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Aula - Protocolo de Oxford (Fase 1)

INTRODUÇÃO

● O objetivo dessa aula é apresentar o Protocolo Oxford, um protocolo de


tratamento para a obesidade, baseado no livro "Cognitive-Behavioral
Treatment of Obesity: A Clinician's Guide", que é o primeiro manual de
tratamento cognitivo-comportamental para obesidade e que apresenta um

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modelo terapêutico inovador avaliado e controlado pela Universidade de
Oxford.

● O protocolo que será apresentado a seguir foi organizado com base no livro
referenciado acima e nas aulas que a Fernanda Landeiro assistiu em Oxford
nos anos de 2011/2012, ministradas pelos autores do livro em questão.

● O protocolo é transdiagnóstico, ou seja, pode ser aplicado em qualquer


paciente que tenha uma demanda de emagrecimento, independente do seu
diagnóstico (bulimia, compulsão alimentar, exagero etc.).

CARACTERÍSTICAS DA TCC

● Antes de entrar no protocolo, é importante destacar que a Terapia


Cognitivo-Comportamental possui 3 características que a distingue da terapia
comportamental e de outras formas de tratamento psicológico:

1. A TCC se baseia na conceituação cognitiva dos processos que


mantêm o problema em questão.

2. A TCC é feita para modificar cognições e comportamentos que


mantêm as crenças centrais, pois somente assim é possível uma
mudança duradoura e efetiva.

3. A TCC usa uma combinação de técnicas cognitivas e


comportamentais para ajudar o paciente a identificar e mudar suas

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crenças centrais.

● A TCC, ao contrário da comportamental, enfatiza os processos cognitivos e


seu objetivo principal é produzir a mudança cognitiva. Sendo assim, a
reestruturação cognitiva e as experiências comportamentais são
características centrais da terapia.

TCC E OBESIDADE

● O tratamento deve ser direcionado aos vários processos que influenciam o


abandono das tentativas de controle do peso e a negligência da manutenção
do peso como um objetivo.

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● Esse tratamento é composto por 3 fases e nenhuma delas funciona
isoladamente:

○ FASE 1 (emagrecimento): apresentação da diferença entre perda de


peso e manutenção de peso. Essa distinção é apresentada no início
do tratamento e sustentada o tempo todo. Na fase 1 o objetivo é
emagrecer (pode durar mais ou menos entre 17 e 30 sessões). É
seguida pela fase de manutenção, que tem como objetivo a
manutenção e estabilização do peso (mais ou menos 14 sessões).

○ FASE 2 (emagrecimento): abordagem dos potenciais obstáculos para


a aceitação da manutenção do peso que envolve identificação e
moderação dos objetivos irreais de perda de peso; administração das
preocupações com a imagem corporal; redirecionamento dos objetivos
primários do paciente. O objetivo do terapeuta no final da etapa de
emagrecimento (fases 1 e 2) é fazer com que os pacientes acreditem
que são capazes de controlar seu peso por um longo período de
tempo e que aceitem a estabilidade do peso.

○ FASE 3 (manutenção): o objetivo nessa etapa de manutenção é a


estabilidade do peso e a aquisição de habilidades para mantê-lo.

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VISÃO GERAL DO TRATAMENTO (aproximadamente 30 semanas)

Tabela 1 - Panorama geral do protocolo oxford

Módulo 1 Início da terapia

Módulo 2 Estabelecimento e manutenção da perda de


peso

Alcançando a perda
de peso Módulo 3 Administração das barreiras ao
emagrecimento

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Módulo 4 Aumento da atividade física

Módulo 5 Administração das preocupações com a


imagem corporal
Administração de
obstáculos para
Módulo 6 Administração dos objetivos para perda de
aceitação da
peso
manutenção do peso

Módulo 7 Administração dos objetivos primários

Alimentação saudável Módulo 8 Alimentação saudável

Manutenção do peso Módulo 9 Manutenção do peso

Revisão do Módulo
Revisão do tratamento e alta
tratamento e alta 10

Fonte: elaborado pela autora.

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● Alcançando a perda de peso

○ Módulo 1: refere-se ao início da terapia que é quando os pacientes


são avaliados e o tratamento é apresentado, diferenciando perda de
peso de manutenção de peso.

