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Gestão

Ambiental

CEMITÉRIOS COMO RESUMO


Este trabalho enfoca a relação entre cemitérios e meio ambiente. Devido à falta de proteção

ÁREAS ambiental com a qual o procedimento de enterrar os corpos foi conduzido ao longo das décadas,
muitos dos cemitérios se tornaram áreas contaminadas, sendo observado pelos órgãos ambientais
e de saúde pública como um aspecto ambiental urbano importante e que deve ser recuperado. Os
POTENCIALMENTE cemitérios são fontes de contaminação das águas superficiais e subterrâneas, por meio de substân-
cias orgânicas e inorgânicas, e microrganismos patogênicos presentes no líquido da decomposição

CONTAMINADAS
de cadáveres, denominado de necrochorume. Essa contaminação ocorre devido à implantação de
cemitérios em locais que apresentam condições ambientais desfavoráveis.
PALAVRAS CHAVES
Cemitérios e Meio Ambiente, necrochorume, contaminação das águas.
PALAVRAS-CHAVE

ABSTRACT
This paper shows the relationship between cemeteries and environment. Due to the lack of
environmental protection which the procedure of burying the corpses was accomplished along the
decades, many of the cemeteries became contaminated areas, being observed by the environmental
and of public health organs as an important urban environmental aspect and that it should be
recovered. The cemeteries are contamination sources of the superficial water and groundwater,
through organic and inorganic substances, and pathogenic microorganisms present in the liquid of
the corpses decomposition, denominated of necrochorume. That contamination happens due to
Robson Willians da Costa Silva the implantation of cemeteries in places that present unfavorable environmental conditions.
Engenheiro Ambiental pela Escola de Engenharia de
KEYWORDS
Piracicaba (EEP). Mestre pela Universidade Estadual Cemeteries and Environment, necrochorume, water contaminations.
Paulista (Unesp) em Geociências e Meio Ambiente.
Consultor Ambiental. Professor na área de Meio
Ambiente.
robsonwillians@yahoo.com.br

Walter Malagutti Filho


Geólogo pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Doutor pela Unesp em Geociências e Meio Ambiente.
Livre-docente pela Unesp em Geofísica Aplicada.

UNESP/Campus Bela Vista - Pós Graduação em


Geociências, Avenida 24 A, nº 1515, 13506-900 – Rio
Claro/SP. Tel.: (19) 3422 4069

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INTRODUÇÃO e a adequabilidade do meio físico para
implantação de novos cemitérios e
resolução do problema, a Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental
gerenciamento dos já existentes. (CETESB), órgão responsável pelo
HISTÓRICO controle ambiental no estado de São
Durante a Idade Média, instaurou-se Paulo, com a cooperação técnica do
o costume de sepultar os mortos em ASPECTO AMBIENTAL DE CEMITÉRIOS órgão alemão Deutsche Gesellschaft Für
igrejas e imediações, desenvolvendo-se Aspecto ambiental é qualquer Technishe Zusammenarbeit (GTZ),
dessa forma uma relação de intervenção direta ou indireta das ações elaborou em 2001 o “Manual de
aproximação entre vivos e mortos. Esses humanas (atividades, produtos ou Investigação de Áreas Contaminadas”.
fatos fizeram aumentar significativamente serviços) sobre o meio ambiente que Esse manual se tornou referência no
a incidência de epidemias como tifo, causa um impacto ambiental. As âmbito de gerenciamento de áreas
peste negra entre outras, o que levou a atividades de sepultamento de cadáveres contaminadas no Brasil, mas não consta
população desses locais a geram fontes poluidoras do meio físico, em seu capítulo 3 entitulado -
desenvolverem uma atitude hostil à sendo assim devem ser consideradas “Identificação de Áreas Contaminadas”, a
proximidade com os mortos. Nessa como uma atividade - aspecto – impacto atividade de sepultamento de cadáveres
época o processo de sepultamento ambiental. como atividade passível de causar
predominante era por inumação, Os cemitérios nunca foram incluídos contaminação.
processo simplificado de sepultamento nas listas de fontes tradicionais de Uma área contaminada pode ser
com apenas recobrimento de solo contaminação ambiental, apesar da definida como uma área onde há
em profundidades que variavam de 1 a existência de alguns relatos históricos em comprovadamente poluição ou
2 m. Berlim e Paris na década de 70, contaminação, causada pela introdução
A partir do século XVIII que a palavra constatando que a causa de epidemias de substâncias ou resíduos que nela
cemitério começou a ter o sentido atual, de febre tifóide estava diretamente ligada tenham sido depositados, acumulados,
quando, por razões de saúde pública, se ao posicionamento a jusante de fontes armazenados, enterrados ou infiltrados
proibiu o sepultamento nos locais de água, como aqüíferos freáticos e de forma planejada, acidental ou até
habituais. Desde então, tornou-se nascentes, dos cemitérios. Dent (1995) mesmo natural (CETESB, 2001).
costume os sepultamentos ao ar livre, o observou o aumento da condutividade A CETESB (2001) aponta alguns
mais longe possível do perímetro elétrica e sais minerais nas águas critérios que devem ser levantados para
urbano. Os cemitérios que no passado subterrâneas próximas de sepultamentos que uma área possa ser considerada
estavam distantes da população, recentes no cemitério Botany, na Austrália. como potencialmente contaminadas. O
atualmente, acham-se no meio das No Brasil, são inúmeros os casos de Quadro 1 apresenta as características
cidades devido à urbanização acelerada áreas contaminadas divulgados ao das atividades passíveis de causarem
e desordenada pela quais estas público nos últimos anos. Na tentativa de contaminação encontrada em cemitérios.
passaram.
Ucisik & Rushbrook (1998) em um
relatório publicado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), relataram o
impacto que os cemitérios poderiam
causar ao meio ambiente, por meio do
aumento da concentração de
substâncias orgânicas e inorgânicas nas
águas subterrâneas e a eventual
presença de microrganismos
patogênicos.
O objetivo deste trabalho é abordar e
discutir de forma ampla os aspectos e
impactos ambientais relacionados aos
processos de sepultamento de cadáveres, Quadro 1 – Características das atividades passíveis de causarem contaminação encontrada em cemitérios

