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Cuidados de

saúde ao Idoso
Objetivos
▪ Identificar noções básicas associadas ao envelhecimento demográfico e
ao processo de envelhecimento.
▪ Caracterizar as novas estruturas de apoio à saúde do idoso emergente
no mercado e respetiva oferta de serviços.
▪ Caracterizar os princípios fundamentais do processo de envelhecimento
tendo em conta as dimensões bio fisiológicas, psicológicas e sociais.
▪ Identificar as principais características das situações de doença mais
frequentes na pessoa idosa.
Objetivos
▪ Identificar as especificidades a ter em conta nas atividades diárias do idoso.
▪ Reconhecer os fatores que contribuem para a promoção da saúde na pessoa
idosa.
▪ Explicar que as tarefas que se integram no âmbito de intervenção do/a
Técnico/a Auxiliar de Saúde terão de ser sempre executadas com orientação
e supervisão de um profissional de saúde.
▪ Identificar as tarefas que têm de ser executadas sob supervisão direta do
profissional de saúde e aquelas que podem ser executadas sozinho.
Objetivos
▪ Explicar a importância de demonstrar interesse e disponibilidade na interação
com utentes.
▪ Explicar a importância de manter autocontrolo em situações críticas e de
limite.
▪ Explicar o dever de agir em função das orientações do profissional de saúde.
▪ Explicar o impacte das suas ações na interação e bem-estar emocional de
terceiros.
▪ Explicar a importância da sua atividade para o trabalho de equipa
multidisciplinar.
Objetivos
▪ Explicar a importância de assumir uma atitude pró-ativa na melhoria
contínua da qualidade, no âmbito da sua ação profissional.
▪ Explicar a importância de cumprir as normas de segurança, higiene e
saúde no trabalho assim como preservar a sua apresentação pessoal.
▪ Explicar a importância de agir de acordo com normas e/ou procedimentos
definidos no âmbito das suas atividades.
▪ Explicar a importância de adequar a sua ação profissional a diferentes
públicos e culturas.
Objetivos
▪ Explicar a importância de prever e antecipar riscos.
▪ Explicar a importância de demonstrar segurança durante a execução das
suas tarefas.
▪ Explicar a importância da concentração na execução das suas tarefas.
▪ Explicar a importância de desenvolver as suas atividades promovendo a
humanização do serviço.
Conteúdos
▪ Análise Demográfica
➢ Conceito e características
➢ Envelhecimento demográfico

▪ A problemática da prestação de cuidados ao idoso


➢ A família como cuidadora informal
➢ O isolamento

▪ Serviços de apoio à saúde do idoso emergente no mercado


➢ Tipologia de serviços
➢ Redes de suporte e recursos da comunidade (cuidados domiciliários)
➢ O voluntariado e as redes informais de apoio
Conteúdos
▪ O processo do envelhecimento
➢ Teorias do envelhecimento
➢ Dimensões bio fisiológicas do envelhecimento humano
➢ Dimensões psicológicas do envelhecimento
➢ Contexto social do envelhecimento
➢ Preconceitos, mitos e estereótipos associados ao processo de
envelhecimento
• Comportamentos e atitudes
• Estereótipos
Conteúdos
▪ Alterações na saúde do idoso
➢ Alterações fisiológicas
➢ Alterações psicossociais
➢ Alterações nos hábitos de higiene
➢ Alterações nos cuidados de alimentação
➢ Alterações na mobilidade

▪ Características das situações de doença mais frequentes na população idosa


➢ Doenças físicas e doenças degenerativas (demências)
➢ Alterações de comportamento
Conteúdos
▪ Acompanhamento do idoso nas atividades diárias promovendo a
autonomia/independência da pessoa idosa
➢ Alimentação e eliminação
➢ Higiene e Hidratação
➢ Sono e repouso
➢ Controlo da dor e outros sintomas
➢ A relação com o idoso (estratégias de comunicação)
➢ A promoção da autonomia e independência
➢ A prevenção de acidentes: quarto, cozinha, wc, escadas
➢ A importância da ocupação dos tempos livres e de ócio
➢ A higienização da casa
Conteúdos
▪ Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de
intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde:
➢ Tarefas que, sob orientação de um Enfermeiro, tem de executar sob sua
supervisão direta
➢ Tarefas que, sob orientação e supervisão de um Enfermeiro, pode
executar sozinho/a
Envelhecimento Demográfico: Análise
Demográfica (caract.)

