os momentos
mais incríveis e únicos da graduação.
E por fim, gostaria de agradecer a mim mesma, por ter conseguido chegar até
aqui, por ter confiado em mim e no processo que me levou a ser quem sou hoje e por
nunca desistir dos meus sonhos, por mais difíceis de alcançar que pareçam.
REINALDI, Julia Alves. A laserterapia como auxílio na cicatrização de feridas em
equinos: Revisão de Literatura. 2022. 48. Relatório de Estágio Supervisionado em
Medicina Veterinária (Bacharel em Medicina Veterinária) – Centro Universitário
Filadélfia - UniFil, Londrina, 2022.

RESUMO

O presente relatório mostra as atividades realizadas dentro do período de 25 de julho


a 19 de outubro de 2022, durante o Estágio Supervisionado em Medicina Veterinária,
que foi realizado parte no Hospital Veterinário da UENP, localizado na cidade de
Bandeirantes no Paraná, totalizando 320 horas e parte na Villa Hípica de Londrina,
localizada na cidade de Londrina no Paraná, totalizando nesse período 160 horas. A
primeira parte do relatório descreve as atividades desenvolvidas no Hospital
Veterinário da UENP, que consistiram no acompanhamento da rotina da clínica
médica e cirúrgica de grandes animais, sendo realizado o auxílio do tratamento dos
animais lá internados, além de também terem sido acompanhados atendimentos
externos em outras propriedades próximas. A segunda parte do relatório descreve o
período do estágio curricular realizado na Villa Hípica de Londrina, aonde foi
acompanhada a rotina dos equinos lá estabulados, que são animais utilizados
frequentemente para provas de hipismo, sendo assim tendo um manejo muito
específico, o qual também foi auxiliado por parte do estagiário durante o período de
estágio.

Palavras-chave: Clínica. Equinos. Relatório. Rotina. Veterinária.


REINALDI, Julia Alves. A laserterapia como auxílio na cicatrização de feridas em
equinos: Revisão de Literatura. 2022. 48. Relatório de Estágio Supervisionado em
Medicina Veterinária (Bacharel em Medicina Veterinária) – Centro Universitário
Filadélfia - UniFil, Londrina, 2022.

ABSTRACT

This report shows the activities carried out within the period from July 25 to October
19, 2022, during the Supervised Internship in Veterinary Medicine, which was carried
out in part at the Veterinary Hospital of UENP, located in the city of Bandeirantes in
Paraná, totaling 320 hours and leaves at Villa Hípica de Londrina, located in the city
of Londrina in Paraná, totaling 160 hours in this period. The first part of the report
describes the activities carried out at the Veterinary Hospital of UENP, which consisted
of monitoring the routine of the medical and surgical clinic of large animals, providing
assistance in the treatment of the animals hospitalized there, in addition to external
assistance in other nearby properties. The second part of the report describes the
period of the curricular internship carried out at Villa Hípica de Londrina, where the
routine of the horses stabled there was monitored, which are animals often used for
equestrian events, thus having a very specific handling, which was also assisted by
the intern during the internship period.

Keywords: Clinic. Equines. Report. Routine. Veterinary.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01. Vista do corredor principal, setor de grandes animais do Hospital


Veterinário UENP.......................................................................................................17
Figura 2 – Evolução da cicatrização após as sessões de laserterapia........................44
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Número total e porcentagem de atendimentos acompanhados no período


de Estágio Curricular Obrigatório de acordo com as espécies - Bandeirantes,
PR...............................................................................................................................18

Tabela 2. Casuística organizada por espécie, principal sistema acometido e


afecção/sintomatologia, considerando os atendimentos na clínica médica e os
procedimentos na clínica cirúrgica de grandes animais no período de Estágio
Curricular Obrigatório - Bandeirantes, PR...................................................................18
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AINEs Anti-inflamatórios Não Esteroidais


ATP Adenosina Trifostato
BVD Diarreia Viral Bovina
HV Hospital Veterinário
K Comprimento de onda
KG Quilogramas
LED Diodo Emissor de Luz
MG Miligrama
MW Miliwatts
NM Nanômetros
NO Óxido Nítrico
TGE Tecido de Granulação Exuberante
UENP Universidade Estadual do Norte do Paraná
11

SUMÁRIO

PARTE l: RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MEDICINA


VETERINÁRIA 12

1 INTRODUÇÃO 12

2 HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO


PARANÁ (HV UENP) 13

2.1 Setores de Atendimento 14

2.2 Instalações 14

2.2.1 Ambulatórios 15

2.2.2 Centro Cirúrgico 16

2.2.3 Área externa 16

3 HOSPITAL VETERINÁRIO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ


– CAMPUS LUIZ MENEGHEL 18

3.1 Casuística 18

4 VILLA HÍPICA DE LONDRINA 23

4.1 Descrição geral - Setores de atendimento 23

4.2 Instalações 24

5 ATIVIDADES ACOMPANHADAS – VILLA HÍPICA LONDRINA 25

5.1 Casuística 25

6 CONCLUSÃO 26
12

REFERÊNCIAS 27

PARTE II - ARTIGO CIENTÍFICO 28

1 INTRODUÇÃO 30

2 REVISÃO DE LITERATURA 32

2.1 Pele 32

2.2 Feridas em Equinos 33

2.3 Classificação das Feridas 34

2.4 Cicatrização 35

2.5 Fatores que interferem na cicatrização 37

2.6 Tratamentos 38

2.7 A Laserterapia como Tratamento de Feridas 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

REFERÊNCIAS 45

PARTE l: RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MEDICINA


VETERINÁRIA

1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária proporciona ao


acadêmico uma experiência enriquecedora de conhecimento prático e teórico,
trazendo a experiência da atuação completa do médico veterinário na área de
interesse. O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado
em duas etapas, sendo a primeira no Hospital Veterinário da Universidade Estadual
do Norte do Paraná (UENP), Campus Luiz Meneghel, na cidade de Bandeirantes, PR.
13

O HV UENP fica na Rodovia BR-369, Km 54, no bairro Vila Maria. O estágio foi
realizado no setor de clínica médica, cirúrgica e reprodução de grandes animais, no
período de 25 de julho a 9 de setembro de 2022 com carga horária total de 320 horas.
A segunda etapa do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
foi realizada na Villa Hípica, localizada na cidade de Londrina, PR, localizada na
Avenida Tiradentes 3333 no bairro Hípica. O período de realização do estágio foi de
12 de setembro a 07 de outubro de 2022, totalizando 160 horas.
O relatório do estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária tem
como finalidade descrever a rotina do estágio, a casuística que foi acompanhada e os
locais de realização os atendimentos dentro do setor de clínica médica, cirúrgica e
reprodução de grandes animais. O objetivo do estágio curricular obrigatório foi a
obtenção de conhecimento e experiência prática na área de clínica médica e cirúrgica,
e na reprodução de grandes animais, além do manejo sanitário desses animais.

2 HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO


PARANÁ (HV UENP)
14

2.1 Setores de Atendimento

O Hospital Veterinário da UENP, consiste em um Hospital-escola e conta com


atendimento a pequenos e grandes animais. O setor de pequenos animais possui
estrutura para atendimento clínico e cirúrgico, porém não conta com área de
internamento, realizando apenas internações breves nos casos de pré e pós-
operatórios. Conta com ambulatórios para a realização da triagem e exames, centro
cirúrgico, laboratório de patologia clínica, farmácia, recepção, lavanderia e vestiários.
O setor de clínica de grandes animais, diferente do setor de pequenos, possui
área de internamento - contando com baias para internação dos animais - assim sendo
realizados periodicamente plantões em casos emergenciais. Nesse setor também há
o setor cirúrgico, aonde são realizados os procedimentos cirúrgicos necessários em
espécies como bovinos, equinos, ovinos e suínos.
Fora a parte da clínica, a UENP conta com um Haras, aonde ficam os equinos
da Universidade e de proprietários, lá são realizados alguns procedimentos mais
simples quando necessários, como acompanhamento reprodutivo. O Haras também
conta com serviços de equoterapia. Além do Haras, há a fazenda-escola aonde ficam
as granjas de bovinos de leite, ovinos e suínos. Quando necessários atendimentos
aos animais que ficam na granja, sem necessidade de internação, esses também são
feitos no próprio local.