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Mesmo que a atividade de ASPECTOS LEGAIS Áreas de Preservação Permanente ou em
sepultamento não se enquadre No Estado de São Paulo, os outras que exijam desmatamento de
literalmente como atividade industrial cemitérios públicos que sempre Mata Atlântica primária ou secundária, em
ou comercial, podem ocorrer estiveram sob a competência das estágio médio ou avançado de
vazamentos de substâncias passíveis Secretarias Municipais de Saúde e/ou de regeneração, em terrenos
de causar danos ao solo e águas Obras Públicas, atualmente estão sob a predominantemente cársticos, que
subterrâneas, visto que nessa atividade competência das Secretárias Municipais apresentam cavernas, sumidouros ou rios
se manuseiam resíduos biológicos – os de Meio Ambiente. subterrâneos, bem como naquelas que
cadáveres. No entanto, já entendendo que tenham seu uso restrito pela legislação
No Brasil Pacheco et al (1991) cemitérios se apresentavam como áreas vigente, ressalvadas as exceções legais
constataram em dois cemitérios no potencialmente contaminadas, a CETESB previstas. Ainda no artigo 3º, fica
município de São Paulo e em um elaborou a norma técnica L1.040, que revogado o inciso III, do § 3º. E no artigo
terceiro no município de Santos a passou a dar orientação referente à 5º, o inciso I passou a vigorar a seguinte
contaminação do aqüífero freático por implantação de novas necrópoles. Essas redação: O nível inferior das sepulturas
microrganismos. Migliorini (1994) orientações são requisitos técnicos, como deverá estar a uma distância de pelo
observou o aumento na concentração informações geográficas, geológicas e menos um metro e meio acima do mais
de íons e de compostos nitrogenados hidrogeológicas do meio físico, que alto nível do lençol freático, medido no
nas águas subterrâneas de cemitério devem constar na caracterização da área. fim da estação das cheias; acrescentou-se
de Vila Formosa em São Paulo. Em 03 de abril de 2003, foi ainda o capítulo 1º e seus três incisos
Pequeno Marinho (1998) constatou a promulgada a Resolução do Conselho que complementam os incisos I e IV da
presença de bactérias e compostos Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) resolução nº 335, e o capítulo 2º:
nitrogenados no aqüífero freático do nº 335 que dispõe sobre o I - a área prevista para a implantação
cemitério São João Batista em Fortaleza licenciamento ambiental de cemitérios do cemitério deverá estar a uma distância
- CE. Braz et al (2000) encontraram horizontais e verticais a serem segura de corpos de água, superficiais e
números elevados de bactérias em implantados no Brasil. Com a subterrâneos, de forma a garantir sua
poços a jusante do cemitério do promulgação dessa resolução, os órgãos qualidade, de acordo com estudos
Bengui em Belém - PA. Matos (2001) ambientais estaduais passam a ter a apresentados e a critério do órgão
encontrou em amostras de água do obrigação de licenciar e, portanto, licenciador;
aqüífero freático do cemitério de Vila fiscalizar a implantação de novos II - o perímetro e o interior do
Nova Cachoeirinha em São Paulo, cemitérios. cemitério deverão ser providos de um
bactérias e vírus. O autor ainda Aos cemitérios já existentes foi dado sistema de drenagem adequado e
acrescenta que os resultados da um prazo de dois anos após aquela eficiente, destinado a captar, encaminhar e
Demanda Bioquímica de Oxigênio data, para se adequarem às exigências dispor de maneira segura o escoamento
(DBO) e da condutividade elétrica junto aos órgãos ambientais das águas pluviais e evitar erosões,
foram maiores nas águas próximas de competentes, inclusive no que se refere alagamentos e movimentos de terra;
sepulturas. Almeida & Macêdo (2005) à recuperação da área contaminada e a III - o subsolo da área pretendida
observaram aumento da condutividade indenização de possíveis vítimas da para o cemitério deverá ser constituído
elétrica e de íons de cloreto a jusante contaminação ambiental. O por materiais com coeficientes de
do fluxo da água subterrânea de cinco descumprimento das disposições desta permeabilidade entre 10-5 e 10-7 cm/s, na
cemitérios analisados na cidade de Juiz resolução implicará em sanções penais e faixa compreendida entre o fundo das
de Fora - MG. administrativas. sepulturas e o nível do lençol freático,
Silva (1995) investigou a situação de Em 28 de março de 2006, foi medido no fim da estação das cheias.
600 cemitérios do país (75% municipais promulgada a Resolução do CONAMA Para permeabilidades maiores, é
e 25% particulares) e observou a nº 368, que altera alguns dispositivos necessário que o nível inferior dos jazigos
incidência de 15% a 20% de casos de nos artigos 3º e 5º da Resolução nº 335. esteja dez metros acima do nível do
contaminação do subsolo devido ao No artigo 3º, mudou-se a redação do lençol freático.
necrochorume, destes cerca de 60% capítulo 1º vigorando a seguinte: É § 2º - A critério do órgão ambiental
eram municipais. proibida a instalação de cemitérios em competente, poderão ser solicitadas

