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CONTROLE DA

POLUIÇÃO.
CONTAMINAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA POR CEMITÉRIOS.
ALUNOS: ELTON, LUCAS, JOÃO BOSCO, DIEGO, VITOR BINTENCOUR.
Cemitérios como Fonte de
Contaminação Ambiental
Em razão do crescimento da população e contaminação das águas superficiais, o que compromete os padrões de potabilidade a custos
razoáveis, o abastecimento de regiões quase sempre de maior densidade demográfica é um desafio crescente e de alto investimento,
limitando a exploração de fontes hídricas subterrâneas.O aumento populacional também exige áreas cada vez maiores para sepultamento de
corpos humanos. Assim, áreas destinadas à implantação de cemitérios geralmente são escolhidas entre as de baixa valorização econômica,
quase sempre em regiões de reduzido desenvolvimento socioeconômico. Essas áreas muitas vezes têm características geológicas e
hidrogeológicas não avaliadas devidamente, o que pode levar a problemas sanitários e ambientais de enorme complexidade. Cemitérios são
áreas que geram alterações no meio físico e por isso devem ser considerados fontes sérias de impacto ambiental.No Brasil, a maioria dos
cemitérios é muito antiga e, exatamente por isso, descompassados em termos de estudos técnicos e ambientais. Considerando essa situação,
o Conselho Nacional do Meio Ambiente publicou, em 3 de abril de 2003, a Resolução nº 335 estabelecendo que todos os cemitérios
horizontais e verticais deverão ser submetidos ao processo de licenciamento ambiental. Mas que impactos podem ser produzidos por
cemitérios?
CONTAMINAÇÃO DO SOLO
Os cemitérios, como qualquer outra instalação que afete as condições naturais do solo e das águas subterrâneas, são classificados como atividade com risco de
contaminação ambiental. A razão disso é que o solo em que estão instalados funciona como um filtro das impurezas depositadas sobre ele. O processo de decomposição
de corpos libera diversos metais que formam o organismo humano, sem falar nos diferentes utensílios que acompanham o corpo e o caixão em que ele é sepultado. O
principal contaminante na decomposição dos corpos é um líquido conhecido como necrochorume, de aparência viscosa e coloração castanho-acinzentada, contendo
aproximadamente 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substancias orgânicas degradáveis.Em solos com alta umidade há um processo conhecido como
saponificação pelo qual ocorre a quebra das gorduras corporais e a liberação de ácidos graxos. Esse composto liberado exibe alta acidez, o que inibe a ação de bactérias
putrefativas, retardando assim o mecanismo de decomposição do cadáver e tornando o mecanismo tanto mais duradouro quanto mais contaminante.Urnas funerárias
confeccionadas em madeira estão fora das fontes signifi cativas de contaminação do solo, ao contrário do que ocorre com as metálicas. A menos que conservantes da
madeira contenham metais pesados, principalmente cromo, ou substâncias do grupo dos organoclorados, como pentaclorofenol ou tribromofenol. Os caixões
construídos com madeiras não tratadas se decompõem em curtos períodos, permitindo uma rápida disseminação de líquidos da putrefação dos corpos. Caixões de metal,
pouco utilizados, no entanto, podem provocar contaminação do solo por metais como ferro, cobre, chumbo e zinco. Outra fonte significativa de impactos contaminantes
por caixões funerários é a prata, com frequência utilizada nas alças. Na decomposição ela é liberada no ambiente.Além dos metais convencionais, outro contaminante
significativo é a radioatividade. Corpos que, antes da morte, ou mesmo depois dela, passaram por aparelhos com emissão de radiação podem estar contaminados. Nesse
caso essa radioemissão também é liberada no solo.Durante o processo de decomposição orgânica, além dos líquidos liberados há emissão também de alguns tipos de
gases, entre eles principalmente os característicos da decomposição anaeróbica, como o gás sulfídrico (H2S), identifi cados popularmente como cheiro de “ovo podre”,
incluindo dióxido de carbono, gás carbônico (CO2), metano (CH4), amônia (NH3) e hidrato de fósforo, a fosfina (PH3). Além desses elementos característicos, outros
gases são emitidos, caso dos óxidos metálicos (titânio, cromo, cádmio, chumbo, ferro, manganês, mercúrio e níquel entre outros) lixiviados dos adereços das urnas
mortuárias, incluindo formaldeído e metanol utilizados na prática do embalsamento.
CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS
Outra forma de contaminação é a
infiltração das águas de chuva nos túmulos
promove o transporte de muitos compostos
químicos (orgânicos e inorgânicos) para o
solo, que, dependendo das características
geológicas do terreno, podem alcançar o
aquífero, contaminando-o. Para a
minimização desse risco potencial é
indispensável o monitoramento da
qualidade da água nessas áreas.