2.2 Instalações

O setor de grandes animais, setor onde foi realizado o estágio curricular


obrigatório, conta com área de internamento e uma sala ampla de ambulatório onde
os médicos veterinários residentes permanecem para a realização dos exames do
animal, e também onde são armazenadas as medicações e instrumentos de utilização
na rotina clínica como gaze, álcool, soro fisiológico, curativos, bandagens etc.
O setor ainda conta com uma sala de contenção e sedação do animal e um
centro cirúrgico para a realização de procedimentos cirúrgicos em animais de grande
porte. Procedimentos em animais menores como os ovinos e outros pequenos
ruminantes, são ocasionalmente realizados no centro cirúrgico de pequenos animais
ou também dependendo da cirurgia, se for possível e mais prático, é realizada a
campo.
15

A UENP também conta com uma fazenda-escola que possui granja de suínos,
ovinos e a granja leiteira, piquetes de variados tamanhos para o alojamento e manejo
desses animais. Quando há atendimentos à suínos e ovinos da fazenda, são
realizados primeiramente nas próprias granjas onde se encontram esses animais,
assim como, os atendimentos aos bovinos de leite, que geralmente são realizados nos
próprios piquetes onde os animais se localizam, ou enquanto o animal está contido,
após a ordenha. No caso de animais atendidos na fazenda precisarem de suporte e
acompanhamento clínico, são encaminhados ao Hospital Veterinário para a
internação e monitoramento recorrente.
Além da fazenda-escola, a universidade também conta com um haras, onde
são hospedados animais da própria universidade e animais com proprietários, que
ficam alojados em baias e em piquetes dispostas no local. O haras conta com
instalações para a realização de equoterapia, que é uma das principais atividades
desenvolvidas. Os equinos são os mais numerosos no local, mas também possui
ovinos.

2.2.1 Ambulatórios

O setor de grandes animais do Hospital Veterinário da UENP conta com um


único ambulatório, onde ficam as médicas veterinárias residentes responsáveis pelo
setor. O ambulatório tem um tronco de contenção para a realização de exame físico
no animal, armários para armazenamento de utensílios do setor, produtos para utilizar
no manejo de afecções dos animais, medicamentos e caixas com os prontuários e
medicamentos específicos para cada paciente do setor.
No local também há uma maca disposta para manejo e atendimento de animais
menores, como pequenos ruminantes, suportes para soro e mesas hospitalares para
poder dispor a medicação e instrumentos para cada atendimento. Possui uma pia com
bancada e armários para armazenamento de itens de limpeza e uma mangueira ao
lado para auxiliar na higienização do ambiente após os atendimentos.
O acesso ao ambulatório se dá por 2 portas, a porta mais utilizada é a do
corredor principal, geralmente é a principal forma de acesso dos veterinários,
estagiários e proprietários. A segunda porta é voltada para o lado externo do hospital
sendo geralmente utilizada para a entrada de animais de grande porte, como equinos,
16

para ser conduzido ao ambulatório para a realização de exames e procedimentos


clínicos.

2.2.2 Centro Cirúrgico

O centro cirúrgico do setor de grandes animais do Hospital Veterinário da


UENP, possui uma sala de indução anestésica na entrada, aonde o chão é revestido
por borracha e a parede é almofadada, para evitar de o animal sofrer lesões na hora
da sedação. O centro cirúrgico também conta com talha elétrica e manual para fazer
o carregamento do animal até a mesa de cirurgia.
Possui mesa cirúrgica de tamanho adequado para a realização de cirurgias em
grandes animais, com ajustes elétricos para regulagem de altura de acordo com a
preferência do cirurgião, também possui hastes de ferro para fazer a amarração dos
membros do animal, para deixa-lo estável, a fim de, posicioná-lo da maneira mais
adequada para realizar o procedimento.
Durante o período em que foi realizado o estágio curricular, não foram acompanhadas
cirurgias no centro cirúrgico do Hospital Veterinário, pois o aparelho para a indução e
manutenção anestésica ainda não estava disponível na instituição.

2.2.3 Área externa

A parte externa do setor de grandes animais conta com 5 piquetes para


internação de grandes animais, em casos de não haverem baias disponíveis ou do
animal necessitar de um espaço mais aberto para seu alojamento. Sendo que do total,
2 piquetes são compostos de solo com pastagem e 3 piquetes possuem solo
concretado. Em meio aos piquetes, há uma área exclusiva com balança para a
pesagem de grandes animais. Também possui uma rampa com andador para facilitar
a chegada do paciente e destiná-lo ao piquete e/ou balança.
Logo após a área com os piquetes e a balança, há o corredor principal (FIGURA
1), o qual permite o acesso ao ambulatório, onde estão dispostas as baias, sendo
utilizada para animais internados quando necessário. O Hospital Veterinário UENP
conta, no total, com 4 baias grandes para a acomodação de animais de grande porte,
como equinos e bovinos e 4 baias menores para a acomodação de animais de
produção, como os suínos e ovinos.
17

Figura 01. Vista do corredor principal, setor de grandes animais do Hospital


Veterinário UENP.

Fonte: Acervo Pessoal, (2022).


18

3 HOSPITAL VETERINÁRIO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO


PARANÁ – CAMPUS LUIZ MENEGHEL

3.1 Casuística

No período de 25 de julho à 09 de setembro de 2022 foram acompanhados no


setor de clínica médica de grandes animais 34 casos. Dentre o total de casos, foram
acompanhados 6 (17,6%) casos referentes a atendimentos de equinos, 18 (52,9%)
casos referentes ao atendimento de bovinos, 6 (17,6%) casos referentes ao
atendimento de ovinos e 4 (11,7%) casos referentes ao atendimento de suínos,
representados na tabela abaixo (TABELA 1).

Tabela 1. Número total e porcentagem de atendimentos acompanhados no período


de Estágio Curricular Obrigatório de acordo com as espécies - Bandeirantes, PR.
Espécies Total %
Equinos 6 17,6
Bovinos 18 52,9
Ovinos 6 17,6
Suínos 4 11,7
Total 34 100
Fonte: O próprio autor (2022).

Dentre as espécies atendidas foi possível organizar a casuística por espécie,


sistema acometido, considerando os atendimentos clínicos e procedimentos
cirúrgicos, tendo então uma casuística bem distribuída, evidenciada na tabela abaixo
(TABELA 2).

Tabela 2. Casuística organizada por espécie, principal sistema acometido e


afecção/sintomatologia, considerando os atendimentos na clínica médica e os
procedimentos na clínica cirúrgica de grandes animais no período de Estágio
Curricular Obrigatório - Bandeirantes, PR.
Sistemas Acometidos Bovinos Ovinos Suínos Equinos
Sistema Tegumentar

Abcesso 6 (17%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)


Ferida Lacerante 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (3%)
Ferida na Sobreunha 0 (0%) 1 (3%) 0 (0%) 0 (0%)
19

Hérnia Umbilical 0 (0%) 0 (0%) 1 (3%) 0 (0%)


Laceração de teto 1 (3%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)
Sistema Reprodutor

Parto normal 0 (0%) 2(6%) 0 (0%) 0 (0%)


Parto distócico 1 (3%) 1(3%) 0 (0%) 1 (3%)
Orquiectomia 0 (0%) 0 (0%) 2 (6%) 0 (0%)
Retenção de placenta 1 (3%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)
Sistema Respiratório

Broncopneumonia 2 (6%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)


Sistema Locomotor

Ferida no casco 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (6%)


Dor em região lombar * 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (3%)
Pododermatite 1 (3%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)
Sistema Digestório

Diarreia Viral Bovina 7 (20,5%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)


Diarreia* 1 (2,9%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)
Sistema Nervoso

Tétano 0 (0%) 1(3%) 0 (0%) 0 (0%)


Sistema Oftálmico

Úlcera de Córnea 0 (0%) 1 (3%) 0 (0%) 0 (0%)


Total casos 20 (59%) 6 (17,6%) 3 (9%) 5 (15%)
Legenda: *Sintomatologia sem diagnóstico definitivo.
Fonte: O próprio autor (2022).

A casuística acompanhada durante o Estágio Curricular Obrigatório em


Medicina Veterinária, apresentou um maior número de atendimentos aos bovinos,
com um total de 20 casos (59%), seguido dos atendimentos aos ovinos com 6 casos
(17,6%), aos equinos com 5 casos (15%) e por fim, aos suínos, com 3 casos (9%).
Na área da bovinocultura, foi observada uma prevalência de casos de abscesso
no úbere de vacas leiteiras pertencentes à Universidade. Segundo Felisberto Junior
et al., (2011), abscessos podem ser definidos como um acúmulo local anormal e
repleto de pus, ocasionado normalmente por bactérias piogênicas ou até mesmo por
irritação química ou mecânica, em variados tecidos do organismo.
No processo de formação de abscessos há o desenvolvimento gradativo de
tecido conjuntivo ao redor da membrana piogênica. Conforme ocorre crescimento
desse tecido, há o aumento da cavidade do abscesso, promovido pela pressão devido
ao aumento do conteúdo purulento no interior, que posteriormente poderá chegar a
20