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informações e documentos deverá ser ampliado, caso necessário, de tanatopraxia, que é a técnica de
complementares em consonância com em função das características preparar, maquiar e, restaurar partes do
exigências legais específicas de caráter hidrogeológicas desfavoráveis da área, falecido, por meio de cosméticos,
local. como baixa distância do nível do lençol corantes, enrijecedores, etc. O
A resolução CONAMA nº 335 com as freático, baixa condutividade hidráulica, necrochorume pode veicular além de
alterações dispostas na resolução etc. No projeto executivo os critérios de microrganismos oriundos do corpo,
CONAMA nº 368 estabelecem algumas controle ambiental são: a construção restos ou resíduos de tratamento
exigências na elaboração dos projetos tumular deve apresentar dispositivo que químicos hospitalares (quimioterapia) e
de implantação, como forma de garantir permita a troca gasosa, proporcionando os compostos decorrentes da
a decomposição normal do cadáver e assim, as condições adequadas à decomposição da matéria orgânica.
proteger as águas subterrâneas da decomposição dos cadáveres; os corpos Todos esses contaminantes
infiltração do necrochorume. Essas sepultados poderão estar envoltos por incorporados ao fluxo de necrochorume
exigências devem ser apresentadas mantas ou urnas constituídas de são prejudiciais ao solo e águas
durante as três fases do processo de materiais biodegradáveis, não sendo subterrâneas.
licenciamento ambiental: na fase da recomendado o emprego de plástico, Os compostos orgânicos liberados no
Licença Prévia (LP), na fase da Licença tintas, vernizes, metais pesados ou processo de decomposição dos
Instalação (LI) e na fase da Licença qualquer material nocivo ao meio cadáveres são degradáveis e causam um
Operação (LO). ambiente; os resíduos sólidos, não aumento da atividade microbiana no
Na fase da LP deverá ser apresentada humanos, resultantes da exumação dos solo sob a área de sepultamentos
a caracterização da área do corpos deverão ter destinação ambiental (MATOS, 2001). Ocorre também um
empreendimento, compreendendo: a e sanitariamente adequada. aumento na presença de compostos de
localização do empreendimento, nitrogênio e fósforo, na concentração de
levantamento topográfico planialtimétrico sais (Cl-, HCO3, Ca+2, Na+) e
e de cobertura vegetal, estudo
POLUIÇÃO AMBIENTAL DEVIDO A consequentemente na condutividade
demonstrando o nível máximo do lençol CEMITÉRIOS elétrica, no pH e alcalinidade, e dureza
freático ao final da estação de maior A principal causa da poluição da solução do solo.
precipitação pluviométrica e um estudo ambiental pelos cemitérios é o líquido
geotécnico; e o plano de implantação e liberado intermitentemente pelos
operação do empreendimento. cadáveres em putrefação, denominado
FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS DE
Na fase da LI deverá ser apresentado de necrochorume. CADÁVERES
o projeto do empreendimento contendo Na putrefação são liberados os gases Sob certas condições ambientais,
plantas e memoriais. E na fase da LO funerários, principalmente o gás sulfídrico podem ocorrer fenômenos
deverá ser apresentado o projeto (H2S), o dióxido de carbono (CO2), as transformativos destrutivos como autólise
executivo contemplando as medidas de mercaptanas, o gás metano (CH4), a e putrefação, ou conservativos como a
mitigação e de controle ambiental. amônia (NH3) e o fosfina (PH3) – hidrato mumificação e saponificação.
A resolução CONAMA nº 335 de fósforo, incolor e inflamável. A autólise se manifesta uma vez
estabelece alguns critérios para a No entanto, outros poluentes, não cessada a vida, anulam-se as trocas
execução do projeto do menos importantes, levantados por Silva nutritivas das células e o meio acidifica-
empreendimento como: a distância (1995, 1998) não podem ser se. Sepultando o corpo, instalam-se os
mínima de 1,5 m entre a base da esquecidos, como, por exemplo, os processos putrefativos de ordem físico-
sepultura e o nível máximo do lençol óxidos metálicos (Ti, Cr, Cd, Pb, Fe, Mn, química, em que atuam vários
freático, medido no fim da estação das Hg, Ni e outros) lixiviados dos adereços microrganismos que podem ser
cheias, se a área não apresentar essa das urnas mortuárias, formaldeído e aeróbios, anaeróbios ou facultativos.
distância mínima, o sepultamento deve metanol utilizados na embalsamação, O fenômeno da mumificação é a
ser realizado acima do nível do terreno; quase sempre são superdosados, pois dessecação ou desidratação dos tecidos.
a área de sepultamento deverá manter as funerárias têm procedimentos Aparece em condições de clima quente,
um recuo mínimo de 5 m em relação ao próprios (ainda não normatizados). seco, com correntes de ar. Existem
perímetro do cemitério, recuo que Atualmente vem sendo usada a técnica determinados tipos de solos que