A análise demográfica é uma análise baseada em dados estatísticos – para


esclarecer questões pertinentes a uma determinada região geográfica, no que
concerne à composição e características da sua população.

A evolução da população de um país, ao contrário da evolução da população


mundial, não depende só da Natalidade e da Mortalidade, depende também da
diferença entre emigração e imigração: saldo migratório
A partir destes 4 factores depende o Crescimento Efetivo
Envelhecimento Demográfico: Análise

Demográfica (cont)
O comportamento dos vários
indicadores demográficos faz com que haja
características próprias de região para região e
em países diferentes características diferentes.

Indicadores Demográficos
Envelhecimento
Demográfico:
Indicadores
Demográficos
Permitem trabalhar os dados
recolhidos sobre uma população.

Ou seja, os demográfos recorrem a


uma série de fórmulas a partir
das quais trabalham os dados
brutos obtidos através dos censos
populacionais que, em portugal,
é realizado pelo INE (instituto
nacional de estatística).
Indicadores Demográficos

A partir dos indicadores demográficos podemos obter uma série de informações


referentes a uma população:
• quantas pessoas morrem, nascem;
• a percentagem ou total do seu crescimento ou diminuição;
• a sua estrutura etária, a sua distribuição numa determinada área,
• o número ou percentagem daqueles que emigram ou dos que imigram;
Indicadores
Demográficos
Envelhecimento Demográfico

Na ótica da análise demográfica, o envelhecimento é entendido como um fenómeno coletivo,


possivelmente de natureza cíclica e não totalmente irreversível.

Neste sentido, o envelhecimento encontra-se intimamente ligado à idade da população, não à


idade cronológica mas sim à idade duma população, entendida como o resultado da distribuição
por idades dos seus membros.

O envelhecimento demográfico refere-se ao aumento progressivo dos indivíduos com idades


avançadas relativamente ao grupo total de idosos.
Neste contexto, uma população jovem será aquela que
apresenta uma grande proporção de jovens e uma baixa idade
média e uma população velha será aquela que apresenta uma
grande proporção de velhos e uma elevada idade média.

Contudo podemos considerar uma população velha quando a


mesma apresenta uma forte proporção de velhos, mas também
podemos considerar uma população envelhecida quando a
proporção de jovens diminui.
Envelhecimento demográfico

O envelhecimento demográfico é um processo que não passa desapercebido à sociedade. Os idosos estão a tornar-se na Europa, e
também em Portugal, uma população cada vez mais crescente. Este grupo adquire mais espaço, densidade, organização e força.

Esta força pode ser considerada em: força social, devido ao número de idosos, força cultural, pelos seus conhecimentos e
experiência, força económica, pelo seus gastos e consumos, força política, pelo seu peso nas votações, força de intervenção,
práticas de intervenção e desenvolvimento de atividades físicas pela sua disponibilidade e força ética, pelo seus
(des)compromissos com determinados grupos étnicos.

Em primeiro lugar podemos referir que o envelhecimento demográfico é considerado um fenómeno social, em segundo lugar, um
fenómeno biológico, tendo a marginalização, a rejeição social, a inatividade e a insegurança papéis marcantes no
desenvolvimento do processo biológico do envelhecimento.

O processo de envelhecimento demográfico encontra-se em crescimento. As razões apontadas para este aumento são: a redução da
fecundidade, a diminuição da mortalidade e a migração.
Em Portugal, verifica-se uma redução da dimensão média da família portuguesa. Este facto
está diretamente associado à redução dos índices de fecundidade, à diminuição do número
de membros dos agregados familiares, refletindo uma importante alteração na composição
das famílias e produzindo consequentemente alterações no domínio das relações pessoais,
sociais e económicas e afetivas entre os seus membros, particularmente entre as gerações
mais jovens e as mais idosas.

Como consequência desta alteração, o cuidar das pessoas idosas, que anteriormente era uma
“obrigação” dos familiares mais diretos passou progressivamente para as instituições de
solidariedade social e para instituições privadas.