um ponto em que pode ocorrer o rompimento da cápsula, levando então à uma


fistulação, e assim, irá haver o extravasamento do pus acumulado (FELISBERTO
JUNIOR et al., 2011).
De acordo com Fioravanti et al., (2007), a causa mais comum de formação de
abcessos, se dá pela penetração traumática de agentes patogênicos no tecido
cutâneo, podendo ocorrer migração destes agentes para diversas regiões do corpo
do animal. Ainda, pela via hematógena podem migrar também para órgãos internos,
possibilitando o desenvolvimento de quadros mais generalizados de sinais clínicos,
como prurido, inapetência, perda de peso excessiva, ulcerações e febre.
Sabe-se que a região mais comum para a formação dos abscessos é o tecido
subcutâneo, devido a presença de agentes como carrapatos ou larvas de mosca,
presentes em locais abertos ou com grande disponibilidade de alimento, o que
possivelmente permitiu que várias vacas leiteiras da fazenda-escola fossem
diagnosticadas com tal problema, sendo então, necessário realizar o
acompanhamento e a limpeza diária na área acometida nesses animais.
Para a limpeza dos abscessos maiores, era realizada uma massagem manual
na região acometida para drenar o conteúdo purulento, seguido da lavagem da
cavidade formada com soro fisiológico por meio de sonda, e após a limpeza, a
aplicação de larvicida veterinário ao redor das feridas para evitar a infestação de
insetos na região do ferimento. Nos abcessos em que já havia sido controlada a
infecção, mostrando evolução na cicatrização, era realizada a limpeza com gaze e
clorexidina degermante, e por fim, era aplicado uma pasta com propriedades
cicatrizantes preparada na própria Universidade, ou então, era usado apenas o
larvicida veterinário.
Também na área da bovinocultura, foram acompanhados atendimentos em
uma propriedade de criação de gado de corte da raça Nelore, na qual parte do rebanho
estava indo à óbito e não se sabia a causa. Os sinais clínicos dos animais acometidos
eram semelhantes e sincronizados, sendo diarreia líquida e fétida e hipotermia. Os
animais apresentavam esse quadro clínico, perdiam o tônus muscular, demonstrando
incapacidade de se levantar e andar demonstrando apatia e prostração, evoluindo
para óbito.
Foram transferidos para o Hospital Veterinário da UENP, 7 animais com os
sinais clínicos descritos acima, sendo que um animal veio a óbito durante o transporte.
Após a avaliação do histórico de óbitos no local, avaliação dos animais e os sintomas
21

apresentados com rápida evolução ao óbito, a principal suspeita da equipe veterinária


foi de Diarreia Viral Bovina (BVD).
A Diarreia Viral Bovina é uma patologia altamente relacionada a reprodução
animal, e também associada a problemas no trato digestivo de bovinos. Na maior parte
dos casos de BVD em rebanhos, é pouco observada a presença de sinais clínicos
específicos da doença, como repetições de cio e desordens produtivas, por exemplo,
e então, a doença acaba sendo associada muitas vezes a agentes etiológicos
secundários (LAZZARI et al., 2008).
É constatado que o vírus da BVDV é um dos maiores problemas que assolam
os rebanhos de gado em todo o território mundial. Os casos de infecção pelo vírus da
BVDV podem ser observados com sinais clínicos brandos ou imperceptíveis ou de
maneira aguda, podendo levar rapidamente o animal a óbito. A maneira profilática de
evitar que o vírus se dissemine, é a vacinação do rebanho, tanto de gado leiteiro,
quanto do gado de corte. A vacinação contra o BVDV não é muito comum e muitas
vezes, ao ser realizada, ocorre irregularidades, como a aplicação sem o
monitoramento adequado por um profissional (FLORES et al., 2005).
Sabe-se que para a detecção do vírus da BVDV há a necessidade da realização
de testes de isolamento viral. O problema principal da detecção do vírus, é sua alta
variabilidade genética, assim, não havendo um meio específico para se testar e
detectar todas as variações do patógeno, então o isolamento do vírus acaba sendo a
única maneira eficiente para a detecção do vírus de acordo com sua viabilidade
(BARRETO, 2022).
Referente aos bovinos Nelore encaminhados ao Hospital Veterinário no
primeiro atendimento, eram dois garrotes e uma bezerra, como diagnóstico ainda não
havia sido fechado, foram administrados 25 litros de soro fisiológico Ringer com lactato
por via intravenosa, 150 ml de bicarbonato de sódio e 100 ml de glicose diluídos a
cada 1 litro de solução, a fim de, favorecer a reposição e a manutenção eletrolítica,
devido à intensa desidratação por causa do quadro de diarreia.
Também foram administrados enrofloxacina 5 mg/kg via intravenosa, além de
hemograma e coleta de soro e fezes para exames laboratoriais. Todos os bovinos
vieram a óbito e foram submetidos à necrópsia, sendo coletados fragmentos dos
órgãos para posterior análise histopatológica, contribuindo para a obtenção do
diagnóstico conclusivo referente à patologia que vinha acometendo estes animais.
22

Dentre os achados macroscópicos da necrópsia, foi possível observar o pulmão


com enfisema pulmonar pelo teste de docimasia, traqueia com presença de secreção
mucosa, vesícula biliar com petéquias e símbolo de estrela de Davi, que pode indicar
uma suspeita de BVD, peritônio com líquido em excesso (hipoproteinemia),
hemorragia na serosa do intestino delgado, petéquias e úlceras no intestino grosso e
abomasite. A partir do resultado do exame histopatológico, foi constatado,
hepatotoxicidade e colangite presentes. Assim, a suspeita inicial que era condizente
com o BVD, foi complementada com a suspeita de ingestão de plantas tóxicas, no
caso o Senecio (Senecio brasiliensis), planta presente na propriedade.
Assim, seguiu-se um raciocínio clínico aonde suspeitava-se que os animais
poderiam possuir o vírus da Diarreia Viral Bovina, o qual segundo Lazzari et al., (2008)
pode induzir o animal a quadros de imunossupressão, que como suspeitado no caso,
um quadro de imunossupressão originado pelo BVDV pode ocasionar problemas
secundários nos animais, como patologias no trato respiratório, como foi observado
em várias necropsias. Aliado a isso, os animais estavam em condições não estáveis
de alimentação, devido a época do ano apresentar uma baixa produção de alimento
vegetal, e então, devido a esse fator, poderiam ter ingerido a planta tóxica, o que
contribuiu para alavancar o quadro patológico constatado. Foi confirmado
posteriormente, que alguns animais tinham realmente o vírus da BVDV, porém ainda
assim, a causa principal suspeitada continuou sendo a ingestão de plantas tóxicas.
Na área da equinocultura, foram acompanhados 2 casos de ferida em casco.
O primeiro caso se apresentou clinicamente mais simples, pois a ferida no casco foi
decorrente a um acidente com escoamento de nitrogênio. O tratamento do animal foi
realizado com a limpeza e curativo da ferida diariamente.
O segundo caso foi de abcesso subsolear ou também conhecido como,
infecção da linha branca da sola, popularmente chamado de broca de casco (REIS et
al., 2008). A causa das feridas nos animais internados não foi determinada, porém a
causa comum dessas lesões é associada à falta de higiene nos cascos do animal ou
pisada irregular. O tratamento consistiu na higienização da região da ferida e curativo
com gaze, atadura e liga para manter o local isolado, evitando contaminação externa,
a fim de favorecer um processo eficaz de cicatrização.
Ainda na área da equinocultura, foi acompanhado o atendimento à uma égua
Quarto de Milha do haras da Universidade, com apresentação de dor na região
lombar, provavelmente originada por desalinhamento da coluna vertebral. O
23

atendimento foi realizado por uma médica veterinária especializada em quiropraxia e


acupuntura veterinária. O tratamento para a dor do animal foi baseado em sessões de
quiropraxia para alinhamento da coluna, e acupuntura com eletrodos ligados nas
agulhas para estímulo da região. Foi também realizada no animal, uma sessão de
laser terapêutico na região lombar com o objetivo de analgesia. Foram acompanhadas
3 sessões de quiropraxia, laserterapia e acupuntura simultaneamente, surtindo
visivelmente ao animal uma melhora significativa na dor.