○ Módulo 2: foco no estabelecimento e manutenção da perda de peso,


ou seja, os pacientes são auxiliados a manterem o plano alimentar
diariamente, conforme orientação nutricional.

○ Módulo 3: administração das barreiras ao emagrecimento, cujo


objetivo é a identificação dos vários problemas que podem interferir na

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adesão dos pacientes à dieta.

○ Módulo 4: destina-se ao aumento da atividade física através do


estímulo a um estilo de vida mais ativo.

● Administração de obstáculos para aceitação da manutenção do peso

● Os módulos 5, 6 e 7 identificam potenciais obstáculos cognitivos para a


manutenção do peso. Eles são empregados de forma flexível e respeitando
sempre o tempo e a ênfase dados a cada um, a partir da necessidade do
paciente.

○ Módulo 5: é destinado a identificar e administrar preocupações com a


imagem corporal. Este módulo tem a duração de aproximadamente 6
sessões e utiliza estratégias cognitivo-comportamentais e técnicas de
solução de problemas.

○ Módulo 6: o objetivo do módulo 6 é ajudar os pacientes a adotarem e


aceitarem uma meta de perda de peso mais apropriada e fazer com
que reconheçam que muitos de seus objetivos primários podem ser
alcançados independente do emagrecimento.

○ Módulo 7: trabalha com a administração dos objetivos primários que


são aqueles que o paciente deseja alcançar com a perda de peso. Isso
inclui mudar a aparência, melhorar a autoconfiança, aumentar a
qualidade dos relacionamentos interpessoais e aumentar a quantidade

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de exercício físico.

● Alimentação saudável

○ Módulo 8: enfatiza a alimentação saudável em longo prazo, embora


elementos particulares desse módulo possam ser introduzidos durante
a fase de emagrecimento.

● Manutenção do peso

● Essa é uma prioridade no tratamento.

○ Módulo 9: coincide com o início da fase 2, por isso a manutenção do


peso é fundamental para ela. O tempo do módulo vai da necessidade

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de cada paciente. Durante a preparação para a manutenção do peso,
as diferenças entre perder peso e mantê-lo são destacadas. Existem 3
diferenças principais:

1. a manutenção do peso é menos encorajadora do que o


processo de emagrecimento, porque há menos estímulo das
outras pessoas;

2. o processo de manutenção do peso é indefinido, ao contrário do


emagrecimento;

3. envolve a aceitação do corpo e da forma física, que nem


sempre é a idealizada pelo paciente.

● Além disso, um passo fundamental para a manutenção é definir uma meta


específica a ser alcançada e estabilizar um sistema de monitoração que
forneça informações suficientes para que o paciente mantenha seu peso
dentro da meta.

● Os pacientes são informados quanto à importância de se fazer um plano. O


plano de manutenção do peso é desenvolvido junto com o paciente e sempre
inclui uma sessão para manutenção do peso e outra para administração das
dificuldades.

● Revisão do tratamento e alta

○ Módulo 10: nessa fase final do tratamento o objetivo é ajudar os

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pacientes a fazerem uma revisão geral do seu progresso. Identificar o
que foi alcançado e avaliar o que ainda é necessário fazer durante o
tratamento ou ao término deste.

TRATAMENTO PASSO A PASSO

● Na fase de pré-contemplação, o paciente não está pronto para mudar, nega a


realidade, se mostra defensivo e resistente a reconhecer os comportamentos
disfuncionais. Nesse estágio, o terapeuta deve evitar confrontos, estabelecer
vínculo com o paciente, acolher e trabalhar outras questões.

● Na fase de contemplação, o paciente já consegue identificar que consegue


fazer mudanças, já reconhece que tem um problema, mas ainda não

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consegue de fato implementar mudanças. Nessa etapa, o terapeuta deve
pensar em pequenas metas, encorajando o paciente, a fim de aumentar sua
autoeficácia, ou seja, fazer com que o paciente confie mais em si mesmo.

MÓDULO 1: INÍCIO DA TERAPIA

● As primeiras sessões têm os seguintes objetivos:

○ estabelecer uma relação efetiva de trabalho (vínculo);

○ orientar o paciente quanto ao tratamento;

○ aumentar a motivação;

○ avaliar o problema de peso;

○ estabelecer monitoração dos hábitos alimentares e quantidades


consumidas;

○ estabelecer uma pesagem semanal (flexível).