Se analisarmos as previsões para o ano de 2025, verificamos que o efeito da conjugação dos
níveis de fecundidade, da esperança de vida e dos saldos migratórios condicionam o
envelhecimento demográfico, com maior incidência na base da pirâmide.

Confirma-se o evidente fenómeno de envelhecimento até 2050, com igual evidência tanto na
base como no topo da pirâmide, agravado pelo efeito do aumento da esperança de vida.

Como o envelhecimento populacional é uma pretensão natural de todas as sociedades e


estando estas sistematicamente a procurar estratégias para prolongar a vida humana, é da
máxima importância proporcionar condições adequadas aos nossos idosos, fazendo com que
eles se sintam ativos e importantes no meio em que estão inseridos.
A problemática da prestação de cuidados ao idoso

A família como cuidadora informal


Os familiares e amigos são quem melhor conhece o idoso, tendo,
por este motivo, maior probabilidade de corresponder às suas
necessidades.

Organizado numa base informal, o apoio é influenciado pela


evolução da estrutura e dinâmica familiares na sociedade atual, em
que as relações são constituídas de modo a privilegiar valores como
a autonomia e o individualismo, valorizando-se a realização
pessoal/profissional de cada um e respeitando-se a sua
privacidade.

Tradicionalmente, cabia aos filhos tratar dos pais quando estes


envelheciam. Posteriormente o Estado assumiu-se como promotor
do bem-estar social, sendo os cuidados mediados por instituições e
agentes com formação e especialização na área, com o objetivo de
melhorar as condições de vida dos mais desfavorecidos e cujas
redes de apoio informal se revelam fracas ou inexistentes.
Este conjunto de serviços e equipamentos pretende abranger as
diferentes necessidades ou níveis de carência da população.

Inicialmente, as instituições apresentavam-se como detentoras de um


conhecimento não acessível aos familiares, impondo os cuidados sem
qualquer tipo de justificação.

Por volta dos anos 1970/1980, houve uma viragem: são revalorizados
os programas centrados nos agregados familiares e num contexto
comunitário, o que facilita o empenho geral e esbate a autoridade
simbolizada pelos contextos oficiais.

No entanto, a intervenção tende a ser pensada e dirigida a uma só


pessoa, mesmo assumindo que existem outros envolvidos: a família
continua a ter de obedecer às prescrições profissionais, o que a torna
“colaborante”, sem que as suas necessidades sejam de facto ouvidas e
muito menos atendidas.
Estão definidos quatro modelos de articulação entre profissionais do apoio formal e família:

• Especialista - clássico, em que o técnico é a autoridade e a família tem a função de fornecer informação para
que ele decida, devendo, depois, cumprir as indicações;

• Transplante - os técnicos partilham e transferem alguns dos seus saberes para os clientes, agindo como
instrutores e consultores que guiam a vida dos outros;

• Negociação - baseada na abordagem consumista, coloca o cliente no papel de consumidor, reconhecendo-lhe


direitos e exigências sobre o serviço prestado. Frequentemente estas são depois desvalorizadas e os clientes
inferiorizados. É neste âmbito que, por exemplo, os familiares colaboram nas atividades num centro de dia;

• Parceria - a parceria implica uma associação de pessoas numa relação de igualdade, reconhecendo
reciprocamente conhecimentos, capacidades e partilhando as tomadas de decisão na procura de consensos.
Serviços de apoio à saúde do idoso emergente no mercado

CENTRO DE CONVÍVIO

Conceito:

• Resposta social, desenvolvida em equipamento, de apoio a atividades sócio recreativas e culturais, organizadas e dinamizadas com participação ativa das pessoas idosas de uma
comunidade.

Objetivos:

• Prevenir a solidão e o isolamento;

• Incentivar a participação e potenciar a inclusão social;

• Fomentar as relações interpessoais e intergeracionais;

• Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização.

Destinatários:

• Pessoas residentes numa determinada comunidade, prioritariamente com 65 e mais anos.


CENTRO DE DIA
Conceito:

Resposta social, desenvolvida em equipamento, que presta um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção das pessoas idosas no seu meio sociofamiliar.