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propiciam a mumificação, como os A temperatura condiciona a Encontra-se no necrochorume
arenosos das regiões desérticas. Em putrefação, pois Fávero (1991) afirma números elevados de bactérias
solos calcários, os corpos inumados que temperatura muito alta ou muito heterotróficas, proteolíticas e lipolíticas.
podem sofrer uma fossilização incipiente, baixa, retarda ou até interrompe a Encontram-se também Escherichia coli,
devido à substituição catiônica de sódio evolução do fenômeno. A temperatura Enterobacter, Klebsiella e Citrobacter e a
e potássio pelo cálcio (PACHECO e favorável para a ação dos organismos Streptococcus faecalis, e microrganismos
MATOS, 2000). putrefativos vai de 20 a 30°C. Segundo patogênicos como Clostridium perfringes,
O fenômeno de saponificação é a França (1985), temperaturas abaixo de Clostridium welchii – estes causam
hidrólise da gordura com liberação de 0°C não permitem o início do fenômeno, tétano, gangrena gasosa e toxi-infecção
ácidos graxos, que pela acidez, inibem a podendo conservar-se naturalmente o alimentar; Salmonella typhi que causa a
ação das bactérias putrefativas, cadáver. febre tifóide e S. paratyphi a febre
atrasando a decomposição do cadáver O teor de umidade do ambiente é paratifóide, Shigella causadora da
(MATOS, 2001). Esse fenômeno ocorre de extrema importância na desinteria bacilar e o vírus da hepatite A.
em ambiente quente, úmido e decomposição, pois climas muito secos
anaeróbio, solos argilosos, com baixa interrompem a putrefação, favorecendo
condutividade hidráulica, alta capacidade
de troca catiônica (CTC) e na presença
a mumificação, o contrário favorece a
saponificação.
DISCUSSÃO
de bactérias endógenas (SILVA, 1995). O ambiente precisa ter aeração,
Em geral, a saponificação leva de cinco a embora certos microrganismos sejam
VULNERABILIDADE DO MEIO FÍSICO DE
6 meses após a morte. O fenômeno é anaeróbicos. É necessário que a SUBSUPERFÍCIE À CONTAMINAÇÃO
comum nos cemitérios brasileiros, tendo umidade e a temperatura do ar Ocorre a contaminação do subsolo
como causa a invasão das sepulturas atendam às exigências dos organismos num dado local, se houver condições de
por águas superficiais e subterrâneas. putrefativos. Os ambientes quentes e vulnerabilidade no meio físico. Esta
A ocorrência desses fenômenos fortemente ventilados podem mumificar suscetibilidade é decorrência das
depende de fatores intrínsecos e por processo natural. características geológico-geotécnica e
extrínsecos. Os intrínsecos relacionam-se hidrogeológicas (SILVA, 1995) (Figura 1).
ao próprio cadáver, tais como: idade, A zona não-saturada ou de aeração
constituição física e a causa da morte. Os NECROCHORUME é composta de partículas sólidas e de
extrínsecos são pertinentes ao ambiente O necrochorume corresponde a um espaços vazios, que são ocupados por
onde o corpo foi sepultado, tais como: líquido viscoso mais denso que a água porções variáveis de ar e água. O fluxo
temperatura, umidade, aeração, (1,23 g/cm³), rico em sais minerais e das águas intersticiais da zona não-
constituição mineralógica do solo, substâncias orgânicas degradáveis, saturada tende a se movimentar dos
condutividade hidráulica, entre outros. elevada DBO, de coloração castanho- níveis de potencial hidráulico mais
Com relação à idade, Fávero (1991) acinzentado, polimerizável, e grau elevado para os mais baixos.
registra que os recém-nascidos e as variado de patogenicidade (SILVA, Normalmente esse fluxo tem direção
crianças se putrefazem mais rapidamente 1998; MATOS, 2001). vertical.
que os adultos. O necrochorume é constituído por Esse processo de fluxo continua na
A constituição do corpo age 60% de água, 30% de sais e 10% de zona saturada, contudo com velocidades
semelhantemente, transformando os substâncias orgânicas (SILVA, 1998). de percolação muito menores e com
indivíduos corpulentos e obesos mais Com a decomposição das substâncias direção predominantemente horizontal.
rapidamente pela putrefação (FÁVERO, orgânicas presentes no necrochorume, Assim, a zona não-saturada age
1991). são geradas diversas diaminas, as mais como filtro, principalmente pelo fato de
A causa da morte tem grande preponderantes são as mais tóxicas: a seu ambiente (solo, ar e água) ser
influência no processo transformativo, putrescina (C4H12N2) e a cadaverina benéfico para o abrandamento ou
pois grandes mutilações, estados (C5H14N2), que podem ser degradadas, eliminação de contaminante. Devido
gangrenosos e vítimas de infecções, gerando amônio (NH4+). A relação algumas características fisico-químicas
putrefazem-se mais rapidamente necrochorume/massa corpórea é da como alta aeração, baixa alcalinidade,
(FRANÇA, 1985). ordem de 0,6 L/kg (SILVA, 1995). alto índice de vazios entre as partículas