● Antes das primeiras sessões, têm a sessão 0, cuja finalidade é


avaliar e orientar o paciente. Sua estrutura é:

○ Avaliar o histórico do paciente;

○ Desenvolver uma relação de colaboração com o paciente;

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○ Anotar o histórico do paciente em relação ao peso;

○ Descrever em linhas gerais a TCC na área do emagrecimento;

○ Orientar o paciente quanto à forma e ao estilo do tratamento;

○ Avaliar a motivação;

○ Avaliar a desistência prematura do tratamento;

○ Iniciar a automonitoração da ingestão de comida e bebida;

○ Orientar sobre o gráfico de peso.

Conteúdo da sessão

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● Desenvolvimento de uma relação colaborativa entre terapeuta e paciente

● Identificação do histórico e características do problema com o peso

● Itens para avaliação

1. História do problema com peso

2. Curso subsequente

3. Tentativas anteriores para emagrecer e resultados

4. Situação atual

5. Atividade física

6. Razões para querer emagrecer

7. Atitudes com a aparência

8. Peso e objetivos

9. Saúde

10. Situação social e laboral

11. Barreiras para emagrecer

12. Histórico familiar de obesidade

13. Aspectos que o paciente considera importante relatar para o


tratamento

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MÓDULO 2: ESTABELECIMENTO E MANUTENÇÃO DA PERDA DE PESO

● Após o paciente já estar engajado no tratamento e já sabendo monitorar sua


ingestão calórica e de alimentos (através do diário alimentar), o
emagrecimento torna-se o objetivo principal. Os objetivos para esse módulo
são:

○ iniciar e manter a perda de peso;

○ determinar o momento de fazer a transição para a manutenção do


peso.

Início e manutenção da perda de peso

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● O foco das sessões desse módulo é ajudar o paciente a estabelecer e manter
um baixo consumo de energia e monitorar os efeitos disso no seu peso.

● Formato da sessão

1. Registrar o peso do paciente, inserir no gráfico e interpretar


conjuntamente o gráfico dos resultados em relação à perda ou não de
peso.

2. Revisar o diário alimentar e ao mesmo tempo verificar o êxito do


paciente em preencher o diário. Isso serve para avaliar os progressos
e identificar possíveis dificuldades.

3. Definir a agenda de forma colaborativa. O terapeuta deve perguntar se


existem problemas que o paciente deseja discutir na sessão.

4. Trabalhar sempre observando a agenda.

5. Definir a tarefa de casa (plano de ação).

6. Resumir os principais tópicos abordados na sessão e pedir feedback.

● Conteúdo da sessão

○ Avaliação e comprometimento com a dieta: o objetivo é identificar a


visão geral e subjetiva do paciente em relação ao seu progresso.

○ Revisão do diário alimentar: os objetivos da revisão são:

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1. verificar e reforçar o comprometimento com o registro;

2. avaliar o progresso e as dificuldades;

3. identificar e reforçar mudanças específicas feitas pelo paciente


(garantindo um tom positivo à sessão, ressaltando o empenho
do paciente e suas habilidades, ao invés de seus fracassos ou
deficiências);

4. identificar e reforçar mudanças cumulativas.

● Estabelecimento de um estilo colaborativo

● Maximizando a adesão à dieta: o terapeuta deve elogiar a adesão dos

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pacientes à dieta a partir da avaliação do diário alimentar. Se o progresso do
paciente for baixo, dificuldades em potencial devem ser identificadas e
gerenciadas.

● Estratégias para aumentar a adesão

1. Ter um plano para todos os dias

2. Manter uma meta diária

3. Estar alerta a possíveis problemas

● Padrão regular de alimentação: o paciente deve comer em intervalos


regulares, evitando beliscar entre as refeições.

● Estilo da alimentação: os pacientes devem prestar atenção na maneira


como se alimentam.

● Aspectos cognitivos da alimentação: os pacientes devem ser incentivados


a perceber que o modo como uma pessoa pensa sobre alimentação também
é importante.

MÓDULO 3: ADMINISTRAÇÃO DE BARREIRAS AO EMAGRECIMENTO

● Os objetivos deste módulo são identificar as barreiras comportamentais e


cognitivas ao emagrecimento e ajudar os pacientes a gerenciarem as
barreiras conforme apareçam no processo.