Objetivos:

Proporcionar serviços adequados à satisfação das necessidades dos utentes;

Contribuir para a estabilização ou retardamento das consequências nefastas do envelhecimento;

Prestar apoio psicossocial;

Fomentar relações interpessoais e intergeracionais;

Favorecer a permanência da pessoa idosa no seu meio habitual de vida;

Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização;

Contribuir para a prevenção de situações de dependência, promovendo a autonomia.

Destinatários:

Pessoas que necessitem dos serviços prestados pelo Centro de Dia, prioritariamente pessoas com 65 e mais anos.
CENTRO DE NOITE

Conceito:

Resposta social, desenvolvida em equipamento, que tem por finalidade o acolhimento noturno, prioritariamente para pessoas idosas com autonomia que, por vivenciarem
situações de solidão, isolamento ou insegurança necessitam de suporte de acompanhamento durante a noite.

Objetivos:

Acolher, durante a noite, pessoas idosas com autonomia;

Assegurar bem-estar e segurança;

Favorecer a permanência no seu meio habitual de vida;

Evitar ou retardar a institucionalização.

Destinatários:

Prioritariamente pessoas de 65 e mais anos com autonomia ou, em condições excecionais, com idade inferior, a considerar caso a caso.
RESIDÊNCIA

Conceito:

Resposta social, desenvolvida em equipamento, constituída por um conjunto de apartamentos com espaços
e/ou serviços de utilização comum, para pessoas idosas, ou outras, com autonomia total ou parcial.

Objetivos:

Proporcionar alojamento (temporário ou permanente);

Garantir à pessoa idosa uma vida confortável e um ambiente calmo e humanizado;

Proporcionar serviços adequados à problemática biopsicossocial das pessoas idosas;


• Contribuir para a estabilização ou retardamento das consequências nefastas do envelhecimento;

• Criar condições que permitam preservar e incentivar a relação inter-familiar.

Destinatários:

• Pessoas de 65 e mais anos ou de idade inferior em condições excecionais, a considerar caso a caso.
LAR DE IDOSOS
Conceito:

Resposta social, desenvolvida em equipamento, destinada a alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, para pessoas idosas ou outras em situação de maior risco de perda de independência e/ ou de autonomia.

Objetivos:

Acolher pessoas idosas, ou outras, cuja situação social, familiar, económica e /ou de saúde, não lhes permite permanecer no seu meio habitual de vida;

Assegurar a prestação dos cuidados adequados à satisfação das necessidades, tendo em vista a manutenção da autonomia e independência;

Proporcionar alojamento temporário, como forma de apoio à família;

Criar condições que permitam preservar e incentivar a relação intrafamiliar;

Encaminhar e acompanhar as pessoas idosas para soluções adequadas à sua situação.

Destinatários:

Pessoas de 65 e mais anos ou de idade inferior em condições excecionais, a considerar caso a caso.
Redes de suporte e recursos da comunidade
(cuidados domiciliários)

Existem, ao nível formal, centenas de instituições que disponibilizam serviços de apoio a idosos,
públicas e privadas. Mediante as necessidades de cada caso e a análise de outros fatores poderá ser
tomada uma decisão.

São igualmente relevantes medidas intersectoriais que têm vindo a ser implementadas para
promover a segurança e qualidade de vida da população geriátrica:

Programa “Apoio 65 - Idosos em Segurança”

Em vigor desde 1996, visa promover a segurança dos idosos mais isolados através do policiamento
de proximidade que valoriza a comunicação polícia- -cidadão (em colaboração com a PSP).
• Serviços de Apoio Domiciliário;

• Centros de Apoio a Dependentes/Centros Pluridisciplinares de Recursos - apoio temporário com vista à reabilitação de pessoas com dependência,
assegurando cuidados diversificados com base em estruturas já existentes;

• Formação de Recursos Humanos – habilitar agentes, formais e informais para a prestação de cuidados; tecnologias, pretende diminuir o isolamento devido
a problemas de saúde, questões geográficas, barreiras arquitetónicas. Através de uma central, permite a intervenção atempada em caso de emergência;

• Saúde e Termalismo - permitir à população idosa o acesso a tratamentos termais e o contacto com meio social diferente, prevenindo o isolamento social;

• Passes para a terceira idade - sem restrições horárias para a população com mais de 65 anos, fomentando a sua mobilidade, integração social e participação
na vida ativa.