4 VILLA HÍPICA DE LONDRINA

4.1 Descrição geral - Setores de atendimento

A segunda etapa do Estágio Curricular Obrigatório em Medicina Veterinária foi


realizado na Villa Hípica de Londrina, que consiste em uma escola de hipismo. O local
conta com um amplo espaço recoberto por pistas de hipismo, com vários obstáculos
dispostos para a realização dos treinos e aulas com os equinos.
Além das pistas, há vários piquetes na parte externa da hípica aonde os cavalos
permanecem, geralmente depois de se exercitarem. Os animais descansam e depois
são levados para a higienização e em seguida, retornam as baias para receber o trato
e, por fim, permanecerem até o próximo treino ou atividade.
A parte da entrada conta com uma secretaria principal, aonde são tratadas as
questões burocráticas e administrativas da hípica e uma área externa, que fica em
frente à pista principal de hipismo, semelhante à uma recepção para os clientes
aguardarem. A área externa dá acesso a 2 corredores internos principais, aonde ficam
localizadas as baias dos cavalos da hípica e de cavalos de proprietários, além de salas
para descanso dos funcionários e também para armazenamento dos materiais, como
selas, botas, bridões, cabeçotes, além de materiais para a higiene dos animais,
estoque de suplementos, etc.
O corredor principal, local de realização do estágio, conta com 14 baias, sendo
que os animais permanecem a maior parte do tempo ali. No corredor, há dispostas
várias cordas laterais e tapetes emborrachados para quando o animal é tirado da baia
ou ao retornar do exercício, possa ficar estabilizado para a realização de
24

procedimentos padrões, como a retirada da sela, limpeza de casco, tosquia, ou até


mesmo, para manter o animal estável quando há atendimento veterinário no local.
Após os corredores, há uma segunda área externa, aonde se localizam as duchas,
para a higienização dos animais

4.2 Instalações

As principais instalações da hípica são as pistas de hipismo. A pista principal é


a de areia, conhecida como picadeiro. Nela, é onde ocorrem os treinamentos e aulas
com os animais do local. O treino principal realizado é o treinamento para prova de
salto, aonde ficam dispostos obstáculos para serem percorridos durante os
treinamentos, e posteriormente, as provas. Ao lado da pista principal, há um piquete
extenso, recoberto por gramado, aonde ficam localizados os potros do local, porém
esse piquete também é usado para a realização de algumas provas em dias de
campeonato na hípica.
Em frente ao piquete aonde ficam os potros, há outra grande pista de hipismo,
também recoberta por areia e com obstáculos para salto dispersos ao longo do trajeto.
Esse piquete em específico, é usado para treinar os animais que pertencem aos
proprietários da Hípica, os quais diariamente são levados para se exercitarem nessa
pista.
Na parte de trás, na segunda área externa, após os corredores, há outra grande
área coberta aonde ficam localizados os lavadores, onde os animais são levados para
que seja feita a higienização. Cada lavador contém uma mangueira com suporte e
piso emborrachado para uma acomodação adequada do animal na hora do banho.
No meio dessa área, após as duchas ficam localizados os cochos com as rações do
cavalo, sendo 6 tipos diferentes de rações, que irá ser fornecida ao cavalo de acordo
com sua demanda específica. Ao lado há uma segunda área aonde fica armazenado
o feno, e outros alimentos que também são constantemente fornecidos aos cavalos,
como por exemplo, aveia.
Após essa segunda área coberta, há a parte realmente externa, como um
grande quintal. Nessa parte, em frente à uma das pistas laterais, ficam localizados os
secadores, que são estruturas para os cavalos ficarem dispostos após os banhos,
para poderem se secar mais rapidamente antes de retornarem as baias. Mais adiante
há outros piquetes externos, recobertos por pastagem, aonde ocasionalmente ficam
25

alguns animais durante o dia, após se exercitarem, para poderem pastejar antes de ir
para a ducha e retornarem as baias.

5 ATIVIDADES ACOMPANHADAS – VILLA HÍPICA LONDRINA

5.1 Casuística

No período de 9 de setembro à 19 de outubro de 2022 foi realizado o Estágio


Curricular Obrigatório em Medicina Veterinária na Villa Hípica de Londrina. As
atividades acompanhadas, consistiram no manejo dos animais estabulados. A clínica
foi pouco recorrente no período, já que os animais alocados na hípica não
apresentaram nenhuma afecção, então as atividades veterinárias realizadas nesse
período, foram os procedimentos de rotina, como a administração de vermífugos, se
necessário e coleta de sangue dos animais que iriam participar de provas.
Os exames ao ser coletado, eram encaminhados ao laboratório para a
realização de exame de mormo e anemia, a fim de averiguar se o animal se
apresentava em condições de competir nas provas de hipismo, as quais os animais
eram preparados constantemente. Foram acompanhadas 23 coletas de sangue de
equinos da hípica, para avaliar se estavam aptos a participar das provas de hipismo,
tanto na própria hípica, quanto de provas externas. Ainda, a coleta de sangue foi
realizada em animais do proprietário da hípica e de cavalos de proprietários, que
permanecem estabulados na Hípica.
Durante o Estágio Curricular Obrigatório em Medicina Veterinária, foi realizado
o acompanhamento do manejo de 12 cavalos estabulados na hípica, todos estes, no
caso, pertencentes ao proprietário da hípica. Os animais acompanhados eram todos
da raça Brasileiro de Hipismo. A raça Brasileiro de Hipismo é reconhecida
internacionalmente devida as vitórias em eventos internacionais, sendo as principais
vitórias dessa raça, as conquistadas em 1996 nas Olimpíadas de Atlanta e em 2000,
em Sydney, Austrália. Também possuem uma medalha de ouro, conquistada em
2011, nos Jogos Mundiais Militares, além de mais três medalhas de ouro,
conquistadas em 2007, nos jogos Pan Americanos (ABCCH, 2012).
Como todos os cavalos acompanhados durante o estágio eram da mesma raça,
Brasileiro de Hipismo, além de realizarem diariamente as mesmas atividades, o
26

manejo era o mesmo para todos, sem particularidades. Sendo um manejo


estrategicamente simples e eficaz para a manutenção da qualidade de vida e a saúde
dos animais.
No início da manhã era fornecido 1 kg de ração e uma porção de feno para
cada animal, e após serem alimentados, era feita a limpeza das ranilhas e escovação
para que fossem preparados para serem montados para treinar. Após se exercitarem
eram levados aos piquetes para aguardarem o banho, que era realizado geralmente
na parte da tarde. Depois de ser feita a higienização, eram colocados nos secadores
e após isso, no final da tarde eram estabulados para serem alimentados novamente,
sendo ofertadas as mesmas quantidades de ração e feno que eram fornecidas pela
manhã, sendo esse, o manejo repetido diariamente.

6 CONCLUSÃO

A casuística acompanhada nos dois locais de estágio vasta, abrangendo áreas


diferentes, porém que se complementam, sendo a área de rotina clínica acompanhada
na UENP, contendo uma casuística diversa voltada a diferentes espécies de grandes
animais, e na hípica uma casuística voltada para o manejo de equinos.
Os dois locais de estágio foram essenciais para que se obtivesse um vasto
conhecimento quanto a rotina de grandes animais, tanto na área da clínica médica e
cirúrgica que foi a vivenciada no Hospital Veterinário UENP, quanto na área de manejo
de equinos atletas, vivenciada na Villa Hípica de Londrina. Com a vivência de duas
rotinas distintas durante desse período, se tornou nítida como a vivência de diferentes
realidades proporciona um vasto aprendizado, caracterizando a importância do
estágio curricular na vida do graduando em Medicina Veterinária.
27

REFERÊNCIAS

BARRETO, JOSÉ V. P.; LORENZETTI, E. ; FRITZEN, J. T. T. ; JARDIM, A. M. ;


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1-7, 2022.

FELISBERTO JÚNIOR, M. de A.; GOMES FILHO, R. R.; RUEDA, V. M; SILVA, M. C.


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Conclusão de Curso (Curso do Ensino Médio Integrado Curso Técnico em
Agropecuária). Apresentado na Etec "Frei Arnaldo Maria de Itaporanga".
Votuporanga/SP. 2011.

FIORAVANTI, M. C. S.; SILVA, L. A. F.; MOREIRA, P. C.; JAYME, V. de S.;


BORGES, G. T.; RODRIGUES, N. M. de O. e. Tratamento de abscessos
subcutâneos com ácido metacresolsulfônico associado à nitrofurazona e à aplicação
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FLORES, E. F.; WEIBLEN, Rudi; VOGEL, FLORES, F, S. F.; ROEHE, P. M.;


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(BVDV) no Brasil: histórico, situação atual e perspectivas. Pesquisa Veterinária
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LAZZARI, F.C.; BARTHOLOMEI, L.; PICCININ. A. Diarreia Viral Bovina. Rev. Cient.
Eletr. Med. Vet., 6:10, 2008. Disponível em:
<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/OzcxvuVYawk3aeg_2
013-5-28-11-45-47.pdf>. Acesso em: 5 out 2022.
28

PARTE II - ARTIGO CIENTÍFICO


29

A LASERTERAPIA COMO AUXÍLIO NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS EM


EQUINOS – REVISÃO DE LITERATURA

Julia Alves Reinaldi1, Camila Regina Basso2

1Discente do curso de Medicina Veterinária pelo Centro Universitário Filadélfia


– UniFil.
E-mail: juliareinaldi@gmail.com
2Docente do curso de Medicina Veterinária pelo Centro Universitário Filadélfia

– UniFil.