● A identificação dos obstáculos para emagrecer pode ser alcançada de duas

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formas diferentes:

○ primeiro lugar, muitos podem ser identificados por meio de uma


avaliação minuciosa dos registros de monitoração do paciente e;

○ em segundo lugar, podem ser pesquisados de forma mais sistemática


com o uso do checklist de obstáculos para perda de peso.

Checklist de obstáculos para perder peso

Exatidão ao fazer os registros. Foi escrito absolutamente tudo? Você calcula


com exatidão as porções? Você calcula as calorias com cuidado?

Pesagem e revisões semanais. Você está se pesando 1 vez por semana1?

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Você está fazendo uma revisão da sessão por semana?

Seu padrão alimentar (quando você come). Seus hábitos alimentares mudam
diariamente? Você faz refeições de forma regular? Você fica sem comer
durante um longo período? Você costuma beliscar? Existe alguma hora do
dia que você está mais propenso a comer? Você tem compulsão? Muita ou
pouca?

Tamanho das porções. Suas porções são grandes? Você come mais de uma
vez? Você limpa o prato? Você come as sobras?

Escolha da comida e bebida. Você tem propensão a comer alimentos ricos


em energia? Você está evitando fortemente alguma comida?

Como você come? Você é uma pessoa que come de forma rápida? Você
come em lugares diversos? Você come enquanto assiste televisão? Você
come enquanto dirige ou faz alguma atividade? Sua alimentação é planejada
com antecedência? Você come diretamente do pacote ou do recipiente?

Outros obstáculos para emagrecer. Você perdeu sua motivação para


emagrecer? Você tem propensão a relacionar estresse com alimentação?
Você tem propensão a comer quando está entediado? Pensar de forma
polarizada afeta sua tentativa de perda de peso? Você está enfrentando
outros obstáculos para emagrecer?

1
O protocolo Oxford estabelece a pesagem semanal.

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Revisão dos registros de monitoração

● O terapeuta, ao revisar os registros de monitoração do paciente, deve buscar


obstáculos que o impedem de emagrecer. Ao fazer isso, os pontos
relacionados a seguir devem ser avaliados.

● Quando o paciente costuma se alimentar, qual é o padrão temporal de


alimentação dele?

○ Faz refeições formais (alimenta-se dentro do padrão)?

○ Faz lanches ou belisca (alimenta-se fora do padrão)?

○ Passa um período muito longo sem comer?

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○ Pula alguma refeição?

○ Existe um padrão alimentar estável ou há mudanças na alimentação


diariamente?

○ Existe algum dia ou alguma hora do dia em que está mais propenso a
comer em excesso?

● Quanto o paciente come?

○ Qual o tamanho da porção?

○ Come mais de uma vez?

○ Come tudo que está no prato? Come as sobras?

● O que o paciente come (escolha dos alimentos)?

○ Qual alimento ou bebida contribui mais para sua ingestão


calórica?

○ O paciente compreende a diferença entre a densidade e os


tipos de alimentos?

○ Qual parte da alimentação ele acredita estar em excesso?

○ Está evitando algum tipo de comida?

● Onde o paciente come?

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○ Come em lugares diversos?

○ Come enquanto assiste televisão?

○ Come enquanto dirige ou faz alguma atividade?

● Outras questões sobre a alimentação:

○ O paciente apresenta episódios de comer em excesso?

○ Tem algum momento de perda de controle?

Fome. Como lidar com a fome?

● A fome é esperada e pode aparecer ao longo do tratamento. Quanto a isso, o


terapeuta deve adotar as seguintes estratégias:

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○ Explicar que a fome é esperada e que ninguém morre de fome. A fome
é apenas uma sensação desconfortável.

○ Ajudar o paciente a identificar os alimentos que geram maior sensação


de fome (açúcar e farinha de trigo) para que, consequentemente, ele
minimize essa sensação.

○ Encorajar o paciente a comer em intervalos regulares ao longo do dia.

○ Certificar-se de que o paciente não está comendo muito pouco.

○ Sugerir ao paciente que se engaje em atividades que o distraiam, já


que a fome vem em ondas e diminui ao longo do tempo.

● Evitar alimentos: os pacientes devem ser ensinados que nenhum alimento é


proibido e que é melhor comer uma pequena quantidade do que nunca
comer.