Respostas Integradas que resultam da Articulação entre a Saúde e a Acão Social

Por Despacho Conjunto 407/98, de 15 de Maio, que estão na origem de:

• Unidades de Apoio Integrado (UAI) - centros que asseguram apoio ao longo de 24 horas a pessoas que necessitem de cuidados multidisciplinares que não
podem ser prestados no domicílio;

• Apoio Domiciliário Integrado - (ADI) - que assegura a prestação de cuidados médicos e de enfermagem e a prestação de apoio social no domicílio visando
a promoção do autocuidado.
Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

Aprovado em Conselho de Ministros a 16 de Março de 2006, tem como público beneficiário as pessoas com
dependência, visando diminuir o número de internamentos.

Os serviços disponibilizados incluem unidades de internamento (para convalescença, média duração/reabilitação,


longa duração/manutenção e cuidados paliativos), ambulatório (unidade de dia e de promoção da autonomia),
equipas hospitalares e equipas domiciliárias (de cuidados continuados integrados e comunitárias de suporte
paliativo).

Prevê, inclusivamente, a possibilidade de institucionalização temporária em unidades de cuidados continuados de


longa duração para que o cuidador possa descansar.
O voluntariado e as redes informais de apoio

A sociedade portuguesa continua a caracterizar-se pelos fortes laços de solidariedade familiar e comunitária. No entanto, os
cuidados prestados pelas redes informais são muitas vezes resultantes de um sentimento de obrigação: a pressão social acentua o
carácter negativo da institucionalização.

A retribuição do sacrifício dos pais, o querer corresponder a expectativas, transmitir o exemplo aos filhos ou não suportar a
censura dos vizinhos, são, muitas vezes os principais motivos para reorganizar a vida familiar e integrar o idoso.

O cuidador informal será respeitado pelas concessões que fará perante as novas exigências do seu papel, embora raramente o
assuma voluntariamente: estudos demonstraram que mais facilmente há ajuda quando não existe a perspetiva de encargo e
dependência.

A contínua perda de autonomia do sénior ou a desistência de um antecessor, a viuvez, uma doença ou acidente inesperados,
poderão despoletar a necessidade e o envolvimento progressivo.
A carreira de cuidador informal envolve 3 estádios:

• Preparação e aquisição do papel;

• Assunção das tarefas e responsabilidades relacionadas com os cuidados em casa


e, eventualmente, numa instituição formal;

• Libertação da prestação de cuidados em resultado do falecimento do idoso.

Prestar apoio envolve sentimentos contraditórios, momentos de angústia, stresse e


frustração. É um processo dinâmico que evolui reestruturando as relações prévias
mediante as necessidades.

Embora todos tenham os seus contextos vivenciais, a dependência implica uma nova
perceção de si e do outro, para todos os elementos do grupo familiar, alterando-se os
poderes: para o idoso, esta é a sua incapacidade para realizar determinadas
atividades básicas, enquanto que para o cuidador é o dever de o substituir nessas
mesmas atividades.
Estatuto do
cuidador
informal
Estatuto do
Cuidador
informal
O processo do envelhecimento
Teorias do envelhecimento

A abordagem psicológica do envelhecimento considera que nem todas as mudanças que têm lugar se relacionam
com o padrão biológico de envelhecimento, pelo que não é possível somente estabelecer-se uma relação linear
entre a componente biológica e o envelhecimento global do indivíduo. Nesta linha, também as teorias que aqui se
incluem não são justificativas das mudanças decorrentes da passagem do tempo, mas descritivas.

Teoria Psicossocial do Desenvolvimento da Personalidade (Erikson)

Esta teoria considera que o desenvolvimento resulta da interação dos fatores individuais e culturais, e que se
processa ao longo de oito estádios. Representam momentos críticos no desenvolvimento do indivíduo ao nível do
crescimento físico e sexual, da maturidade cognitiva e da adaptação e integração exigidas pelas constantes
solicitações sociais.
Teorias do Envelhecimento: Erickson
Em cada um desses estádios há um conflito normativo, perante o
São eles: qual o indivíduo tem que optar por uma de duas posições
antagónicas (momento de crise).