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sólidas e a grande superfície específica presente no solo, que aumenta a sorção geológico de cemitérios deve ser entre
dos poros presentes, são criadas, desses microrganismos nos seus 10-5 e 10-7 cm/s.
segundo Miotto (1990) algumas colóides, evitando que os mesmos Nos terrenos destinados à
condições para: cheguem à zona saturada. implantação de cemitérios, a espessura
• Interceptar, adsorver e eliminar Schrops (1972) apud Pacheco da zona não saturada e o tipo de
bactérias e vírus; (1986), em estudo feito em um material geológico são fatores
• Adsorver e biodegradar muitos cemitério na Alemanha, localizado em determinantes para a filtragem dos
compostos orgânicos. terrenos de aluvião não-consolidado, líquidos resultantes da decomposição de
A filtração mecânica e absorção são observou pelas análises químico- cadáveres. A porcentagem ideal de argila
os processos mais importantes na bacteriológicas realizadas a cada 0,5 m, no solo é na faixa de 20 a 40%, para
retenção dos organismos (PACHECO, que a diminuição no número de que os processos de decomposição
1986). A eficácia na retenção das bactérias somente se inicia a partir de 3 aeróbica e as condições de drenagem
bactérias e vírus depende da litologia, da m da base do túmulo, havendo uma do necrochorume sejam favorecidos
aeração, da redução de umidade, da redução de 97% do número de (SILVA, 1995).
presença de nutrientes, etc. Esse bactérias a 5,5 m, sendo praticamente Solos com baixa condutividade
mecanismo de filtração tem sua maior nulo o número destas a 6 m. hidráulica são bons retentores de
importância para organismos maiores A capacidade de retenção dos contaminantes, mas isso faz com que o
como as bactérias (MATOS, 2001). Para microrganismos é inversamente lençol freático se aproxime da superfície
os vírus, que são bem menores, o proporcional à condutividade hidráulica. rapidamente, entrando diretamente em
mecanismo de adsorção é mais As propriedades físicas do solo como contato com as sepulturas e/ou
importante, não sendo mais textura, estrutura, índices de vazios e camadas contaminadas do solo.
influenciados pela condutividade outras, afetam a capacidade de retenção. Romero (1970) apud Pacheco
hidráulica, mas pela capacidade de troca Segundo a resolução CONAMA nº335 a (1986) demonstrou que o percurso
iônica da argila e da matéria orgânica condutividade hidráulica do material máximo em águas subterrâneas dos
contaminantes biológicos em condições
ordinárias varia entre 15 a 30 m na
zona saturada, podendo ocorrer
maiores distâncias em águas com
nutrientes. Em meios de textura grosseira
e em rochas fraturadas, os percursos do
contaminante são maiores e, em áreas
carstificadas, estes podem percorrer
centenas de metros.
A Figura 2 apresenta um modelo de
níveis de vulnerabilidade do meio físico
de subsuperfície conforme o local de
sepultamento e sua relação com a
litologia e o nível freático.
A situação A, em que o material
geológico apresenta média
condutividade hidráulica e profundidade
do nível freático acima do recomendado,
é considerada como de baixa
vulnerabilidade de contaminação
favorecendo os fenômenos
transformativos destrutivos, sendo assim
indicado o processo de sepultamento. Já
Figura 1 - Distribuição das águas no solo. a situação B, em que o material