● Definir um exercício terapêutico de comer uma pequena quantidade


programada do alimento evitado: os pacientes devem ser encorajados a se
envolverem em atividades que os distraiam logo depois de comer, até que o
desejo de comer em excesso permaneça em um nível gerenciável. Essa
introdução de alimentos evitados precisa ser praticada regularmente até que
o consumo do paciente não desencadeie o medo de engordar ou recuperar o
peso e nem o medo de comer em excesso.

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● Estilo de alimentação:

○ velocidade com que come (usar mindfulness eating);

○ se come realizando outras atividades;

○ local onde come;

○ planejamento das refeições;

○ se come direto do recipiente ou embalagem.

● Uso do alimento como um acordo: o uso da comida como conforto,


recompensa ou acordo é um obstáculo específico a ser modificado, pois
caracteriza um hábito antigo que pode interferir no compromisso com a dieta.

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Podemos usar as seguintes estratégias:

○ Revisar com o paciente quando o ato de comer realmente o faz sentir


melhor. Quando isso acontece a sensação é duradoura? É uma boa
solução pensando a longo prazo?

○ Deve-se pedir que o paciente desfaça a associação. Por exemplo: na


próxima vez que tiver o desejo de se confortar ou se recompensar com
comida, tente demorar 15 minutos para fazer isso.

○ Deve-se ajudar o paciente a encontrar outras formas de se confrontar


ou recompensar nesses momentos.

MÓDULO 4: AUMENTO DA ATIVIDADE FÍSICA

● As finalidades desse módulo são ajudar os pacientes a aumentarem seu nível


de atividade em geral e encorajar a prática de atividade física diária e
prazerosa. Para tanto, é importante distinguir 3 tipos de atividades:

○ sedentarismo;

○ estilo de vida mais ativo (atividades do cotidiano, como


caminhar, subir escadas, atividades domésticas etc);

○ exercício físico formal (corrida, caminhada, natação,


musculação etc).

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● Depois disso, é necessário que o terapeuta explique os benefícios do
aumento da atividade física seguindo as etapas anteriores. Isso
porque a atividade física vai ajudar o paciente de várias formas. Entre
elas:

○ melhorar a manutenção do peso a longo prazo;

○ reduzir os riscos à saúde;

○ aumentar o gasto de calorias e ter um corpo mais definido;

○ sensação de bem-estar físico e mental;

○ diminuição da ansiedade e melhora do humor;

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○ sentir-se melhor consigo mesmo de maneira geral;

○ ter mais disposição;

○ ter mais contato social.

MÓDULO 5: ADMINISTRAÇÃO DAS PREOCUPAÇÕES COM A IMAGEM


CORPORAL

● Imagem corporal consiste na percepção individual de uma pessoa tanto em


relação ao seu corpo quanto com relação a sua atitude a respeito de sua
aparência.

● Os objetivos deste módulo são fornecer informações sobre o papel da


imagem corporal no controle do peso, tratar do desenvolvimento e da
manutenção das distorções relacionadas a essa imagem, identificar
preocupações com a imagem corporal e gerenciar essas preocupações e, por
fim, encorajar o desenvolvimento de uma imagem corporal mais positiva.

● Imagem corporal é a representação mental da aparência física. É a maneira


como uma pessoa pensa e sente seu corpo. Como esse é um critério central
nos transtornos alimentares, é imprescindível que se identifique as
preocupações relacionadas com a imagem corporal através da avaliação da
extensão e da origem das preocupações com a imagem corporal (aplicar o

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BSQ2, caso seja psicólogo, ou a escala de silhuetas, caso seja outro
profissional da saúde).

Psicoeducação da imagem corporal

● Essa etapa de psicoeducação abrange três tópicos:

1. desenvolvimento de uma imagem corporal negativa;

2. manutenção de uma imagem corporal negativa;

3. maneiras de modificar uma imagem corporal negativa.

1. Desenvolvimento de uma imagem corporal negativa

● O terapeuta deve explicar que existem 4 processos que contribuem para uma

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imagem corporal negativa:

○ Pressões sociais em geral

○ Pressões sociais específicas do paciente

○ Forma física notável

○ Incidentes críticos no passado

2. Manutenção da imagem corporal negativa

● Os fatores mantenedores no ambiente costumam ser as pressões sociais em


geral e as pressões sociais específicas do paciente.