• Pequena infância (até aos A resolução ou não desse conflito contribui para a formação da sua
12/18meses); identidade, apesar de cada estádio despontar de forma
independente da natureza da resolução do estádio anterior.
• Primeira infância (12/18 meses - 3
anos); Se resolvido com sucesso, surge o que Erikson denomina virtude.
• Idade do jogo (3 - 6anos); Considera-se que o desenvolvimento das crianças e adolescentes é
• Idade escolar (6 - 12 anos); relativamente universal, enquanto o dos adultos é díspar,
dependendo muito mais das suas experiências pessoais.
• Adolescência (12 - 18 anos);
• Jovem adulto (18 - 35 anos); Reflexo desta conceção é o facto de 3/4 do ciclo de vida estarem
• Maturidade (35 - 65 anos; vida incluídos nos três últimos estádios propostos pela sua teoria.
adulta);
Esta última fase corresponde à integridade do ego ou o desespero.
• Velhice (após os 65 anos; vida adulta
Os adultos mais velhos (segundo Erikson, a partir dos 60 anos)
tardia). precisam avaliar as suas vidas, resumi-las e aceitá-las, para aceitar
a aproximação da morte.
Teoria psicossocial de Peck

Outro estudioso desta etapa do desenvolvimento


psicossocial, Robert Peck, expande a teoria de
Erikson, e descreve três ajustes psicológicos
importantes para a fase final da vida:
Processo de Envelhecimento
Fisico e Psicológico

Fisico

Psicológico
Processo de Envelhecimento
Fisico e Psicológico

As alterações causadas pelo envelhecimento dependem de:

• Factores Internos/Individuais: de origem biológica, genética e psicológica

• Factores Externos: de origem comportamental, ambiental e social, contribuem para o


declinicio das capacidades fisicas e psicológicas
Processo de Envelhecimento
Fisico e Psicológico

O envelhecimento, embora marcado por mutações biológicas


visíveis, é também cercado por determinantes sociais que tornam
as conceções sobre velhice variáveis de indivíduo para indivíduo,
de cultura para cultura e de época para época
(Moura, 2006)
Fisico
Visão
Aumento da densidade
Perda de elasticidade
da rigidez da lente

Presbiopsia : dificuldade Descoloração pigmentar


em distinguir os objectos da iris – olhos
próximos acinzentados

Hipersensibilidade à luz
Visão

Secura ocular crónica –


Diminuição das glândulas olhos com aspecto baço,
lacrimais secura ocular, “visão com
areias”

Alteração da percepção da
profundidade e da Perda da elasticidade da
distinção das cores (azul, córnea
violeta e verde)
Visão

Dificuldade em localizar objectos ou pessoas fora do


campo visual

da acuidade visual
Diminuiçaõ : Da visão periférica e lateral
Da elasticidade do múscula da pálpebra
Olfacto

Diminui a capacidade
de olfacto e diminui a
Diminuição do limiar
Aumento do nº. de capacidade de
da percepção dos
pêlos na narinas desfrutar dos
odores
alimentos e diminui o
apetite
Sistema Tegumentar

Pele

• Alteração da espessura da pele


• Diminuição do nº. de vasos sanguíneos
• Alterações capilares
• Reduçaõ da elasticidade dos tecidos
• Aumento da rigidez dos tecidos
• Diminui a formação de colagénio

Ulceras de pressão
Sistema Tegumentar - Pele

Rugas

Queratose – aumento da espessura da pele – torna-se


dura, inelástica, de superficie áspera e cor amarelada

Telangiectasia senil – dilatação permanente das


pequenas veias subcutâneas que se tornam vísiveis e
formam pontos vermelhos sob a pele
Sistema Tegumentar
Pêlos

Menos fortes, espessos e com menos volume

Mais pelos na cara:

• Mulher – queixo e labio superior.