RESUMO

Sabe-se que os equinos são animais susceptíveis a ocorrência de feridas abertas


devido ao comportamento natural e ao ambiente em que geralmente se encontram,
sendo assim, dentro da clínica médica é imprescindível que sejam exploradas formas
de tratamentos complementares, além do tratamento alopático, para auxiliar na
cicatrização dessas lesões. A laserterapia de baixa frequência é uma terapia que vêm
sendo muito empregada no tratamento de feridas em equinos, gerando resultados
satisfatórios em relação ao tempo de cicatrização e ao aspecto final da ferida, após o
tratamento. O mecanismo de ação do laser se dá basicamente pelo efeito
fotobiomodulador, o qual estimula a reparação tecidual por meio da luz. Em cada caso,
o laser precisa ser ajustado com parâmetros específicos, como frequência,
comprimento de onda e potência, para que então, seja eficaz na reparação dos danos
teciduais da lesão em que será empregado e se tenha como resultado final, a
cicatrização. Dessa forma, o objetivo da presente revisão de literatura foi caracterizar
as feridas em equinos e o uso da laserterapia como tratamento complementar na
cicatrização.

Palavras-chave: Cicatrização. Feridas. Fotobiomodulador. Laser. Laserterapia.


30

ABSTRACT

It is known that equines are animals that are very susceptible to the occurrence of open
wounds due to their natural behavior and the environments in which they are usually
found, so within the medical clinic of these animals it is important to explore forms of
complementary treatments, in addition to allopathic treatment, to assist in the healing
of these lesions. Low-frequency laser therapy is a therapy that has been widely used
in the treatment of equine wounds, generating satisfactory results in terms of healing
time and the final appearance of the wound after treatment. The mechanism of action
of the laser is basically due to its photobiomodulatory effect, stimulating tissue repair
through its light. In each case, the laser needs to be adjusted with specific parameters,
such as frequency, wavelength and power, so that it is effective in repairing the tissue
damage of the lesion in which it will be used and having a good final result.

Keywords: Healing. Laser. Laser therapy. Photobiomodulation. Wounds.

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que os equinos são animais que possuem mecanismos específicos


em relação a cicatrização de feridas, o que possibilita a esse processo cicatricial
apresentar maiores complicações, como por exemplo, a formação excessiva de tecido
de granulação. É comum a cicatrização dessas feridas ocorrer por segunda intenção,
sendo um desafio ao médico veterinário, uma vez que as feridas apresentam vasta
contaminação, necessitando de manejo adequado, com tratamento específico
(PAGANELA et al., 2009).
São variados os fatores que podem interferir no processo de cicatrização de
feridas em equinos, como por exemplo, o grau de contaminação e a localização.
Feridas em membros distais, são comuns e por estarem em membro submetido ao
movimento constante podem apresentar maior dificuldade de resposta cicatricial,
ainda por apresentarem menor suprimento vascular. Outros fatores que podem
interferir ou dificultar o processo são, a formação de tecido necrótico, as dimensões
31

da ferida, o tempo decorrido desde a formação da ferida, a tensão, os tratamentos


anteriores administrados, a formação de exsudato, dentre muitos outros que podem
ser desafios a serem considerados no tratamento dessas afecções (HENDRICKSON;
VIRGIN, 2005).
No manejo de tratamento em feridas abertas, é necessário antes de tudo uma
boa avaliação de todos os aspectos macroscópicos da lesão, como localização, o grau
de contaminação visível, perda de tecido, dentre outros, para que seja feita a
manipulação correta. Os primeiros passos a serem dados são a tricotomia adequada,
o desbridamento cirúrgico para remoção de tecidos mortos, se houver, uma boa
lavagem no local do ferimento e o uso de bandagens juntamente com anti-
inflamatórios não esteroidais (AINEs) e antibióticos tópicos para ajudar a minimizar a
formação de tecido de granulação exacerbado (PAGANELA et al., 2009).
Dentre os tipos de tratamentos alternativos usados no tratamento de feridas em
equinos, a laserterapia vem ganhando destaque como uma terapia fotodinâmica. A
laserterapia (terapia com laser de baixa intensidade) ou fotobiomodulação é utilizada
com o objetivo de restaurar tecidos danificados, por meio de um estímulo luminoso,
assim auxiliando na analgesia, na redução da inflamação e na regeneração do tecido
lesionado (HUANG et al., 2011).
A laserterapia no tecido animal pode ser comparada a fotossíntese das
plantas, mas no caso do tecido animal, ocorre absorção de luz pelas células e a
mesma executa uma mudança bioquímica (HUANG et al., 2011). É imprescindível ter
conhecimento que a luz do laser é uma luz colimada, coerente e monocromática, há
parâmetros precisos para serem seguidos durante a utilização do aparelho, como o
comprimento de onda necessário para um tratamento específico, a potência, que
consiste na irradiação e a frequência a ser utilizada (CHUNG et al., 2011).
Os estudos mostram que os pacientes submetidos à essa terapia fotodinâmica
serão beneficiados, já que seus efeitos consistem em acelerar a cicatrização,
proporcionar efeito analgésico, aumento da circulação local e regulação da ação
inflamatória (RIEGEL; GODBOLD, 2017). Dessa forma, o objetivo da presente revisão
de literatura é descrever a eficácia da laserterapia de baixa intensidade como um
tratamento efetivo em casos de feridas em equinos, visto que se trata de uma terapia
comprovada clínica e cientificamente.
32

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Pele

A pele é o maior órgão presente no corpo dos animais, apresentando funções


essenciais como a proteção contra agressões químicas e físicas, principalmente
contra a entrada de microrganismos, impede a perda de fluidos e eletrólitos, participa
da regulação da temperatura corpórea. Esse órgão é constituído basicamente por
duas porções, a epiderme e a derme. O tecido epitelial de revestimento estratificado
pavimentoso queratinizado compõe a epiderme e o tecido conjuntivo frouxo e o denso
constituem a camada papilar (derme superficial) e a camada reticular (derme
profunda), respectivamente na derme (GARTNER; HIATT, 2007). A invaginação da
epiderme origina os folículos pilosos e os pelos, inseridos na porção de derme
profunda, junto às glândulas sebáceas e sudoríparas, quando presentes
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2018).
A maior parte das funções desempenhadas pela pele no corpo dos animais
ocorre devido as características histológicas e estruturais da epiderme, primeira
camada da pele, uma vez que é constituída por células justapostas, ricas em junções
intercelulares que permitem a fixação entre as células, além da presença de inúmeras
camadas de células. A epiderme ainda apresenta a melanina, pigmento sintetizado
pelos queratinócitos que são distribuídos entre as células epiteliais e protegem a
contra a radiação ultravioleta (SAMUELSON, 2007).
Na derme são encontradas as glândulas anexas e os folículos pilosos, mas
também, células como os fibroblastos, macrófagos residentes e abundante matriz
extracelular, ricamente composta por fibras colágenas, sintetizadas pelos fibroblastos,
além vasos sanguíneos e nervos (GARTNER; HIATT, 2007). A pele pode apresentar
variação na quantidade de queratina depositada no estrato córneo, caracterizando-a
como pele fina, quando apresenta baixa quantidade de queratina sob a camada lúcida
e pele grossa ou espessa, quando ocorre a formação de uma placa córnea bem
desenvolvida e evidente. A distribuição dos tipos de pele no corpo do animal variam
de acordo com as regiões, que demandam maior ou menor necessidade de proteção
(SAMUELSON, 2007).
33

2.2 Feridas em Equinos

Uma ferida é caracterizada como a interrupção ou ruptura de um tecido ou de


um órgão do corpo, a qual acarreta em danos na organização, estrutura e ou
composição tecidual. As causas podem variar entre fatores como traumas, agentes
químicos ou mecânicos com possibilidade de presença de agentes biológicos, como
microrganismos (MANDELBAUM, 2006). As feridas cutâneas são lesões na pele,
podendo ser ocasionada por diferentes fatores ou agentes, mas que causam a
desestruturação tecidual da epiderme e/ou da derme, requerendo um processo de
reestruturação, caracterizado como cicatrização.
Os equinos são animais que se mostram bastante susceptíveis à ocorrência de
feridas, já que sempre estão exercendo atividades como exercícios físicos, para
manejo de práticas de reabilitação, ou até devido ao seu temperamento que pode
gerar estresse, por exemplo, por ficar em baias ou piquetes não adequados para seu
porte (POLLOCK, 2011).
Na clínica de equinos, a ocorrência de feridas cutâneas merece destaque, pois
é uma das afecções mais incidentes, sendo geralmente em membros, já que estão
em constante movimentação. Ainda, merece atenção o fato de que a maioria das
feridas ocorrem com contaminação, uma vez que, os equinos são animais que estão
em constante contato com o ambiente externo (PAGANELA et al., 2009).
A espécie equina apresenta diversas particularidades anatômicas e
fisiológicas, assim como no processo de cicatrização de feridas. É uma espécie
propensa à formação de tecido de granulação exacerbado, principalmente nas feridas
em membros locomotores distais, o que consequentemente, retarda a cicatrização
da(s) ferida(s), devido ao bloqueio dos mecanismos de contração (STEINER et al.,
2019).
Apesar de ser alta a incidência de casos de feridas cutâneas na clínica médica
de equinos, ainda é um grande desafio uma cicatrização totalmente adequada, pois
uma reparação tecidual ideal em um processo cicatricial depende de fatores como, a
extensão da ferida, um bom aporte sanguíneo, a tensão tecidual, além de um manejo
cauteloso e recorrente no tratamento da ferida (RAJASEKAR, 2022).
34