Comportamentos mantenedores

● Evitativos: a evitação impede que o paciente aprenda com seus medos e


pode aumentar as preocupações com a imagem corporal, pois reforça a
crença do paciente de que seu corpo é muito inaceitável e que é necessário
fazer um esforço para escondê-lo. Também não permite que o paciente
aprenda a lidar com seus medos.

● Avaliações corporais: alguns pacientes se envolvem em uma avaliação


repetitiva do corpo, como frequentemente se olhar no espelho, tirar medidas,
apertar dobras da pele, perguntar repetidamente sobre sua aparência, se

2
Body Shape Questionnaire - Questionário de Preocupação com a Forma do Corpo.

15
pesar o tempo todo e se comparar com outras pessoas. O terapeuta deve
explicar como esse tipo de avaliação ajuda a manter a distorção da imagem
corporal, pois enfatiza o exame minucioso da insatisfação corporal.

Pensamentos e crenças mantenedores

● Previsões negativas: pacientes com distorções da imagem corporal tendem


a fazer previsões negativas sobre sua aparência, o que serve para manter as
preocupações. As previsões mais comuns são:

○ “Eu devo disfarçar meu quadril, todos estão olhando”;

○ “As pessoas vão pensar que estou ridículo com essa roupa”;

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○ “Não existe razão para comprar roupas ou cuidar do cabelo. Eu
continuarei gorda e é isso que as pessoas irão notar”;

○ “Ninguém vai gostar de mim com essa aparência”;

○ “As pessoas não me levam a sério porque estou acima do peso”

● O terapeuta deve explicar que as distorções da imagem corporal levam a


uma distorção sistemática da percepção e do pensamento, como tais crenças
disfuncionais:

○ o sucesso depende de ser magro;

○ pessoas magras têm relacionamentos bons;

○ somente terei autoconfiança quando for magro;

○ para ser atraente preciso ser magra;

○ ninguém me respeitará se não for magro;

○ para ser popular preciso ser magro;

○ eu não posso continuar minha vida até que seja magro.

● Após a identificação que essas crenças reforçam o processo de manutenção,


os terapeutas devem resumir e explicar que as sessões futuras serão
dedicadas a planejar e praticar mudanças nessa área.

16
3. Maneiras de modificar uma imagem corporal negativa

Monitoração das preocupações com a imagem corporal

● Deve-se pedir que o paciente comece a completar os registros da imagem


corporal, através do diário da imagem corporal.

● O paciente deve registrar os detalhes de cada situação, como sentimentos,


pensamentos, crenças, comportamentos e qualquer outra consequência. O
paciente deve ser encorajado a fazer 2 ou 3 exemplos de registro para a
próxima sessão.

Tabela 2 - Diário da imagem corporal

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Pensamentos Pensamentos
automáticos/ alternativos
Situação Sentimentos Comportamentos Consequências
crenças

Fonte: elaborado pela autora.

Gerenciando a evitação a respeito da forma física

● O paciente e o terapeuta devem fazer planos detalhados para administrar


essa evitação e criar hierarquia de sintomas através dos seguintes passos:

1. Paciente e terapeuta devem concordar sobre uma tarefa


comportamental específica e bem definida.

2. A tarefa de casa (ou plano de ação) deve ser planejada de forma que
o paciente possa cumprir.

3. O paciente deve ser encorajado a antecipar ou prever consequências


(tanto comportamentais quanto cognitivas) ao realizar a tarefa.

4. Paciente e terapeuta devem planejar as etapas necessárias para

17
cumprir a tarefa e enfrentar as dificuldades antecipadas.

5. O paciente deve registrar as tentativas de fazer a tarefa em seu


registro de monitoração, juntamente com os pensamentos associados
ao antes e depois.

6. Na próxima sessão, o resultado deve ser revisto a fim de analisar se


está de acordo com o resultado presumido pelo paciente. Os aspectos
positivos do resultado devem ser enfatizados (inclusive o fato de
tentar), assim como o que o paciente aprendeu como consequência.

Gerenciando pensamentos e crenças

● O primeiro passo é aprender a identificar esses pensamentos e o contexto

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em que eles ocorrem (RPD). Pensamentos e crenças devem ser identificados
por meio de 4 recursos:

○ registro de pensamentos negativos no diário da imagem corporal;

○ pensamentos negativos que já foram identificados e que estimulavam


a evitação ou avaliação do corpo;

○ preocupações que o paciente expressou sobre a aceitação de um


peso maior do que seu objetivo inicial;

○ preocupações que o paciente expressou ao não conseguir emagrecer


ou quando a perda de peso diminuiu ou parou.