O necrochorume, produzido no processo de decomposição orgânica, por


exemplo, é liberado de forma constante por cadáveres em decomposição e
apresenta um grau variado de patogenicidade. No caso de a captação de água
para consumo humano ou animal ser feita a partir de poços com pequena
profundidade, pessoas e animais que se servirem dela estão sob risco de
doenças provocadas pela presença desses organismos.
DOENÇAS LIGADAS A CEMITÉRIOS

Diversos estudos de natureza ambiental associam áreas que abrigam cemitérios a aterros
sanitários, considerando que em ambos estão disponíveis materiais orgânicos e
inorgânicos com potencial contaminante. Mas, no caso de cemitérios, esses resíduos
podem estar associados a um número ainda maior de patógenos, com potencial de levar à
morte pessoas eventualmente contaminadas por eles.Com a decomposição dos corpos,
substâncias nitrogenadas são liberadas pelo necrochorume. Levando em conta que essas
unidades são sempre fontes potenciais significativas de contaminação. A Resolução do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama nº 335 de abril de 2003), constam
informações necessárias para o licenciamento ambiental das áreas destinadas ao
sepultamento de corpos humanos.A partir da data de vigência dessa resolução órgãos
ambientais estaduais e municipais passaram a ter obrigação de licenciar e fiscalizar a
implantação de novos cemitérios. Já no caso de unidades mais antigas, foi homologada
uma nova resolução do Conama (no 402/2008) que estabeleceu prazo máximo até
dezembro de 2010 para definição de critérios de adequação das unidades disponíveis antes
de 2003.
CREMAÇÃO
Da complexidade ambiental envolvendo os cemitérios, no entanto, emergem alternativas que acenam com menores impactos, como a prática de
cremação. O costume de cremar os mortos tem origens tanto religiosas quanto de higiene ou até mesmo carência de espaços físicos. Nesse contexto
entende-se por cremar o ato de reduzir o corpo a cinzas. Relatos históricos evidenciam que o ato de cremar os mortos era comum, por exemplo, na
Grécia antiga, em especial como resultado de guerras, quando a maioria das vítimas fatais em batalhas passava por esse processo. Já os escandinavos
adotaram essa prática por motivos religiosos. Para esses povos, apenas com a cremação a alma do morto estaria em liberdade.A cremação não libera
fumaça em seu processo. De modo geral, o procedimento ocorre a temperaturas de 900°C, com duração de duas horas e captura de gases liberados pela
queima. Dessa forma, a cremação é a solução póstuma de menor impacto ambiental, pois não gera resíduos convencionais com potencial de contaminar
o ambiente, tanto no solo quanto na atmosfera.A prática de cremação tem vantagens também quanto à eliminação de microrganismos patogênicos que o
sepultamento convencional apresenta. As elevadas temperaturas da cremação eliminam por completo essas fontes naturais de poluição. Assim, a
cremação, acompanhada de rituais que também se manifestam em sepultamentos convencionais, é uma forma de garantia e segurança ambiental aos que
continuam vivos.Cemitérios verticais são uma alternativa a instalações convencionais sujeitas a todos os impactos ambientais considerados. Nessas
unidades os corpos são depositados em instalações com finalidades específicas e geralmente se assemelham a edifícios comuns, como é o caso do
Memorial de Santos, no litoral de São Paulo, que chega a 14 andares. Esse tipo de instalação tem diversas vantagens em relação ao cemitério horizontal,
entre elas um número comparativamente reduzido de exigências legais.Cemitérios verticais também oferecem a facilidade de menor espaço físico,
ausência de interferência do necrochorume e resíduos nas águas subterrâneas, baixa exigência quanto ao tipo de solo, facilidade de sepultamento e
visitas em dias chuvosos. Aqui, no entanto, há exigência de cuidados em relação à liberação de gás sem tratamento e atenção especial na construção
para evitar vazamento de necrochorume e eventual emissão de odor. Quanto aos impactos provocados ao meio ambiente, destaca-se que nos cemitérios
verticais também não há contato direto do corpo com o solo, diminuindo os riscos produzidos pela contaminação tanto do solo quanto dos recursos
hídricos.Os problemas relativos ao sepultamento convencional e portanto às áreas ocupadas por cemitérios se iniciaram com a comunidade cristã, na
Idade Média, quando os corpos eram enterrados próximos às igrejas. Mas relatos e estudos mais avançados dessas áreas são recentes. É possível
identificar, na maioria dos cemitérios, desafios relacionados a planejamento, gestão, depósito inadequado de resíduos, entre outros desafios técnicos que
afetam tanto as unidades de propriedade pública quanto privada s.
MÉTODOS DE TRATAMENTO DO
NECROCHORUME
Filtros biológicos: Devido à liberação de gases na decomposição do cadáver, os jazidos e gavetas não podem ser
completamente impermeáveis pela possibilidade de ocorrência de combustão, pode-se utilizar no solo abaixo dos
túmulos um revestimento de
uma malha impermeabilizante, que irão auxiliar para proteger as águas subterrâneas da contaminação pelo
necrochorume (MMA, 2003).
Após executar a impermeabilização deve-se coletar o necrochorume por drenos subdivididos em quadras nos
cemitérios. Este sistema de drenagem profunda conduz o necrochorume e águas pluviais até um filtro biológico. No
processo de filtros biológicos, onde o ar atmosférico em contato direto com o necrochorume ocorre à degradação em
meio poroso, este meio é um leito artificial de material grosseiro, como pedras de britas, cascalhos, concretos
triturados, materiais sintéticos, etc. Este sistema, dependendo do material aplicado para filtragem, como por exemplo,
um filtro de concreto, apresenta eficiência na remoção da cor do necrochorume (JALOWITZKI, 2011).
Pastilhas
Possui grande quantidade de bactérias consumidoras de matéria orgânica, selecionadas e sintetizadas em esporos e
agrupadas em formato de pastilhas, que são colocadas nas urnas funerárias junto ao corpo, próximo e na base da
coluna, essas colônias de bactérias são ativadas conforme é formado e liberado o necrochorume, de maneira que
consomem os compostos orgânicos de difícil metabolização como gorduras, óleos, graxas e lipídeos,
transformando-os em dióxido de carbono e água (HINO, 2015).