2.3 Classificação das Feridas

As feridas cutâneas podem ser classificadas de acordo com o grau de


contaminação. Sendo caracterizadas como feridas limpas, limpas-contaminadas,
contaminadas ou sujas-infectadas. O tratamento pode ocorrer com a ferida aberta ou
fechada, dependendo da contaminação presente na região e do grau de penetração
cutânea (POLLOCK, 2011).
Feridas limpas são aquelas que geralmente foram ocasionadas de forma
intencional, no ambiente cirúrgico, por exemplo, sendo comum não apresentar sinais
e aspecto de infecção, como por exemplo deiscência nos pontos e formação de
conteúdo purulento e também quando não envolve órgãos com microbiota abundante
que possa vir a ser fonte de contaminação, como é o caso dos órgãos do trato
gastrointestinal. Podendo, neste caso, ser fonte de contaminação, a microbiota
intestinal ou até mesmo em decorrência do extravasamento de fezes (LOPES, 2016).
As feridas limpas são geralmente decorrentes de assepsia cirúrgica, visando
evitar possíveis contaminações (LOPES, 2016). As feridas limpas-contaminadas são
lesões decorrentes também de procedimentos ou condições cirúrgicas, porém
demandam o envolvimento de órgãos do sistema gastrointestinal como o intestino,
que é caracterizado como contaminante em decorrência da microbiota presente ou
ainda, órgãos do aparelho respiratório (SANTOS, 2016).
Feridas contaminadas são as que ocorrem em casos acidentais, um eventual
trauma ou até mesmo, em ambiente cirúrgico quando ocorre extravasamento de
conteúdo de um órgão pertencente ao trato gastrointestinal, ou mesmo, em falhas na
assepsia. É considerada contaminada em casos que ainda não ocorreu o início do
processo infeccioso, porém já foi decorrido um tempo superior a 6 horas desde o
acontecimento da lesão, predispondo ao desenvolvimento de microrganismos. No
caso de feridas sujas-infectadas, são as que é possível observar um evidente
processo infeccioso, sendo comum apresentar conteúdo purulento e/ou necrose de
tecido cutâneo (PEREIRA, 2005).
As feridas podem ainda, ser classificadas quanto ao grau de perfusão cutânea,
sendo divididas em feridas abertas ou fechadas. As feridas fechadas, compõem a
gama de casos de lesões mais simples no tratamento, pois são feridas que não
afetaram toda a espessura dérmica. Já as feridas abertas, são as que penetram a
35

camada dérmica e acabam atingindo estruturas mais profundas, como o tecido


muscular ou mesmo, o tecido ósseo se torna aparente (WATANABE, 2010).
Geralmente em equinos, os casos de feridas abertas costumam apresentar
contaminação, devido a presença de muitos microrganismos oportunistas presentes
no ambiente e que encontram na ferida a condição ideal para se desenvolver. Ainda,
é muito frequente que parte das feridas abertas sejam resultantes de traumas, o que
favorece em inúmeros casos, a presença de pequenos fragmentos do ambiente na
ferida, favorecendo a infecção (PAGANELA et al., 2009).
Para que haja sucesso no tratamento de feridas abertas, é necessário
intervenções terapêuticas específicas, a fim de proteger de possíveis infecções ou até
mesmo conter, se já houver um processo infeccioso presente. O manejo terapêutico
em feridas abertas deve ser cauteloso, a fim de propiciar um ambiente adequado para
a cicatrização. Nesse manejo, é fundamental etapas como, uma boa limpeza e
desbridamento da ferida, caso haja tecido necrótico (REIS FILHO et al., 2014).
Nas feridas abertas também é necessário que se faça a profilaxia adequada e
eficaz em relação a contaminação por bactérias exógenas, muitas vezes com o uso
profilático de antibióticoterapia, já que esse tipo de ferida se torna um ambiente ideal
para a manifestação de infecções bacterianas. A profilaxia também garante proteção
contra possíveis fricções que podem ser prejudiciais à cicatrização (REIS FILHO et
al., 2014).

2.4 Cicatrização

Sabe-se que a cicatrização é um mecanismo de reparo tecidual que pode ser


subdivido em etapas (OLIVEIRA, 2012) como: fase inflamatória, podendo ser precoce
ou tardia, formação de tecido de granulação, etapa em que ocorre deposição de matriz
extracelular, e por fim, a etapa de remodelação tecidual. No processo cicatricial,
especificamente em equinos, um dos maiores problemas consiste na formação de
tecido de granulação exacerbado na área lesionada, o que atualmente, na área da
dermatologia em equinos, é um dos desafios mais complexos para o médico
veterinário (KUMAR et al., 2005; PAGANELA et al., 2009).
Além da subdivisão das etapas cicatriciais, pode-se classificar os processos de
cicatrização como cicatrização por primeira e segunda intenção. Sendo a cicatrização
por primeira intenção, quando ocorre perda mínima de tecido e quase não há
36

contaminação bacteriana na lesão. Na maioria desses casos, o processo de


reparação é mais breve, geralmente com a ferida tendo as bordas aproximadas por
oclusão primária, em casos de haver mínima ou nenhuma contaminação bacteriana
(REZENDE, 2001; SIMAS, 2010).
As feridas as quais necessitam de cicatrização por segunda intenção, já são
um desafio maior na clínica médica, visto que se trata então, de uma ferida com as
bordas muito afastadas e, consequentemente, apresentam grande perda de tecido,
além do fato que, nestes casos, geralmente a lesão apresenta um alto grau de
contaminação, o que potencializará a reação inflamatória (SANTOS et al., 2019).
A fase inflamatória caracteriza a primeira resposta tecidual frente a uma lesão
ou ferida cutânea. Nesta fase ocorre a migração de células do sistema imune para a
região da ferida, sendo inicialmente realizado o controle da hemorragia, devido à
vasoconstrição da área lesionada e formação de um coágulo, mediado pela ativação
plaquetária. Após a hemorragia ser controlada, ocorre a vasodilatação, que conduz a
um aumento da permeabilidade capilar, devido principalmente a histamina e do aporte
sanguíneo. Devido a isso, essa fase é marcada pelo extravasamento de fluídos
inflamatórios com presença de agentes como anticorpos, enzimas e proteínas
(MARCEU, 2010; OLIVEIRA, 2012).
As substâncias liberadas pelo tecido lesionado irão atuar como agentes
quimiotáticos, fazendo com que os fagócitos presentes no sangue se exsudem nas
bordas da lesão. Decorridas vinte e quatro horas ao início da lesão, o coágulo formado
para o controle hemorrágico, irá apresentar predomínio de neutrófilos, que irão
fagocitar microrganismos presentes na lesão. Passado quarenta e oito horas, irá haver
uma diminuição gradativa dos neutrófilos presentes, com predomínio de macrófagos
no exsudato liberado. Os macrófagos continuam a recrutar novas células
inflamatórias, devido à liberação de mediadores como, fatores de crescimento,
enzimas, citocinas, substâncias vasoativas, dando então início, a fase de formação do
tecido de granulação (REZENDE, 2001).
A fase seguinte à inflamatória, é a fase de formação de tecido de granulação.
Fase caracterizada pela liberação de fatores de crescimento, que são estimuladores
e inibidores da proliferação e atividade celular, além de participarem da produção e
da degradação da matriz extracelular. Um fator que deve ter destaque no decorrer
dessa fase é o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), pois irá dar início
a angiogênese, por meio da ativação das células endoteliais, além de estimular a
37

proliferação de miofibroblastos. Essa fase costuma ter início entre o terceiro e quarto
dia após à lesão, chegando normalmente ao vigésimo primeiro dia (DA SILVA, 2006).
O tecido de granulação, se mostra mais evidente em feridas que cicatrizam por
segunda intenção, já que ele serve como uma barreira contra infecções, além de
potencializar a contração e reepitelização da área lesionada. A constituição
microscópica desse tecido se dá principalmente por capilares recém-formados,
colágeno, fibroblastos, células que irão atuar na remodelação da matriz extracelular,
macrófagos que estimulam a produção de colágeno e a angiogênese, ácido
hialurônico e fibronectinas. Fora de condições normais, esse tecido pode fazer um
crescimento excessivo, o que irá retardar a contração e a reepitelização da área
lesionada, quando o crescimento ocorre além das bordas da ferida, sendo
caracterizado como tecido de granulação exacerbado (DA SILVA, 2006).
A última fase do processo cicatricial, consiste na fase de remodelação tecidual,
etapa mais longa do processo. Essa fase pode ser marcada pela escassez de fibras
colágenas e pelo aumento de apoptose e pelo desaparecimento gradativo de
capilares. No início dessa etapa é comum a ausência das fibronectinas e do ácido
hialurônico, os fibroblastos potencializam a produção de colágeno, além dos
macrófagos que realizam fagocitose da fibrina anteriormente presente (REZENDE,
2001).