● Tendo identificado um ou mais pensamentos negativos, o terapeuta deve


introduzir formas de questionar ou reavaliar pensamentos e crenças usando
um padrão de técnicas cognitivas.

● Maneiras de ajudar o paciente a reavaliar seus pensamentos e crenças:

○ Revisar as evidências e descobrir perspectivas alternativas: o


terapeuta deve ajudar o paciente a considerar as evidências que
apoiam ou não esses pensamentos e suposições.

○ Teste de realidade ou hipótese: testar diretamente a experiência é


uma forma poderosa de avaliar a exatidão de pressupostos negativos
e de estabelecer e reforçar perspectivas alternativas menos

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autocríticas e crenças mais funcionais.

○ Considerando vantagens e desvantagens de uma forma de pensar


específica: os pacientes devem ser incentivados a avaliar vantagens
e desvantagens de seu ponto de vista, com particular referência ao
modo como se sentem e se comportam, como consequência.

○ Identificando e corrigindo vieses de percepções e interpretações:


existe uma série de vieses que são frequentes na percepção e
interpretação de uma informação:

■ Atenção seletiva: o objetivo é ajudá-lo a perceber que seu foco


na imagem corporal salienta essas questões e,

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consequentemente, faz com que ele preste mais atenção nisso,
em suas distorções, mantendo essa insatisfação. Portanto,
ampliar o foco de atenção do paciente deve ser o objetivo do
tratamento.

■ Descontando aspectos positivos da aparência: identificar


situações positivas que normalmente passam despercebidas
(elogio do colega, comentários dos amigos, cantada na rua etc).
O objetivo é que o paciente alcance uma avaliação mais
equilibrada de si mesmo.

■ Exercício do duplo padrão: como o paciente julga os outros e


como se julga. Comparar as 2 formas de julgamento a fim de
mostrar que o paciente é sempre mais rígido consigo mesmo. O
objetivo é flexibilizar isso.

○ Aceitação positiva: a noção de aceitação e mudança pode ser


introduzida à medida que o paciente gerencia seus objetivos para
emagrecer. Os pontos a serem observados são:

1. o paciente tem feito um grande esforço para emagrecer e por


meio disso já mudou sua aparência;

2. o paciente também já fez outras mudanças que resultarão em


uma imagem corporal menos negativa do que a inicial

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(exemplo: administração de comportamentos evitativos,
autoavaliação minuciosa e de pensamentos negativos).

● Devemos trabalhar em conjunto o processo de aceitação e mostrar para o


paciente que aceitar não significa não sair do lugar. Aceitar significa entender
que enquanto eu estou no processo de mudança eu não preciso odiar o lugar
que eu estou, afinal de contas eu já fiz avanços, eu já melhorei.

REFERÊNCIAS

BECK, J. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2 ed. Porto Alegre:


Artmed, 2013.

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COOPER, Z.; FAIRBURN, C. G.; HAWKER, D. M. Cognitive-behavioral treatment
of obesity: a clinician’s guide. New York: Guilford, 2003.

LANDEIRO, F. M.; QUARANTINI, L. de C. Obesidade: controle Neural e Hormonal


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p. 236–245, 2011. Disponível em: https://abrir.link/Tg27Q. Acesso em: 17 out. 2023.

LIMA, A. C. R.; OLIVEIRA, A. B. Fatores psicológicos da obesidade e alguns


apontamentos sobre a terapia cognitivo-comportamental. Mudanças: Psicologia da
Saúde, v. 24, n. 1, p. 1-14, 2016. Disponível em: https://abrir.link/HwF3X. Acesso
em: 17 out. 2023.

TEUFEL, M. et al. Psychotherapy and obesity: strategies, challenges and


possibilities. Der Nervenartz, v. 82, n. 9, p. 1133-1139, 2011.

SHAW, K. A. et al. Psychological interventions for overweight or obesity. Cochrane


Database of Systematic Reviews. 2005. Disponível em: encurtador.com.br/lGH49.
Acesso em: 12 ago. 2022.

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