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Figura 2 – Modelo de níveis de
vulnerabilidade do meio físico
de subsuperfície em cemitérios
(adaptado de PACHECO,
1986).

geológico apresenta baixa condutividade o escoamento superficial das águas a CETESB (1999) reporta que esse
hidráulica e o nível freático quase pluviais. recuo deve conter uma cortina
aflorante, é considerada como de Nos períodos de alta pluviosidade, constituída por árvores e arbustos
extrema vulnerabilidade á contaminação este escoamento inunda os túmulos adequados, preferencialmente de
e favorecendo fenômenos mais vulneráveis e, após a lavagem da espécies nativas, diminuindo assim a
transformativos conservativos como da área do cemitério, estas águas são velocidade de escoamento e
saponificação, sendo desfavorável o eventualmente lançadas na rede pluvial contribuindo para infiltração; mas deve-
processo de sepultamento. Na situação urbana e canalizadas para os corpos de se ressaltar que a mesma norma
C, o processo de sepultamento é água existentes na região, aconselha que em zona de
desfavorável, devido ao material contaminando-os com substâncias do sepultamento, devem ser plantadas
geológico que apresenta alta interior de cemitérios. Segundo a CETESB árvores de raízes pivotantes, a fim de
condutividade hidráulica e profundidade (1999), o perímetro e o interior do evitar invasões de jazigos, destruição do
do nível freático abaixo do cemitério deverão ser providos de um piso e túmulos ou danos às redes de
recomendado, sendo considerada como sistema de drenagem adequado e água, de esgoto e drenagem.
situação de alta vulnerabilidade. eficiente, além de outros dispositivos
(terraceamentos, taludamentos, etc.)
destinados a captar, encaminhar e
RISCO DE CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA
RISCO DE CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA dispor de maneira segura o escoamento SUBTERRÂNEA
SUPERFICIAL das águas pluviais e evitar erosões, A vulnerabilidade de contaminação
Nos cemitérios onde os terrenos alagamentos e movimentos de terra. das águas subterrâneas é função da
estão impermeabilizados pelas Além do artigo 5º, inciso IV da eficiência de filtragem físico-química do
construções tumulares e pela resolução CONAMA nº 335, que solo, atividades antrópicas passíveis de
pavimentação das ruas, esta situação estabelece que a área de sepultamento contaminação, medidas de controle
associada à declividade do piso e a um deverá manter um recuo mínimo de 5 ambiental, etc., sendo estas, variáveis
sistema de drenagem obsoleta favorece m em relação ao perímetro do cemitério, para o gerenciamento do meio físico

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Figura 3 – Modelo de risco à
contaminação da água
subterrânea (adaptado de
PACHECO, 1986).