2.5 Fatores que interferem na cicatrização

Um dos fatores que retardam fortemente a cicatrização de feridas cutâneas são


infecções locais. Uma perfusão tecidual baixa, devido à um escasso fluxo sanguíneo
no local da lesão, é um fator que contribui para o aumento de risco de infecção, já que
leva ao aumento da hipóxia, assim, interferindo diretamente no metabolismo cicatricial
(OLIVEIRA, 2012).
Outro fator que é um ponto importante a ser destacado no retardo da
cicatrização tecidual, é a mobilidade excessiva, ou seja, lesões que ocorrem em
regiões ou áreas do corpo aonde o animal executa movimentos, são mais propensas
a cicatrizarem de modo tardio, se não forem tomadas as devidas precauções. A
cicatrização tardia nesses casos ocorre, pois, a movimentação aumenta a deposição
de colágeno, já que ocorre o rompimento dos capilares locais, direcionando o
38

processo cicatricial para a evolução de um estado inflamatório crônico


(KNOTTENBELT, 2003).
O tecido necrótico presente no local da ferida também é um fator de
interferência significativa à cicatrização. Algumas medidas podem ser adotadas para
evitar a formação de tecido desvitalizado na lesão, como a realização da lavagem com
uso de solução salina estéril, o Ringer Lactato ou até mesmo com água em casos
iniciais. Quando há tecido necrótico já presente, sugere-se que seja feito o
desbridamento do tecido desvitalizado para que a cicatrização possa progredir de
maneira eficaz (KNOTTENBEL, 2003; SIMAS, 2010).
Especificamente em equinos, há o fator que mais compromete o processo
cicatricial, que é a formação de tecido de granulação exacerbado, principalmente em
feridas localizadas em região de membros, que apresenta maior mobilidade, o que
predispõe a formação do tecido de granulação exacerbado. O TGE faz com que a
contração dos bordos da ferida e a reepitelização local sejam interrompidas, já que o
crescimento é continuo, ultrapassando os limites da ferida, assim, atrasando
vigorosamente o processo cicatricial.
Para evitar a formação de TGE, costuma-se utilizar bandagens compressivas
no local da ferida, porém, também há o risco da aplicação das bandagens favorecer
uma resposta reversa, estimulando a formação do TGE, já que estas podem ocasionar
a diminuição da perfusão de oxigênio no tecido. Em todo caso, quando há o TGE
presente na área lesionada, o recomendado é o desbridamento, para que evitar
atrasos ou complicações na cicatrização da ferida (ANDRADE et al., 2020;
PAGANELA et al., 2009).

2.6 Tratamentos

O primeiro passo no tratamento do paciente com lesão cutânea é o exame físico


completo, para obter a visão geral do estado de saúde do animal. É necessário avaliar
o “ABC”, que é a avaliação das vias aéreas, da respiração e da circulação, pois,
dependendo do trauma que originou a ferida, por exemplo, um caso de queimadura,
há um protocolo adequado a ser adotado. Após a realização do exame físico, o
paciente deve ser estabilizado e, se necessário, sedado (DERNELL, 2006).
Antes do início da manipulação do ferimento, deve-se iniciar o protocolo de
analgesia, para favorecer o alívio do desconforto do paciente em decorrência ao
39

trauma. Muitas vezes, também se faz necessário a solicitação de exames de imagem,


a fim de, verificar possíveis perfurações em órgãos (DERNELL, 2006).
É necessário que, independentemente de a ferida se apresentar aberta ou
fechada, seja feita a avaliação cautelosa de alguns fatores na hora do manejo do
ferimento, como o estado do aporte sanguíneo no local, presença ou ausência de
sinais visíveis de infecção bacteriana, o tempo decorrido desde o trauma até o
momento do início do tratamento, a destruição tecidual no local da lesão, dentre outros
fatores que podem ser avaliados, dependendo da condição do animal (LOPES, 2016).
Após a avaliação do estado geral do paciente, do ABC, e de ter a certeza de
que os outros sistemas se apresentam em estado estável, e da avaliação geral da
ferida e os fatores particulares, é necessário que seja realizada a tricotomia ao redor
da área acometida, para que a inspeção e o manejo da lesão sejam de maneira eficaz.
Se o paciente permanecer estável, e sem sinais de dor, pode ser realizada sem
contenção química, porém, a sedação pode ser recomendada, para favorecer um
manejo de limpeza. A tricotomia deve ser feita com gel e lâminas estéreis para que o
risco de contaminação por instrumentos seja de nível mínimo (DERNELL, 2006).
A lavagem é o próximo passo, sendo de extrema importância no manejo de
uma ferida, assim, toda e qualquer ferida que acometa o tecido deve ser submetida
obrigatoriamente a lavagem. A lavagem eficaz da ferida após a tricotomia, permite que
a contaminação bacteriana do local, se presente, possa ser reduzida. A lavagem
também auxilia na remoção de tecido necrótico, toxinas e demais detritos, se
presentes na lesão (LOPES, 2016).
A irrigação e lavagem da ferida permite a retirada de corpos estranhos da lesão,
o que em equinos é muito comum. Corpo estranho em ferida por ser fonte de irritação
do animal e infecção. Além do mais, a irrigação no local irá ajudar na reidratação do
tecido lesionado, mantendo-o viável. A viabilidade do tecido pode ser avaliada de
acordo com as mudanças de cor do mesmo (PAGANELA et al., 2009).
Para a lavagem é comum o uso de soluções antissépticas, como a, clorexidina
0,05% ou iodopovidona 0,1%, já que possuem amplo espectro para a redução de
atividade microbiana. Apesar de serem eficazes na redução da contaminação
bacteriana na lesão, é necessário que sejam utilizados cuidadosamente já que podem
ser substâncias que são capazes de interferir em uma cicatrização eficaz da ferida
(FOSSUM, 2014).
40

O desbridamento da ferida vai consistir na remoção dos tecidos desvitalizados


e detritos, como microrganismos restantes e corpos estranhos que não foram
removidos com a lavagem inicial da lesão, a fim de que as bactérias oportunistas e
patogênicas que possuem alto poder de interferência no processo cicatricial, sejam
reduzidas. A técnica de desbridamento irá proporcionar uma limpeza mais eficaz da
ferida cutânea (PAGANELA et al., 2009; LOPES, 2016).
As técnicas de desbridamento são diversificadas, podendo consistir em
desbridamento químico, cirúrgico, enzimático, mecânico, entre outros. A técnica ideal
a ser empregada vai depender de variantes como, se o paciente se enquadra em um
caso de utilização de anestesia geral, quantidade de tecido desvitalizado presente,
demarcação de limites entre tecido viável e tecido necrótico e diversos outros fatores
que podem interferir na escolha da técnica adequada (MARTENS et al., 2008).
As técnicas de desbridamento atualmente são classificadas como seletivas e
não seletivas, sendo a técnica seletiva, uma técnica aonde o trauma de tecidos viáveis
é reduzido, como no método enzimático, sendo efetivamente um método menos
agressivo. Na técnica não seletiva, consiste em métodos mais rápidos e agressivos
para a remoção dos debris, possuindo a vantagem da facilitação do desenvolvimento
do tecido de granulação, potencializando um fechamento mais rápido, porém, por ser
mais agressiva, essa técnica apresenta a desvantagem da remoção de partes de
tecidos viáveis (LOPES, 2016; MARTENS et al., 2008).
É importante salientar que no caso de feridas com emprego de fechamento
secundário, quando está há mais de 5 dias com tecido de granulação já formado, há
a necessidade de se fazer o desbridamento repetidamente, para que haja um
fechamento saudável. Além do que, na hora de realizar o desbridamento, o médico
veterinário deve ser cauteloso na avaliação da presença de hemorragia durante
procedimento, pois muitas feridas em estágio inicial, apresentam sangramento ativo
devido a uma tentativa de hemostasia na hora do trauma, já que há uma contração
inicial dos vasos da ferida como resposta na hora da lesão. Diferentes fatores também
podem fazer com que o sangramento da ferida seja alterado, como por exemplo, a
temperatura em que se encontra o tecido lesionado, se o animal já apresenta
alterações na sua coagulação natural ou hipotensão local ou sistêmica (DERNELL,
2006).
As opções de fechamento de uma ferida incluem, fechamento primário
imediato, fechamento primário tardio, fechamento secundário e cicatrização por
41