• Homens – orelhas e narinas
• Cabelos
• Menos espessos, fortes e com mais volume
• Rarificam
• Folicos produzem menos melanina
• Calvice
Sistema Tegumentar

Unhas
Quebradiças, duras e grossas
Onicogrifose – espessamento das unhas
Tacto

Perda parcial da Perda parcial da


capacidade dos sensibilidade na pele
receptores do tacto: (nas mãos):
• diminui a • Mais tolerância à
capacidade de dor
reconhecer
objectos
• aumento das
feridas cutâneas
Sistema Nervoso

Redução do peso e volume do


cérebro
Diminuição:
• Do fluxo sanguíneo cerebral
• Do nº. de neurónios
• Do nº. de fibras nervosas – reflexos mais
lentos, reacção retardada aos estímulos
• Perda da memória recente
Sistema Respiratório

Diminui a capacidade respiratória total:


• Perda da eficácia da tosse

• Diminuição da actividade das membranas brônquicas

• Diminui os niveis de oxigénio

• Diminui os mecanismos de defesa


Sistema Respiratório

Diminui a capacidade de eliminar a expectoração das


secrecções

Diminui a capacidade inspiratória

Insuficiencia respiratória, infecções respiratórias,


oxigénio de longa duração diário – 24h/dia
Sistema Cardiovascular

Diminuição:

• do ritmo cardiaco

• Das elasticidade das artérias

• Do aporte sanguíneo a todos os órgãos e glândulas


Sistema Cardiovascular

Diminuição da resposta cardiovascular ao stress e


exercicio – diminuição da tolerância ao exercicio fisico

Aumento da tensão arterial, cefaleias, edemas dos


pés, insuficiência cardiaca, ulceras venosas e
arteriais
Sistema Gastrointestinal
Boca
• Retracção da gengiva
• Redução da densidade óssea
• Atrito dentário - Dentes afiados, irregulares,
desgastados, quebradiços
• Próteses mal ajustadas
• Redução do sentido do gosto, a secura da boca

Diminuição da capacidade para mastigar


Sistema Gastrointestinal

Dentes
• Retracção das bochechas e dos lábios
• Queixo muito proeminente
• Nariz descaído
• Mordida colapsada

Produz deformação da face, fala,


deglutição e mastigação
Sistema Gastrointestinal
Mucosa Bucal
• Perda das propriedades elásticas
• Torna-se mais frágil
• Menor irrigação sanguínea

• Diminuição da Estimulação Nervosa


• Diminuição da capacidade de coordenação dos
movimentos mandibulares

Ulceração e traumatismos mais frequentes


Sistema Gastrointestinal
Glandulas Salivares

• Diminuição do fluxo salivar


• Mucosa fina e desidratada – Xerostomia

Papilas Gustativas

• Atrofia das papilas gustativas


• Diminuição da produção de saliva
• Redução do número de papilas gustativa
• 10% dos idosos não distinguem o sabor dos
alimentos
Sistema Gastrointestinal
Paladar

• O limiar de detecção das quatro reacções


básicas do paladar está mais elevado

• A capacidade discriminativa diminui (distorções


do gosto)

São sensíveis a níveis mais elevados das


substancias:
Têm uma apetência relativa para o doce e uma
rejeição relativa para o salgado.
Sistema Gastrointestinal
Esófago

Diminuição do tonus da musculatura lisa : peristalse


esofágico - diminui a deglutição, causa dificuldade
na deglutição com pirose pós-pandrial

Estômago

Atrofia da mucosa gástrica


Estômago

Diminuição:

• do volume de suco gástrico


• Do tónus e da motilidade
Sistema
gástrica – digestão mais lentas
• Do suco pancreático em
Gastrointestinal
enzimas proteolíticas – inibe a
digestão das gorduras
• Das enzimas digestivas –
dificulta a digestão das
proteinas
Sistema Gastrointestinal

Figado

• Diminuição:
• Do nº. de células – aumento do peso e massa
hepática
• Do fluxo sanguíneo hepático – diminuição da
sintese de colesterol e de actividade enzimática
• Bilis mais espessa, rica em colesterol – litiase
biliar
Ictericia no idoso
Sistema Gastrointestinal

Figado

Diminuição:

• do metabolismo dos fármacos, da absorção das gorduras e


vitaminas lipossolúveis
• Da acção antitóxica do figado

Aumento o risco cálculos biliares


Sistema Gastrointestinal

Alterações metabólico-digestivas:

Intolerância á glicose
Diminui a capacidade de mobilização das gorduras
Diminui a síntese proteica
Diabetes
Pé diabético
Pé diabético
Sistema Gastrointestinal

Intestino

Diminuição:
• Da motilidade intestinal
• Do tónus muscular do esfíncter interno do intestino grosso
• Perda da tonicidade muscular – alteração da eliminição dos
sólidos
• Da eficácia das enzimas
• Da motilidade gastrointestinal –peristaltismo mais lento
Intestino

Sistema Diminuição:

Gastrointestinal • Da capacidade de
absorção intestinal
• Da lubrificação do
intestino
Obstipação
Obstipação
Sistema Músculo-Esquelético

Músculos
• Atrofiam: deterioração do tónus, perda de potência, agilidade

• Perda da elasticidade dos ligamentos, tendões e membranas

• Diminui da taxa de gordura no interior dos tecidos musculares


(perda de metade do peso dos músculos)
Sistema Músculo-Esquelético

Articulações

• Calcificação dos ligamentos


• Diminuição da cartilagem
• Atrofia das articulações – diminui da amplitude dos movimentos

Risco de quedas, fracturas frequentes, artoses, dificuldade na


locomoção
Sistema Músculo-Esquelético

Alterações da coluna

• Achatamento das vértebras


• Diminuição dos discos intervertebrais
• Cifose dorsal
• Arqueamento dos membros inferiores
• Achatamento do arco plantar – a partir dos 40, perde cerca de 1cm de
década.
Sistema Músculo-Esquelético

Ossos

Diminuição:

• da densidade óssea
• Da formação do tecido ósseo
• Desvio da parte superior do tórax e acentuação da
curva natural da coluna vertebral
• Pelve larga, joelhos e quadris flectidos
• Alteração do centro de gravidade
Sistema Urinário

Bexiga

Diminuição:

• O tónus muscular
• A força contráctil da bexiga
• A capacidade de retenção
• A capacidade de adiar o esvaziamento
Sistema Urinário
Rim

Diminuição
• da massa renal e do nº. de nefrónios e glomérulos
• Da velocidade de fibrilhação glomerular
• Da excreção de fármacos

Insuficiência renal, intoxicação por


sobredosagem de medicação
Sistema Reprodutor

Homem:

• Diminuiçaõ da produção da testosterona


• Atrofia testicular
• Aumento do volume da próstata
• Aumento do tempo para a erecção e ejaculação
• Liquido semínal clarifica-se e diminui
Sistema Reprodutor

Prostata

Obstrução uretral

• Gotejo pós-micção
• Incontinência por transbordamento
• Retenção urinária
Sistema Reprodutor
Mulher

• Diminuição da produção de estrogénios

• Atrofia do tecidos dos ovários, útero,


vagina, vulva e clítoris

• Atrofia do tecido mamário


Sistema Reprodutor

Mulher

Canal vaginal mais curto e seco

Enfraquecimento da musculatura pélvica – prolapso


uterino, incontiência urinária

Alteração da pigmentação – pêlos púbicos mais


grisalhos
Alterações psicológicas

Perda de memória – Alzheimer

Perturbações do sono – Insónia (30%)

Alterações iatrogénicas – efeitos negativos dos


medicamentos
Pertubações psicóticas - esquizofrenia

Demência

Depressao (1 em cada 5 idosos)

A depressao conduz à demência!!


Conclusão
Em suma, todo este módulo conduz-nos à conclusão que o modelo existente de
assistência aos idosos não se adequa à satisfação das suas necessidades.

Os problemas de saúde dos mais velhos, além de serem de longa duração,


requerem pessoal qualificado, equipas multidisciplinares, equipamentos próprios
e exames complementares mais esclarecedores.

Os clássicos modelos de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, não


podem ser mecanicamente transportados para os idosos sem que significativas e
importantes adaptações sejam executadas.

Nesta perspetiva, torna-se urgente que as instituições promotoras de saúde se


organizem no sentido de responder adequadamente às necessidades de saúde
da população idosa.

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