urbano como plano diretor, zoneamento respectivos riscos à contaminação da condução do contaminante a
ambiental urbano, entre outros. água subterrânea pela pluma de profundidades maiores, devido sua alta
A implantação de cemitérios em áreas contaminante, conforme o local do condutividade hidráulica aliada à baixa
que apresentem condições geológicas - sepultamento e a relação aos materiais profundidade do nível freático, considera-
materiais geológicos que propiciem geológicos, profundidade do nível se como situação de alto risco; para
fenômenos conservativos dos cadáveres freático e os aspectos ambientais resolver esse tipo de situação objetivando
ou materiais que propiciem menor externos ao meio físico como rachaduras a diminuição do risco a contaminação da
retenção do contaminante em sua nos jazigos. água subterrânea, a resolução CONAMA
camada superficial, e hidrogeológicas – Na situação A ocorre uma lenta nº 335 exige o sepultamento acima do
baixa profundidade do nível do lençol condução do contaminante devido à nível natural do terreno, conforme a
freático, podem levar a uma alteração média condutividade hidráulica do situação C.
nas características físico-química e material geológico, alta adsorção/
bacteriológica destas águas, retenção devido às características
contaminando-as.
Pacheco (1986) salienta que túmulos
geossanitárias do material argiloso aliado
a profundidade do nível freático favorável,
CONCLUSÕES
em ruínas podem constituir um foco de o contaminante é interceptado na zona As atividades de sepultamento de
contaminação das águas subterrâneas, não saturada, sendo assim classificada cadáveres, bem como os cemitérios têm
tendo como principais causas o como situação de médio risco à que ser observados e considerados
abatimento de solos, que provoca o contaminação da água subterrânea. Já como atividades contaminantes, e áreas
aparecimento de rachaduras; a presença na situação B o jazigo está locado sob o potencialmente contaminadas,
de árvores de grande porte com suas nível freático podendo ser inundado. respectivamente.
raízes não pivotantes; e a negligência Uma vez que, de maneira geral, os A contaminação do solo e das águas
dos proprietários. jazigos não são impermeáveis, considera- superficiais e subterrâneas ocorre devido
A Figura 3 apresenta um modelo de se essa uma situação de extremo risco. ao vazamento de necrochorume das
quatro situações de sepultamento e seus Na situação D há um favorecimento na construções tumulares. Sendo assim, há

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o aumento de substâncias inorgânicas
como compostos nitrogênio e fósforo,
contaminação. Conforme a resolução
CONAMA nº 335/2003 e 368/2006 REFERÊNCIAS
na concentração de sais minerais (Cl-, esses cemitérios tem que se adequarem ALMEIDA, A.M. de; MACÊDO, J.A.B. de. Parâmetros
HCO3=, Ca+2, Na+), e conseqüentemente às exigências, como mudança do tipo de físico-químicos de caracterização da contaminação
na condutividade elétrica, no pH e na sepultamento, para acima do nível do do lençol freático por necrochorume. In:
SEMINÁRIO DE GESTÃO AMBIENTAL – Um
alcalinidade e dureza da solução do terreno quando a profundidade do
convite a Interdisciplinariedade, 2005, Juiz de Fora.
solo. São liberados também compostos lençol freático na época de cheia for Anais... Juiz de Fora: Instituto Viana Junior, 2005.
orgânicos biodegradáveis, e que por esta inferior a 1,5 m em relação à base da
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente.
razão causam um aumento da atividade sepultura, manter a troca gasosa entre a
Resolução nº 335, de 03 de abril de 2003. Dispõe
microbiana no solo sob a área de construção tumular e o ambiente sobre o licenciamento ambiental de cemitérios.
sepultamentos. externo para facilitar a putrefação do 2003. Disponível em: <http://
Do ponto de vista da saúde pública, cadáver. O descumprimento das www.aguaseaguas.ufjf.br>. Acesso em: 13 set.
2006.
o principal risco que pode ser disposições destas resoluções implicará
efetivamente associado à atividade dos em sanções penais e administrativas. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente.
cemitérios reside em possibilitar a Apesar da existência de instrumentos Resolução nº 368, de 28 de março de 2006.
Altera dispositivos da Resolução n o 335, de 3 de
ocorrência ou disseminar doenças a regulamentadores para a atividade
abril de 2003, que dispõe sobre o licenciamento
partir de microrganismos, por contato do cemiterial, como as resoluções CONAMA ambiental de cemitérios. 2006. Disponível em:
risco direto, risco maior para os nº 335/2003 e 368/2006 e estaduais <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/
funcionários, ou através da como a norma técnica da CETESB res36806.xml>. Acesso em: 03 de abr. 2008.
contaminação de fontes de L1.040/1999, o principal problema é o BRAZ, V.; BECKMANN, L. de C.M.; COSTA e SILVA,
abastecimento de água para consumo descumprimento dos instrumentos L. Integração de resultados bacteriológicos e
humano e corpos d’água superficiais nas técnicos e legais para os cemitérios a geofísicos na investigação da contaminação de
águas por cemitérios. In: CONGRESSO MUNDIAL
vizinhanças. Por isso, os cemitérios serem implantados, bem como a falta de
INTEGRADO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 1.,
devem ser submetidos a avaliações manutenção e gerenciamento dos já 2000, Fortaleza. Anais... Fortaleza: ABAS, 2000. 1
sanitárias periódicas, por meio do existentes. CD-ROM.
monitoramento das características fisico- Pela resolução CONAMA nº 368/ COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO
químicas e biológicas da água 2006, aos órgãos ambientais foi AMBIENTAL – CETESB. Implantação de cemitérios:
subterrânea, principalmente nas regiões delegada a responsabilidade pelo Norma L1.040 .São Paulo, 1999. 6 p.
onde haja consumo de água captada de licenciamento ambiental dos novos COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO
poços e fontes próximos a cemitérios. cemitérios e dos já existentes. É AMBIENTAL – CETESB. Manual de Gerenciamento
A adequabilidade geológico-geotécnica necessário licenciar, fiscalizar e gerenciar de Áreas Contaminadas. Programa CETESB/
do meio físico, como alta aeração, baixa as atividades cemiteriais. GTZ.São Paulo, 2001. 385p.