As pastilhas são colocadas dentro da urna funerária, na região lombar, e na medida em que o corpo vai liberando o
necrochorume elas são ativadas e vão digerindo essas substâncias. Essas bactérias vêm também na forma líquida, granulada e
cubos.
Mantas absorventes
O produto é feito a partir de um plástico muito resistente impermeável, no fundo ele possui uma camada
de celulose em pó, que em contato com o necrochorume se transforma um gel que retém dentro desse
invólucro todo e qualquer produto oriundo do processo de coliquação. A Manta é colocada dentro da
urna, revestindo todo o seu interior e, na medida em que o corpo vai liberando líquidos, a celulose vai
absorvendo, impedindo que o necrochorume extravase (MARCHIORO, 2007). Assim, o material (gel)
permanece na urna pelo tempo necessário à decomposição (3 a 5 anos) sem contaminar a urna, a
sepultura e o meio ambiente como um todo, cumprindo desta forma a normativa 335 do CONAMA. Nas
bordas da manta há um fio de náilon que, em caso de exumação, é puxado, transformando a manta num
saco de ossos (JALOWITZKI, 2011).
Métodos alternativos
Na capital de Curitiba/PR, há um projeto alternativo do tratamento do necrochorume em desenvolvimento no Cemitério
Parque Iguaçu. O projeto conta com uma estação de tratamento própria para o necrochorume, cujas cargas orgânicas
altamente tóxicas são removidas de forma anaeróbica, em um tanque fechado que o necrochorume passa por uma
desinfecção, permitindo que o líquido seja reutilizado, a princípio para a irrigação de terra do próprio cemitério. Porém
este projeto executado pela engenheira sanitarista, Maria Rosi Melo Rodrigues, encontra-se em faze de teste, sem a
divulgação de seus resultados (JALOWITZKI, 2011).
Mark Ellwood cita em sua reportagem algumas formas alternativas de sepultamento, sendo uma delas o congelamento e
biodegradação, método esse criado na Suécia pela bióloga marinha Susanne Wiigh-Mãsak, que consiste em um sistema
automatizado que submete o corpo a um processo de congelamento por nitrogênio liquido (subproduto dos tanques de
oxigênio, tendo impacto ambiental neutro) e posteriormente agitá-lo suavemente, resultando em pequenos pedaços que
podem ser secados e enterrados ou rapidamente incinerados (ELLWOOD, 2015).
Outro método também descrito por Ellwood foi criado pelo bioquímico escocês Sandy Sullivan chamada de
“Resomation” e apelidada de “cremação ecológica”, onde se submerge o corpo em uma solução de hidróxido de
potássio e água quente para acelerar o processo de decomposição, e poucas horas depois os tecidos se tornam um liquido
escuro que depois de ser reduzida sua alcalinidade o mesmo pode ser disposto junto às águas residuais, o esqueleto é
incinerado e as cinzas entre a família (ELLWOOD, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dificuldade de minimizar a poluição causada pelos cemitérios está em adaptar, de acordo com as
normas e legislações ambientais, os cemitérios existentes desde o período que não havia
regulamentações para operação. A instalação de poços de monitoramento é uma alternativa inicial para a
adequação destes cemitérios, a fim de coletar mensalmente amostras de águas subterrâneas para
verificar, através de análises laboratoriais a qualidade hidrogeológica e os seus níveis de contaminação.
Podemos então estabelecer que o método mais eficiente e de menor impacto ambiental, para destinar os
corpos, seria a cremação, um processo considerado ecológico, ou seja, não afeta o meio ambiente. Além
de prático, a incineração dos corpos é a operação mais higiênica, sendo que previne problemas de
higiene e sanitárias.
REFEREÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALCÂNTARA, Hermes Rodrigues. Perícia Médica Judicial. São Paulo: Guanabara Dois, 1982.
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Acesso em: 23 ago. 2017
ELLWOOD, Mark. Falta de espaço faz empresas criarem alternativas (ecológicas) ao tradicional enterro, site UOL
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<https://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2015/10/30/recicle-seusentes-queridos-com-os-funerais-
ecologicos.htm> Acesso em: 10 jul. 2017.
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