segunda intenção. A técnica de fechamento primário imediato é uma opção somente


quando houver tecido viável disponível, sem danos teciduais relevantes e mínima
contaminação. Nesse caso, o fechamento deve ocorrer logo após a limpeza e o
desbridamento, em no máximo até vinte e quatro horas após a ocorrência da ferida.
Já o fechamento primário tardio irá ocorrer quando os danos teciduais e a
contaminação da ferida forem de mínimos a moderados, precisa ser feito antes da
formação do tecido de granulação, ou seja, em no máximo cinco dias, além de antes
precisarem ser feitas várias tentativas de desbridamento e curativos (DERNELL,
2006).
O fechamento secundário irá ser realizado em casos em que ferida apresenta
evidente e persistente contaminação, no caso de moderada a severa, sendo
necessário constante limpeza e desbridamento por um período superior a cinco dias,
assim se tornando inviável a realização da tentativa de fechamento primário. Esse tipo
de fechamento ocorre após o tecido de granulação já estar desenvolvido, auxiliando
nos danos teciduais e na contenção da contaminação presente, além de precisar
haver tecido disponível para que seja realizado o fechamento, sendo o tempo do
fechamento dependente de um leito saudável de granulação. Já a cicatrização por
segunda intenção irá ser o método utilizado quando não há a possibilidade da ferida
ser fechada, devido a uma contaminação muito extensa, assim esse tipo de manejo
cicatricial consiste no processo de cicatrização de dentro pra fora baseando-se então,
na contração e epitelização da ferida (DERNELL, 2006; SIMAS, 2010).

2.7 A Laserterapia como Tratamento de Feridas

É fato que em equinos, a maior parte das feridas, principalmente em membros,


são cicatrizadas por segunda intenção, devido a contaminação presente na lesão, o
que não permite o fechamento por primeira intenção. Um dos tratamentos para esse
tipo de ferida que vêm sendo utilizado e difundido com resultados satisfatórios, é a
laserterapia de baixa frequência.
Estudos mostram o efeito terapêutico na cicatrização de feridas. Em 1942, os
pesquisadores Fretz e Zhong, comprovaram a utilização para potencializar o
tratamento de feridas em equinos, colaborando principalmente na evolução
demasiada do tecido de granulação exacerbado e em uma resposta inflamatória
42

satisfatória, devido a regulação dos mediadores pró-inflamatórios, assim, contribuindo


na redução do tempo de recuperação do animal (FRETZ; ZHONG, 1992).
O laser possui características individuais e específicas, que o diferencia de
outras formas de tratamento utilizando fontes de luz, como por exemplo, o diodo
emissor de luz (LED). Chung et al., (2011) descreveram que o laser por possuir luz
colimada, emite os raios em sentido linear, polarizado, devido a dissipação dos fótons
quando em contato com alguma superfície, monocromática e coerente, possui os
fótons organizados, o que faz com que sua luz seja visível.
A manipulação do aparelho de laser deve ser ocorrer de acordo com as
características particulares da ferida que o animal apresenta e o protocolo de
tratamento a ser seguido, uma vez que, o feixe de luz que será emitido é regulado
com maior ou menor intensidade. A irradiância, por exemplo, que é o resultado da
potência do laser dividido pela área de contato do ponto irradiado, ou seja, a
quantidade específica de luz que atinge um dado ângulo dentro da área delimitada é
um fator que a ser regulado de forma específica no tratamento. O comprimento de
onda (K) é a medida da oscilação completa de uma onda, sendo na laserterapia,
definido como o grau de penetração do laser em uma determinada área do tecido, o
que irá estimular o reparo tecidual é outro fator a ser definido de modo a favorecer o
processo cicatricial da ferida (CHUNG et al., 2011).
No tratamento de feridas, são utilizados os aparelhos de laser chamado
fotobiomodulador, sendo a fotobiomodulação uma reação fotoquímica na célula, que
é quando um fóton é absorvido por um cromóforo na célula-alvo, ocasionando assim,
o armazenamento de energia, devido ao fato deste processo fazer com que um elétron
do cromóforo se excite passando de uma órbita baixa de energia para uma órbita alta.
Essa classe de aparelho é a 3B e 4, os quais possuem potência adequada para
atuarem na reparação tecidual. Os de classe 3B possuem potência entre 5 e 500mW
e o laser da classe 4 é de potência superior a 500mW, sendo assim, o mais potente
no mercado. Devido à alta potência, o laser apresenta risco de causar danos ou
alterações caso direcionado acidentalmente para os olhos por exemplo, sendo
essencial o uso óculos protetor durante a manipulação (RIEGEL; GODBOLD, 2017).
Os estudos indicam que as estruturas que apresentam maior envolvimento na
resposta de cicatrização a nível celular frente ao uso do laser, são as mitocôndrias,
pois são as organelas envolvidas diretamente no metabolismo energético das células.
Um dos possíveis resultados é o aumento do número de células envolvidas no
43

processo de cicatrização, como de fibroblastos, células endoteliais e os queratinócitos,


uma vez que o forte estímulo do laser afeta as mitocôndrias, aumentando a produção
de ATP e potencializa a proliferação dessas células e a síntese de colágeno pelos
fibroblastos, por exemplo (HUANG et al., 2011).
Segundo Riegel e Godbold (2017), a laserterapia pode ser usada no tratamento
de feridas em equinos durante qualquer fase do processo de cicatrização,
apresentando em todas as etapas respostas benéficas. Na fase inicial do processo,
ou seja, na fase inflamatória, o laser irá estimular a liberação de óxido nítrico (NO),
devido a potencialização da resposta inflamatória. Mesmo após a finalização da
sessão de laserterapia, o NO continuará agindo na regulação desta resposta. Na fase
proliferativa, os benefícios do laser serão observados principalmente na formação de
neovascularização, devido ao aumento da angiogênese, além de estimular a
fibroplasia local.
Se a laserterapia for adotada no tratamento da ferida na fase de contração,
será observada a redução nos bordos da ferida, devido a constante resposta
inflamatória induzida pelo laser ao atuar nas células epiteliais da ferida. E por fim, na
fase de remodelação, o laser irá contribuir na organização tecidual, ou seja, para que
as células locais se organizem diminuindo a formação de tecido fibrótico. Os
miofibroblastos são estimulados a se organizarem, assim como, as fibras colágenas
presentes, decorrente também de estímulos de mediadores pró-inflamatórios. Ainda,
o laser contribui proporcionando analgesia, conferindo conforto ao animal nessa fase
do tratamento (RIEGEL; GODBOLD, 2017).
A laserterapia se mostra como uma terapia eficaz na potencialização do
processo cicatricial, visto que o estudo de Bandeira et al., (2020) (FIGURA 1), mostrou
que em uma ferida aberta lacerante no membro posterior de um equino fêmea,
classificada como ferida de estágio IV, – quando a ferida penetra todas as camadas
da pele – foi utilizada a laserterapia como tratamento complementar, utilizando um
laser de classe 3B, com 500mW e comprimento de onda de 904nm, sendo realizadas
no total 18 sessões, sendo 3 sessões por semana, durante 6 semanas.
Ao final do tratamento foi observada uma ferida visivelmente menor, com os
bordos aproximados, sem presença de tecido de granulação e de inflamação, além
de apresentar a pele com aspecto anatômico íntegro. Assim, podendo-se observar a
real eficácia dessa terapia, em um caso, que sem ela se estenderia por mais algumas
semanas até a ferida se apresentar cicatrizada.
44

Figura 01 - Evolução da cicatrização após as sessões de laserterapia.

Fonte: Bandeira et al., (2020).

O uso da laserterapia se mostra eficaz como tratamento complementar de


feridas em equinos, favorecendo a cicatrização e reduzindo a contaminação por
microrganismos, além de diminuir o tempo de resposta quanto a cicatrização de
feridas em membros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É visto que os equinos são animais que acabam sendo predispostos a feridas
cutâneas, principalmente devido sua natureza comportamental e muitas vezes devido
ao ambiente em que vivem, geralmente essas feridas se apresentam com aspecto
aberto, sendo o tipo de ferida que demandam um tratamento mais demorado, devido
à complexidade de uma boa cicatrização, que no caso, só ocorrera de maneira eficaz
se o manejo de tratamento for realizado de maneira minuciosa e correta.
A laserterapia nesses casos, entra como uma alternativa excelente como
auxílio no tratamento de feridas em equinos, porém deve ser associada a outros
tratamentos, visto que por si só não é capaz de conter, por exemplo, uma infecção
45

bacteriana, então deve ser utilizada como uma terapia complementar, aliado ao
manejo necessário, como o desbridamento, a lavagem para retirada de resíduos da
ferida e aplicação de pomadas.
Para cada caso específico, a regulação do laser será também específica de
acordo com o caso e com a lesão apresentada, para que o estímulo do aparelho
consiga penetrar no tecido e atingir de maneira eficaz as células desejadas, assim
acelerando o processo de cicatrização para que se tenha um resultado satisfatório.

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