alcalinidade, alto índice de vazios entre as Os municípios devem estabelecer o DENT, B.B. Hydrogeological Studies at Botany
partículas sólidas e a grande superfície planejamento do meio físico, Cemetery. 1995. M.Sc. Proj. Rept. – University of
Technology of Sydney, Sydney, 1995.
específica dos poros presentes, favorece possibilitando, no caso, direcionar a
o processo de decomposição do cadáver implantação de novos cemitérios em FÁVERO, F. Medicina Legal. 12. ed. Belo Horizonte:
e realiza a filtração físico-química dos locais onde há adequabilidade nas Vila Rica Editoras Reunidas, 1991.

compostos orgânicos e inorgânicos e características geológico-geotécnicas e FRANÇA, G.V. de. Medicina Legal. 2.ed. Rio de
retem os microrganismos patogênicos, hidrogeológica. Janeiro: Guanabara, 1985. 402p.
diminuindo assim a possibilidade de O gerenciamento ambiental dos MATOS, B.A. Avaliação da ocorrência e do
contaminação do mesmo. cemitérios é de suma importância, busca transporte de microrganismo no aqüífero freático
Na construção da maioria dos estabelecer critérios de controle do cemitério de Vila Nova Cachoeirinha, município
de São Paulo. 2001. 113 f. Tese (Doutorado em
cemitérios implantados, não havia ambiental, observando os indicadores de
Recursos Minerais e Hidrogeologia) – Escola
instrumentos legais de controle saúde pública, como qualidade da água Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo,
ambiental, não levando em conta subterrânea, e critérios de prevenção e 2001.
estudos geológico-geotécnicos e controle da eventual contaminação, MIGLIORINI, R.B. Cemitérios como fonte de
hidrogeológicos, por isso, estes podem como estabelecer dispositivos de poluição em aqüíferos: estudo do cemitério Vila
constituir-se em fonte com risco de drenagem superficial eficientes. Formosa na bacia Sedimentar de São Paulo. 1994.

34 Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 9


74 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Minerais PACHECO, A.; MATOS, B.A. Cemitérios e meio UCISIK, A.S.; RUSHBROOK, P. The impact of
e Hidrogeologia) – Instituto de Geociências, ambiente. Tecnologias do Ambiente, Lisboa, n. 33, cemeteries on the environment and public health:
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994. p. 97-104, 2000. an introductory briefing. Denmark: WHO Regional
Office for Europe. 1998. 11 p.
MIOTTO, S.L. Aspectos geológico-geotécnicos da PEQUENO MARINHO, A.M.C. Contaminação de
determinação da adequabilidade de áreas para aqüíferos por instalação de cemitérios: estudo de
implantação de cemitérios. 1990. 116 f. caso do cemitério São João Batista. 1998. 88 f.
Dissertação (Mestrado em Geociências) – Instituto Dissertação (Mestrado) – Centro de Ciências,
de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1998.
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